House Mag 30

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Há quase uma década, Luca Saporito e Anthony Middleton viajam incansavelmente em turnês consecutivas pelo mundo, mas foi somente em 2011 que lançaram o primeiro álbum. “Follow my Liebe” saiu pelo selo Get Physical – apenas mais um item para o longo currículo do duo. As coisas começaram a acontecer de verdade em 2003, depois do Winter Music Festival, em Miami, quando mal acreditavam no que estava acontecendo: Steve Lawler, M.A.N.D.Y e Sasha, nomes que sempre tiveram como ídolos, começaram a reconhecer os garotos. Apenas alguns anos depois, já pipocavam elogios como o que Ewan Pearson postou em seu blog pessoal: “Toquei uma quantidade desconcertante de

músicas deles nos meus sets este ano [2006]. A culpa não é minha, eles é que bons demais!” Daí em diante, não fica difícil imaginar o que o futuro traria. Nomes à frente do selo Supernature, no ano passado a dupla lançou o Maison D’Etre para sonoridades mais obscuras e lentas. O som dos ingleses, porém, mistura house e techno de uma maneira quase que atemporal, dançante e ao mesmo tempo introspectivo. Luca falou com a House Mag a distância, durante uma turnê do Audiofly nos EUA, antes de voltarem para seu lar atual em Barcelona.

entrevista Qual software vocês usam para produzir? O Logic é o protagonista de tudo que fazemos em estúdio, mas também usamos Ableton para cortar loops e na pré-produção. Usamos muitos efeitos diferentes, como o SoundToys, para dar um brilho aos diferentes sons que usamos. Na verdade, nosso setup é bastante simples, mas acho que ao longo dos anos tiramos o melhor dele. Vocês começaram a carreira como produtores ou DJs? O Anthony sempre foi produtor e eu, DJ. Essa diferença básica nos deu a chance de trazer diferentes qualidades para o estúdio e nos possibilitou estar em harmonia um com o outro, pelo menos na maioria das vezes [risos]. Qual foi o momento em que vocês sentiram que as coisas começaram acontecer para o Audiofly? Foi em Miami, logo depois do nosso primeiro Winter Music Conference, em 2003. As pessoas começaram a nos reconhecer, muitos empolgados com o projeto Audiofly. Caras como Steve Lawler, Sasha e M.A.N.D.Y, que eram algumas das pessoas que admirávamos muito na época, tocaram nossas músicas durante as festas da conferência. Sentimos que finalmente estávamos chegando a algum lugar. Depois de Miami, voltamos correndo para o estúdio e produzimos dia após dia. Lembro de cozinhar só macarrão e molho de tomate durante dois meses seguidos, pois não tínhamos grana para pagar nada além daquilo depois da viagem para Miami [risos].

brinquedo análógico novo, ganhamos meses de inspiração. O último foi um Korg MS2000. Ainda não o usamos, mas mal posso esperar pra testálo quando voltarmos para casa desta turnê. O turbilhão de músicas lançadas nunca esteve tão grande. O que você acha do fácil acesso que as pessoas têm hoje aos softwares de produção? O problema principal é que hoje as pessoas não prestam muita atenção na qualidade do que lançam. Muitos novos produtores ficam ansiosos para lançar logo suas músicas, mas o resultado nem sempre está bom. Aí você acaba tendo milhares de cópias que soam como o Maceo Plex, por exemplo. Mas não chegam nem perto dele na qualidade da produção. Isso é muito ruim pra a cena, pois incha o mercado com músicas medíocres. Meu conselho para as pessoas é que tenham mais paciência, fiquem mais tempo em estúdio e encontre seu próprio som. Você receberá em troca no fim das contas.

“Muitos novos produtores ficam ansiosos para lançar suas músicas. Você acaba tendo milhares de cópias que soam como Maceo Plex, mas não chegam nem perto dele na qualidade da produção”

E no estúdio, preferem digital ou analógico? Na verdade, preferimos os dois no momento. É muito importante ter um equilíbrio entre os dois, pois o analógico dá uma profundidade à nossa música que o digital sozinho jamais conseguiria. Quando começamos, estávamos completamente imersos no digital. Mas com o tempo decidimos experimentar esse amor ao análogico, e funcionou de verdade. Hoje, sempre que compramos um

Qual intrumento pode ser considerado marca registrada do Audiofly? The Virus TI é o sintetizador que sempre usamos nas músicas. Uma dica? É um segredinho. Minimize seus arranjos. Menos é mais, sempre. Quem são seus mestres da produção? São tantos! Ricardo Villalobos por sua atenção aos detalhes. Carl Craig por sua destreza. Martin Buttrich por seu profundo conhecimento de estúdio. E o setup de DJs? Este é bem simples. Usamos um Allen and Heath Xone:92, três CDJs 2000 e um pen drive espetado em cada uma. Adoramos esse setup. Sei que pode parecer estranho, mas todas as nossas músicas estão naqueles objetos minúsculos. Assim podemos tocar por muito mais tempo, e as coisas estão sempre no lugar.


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