RIZOMA.NET - Afrofuturismo

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AMANDO O ALIEN Mark Sinker

Antecipando o pouso “Enquanto isso,” disse ele, falando de maneira implacável, mas suave e mesméricamente, como fazem os gurus, “finalmente fui para Chicago. Tinha me determinado a não ser um músico - e em seguida, você sabe, tive essas experiências espaciais.” “A primeira experiência eu escrevi. Muito graficamente: está impressa em minha mente. Fui para o espaço através do que pensava ser um gigantesco farol de luz brilhando sobre mim. Disseram-me que queriam me levar para algum lugar, que eu tinha o tipo de mente que podia fazer algo para ajudar o planeta. Estava indo, mas foi uma jornada muito perigosa - deveria ter um procedimento e uma disciplina, tinha de ir lá para cima desse jeito” - e o velho homem levanta seus braços para a frente, como um zumbi ou uma múmia - “para evitar que qualquer parte de meu corpo tocasse o lado de fora, por que estava passando por zonas de tempo, e, se qualquer parte de meu corpo tocasse o lado de fora, não poderia trazer de volta”.

Suavemente, até que você adquira o hábito do silêncio compulsivo e escuta atenta, Sun Ra murmura: “Então esse farol - ele parecia um farol, mas então eu o chamei de carro de energia - brilhou sobre mim, e meu corpo se tranformou em feixes de luz. Agora veja, quando um farol brilha, você pode enxergar pequenas partículas de poeira. Ele tinha essa aparência: eu podia ver através de mim, e subi numa surpreendente velocidade para outra dimensão, outro planeta”. De ponta a ponta da América mediana, uma arte folclórica animada e cheia de esperança celebra a invasão vindoura; os misteriosos homezinhos do disco que vão salvar o mundo: esculturas de foguetes de plástico, cromo e concreto pontuam a paisagem, apequenando parques para trailers e lanchonetes de todo o país. Se não se está falando com Jesus ou vendo Elvis, é o Homem de Marte, e toda semana desde que começou a Era Atômica surge mais uma pessoa alegando que foi raptada e treinada em várias habilidades e retornou para salvar a Terra. “Então eles chamaram meu nome, percebi que estava sozinho, a uma grande distância daqui, não sei o que queriam de mim - e fiquei em pé no escuro. Logo chamaram meu nome de novo, mas recusei responder. E subitamente me teleportaram lá para onde estavam. Numa fração de segundo estava lá em cima; na seguinte estava aqui embaixo. Logo, eles tinham esse poder. Então falaram comigo, tinham antenas e olhos vermelhos que brilham dessa forma. E queriam que me tornasse um deles, e disse ‘não, é natural para você ser desse jeito, mas provavelmente vai me ferir se me fizer algo assim’. De qualquer modo, eles falaram comigo sobre este planeta, e a maneira como foi comandado e o que iria acontecer aos jovens, governos, e pessoas. Disseram que queriam que eu falasse com eles. E eu disse que não estava interessado.” Essa é a diferença. Pouco importa se a estória é verdadeira ou figurada, alucinação ou disfunção neural, esse é o ponto onde o Jazzman escapa do riff standard e cria sua própria melodia. Aqui, na sua sala de entrada,


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