A garota no trem paula hawkins

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ANNA

QUARTA-FEIRA, 7 DE AGOSTO DE 2013

MANHÃ

Eu estava com as minhas colegas do National Childbirth Trust no Starbucks quando aconteceu. Nós estávamos sentadas junto à janela, como sempre, as crianças espalhando Lego pelo chão, Beth tentando me convencer (de novo) a participar do clube de leitura dela, e então Diane apareceu. Tinha no rosto a expressão de quem está prestes a contar uma fofoca das boas. Mal conseguiu conter a língua enquanto lutava para fazer seu carrinho de bebê duplo entrar pela porta. — Anna — disse ela, o rosto sério —, você viu isso? Ela ergueu um jornal com a manchete SERIA MEGAN UMA ASSASSINA DE BEBÊS? Perdi a voz. Só fiquei olhando para o jornal e, pateticamente, caí no choro. Evie ficou horrorizada. Ela chorou de urrar. Foi terrível. Fui ao banheiro para lavar meu rosto (o de Evie também), e, quando voltei, todas estavam cochichando. Diane se virou para mim e perguntou: — Está tudo bem, querida? Dava para perceber que ela estava adorando aquilo. Então tive de ir embora, não dava mais para ficar ali. Todas se mostravam bastante preocupadas, dizendo como eu devia estar me sentindo mal, mas eu lia em suas expressões a indisfarçada censura. Como pôde confiar sua filha àquele monstro? Você deve ser a pior mãe do mundo. Tentei ligar para o celular de Tom no caminho de casa, mas caiu direto na caixa postal. Deixei uma mensagem pedindo que ele me ligasse assim que pudesse — tentei manter a voz firme e neutra, mas meu corpo tremia, as pernas bambas. Não comprei o jornal, mas não consegui resistir à leitura da matéria on-line. Tudo parece muito vago. “Fontes próximas à investigação de Hipwell” dizem que alguém


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