Revista Visão - 250 Anos de Lages

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foto | Gugu Garcia

Quem era Corrêa Pinto? Quanto chegou a Lages, em 22/11/1766, Antônio Corrêa Pinto de Macedo tinha 47 anos. Ele nasceu no interior de Portugal (na região de Braga), no dia 12 de junho de 1719, filho de Luiz Côrrea Pinto e Antônia de Souza Macedo. Com 13 anos, mudou-se para Lisboa. Poucos meses depois, veio para o Brasil e foi morar com um tio na cidade do Rio de Janeiro. Com 14 anos, mudou-se para “as Minas Gerais”. Naquele período, aquela região do Brasil fervilhava de gente atrás da “febre do ouro”. E Côrrea Pinto, mesmo jovem, lidava como negociante de ouro e de prata. Aos 19 anos, mudou-se para São Paulo. E em seguida para Santos (viveu pouco tempo nessas cidades – sempre comercializando alguma coisa). E pouco depois, em 1738, rumou para liderar várias campanhas na região de São Pedro do Rio Grande (RS). No período de 1738 até 1959 – durante 21 anos – Côrrea Pinto passava o maior tempo nas terras do Rio Grande do Sul. E neste período, fez pelo menos três viagens a São Paulo negociando gado, cavalos e muares (virou tropeiro). Ele adquiria os animais no Rio Grande do Sul (região de Viamão ou nas reduções jesuíticas – gado criado pelos indígenas e pelos padres jesuítas). E transportava em tropas, passando por Lages e chegando a Sorocaba (SP), onde eram comercializados. Essas viagens, de acordo com os registros históricos, não demoravam menos do que 6 meses.

Para fundar a Vila de Lages, Corrêa Pinto trouxe consigo muitos animais, além de grande número de escravos e algumas famílias desbravadoras.

Casou com 40 anos Em uma dessas viagens a São Paulo, no dia 26 de julho de 1759, ele casou com a jovem Maria Benta de Oliveira (os documentos não falam a idade – só citam que era menor). Foi na Vila Santana de Parnaíba (próximo a São Paulo). Na época (quando casou), Antônio Côrrea Pinto tinha 40 anos de idade. E quando chegou em Lages, sete anos depois, estava com 47. A viagem que ele fez de São Paulo (quando foi nomeado Capitão-Mor) até Lages, demorou pelo menos quatro meses para ser realizada.

A Vila de Lages começou em 1740 O historiador Licurgo Costa diz que Lages começou a ser povoada porque era caminho de parada e de descanso das tropas. Vindos do Rio Grande do Sul, esses animais se desgastavam muito com o deslocamento. E precisavam parar algum tempo para se recuperar, o que podia levar até seis meses já que Lages tinha ótimas pastagens. Nessas paradas, os tropeiros por aqui permaneciam. E alguns até se arriscavam a vender alguns animais para quem vinha comprá-los antes mesmo de sua chegada a Sorocaba. Então, Lages começou a ser estabelecida a partir de 1740, de acordo com esses relatos. E, aos poucos, além da pequena feira de animais, também foram sendo criados alguns comércios. Logo que chegou a Lages, com a esposa, muitos escravos e algumas famílias (que também foram legalizando terras devolutas para elas próprias), Corrêa Pinto implantou por aqui um moinho de fubá (farinha de milho), uma ferraria e uma olaria. 79

L AG E S

250 ANOS

R E V I S T AV I S Ã O

Viveu apenas 17 anos na cidade Antônio Corrêa Pinto viveu apenas 17 anos em Lages. Ele morreu no dia 28 de setembro de 1783, aos 64 anos. Deixou a esposa Maria Benta de Oliveira como viúva. E nenhum filho como herdeiro. Os bens que possuía, deixou em testamento à viúva, com uma ressalva explícita. Se ela casasse novamente (o que acabou acontecendo visto que era bem mais nova do que ele), deveria deixar metade de seus bens com as irmãs dele, ou com os sobrinhos (filhos das irmãs). E a outra metade poderia usufruir. O fundador de Lages foi sepultado no dia 29 de setembro de 1783, na Vila de Lages. E seu corpo foi enterrado na igrejinha da época, “acima do arco e ao pé dos degraus do presbitério”, cita o livro de Licurgo Costa. Seus restos mortais estão hoje depositados na Catedral da cidade, juntamente com os restos mortais de Frei Egídio Lother (que começou a construção da Catedral). Em homenagem ao fundador da cidade – um desbravador – há vários símbolos que lembram o seu nome. O primeiro deles é a cidade e o município de Correia Pinto, onde ele teria se estabelecido para iniciar a construção da cidade (às margens do Rio Canoas). Há também uma estátua em bronze, no início da Rua Correia Pinto (com três metros de altura e pesando 500 kg), implantada no local no dia 22/11/1966 (quando Lages completou 200 anos de fundação). E a própria rua em sua homenagem, no centro da cidade, além da denominação do aeródromo da cidade – que leva o nome de “Aeroporto Federal Antônio Corrêa Pinto de Macedo”.


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