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Desse modo, o corpo é, ele também, parte de um grande fluxo, mutável, mutante. Ele é seu próprio discurso. Seu lugar é reinventado, ressignificado a cada vez: seja em uma pintura do século XVII, em que o artista representa um grupo de médicos dissecando um cadáver (Rembrandt: Lição de Anatomia); seja quando o corpo representado é a própria tela pintada (modernismo); seja quando o artista torna-se a própria arte (além-Pollock); seja quando o corpo só tem existência na medida em que a relação com o objeto da arte seja participativa (Oiticica: Parangolé); seja quando ele se torna um conceito (arte como idéia de arte); uma ausência que o torna ainda mais presente; ou seja quando ele se perde de si e se torna parte do cotidiano, do próprio corpo coletivo, agora tomado como corpo a ser desenvolvido, a se fortalecer em outras instâncias que podem se chamar arte, ativismo, ou aquilo que está diante do seu nariz é você quem inventa o que é. Desde que a idéia de um ego seja substituída por um after-ego. Ou por um crime poético que lhe valha o nome. Rubens Pileggi Sá é artista plástico e lançou em 2003 o livro Alfabeto Visual com os textos da coluna de mesmo nome, publicada semanalmente na Folha de Londrina. Fonte: Arte em (www.canalcontemporaneo.art.br/arteemcirculacao/).

Circulação


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