Os Índios Xokleng

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“Da ferocidade impenitente Da artimanha amarga, gorda e azeda. Da cerimônia fúnebre e martírio. Da sanha que em sendas se envereda. Da massacrada gente e seu delírio. Da pele recortada a golpe frio. Da solidão perdida dessas matas. Da vida que o bugreiro desbarata. Da mortandade calculada em planos. Da moeda que paga os assassínios. Da aldeia queimada, palha e panos. Da genocídia guerra contra os índios. Da criminosa história que não honra. Da mentirosa gente que difama. Da tribo trucidada enquanto é sombra. Da noite que amanhece em sol de lama. Da lama que mistura sangue e gritos. Da inclemência que aflige o aflito. Da gente que acorda em sobressalto. Da fúria que cai sobre essa gente. Da criança abatida em pleno salto. Da aflição, mil vezes da aflição. Da lâmina ladrando do facão.”*

* Reynaldo Jardim, ob. cit.

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