TV Cultura

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a fpa e a usp

a cena teatral paulistana e a fpa

Por volta dos anos 60, na USP, eu era professor do Setor de Psicologia, depois Instituto de Psicologia, mas naquele momento era Setor de Psicologia, que passou a ser instituto nos anos 70, e eu fui até um dos responsáveis pela criação do Instituto... Imediatamente após a minha formatura na Maria Antônia, na área de Psicologia, o titular da então cadeira de Psicologia Educacional, Arrigo Angelini, ofereceume uma vaga para trabalhar como assistente dele. E eu passei a me incumbir da parte experimental em Psicologia, experimentos de laboratório. E ao mesmo tempo ministrava aulas de Introdução à Psicologia, Psicologia da Adolescência, Psicologia da Aprendizagem etc. etc., para o que era genericamente chamado na época de curso de licenciatura. E em meio a isso tudo eu recebi um convite de Laerte Ramos de Carvalho, professor da Faculdade de Educação da USP, para ligar-me a um projeto que tinha apoio norte-americano, o projeto do Centro de Recursos Audiovisuais da USP. Onde hoje é a Faculdade de Educação, foi instalado, começou a funcionar, um Centro de Recursos Audiovisuais e, paralelo a isso, cresceu, claro que com o apoio entusiasmado de minha parte, a idéia de dotar a USP de uma TV Educativa. A Cultura ainda não existia, a TV Educativa da USP, portanto, precedeu a TV Cultura, a Fundação Padre Anchieta. Lembro-me até que na ocasião que passou um pequeno grupo a estudar, a planejar, para a criação da TV Cultura, eles recorreram a nós lá na USP, para ter acesso à literatura, às informações gerais, inclusive prosaicamente, sobre equipamentos necessários, treinamento de pessoal, essa coisa toda.”

A minha geração, uma geração de diretores de teatro, uma geração que tem uma cumplicidade sem palavras entre nós, uma geração de Antunes Filho, falecido Adhemar Guerra, falecido Flávio Rangel, José Celso Martinez Corrêa, Augusto Boal, Amir Haddad, Antônio Abujamra, uma geração que tem cumplicidade sem palavras entre nós. Ninguém fala mal do Antunes para mim, eu não deixo, ninguém deixa, eu não deixo ninguém falar mal dele. Acontece que essa geração acreditava no esclarecimento popular, nós fazíamos teatro acreditando que esse país podia melhorar, final da década de 50, começo da década de 60. Até que veio a ditadura, e desta geração provavelmente o único que ficou na televisão fui eu. O Antunes Filho dirigiu maravilhosamente bem na televisão Cultura, o Nelson Rodrigues fez coisas maravilhosas, o Adhemar Guerra fez coisas fantásticas, Flávio Rangel também, mas ficar acreditando que a televisão deveria ser um caminho para a profissão de diretor de teatro e ator fui só eu. Então eu comecei a fazer televisão depois de ter purgado o meu ódio por ela, e ainda continua um pouco, mas eu purguei o ódio, disse: “Não, é o meu tempo, eu tenho que entrar nessa tecnologia, preciso fazer essas coisas.” E faço televisão já faz uns 40 anos, se não me engano, por aí. Eu comecei onde, meu Deus do céu, eu comecei na Excelsior, eu fiz novela do Lauro César Muniz para a Excelsior, depois dirigi na Excelsior, depois fechei a Excelsior. Depois trabalhei muitos anos na Tupi, estávamos em primeiro lugar, fechei a Tupi. Eu fecho as emissoras de TV. E as emissoras acham que eu sou da Cultura e a Cultura acha que eu sou da televisão comercial, eu trabalho na Cultura já não sei há quantos séculos.”

Samuel Pfromm Neto

Antônio Abujamra

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