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VISÃO JUDAICA

dezembro de 2010

Tevet / Shevat 5771

editorial

Fim de ano apreensivo no Oriente Médio o fechar esta edição fomos surpreendidos com a notícia de um incêndio em Israel que está sendo considerado o maior da história do país. O fogo matou 41 pessoas, a maioria, policiais penitenciários. A tragédia destruiu grande parte do bosque do monte Carmel, ao sul da cidade de Haifa, no norte de Israel, queimando 1,5 milhão de árvores, além de construções. Os policiais estavam dentro do ônibus e morreram queimados quando o incêndio se agravou. Forças de salvamento retiraram os presos da prisão de Damun, onde se encontravam 500 palestinos, mas também evacuaram o kibutz Beit Oren, a Universidade de Haifa e parte do vilarejo árabe de Ussafia. O trabalho de extinção do fogo

Publicação mensal independente da EMPRESA JORNALÍSTICA VISÃO JUDAICA LTDA. Redação, Administração e Publicidade visaojudaica@visaojudaica.com.br Curitiba • PR • Brasil Fone/fax: 55 41 3018-8018 Dir. de Operações e Marketing SHEILLA FIGLARZ Dir. Administrativa e Financeira HANA KLEINER Diretor de Redação SZYJA B. LORBER Publicidade DEBORAH FIGLARZ Arte e Diagramação SONIA OLESKOVICZ Webmaster RAFFAEL FIGLARZ Colaboram nesta edição: Antonio Carlos Coelho, Aristide Brodeschi, Barry Rubin, Breno Lerner, Gabriel Latner, Gustavo Jugend, Heitor De Paola, Jane Bichmacher de Glasman, Moshe Arens, Pilar Rahola, Reinaldo Azevedo, Rupert Murdoch, Sérgio Alberto Feldman, Yakov Halu, Yair Altman, Yossef Dubrawsky e Yossi Groisseoign.

Visão Judaica não tem responsabilidade sobre o conteúdo dos artigos, notas, opiniões ou comentários publicados, sejam de terceiros (mencionando a fonte) ou próprios e assinados pelos autores. O fato de publicá-los não indica que o VJ esteja de acordo com alguns dos conceitos ou dos temas. Contém termos sagrados, por isso trate com respeito esta publicação.

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estava sendo dificultado pela topografia montanhosa e o clima seco na região. O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, declarou que o incêndio é “uma tragédia de dimensões que não conhecemos” e vários países atenderam o pedido dele para auxiliar com aviões e apagar as chamas. As autoridades não descartam a hipótese de incêndio intencional. Foi aprovada por 80 votos a resolução da ONU que expressa “profunda preocupação” com as violações dos direitos humanos promovidas pelo governo do Irã, critica a pena de morte e rejeita a violência contra a mulher. Foi mais uma tentativa de salvar da morte Ashtiani Sakineh e Shahla Jahed, executada dias depois. Os 44 países que votaram contra a resolução se tornaram cúmplices dessa ignomínia, assim justificada pelo embaixador iraniano, Mohammad-Javad Larijani: “Apedrejamento é uma punição menor que a execução, porque existe a chance de sobreviver. Mais de 50%

das pessoas podem não morrer”. Como optou pela abstenção, o governo brasileiro acha que a argumentação faz sentido. Por omissão, transformou-se em cúmplice do horror. Assim, o presidente que elegeu uma mulher no Planalto nega socorro à mulher condenada à morte por apedrejamento. Um fato sumamente importante aconteceu há poucos dias. Investigações apoiadas pela Organização das Nações Unidas (ONU) descobriram que membros do grupo xiita terrorista do Hezbolá estavam por trás do assassinato do primeiro-ministro libanês Rafik Hariri, em 2005. Antes, o que era suspeita, concretizou-se na notícia da TV norte-americana CBS, citando como fontes gente que participou do inquérito e documentos. A emissora disse que provas recolhidas pela polícia libanesa e por investigadores apoiados pela ONU “apontam esmagadoramente para o fato de que os assassinos eram do Hezbolá”. O gru-

po integra a coalizão de governo do Líbano e negou em várias ocasiões envolvimento na morte de Hariri, cujo filho, Saad, é o atual primeiro-ministro do Líbano. O líder do grupo, Hassan Nasralá, que tentou jogar a culpa sobre Israel, disse que não permitirá que nenhum dos membros do Hezbolá seja preso, nem que para isso tenha que usar da violência. No que foi, de imediato, censurado pela secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton. Nas últimas semanas correram rumores de que o Hezbolá estaria planejando a tomada do poder no Líbano tão logo o Tribunal Especial designado pela ONU divulgue seu relatório a respeito das investigações sobre o atentado que matou Rafik Hariri e outras três dezenas de pessoas. Aos nossos leitores desejamos um bom Ano Novo, sem apreensões no Oriente Médio, lembrando que voltaremos em fevereiro, já que em janeiro, tradicionalmente o VJ não circula. A Redação

Falecimentos

Nossa capa

Leon Chameki, de 88 anos, em Curitiba, dia 27 de outubro de 2010 (19 de Cheshvan de 5771). Seu corpo foi velado na Capela do Cemitério Israelita da Água Verde, e sepultado na manhã do dia 28/10, no Cemitério Israelita do Umbará. Marco Solomon, de 77 anos, em Curitiba, dia 1º de novembro de 2010 (24 de Chesvan de 5771). Seu corpo foi velado na Capela do Cemitério Israelita da Água Verde, e sepultado na tarde do mesmo dia no Cemitério Israelita do Umbará. Samuel Paciornik, de 54 anos, em Curitiba, dia 28 de novembro de 2010 (21 de Kislev de 5771). Seu corpo foi na capela do cemitério Israelita da Água Verde, e sepultado ao entardecer do mesmo dia naquele cemitério. Helen Paciornik, no Canadá, dia 2 de dezembro de 2010 (25 de Kislev de 5771). Foi sepultada no dia 5/12 naquele mesmo país. Isaac Szwarcz, em Curitiba, dia 4 de dezembro de 2010 (27 de Kislev de 5771). Foi velado na capela do Cemitério Israelita da Água Verde, e sepultado dia 5/12 no Cemitério Israelita de S. Cândida.

Datas importantes

A capa reproduz a obra de arte cujo título é: "Músicos Klezmer", pintado com a técnica aquarela e dimensões de 48x38cm, criação de Aristide Brodeschi. O autor nasceu em Bucareste, Romênia, é arquiteto e artista plástico, e vive em Curitiba desde 1978. Já desenvolveu trabalhos em várias técnicas, dentre elas pintura, gravura e tapeçaria. Recebeu premiações por seus trabalhos no Brasil e nos EUA. Suas obras estão espalhadas por vários países e tem no judaísmo, uma das principais fontes de inspiração. Ele é o autor das capas do jornal Visão Judaica. (Para conhecer mais sobre o artista, visite o site www.brodeschi.com.br).

ACENDIMENTO DAS VELAS EM CURITIBA

Dezembro de 2010 / janeiro de 2011 11 de dezembro

Shabat / Vaigash

17 de dezembro

Jejum 10 de Tevet

18 de dezembro

Shabat / Vayechi

25 de dezembro

Shabat / Shemot

1º de janeiro 8 de janeiro

Shabat / Vaerá Shabat / Bô

15 de janeiro

Shabat / Beshalach

20 de janeiro

Tu Bishvat

22 de janeiro

Shabat / Ytro

29 de janeiro

Shabat / Mishpatim

5 de fevereiro

Shabat Terumá

DEZ / JAN E FEV SHABAT DATA

10 17 24 31 7 14 21 28 4

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12 12 12 12 1 1 1 1 2

HORA

19h41 19h45 19h48 19h51 19h52 19h53 19h52 19h50 19h47

Os horários das velas já estão ajustados ao Horário Brasileiro de Verão.

ERRATAS Na edição nº 96 (novembro) os horários de acendimento das velas de shabat, por motivos técnicos foram publicados erroneamente com um uma hora mais, por causa do horário de verão. Na edição nº 95 (outubro), na página 11, a terceira fotografia referida como sendo do sistema viário de Gaza, não é desta cidade, mas de Tóquio. A foto encontrava-se junto às demais de Gaza em um site na internet de onde foi retirada, e lamentamos o engano. Pedimos escusas as leitores pelas falhas involuntárias.


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AS ORIGENS DO CONFLITO ÁRABE ISRAELENSE

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O maquiavelismo britânico: dividir para governar Sérgio Alberto Feldman *

aramente eu me permito escrever sobre o conflito árabe-israelense na minha coluna. Enquanto a maior parte das páginas do Visão Judaica versa, ora sobre antissemitismo contemporâneo, ora sobre o conflito entre Israel e seus vizinhos, eu costumo divagar sobre Judaísmo, história e identidade. Quando muito sobre o conflito da Cristandade com o Judaísmo através da História, que é meu campo de pesquisa. Minha atitude tem razões ideológicas profundas que um dia ainda analisarei. Creio que a identidade judaica deve ser construída através de nossos valores, cultura e educação judaica. Ser judeu não pode ser resumido a uma atitude de reação ao preconceito, a autodefesa (sempre legítima e necessária) e a formulação na prática, de nossos direitos civis. Assim, me contradigo e desta vez falarei de um dos temas usuais de nosso jornal: o conflito árabe-israelense. Este ano eu resolvi dar a “cara a tapa”. Quando planejamos o Encontro Regional de História da ANPUH (Associação Nacional de Professores Universitários de História) resolvi oferecer um minicurso que não se relacionava com minha área de estudos e pesquisas, que é o antijudaísmo antigo e medieval (área principal) ou os “excluídos e marginalizados do mundo antigo e medieval” (área ampla). Optei por rever as minhas concepções das origens do Sionismo e do conflito árabe-israelense. Estava num nostálgico retorno à minha juventude no movimento juvenil, à minha maturidade na escola judaica e à minha posição aparentemente anacrônica (na academia) de seguir sendo um judeu com identidade forte, sionista, de esquerda (ainda existe isso!) e identificado com movimentos sociais, direitos humanos e com a diversidade cultural e religiosa. Sabia dos riscos de me expor. Israel não está na moda, ser sionista é um adjetivo, refutado com cores de malignidade e de repressão do pobre e sofrido povo palestino, que fabricou e se outorgou a condição de vítima do Estado judeu. Estava na hora de usar a boa reputação de ser um estudioso sério, razoavelmente objetivo e crítico, e mostrar a “outra face da Lua”. O Sionismo até 1948 é fácil de ser defendido e autenticado como um movimento de libertação nacional e de autoemancipação do povo judeu. As concepções da condição judaica de povo oprimido e discriminado através da História eram de conhecimento de meu público, visto a maioria ter estudado comigo disciplinas optativas nas quais analiso a tensão e a perseguição movida através da História, pela Cristanda-

de contra os judeus. Assim não ficou difícil compreender a expectativa messiânica judaica que havia sido laicizada e se transformara num movimento nacionalista de redenção coletiva. Já o conflito árabe-israelense tem uma tessitura mais complexa e verdades multifacetadas. Não se pode analisá-lo de maneira unilateral e através de verdades únicas. Eu sempre adotei uma postura de aceitação dos direitos de autodeterminação do “Outro”, seja ele o judeu, seja ele o palestino. O problema era entender como surgira o conflito. Para isso concentrei minha análise na primeira metade do século XX. Nestas décadas percebo como se potencializou um conflito que poderia ter sido atenuado e resolvido com menos mortes, tensões e conflitos armados. Não aceito culpabilizar um elemento no complexo “jogo político” entre potências, nacionalidades em construção e etnias em conflito. Não há um culpado, mas há elementos fundamentais na aguda polarização do conflito. Um destes é a presença britânica no Oriente Médio, e sua maquiavélica política de “dividir para governar”. Leiam o “Príncipe” de Nicolau Maquiavel e percebam o que ele já entendia desta política de colocar dois grupos em antagonismo, para que sua política prevaleça. O Império Britânico era especialista em jogar povos e etnias, um contra o outro. Tomemos um exemplo para ilustrar nossa compreensão desta política. Analisemos a posição britânica durante a Primeira Guerra Mundial. Os ingleses ocupavam o Egito e tinham no canal de Suez uma via estratégica de conexão entre a Inglaterra e sua colônias no Oriente, em especial a Índia. Para controlar a região e se apossar dos poços de petróleo articulou uma rede de relações e de promessas que se contradiziam. Uma mesma região poderia ter sido prometida ao mesmo tempo para uma potência e também para um grupo étnico ou família de xeques tribais. Vejamos alguns exemplos. No nível das alianças o Império Britânico concebeu uma partilha do Oriente Médio, até então dominado pelos turcos (Império Otomano) com os países que lutavam a seu lado na Entente: a França e o Império Russo. Um acordo secreto e não divulgado até 1920, chamado Sykes-Picot. Cada um receberia uma fatia desta região, se a Entente (aliança) vencesse a guerra e ocupasse o Oriente Médio. Os russos saíram da guerra antes dela acabar, pois explodiu a Revolução russa (1917). A França cobrará os acordos após a guerra acabar. Para obter aliados que lutassem junto com o exército britânico acantonado no Egito, o governo inglês articulou acordos secretos, com promessas territoriais, tanto com o xerife Hussein de Meca, líder do clã dos hashemitas

(guardiães dos Lugares Sagrados do Islã), e seu filho Faissal, quanto com seus arqui-inimigos do clã saudita. Mandou para cada um deles um agente britânico: O renomado T. E. Lawrence (ou Lawrence da Arábia) treinou as tropas dos hashemitas e sob a sua liderança avançou em paralelo ao exército britânico e chegou até Damasco. Acreditando que a promessa britânica era confiável, o líder árabe Faissal (filho de Hussein) se permitiu a coroação como emir de um novo Império árabe, com capital em Damasco. Neste contexto os judeus que haviam obtido uma promessa pública da criação de um Lar Nacional judaico na Palestina, através da assim denominada “Declaração de Balfour” (1917), se engajam no esforço de guerra britânico, tanto na Europa, quanto no Oriente Médio. A ideia era criar um protetorado britânico na região que os mesmos denominavam Palestina e na sequência, propiciar a criação do Lar Nacional judaico. O termo para esta ocupação britânica era Mandato: uma ocupação temporária no intuito de ordenar a transição pacífica da Terra de Israel para os judeus. Leia-se: um Estado judeu. Querendo evitar um desencontro com a criação do império árabe, os judeus sionistas capitaneados pelo seu líder Chaim Weizman, dialogam com Faissal. Após o encontro, os dois líderes assinaram um termo de compromisso de colaboração entre árabes e judeus no progresso harmônico da região. Este documento foi abortado pelas atitudes britânicas antes e depois disto. Doces ilusões, de árabes e de judeus, terem lutado ao lado dos britânicos e acreditado em suas promessas. Londres não era a capital de um império com bondosas intenções de libertar as etnias e ajudar projetos nacionais. A crise se avizinhava e os britânicos bem sabiam. No início da década de 20, os franceses cobram seus acordos secretos com os ingleses e desembarcam em Beirute para ocupar a “Grande Síria” (Líbano e Síria atuais). Desalojam Faissal de Damasco. Simultaneamente ocorre uma guerra entre tribos na Arábia: sauditas expulsam os hashemitas da Península e criam a Arábia Saudita. Frustrados e enganados os hashemitas iniciam uma revolta árabe. Os ingleses realizam uma nova articulação política para “arrumar a confusão” que fizeram. Artificialmente reordenam o mapa do Oriente Médio: criam um novo Estado, nunca antes existente: o emirado do Iraque. Não satisfeitos, imediatamente após a criação do mandato britânico da Palestina, resolvem fazer a Primeira Partilha. O ano era 1922. O emirado hashemita da Transjordânia seria o primeiro Estado árabe palestino. Para

consertar os efeitos de seu maquiavelismo, antecipam a Partilha em quase três décadas. A realpolitik britânica seguirá sempre de maneira maquiavélica, acuando e retirando dos judeus seus direitos e aspirações para acalmar as queixas da maioria árabe. Os exemplos disto são os três Livros Brancos: em 1922 (primeira partilha, já citada), em 1930 (restrições à colonização e à imigração judaica) e o fatídico e cruel Terceiro Livro Branco de 1939. Este limitava a colonização judaica às terras já colonizadas na Palestina e a imigração dos judeus para a Israel a apenas 75 mil pessoas, divididas em cinco cotas anuais de 15 mil judeus. Assim, o governo britânico se associava a iminente catástrofe do Holocausto que se avizinhava, fechando as portas de Israel aos refugiados da guerra que já estava em processo de eclosão. Os judeus desesperados tentarão furar o bloqueio naval e aéreo da Palestina e procuram entrar em Israel, para buscar refúgio da barbárie nazista. Navios de refugiados foram reenviados à Europa ocupada de 1939 a 1942; e a partir de 1944/45 os refugiados sobreviventes que ousaram tentar furar o bloqueio britânico e que eram capturados pela marinha inglesa eram trancafiados em campos de prisioneiros em Chipre. Minha querida amiga Ester Jakubovitz (a morá Ester) tem memórias pessoais, desta atitude britânica em relação aos refugiados judeus do Holocausto. Sobreviver e voltar a estar cercado por arames farpados, era no mínimo uma crueldade. A responsabilidade inglesa não pode ser esquecida. Tendemos a ser simplistas e reducionistas ao avaliar a realidade, apenas através do filtro do momento. Noticiários do dia a dia que vivemos são eventos e a realidade imediata é sem memória. Os que lêem as manchetes diluem a História no momento. O maquiavelismo britânico jogou árabes e judeus, uns contra os outros. Fez o mesmo na África entre tribos e etnias que depois encetaram guerras civis infindáveis. Massacres e tragédias foram a triste herança da colonização britânica na África. O mesmo se deu na Ásia. Hindus e paquistaneses se digladiam há décadas por efeitos de diferenças culturais, de busca de hegemonias em certas regiões, mas também por efeito do maquiavelismo britânico que acirrou o conflito. É simplista responsabilizar os britânicos por um conflito tão complexo como o do Oriente Médio. Mas é amnésia política não perceber os efeitos e a intensificação de um provável conflito, talvez inevitável, por causa da gestão inglesa. Recordar é viver. Nunca esquecer e nunca deixar de aprender as lições da História.

* Sérgio Alberto Feldman é doutor em História pela UFPR e professor de História Antiga e Medieval na Universidade Federal do Espírito Santo, em Vitória. Foi diretor de Cultura Judaica da Escola Israelita Brasileira Salomão Guelmann, em Curitiba.


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O islã e a paz Heitor de Paola *

* Heitor De Paola é médico psiquiatra e psicanalista, membro da International Psycho-Analytical Association e do Board of Directors da Drug Watch International e Diretor Cultural da BRAHA, Brasileiros Humanitários em Ação, articulista e escritor, com diversos artigos publicados no Brasil e no exterior, e um livro. No passado, pertenceu a organização Ação Popular (AP) da esquerda revolucionária.

erminei meu penúltimo artigo para este jornal (Por que a paz? http:// www.heitordepaola.com/ publicacoes_materia.asp? id_artigo=2158) mostrando que os ocidentais e alguns judeus ‘concedem de forma abjeta uma superioridade “cultural” a estes povos incultos sob domínio instintivo e deixando-se julgar por eles, por seus padrões primitivos de pensamento e conduta e sentindo-se culpados por possuírem padrões mais elevados’. Uma cena constrangedora diz muito: a Rainha Elizabeth, em visita a uma mesquita em Dubai tirou os sapatos e cobriu sua cabeça com um manto. Compare-se com a visita oficial de muçulmanos às igrejas dos países ocidentais: jamais retiram seus mantos e descobrem a cabeça em respeito à tradição cristã. Indo mais fundo: o Ocidente está cada vez mais coalhado de mesquitas, mas igrejas cristãs ou sinagogas não são permitidas nos países que seguem estritamente a shari’a (Lei Islâmica). Esta diferença de comportamento não pode ser vista somente de forma superficial, pois implica numa influên-

cia cultural pela qual o Islã conseguiu impor sua ‘superioridade’ e submeter os ocidentais à crença na inferioridade de suas tradições e cultura. Além da guerra declarada e do terrorismo, a hostilidade do Islã se manifesta desta forma sutil de deformação cultural dos inimigos, os dhimmi, secularmente vistos como seres inferiores que devem ser submetidos (islam) pela conversão ou pela força. A visão islâmica divide o mundo em Dar Al-Islam, Casa da Submissão – islã - às leis corânicas e nas quais a religião pode ser praticada livremente. Dois requisitos são fundamentais: os fiéis devem gozar de paz – por isto também é chamada Dar AlSalam (Casa da Paz) - e segurança em seus domínios e ter fronteiras comuns com outros países islâmicos - e Dar Al-Harb (Terra da Guerra) ou Dar Al-Garb, (Terra do Ocidente), onde a lei islâmica não é obrigatória, mas respeitada, junto com as demais religiões. Também é chamada Dar Al-Kufr (Casa ou Domínios dos infiéis), termo primeiramente usado por Maomé para se referir à comunidade Coraixita de Meca que não aceitou a conversão e o expulsou, até seu retorno triunfal de Medina e reconquista. Geralmente são territó-

rios visados para dominação. Na Dar Al-Islam está a Ummah, palavra árabe que significa comunidade ou nação, comumente usada no contexto islâmico para indicar a ‘comunidade dos crentes’: ummat almu’minin, todo o mundo muçulmano incluindo a diáspora. O Corão usa Ummah Wahida para se referir ao mundo islâmico unificado. A Sura 3:110 diz: ‘Vocês (os crentes) constituem a melhor nação criada para (o benefício do) o homem, vocês impõem o certo e proíbem o errado e acreditam em Allah e se os seguidores do Livro (judeus e cristãos) tivessem (também) acreditado teria sido melhor para eles entre eles (alguns) são crentes, mas a maioria são transgressores’. Estes são os Dhimmi (‘protegidos’), as minorias não islâmicas vivendo na Ummah submetidas à shari’a e pagando impostos elevados. Originalmente foi usado para os Povos do Livro conquistados. Um precedente clássico foi o acordo feito entre Maomé com os judeus de Khaybar, um oásis perto de Medina. Quando eles se renderam, depois de prolongado cerco, o Profeta permitiu que eles permanecessem desde que pagassem como tributo a metade de sua

produção anual. A justificativa corânica está em 9:29: ‘Combatam aqueles que não acreditam em Allah, nem no Dia do Juízo, nem proíbem o que Allah e seu Mensageiro proibiram, nem seguem a religião da verdade, mesmo que eles sejam Povos do Livro, até que eles paguem a Jizya (imposto por cabeça) em reconhecimento da superioridade (do Islã), e se submetam’. Embora a palavra paz em árabe, Salam, e hebraico, Shalom, tenham raízes comuns, seus significados diferem profundamente: como a religião judaica não é proselitista Shalom é um conceito civil entre pessoas, comunidades ou países de várias crenças, tradições e conceitos morais. Salam, por sua vez, implica necessariamente uma situação exclusiva entre fiéis do Islã, não admitindo infiéis, pois estes existem para serem conquistados e convertidos. Nunca haverá paz entre muçulmanos e infiéis, somente hudna, a trégua temporária até que os fiéis se reagrupem e rearmem. Voltando ao artigo citado: ‘Esta é a única paz que, sentindo-se superiores, eles nos permitem: a paz da submissão e dos cemitérios. É por este caminho que o Islã vai conquistando a Europa e o Mundo’.

A narrativa palestina é uma falsificação da história Moshe Arens *

O lendário detetive da série de TV dos anos 70, Columbo, costumava interrogar as testemunhas de um crime que estava investigando, confrontando-os bruscamente: “Só me dê os fatos”, dizia. Não estava interessado em ouvir relatos subjetivos conflitivos que aparecem no famoso filme de Akira Kurosawa “Rashomon”, onde cada uma das testemunhas de um crime dava sua impressão subjetiva de maneira mutuamente contraditória. Os fatos, isso era tudo o que queria ouvir. Os fatos, isso é o que se requer daqueles que ensinam história a nossos filhos na escola, quando se ensina a história da Guerra da Independência de Israel. Há alguns anos, o Ministério da Educação de Israel instruiu as escolas que ensinassem a nossos filhos a “narrativa palestina”, além da narrativa judaica dos acontecimentos da Guerra da Independência de Israel. Agora que esta instrução foi revogada, alguns expressam uma demanda para que a “narrativa palestina”, não obstante, siga sendo ensinada em nossas escolas. Há realmente duas narrativas que devam ser ensinadas aos nossos filhos? É a história nada mais que uma coleção de narrativas em conflito?

O modo “narrativo” da história é algo de recente colheita, una moda passageira que é improvável que persista. São os fatos os que queremos que sejam ensinados a nossos filhos em suas aulas de história. Pode haver diferentes interpretações de certos acontecimentos, que poderiam necessitar de elaboração, inclusive quando os próprios acontecimentos foram estabelecidos fora de toda dúvida. Só quando o real desenvolvimento dos acontecimentos foi difícil ou impossível de comprovar, é que há espaço para a apresentação de diferentes versões. Na realidade, a forma narrativa de ensinar a história parece ter lançado raízes, principalmente em Israel. Poderia alguém sugerir que, nas escolas norte-americanas, a “narrativa japonesa” do conflito Estados Unidos-Japão durante a Segunda Guerra Mundial, seja ensinada junto com a “narrativa norte-americana”? É o ataque japonês a Pearl Harbor, em 7 de dezembro de 1941, nada mais que a versão americana? Ou o que dizer sobre o ensino nas escolas russas da “narrativa alemã” da invasão alemã à União Soviética em junho de 1941? Isto parece demasiado absurdo para que seja contemplado. Então. Por que acontece isto em Israel?

Sim, há uma “narrativa palestina” da guerra de 1948, e se chama “Nakba”. Mas como todos os estudantes dessa guerra, e as testemunhas que ainda vivem, sabem muito bem que a versão Nakba não é mais que um saco de mentiras. Nenhum truque de ilusões nem nenhuma interpretação politizada dos acontecimentos dessa guerra, na qual um por cento da população judaica caiu lutando contra o ataque dos árabes, podem mudar o fato de que o mundo árabe - as milícias árabes locais e os exércitos regulares dos países árabes vizinhos, além das forças iraquianas - procuraram destruir o Estado judeu, numa guerra que começou imediatamente após a resolução da ONU que dividiu o oeste da Palestina em um Estado judeu e outro árabe, em novembro de 1947. Seis mil judeus - soldados e civis caíram nessa guerra luchando contra a investida árabe. Quando os árabes tinham êxito, a população judaica era assassinada ou deportada, e todas as propriedades judias eram destruídas. O que ocorreu no Bairro Judeu da Cidade Velha de Jerusalém e no bloco de Etzion, em maio 1948, quando caíram em mãos da Legião jordaniana, foi um presságio da sorte que aguardava toda a comunidade judaica se os ára-

bes ganhassem aquela guerra. Tudo isto foi apagado da “narrativa palestina”. Sugere-se que esta falsificação da história deveria ser ensinada aos escolares – judeus e árabes – em Israel? É certo que a população árabe de Palestina sofreu gravemente durante a guerra. Mas também está fora dúvida o que esta tragédia lhes trouxe por causa das decisões adotadas pelos dirigentes árabes. É essencial que esta parte da história da Guerra da Independência de Israel, da “narrativa israelense”, seja destacada se se quer que seja ensinada em nossas escolas às crianças judias e árabes por igual. E se uma verdadeira paz alguma vez reinar entre Israel e seus vizinhos árabes, é importante que os árabes reconheçam que o que eles chamam de Nakba foi uma tragédia autoinfligida. Assim como a paz real pode chegar à Europa depois da Segunda Guerra Mundial, só depois que os alemães abandonaram a “narrativa alemã” e aceitaram a verdadeira história da guerra que a Alemanha começou; só o abandono da “narrativa palestina” e a aceitação da sequência real dos eventos de 1947-48 podem servir de base para a reconciliação entre judeus e árabes.

* Moshe Arens é escritor e politico em Israel. Foi membro do Irgun e do partido Likud, tendo sido eleito parlamentar em várias legislaturas na Knesset e diversas vezes ocupou o Ministério da Defesa. Publicado no jornal Haaretz em 3/11/ 2010. O texto original pode ser encontrado em http://www.haaretz.com/print-edition/opinion/the-palestinian-narrative-is-a-falsification-of-history-1.322588


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Tevet / Shevat 5771

Um bom Ano Novo! Pernil de ano novo

* Breno Lerner

A possibilidade de recomeçar tudo de novo é o maior presente que podemos ganhar no ano novo. Fantástica esta chance que se nos apresenta a cada 31 de dezembro... As lendas e tradições que envolvem a mesa da ceia de passagem são inúmeras. Reuni aqui umas sugestões que levam alguns ingredientes clássicos da ceia, a lentilha, o bacalhau e o pernil – no nosso caso, de vitela. Um bom, farto, feliz e cheio de saúde 2011 a todos!!!

Risoto de tomates Bata no liquidificador todos os ingredientes menos o pernil e as batatas. Deixe o pernil de molho nesta marinada por 1 noite. Numa assadeira untada com azeite coloque as rodelas de batata formando um colchão e o pernil escorrido por cima Cubra com papel de alumínio e leve ao forno pré-aquecido a 2000C por 1 hora, regando com a marinada a cada 15 minutos. Quando faltar uns 5 minutos para terminar o cozimento, tire o papel de alumínio para dourar.

1 copo de vinho branco seco; 1 cebola grande; 1 bulbo de erva doce; Suco de 1limão; Sal a gosto; Pimenta do reino a gosto; 1 pernil de vitela de 1,5 a 2 kg; 1 kg de batatas cozidas e cortadas em rodelas grossas

400 g de arroz arbóreo; 1 cebola grande picada; 1,5 l de caldo de frango; 2 colheres de sopa de manteiga; 50 ml de creme de leite; 50 g de queijo parmesão; 15 g de açafrão; 1 colher de sopa de azeite; 1 taça de vinho branco seco.

Salada de lentilhas MOLHO: 9 colheres de sopa de azeite; 3 colheres de sopa de vinagre; Sal e pimenta-do-reino; 3 colheres de sopa de hortelã picada. SALADA: 500g de lentilha; 1 cebola grande; 1 cravo; 1 dente de alho; 1 maço de cheiro-verde; Sal e pimenta do reino.

Em uma panela, junte a lentilha, a cebola espetada com o cravo, o alho e o maço de cheiroverde. Tempere com sal e pimenta-do-reino. Cozinhe em água suficiente até a lentilhas ficarem macias. Retire do fogo, passe por água fria e escorra. Coloque a lentilha em uma saladeira, tempere com o molho e deixe na geladeira por 4 horas para tomar gosto. Momentos antes de servir decore com hortelã e, opcionalmente fatias de ovo cozido e cebolinha picada.

Bacalhau de ano novo

* Breno Lerner é editor e gourmand, especializado em culinária judaica. Escreve para revistas, sites e jornais. Dá regularmente cursos e workshops. Tem três livros publicados, dois deles sobre culinária judaica.

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500g de lombo de bacalhau dessalgado; 3 cebolas médias; 6 dentes de alho; 1 bouquet garni (um amarrado de 1 folha de louro, 6 talos de salsinha e 4 ramos de tomilho); 1 cenoura média; 5 grãos de pimenta branca; 1 cálice de vinho branco; 1 pitada de noz-moscada; 3 batatas grandes; 2 batatas doces; 1 alho-poró (parte branca); 12 folhas de couve (amarradas); Azeite; 1 colher (sopa) de fécula de batata ou milho; Sal e pimenta do reino a gosto.

Numa panela esmaltada ferva 1,5 litro de água com uma cebola, os alhos, o bouquet garni, a cenoura, a pimenta, o vinho, um fio de azeite e a noz-moscada. Após 15 minutos de fervura, coloque o bacalhau e cozinhe por 8 minutos. Reserve num pouco de caldo quente para não ressecar. Vá cozinhando na mesma água os legumes e as verduras e reservando com um fio de azeite. Reduza o restante do caldo, engrosse um pouco com a fécula de batata. Disponha os legumes e as verduras juntamente com a posta de bacalhau num refratário. Aqueça o molho e regue o prato fartamente, acrescente um fio de azeite. Sirva imediatamente.

GUARNIÇÃO: 1 kg de tomates maduros sem cascas e sementes, em cubinhos; 2 dentes de alho; 1 cebola média bem picada; Folhas de 4 raminhos de tomilho; 1 colher de sopa de azeite de oliva; Sal, pimenta do reino e açúcar a gosto; 150 g de queijo parmesão ralado. PREPARE A GUARNIÇÃO: No azeite doure a cebola e o alho. Acrescente então os tomates, sal, pimenta do reino e açúcar. Cozinhe em fogo muito baixo por 20 minutos, mexendo de vez em quando. Quando ficar com consistência grossa, desligue o fogo, misture o tomilho e reserve. Agora, numa frigideirinha aquecida coloque uma colher de chá de queijo parmesão, mantendo o formato de um círculo. Quando o queijo derreter e formar uma camada, retire cuidadosamente com uma espátula. Sobre um copo ou um cabo redondo, arredonde o circulo de queijo, formando um tubo. Reserve. FAÇA AGORA O RISOTO: Derreta a manteiga com o azeite em uma panela. Doure a cebola na mistura. Coloque então o arroz, frite por 1 ou 2 minutos e acrescente o vinho branco, sal e pimenta do reino. Cozinhe até o vinho evaporar. Vá então colocando o caldo, concha a concha, e mexendo bem até o risoto atingir seu ponto. Atenção, na primeira concha de caldo, dissolva o açafrão. Quando atingir o ponto, tire do fogo, coloque o creme de leite e o queijo parmesão e misture. Passe a borda de um copo old fashioned pela água quente e depois emborque-o num pires com queijo parmesão, formando uma crosta na borda no copo. Alterne camadas largas de risoto com camadas finas da guarnição, finalizando com a guarnição. Enfeite com um fio de azeite e um tubinho de parmesão.


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Um Elohim, um Alô... Jane Bichmacher de Glasman *

* Jane Bichmacher de Glasman é professora, doutora em hebraico, Literaturas e Cultura Judaica, fundadora e exdiretora do Programa de Estudos Judaicos - UERJ

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um rolo de Torá1 original, as palavras hebraicas - sem vogais são escritas à mão. Sem vogais, as palavras hebraicas são apenas letras pretas em pergaminho branco. Para dar som às letras, nós lhes damos vogais que determinam a tradução e a interpretação da palavra. Nachmânides2 escreveu que a relação entre as palavras literais e sua interpretação pode ser comparada à relação entre as consoantes e vogais da Torá. As palavras não falam até que lhes demos sons; as letras pretas em pergaminho branco não existem por si até lhes trazermos o comentário. Em outras palavras, ele entendeu que a interpretação do texto precisa ser pertinente às circunstâncias de nossas vidas, e as circunstâncias de nossas vidas sempre são variáveis. Heschel 3 disse: “É pela Bíblia que nós descobrimos o que está na Bíblia. Se não somos confrontados com a palavra, se não continuamos nosso diálogo com os Profetas, se não respondemos, a Bíblia deixa de ser Escritura”. O texto bíblico não narra apenas uma estória de um tempo, de

um modo, mas sim um conto atemporal, que é parte do contexto de uma história maior - a da humanidade. Cada palavra contém uma possibilidade de sons, formas e tons que

podem cruzar culturas, religiões, continentes e o próprio tempo. Por exemplo, a palavra Elohim em Gênesis 1:1 “No princípio Elohim criou o céu e a terra”. Elohim é traduzido por “D-us” tradicionalmente, mas olhando para a composição da palavra, a raiz é Eloha, significando “um D-us”. Elohim é o plural para Eloha. Se o texto bíblico tivesse usado Eloha em vez de Elohim, estaríamos seguros de que estava se referindo a um D-us. Porém a palavra Elohim pode insinuar vários deuses. Embora apareça no plural em hebraico, leva um verbo no singular. Talvez a Bíblia esteja nos dizendo que D-us se manifesta de muitas formas diferentes. O que é interessante é que quando nós voltamos para a palavra Eloha, nós ouvimos seu eco em outras línguas, outros tempos. Há El entre o canaanitas; Elohim entre os judeus; Alá entre os árabes; Haloha, o festival dos deuses, entre gregos e anglos; Heloha, a deidade feminina entre os americanos nativos. O eco permanece em aloha, a saudação dos havaianos, e hello, de americanos. Talvez não seja coincidência que o Zohar diga “Dar boas-vindas a uma pessoa com uma saudação de paz e harmonia é como dar boasvindas a D-us”.

NOTAS 1. A Bíblia hebraica é chamada Tanakh que é uma sigla para Torá (Cinco Livros de Moisés, Pentateuco), Nevi’im (Profetas) e Ketuvim (Escritos). A Torá é dividida em leituras semanais. 2. Rabi Moisés Ben-Nachman, o Ramban, mais conhecido como Nachmânides nasceu em Girona, na Espanha, em 1194, e morreu em Haifa, Eretz Israel, em 1270. No século XII, a Espanha foi o principal centro cultural judaico do mundo conquistando um lugar importante no mundo judaico através de grandes personagens, como Maimônides, Ibn Ezra e Yehuda Halevi, entre outros. 3. Abraham Joshua Heschel (11 de janeiro de 1907, em Varsóvia, Polônia 23 de dezembro de 1972), rabino austro-americano, mestre do pensamento existencial e religioso do judaísmo.

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Um homem sério

FILME

TÍTULO ORIGINAL: A serious man FICHA TÉCNICA Direção: Joel e Ethan Coen Gênero: Comédia Origem: EUA Duração: 105 minutos Tipo: DVD colorido. Ano da produção: 2009 Estúdio/Distribuição: Working Title Films / Universal Pictures ELENCO Michael Stuhlbarg, Richard Kind, Aaron Wolff, Fred Melamed, Sari Lennick, Jessica McManus, Peter Breitmayer, Amy Landecker, David Kang, Adam Arkin, George Wyner e Katherine Borowitz. SINOPSE Larry Gopnik (Michael Stuhlbarg) é um professor de Física da Universidade de Midwestern, que acaba de ser informado que sua esposa Judith (Sari Lennick) o está deixando. Ela apaixonou-se por um de seus colegas, que, aos seus olhos, é alguém muito mais interessante do que seu marido. A família de Larry também não é lá essas coisas: seu irmão mora em sua casa e dorme no sofá; seu filho é um estudante problemático e rebelde; e sua filha pega dinheiro de sua carteira para fazer uma plástica no nariz. Uma carta anônima também ameaça sua carreira na universidade. Larry, então, decide pedir conselhos a três diferentes rabinos que poderão ou não ajudá-lo, diante de tantos problemas.


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Nova sinagoga e memorial do Holocausto ais de 500 pessoas estiveram presentes no domingo 7/11 ao lançamento da pedra fundamental da Sinagoga Beit Yaacov e do Memorial do Holocausto, uma iniciativa do empresário Miguel Krigsner e sua família. O prédio será erguido em terreno do Centro Israelita do Paraná (CIP). No mesmo dia, houve uma palestra do historiador Avraham Milgram, do Yad Vashem, de Jerusalém, cujo tema foi “Evocando a memória e a vida” para recordar os 72 anos da “Noite dos Cristais” (Kistrallnacht). Milgram, que é argentino, mas passou sua infância e juventude em Curitiba, imigrou para Israel, falou também de seu novo livro “Fragmentos de memórias”, escrito em parceria com outros antigos integrantes do Dror, lançado ao final do evento.

Solenidade Três rabinos prestigiaram a solenidade: Pablo Berman, do CIP; Yossef Dubrawsky, do Beit Chabad de Curitiba; e Simón Moguilevsky, de Buenos Aires, e que por 9 anos foi rabino da comunidade local. Além deles, estiveram presentes também o representante do Keren Kaymet de Israel no Brasil, Arie Edelheit e dirigentes de todas as entidades judaicas de Curitiba. A cerimônia aconteceu sob uma huppá, e o lançamento da pedra fundamental da nova sinagoga da comunidade e do memorial do Holocausto de Curitiba foi simbolizado com o fechamento da Caixa da Memória, uma espécie de cápsula do tempo, para ser enterrada junto com o marco inicial da construção e ser aberta somente no ano de 2210. A caixa contém um resumo histórico da coletividade, a relação dos membros da comunidade, a lista dos presentes à solenidade, mensagens e diretorias das instituições da comu-

nidade, exemplares dos veículos de comunicação, desde o antigo O Macabeu até os atuais Kesher e Visão Judaica, além de discursos pronunciados no evento e fotografias registrando o acontecimento. Discursaram, pela ordem, a presidente da Kehilá do Paraná, Ester Proveller, o rabino o rabino Simón Moguilevsky, o rabino Pablo Berman, e Miguel Krigsner, que ao falar sobre os motivos que levaram sua família à decisão de construir uma nova sinagoga em Curitiba, expressou a todos sua profunda emoção em poder concretizar um projeto em memória de seus pais, e em nome de quem a obra vai ser construída. Em seguida, leu uma carta da família dirigida à comunidade israelita do futuro e a inseriu na Caixa da Memória, lançando dessa forma, simbolicamente a pedra fundamental da sinagoga e do memorial do Holocausto, que será o primeiro do Brasil. O rabino Pablo Berman, acompanhado de Daniele Nathan, e do tecladista Hélio, da Banda Happy Days, cantou em hebraico “Al kol eile”. Para a consagração e o ponto alto da cerimônia que sensibilizou todos os presentes, tocaram o shofar, ao mesmo tempo, os rabinos Pablo Berman, Yossef Dubrawasky e os membros da comunidade Viktor Baras, Rafael Barbalat e David Engelman. Ao final, foi servido um coquetel nos salões do CIP, ao som da música klezmer, tocada pelo conjunto Klezmorim.

O acesso principal do templo que será construído

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A humilhação Philip Roth - COMPANHIA DAS LETRAS Aos 65 anos, Simon Axler, um renomado ator de teatro, sobe no palco e constata que não sabe mais atuar. De uma hora para outra toda sua autoconfiança se esvai, e ele perde a capacidade de interpretar os personagens que, ao longo de uma extensa carreira artística, haviam lhe trazido renome. A partir daí, sua vida entra numa espiral de perdas...

LIVRO

Rabino Pablo Berman, da comunidade israelita

Miguel Krigsner, idealizador do projeto e doador da obra

O Rabino Simón Moguilevsky veio especialmente de Buenos Aires para participar da solenidade

Avraham Milgram veio de Israel, fez palestra e lançou livro durante o evento

Ester Proveller, presidente da Kehilá, falou da importância e do papel exercido pelas sinagogas na história do povo judeu

As naves da Sinagoga Beit Yaacov

O toque do shofar marcou sobremaneira a cerimîonia do lançamento da pedra fundamental. A partir da esquerda Rabino Yossef Dubrawsky, Rafael Barbalat, Rabino Pablo Berman, David Engelman e Viktor Baras

O hall de entrada da nova sinagoga

Projeto de como ficará a bimá da nova sinagoga


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A guerra contra os judeus Rupert Murdoch *

* Rupert Murdoch é um magnata dos meios de comunicação internacionais. É proprietário entre outros dos jornais Times, de Londres e o New York Post. De origem australiana, costuma ser apontado como judeu. Mas não é. Resumido a partir de um discurso que Murdoch fez em Nova York, recentemente, num jantar da Liga Anti Difamação (ADL). Publicado no jornal The Jerusalem Post.

ivemos num mundo onde há una guerra em curso contra os judeus. Nas primeiras décadas depois da fundação de Israel, esta guerra foi convencional em sua natureza. O objetivo era direto: usar a força militar para derrotar Israel. Bem antes que o Muro de Berlim caísse, este enfoque já tinha fracassado claramente. Então chegou a fase dois: terrorismo. Os terroristas miraram os israelenses tanto em casa como no exterior – desde o massacre dos atletas israelenses em Munique à segunda Intifada. Os terroristas continuam apontando para os judeus em todo o mundo. Mas eles não têm tido êxito em derrubar o governo israelense – e não enfraqueceram a determinação de Israel em combatê-los. Agora a guerra entrou numa nova fase. Esta é a guerra branda que busca isolar Israel deslegitimando-a. O campo de batalha está em todas as partes: os meios de comunicação, as organizações multinacionais, as ONGs. Nesta guerra, o objetivo é tornar Israel um pária. O resultado é a curiosa situação que nós temos hoje: Israel parece cada vez mais isolada, enquanto que o Irã – uma nação que não fez segredo de seu desejo de destruir Israel – busca armas nucleares em voz alta, orgulhosamente, e sem medo aparente de repúdio. Todos os dias, os cidadãos da pátria judaica defendem-se contra exércitos de terroristas cujos mapas expressam o objetivo que eles têm em mente: um Oriente Médio sem Israel. Na Europa, as populações judias cada vez mais são alvo daqueles que compartilham este objetivo. E nos EUA, eu temo que nossa política exterior, às vezes, alimenta estes extremistas. Há duas coisas que são as que me incomodam mais. A primeira é o inquietante novo lar que o antissemitismo encontrou na sociedade educada – especialmente na Europa. A segunda é como a violência e o extremismo são alentados quando o mundo vê o maior aliado de Israel distanciando-se do Estado judeu. Quando os americanos pensam em antissemitismo, tendem a pensar nas caricaturas e nos ataques vulgares da primeira me-

tade do século XX. Hoje parece que os ramos mais virulentos vêm da esquerda. Com frequência este novo antissemitismo se veste da roupagem de um desacordo legítimo com Israel. Lá pelo ano 2002 o presidente de Harvard, Larry Summers, expressou-o desta forma: “O antissemitismo e as opiniões que são profundamente anti-israelenses têm sido tradicionalmente a reserva dos populistas de direita pobremente educados, mas hoje as opiniões profundamente anti-israelenses estão encontrando cada vez mais apoio nas comunidades intelectuais progressistas. Gente seria e pensante está defendendo e fazendo ações que são antissemitas em seu efeito se não em sua intenção”. Summers estava falando, sobretudo, dos nossos campus universitários. Como eu, no entanto, ele estava também abalado pelos alarmantes acontecimentos na Europa. Longe de ser descartado de plano, o antissemitismo hoje desfruta de apoio tanto nos estratos mais altos como os mais baixos da sociedade europeia, de seus políticos mais elitistas aos habitantes de seus guetos, em grande parte, muçulmanos. Os judeus europeus encontram-se apanhados nesta pinça. Recentemente presenciamos um ruído muito paradigmático quando um Ministro do Comércio da Comissão Europeia declarou que a paz no Oriente Médio é impossível devido ao lobby judaico nos EUA. Ele disse isso exatamente dessa forma: “Há de fato uma crença – é difícil descrevê-la de outra maneira – entre a maioria dos judeus que eles têm razão. E não se trata tanto de que estes sejam judeus religiosos ou não. Os judeus laicos também compartilham da mesma crença que eles têm razão. Então não é fácil ter, sequer com os judeus moderados, uma discussão racional sobre o que realmente está acontecendo no Oriente Médio”. Este ministro não sugeriu que o problema era qualquer política israelense específica. O problema, como ele o definiu, é a natureza dos judeus. Para rematar o absurdo, este homem ao aplacar seus críticos tratou de emendar sua posição dizendo: “o antissemitismo não tem lugar no mundo de hoje e é fundamentalmente contra nossos valores europeus”. É claro, ele foi mantido no cargo.

Infelizmente, nós vemos exemplos como este através de toda a Europa. A Suécia, por exemplo, foi longamente sinônimo de tolerância liberal. Mas em uma das maiores cidades suecas, Malmö, os judeus relatam crescentes exemplos de acosso. Quando uma equipe de tênis israelense esteve lá para uma competição foi saudada com distúrbios. Então, como respondeu o prefeito? Distinguindo o sionismo com antissemitismo – e sugerindo que os judeus suecos estariam mais seguros em sua cidade se eles se distanciassem das ações israelenses em Gaza! Vocês não precisam ir muito longe para achar outros sinais de perigo: O governo norueguês proíbe um construtor de navios alemão, radicado na Noruega, de utilizar suas águas para experimentar um submarino que está sendo construído para a Marinha israelense. A Inglaterra e a Espanha estão boicotando uma reunião de turismo da OCDE em Jerusalém. Nos Países Baixos, a polícia informa sobre um incremento de 50% na quantidade de incidentes antissemitas. Talvez não devamos nos surpreender com estas coisas. De acordo com uma infame pesquisa europeia poucos anos atrás, os europeus apontaram Israel à frente do Irã e da Coreia do Norte como a maior ameaça para a paz mundial. Na Europa de hoje, alguns dos mais ilustres ataques ao povo judeu, os símbolos judaicos, e casas de oração judias provieram da população muçulmana. Lamentavelmente, longe de deixar claro que tal comportamento não será tolerado, com bastante frequência a resposta oficial é igual à que vimos do prefeito sueco – que sugeriu que os judeus e Israel deviam culpar-se em parte a si próprios. Quando os dirigentes políticos da Europa não enfrentam os valentões, eles dão crédito à ideia de que Israel é a fonte de todos os problemas do mundo – e eles garantem mais miséria. Se isso não é antissemitismo, eu não sei o que é. Isso leva ao meu segundo ponto: a importância das boas relações entre Israel e os EUA. Alguns acreditam que se os EUA querem obter credibilidade no mundo muçulmano e promover a causa da paz, Washington tem que colocar alguma distância entre si e Israel. Minha opinião é a oposta. Longe de

possibilitar mais a paz, estamos assegurando que haja mais hostilidades. Longe de tornar as coisas melhores para o povo palestino, relações amargas entre os EUA e Israel garantem que os palestinos comuns continuem sofrendo. A paz que todos nós queremos chegará quando Israel se sentir seguro – não quando Washington se sentir distante. Agora mesmo nós temos guerra. Há muita gente levando a cabo esta guerra. Alguns fazem voar cafés. Alguns disparam foguetes contra áreas civis. Alguns estão buscando armas nucleares. Alguns estão combatendo a guerra branda, através de boicotes internacionais e resoluções condenando Israel. Todas estas pessoas estão observando a relação americana-israelense de perto. A este respeito, fiquei satisfeito em escutar o porta-voz do Departamento de Estado esclarecer a posição dos EUA na semana passada. Ele disse que os EUA reconhecem “a especial natureza de Israel. É um Estado para o povo judeu”. Esta é uma mensagem importante para enviar ao Oriente Médio. E quando a gente vê um primeiro-ministro judeu maltratado por um presidente norte-americano, vê um Estado judeu mais isolado. Isso só encoraja aqueles que favorecem as armas por sobre aqueles que favorecem a negociação. Por volta de 1937, um homem chamado Vladimir Jabotinsky pediu à Inglaterra para que abrisse uma rota de escape para os judeus fugindo da Europa. Só um lar nacional judaico, disse, poderia proteger os judeus europeus da iminente calamidade. Em palavras proféticas, ele descreveu o problema desta forma: “Não é pelo antissemitismo dos homens”, disse. “É, sobretudo, pelo antissemitismo das coisas, a xenofobia inerente do corpo social ou do corpo econômico sob o qual nós sofremos”. O mundo de 2010 não é o mundo dos anos 1930. As ameaças que os judeus enfrentam hoje são diferentes. Mas estas ameaças são reais. São ameaças envoltas numa desagradável linguagem familiar para qualquer com idade suficiente para recordar a 2ª Guerra Mundial. E estas ameaças não podem ser encaradas até que nós as vejamos como o que são: parte de uma guerra em curso contra os judeus.


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Confederação Israelita do Brasil realiza convenção em Manaus urante a 41ª convenção anual da Confederação Israelita do Brasil (Conib), realizada dias 19 e 20 de novembro, em Manaus, foi lançada a primeira edição dos “Cadernos Conib”, publicação trimestral cujo objetivo é mostrar a contribuição judaica ao debate de temas da atualidade brasileira. Um painel especial tratou da formação de novas lideranças comunitárias e houve palestra do jornalista Renato Aizenman, coordenador do projeto “Israel na Web”, que busca combater o antissemitismo. Durante o evento, também foi entregue o “Prêmio Samuel Benchimol” à pesquisadora Lúcia Oliveira, autora do trabalho “À luz do livre arbítrio”, que retrata a história dos judeus na Amazônia. Estiveram presentes o embaixador de Israel no Brasil, Giora Becher; Clara Ant, membro do grupo de transição do governo Luiz Inácio Lula da Silva para a administração Dilma Rousseff; o presidente da Conib,

Claudio Lottenberg; Davis Benzecry, presidente do Comitê Israelita do Amazonas; os jornalistas Caio Blinder e Carlos Brickmann; o economista Ivo Bucaresky, chefe de gabinete do Ministério do Meio Ambiente, além de líderes comunitários de 12 estados brasileiros, entre eles o do Paraná, Manoel Knopfholz, que esteve acompanhado dos vice-presidentes Natan Kulisch e Leo Kriger. Manoel Knopfholz fez um relato sucinto sobre a Federação Israelita do Paraná (FEIP), no espaço reservado aos presidentes de todas as federadas que apresentaram relatórios na parte da manhã e no início da tarde. O presidente da FEIP, Manoel Knopfholz, em seu relato abordou as ações responsivas e proativas que a FEIP vem adotando desde que assumiu a entidade. Na área da Comunicação falou sobre do site www.feipr. org.br em conexão com a Conib e do Projeto Hasbará, do relacionamento com comunicadores de veículos da mídia impressa e eletrônica, da divulgação das atividades da Federação e

da nova identidade visual. No campo administrativo mencionou a profissionalização, aquisição de equipamentos e da nova estrutura física. Entre os projetos realizados, o Programa de TV Shalom Paraná para divulgação Participantes da convenção da Conib em Manaus de assuntos judaida Guerra Mundial” para professores cos, a palestra com a professora Mauniversitários e a participação junto a ria Lucia Victor Barbosa, de Londrina, Câmara Municipal de Curitiba sobre a sobre “Política Externa Brasileira”, o proposta da inserção de conteúdo do projeto de lei para tornar Rosh HashaHolocausto na disciplina de história junná, Yom Kipur e Chanucá o pontos fato às escolas municipais. cultativos junto ao município. Outros aspectos mencionados são o apoio à No campo político foi destacada B’nai B’rith para a realização da III a ação da FEIP na co-redação da CarJornada Interdisciplinar sobre o Ensita de Princípios com a Conib entreno da História do Holocausto, a pargue aos candidatos à Presidência da ceria com a PUC e o Instituto de MeRepública, e a laboração e entrega de mória no evento “História e Memória carta semelhante aos candidatos nas do Holocausto no contexto da Seguneleições paranaenses.

Criticada decisão da Unesco sobre os túmulos dos Patriarcas e de Raquel O premiê de Israel, Binyamin Netanyahu, criticou como absurda a decisão da Unesco de não reconhecer dois santuários venerados por judeus e muçulmanos como local de interesse histórico israelense por estarem em território palestino ocupado. “A tentativa de desconectar o povo de Israel de sua herança é absurda”, disse o premiê, se referindo ao Túmulo dos Patriarcas, em Hebron, e o Túmulo de Raquel, em Belém, em Jerusalém. “Se os lugares onde estão enterrados os patriarcas e matriarcas do povo judeu há 4.000 anos não são parte da herança judaica, então o que é?”, perguntou Netanyahu, em comunicado oficial. Israel havia registrado os dois locais como patrimônio nacional e isso gerou protestos dos palestinos, que pediram á Unesco uma decisão do organismo. Os dois santuários, considerados sagrados por judeus, cristãos e muçulmanos, ficam em áreas controladas pelas forças israelenses. Os muçulmanos denominam os dois locais

como Mesquita de Ibrahim e Mesquita de Bilal bin Rabah. A decisão da Unesco se recusa assim a reconhecê-los como parte de Israel. O órgão da ONU afirmou ainda que “as mesquitas fazem parte do território palestino e qualquer tentativa de Israel de incluí-los em seu patrimônio cultural viola as leis internacionais”. Netanyahu acusou a Unesco de tomar a decisão por razões políticas e afirmou que “diferentemente de seus vizinhos, Israel continuará garantindo a liberdade religiosa em ambos” os locais. Durante séculos, desde o Império Otomano e posteriormente sob a ocupação da Jordânia, aos judeus era terminantemente proibida entrada tanto no Túmulo de Raquel, em Belém, como no Túmulo dos Patriarcas, em Hebron. Aqueles que o faziam, se fossem descobertos, pagavam com suas vidas.

Cooperação continua Israel, no entanto, anunciou que não suspenderá a cooperação com a

Unesco. Um comunicado do gabinete do vice-ministro israelense das Relações Exteriores, Dany Ayalon, nesse sentido foi mal traduzido e levou ao anúncio de que Israel, suspenderia suas relações com a Unesco, Um novo comunicado, no dia seguinte, referindo-se a um “erro de tradução”, confirmou que a cooperação continuará, ao mesmo tempo em que considerou nulas as resoluções da organização internacional sobre o Oriente Médio. “Não suspendemos nossa cooperação com toda a organização, pois estamos envolvidos em um grande número de projetos que serão mantidos”, declarou o porta-voz do ministério das Relações Exteriores Ygal Palmor, que esclareceu a postura do governo israelense. O conselho executivo da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) adotou no dia 21 de outubro cinco decisões sobre os territórios palestinos. Uma delas inclui a “mesquita Bilal Bin Rabah/Túmulo de Raquel em Belém”, uma terminologia não reconhecida por Israel.

A tumba de Raquel fica em Belém

Em Hebron está situada a caverna dos Patriarcas

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Israel é um Estado pária? Uma brilhante e audaciosa defesa de Israel por um jovem universitário de 19 anos Gabriel Latner *

* Gabriel Latner, autor do presente discurso, é canadense, tem 19 anos de idade, é estudante de Direito da Universidade de Cambridge, em Londres e vai estagiar em 2011, na ONG UN Watch. (De Olho na ONU). Este discurso ele proferiu durante um debate (que ele venceu, a despeito de tê-lo perdido) convocado pela associação dos estudantes para aprovar uma moção taxando Israel de estado pária. Texto editado a partir do original para a publicação. Tradução: Szyja Lorber.

sta é uma guerra de ideais, e os outros oradores aqui são justamente, os idealistas. Eu não sou. Eu sou um realista. Estou aqui para ganhar. Tenho um objetivo único esta noite - ter pelo menos a pluralidade de você sair repentinamente pela porta do “Sim”. Enfrento um desafio singular - a maioria, se não todos vocês já fizeram a sua cabeça. Esta questão é muito polarizada para a grande maioria de vocês que ainda não têm uma opinião definida. Eu estaria disposto a apostar que metade de vocês apoia fortemente o movimento, e metade se opõe fortemente a ela. Eu quero ganhar, e estamos destinados a um empate. Estou tentado fazer o que meus colegas de discurso vão fazer: relembrar todas as coisas ruins que o governo de Israel já fez numa tentativa de satisfazer aqueles que concordam com eles. E talvez eles até culpem vocês pela rara indecisão de votar a favor da proposição, ou mais precisamente, contra Israel. Seria tão fácil torcer o significado e a importância do direito internacional para fazer com que Israel pareça um Estado criminoso. Mas isso tem sido feito até à morte. Seria ainda mais fácil jogar com sua simpatia, com histórias personalizadas do sofrimento palestino. E eles podem fazer discursos muito eloquentes sobre essas questões. Mas a verdade é que, tratando mal as pessoas, sejam elas seus cidadãos ou de uma nação ocupada, não torna um estado “pária”. Se assim fosse, o Canadá, os EUA e a Austrália seriam todos estados párias baseado no fato de como eles trataram suas populações indígenas. O tratamento da Grã-Bretanha aos irlandeses iria facilmente qualificá-los a usar este apelido. Estes argumentos, embora emocionalmente satisfatórios, carecem de rigor intelectual. Mais importante, eu só não acho que podemos ganhar com estes argumentos. Isso não vai mudar os números. Metade de vocês vai concordar com eles, e metade de vocês não. Então eu vou tentar algo diferente, algo um pouco heterodoxo. Vou tentar convencer os sionistas "duros de matar" e os defensores de Israel aqui presentes, para votar pela proposição. Até o final do meu discurso terei apresentado cinco argumentos pró-Israel que mostram que Israel, se não é um “estado pária”, é pelo menos “espertinho”. Deixem-me ser claro. Eu não es-

tarei argumentando que Israel é “ruim”. Eu não vou argumentar que não merece existir. Não vou argumentar que ele se comporta pior do que qualquer outro país. Eu só argumentarei que Israel é “pária”. A palavra “pária” passou a ter conotações extremamente condenáveis. Mas a palavra em si tem valor neutro. O Dicionário The Oxford English define pária como “aberrante, anormal, fora de lugar, que ocorre (especialmente em isolamento) em um lugar inesperado ou tempo”, enquanto um dicionário de uma instituição muito maior dá esta definição: “comportar-se de maneiras não esperados ou anormais, muitas vezes de uma forma destrutiva”. Essas definições, e outras, estão centradas na ideia da anomalia - o inesperado ou incomum. Usando esta definição, um estado pária é aquele que age de maneira inesperada, incomum ou aberrante. Um Estado que se comporta exatamente como Israel. O primeiro argumento é estatístico. O fato de Israel ser um Estado judeu, só isso o torna anômalo suficiente para ser chamado de Estado pária: Existem 195 países no mundo. Alguns são cristãos, alguns muçulmanos, alguns são seculares. Israel é o único país no mundo que é judeu. Ou seja, a chance de todo o estado escolhido aleatoriamente ser judeu é 0,0051%. Em comparação com a chance de um bilhete de loteria premiado no Reino Unido no mínimo de 10 libras é de 0,017% - mais do dobro da probabilidade. O judaísmo de Israel é uma aberração estatística. O segundo argumento diz respeito ao humanitarismo de Israel, em particular, a resposta de Israel a uma crise de refugiados. Não se trata da crise dos refugiados palestinos, porque estou certo que o resto dos oradores vai cobrir isso, mas a questão dos refugiados de Darfur. Todo mundo sabe que o que aconteceu e ainda está acontecendo em Darfur é um genocídio, e queiram ou não a ONU e a Liga Árabe vão chamá-lo assim. Realmente eu esperava que o Sr. Massih fosse capaz de dizer algo já que ele é um pouco especialista na crise de Darfur, pois na verdade, foi sua experiência que o levou tão longe para representar o ex-ditador do Sudão, enquanto ele está sendo investigado pelo Tribunal Penal Internacional. Houve um êxodo em massa de Darfur com os oprimidos buscando segurança. Eles não tiveram muita sorte. Muitos têm ido para o norte para o Egito – onde são tratados rudemente. Os corajosos fazem uma jornada através do deserto numa tentativa de alcançar Israel. Eles não só enfrentam as ameaças naturais da

península de Sinai, como também são usados para prática de tiro pelos soldados egípcios que patrulham a fronteira. Por que eles assumem o risco? Porque em Israel eles são tratados com compaixão – são tratados como refugiados que são – e talvez a memória cultural de Israel sobre isso seja a culpada. O governo israelense foi mesmo tão longe que concedeu a cidadania a várias centenas de refugiados de Darfur. Só isso faz de Israel uma exceção no mundo. Mas o verdadeiro ponto de distinção é este: As FDI enviam soldados e médicos para patrulhar a fronteira egípcia. Eles são enviados à procura de refugiados que tentam cruzar a fronteira para Israel. Não para enviálos de volta ao Egito, mas para salválos da desidratação, exaustão pelo calor, e das balas egípcias. Comparem isso com reação dos EUA à imigração ilegal através da sua fronteira com o México. O governo americano prendeu indivíduos particulares por darem água aos que atravessaram a fronteira e que estavam morrendo de sede – e o governo israelense envia seus soldados para salvar imigrantes ilegais. Chamar esse tipo de comportamento de anômalo é um eufemismo. Meu terceiro argumento é que o governo israelense se envolve numa atividade da qual o resto do mundo se afasta – negocia com terroristas. Esqueça o falecido presidente da OLP, Yasser Arafat, um sujeito que morreu com as mãos cobertas de sangue. Israel está em processo de negociação com terroristas como dissemos. Yasser Abed Rabbo é um dos principais negociadores da OLP, que foi enviado para as conversações de paz com Israel. Abed Rabbo também costumava ser o líder da FPLP – uma organização de “combatentes da liberdade” que, sob sua liderança, tinha essa liberdade, promovendo atividades como matar 22 israelenses, estudantes do ensino médio. E o governo israelense envia delegados para sentar junto a uma mesa com este homem, e falar sobre a paz. E o mundo aplaude. Você nunca veria o governo espanhol em negociações de paz com os líderes do ETA; o governo britânico jamais negociaria com Thomas Murphy [IRA]. E se Obama fosse sentar e conversar sobre a paz com Osama Bin Laden, o mundo veria isso como insanidade. Mas Israel pode fazer exatamente a mesma coisa - e ganhar o reconhecimento internacional no processo. Esta é a definição do dicionário para pária: Comportar-se de maneira inesperada, ou não normal. Em outra parte o dicionário defi-

ne o que é um comportamento ou atividade como algo “que ocorre num lugar inesperado ou tempo”. Quando você compara Israel com os seus vizinhos na região, torna-se claro o quão esperto é Israel. E eis aqui o quarto argumento: Israel tem um histórico de direitos humanos melhor do que qualquer um de seus vizinhos. Em nenhum momento na história, nunca houve um Estado liberal-democrático no Oriente Médio – com exceção de Israel. De todos os países do Oriente Médio, Israel é o único onde a comunidade LGBT ainda goza de uma pequena medida da igualdade. No Kuwait, Líbano, Omã, Catar e Síria, o comportamento homossexual é passível de açoitamento, prisão, ou ambos. Mas os homossexuais de lá sofrem menos quando comparados com os das suas contrapartes no Irã, Arábia Saudita e Iêmen, que são levados à morte. Homossexuais em Israel podem adotar, abertamente servir o exército, ter uniões civis, e são protegidos pela excepcionalmente forte legislação formulada contra a discriminação. Supera a sentença de morte. De fato, supera a América. A proteção de Israel às liberdades civis dos cidadãos ganhou reconhecimento internacional. A Freedom House é uma ONG que divulga um relatório anual sobre a democracia e as liberdades civis em cada um dos 195 países no mundo. Ele classifica cada país como “Livre”, “Parcialmente Livre”, ou “Não Livre”. No Oriente Médio, Israel é o único país que recebeu a designação de “País Livre”. Não é surpreendente, dado o nível de liberdade concedida aos cidadãos em, digamos, no Líbano - um país designado como “Parcialmente Livre”, onde há leis contra jornalistas que criticam não só o governo libanês, mas também o regime sírio. Estou esperando que a senhorita Booth1 fale sobre o assunto, dada sua experiência de trabalho como uma “jornalista” para o Irã. O Irã é um país que foi classificado como “Não Livre”, colocando-o ao lado da China, Zimbábue, Coreia do Norte e Mianmar. No Irã, como eu esperava que a senhorita Booth tivesse dito em seu discurso, há um especial “Tribunal de Justiça para a Imprensa”, que processa jornalistas por hediondas ofensas, tais como críticas ao aiatolá, escrevendo reportagens que prejudicam os “fundamentos da República Islâmica”, usando fontes ou recursos “suspeitos” (isto é, ocidentais), ou insulto ao Islã. O Irã é o líder mundial em termos de jornalistas presos, com 39 repórteres (ao que sabemos) na prisão em 2009. Eles também expulsaram quase todos os jornalistas ocidentais durante as eleições de 2009. (Não sei se Booth foi afetada por isso).


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Acho que nós, realmente não podemos esperar mais de uma teocracia. Que é o que a maioria dos países do Oriente Médio são: Teocracias e autocracias. Mas Israel é a exceção, a única democracia, o pária. Fora de todos os países do Oriente Médio, apenas em Israel pode-se fazer protestos contra o governo e a comunicação não é reprimida nem censurada. Tenho um argumento final – o último prego no caixão da oposição – e está sentado do outro lado do corredor. A presença do Sr. Ran Gidor aqui é a prova que todos nós deveríamos precisar para, confiantemente, chamar Israel de um Estado pária. Para aqueles de vocês que nunca ouviram falar dele, o Sr. Gidor é conselheiro político da Embaixada de Israel em Londres. Ele é a pessoa que o governo israelense enviou para representá-lo na ONU. Ele sabe o que está fazendo. E ele está aqui esta noite. E é incrível. Considerem, por um momento, o que sua presença aqui significa. O governo israelense decidiu permitir

que um de seus altos diplomatas participe de um debate sobre a sua própria legitimidade. Isso é notável. Vocês acham por um minuto sequer, que algum outro país faria o mesmo? Se Associação da Universidade de Yale realizasse um debate onde a questão é “Esta instituição acredita que a Grã-Bretanha é um estado racista, totalitário, que trouxe danos irreversíveis para os povos do mundo”, acreditam que o Reino Unido iriai permitir que algum de seus funcionários participasse? Não. A China participaria de um debate sobre o status de Taiwan? Nunca. E não há nenhuma chance, nem no inferno, que o governo americano permitisse que funcionários seus argumentassem em um debate sobre o tratamento dos prisioneiros em Guantánamo. Mas Israel enviou o Sr. Ran Gidor para discutir aqui com uma “jornalista” estrela do reality show e que adora aparecer na TV [Booth], e comigo, um estudante de Direito de 19 anos de idade, que é totalmente não

qualificado para falar sobre o tema em questão. Todo governo no mundo deve estar rindo de Israel agora – porque esqueceu Regra nº 1: Nunca dê credibilidade a malucos envolvendo-se com eles. É a mesma razão pela qual vocês não vão ver Stephen Hawking ou Richard Dawkins debatendo com David Icke. Mas Israel está fazendo exatamente isso. Mais uma vez, comportando-se de uma maneira inesperado ou anormal. Comportando-se como um Estado pária. São cinco os argumentos que dirigi aos defensores de Israel. Mas eu tenho ainda um minuto ou dois. E eis aqui um argumento para todos vocês: Israel ignora deliberada e vigorosamente o direito internacional. Em 1981, Israel destruiu Osirak – a usina de Sadam Hussein para a bomba nuclear. Todos os governos do mundo sabiam que Saddam estava construindo uma bomba. Mas eles não fizeram nada. Com exceção de Israel. Sim, ao fazer isso, quebrou a lei internacional e o hábito. Mas ele tam-

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bém nos salvou de um Iraque nuclear. Aquela atitude pária de Israel deveria obter um lugar de respeito aos olhos de todos os povos amantes da liberdade. Mas não obteve. Mas esta noite, enquanto vocês ouvem-nos tagarelar, quero que vocês se lembrem de algo: enquanto vocês estão aqui, o Irã de Khomeini está trabalhando para ter a bomba. E se vocês forem honestos consigo mesmo, vocês sabem que Israel é o único país que pode, e irá, fazer algo a respeito disso. Israel, por necessidade, agirá de uma forma que não é a norma, e é melhor esperarmos que eles façam assim do que de uma maneira destrutiva. Qualquer pessoa em sã consciência preferiria um Israel pária que um Irã nuclear. Exceto a srta. Booth. Nota: 1.Trata-se de Lauren Booth, a cunhada de Tony Blair que tem sido criticada por ele, e que se converteu ao islamismo depois de uma visita ao “farol iluminado da democracia e do amor fraterno” que é o Irã, e que gosta de ser fotografada em supermercados cheios de comida de Gaza, embora ela denuncie (falsamente) que Israel mantém famintos os moradores de Gaza.

ONU condena Irã por violação dos direitos humanos Assembleia Geral da ONU condenou o governo do Irã pelas “graves e continuadas violações” registradas no país, entre as quais cita as lapidações, as torturas e a perseguição de opositores que protestaram contra a reeleição no ano passado do presidente iraniano Mahmud Ahmadinejad. A resolução, promovida em grande parte por países ocidentais, recebeu o respaldo de 80 países, a rejeição de 44 e a abstenção de outros 57 na votação celebrada no comitê do organismo mundial encarregado de zelar pelos direitos humanos. A delegação do Irã procurou bloquear a aprovação do documento com uma moção que foi derrotada por 91 votos contra e 51 a favor. Em suas cinco páginas, a resolução repassa uma longa série de violações sistemáticas dos direitos humanos, como a utilização de amputações e os açoites como castigos, o uso da lapidação e a forca como métodos de execução ou a “persistente” discriminação da mulher. Também expressa sua “grave preocupação” pela ausência de investigação ou prestação de contas pelas “supostas violações” cometidas contra a oposição após os protestos que seguiram às eleições presidenciais de junho de 2009.

A adoção da resolução foi celebrada pelos governos ocidentais, organizações de direitos humanos e grupos opositores ao regime iraniano, que ressaltaram os seis votos adicionais, a favor, recebidos pelo texto na ocasião em relação ao ano passado. O porta-voz do Human Rights Watch (HRW), Philippe Bolopion, assinalou que “as pressões do Irã contra a resolução fracassaram de uma maneira espetacular”. “Este deveria servir de aviso para o Governo do Irã, de que a comunidade internacional o vê como um violador em série dos direitos humanos”, acrescentou. Para a embaixadora dos EUA na ONU, Susan Rice, a ação do comitê da ONU põe em evidência que o Irã “acossa, detém arbitrariamente e reprime com violência os seus próprios cidadãos, incluindo amplos segmentos da sociedade civil”. “Também compartilhamos da grave preocupação da Assembleia Geral pelos abusos contra a mulher no Irã”, indicou Rice em um comunicado, no qual acusou Teerã de manter uma política de desigualdade e reprimir aqueles que tentam defender os direitos da mulher.

Vírus prejudica programa nuclear O presidente do Irã, Mahmud Ahmadinejad, admitiu pela primeira vez que o programa nuclear do

país foi afetado por um vírus de computador. Em entrevista dia 29/11, Ahmadinejad disse que “um número limitado” de centrífugas foi afetado pelo vírus Stuxnet. “Conseguiram nos criar problemas em um número limitado de centrífugas. Felizmente, nossos especialistas reverteram o problema”, disse ele. Anteriormente, o Irã havia negado que o vírus tinha afetado as centrífugas. Uma semana antes da admissão de que o vírus teria paralisado om programa nuclear iraniano, a Agência Nacional de Energia Atômica (AIEA) informou que o país havia interrompido seu programa de enriquecimento de urânio em novembro por razões não identificadas. Também no dia 29/11, um físico nuclear foi morto numa explosão de um carro-bomba em Teerã. Três outras pessoas ficaram feridas em outro atentado semelhante na cidade. A emissora disse que um dos feridos no segundo atentado também era professor de física nuclear. O cientista morto é Majid Shahriari, da Universidade Shahid Beheshti, informou a agência estatal de notícias iraniana, a Irna. Foi a segunda morte de um cientista nuclear provocada por um atentado no ano - a primeira ocorreu em janeiro. As autoridades iranianas culparam os Estados Unidos e Israel pelos atentados.

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Ahmadinejad ainda minimizou a importância dos documentos publicados pelo site WikiLeaks e disse que se trata de uma conspiração que não vai afetar as relações com os países árabes.


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B’nai B’rith realiza Jornada do Holocausto com a Secretaria Municipal da Educação

Sara Goldstein, sobrevivente do Holocausto, contou como conseguiu salvar sua vida. Ao seu lado, o neto, Sivan Mauer

Público presente - professores municipais - lotou o recinto do Centro de Treinamento da Prefeitura, onde realizou-se a Jornada Interdisciplinar do Holocausto

Nanette Konig (de microfone), colega de escola e amiga de Anne Frank deu depoimento na 13ª Jornada Interdisciplinar do Holocausto. À sua esquerda, Clara Mauer, filha de Sara Goldstein, também sobrevivente do Holocausto, e na extrema direita, Sivan Mauer e Ariela Mauer Reich, filhos de Clara e netos de Sara

B’nai B’rith do Paraná, através de sua Loja Chaim Weizmann realizou dia 2/12 a XIII Jornada Interdisciplinar Sobre o Ensino do Holocausto (a terceira no Paraná), num evento que durou das 8h da manhã, às 17h, no Centro de Capacitação da Prefeitura de Curitiba. A Jornada teve como co-patrocinadora a Secretaria Municipal de Educação e Cultura e o apoio da Comunidade Israelita do Paraná (Kehilá) e da Federação Israelita do Paraná. Participaram da abertura do evento, a secretária municipal da Educação, Eleonora Fruet, o presidente da Federação Israelita do Paraná, Manoel Knopfholz, a presidente da Kehilá, Ester Proveller, o presidente da B’nai B’rith, Leon Knopfholz, o secretário da BB, Isaac Cubric, a professora Maria Luiza Tucci Carneiro, além e professores e membros da comunidade. Ao abrir o evento, Leon Knopfholz recordou os 65 anos do término da Segunda Guerra Mundial e ressaltou que “é preciso aprender que a virtude está na diversidade, que não há homem superior ao outro, doutrina superior a outra, e que a inclusão e a receptividade são as verdadeiras garantias ao êxito social”. A Jornada Interdisciplinar sobre o Ensino da História do Holocausto teve como palestrantes a professora Maria Luiza Tucci Carneiro, do Arqshoah - LEER-USP falando sobre “Holocausto: abordagens multidisciplinares”, professor Wilson Maske da PUC/PR sobre “Por que a experiência nacional socialista foi possível na Alemanha?”, dr. Túlio Chaves Novaes, promotor e doutorando do LEER-USP sobre As Leis de Nuremberg: a institu-

cionalização da exclusão e das minorias durante o nazismo. Foi apresentado um vídeo da cena teatral: “A canção da judia de Varsó-

O professor Antonio Carlos Coelho fez palestra sobre "Neonazismo, uma perigosa realidade"

via, poema de Jorge Amado” e também um trabalho da artista plástica Guita Soifer sobre o Holocausto. O rabino da comunidade israelita de Curitiba, Pablo Berman, também esteve presente e dirigiu algumas palavras aos presentes. A sobrevivente do Holocausto que vive em Curitiba, Sara Goldstein, prestou testemunho sobre sua vida, com o auxílio do neto Sivan Mauer. Também deu seu depoimento a sobrevivente Nanette Konig, que vive em São Paulo, e que foi colega de escola e amiga de Anne Frank. As duas palestras finais foram “ O diário de Anne Frank” com a professora Marili Berg; de Porto Alegre e “Neonazismo, uma perigosa realidade”, com professor Antônio Carlos Coelho, de Curitiba.

O presidente da Federação Israelita do Paraná, Mendel Knopfholz, fala na abertura Jornada Interdisciplinar Sobre o Ensino da História do Holocausto Foto: Luiz Costa/SMCS

Leon Knopfholz, presidente B'nai B'rith; Moisés Jakobson, sobrevivente do Holocausto; Manoel Knopfholz, presidente da Federação Israelita do Paraná; Eleonora Fruet, secretária municipal de Educação; e Isaac Cubric, secretário da B'nai B'rith na 3ª Jornada Interdisciplinar Sobre o Ensino da História do Holocausto Foto: Luiz Costa/SMCS

Paraná não terá concursos e vestibulares aos sábados A Assembleia Legislativa do Paraná aprovou dia 10/11, em redação final, projeto de lei que proíbe a realização de vestibulares e concursos públicos aos sábados. De autoria do deputado Artagão Junior (PMDB), a proposta se baseia no fato de que o Brasil é um país laico e, portanto, deve permitir a “liberdade de religião”. A Igreja Adventista do Sétimo Dia, por exemplo, considera o sábado um dia de repouso e que deve ser dedicado, exclusivamente, ao culto religioso. Na justificativa do projeto, Artagão afirma que a Constituição Federal consagra como direito a todos os cidadãos brasileiros a liberdade religiosa, sendo dever do Estado garantir o livre exercício de crença e de religião. “O objetivo da apresentação do projeto é proteger e garantir o livre exercício de todas as religiões, conforme preconiza a Constituição e a exemplo do que acontece em diversos estados brasileiros que aprovaram lei semelhante”. (Gazeta do Povo).


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ADL distingue Pilar Rahola com o prêmio Daniel Pearl m reconhecimento ao seu papel no discurso contra o antissemitismo e combate às distorções e à deslegitimação de Israel, a Liga Anti-Difamação (ADL) homenageou dia 8/10 a jornalista espanhola Pilar Rahola com o seu prestigioso prêmio ADL Daniel Pearl. Instituído em 2003, o prêmio é uma homenagem ao ex-repórter do Wall Street Journal Daniel Pearl, que foi sequestrado e assassinado no Pa-

COLABORADORES ARI ZUGMAN E FAMÍLIA ARTUR GRYNBAUM AVRAM FISELOVICI E FAMÍLIA BORIS E GENY AISENBERG BUNIA FINKEL GAL CZERNY E FAMÍLIA HAROLDO JACOBOVICZ E FAMÍLIA HELCIO KRONBERG E FAMÍLIA HENRIQUE E DINA KUCHNIR IDA LERNER E FAMÍLIA ISMAR STRACHMAN E FAMÍLIA JAIME ARON TEIG E FAMÍLIA JAIME GUELMANN E FAMÍLIA JAIME INGBERMAN E FAMÍLIA JAYME NUDELMAN E FAMÍLIA JAYME ZLOTNIK E FAMÍLIA JOSÉ SCHWEIDSON E FAMÍLIA JULIO ZUGMAN E FAMÍLIA LEILA BURKINSKI E FAMÍLIA LINA BURKINSKI E FAMÍLIA

DE VISÃO

MAURÍCIO SCHULMAN E FAMÍLIA MAURÍCIO FRISCHMANN E FAMÍLIA MIGUEL KRIGSNER E FAMÍLIA MOYSÉS BROMFMAN E FAMÍLIA RIVEN KUNIFAS E FAMÍLIA RUBENS JACOB TEIG E FAMÍLIA SABINE WAHRHAFTIG SALIM IBRAHIM BELACIANO SAMUEL GRYNBAUM E FAMÍLIA SARA BURSTEIN SAUL ZUGMAN E FAMÍLIA SULAMITA P. MACIORO E FAMÍLIA SULAMITA PACIORNIK E FAMÍLIA TANIA MARIA BAIBICH E FAMÍLIA VERGIL TRIFAN E FAMÍLIA VICTOR RICARDO HERTZ E FAMÍLIA VITCIA E BETY ITZCOVICH ZALMEN CHAMECKI E FAMÍLIA ANÔNIMOS

quistão, enquanto investigava uma história sobre o terrorismo internacional. Rahola recebeu o prêmio durante a Reunião Anual da ADL, realizada em Boston, EUA. “Pilar Rahola é uma jornalista espanhola do tipo de Danny Pearl”, disse Abraham H. Foxman, diretor nacional da ADL, que fez a entrega do prêmio. “Ela tem sido franca na questão do antissemitismo, fazendo disso uma de suas prioridades, e está comprometida com um código honesto e responsável de ética jornalística. Ela é um lutadora fervorosa contra a distorção da mídia e da atual delegitimização do Estado de Israel”. “Para ser concedido o prêmio que leva o nome de Daniel Pearl é mais do que uma honra extraordinária, é um dever”, disse Rahola. “Aqui, diante da ADL, com a imensa honra de receber o Prêmio Daniel Pearl, hoje, três dias antes do aniversário de Daniel, reafirmo meu compromisso com a ética, jornalística e humana”. Rahola entrou na política em 1993, quando ela se tornou membro do Parlamento espanhol pela Esquerra Republicana de Catalunya (1993-2000). Ela também atuou como vice-prefeita de Barcelona a partir de 19942000, a cidade onde ela nasceu e foi educada. Ela escreve para o principal jornal em língua catalã, o La Vanguardia, e trabalha para várias mídias, na TV e no rádio. Ela já publicou diversos livros, tanto em catalão como em espanhol, incluindo um texto de referência “Em nome de Israel”, que foi traduzido para muitas línguas. Rahola nasceu e foi criada em Barcelona em uma família firmemente republicana e católica tradicional. Como ativista contra injustiças tornou-se uma indignada com o flagrante antissemitismo marcado na ideologia de

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A jornalista espanhola Pilar Rahola recebe da ADL o Prêmio Daniel Pearl durante o Encontro Anual da Liga 2010 em Boston. A partir da esquerda, Richard Moss, amigo de infância de Daniel Pearl, Robert G. Sugarman, diretor nacional da ADL e à direita Abraham Foxman, presidente da ADL

esquerda e da sociedade civilizada. “Eu me sinto judia porque sou uma europeia, e esta é a única condição moral que pode redimir um europeu de seu próprio passado vergonhoso,” disse ela. Para recordar Daniel Pearl e o carinho e a generosidade dos apoiadores da ADL George e Ruth Moss, de Los Angeles, a Liga Anti-Difamação estabeleceu o Prêmio ADL Daniel Pearl Award. É dado a uma pessoa que obteve impacto positivo na imagem dos judeus e do judaísmo, seja no jornalismo, no campo inter-religioso, nas relações humanas, na política, na diplomacia, na cultura ou em outras áreas. Entre os premiados em anos anteriores com o Prêmio Daniel Pearl, incluem-se: Thomas L. Friedman, colunista do The New York Times, Jeffrey Goldberg, correspondente nacional do The Atlantic, e Robert Satloff, diretor executivo do Instituto Washington. A Liga Anti-Difamação, fundada em 1913, é a organização que lidera mundialmente o combate ao antissemitismo através de programas e ações que se contrapõem ao ódio, preconceito e intolerância.


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Meu nome é Daniel Pearl Pilar Rahola *

* Pilar Rahola é jornalista, foi deputada no Parlamento espanhol e viceprefeita de Barcelona. Escreve nos jornais El País, El Periódico e Diario Avui (em catalão), Dirige programa de entrevistas na TV espanhola. Conferência feita por Pilar Rahola em agradecimento ao Prêmio Daniel Pearl que lhe foi outorgado pela ADL: “O problema não é a religião muçulmana, mas a ideologia totalitária que grita ‘Viva a morte’ enquanto reza a Alá”.

stimados amigos da ADL, bom dia. Sem dúvida, ele deve ter medo. Olha a câmera, mas para onde olha? Talvez para sua família, sua memória ancestral, sua identidade… Ou talvez olhe mais além, para o futuro quebrado, o ventre da mulher que ama, o filho que nunca conhecerá… Suas últimas palavras… “My name is Daniel Pearl. I am a Jewish American from Encino, California USA”. Hoje é 1º de fevereiro de 2002, tem 38 anos e está a ponto de ser brutalmente assassinado. “My father’s Jewish, my mother’s Jewish, I’m Jewish…”O iemenita que o decapitará levará quase dois minutos para cortar-lhe a cabeça. Começará bem devagar, sob a orelha, para segar as cordas vocais e impedir o grito. “My family follows Judaism. We’ve made numerous family visits to Israel…” A partir daqui, o relato brutal de um assassinato cujos detalhes, descritos magistralmente por Bernard Henry-Levi, horrorizariam o próprio inferno de Dante. A vítima tornada uma metáfora da beleza da vida. O assassino, símbolo puro do ser humano sem alma, da humanidade derrotada. Quem o transformou num monstro? “Back in the town of Bnei Brak there is a street named after my great grandfather Chaim Pearl who is one of the founders of the town”. E tudo terá acabado. Suas esperanças, seus amores, seus sonhos… “My name is Daniel Pearl…” E o verdugo mostrará triunfalmente à câmera sua cabeça cortada, como um troféu. Obrigado. Antes de tudo, grata por este dia emotivo, que me compromete mais além da dúvida, da debilidade e do medo. Receber o prêmio que leva o nome de Daniel Pearl é algo mais que uma extraordinária honra, é uma responsabilidade. Meu nome é Pilar Rahola, nasci na velha Sefarad, na Catalunha, de família católica, sou de esquerda e sou jornalista. Mas como lutadora dos direitos civis, e como jornalista que busca a verdade informativa, eu também me chamo Daniel Pearl, nasci em Encino e sou judia. Todos os que amamos a civilização, todos aqueles que concebemos o mundo sob os valores da modernidade, somos e seremos sempre Daniel Pearl. Porque mais além das nossas diferenças ideológicas, religiosas ou culturais, fazemos parte de uma herança cívica que nos compromete com a democracia. E a essa herança foi declarada a guerra. Os assassinos de Daniel Pearl não só decapitam vítimas indefensas, ou assassinam centenas de pessoas nos trens do mundo, ou matam milhares nos arranha-céus das cidades. Sobre-

tudo tentam decapitar os princípios da liberdade. A morte de Daniel Pearl, como a morte de cada pessoa caída sob a loucura do fundamentalismo islâmico, nos concerne a todos, e não só por pura humanidade. Diz-nos respeito porque é uma bala que é dirigida a cada um de nós, seja qual for nossa origem. Cada mulher que respira com seus próprios pulmões e conquista sue futuro, cada homem que ama a cultura e o progresso, cada criança que se educa na tolerância e na lei, cada deus que não odeia, mas ama, cada um deles tem uma bala com seu nome. Estamos diante de um novo totalitarismo, herdeiro natural do stalinismo e do nazismo, tão horroroso como ambos, e talvez mais letal. A pergunta hoje é, como sempre foi: fazemos o certo para defender-nos? Sou só uma trabalhadora das ideias, e não me corresponde definir as estratégias de inteligência que combatem esta ideologia. Mas mantenho meu espírito crítico a muitas decisões políticas e militares, e nem sempre aprecio os nossos governantes, nem suas ações. No entanto, também é certo que a ideologia islamofascista nos deixou desconcertados e assustados, e mostrou nossas fraquezas. Hoje, as sociedades livres são mais avançadas tecnologicamente, mais fortes militarmente, e estão mais intercomunicadas. Mas nosso inimigo também é mais forte que nunca. É a jihad global, com o cérebro e a alma no século XV, mas conectados via satélite com a tecnologia do século XXI. Vejam o Irã, como riu do mundo e avança, inexorável, rumo ao temível domínio nuclear. Um Hitler islâmico, com bomba nuclear Quem pode ou quer pará-lo? Uma ONU inútil, incapaz de reagir, mais além da retórica e da burocracia? Pobre Eleanor Roosevelt, se erguesse a cabeça e visse no que se converteu seu sonho da Liga das Nações? Pode detê-lo a Europa, enredada nas suas ambições econômicas, suas brigas internas e sua incapacidade política? Se a ONU não sabe qual é seu papel no mundo, a Europa não sabe nem quem é ela própria. O deterão países como a China ou Rússia, que são aliadas desta loucura? Será parado pelos EUA, cada dia mais perdidos em seu papel na esfera internacional? Sinceramente, a única esperança do mundo parece ser Israel, que se defendendo de um monstro, nos defende a todos. Nele confiam os que creem num futuro livre. Um farol de luz num tempo de escuridão. E além do Irã, também é evidente que não conseguimos frear o fenômeno ideológico que sustenta o fundamentalismo islâmico global. Quantos jovens neste preciso momento, estão lendo textos jihadistas? Quantos mi-

lhares estão sendo educados no ódio ao Ocidente e num renovado antissemitismo, e isso nas escolas países “amigos”? Quantos, nas mesquitas de nossas cidades, se alimentam do desprezo à democracia? Quantos aprendem a amar seu D-us, odiando o próximo? Quantos estão, agora mesmo, utilizando a invenção de um judeu, a Internet, para transmitir suas ideias de morte? Observem o mundo. Milhões de mulheres escravas, submetidas a leis medievais, ante a indiferença internacional. Quem impedirá sua tragédia? Milhões de crianças que vivem em ditaduras enormemente ricas, condenadas à pobreza e educadas como fanáticos autômatos? Na própria Europa, o avanço do fundamentalismo é enorme, e nossas democracias se mostram incapazes de freá-lo. E cabe lembrar que o problema não é uma religião, nem uma cultura, nem um D-us. O problema é o uso totalitário desse D-us. Sem dúvida, há um Islã de vida e de convivência. Mas hoje no mundo, também existe um Islã que está muito enfermo e que, em seu delírio do domínio planetário, arrasta milhões de pessoas à sua própria perdição. Não se trata, pois, de um choque de civilizações ou religiões. Trata-se da civilização contra a barbárie. E dentro da civilização estão todos aqueles muçulmanos que são assassinados em ônibus, trens e filas no mercado; as mulheres que lutam por sua liberdade nas ditaduras do petrodólar; os estudantes iranianos; os dissidentes... Na barbárie estão os Hamas e os Hezbolá e as Jihad, e o decapitadores de pessoas, e os imãs que alimentam o ódio nas mesquitas do mundo… O problema não era a Alemanha, mas o nazismo. O problema não eram as utopias de esquerda, mas o stalinismo. O problema não é a religião muçulmana, mas a ideologia totalitária que grita “Viva a morte” enquanto reza a Alá. Uma ideologia que leva, no seu macabro inventário, milhares de mortos. Sejamos conscientes de algo trágico. Apesar da miragem de nossa superioridade em todos os âmbitos – militar, político, moral -, sem perder a batalha, tampouco ganhando estamos. É como se estivéssemos nos princípios do século XX, quando o comunismo parecia uma ideologia libertadora. Ou nos anos 30, quando Hitler só parecia um palhaço estúpido, e Chamberlain fazia-lhe as honras. Antes, como agora, e ante os inícios de uma ameaça global, nossa capacidade de reação é pobre, é tímida e é errática. E em alguns casos, diretamente colaboracionista. Permitam que lhes fale do meu planeta, o planeta das ideais. Intelectuais, jornalistas, escritores, pessoas do pensamento, estão à altura do

momento histórico que vivem? São os movimentos de esquerda tão ruidosos na crítica a países democráticos, e tão silenciosos na luta contra grandes tiranias? Não. Aproveito o enorme prestígio de vocês, a ADL, pioneiros na defesa dos direitos civis, e aproveito o extraordinário prêmio que me outorgam, para elevar um Eu Acuso triste, mas frontal. Hoje a maioria dos intelectuais e jornalistas se mantém surda, cega e muda ante as ameaças mais sérias que sofre a liberdade. E algumas de suas proclamações estridentes, são a ajuda más eficaz que esta ideologia totalitária tem no mundo livre. Acuso jornalistas e intelectuais de calar diante da opressão bárbara de milhões de mulheres, condenadas a viver sob leis medievais que as amputam como seres humanos. Nem manifestações, nem declarações de Obama, nem boicotes, nada. Estas vítimas não interessam, talvez porque não se pode culpar os israelenses ou norte-americanos, de sua desgraça. E só o antiamericanismo e o antiisraelismo mobiliza sua seletiva ira. Acuso jornalistas e intelectuais de calar diante da matança permanente de centenas de muçulmanos, vítimas das bombas islamistas, cuja infelicidade não interessa porque a culpa tampouco é dos judeus ou yankees. Acuso jornalistas e intelectuais de criminalizar Israel até o delírio, e ajudar a criar um corpo intelectual tolerante com o terrorismo palestino. Acuso-os pelo novo antissemitismo que açoita o mundo, e cujo caráter de esquerda, politicamente correto, transformanum fenômeno muito perigoso. Venho de um país, a Espanha que sofreu o atentado terrorista mais importante da Europa. Acreditam que isso nos vacinou contra a imbecilidade intelectual, contra a estupidez ideológica, contra o dogmatismo cego? Muito pelo contrário, A Espanha é hoje o país mais obcecado com Israel, um dos mais antiamericanos e o mais antissemita do continente. Têm, inclusive, chegado a culpar os israelenses pelo atentado de Atocha. E, como escrevi há algum tempo, muita gente culta e inteligente, se torna imbecil quando fala sobre Israel. Em minha cidade, Barcelona, o ódio a Israel se converteu numa senha da identidade da esquerda, capaz de não querer recordar o Dia da Shoá, por solidariedade aos palestinos. Eu mesma tenho sido difamada e ameaçada, e até tentaram inventar o delito de “negadora do holocausto palestino” para levar-me aos tribunais. A lista dos delírios que a Espanha atual gera em relação a Israel e ao povo judeu só lembra tragicamente a Espanha medieval e seus editos de expulsão. Hoje amamos as pedras judaicas de Toledo e Girona, mas des-


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prezamos os judeus vivos, criminalizamos Israel e transformamos os terroristas em heróis. E entretanto, se nosso aliado ético, civil e político não for Israel, que país do Oriente Médio pode sê-lo? As ditaduras religiosas, os opressores de mulheres, os fanáticos fundamentalistas? Os intelectuais espanhóis e com eles uma grande parte da inteligência mundial, olham ao revés, pensam ao revés e ao revés estabelecem ódios e alianças. Os judeus medievais representavam a cultura, a medicina, o conhecimento, e eram eles os perseguidos. Hoje Israel, a despeito de seus erros criticáveis, representa a metáfora de tudo o que devemos preservar, a liberdade, o direito de existir, a tolerância religiosa. E no entanto, é Israel o país mais odiado. E assim, enquanto o fundamentalismo islâmico cresce, violenta, sequestra e mata, o progressismo mundial olha para o outro lado, abandona as vítimas e grita seus lemas contra o único país do mundo ameaçado com a destruição. Perceberam que sua única obsessão é atacar as duas democracias mais sólidas do planeta e as que sofreram os piores ataques terroristas? Que esquerda louca! Dizem-se solidários, libertadores, progressistas, mas são uma esquerda lunática, dogmática e anti-histórica, que abomina sólidas democracias, enquanto perdoa brutais tiranias. São os novos Chamberlain, colaboradores inconscientes do totalitarismo que avança no mundo. Porque não esquecemos que a liberdade não só se ganha no campo de batalha político ou militar. Se ganha também no campo das ideias. Por isso me chamo Daniel Pearl, e também Guilad Shalit e Ayan Hirsi Alli e Gordon, e Maria Rose e Andrew, e William e cada um dos nomes dos assassinados nas Torres Gêmeas, nos metrôs de Londres, nos trens de Madri, nos ônibus de Jerusalém. Chamo-me Sakineh Mohammadi Ashtiani, a mulher condenada a morrer apedrejada no Irã. E todas as que já foram lapidadas. Se não formos eles, quem somos? Se não temos os seus nomes, como nos chamamos? Se não defendemos seus valores, que monstros defendemos? Aqui, diante da ADL, com a imensa honra de receber o Prêmio Daniel Pearl, reafirmo meu compromisso ético, jornalístico e humano. Não deixarei de ser crítica com Israel, nem com meus Estados Unidos, nem com meu próprio país. Não deixarei de explicar a verdade, onde quer que a veja. Mas sempre recordarei de que lado da balança estou. No da liberdade frente aos tiranos; no das mulheres, frente à sua opressão; no dos judeus, frente ao antissemitismo; no da cultura, frente ao fanatismo; no de Israel, frente a seus destruidores; no do compromisso, frente à indiferença. Disse Elie Wiesel: “O oposto do amor não é o ódio, é a indiferença. O oposto da beleza não é a feiura, É a indiferença. O oposto da fé não é a heresia, é a indiferença. E o oposto da vida não é a morte, mas a indiferença entre a vida e a morte”. A indiferença é a antessala do mal. E contra esse mal lutarei sempre. Obrigado.

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Israelenses atacados quando iam a um bar em Jerusalém

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Eles pegaram o caminho errado para o centro de Jerusalém, entraram no coração do bairro árabe de Issawiya. Dezenas de jovens passaram a atirar pedras no carro deles após caírem numa emboscada Yair Altman *

rês estudantes da cidade de Givatayim e sua amiga australiana nunca vão esquecer seu giro noturno pelo centro de Jerusalém. Os três, que foram buscar a moça no campus da Universidade Hebraica do Monte Scopus, quase perderam suas vidas depois de tomar um caminho errado. “Havia quatro pessoas no carro, e nós planejávamos nos sentar em algum bar tranquilo da Rua Ben-Yehuda para conversar”, contou o motorista, Assaf Ben-Ari ao site de notícias Ynet. “Não havia sinalização, e como não vivemos naquela área, não sabíamos como voltar. Viramos à direita numa curva e nos encontramos numa estrada de sentido único em uma área desconhecida”. Pouco depois, os quatro começaram a sentir certo desconforto, que logo foi substituído pelo medo real. “Após dirigir por cerca de um minuto, vimos um garoto de uns 12 anos de idade, andando no lado da estrada. Explicamos a ele que perdemos o nosso caminho e perguntamos como chegar à Rua BenYehuda. Ele disse com um sotaque árabe que não falava hebraico e chamou alguém. Foi quando comecei a perceber que algo estava errado”, contou Assaf. Enquanto ele e seus amigos aguardavam uma informação, Assaf notou que todas as placas das lojas na área eram em árabe. “Uma pessoa mais velha chegou, e ele e o garoto começaram a rir de nós. Disse-nos para continuar a dirigir na mesma via, enquanto o mais velho já falava no telefone celular e simplesmente nos enviava a uma emboscada bem planejada”.

Um olhar assassino O grupo não teve escolha e continuou dirigindo de acordo com as instruções, e acabou entrando no coração do bairro árabe de Issawiya. Eles decidiram voltar, mas ficaram chocados ao descobrir que a estrada havia sido bloqueada. “Não sei como eles fizeram isso, mas apenas dois minutos depois, montaram uma barreira que incluía uma cerca de arame farpado, cadeiras e canos de ferro. Estávamos estupefatos. Subitamente, ouvimos o som de uma explo-

são na parte de trás, e vimos o garoto e o adulto com quem falamos, atirando tijolos contra nós”. O vidro traseiro do carro estava quebrado. Mais jovens começaram a sair das casas da vizinhança e atirando pedras contra o veículo. O motorista começou a acelerar para o centro da Issawiya. “Meu amigo contatou a polícia, e depois que conseguiu manobrar para sair dali, parei e contemplei o que fazer. Nunca eu havia me encontrado numa situação de desamparo, sem qualquer preparação, e com os amigos e uma turista apavorada”, disse Assaf. Nesse meio tempo, “toda a vizinhança acordou e dezenas de jovens se reuniram próximos de nós e nos aguardavam com paus e pedras. Considerei deixar o veículo ou mesmo me esconder até que a polícia chegasse, mas eu sabia que não teríamos a menor chance se eles nos pegassem fora do carro. Alguns minutos depois, estávamos cercados, e eu percebi que tinha que acelerar o carro contra a barreira, se eu quisesse sair dali vivo”. A seguir, ele começou a dirigir rápido enquanto o carro com eles dentro eram atingidos por pedras e tubos de ferro vindos de todas as direções. “Apertei o pedal do acelerador com toda minha força, e simplesmente dirigi contra a barreira a 110 quilômetros por hora. A cerca de arame farpado ficou presa sob as rodas e foi arrastada pelo carro. Havia faíscas no ar”, Assaf acrescentou. Após atravessar a primeira barreira, o grupo ficou espantado ao descobrir uma segunda armadilha. “Vários metros à frente, colocaram uma fileira de táxis juntos uns aos outros, a fim de impedir nossa passagem. Felizmente, conseguimos passar através de um pequeno intervalo entre a calçada e a parede, um momento antes de um outro táxi chegasse para nos trancar dentro”. Bem naquela hora, três jipes da Guarda de Fronteiras chegaram ao local e garantiram que nenhum de nós saísse ferido. Segundo a polícia, “os guardas dispersaram os manifestantes e o assunto foi entregue ao departamento especializado”. “Foi como entrar num pesade-

lo. Eles tinham um olhar assassino”, disse o motorista após o incidente. “Se tivéssemos ficado lá um minuto a mais, não estaríamos mais vivos. Não foi apenas uma tentativa de atirar pedra em nós, mas um desejo intencional de linchar-nos apenas há vários metros do caminho para a universidade”.

* Yair Altman integra a equipe de reportagem do mais famoso website de notícias israelense Ynet News, ligado ao jornal Yedioth Acharonot.

O rolo de arame farpado utilizado pelos palestinos para imobilizar o carro dos israelenses na armadilha montada para tentar matá-los

Vista para-brisa do carro em que viajavam os estudantes e a turista por Jerusalém quando foram atacados por palestinos

O interior do veículo atacado com os vidros estilhaçados a pedradas e barras de ferro


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VISÃO JUDAICA

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OLHAR

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Exemplos que iluminam HIGH-TECH

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Tratamento para eliminar a acne Pesquisadores israelenses estão em fase final de testes clínicos com um patch capaz de matar a bactéria da acne com o calor produzido por pequenos – e indolores – choques. Ele é equipado com moléculas especiais que, em contato com a umidade da pele, criam um “campo elétrico” do qual a bactéria não consegue escapar. Nos testes, centenas de pessoas usaram o patch por seis horas durante a noite e, depois de três dias, as espinhas desapareceram. Os especialistas acreditam que o tratamento poderá chegar ao mercado dentro de dois anos. (Jornal Alef).

Detector de explosivos supersensível Cientistas israelenses criaram um detector de explosivos mais sensível que o olfato dos cães treinados para identificá-los. O aparelho, desenvolvido através da parceria da Universidade de Tel Aviv com uma empresa particular, usa a nanotecnologia para localizar bombas e até detectar produtos químicos ou biológicos. De acordo com Fernando Patolsky, um dos responsáveis pelo projeto, a novidade deve ser lançada no Chip do novo sensor de mercado em até explosivos dois anos. “Os exércitos americano e israelense, bem como empresas de segurança, já mostraram grande interesse”, assegurou o professor. Uma das maiores vantagens, segundo ele, é dispensar o contato físico com o objeto. (AFP).

Detector de explosivos II O poderoso sensor eletrônico é capaz de detectar vários tipos de explosivos. O professor Fernando Patolsky, de origem argentina, explica que os métodos existentes para detectar explosivos, como o TNT, são desvantajosos: são caros, difíceis e demandam tempo alto para decodificação ou necessidade de análise em laboratórios expertos. “Era preciso um dispositivo pequeno, mais barato, capaz de detectar explosivos rapidamente, que seja eficiente e confiável”, assinalou. O sensor emprega cabos microscópicos de silicone formando um nanotransistor supersensível. Os cabos são recobertos com uma combinação especial que adere aos explosivos. (AFP).

Detector de explosivos III Para ampliar a sensibilidade dos chips, os cientistas os equiparam com 200 sensores individuais que lhes permite detectar diferentes tipos de explosivos num grau sem precedentes de

eficácia e rapidez. A grande vantagem do novo sensor é sua portabilidade já que pode ser transportado na mão. Adicionalmente é capaz de detectar explosivos à distância. Deste modo, por exemplo, pode-se montá-lo numa parede sem haver necessidade de coloca-lo em contato com o objeto visado. A identificação dos explosivos nos testes efetuados não comportou erros de detecção. Patolsky informou que o mesmo equipamento está sendo adaptado para detectar toxinas biológicas, tais como antraz, cólera ou botulinum. Assim, além das aplicações na área da segurança pode servir também no âmbito biológico. (AFP).

Inovações em nanotecnologia Um material da espessura de apenas um átomo e um “minissubmarino” capaz de administrar quimioterapia dentro de um tumor são duas das várias descobertas apresentadas em uma conferência de nanotecnologia ocorrida em Tel Aviv. Os 1.500 participantes da conferência “Nano Israel 2010” incluídos químicos, físicos, pesquisadores e médicos que têm em comum seu trabalho com estruturas minúsculas. “Trabalhamos para sermos capazes de manipular moléculas em nível atômico”, explica Dan Peer, professor do departamento de Imunologia e Pesquisa Celular da Universidade de Tel Aviv. Ele tenta averiguar como tratar mais adequadamente um câncer ou inflamações associadas a doenças, como a esclerose múltipla, mediante um uso mais acertado de tratamentos como a quimioterapia. (Jornal Alef).

Nanotecnologia II Joseph Kost, professor do Departamento de Engenharia Química da Universidade Ben Gurion, está trabalhando em uma técnica capaz de aplicar a um tumor um medicamento usado na quimioterapia, o cisplatino. O medicamento é introduzido em um pequeno recipiente e veiculado dentro do tumor como se fosse uma “ogiva terapêutica”. Uma vez no interior, os cientistas irradiam os veículos que contêm o medicamento, mediante ultrassom, dispersando assim o tratamento por todo o tumor. Outro participante do evento, Andre Geim, ganhador deste ano do “Prêmio Nobel de Física”, emprega a nanotecnologia para desenvolver materiais novos com um amplo leque de aplicações. Ele apresentou seu trabalho sobre o grafeno, uma estrutura de grafite da espessura de um átomo que é mais dura que o diamante. “Pode-se fazer milhares de aparelhos a partir deste grafeno, que poderiam servir no futuro para sequenciar mais rapidamente o DNA ou fabricar condutores mais eficazes”, garantiu ele. (Jornal Alef).

Yossef Dubrawsky *

Você já reparou como algumas histórias na Torá, especialmente no livro de Gênesis, parecem com as novelas, tantos momentos de altos e baixos, tribulações e dificuldades? Se a nossa vida deve ser levada com otimismo e alegria, para que ler sobre tantas dificuldades? Em verdade a Torá não é um livro de histórias. Torá deriva da palavra hebraica de hora’a que significa instrução. A Torá é nosso guia de vida instruindo-nos como viver. Alguma parte desta instrução vem dos mandamentos, dos preceitos positivos e negativos que D-us nos ordenou a seguir; grande parte desta instrução aprendemos das histórias. Você lê sobre Sara e as dificuldades que ela enfrentou com a educação do seu filho Isac. Você consegue se identificar; talvez ela tenha algo a lhe oferecer. Você lê que os judeus reclamaram a Moisés quando a comida acabou, e você enfrentando uma conta bancária deficiente consegue se identificar. Você lê sobre a coragem da Ruth em seguir sua destituída sogra a uma terra estranha em busca da verdade e você pensa: seria eu capaz de fazer isto também? E você pode! Você pode, pois as pessoas da Bíblia te mostraram como. Elas abriram um caminho sobre qual você pode caminhar, pois foi construído com muito luta, e você também luta. Ter consciência disto é a maior fonte de esperança. Otimismo não significa ignorar problemas; é a convicção que você pode e vai superá-los. Assim como foi para nossos patriarcas e matriarcas, para os judeus no deserto e para Ruth na sua jornada a Israel, cada dificuldade se torna um ponto de crescimento e um mo-

vimento a um plano superior. A leitura da Torá na última semana, Vayeshev, nos ensina uma lição muito forte. O filho de Yaacov, Yossef, é vendido pelos irmãos e se encontra na casa de Potifar, um dos ministros do rei Faraó. Ele, um rapaz jovem e charmoso desperta a atenção da esposa do seu amo que se propõe a seduzí-lo. Yossef ignora todos os avanços dela, determinado a não comprometer sua integridade moral. Finalmente ela o pega num momento mais vulnerável quando todos estão fora de casa comemorando um ritual idólatra. A Torá descreve como ela agarra Yossef pelo manto dele e quando Yossef se sente enfraquecido e quase a ponto de sucumbir ao pecado ele recorda o semblante do seu pai. Isto é suficiente para ele largar o seu manto e fugir como se a casa estivesse pegando fogo. Ele não tem coragem de fazer algo que desagradaria ao pai, algo que fosse contrário àquilo que seu pai sempre o ensinou. Quem não consegue se identificar com Yossef? Vivemos em um mundo que nos rodeia de tentações. Os anos formativos dos nossos filhos são fundamentais para absorverem valores e diretrizes para a vida. Há quem tenta ensinar com sermões e admoestações, há quem ensina transmitindo exemplos sólidos onde os filhos imbuídos com orgulho próprio sabem quando algo “past nisht” que não é apropriado para eles. Não podemos subestimar a importância da figura de um pai, do exemplo concreto de um pai e uma mãe que ensinam os seus filhos com suas próprias atitudes, gestos e atos sobre a nobreza da integridade moral, honestidade, bondade, devoção e retidão. Nos momentos de dúvida e vacilação estes exemplos fortes servem de farol para clarear, iluminar, frear e redirecionar.

* Yossef Dubrawsky é rabino e diretor do Beit Chabad de Curitiba.

Brasileiros escapam do maior incêndio da história em Israel Cerca de 30 estudantes brasileiros que vivem em Israel viram de perto o maior incêndio da história do país, que ardeu pelo menos uma semana e matou 41 pessoas. Eles estavam no Colégio Yemin Orde, instituição que recebe estudantes de vários países e foi parcialmente destruída pelo fogo que atingiu o monte Carmel, próximo de Haifa, terceira maior cidade israelense. Outras construções, casas inclusive, também foram atingidas pelo fogo. O estudante paulistano André Waissmann, de 17 anos contou que “na quinta-feira 2/12 (quando começou o incêndio), na hora do almoço, conseguíamos ver a fumaça de longe. No começo, achamos que não tinha nenhuma possibilidade de chegar na escola”, disse ele que estuda ali há três anos. À tarde, os alunos foram reunidos no refeitório e informados de que teriam dez minutos para ir até os dormitórios

pegar os pertences e deixar a escola. Havia uma ordem de evacuação. “Peguei uma muda de roupa, meu computador e saí. O fogo estava longe ainda, parecia que não tinha possibilidade de chegar, mas o vento mudou a direção e chegou até a escola”, disse. Perto de 500 alunos que vivem na escola deixaram o prédio em segurança. Como era o último dia do ano letivo, parte dos estudantes já estava em férias. O fogo consumiu os dormitórios masculino e feminino dos brasileiros que viviam na escola, além de salas e cerca de dez casas de professores que também vivem no local. Ainda não há ideia da extensão dos prejuízos, já que a área em que fica a escola segue interditada. O governo israelense deteve no sábado dois adolescentes suspeitos de terem causado o incêndio ao deixar uma fogueira acesa em um acampamento.


VISÃO JUDAICA

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Do punhado de humanidade Gustavo Jugend *

a madrugada que dava início ao dia 21/ 10, em face da notícia da morte de meu avô, tive meu corpo tomado por uma intempestiva necessidade de me movimentar; estacionei o carro perto do encontro entre as ruas Cel. Dulcídio e Dom Pedro. Ali (devia ser por volta de 4h30/ 5h), feirantes descarregavam de um amontoado de kombis brancas, frutas e verduras que venderiam após o raiar do sol. Caminhei devagarzinho por toda quadra observando o pessoal que, ao notarem o estranho, acenavam com a cabeça: “bom dia”. Cheguei ao final da feira e caminhei no sentido contrário. Ultrapassei o automóvel sem lhe dar pelota e continuei pela calçada. Dobrando uma única esquina a esmo (ou inconscientemente) acabei por entrar na Ângelo Sampaio onde deparei-me com, lado a lado, o edifício SOCIB 1 e a APAE. Ali sentei no

meio-fio, pus-me a refletir. Vô Xuxe queria mudar o mundo. Fazer deste um lugar onde os herdeiros da terra vivessem em meio a uma verdadeira substanciação de valores éticos que, apesar de todos saberem tais ideais como única possibilidade de um mundo verdadeiramente bom, fazem muito pouco para que estes deixem o plano do discurso e ganhem verdadeira objetividade. A causa de Vô Xuxe era a causa humana. Em nome da causa humana Vô Xuxe pintou (de vermelho, é claro) e bordou. Chegou a colocar seu pescoço em risco, provavelmente mais de uma vez, durante a ditadura militar. Em nome dessa mesma humanidade Vô Xuxe fundou a SOCIB. O judeu finalmente podia ser, além de judeu, judeu ateu, judeu comunista, Roiter. A causa humana, sempre foi e sempre será a causa da diferença. Mas Vô Xuxe, com seus quase ou mais de 1.90m. era muito grande pra entrincheirar-se em uma única briga. Quando nasceu seu caçula que evidenciava em seu fenótipo uma defi-

7ª Confarad presta homenagem aos 200 anos dos judeus na Amazônia Em sua sétima edição, o Confarad (Congresso Sefaradi), homenageou a comunidade judaico-marroquina cuja imigração para a Amazônia se iniciou há 200 anos. O evento, o mais importante da comunidade sefaradi no Brasil, reuniu durante quatro dias no Hotel Pestana, em Copacabana, entre os dias 30 de outubro e 2 de novembro último, pesquisadores, sociólogos, professores, líderes religiosos e representantes de várias comunidades judaicas do Brasil e do exterior. Assimilação, Holocausto sefaradi, a questão dos bnei anussim, a situação das escolas judaicas, o ladino, o multiculturalismo na sociedade israelense, a presença da cultura sefaradi em vários aspectos da cultura no Brasil, foram alguns dos temas discutidos no Confarad deste ano. O encontro teve como objetivo o maior entendimento da cultura, tradição e história sefaradi e oriental e conscientizar a todos da importância da preservação e transmissão desses valores para as próximas gerações. O Confarad, que vem sendo realizado há 10 anos com o objetivo de divulgar as tradições, história e costumes judaicos de origem sefaradi, este ano apresentou sua sétima edição. A programação foi extensa e variada, e foi dividida em três dias.

Público presente à 7ª Confarad no Rio de Janeiro

ciência desconhecida e, obviamente, limitadora, Vô Xuxe virou o país de pernas pro ar, descobrindo, num primeiro momento, muito pouco sobre a condição da criança. Mas o mesmo homem que descobriu pouco sobre a deficiência, descobriu ser apenas um pai de pessoas com essa condição em meio a muitos outros. Vô Xuxe tinha aí uma outra luta. Dessa vez sua causa era a causa da família. Vô Xuxe, bom de briga que só, fundou a APAE. E, em nome da família, fundou APAES Brasil afora. Chegou a negociar com milicos, que se soubessem a respeito daquela outra causa pela qual Vô Xuxe militava, criariam bastante caso - pra dizer o mínimo. Vô Xuxe conseguiu fazer da Síndrome de Down um desvio genético conhecido, e de seus portadores, pessoas socialmente respeitadas. A causa da família era, também, a causa da diferença. Pois, se olharmos com um pouquinho de atenção, qualquer causa só pode ser uma causa realmente humana, se for uma causa de família. Assim como qualquer causa da família

é, obviamente, uma causa humana. Ora, humanidade não é diferença?! Vô Xuxe era um homem diferente e, dentro da sua diferença, possuidor de uma humanidade que o transcendia. A humanidade de Vô Xuxe tinha muito mais que 1,90m. Tamanha humanidade não pode morrer com o homem. Há de sobrar ao menos um punhado. Esse punhado é o que herdamos nós, os herdeiros da terra. Fazer desse punhado de humanidade uma humanidade pujante e verdadeira como aquela que se revelava na luta de Vô Xuxe é a melhor maneira de manter a lembrança e de pagar o devido tributo a um homem de tantas causas.

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* Gustavo Jugend, 28 anos é neto de Chaim Israel Jugend, o Vô Xuxe. Chaim faleceu em Curitiba no dia 21/10/10.

Nota: 1. SOCIB – Sigla de Sociedade Cultural Israelita Brasileira do Paraná, clube sóciocultural-recreativo que congregou, entre as décadas de 1940 e 1960, os judeus curitibanos que se alinhavam com as ideias socialistas e inviabilizado a partir da governo militar instalado no País em 1964. Sua sede foi cedida em comodato, por iniciativa de Chaim, seu presidente, à APAE de Curitiba, por ele fundada, e que lá funciona até hoje.

O recorde não é dos mineiros chilenos Uma campanha para libertar Guilad Shalit Infelizmente, o recorde de aprisionamento nas entranhas da terra não é dos mineiros chilenos. Todo o mundo acompanhou, torceu e se rejubilou com o resgate dos 33 mineiros chilenos que estavam há 70 dias nas entranhas da terra. O mundo, porém, silencia diante do cativeiro ilegal do soldado Guilad Shalit, de 24 anos, mantido incomunicável há 1736 dias (desde 25/06/2006) nas entranhas de um bunker em Gaza por terroristas do Hamas. Nenhuma entidade de direitos humanos, nenhum órgão da ONU, nenhum líder político ou religioso de qualquer país, veio a público exigir, pressionar ou clamar pelo direito à sua visitação, quanto mais de sua libertação. A família de Guilad Shalit não tem notícias de seu estado de saúde ou sequer sabe se ele ainda vive, uma vez que todas as negociações para o seu resgate, em troca da liberdade de mais de 1000 terroristas, não prosperaram. O que nós, brasileiros podemos fazer pela liberdade de Guilad Shalit? • Aqueles que têm fé podem rezar e incluir a intenção pela liberdade de Guilad em suas preces diárias ou no acendimento das velas de Shabat. • Aqueles que têm acesso à imprensa podem escrever artigos, cartas do leitor, blogs, correntes de e-mails, principalmente para alcançar e sensibilizar o pú-

Guilad Shalit, sequestrado pelo Hamas e preso num bunker há 1.736 dias em Gaza

blico não judeu. • Os Rabinos de todas as sinagogas podem passar a incluir em suas rezas de Shabat uma prece por sua liberdade e retorno ao lar com saúde e integridade. • Aqueles que têm acesso a políticos e diplomatas, podem pressionar por declarações públicas e clamar pelo direito de assistência humanitária. • Os professores das Escolas Judaicas podem mobilizar as crianças para escreverem e enviarem mensagens de solidariedade e força a seus pais. • Aqueles que têm acesso a líderes religiosos de outras crenças podem pedir sua solidariedade e apoio. • O que mais você achar útil fazer para que Guilad não seja abandonado por nós seus irmãos, nem pela humanidade. Iniciativas como estas podem ajudar. Se você é sensível com o drama de Guilad Shalit faça também a sua parte.


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Durante uma bela cerimônia, cumpriram, em novembro, seu bat-mitzvá as jovens Brenda S. Belloulou, Deborah Brafmann, Deborah K. Bekin, Giovanna C. Villanueva, Julia S. Kulysz, Nayara Sendacz, Nicole R. L. Weishiof, Rachel Miller e Victória Zymberg. E os jovens Gabriel Tatar e Mario Frenkel, também em novembro, fizeram, cada um, seu bar-mitzvá.

No dia 20/11 casaram-se Rafael Pustilnick e Rebeca Slud Jacobson.

A Escola de Educação Especial “Tia Maria” que atende 65 portadores de necessidades especiais, residentes nas áreas mais carentes de Curitiba e Região Metropolitana encontram na Escola a dignidade que grande parte da sociedade ficalhes devendo. O estabelecimento que tem como presidente da mantenedora a sra. Nordelia Castello Branco Gradowski recebeu a visita do presidente e do secretário da Loja Chaim Weizmann da B’nai B’rith do Paraná, Leon Knopfholz e Isaac Cubric e do sr. Giovanny Lima. Eles percorreram as instalações da “Tia Maria”, ficando surpreendidos com a organização e profissionalismo existentes. A diretora da escola, Stella Alva Costa fez um breve relato sobre o funcionamento da instituição, frisando as dificuldades que a mesma enfrenta devida à exiguidade de recursos para sua manutenção. Ao final. Knopfholz surpreendeu a todos executando, ao violão, algumas canções.

Claudio Lottenberg, presidente do Hospital Israelita Albert Einstein e da Conib, é o mais novo membro da Academia Amazonense de Medicina. O evento foi realizado dia 20/11, na sede da entidade, que fica no Palacete de Eduardo Ribeiro. A entrega da condecoração e do diploma foi feita pelo dr. Jacob Moysés Cohen e contou com a participação de renomados médicos da região, o embaixador de Israel no Brasil Guiora Becher, e muitos convidados.

Claudio Lottemberg recebeu em Manaus o título de membro honorário da Academia Amazonense de Medicina das mãos de Moyses Cohen, professor doutor de Oftalmologia do departamento de Clínica Cirúrgica da Universidade Federal do Amazonas

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O Centro Wizo Paraná realizou seu tradicional Bazar o Centro Israelita do Paraná, no domingo, dia 28/11, com presença de grande público. Foram divulgados os vencedores do concurso W izo 90 anos, evento anual patrocinado pela chaverá Sara Kulish e que premia os alunos da Escola Israelita Brasileira Salomão Guelmann, que concorrem com seus trabalhos criados e voltados à Wizo. Os três primeiros prêmios do concurso Wizo foram para: 1º lugar – Henrique Flomembaum, Tomer Peceniski e David Schweidson; 2º lugar - Nicole Perez; 3º lugar – Ilana Milman e Rafaela Corbusier.

Telma Mazer, fala durante o lançamento do livro de receitas de sua mãe, Sara Zugman z"l, "Eu que fiz!" durante o Bazar da Wizo

O ponto alto da tarde, durante o bazar foi o lançamento do livro “Eu que fiz!” (O Caderno de Receitas de Sara Zugman z”l) uma realização da família através do trabalho de Fany Reicher e Thelma Zugman Mazer em memória de sua mãe que foi chaverá da Wizo.

mail rwcf@pop. com.br ou pelos telefones 55 41 8808-2636/3027-3925 e falar com Rafaela W. C. Figlarz. Valores: Livro R$40,00; Avental Moderno R$30,00; Kit Livro + Avental R$60,00 – além de milhares de sorrisos de gratidão!

Pelo terceiro ano consecutivo a Biblioteca Pública do Paraná recebeu dia 11/11, do Instituto Cultural Judaico Brasileiro “Bernardo Schulman” (ICJBS) mais uma doação de livros para o seu acervo. Desta vez foram quase 200 obras, integrantes da “Coleção 75 anos” em comemoração ao aniversário da Escola Israelita Brasileira “Salomão Guelmann”. Os livros, cuja maioria é de temas judaicos, entre eles, história, religião, tradições, cultura, romances e etc. somam-se às duas partidas já doadas nos dois anos anteriores. “As doações são uma retribuição da comunidade judaica ao Paraná e ao seu povo por ter recebido de braços abertos e de maneira gentil os imigrantes judeus que chegavam da velha Europa em busca de melhores oportunidades de vida e fugindo das perseguições e do preconceito”, explicou Sara Schulman, presidente do ICJBS. Recentemente, a comunidade celebrou os 120 anos da imigração judaica ao Paraná.

Ainda dentro das festividades dos 90 anos da Wizo, foi sorteada uma TV HD de 42 polegadas, ofertada pela chaverá Rosita Reich. Foi sorteado o sr. Felipe Pastuchi Aché. O Bazar da Wizo deste ano foi concorrido e tinha muita variedade de produtos

Toda a renda obtida com a venda desta 1ª edição é destinada para o Grupo Wizo Aviv Sara Zugman. Quem quiser adquirir o livro, e também avental moderno, deve entrar em contato com o grupo pelo e-

Encerrando as atividades de 2010, foi realizado no dia 30/11, no salão de festas da residência da chaverá Regina Brener um jantar de confraternização para a despedida da anfitriã e até então presidente, e posse da nova diretoria para o biênio, 2011/2012, sob a presidência da chaverá Elizabeth Kulisch.

A Escola Israelita Brasileira “Salomão Guelmann” está completando em 2010 seus 75 anos de uma bela existência. Para homenageá-la a altura, no dia 17/12 (sexta-feira), alunos, ex-alunos, agregados e todos que de uma maneira ou outra contribuíram e ainda contribuem para que ela permaneça ativa e bem viva, estarão abraçando literalmente todos os espaços da escola. Para tanto, os organizadores do evento precisam conseguir um grande número de “braços”, para que o ditado “a união faz a força” seja a união da identidade. O local será o hall de entrada da escola, às 7h15 do dia 17 de dezembro. Todos são bem-vindos e imprescindíveis.

Durante a reunião-almoço do Rotary Club de Curitiba, presidente da Loja Chaim Weizmann da B’nai B’rith do Paraná, Leon Knopfholz, proferiu interessante palestra sobre o ex-Beatle Paul Mc Cartney, de quem é fã incondicional. A exposição, acompanhada por fotos e dados estatísticos do conjunto, foi como uma viagem pelo tempo, relembrando inúmeras canções e agradou tanto os rotarianos como os convidados presentes.

No dia 2/12 o Beit Chabad de Curitiba, em plena festa de Chanucá, comemorou a inauguração e a apresentação à comunidade de sua nova cozinha. Foi feita uma homenagem a todos os que, com sua generosidade, possibilitaram a realização da obra e em especial a Saul Zugman, Moysés e Dora Becher, Samuel e Helena Grynbaum.

O Rotary Club de Curitiba, o mais antigo do Paraná, tem vários membros da comunidade como sócios. Entre eles o presidente do Clube, Roland Hasson e como sócios Calmon Knopfholz, Leon Knopfholz e Isaac Cubric.

Maria da Graça Simão Gonçalves, da BPP, e Sara Schulman e Célia Galbinsky, do ICJBS

Em nome da BPP, Maria da Graça Simão Gonçalves, chefe da Divisão de Difusão Cultura, agradeceu a comunidade israelita pelas doações. À solenidade, estiveram presentes também Clarice Hain Taborda, assessora técnica da BPP; Célia Galbinsky, vice-presidente do ICJBS e funcionários da Biblioteca Pública.

Um projeto da ONG Arte & Alegria foi o grande vencedor da primeira edição do Prêmio Fani Lerner. A entidade recebeu R$ 5.000,00 e um curso de gestão patrocinado pelo Instituto HSBC Solidariedade. O projeto, uma parceria com o Hospital das Clínicas, visa ajudar a compreensão e o tratamento das crianças internadas que passarão por cirurgias ou tratamentos oncológicos. Os prêmios foram entregues no dia 11/11 em solenidade no Centro Israelita do Paraná (CIP), na presença de Ilana Lerner, filha de Fani, Ester Proveller, presidente da Kehilá do Paraná, Chloris Justen, presidente da Academia Paranaense de Letras, Alexandrine Rodrigues, representando a futura primeira-dama do

Colabore com notas para a coluna. Fone/fax 0**41 3018-8018 ou e-mail: visaojudaica@visaojudaica.com.br


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estado Fernanda Richa, Ida Regina Moro Milléo, representando a secretária municipal da Educação, Eleonora Fruet, e Kalel Menzes, do Instituto HSBC de Solidariedade. Foram mais de 50 trabalhos inscritos em várias categorias, entre elas, contraturno, bibliotecas, apadrinhamento infantil, iniciativas culturais, proteção de crianças em situações de risco e da área de saúde.

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As luzes de Chanucá Ilana Lerner, filha de Fani, discursa durante a cerimônia de entrega do prêmio Fani Lerner

Um livro que desmistifica o conflito no Oriente Médio e revela a existência de uma guerra de propaganda contra Israel e que acaba de ser lançado, é “Armadilha em Gaza”, de Jorge Zaverucha. O autor, em 176 páginas, observa que no mundo todo a mídia, mais preocupada em chocar do que em informar, associa a Israel a imagem de um estado militarista, que promove massacres de palestinos e se opõe a qualquer tentativa de paz na região. A aliança entre fundamentalistas islâmicos, pseudopacifistas e esquerdistas de vários matizes, unidos no ódio ao Estado de Israel, joga cortinas de fumaça sobre aspectos fundamentais da tragédia. Descrever Gaza como “campo de concentração a céu aberto” virou clichê, mas é uma imagem totalmente distorcida. A realidade é muito mais complexa, e não se limita a uma mera disputa territorial entre palestinos e israelenses, e sim a um conflito ideológico, agravado pela ação de um grupo terrorista islâmico, o Hamas — satélite do Irã em Gaza. Em Curitiba, aonde veio especialmente para participar do lançamento da pedra fundamental da nova sinagoga e do memorial do Holocausto, o rabino Simón Moguilevsky, foi cumprimentadíssimo pelo recente lançamento de seu livro em Buenos Aires, “Anédoctas talmúdicas y de Rabinos famosos. O livro lançado pela Amia foi produzido pela editorial Milá e é uma homenagem à Congregação israelita da República Argentina e à Comunidade Israelita de Curitiba.

O livro de Simón Moguilevsky

Moguilvesky, que veio a Curitiba acompanhado de sua esposa Any, foi rabino da comunidade local entre os anos de 1989 e 1998. Ele foi um dos oradores da solenidade de lançamento da pedra fundamental da nova sinagoga, no CIP.

Lembrem-se: como todos os anos, voltaremos em fevereiro, já que em janeiro estaremos de férias.

Antonio Carlos Coelho *

arece que foi ontem que fomos à Praça 29 de março para o acendimento das velas da chanukiá. Festa bonita. Quanto brilho há em Chanucá. É a luz da Torá no mundo. Da revelação que, através do povo judeu, chegou ao mundo todo. Luzes que iluminam o caminho da humanidade, mas há quem não o siga. Preferem os rumos da escuridão e da maldade. O milagre das luzes, acontecido há mais de dois mil anos, quando os judeus venceram o domínio dos helenizados seleucidas que desejavam impor, em Israel, um regime onde não houvesse lugar para a cultura e religião judaica. Esses violaram o Templo e proibiram os serviços religiosos, induzindo os judeus a abandonarem a herança espiritual e cultural de seus pais em troca da cultura dominante, a grega. Diferentemente de outras situações da história, apesar da imposição de Epifanes IV, os israelitas não sofreram nenhuma outra ameaça física ou de perda de suas propriedades. Não foram obrigados a abandonar sua terra, nem foram levados a tribunais e prisões. Mas, de qualquer modo, foram obrigados a abandonar o que lhes era mais rico e lhes garantia a identidade. E, isso não foi pouco. Diante da situação que feria o espírito judeu, os Macabeus lideraram a luta contra o domina-

dor. Depois de longo período de revolta, restauraram o Templo, o purificaram, e, novamente, acenderam as luzes da Menorá, sinal da Divina Presença. Assim, a integridade judaica foi restabelecida e um período de liberdade teve início em Israel. Mas não foi essa a única vez que se tentou apagar a chama do espírito judaico. Por inúmeras vezes, ao longo dos séculos, judeus foram impossibilitados de viver livremente a fé, bem como guardar costumes, realizar festas e, até mesmo, usar trajes característicos. Durante o iluminismo pensou-se numa outra forma de viver o judaísmo; ser judeu em casa e, em sociedade, como um cidadão comum, isto é, abolindo tudo o que identificasse um israelita. A grande transformação do judaísmo, iniciada por Moisés Mendelssohn, desencadeou novos movimentos judaicos e também preparou terreno para o Sionismo, responsável pela criação do Estado de Israel. Se a iniciativa dos judeus iluministas trouxe mudanças positivas à comunidade judaica, o modo de ver os judeus não mudou da mesma forma. O Iluminismo europeu que, de certa forma, acenou aos israelitas uma vida de cidadãos comuns, não consegui mudar a mentalidade da sociedade cristã em relação aos judeus e não lhes garantiu direitos de modo equivalente aos deveres. O modo de viver judaico, e mais do que isso, o simples fato de ser judeu, ortodoxo, conserva-

dor ou reformista, por mais que se democratizasse a sociedade europeia, nunca superou o seu preconceito. A presença judaica, de alguma forma, sempre incomodou aos europeus. Tanto que os regimes fascistas – de modo especial o nazismo – encontraram um solo fértil para semear o ódio aos inimigos hebreus. Quando se acendem as luzes de Chanucá podemos ter a certeza de que o esforço para eliminação dos judeus foi em vão. Que todas as tentativas de enfraquecer ou eliminar o judaísmo, não obtiveram sucesso. O judaísmo se manteve nos seus diferentes modos de ser interpretado e vivido, de forma mais ou menos rigorosa, se manteve vivo a ponto de, em centenas de cidades do mundo, no mês de Kislev, acendemse as luzes de Chanucá. A tentativa de Antioco Epifanes IV, há 2.200 anos, e todas as outras tentativas de impedir a vida e a fé judaicas não foram suficientes. Ao longo dos séculos, as chamas de Chanucá revelam o milagre da sobrevivência judaica. Milagre não só aquele da multiplicação do azeite, mas, também, o que se faz pela educação das novas gerações, pela transmissão de valores éticos contidos na Torá e nos ensinamentos dos mestres, pela guarda das festas, pelo convívio e responsabilidade comunitária. Quanto mais fortes são essas ações, educação, guarda dos valores, responsabilidade comunitária, mais clara, mais brilhante serão as chamas da Festa das Luzes.

* Antônio Carlos Coelho é professor universitário, escritor, diretor do Instituto de Ciência e Fé e colaborador do jornal Visão Judaica.


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Fazendo as pazes com minhas duas vidas Yakov Halu *

eu pai era um árabe cristão, de uma cidade no norte de Israel chamada Rameh. Ele conheceu minha mãe, uma judia americana que fez aliá na década de 1980. Ele queria muito casar com ela, mas ela não estava muito segura disso. Quando ela adoeceu e acabou no hospital, ele viajava de ônibus durante horas, todos os dias para visitála. Isso a convenceu. Eles se casaram e mudaram para o

Yakov Halu, na yeshivá do Aish Hatorá, em frente ao Muro das Lamentações em Jerusalém. Em seu braço pode-se ver sua tatuagem

* Yakov Halu, de origem árabe é judeu ortodoxo convertido. Vive em Israel, onde estuda numa Yeshivá de Jerusalém e escreveu este pungente relato publicado no site do Aish Hatorah. Traduzido por Szyja Lorber. O texto original pode ser lido em http:// www.aish.com/ sp/so/ My_Mixed_JewishArab_Identity.html

sul de Israel. A tia árabe de meu pai foi morar com eles, para ensinar minha mãe a cozinhar. Com o tempo, nasceram meu irmão e minha irmã. Quando minha mãe estava grávida de mim, nossa família mudou-se para o Colorado, nos EUA. Meu pai era engenheiro e estava tendo dificuldades para encontrar trabalho em Israel. Embora meu pai tenha sido criado na religião cristã (grega ortodoxa), após conhecer minha mãe tornou-se interessado em judaísmo. Depois que eles se mudaram para a América, ele ficou muito longe de sua unida família árabe composta de seis irmãos, e sentiu-se livre para embarcar numa séria busca espiritual.

Sendo israelense, ele era capaz de ler a Bíblia no original hebraico, e descobriu grandes equívocos e más interpretações na tradução cristã. Ele sempre procurava a verdade, e por isso resolveu fazer contato com o Beit Din ortodoxo local para iniciar um processo de conversão. Cerca de um ano depois, meu pai se tornou judeu. E minha família era totalmente observante do Shabat, da kashrut e tudo o mais. Ele ficou entre dois mundos — um judeu observante, na América, e árabe quando visitava sua família amada em Israel. Meu pai manteve contatos próximos com sua família árabe. Quando eu tinha três anos, ele me levou para Israel para o casamento de sua irmã mais nova, minha tia. Essa foi uma visita muito difícil para ele. Ele pertencia a dois mundos - um judeu na América, e árabe como sua família em Israel. A luta emocional fora amplificada pelo fato dele nunca ter dito à família que tinha se convertido. Após o casamento de sua irmã, pouco tempo depois que voltamos para o Colorado, meu pai morreu. Disseram que a tensão emocional tinha sido simplesmente demais para que ele pudesse suportar.

Descobrindo-me Alguns anos depois, minha mãe se casou novamente. Nossa família começou a fazer mudanças em nossa prática religiosa observante do judaísmo. Fui tirado da escola judaica e enviado para a escola pública. Todos os meus novos amigos assistiam desenhos animados no sábado de manhã e comiam pizza de calabresa. Em pouco tempo, minha família não observava mais estritamente o Shabat e os nossos padrões de kashrut declinaram - um pouco no início, e depois, muito mais. Depois do meu bar-mitzvá, eu nunca mais vi o interior de uma sinagoga nos cinco anos seguintes.

Nasralá enganou Ahmadinejad O chefão do Hezbolá disse a Ahmadinejad, quando este esteve no Líbano, que o fuzil com o qual o presenteava havia sido tomado de um soldado do Tzahal (Exército de Defesa de Israel) na guerra de 2006, mas Nasralá enganou Ahmedinejad quando lhe deu o fuzil. O Exército israelense anunciou que a arma de fogo que presenteou com orgulho ao presidente iraniano, deixou o serviço militar em 1974. Uma fotografia publicada pelo Hezbolá mostrava a um radiante Ahmadinejad recebendo o rifle das mãos de Nasralá, um presente de despedida entregue no final da visita do presidente iraniano ao Líbano. “É muito pouco provável que o fuzil FN Fal 7.62, tenha sido utilizado pelo exército israelense depois de 1974”, disse um porta-voz militar, “Portanto, podemos concluir que não foi tomado durante a Segunda Guerra do Líbano”, acrescentou o porta-voz.

Presente do "Pinóquio" Nasralá para o provocador Ahmadinejad: arma não foi tomada na guerra do Líbano de 2006

O rifle tinha em sua companhia um cinturão de balas, num grande estojo de vermelho escuro, sobre o qual foi colocado o emblema do Hezbolá. De regresso a Teerã, Ahmadinejad continuou sua retórica anti-israelense, dizendo que “o regime sionista vai para o inferno”.

Após o colegial fui confrontado com alguns desafios e realmente perdi meu caminho. Fiz uma tatuagem no meu braço, soletrando meu nome em letras árabes. Tentei a faculdade, mas não sabia o que eu queria fazer da minha vida. Fiz escolhas erradas, comecei a ter problemas, e passei oito meses seguintes estatelado no sofá de um amigo e comendo milho em conserva numa lata. Enquanto isso, minha irmã havia-se tornado parte integrante da comunidade Aish, em Los Angeles. Com o tempo, ela voltou à observância judaica plena. Lentamente eu fui voltando aos trilhos. Aluguei um quarto de uma família judaica. Juntava-me a eles nos jantares de Shabat e nos serviços religiosos no Aish, em Denver. Passados alguns meses, já estava pronto para descobrir o meu verdadeiro eu. Eu sabia que o melhor lugar para começar é em Israel. Então liguei para minha irmã e ela me pôs em contato com um filantropo de Los Angeles que estava disposto a pagar minha viagem. Tudo o que eu passei me trouxe até onde estou agora. Há uma razão para isso tudo. Poucas semanas depois de chegar a Israel, fui fazer uma longa caminhada numa tarde de Shabat e pensei sobre como - tendo tido uma mão difícil no jogo de cartas que é a vida - eu estava carregado de muita raiva ao redor de mim. E sabia que, para avançar, precisava deixar essa raiva passar. As aulas que tive em Jerusalém no Aish me ajudaram a perceber isso: Tudo o que eu passara havia me trazido até onde estava agora. Há uma razão para tudo isso.

Ansiando pela conexão Hoje estou aprendendo na yeshivá, abraçando plenamente minha vida. É uma experiência incrível estudar em frente ao Muro das Lamentações, no centro da história. O estudo de Torá é intelectualmente fascinante e muito emocional conhecer suas bases fundamentais. E as pessoas são gente de primeira categoria - idealistas iluminados, dispostos a assumir a responsabilidade para si e para o mundo. Mas uma parte de mim ainda não está completa. Havia um desejo sempre presente de conexão com meu pai, a quem não conhecia muito bem, e de quem eu há muito tempo ansiava por conhecer. Então fui passar um tempo na aldeia no norte de Israel, para conhecer minhas tias e tios e os muitos, muitos primos. Eles são pessoas maravilhosas. São muito gentis e atenciosos e procuram se ajudar uns aos outros. Eles me cumularam com amor e fariam qualquer coisa por mim. Eles são minha família. Fiz-lhes perguntas sobre meu pai, e vi fotos da família. Eu ando pelos mes-

mos caminhos nas montanhas que o meu pai andava. Estar lá é a minha ligação com ele que eu nunca tive. De muitas maneiras, também, eu represento a ligação deles com meu pai. Especialmente o fato de eu ter um olhar quase exatamente como o dele. Minha família árabe é muito pró-Israel. Meu tio é executivo uma organização de serviços sociais, que atende tanto árabes como judeus. Minha tia foi a primeira mulher cristã-árabe a ser eleita para a Knesset. Subjacente a esse apoio, no entanto, o fato é que percebem uma desigualdade social. Os serviços municipais e os fundos do governo parecem ser menores para a comunidade árabe. Por mais que a sociedade israelense seja sensível à condição de ser uma minoria, a realidade é que os árabes-israelenses são a minoria. E para os árabes cristãos tem sido especialmente difícil - se sentem excluídos pelos muçulmanos, porque eles são cristãos, e pelos judeus, porque eles são árabes. Ainda assim, se sentem 100% “de Israel”. Meus primos são muito bem integrados na força de trabalho e veem sua identidade primária como israelenses. Como cristãos, sentem-se mais estreitamente alinhados com o judaísmo do que com o Islã. De fato, um dos meus primos árabes se casou com uma judia. Ainda não estou à vontade para mostrar-lhes meu judaísmo quando vou visitá-los, em termos de orações e usando uma kipá. Com a cultura árabe sendo tão hospitaleiro, é muito difícil para eu manter o kosher. Como israelenses, eles sabem tudo sobre o Shabat e os feriados judaicos. Mas ainda é estranho para eles me verem como um judeu, pois em sua cultura a herança religiosa segue a do pai. Eles não sabem que o meu pai se converteu ao judaísmo, por isso há uma questão encoberta do porque eu ter escolhido a religião de minha mãe sobre a religião de meu pai. Mas, dessa forma eu acho que estou seguindo os passos de meu pai - dividido entre a lealdade à sua família árabe e à sua vida judaica que ele tão completamente abraçou. Minha esperança é que com o tempo, terei mais confiança, e que o meu judaísmo só irá enriquecer o bom relacionamento que temos juntos. E eu penso que posso servir de alguma forma para preencher a lacuna da compreensão e o entendimento entre os vários grupos. Afinal, eu tenho um monte de perspectivas: judaica e árabe, religiosa e secular, americana e israelense. A Torá ensina que, em vez de sentir pena de mim, preciso assumir a responsabilidade e fazer as mudanças para corrigir as coisas. No final, o meu maior desafio será o de fechar o círculo das duas vidas - árabe e judeu; pai e filho.


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A diplomacia brasileira, o estado palestino e a carta desastrada de Lula a Abbas Reinaldo Azevedo *

presidente Luiz Inácio Lula da Silva enviou uma carta a Mahmoud Abbas em que expressa apoio à campanha iniciada pelo presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP) em favor da criação do estado palestino nas fronteiras anteriores à guerra de 1967. Sei. Levante a mão quem é contra a criação do estado palestino. Deixeme contar: há apenas alguns extremistas judeus, o Hamas, o Irã… Quem mais? Hamas e Irã? Sim, os terroristas que governam a Faixa de Gaza e os que governam o Irã pregam a destruição de Israel. Na prática, isso quer dizer opor-se a criação do estado palestino, e creio que eu não precise dizer por quê. Os termos da reivindicação são um tanto estranhos. Antes da guerra — e Israel foi a vítima — a Faixa de Gaza era administrada pelo Egito, e a Cisjordânia pertencia à Jordânia. No conflito, Israel também tomou da Síria as Colinas de Golã e uma parte do deserto do Sinai, devolvido aos egípcios em 1978.

Por que a lembrança? Os países árabes que se alinharam em 1967 — Jordânia, Síria e Egito, com o apoio da Arábia Saudita e do Iraque, entre outros — não estavam lutando para criar o estado palestino coisa nenhuma, mas para destruir Israel, o que Egito e Síria tentariam de novo em 1973, avançando, respectivamente, sobre o Sinai e Golã. Foram novamente rechaçados. Vale dizer: os dois países perderam os mesmos territórios para Israel duas vezes — e, nos dois casos, eram os agressores. Não vale dizer que, em 1967, Israel atacou primeiro, o que foi fato, porque se tratou de uma antecipação à ação certa dos adversários, que estava sendo meticulosamente preparada. Não é mera firula técnica, não! Ao se falar em voltar à fronteira de 1967, tenta-se fazer de conta que Israel não teve de lutar duas guerras para as quais foi provocado. Isso é fato. Não estou justificando a ocupação de territórios ou dizendo que ela colabora para a paz. Mas vamos parar com esse negócio de luta de mocinhos palestinos contra bandidos israelenses. Há mais um pouco a dizer. A reivindicação de Abbas é uma pressão política compreensível.

Poucos países relevantes dizem “sim” — o Brasil está entre os muitos meio irrelevantes — porque as coisas não são tão simples. Israel saiu de Gaza — aliás, se há coisa que o Egito não quer, é retomar a fronteira de 1967, voltando a governar a região, não é mesmo? Aliás, o famoso bloqueio é feito também pelos egípcios, coisa de que muita gente se esquece. Mas voltemos: Israel saiu, o Hamas venceu as eleições e aproveitou para botar para fora, na bala, os adversários internos do Fatah, de modo que parte do chamado território palestino é comandado por terroristas financiados pelo Irã. Um dos itens dos estatutos do Hamas é destruir Israel; o outro, na prática, é governar o mundo, mas esse segundo não deve ser levado muito a sério por enquanto… Não deixa de ser interessante — e inútil — que Abbas peça a volta à fronteira de 1967 quando ele próprio, mesmo presidindo a ANP, não pode pôr os pés em Gaza. Seus partidários do Fatah são tratados na base de tiros no joelho e pernas e braços quebrados. São algumas das punições que os humanistas do Hamas impõem a seus adversários palestinos. A gen-

Israelense ganha prata no mundial de karatê em Curitiba A israelense Rinat Shiternacional de Karatê Tradiri ganhou a medalha de cional (ITKF) e a PUCPR, com prata no 15º Campeonao apoio do Ministério do Esto Mundial de Karatê Traporte, da Prefeitura Municipal dicional, que foi realizado de Curitiba e do Consulado do no Ginásio de Esportes da Japão. O próximo CampeonaPUCPR, em Curitiba. A to acontecerá em 2012, na Polônia. atleta foi a segunda colocada na modalidade “KoA delegação israelense Go Kumite”, uma forma de que participou do Campeonaluta controlada e com atato Mundial de Karatê Tradicioques alternados avalianal em Curitiba foi formada dos por pontos. Shiri foi por três atletas e acompanhaatleta Rinat, de Israel, derrotada pela romena Arecxebe dos por Eyal Nir, co-fundador sua medalha no final Lare Simona. do campeonato internacional e diretor da Federação Israede karatê em Curitiba lense de Karatê Tradicional. O evento ocorreu nos dias 12 e 13 de novembro e recebeu a Cerca de 800 atletas de 32 países elite do tatame com cerca de 800 atleparticipam do 15º Campeonato tas de karatê de 34 países, sendo que Mundial de Karatê Tradicional em Cuapenas nove chegaram às finais em 11 ritiba. Além do campeonato mundial, modalidades – Brasil, Israel, Ucrânia, foram realizadas nos dias 12 e 13 de Itália, Polônia, Romênia, Canadá, Argennovembro, várias outras atividades tina e Estados Unidos. científicas, educacionais e cursos técnicos sobre o esporte. O Campeonato Mundial de Karatê Foi o maior evento internacional da moTradicional foi promovido pela Confededalidade, ocorrendo a cada dois anos em ração Brasileira de Karatê Tradicional uma cidade-sede de um país diferente. (CBKT) em parceria com a Federação In-

te imagina o que gostariam de fazer com judeus. A ANP tem o governo de grande parte da Cisjordância, excetuando-se os assentamentos, que são muitos. Eles terão de fazer parte de uma negociação. E há Jerusalém, de que ninguém abre mão. Que o Brasil fosse favorável à criação de um estado palestino, bem, isso não precisava ser reiterado porque já oficialmente declarado, inclusive na visita de Lula a Israel. O envio da carta, agora, é uma desnecessidade. Serve apenas para Lula marcar posição e evidencia mais uma precipitação meio infantil e marrenta de uma diplomacia que vive demonstrando por que não pode, de fato!, estar no centro das decisões. Falar em “volta à fronteira de 1967? corresponde a convidar Israel a esquecer a história, o que país não vai fazer. Isso nada tem a ver com a continuidade de assentamentos na Cisjordânia, por exemplo, o que é, entendo, um erro brutal. Mas não será com uma pregação irrealista que se vai chegar a algum lugar. O Brasil mete os pés pelas mãos ao enviar essa carta. Só para não variar. O mapa do caminho é outro!

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* Reinaldo Azevedo é jornalista, escreve para a Revista Veja e para seu blog na internet (blogdoreinaldo azevedo.blogspot. com).

Website israelense ajuda na busca de parentes Durante os sessenta dois anos do Estado de Israel, sempre houve um grande esforço das pessoas na busca de seus parentes e amigos. Alguns foram separados por guerras, outros simplesmente por circunstâncias de vida cotidiana. Assim, durante anos, foram utilizados diversos meios como publicações em jornais a anúncios em rádios na tentativa de localização. Muitas histórias tiveram um final feliz de reencontro, após uma separação de longos anos. Outras vezes, esta procura esbarrava na barreira do idioma, pois todos os registros em Israel, inclusive os de telefone, são mantidos em hebraico, o que dificulta a busca aos que vivem em outros países. A Israel Phone Book derrubou esta barreira. Agora quem quiser buscar o telefone de parentes e amigos em Israel conta com uma nova ferramenta na internet: a lista telefônica de Israel em inglês. É a Israel Phone Book on-line que contém os números de telefone residenciais e muitos telefones celulares. Para utilizar esta lista telefônica acesse http://www.israelpb.com e digite o nome ou sobrenome, ou ambos, da pessoa que está procurando. Também é possível direcionar a busca com

a indicação da cidade. A Israel Phone Book contém ampla informação das principais cidades israelenses - Jerusalém, Tel Aviv, Haifa, Beer Sheva, Rishon LeTziyon, Netanya, Ashdod, Rehovot, Ramat Gan, Petach Tikva, etc., bem como de cidades com uma grande concentração de residentes de língua inglesa como Raanana, Bet Shemesh, Efrat, Herzliah, Mevasseret, Ginot Shomron e Zichron Yaakov. O diretório também fornece dados de cada cidade e dos distritos residenciais, inclusive sua localização e os nomes mais comuns dos residentes. Os resultados exibidos mostram o nome completo das pessoas, cidade e número de telefone, mas, por questões de privacidade, não exibem endereços. A Israelpb.com é disponibilizada gratuitamente pela SearchSolutions LLC, empresa que tem como missão auxiliar as pessoas ao redor do mundo a localizar parentes e amigos que residam em Israel. O serviço vem sendo utilizado também nas redes sociais com objetivos pessoais e profissionais. A empresa deverá, em breve, disponibilizar um diretório telefônico comercial.


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Avó reza para Obama converter-se ao islã

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A avó queniana do presidente americano, Barack Obama, Sarah Obama, que acaba de terminar sua peregrinação a Meca, disse ter rezado para que seu neto adote o islã como religião, em uma entrevista publicada nesta quinta-feira. “Orei para que meu neto Barack se converta ao islã”, declarou Sarah, de 88 anos, que falou ao jornal saudita Al Watan. Segundo o diário, ela fez a peregrinação acompanhada do filho, Said Hussein Obama, tio do presidente americano, e quatro netos. Pesquisa de opinião publicada em agosto revelou que um em cada cinco americanos acha que Obama é muçulmano, apesar das reiteradas afirmações da Casa Branca de que o presidente é cristão. (Uol).

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Seis estudantes israelenses de terapia ocupacional, da Universidade Ben Gu-

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O Ministério do Exterior de Gâmbia anunciou sua decisão de romper os la-

A Reitoria e a Fundação São Paulo em solenidade especial instalaram a Cátedra de Cultura Judaica da PUC-SP com a presença de autoridades como o vicepresidente da Universidade Hebraica de Jerusalém Isaiah Arkin, que ministrou a palestra “Salt and Acid transport in human pathgens”, e do grão-chanceler Dom Odilo Pedro Scherer. A cerimônia foi no dia 17/11 no Auditório Professor Paulo Freire (do Tuca) em Perdizes. (Câmara Brasileira do Livro).

Países árabes pedem ataque ao Irã

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Ajudam angolanos a recuperar movimentos

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Gâmbia rompe relações com Irã

PUC-SP tem cátedra de Cultura Judaica

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O primeiro-ministro, Binyamin Netanyahu, desculpou-se diante de uma congressista dos EUA por ter elogiado Fidel Castro depois que o ex-presidente cubano fez comentários positivos sobre Israel. O episódio ocorreu em setembro, quando Castro foi favorável a Israel e aos judeus numa entrevista ao jornal americano The Atlantic. Netanyahu elogiou e o presidente Shimon Peres, enviou carta agradecendo. Quem não gostou foi a deputada Republicana Ileana Ros-Lehtinen, da Flórida, nascida em Cuba, dura crítica do regime cubano e férrea defesa de Israel, que exigiu retratação. Netanyahu ligou para a deputada durante sua última visita aos EUA e assegurou que se referia só àqueles comentários. Na entrevista ao The Atlantic, Fidel pediu a Ahmadinejad, que “pare de difamar os judeus”, e que “ninguém tem sido mais injuriado que os judeus” e defendeu a existência de Israel.(EFE).

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Visando a sequência de eventos esportivos no Rio de Janeiro, começando pelos Jogos Mundiais Militares no ano que vem, a Copa em 2014 e a Olimpíada em 2016, mais de 60 bombeiros de 23 Estados participaram em Brasília do curso “Mobilização de Efetivos, Resposta e Emergências em Situações de Terrorismo”. A atividade conjunta foi da Agência Brasileira de Cooperação, do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal e do Mashav - Agência de Cooperação Internacional de Israel que trouxe, a dra. Odeda Benin-Goren e o mestre Yehiel Kuperstein, ambos especialistas em situações de emergência e desastres. Durante o treinamento foram abordados temas como terrorismo internacional, gerenciamento de desastres, triagens, comportamento da população em desastres, comando e controle, além de exercícios e simulações (Menorah).

Desculpas por elogiar Fidel Castro

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Israel treina bombeiros brasileiros

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A Polícia Civil do Rio Grande do Sul apreendeu numa casa no centro de Porto Alegre, material de apologia ao nazismo: cerca de cem CDs, fotografias, símbolos, livros, roupas com suásticas e um vídeo que incitava a violência. O líder do grupo neonazista estava em uma lista de 50 gaúchos identificados pela Polícia nos últimos oito anos. “Eles são contra negros, homossexuais e judeus”, afirmou o delegado Paulo César Jardim. (Jornal Alef).

Apreensão de material nazista

As autoridades iranianas autorizaram a abertura de uma página na internet para devotos do nazismo. O site irannazi na realidade já existia, fora fechado, mas recebeu agora autorização do Governo da República Islâmica. A página havia sido bloqueada pelas autoridades iranianas depois das queixas de vários judeus que vivem naquele país muçulmano. O site se apresenta como sendo da Sociedade de Pesquisa Histórica para a 2ª Guerra Mundial e o Terceiro Reich. A autorização para a página na internet reabre a polêmica sobre o antissemitismo das autoridades iranianas. O presidente Mahmud Ahmadinejad muitas vezes negou o extermínio de judeus pelos nazistas durante a 2ª Guerra Mundial. Teerã está sob a quarta ronda de sanções das Nações Unidas que procuram limitar seu enriquecimento de urânio. (Reuters/AFP).

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Em recente encontro com lideranças da comunidade judaica, promovido pela Confederação Israelita do Brasil, a presidente eleita Dilma Roussef recebeu um documento com diretrizes éticas e políticas, como a defesa da democracia, o combate à intolerância e ao revisionismo histórico, a promoção da justiça social e da educação e uma política externa norteada pela proteção aos direitos humanos. Ela afirmou que sua avó materna, de origem portuguesa e sobrenome Coimbra, era provavelmente cristã-nova, e ela teria uma ascendência judaica. Disse ser a favor de dois estados, um israelense e outro palestino, vivendo lado a lado e em segurança. Em seu primeiro discurso depois de eleita, Dilma Rousseff garantiu “zelar pela mais

Dilma a favor de dois estados

O Cemitério Israelita de Inhaúma (conhecido também como “Cemitério das Polacas”) foi tombado definitivamente pela Prefeitura como Patrimônio Cultural do Rio de Janeiro. O decreto nº 32993, de 27 de outubro de 2010, afirma que “o Cemitério Israelita de Inhaúma é um marco particular no âmbito dos campos santos da cidade do Rio de Janeiro por ter sido criado por mulheres que em um ambiente hostil se uniram para garantir sua sobrevivência”. Considera que: “a importância de garantir a estas mulheres uma memória que não as condene eternamente” e destaca: “a sua fundação em 1916, pela Associação Beneficente Funerária e Religiosa Israelita, representou um papel social relevante para uma parcela da população de imigrantes israelitas no país”. (Jornal Alef).

Rio tomba Cemitério de Inhaúma

Site iraniano nazista

rion, já ajudaram mais de 11 mil doentes de Huambo, em Angola, a recuperar os movimentos musculares, passando-lhes confiança que necessitam para a sua melhoria e também capacitar os técnicos da área de fisioterapia e de reparação de cadeiras de rodas. Os pacientes com problemas de amnésia têm a possibilidade, inclusive, de recuperar a memória, pois todos os dias repetem os exercícios que os voluntários ensinam. (Jornal Alef).

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“Mate um negro e ganhe um brinde” era uma comunidade no Orkut que foi desarticulada pelo Ministério Público Federal de São Paulo. Ela contava com 16 integrantes e veiculava mensagens racistas e nazistas. O líder foi identificado com a ajuda do Google Brasil e, em sua casa, foram apreendidos materiais de cunho nazista, como desenhos remetendo à suástica, folhas com imagens de Adolf Hitler, DVDs e livros sobre skinheads. Os demais membros da comunidade também estão sendo investigados. (Folha de S.Paulo).

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Racismo na internet

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ampla liberdade religiosa e de culto. Vou zelar pela observação criteriosa e permanente dos direitos humanos tão claramente consagrados pela nossa Constituição”. (Jornal Alef).

A Ópera da Cidade do Cabo recusou o pedido do arcebispo anglicano sul-africano para que não atuasse em Israel, alegando que o Estado judeu discrimina os palestinos. O diretor da instituição, Michael Williams, assinalou que a companhia tem como objetivo “promover universalmente os valores humanos através da ópera”. Williams considera que a Ópera da Cidade do Cabo não deve “adotar uma postura política de cortar seus laços culturais com Israel ou com a Palestina”. Segundo ele, as conversações para apresentar “Porgy and Bess” na Ópera de Tel Aviv foram iniciadas há pelo menos quatro anos e a instituição também tem contatos para atuar em países árabes. A apresentação ocorreu de 12 a 27 de novembro. (EFE).

Ópera da Cidade do Cabo em Israel

• Yossi Groisseoign •

panorâmica

ços diplomáticos com o Irã e ordenou a todos os representantes da legação daquele país que abandonassem Gâmbia em 48 horas. A nação africana não deu razões específicas para a decisão que põe fim a inúmeros projetos de cooperação que o Irã empreendia em seu território. Mas o enorme carregamento de armas iranianas e drogas apreendido na Nigéria recentemente pode ter sido a causa principal. Inicialmente acreditava-se que seriam destinadas ao Hezbolá, ou ao Hamas, mas surgiu a hipótese de que o Irã estaria armando a oposição em Gâmbia. Os iranianos culpam os Estados Unidos e a Europa de ter provocado a ruptura das relações e também “os sionistas (Israel)”. (Aurora).

(com informações das agências AP, Reuters, AFP, EFE, jornais Alef na internet, Jerusalem Post, Haaretz, Notícias da Rua Judaíca e IG)

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VISÃO

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VISÃO JUDAICA

A preocupação que gera o programa nuclear do Irã entre os países árabes, incluindo a Arábia Saudita é tal que estes governos pediram aos EUA que destrua esse programa enquanto ainda há tempo, segundo os telegramas diplomáticos norte-americanos publicado na internet pelo site WikiLeaks. Vários jornais de todo o mundo e o The New York Times, o rei Abdulá da Arábia Saudita implorou a Washington que “cortasse a cabeça da serpente”. Isso teria ocorrido em 2008 com o então embaixador norte-americano no Iraque, Ryan Crocker, e com o general David Petraeus. Outro telegrama assinala que como o rei Hamad bin Isa al Khalifa do Bahrein, onde os EUA mantém a base de sua V Frota, insistiu com Washington para que o programa nuclear iraniano “deve ser detido”. (Aurora).


VISÃO JUDAICA

Silvan Shalom, vice-premiê de Israel em visita ao Brasil egundo homem mais importante do governo israelense, o vice-primeiro-ministro e ministro do Desenvolvimento Regional e de Desenvolvimento do Neguev e da Galiléia, Silvan Shalom, esteve no Brasil de 25 de novembro a 2 de dezembro e cumpriu extensa agenda no Rio, São Paulo e Brasília, incluindo encontros com o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, e o governador de São Paulo, Alberto Goldman. Ele veio a convite do Keren Kayemet LeIsrael-KKL [Fundo Nacional Judaico]. No Rio, primeira etapa de sua visita, reuniu-se com o ministro do Desenvolvimento, Miguel Jorge, encontrou membros da comunidade judaica, esteve na cerimônia de shabat da Associação Religiosa Israelita (ARI) e visitou o Colégio A. Liessin. Durante sua estadia, ele e sua esposa Judy

foram acompanhados pelo embaixador de Israel no Brasil, Giora Becher, e pelo cônsul-honorário de Israel no Rio de Janeiro, Osias Wurman. Em São Paulo, o vice-premiê foi recebido no dia 30 de novembro pelo governador Alberto Goldman, para discutir as relações entre Brasil e Israel. “Os israelenses estão programando a vinda de uma delegação de empresários para 2011. Nós também estamos organizando uma viagem de empresários brasileiros a Israel. Existe uma complementaridade interessante. Israel é um dos líderes mundiais no setor de tecnologia, inclusive na área de telecomunicações”, disse o governador. O vice-premiê também encontrou o prefeito Gilberto Kassab, com quem tratou do estabelecimento de programas de cooperação cultural entre Israel e a cidade de São Paulo. Estiveram presentes aos dois encontros o cônsul-geral de Israel em São Paulo,

Ilan Sztulman; o vice-presidente executivo da Federação Israelita do Estado de São Paulo (Fisesp), Ricardo Berkiensztat; e Sandra Rejwan, representante do partido israelense Likud (ao qual são filiados Silvan Shalom e o premiê Binyamin Netanyahu) para a América Latina. Na capital paulista, em almoço promovido pelo consulado de Israel, Shalom encontrou lideranças da comunidade judaica. A Câmara Brasil-Israel foi representada por Mario Fleck, vice-presidente. Outro objetivo da visita do vice-premiê foi divulgar um projeto do KKL, que visa assentar famílias na região do deserto do Neguev, no sul de Israel. O ministro foi o convidado especial na comemoração dos 110 anos do KKL, realizada em São Paulo. No dia 1º, Shalom viajou a Brasília para encontro com Celso Amorim. Ele retornou no dia 2 de dezembro a Israel.

Demonização de Israel encenada com lance sangrento na TV oficial palestina Itamar Marcus e Nan Jacques Zilberdik *

Um documentário da TV oficial da Autoridade Palestina sobre paramédicos palestinos tentou mostrar experiências típicas de um médico, incluindo uma cena filmada com atores que mostra um palestino sendo intencionalmente alvejado por invisíveis soldados israelenses, e depois mostra-o sendo baleado na testa. (vozes em hebraico são ouvidas ao fundo justamente para dar a impressão que os atiradores são israelenses). O vídeo indica que os soldados israelenses tinham

a intenção de alvejar o jovem, com um pequeno círculo vermelho de raio laser marcando sua testa. Quando ele é “atingido”, um grosso jorro de “sangue” é lançado para fora de um “buraco” em sua cabeça, como se fosse uma mangueira de água ou uma torneira. Quando os créditos são apresentados no final do programa, a filmagem mostra um membro da equipe de vídeo bebendo o “sangue” falso antes de aplicá-lo como maquiagem na testa do ator (muito vivo, por sinal), talvez para reforçar o fato de que o vídeo fora encenado. Para assistir o vídeo acesse http://palwatch.org/ main.aspx?fi=758&fld_id=758&doc_id=3658

PERGUNTE AO RABINO

* Itamar Marcus e Nan Jacques Zilberdik dirigem a ong PMW (Palestinian Media Watch – Observador da Mídia Palestina).

P: Gostaria de saber sobre o comportamento certo no período do velório. Na nossa comunidade as pessoas costumam chegar à capela onde o corpo esta sendo velado, para dar apoio aos seus amigos num momento de perda de um ente querido. Mas francamente o ambiente muitas vezes me parece mais como uma feira do que um velório, pois as pessoas se envolvem em conversas particulares, muitas vezes elevando suas vozes, até chegando a causar constrangimento aos enlutados que estão aflitos e sensíveis. Visitei uma capela judaica em cidade grande no exterior onde apesar de terem centenas de pessoas prestando os últimos respeitos ao falecido, todos estavam recitando Salmos em silêncio, sensibilizados com o ocorrido.

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Jornalista turco inocenta Israel Livro de jornalista turco, testemunha ocular, diz que integrantes do Marmara Mavi planejaram o ataque aos israelenses para forçar confrontação com soldados Barry Rubin *

Temos, agora, uma fonte definitiva sobre o caso Marmara Mavi e a prova de que Israel estava certo. O navio era controlado por jihadistas radicais que planejavam atacar as forças israelenses e provocar o confronto. A fonte é um livro, incluindo fotos, escrito por um jornalista turco chamado Çefik Dinç que estava no navio. Dinç é simpático com os militantes, mas também aponta para a responsabilidade do governo turco e o IHH, o grupo islâmico que patrocinou a viagem, pela crise. Seu texto e as imagens mostram os jihadistas tirando barras de ferro e porretes de madeira, preparando-se para a batalha, batendo em soldados israelenses, e tentando jogar um deles no mar. Dinç também relata que os soldados israelenses abriram fogo apenas na tentativa de resgatar os soldados tomados como reféns. Sua descrição corresponde, em quase todos os detalhes com os que foram dados por Israel. Ele escreve: “Quando todos os que tinham recebido uma tarefa e assumiram seus postos, os porretes foram retirados de um lugar escondido... Além dos tacos de madeira que eu tinha visto antes, agora havia também barras de ferro”. Os passageiros

que optaram por não participar do ataque foram para as plataformas mais baixas. Os três primeiros soldados que desembarcaram foram agredidos e arrastados para o andar superior. Quando eles tentavam jogar um soldado no mar, alguns passageiros não jihadistas intervieram e os impediram, outros tentaram parar os espancamentos. O relatório de um centro de pesquisa israelense muito confiável que traduziu trechos do livro também contém informações mais detalhadas do que as que eu havia vi antes, do lado israelense, sobre o que aconteceu: “Os agentes do IHH e seus colaboradores dispararam balas reais, logo que os primeiros soldados desceram do helicóptero. Um soldado das Forças de Defesa de Israel (FDI) foi ferido no joelho por uma arma que não era das FDI, logo que ele pisou o convés do navio... Agentes do IHH usaram três armas tomadas dos israelenses contra outros soldados das FDI. Parece que dois deles foram atirados ao mar, assim como uma ou duas armas que não eram das FDI, e pelo menos uma dos quais foi utilizada para disparar contra os comandos que desceram do helicóptero”.

* Barry Rubin é diretor do Center Global Research in International Affairs (GLORIA) e editor de Middle East Review of International Affairs (MERIA) Journal. O site do Centro GLORIA é http://www.gloria-center.org e o blog de Rubin Reports, pode ser lido em http://www.rubinreports.blogspot.com.

R: A partir do instante do falecimento até o enterro é proibido deixar o corpo desacompanhado, este deve estar sempre acompanhado por um Shomer (responsável pela guarda), tanto durante o dia quanto durante a noite. Este Shomer deve recitar Salmos e outras preces, próximo do falecido constantemente, sendo proibido conversar sobre assuntos que não digam respeito ao enterro e suas preparações perto do morto. As pessoas que se encontram no local estão totalmente proibidas de conversar, cumprimentar, comer, fumar e até de realizar qualquer estudo ou mitsvá perante o corpo. Quem não tem certeza se conseguirá se portar da maneira adequada não deve permanecer no local. O ideal é que quem estiver perante o corpo recite Salmos e demais preces em prol do falecido.

P: Qual a postura judaica a respeito da cremação? BS"D R: A cremação do corpo é totalmente proibida pelo judaísmo, Quem a pratica transgride uma proibição da Torá além de demonstrar que não acredita na ressurreição e na vida pós-morte uma das bases do judaísmo - deixando de merecê-las. Além disto, a cremação é considerada um costume idólatra. Se a cremação foi feita segundo o pedido do falecido, as cinzas não podem ser enterradas em cemitério judaico. Neste caso, as leis do luto também não devem ser seguidas. Também não se deve recitar o Kadish por ele na Sinagoga nem acender uma vela por sua alma.

Se você tiver dúvida sobre alguma questão envie a sua pergunta para: pergunteaorabino@chabadcuritiba.com ou visaojudaica@visaojudaica.com.br


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As luzes de Chanucá em Curitiba A comunidade Israelita de Curitiba acendeu as velas de Chanucá no Centro Israelita do Paraná e na Praça 29 de março, em evento tradicional realizado há mais de 25 anos pelo Beit Chabad com o apoio da Prefeitura e das entidades judaicas locais. No CIP, a festa foi realizada no dia 1/12 à noite, quando foi acesa a primeira vela de Chanucá em meio a uma grande quantidade de membros da comunidade. No domingo, dia 5/12, foi a vez de acender as luzes da chanukiá gigante montada na Praça 29 de Março. Estiveram no palco de onde a festa foi comandada, os rabinos Yossef Dubrawsky, do Beit Chabad, Pablo Berman, da Sinagoga do CIP, Ester Proveller, presidente da Kehilá; Francisco Grupenmacher, presidente do Beit Chabad Curitiba e Ari Zugman, diretor da Federação Israelita do Paraná.

Parte do público presente à Praça 29 de Março onde mais uma vez o Beit Chabad de Curitiba realizou sua festa de Chanucá

A chanukiá da praça com a quinta luz acesa no domingo, 5/12

O rabino da comunidade Pablo Berman acende o chamash de Chanucá, observado pelo rabino Yossef Dubrawsky, do Beit Chabad de Curitiba e por Ari Zugman, da Federação Israelita do Paraná

Crianças caracterizadas com roupas da época fizeram uma pequena apresentação sobre Chanucá

A partir da esquerda, Francisco Grupenmacher, presidente do Beit Chabad Curitiba; rabino Pablo Berman, da sinagoga do CIP; rabino Yossef Dubrawsaky, do Chabad; Ari Zugman, da Federação Israelita do Paraná; Ester Proveller, presidente da Kehilá; e Daniele S. Danielewicz, da comunicação da Kehilá

A Banda da Polícia Militar do Estado do Paraná abrilhantou a festa de Chanucá na praça tocando os hinos nacionais de Israel e do Brasil

O Rabino Pablo Berman cantou músicas de Chanucá no primeiro dia da festa no Centro Israelita

Órgão com o tecladista Hélio e violino com Íris Knopfholz animaram a primeira noite de Chanucá com música judaica, sob o comando do Rabino Pablo Berman

O salão de festas do CIP ficou lotado com os membros da comunidade que foram em peso prestigiar a festa de Chanucá

As crianças também cantaram canções ao som do violão da morá Marina, em Chanucá

Ester Proveller, presidente da Kehilá, e Leo Kriger, vice-presidente da Federação Israelita do Paraná, e outras dirigentes de entidades acendem a primeira vela de Chanucá na festa do CIP


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