Medidas protetivas

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sujeitos envolvidos em situação de violência sexual ou em outras situações de risco. Cinco dos seis participantes (três mães, um pai e uma adolescente) revelaram que as medidas protetivas a eles aplicadas, com algumas exceções, foram devidamente efetivadas, tanto aquelas que dependiam de sua adesão, tal como o afastamento do agressor do lar e adesão ao tratamento psicológico, como aquelas que dependiam de outros profissionais ou instituições para seu cumprimento. Por outro lado, conforme apontamos anteriormente, podemos observar que as medidas protetivas que visam à proteção e ao resgate dos direitos violados não se fazem sem custos para os indivíduos a quem se aplicam, tanto pela ocorrência de outras situações e sofrimentos ocasionados com sua aplicação, quanto pela dificuldade de adaptação em alguns casos: (O Geraldo tem visto a Yolanda? De quanto em quanto tempo? Como é que é?) “Tem vez que ele vê de quatro em quatro dias, tem vez que é de algumas semanas, porque eu voltei a morar na rua que ele morava. Aí quando tinha que ver ela ou a madrinha dela ia pra mim ou então eu ia com ela porque o juiz mandou. Aí, aí ficou mais difícil, entendeu? Aí ela reclama, “ah mãe tô com saudade do meu pai”. Aí eu tenho que levar pra ver, né? Aí, aí lá ele não ia lá, já era diferente, não levava assim, entendeu? Já era diferente, agora pra onde eu mudei eu não sei como vai ficar... Pra mim que tá difícil...Mas tem que tá presente.O juiz determinou a mãe ou então a madrinha. A madrinha dela não tem tempo...” (mãe de Yolanda) Quanto a essa fala da mãe de Yolanda a respeito das visitas supervisionadas do pai à filha,

destacamos a contradição

existente na determinação

judicial de

visitas

supervisionadas, pois ao trazer proteção para Yolanda, gera constrangimento e sofrimento à mãe que é obrigada a acompanhar a filha e manter os contatos com o ex-companheiro e autor da violência contra a filha. Ainda assim, o cumprimento da medida foi mantido, considerando o interesse superior de Yolanda e a necessidade de resguardá-la. Não podemos ignorar, no entanto, o alto preço pago pela mãe no papel de responsável pela proteção da filha. “Só que eu tô num jeito que eu tô querendo viver, você entendeu? Parece que ta complicado pra mim viver, você entendeu? Porque como é que eu vou viver assim?” (mãe de Yolanda, referindo-se ao fato de ter que acompanhar as visitas na falta de outras pessoas que possam auxiliá-la nessa tarefa) O mesmo acontece com a mãe de Beatriz. Por um lado, as medidas protetivas aplicadas e outros encaminhamentos também foram devidamente cumpridos, trazendo benefícios: (Os seus filhos estão na creche?) “Todos na creche... Todos. Uma das melhores creches que têm”. 152


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