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Curadoria do MUnA investe em medidas de inovação para exposições

Mostras

“Deslocamentos da Memória” e “Autorrepresentações” chegam ao museu no mês de junho e pretendem dialogar com seu público

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POR GIOVANNA SALLUM E VITÓRIA MARCELINO

As exposições “Deslocamentos da Memória” e “Autorrepresentações” estão em exibição no Museu Universitário de Arte (MUnA/UFU) até o dia 31 de julho de 2023, na Sala Lucimar Bello. A mostra, que começou no dia 02 de junho, reúne trabalhos das artistas Alexandra Ungern e Heloisa Lodder, que buscam estabelecer diálogos entre duas pesquisas referentes a memórias de lugares e objetos. Conectando suas histórias pessoais e coletivas, em que deslocamentos obrigatórios e inesperados provocam mudanças nos indivíduos e no ambiente a sua volta, as artistas trazem um olhar poético e realista de como os sentimentos e consequências dessas transições podem afetar as pessoas e o ambiente ao seu redor.

De acordo com o coordenador do setor de acervo do museu, Alex Miyoshi, a entrada das novas mostras se dá por meio de processos seletivos anuais, realizados via edital. Alex explicou que existem diversas maneiras de selecionar obras para exposições: o processo pode incluir convites direcionados a eventos e personalidades influentes no meio artístico, visando abordar temáticas relevantes no momento da sua realização. Além disso, é possível montar exposições com itens já presentes no acervo, combinando-os de maneira criativa e diversificada.

“DESLOCAMENTOS DA MEMÓRIA” E O TRABALHO DE INOVAÇÃO DO MUSEU

A equipe do MUnA tem buscado fazer do museu um espaço cada vez mais interativo em relação a seu público frequentador. Em entrevista, o coordenador-geral do Sistema de Museus da UFU (SIMU), Rodrigo Freitas, relatou que a montagem da exposição “Afetos da Imagem”, ocorrida em maio, foi uma curadoria compartilhada, na qual toda a equipe participou e escolheu até três obras do acervo que queriam ver expostas.

Rodrigo ressaltou a importância de explorar abordagens inovadoras para promover diálogos horizontais. Ele enfatizou que, ao descentralizar a curadoria, é possível envolver pessoas diversas e permitir que contribuam de maneira significativa. Isso se revela como uma maneira interessante de tornar o museu mais aberto e receptivo a uma ampla gama de perspectivas e diálogos, enriquecendo, assim, a diversidade de olhares presentes no acervo.

Outra medida inovadora que visa essa comunicação são os papéis pendurados ao lado das obras expostas no MUnA. Nelas, qualquer pessoa pode escrever o que pensa sobre as obras ou dar sugestões. Alex Miyoshi destacou que esse aspecto torna a experiência no museu mais interessante, “porque não é só a visita ao acervo e a apreciação das obras e da arte, mas também aos próprios comentários que estão ali”.

Através da exposição e das interações dos visitantes, é possível ter uma percepção do olhar de cada pessoa em relação às obras que a compõem. Um exemplo interessante consiste no relato da estudante do curso de Artes Visuais da UFU e bolsista no MUnA, Ana Luísa Guimarães: “Uma mulher estava no museu e encontrou um prego no chão. Então, ela o equilibrou em cima de um banco branco que estava no local e em um papel intitulou a obra simplesmente como ‘Prego’. O pessoal do museu achou a atitude dela criativa e manteve o objeto como ela deixou”.

A discente também comentou que um dos motivos para sua entrada no MUnA está em sua luta pela democratização da arte. “Não é patrimônio cultural e a garantia do acesso à informação à comunidade externa.

Outro programa desenvolvido pela instituição consiste na manutenção do acervo, que contempla todo o processamento técnico e a gestão das obras expostas no museu, assim como a documentação de arquivos e bibliografias relacionados a elas. Inicialmente composto por doações vindas de docentes e artistas, ao longo dos anos, a instituição passou a investir na aquisição de obras de expressão nacional e contemporânea, a fim de complementá-lo.

Além do acervo físico, as obras estão disponíveis no site do museu, onde os internautas podem acessá-las digitalizadas e pesquisá-las por tipo e autoria. No acervo digital, o museu ainda conta com uma série de vídeos de depoimentos de professores de Artes Visuais da UFU sobre artistas e obras expostas, além de uma sessão educativa destinada a professores do ensino fundamental. Rodrigo Freitas ressalta que a plataforma, lançada em novembro de 2020, faz parte das práticas inovadoras e dialógicas realizadas pela equipe do MUnA, a fim de aproximar ainda mais a comunidade externa ao museu às obras abrigadas pela instituição.

Muna E Seu Acervo

O MUnA é um órgão ligado ao Instituto de Artes da UFU, que possui ações voltadas ao fomento e à divulgação da pesquisa em arte, assim como à manutenção de seu extenso

Mesmo com uma parcela da população não possuindo acesso integral à internet, a disponibilização das obras em formato digital pode ser uma forma de democratizar e ampliar o acesso às obras para o público geral. Isso pode beneficiar e facilitar o trabalho acadêmico, principalmente de estudantes e professores, caso precisem fazer alguma pesquisa, trabalho ou análise utilizando as obras, e que nem sempre terão recursos ou tempo hábil para ir presencialmente ao museu. 