Mulheres - Revista Visão - Novembro 2017 edição especial

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edição especial

novembro / 2017



Revista VisĂŁo


E DI TO RI AL

revista visão

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ssa edição especial da Revista Visão é histórica. Seu conteúdo é exclusivo sobre mulheres. Ao tomarem conhecimento que faríamos uma publicação do gênero, algumas pessoas nos questionaram: “Mas por que esse tema mereceria uma publicação exclusiva”? A eles, respondemos: porque as mulheres são especiais, enfrentam dupla e até tripla jornada de trabalho; são sensíveis, conseguem fazer várias coisas ao mesmo tempo e tem muitíssimo a nos ensinar. Não se trata aqui de fazer distinção ou de privilegiar um sexo sobre o outro. Ao contrário. Mulheres e homens, sem exceção, merecem respeito, reconhecimento, oportunidades e igualdade de tratamento. E nós, com essa publicação, queremos valorizar cada vez mais as mulheres que em suas mais diversas profissões e atividades são exemplos de vida, de luta, de busca, de superação. Suas histórias, com certeza, irão nos inspirar. Gostaríamos de destacar aqui não só as 26 mulheres que aceitaram nos-

so convite para compartilhar suas vidas e histórias nestas páginas. De nossa parte, queríamos que fossem 500, 1000 ou 5000 mulheres. Afinal, quantas delas não estão nas páginas desta revista e teriam histórias tão ou mais bonitas, marcantes e genuínas do que estas que escolhemos. A elas todas, nossa admiração, respeito, carinho, fé e força. Queremos que cada vez mais vocês, mulheres, ocupem espaços no trabalho, na política, na economia, nos negócios, nas igrejas, nos esportes... Com certeza, se tivéssemos mais mulheres lá no Congresso Nacional, por exemplo, não haveria tantas notícias de corrupção, negociatas, propinas e mal feitos. Não que as mulheres sejam imunes a isso. Mas, com certeza, se envolvem muito menos em artimanhas desta natureza. A equipe da Revista Visão fez esta revista com muito amor e capricho. Esperamos que todos vocês gostem. No ano que vem, prometemos uma nova edição especial sobre outro assunto. Muitíssimo obrigado pela oportunidade que nos deram de conhecer melhor a história de cada uma e de nos inspirar. //// LORENO SIEGA Diretor de Redação

A Edição Especial Mulheres é uma publicação da Revista Visão, que busca dar visibilidade às mulheres serranas que são referência nos mais diversos segmentos. Tornar essas mulheres mais conhecidas e reconhecidas serve de estímulo para que a sociedade se desenvolva e busque sempre mais. Novembro // 2017 Fotos Capa // Gugu Garcia

EXPEDIENTE Diretor Geral .....................................Loreno Siega Diretor de Redação .........................Loreno Siega — REG. PROF. 2691/165V-PR Textos ................................................Loreno Siega Fotos..................................................Gugu Garcia Proj. Gráfico e Diagramação..........Chelbim M. Poletto Morales ............................................................Eder Pitz de Lima Comercial..........................................Áurea Pereira Assinaturas ......................................Luiz Wolff Administrativo .................................Adriana da Luz Distribuição ......................................Robinson Marcelino Impressão Tiragem

SulOeste 3.000 exemplares

FALE CONOSCO Redação R. Dr. Walmor Ribeiro, 115 | Coral 88.523-060 | Lages/SC | 49 3223.4723 www.revistavisao.com.br | portal.revistavisao.com.br facebook.com/revistavisao | twitter.com/revistavisao instagram.com/rvisao | contato@revistavisao.com.br

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ÍN DI CE 10

AIDAMAR SEMINOTTI HOFFER

34

KETRIN RAMOS

12

ANDRÉIA DOS SANTOS, MAYCON

36

LOURDES DAMIÃO

14

BEATRIZ BLEYER MONTEMEZZO

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MAITÊ VASSEN SCHURMANN

16

CARMEN EMÍLIA BONFÁ ZANOTTO

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MARIA DO CARMO MÂNICA

20

CLENIR SPIECKER

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MÔNICA MORAES ORSATTO

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CRISTINA KEIKO YAMAGUCHI

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NALU TEREZINHA JÚLIO

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DÉBORA BOMBILIO

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NEIDE BUNN GUGELMIN

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EDIANE RAMOS DE LIZ BACHMANN

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NEUSA LOPES DE OLIVEIRA

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ELOILSE OLIVEIRA

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PRISCILA FERNANDES

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ISABEL CHRISTINA BAGGIO

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RACHEL SENS GAMBORGI VALLIM

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JANE CORBELLINI ROVARIS

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ROSANI RODRIGUES POCAI

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JULIANA SCHMITZ PAES DE LIMA

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ROSI MARIA RODRIGUES DE SOUZA

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KATJA VOLKERT DAL PONT

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SANDRA MARIA JÚLIO GONÇALVES

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Marie Curie, cientista polonesa, pioneira na radioatividade

LUTA

POR MAIS

ESPAÇO ÀS MULHERES DEVE CONTINUAR

EMPODERAMENTO FEMININO. ESSA EXPRESSÃO TEM GANHADO DESTAQUE NAS MÍDIAS NOS ÚLTIMOS ANOS. SEMPRE USADA PARA TRATAR DAS DESIGUALDADES ENTRE MULHERES E HOMENS E PARA DESTACAR A IMPORTÂNCIA DAS MULHERES ENCONTRAREM SEU ESPAÇO NA SOCIEDADE. por ////

LORENO SIEGA e COLABORADORA

fotos ////

DIVULGAÇÃO

o dicionário, a palavra empoderar é descrita como um verbo que se refere ao ato de dar ou conceder poder para si próprio. Na sua grande maioria, a palavra refere-se às mulheres que tem consciência das desigualdades vividas e da dificuldade de ocupar espaços, que há tantos anos, são dominados por homens. Muitos não entendem a necessidade de tanto destacar a cedência de espaço e abrir portas para que as mulheres ocupem os lugares, tenham voz e mostrem a sua competência. As desigualdades sociais são um fardo carregado pelas mulheres desde que o mundo é mundo. Homens sempre foram os responsáveis por dar o sustento da casa, trazer dinheiro, zelar pela família. Enquanto faziam tudo isso, eram elas que ficavam em seus lares e cuidavam dos filhos, lares e ainda por cima, conviviam com abusos sofridos não só pelos companheiros, mas também por familiares.

LIBERDADE FEMININA NAS TRIBOS revista visão

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Madre Tereza de Calcutá, religiosa albanesa, considerada um mito humanitário

Para a mulher brasileira, nem sempre foi assim. A mulher tupinambá, uma das primeiras tribos indígenas encontradas pelos portugueses após a chegada ao Brasil, era livre

para escolher seus parceiros e também poderia rejeitar um pedido de casamento. Porém, quando casadas, não poderiam praticar adultério. Já a poligamia dos homens era uma forma de prestígio. Entretanto, tinham a liberdade de expulsar os maridos de casa quando não queriam mais viver com eles, assim como os homens possuíam esse direito. Durante a gravidez, mantinham o ritmo de trabalho normal, até o início do parto. Após o nascimento, o homem fazia o resguardo, para que não fossem acometidos por cólicas, e eram tratados como doentes, enquanto a mulher voltava à sua rotina normal de trabalho. Para não demonstrar fraqueza em frente aos companheiros durante o dia-a-dia de trabalhos na tribo, quando se sentiam incomodas com a presença de seus filhos ou a criança chorava constantemente, acabavam os sacrificando. Esse ato era uma forma de se mostrarem capazes de continuar

na condução do seu trabalho, sem as interferências e também não passarem a imagem de ser mais fracas que os homens, pois haviam se tornado mães.

EUROPEUS E A CULTURA MACHISTA Essa pequena liberdade foi excluída após a chegada dos portugueses, que trouxeram consigo os costumes europeus, que impediam que mulheres trabalhassem e até mesmo tivessem acesso à educação. Desde muito jovens eram ensinadas a “preservar” seu corpo e imagem e orientadas a não se expor sexualmente para o sexo oposto.


Margaret Thatcher, política britânica conhecida com a Dama-de-Ferro

Irmã Dulce, religiosa brasileira, que fez muitas ações de caridade e assistência Maria da Penha, lutou para que seu agressor fosse condenado e inspirou a criação da Lei contra a violência da mulher

//// Escolhemos alguns exemplos inspiradores de mulheres. Graças a elas, o mundo tem se tornado um lugar melhor e com menos desigualdade

Casavam muito cedo e geralmente, em casamentos arranjados de acordo com os interesses das famílias. Além de que seus maridos eram, geralmente, homens mais velhos. As regras de moral e bons costumes da época faziam com que a mulher fosse julgada por seus hábitos dentro e fora da igreja. A forma de se vestir também era um modo de caracterizar a boa conduta de uma mulher, sendo que ela deveria estar vestida com roupas consideradas ideais para os padrões da época.

Os relacionamentos extraconjugais praticados por mulheres casadas eram atos altamente repudiados. Caso o homem encontrasse sua mulher o traindo, era protegido pela lei e moral para praticar seu assassinato, assim como o de seu amante. Além de que, poderia enviar sua esposa para o Recolhimento, uma espécie de internamento, servia também como forma de manter suas mulheres sob vigília, enquanto os homens faziam viagens a trabalho ou até mesmo para que continuassem suas vidas sem a “interferência” da esposa.

Tarsila do Amaral, artista plástica, considerada uma das mais importantes representantes da pintura brasileira

LAGES, CAMPEÃ CATARINENSE DE VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER Na Serra Catarinense, por quase um século, a cidade teve como parte mais forte de sua economia, a criação de gado e as grandes fazendas. E isso teve uma grande influência na construção social tanto do homem quanto da mulher serrana. Na chamada cultura de fazenda, os homens eram figuras importantes e de forte representatividade. Filhos homens eram responsáveis por continuar a cuidar dos bens da família, enquanto as mulheres se preparavam para casarem com pouca idade e passar a viver para manter o bem-estar do esposo.

Essa cultura ainda está enraizada na atual conjuntura das cidades que formam a Serra Catarinense. Resultado disso é o legado patriarcal que ainda persiste e que é berço do machismo, que traz à tona o lado obscuro da violência, principalmente em Lages. No Mapa da Violência divulgado em 2012, Lages foi destacada como a cidade com o maior número de mortes de mulheres por violência doméstica, em todo o Estado de Santa Catarina e 17ª em todo o Brasil. Os números ressaltam essa realidade. No ano passado, foram 798 denúncias de ameaças contra mulheres e 842 casos de agressão, conforme dados da Secretaria de Segurança Pública do Estado. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), dos 158 mil habitantes de Lages, 80 mil são mulheres (um pouco mais da metade). Ou seja, em cada 95 mulheres lageanas, uma foi agredida em 2016.

AS MULHERES NA POLÍTICA Não apenas nas questões de violência que a cultura machista influenciou o destino das mulheres serranas. A representatividade política também sempre foi muito pequena. Na última eleição, em 2016, apenas uma mulher tomou posse como prefeita na Amures. Aos 34 anos, Fernanda de Souza Córdova foi eleita na cidade de Palmeira.

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Em Lages, maior cidade da Serra Catarinense, em 251 anos de história, apenas uma mulher chegou ao Executivo, como vice-prefeita. Foi Terezinha Fornari Carneiro (PMDB), eleita para vice de Décio Ribeiro, entre os anos de 1997 a 2000. Entretanto, a falta de representantes femininas nos executivos não é uma exclusividade serrana. Na última eleição, no Brasil (que tem pouco mais de 5.500 municípios), 4.898 homens se elegeram para as prefeituras brasileiras. Enquanto isso, apenas 641 mulheres passaram a ocupar os cargos. Isto representa apenas 11,57% do total das vagas no Brasil. O ranking mundial da participação feminina no parlamento, revela que dos 138 países analisados pelo Projeto Mulheres Inspiradoras, com base no banco de dados primário do Banco Mundial (Bird) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o Brasil ocupa a 115ª posição. Ruanda, Bolívia, Cuba, Islândia, Suécia, Senegal, México, África do Sul, Equador e Finlândia são as nações que apresentam maior percentual de participação feminina. No parlamento brasileiro, há somente 10% de mulheres (50 deputadas federais mulheres num total de 513 parlamentares). Uma dessas poucas mulheres na Câmara Federal, felizmente, é uma lageana: Carmen Zanotto. Apesar desse resultado, o Brasil ficou na 97ª posição entre os países que mais elevaram a participação de mulheres no Parlamento. Mesmo que a participação feminina na política brasileira mantenha expansão média de 2,7% ao ano, a orga-

É o tempo médio de estudo da mulher brasileira. E 7,6 anos dos homens.

nização não governamental PMI sinaliza que o Brasil só deverá alcançar a igualdade de gênero no Parlamento Federal em 2080. O país enfrenta 30 anos de atraso porque até hoje não atingiu a média mundial de 1990, de 12,7% de representantes femininas no Parlamento. Na comparação, o Brasil se aproxima dos países do Oriente Médio e do norte da África, com 8,9% e dos países árabes com 9,5%, respectivamente.

PREFEITOS na Serra Catarinense

APENAS 1 MULHER

BAIXA PARTICIPAÇÃO NOS PARLAMENTOS Nas últimas eleições para a Câmara dos Deputados, em 2014, as mulheres representaram 32% dos candidatos e os homens 68% do total. O Estado com maior percentual de candidatas a deputada federal foi o Amapá, com 574 candidatas. O último foi Sergipe, com 406 candidatas. Segundo o relatório, 74.817 mulheres se candidataram ao cargo de deputada estadual em 2014, o equivalente a 31% do total de 238.057. Na Assembleia Legislativa de Santa Catarina, dos 40 deputados, apenas três são mulheres. Ana Paula Lima (PT), Dirce Heiderscheidt (PMDB) e Luciane Carminatti (PT) são as representantes femininas. Luciane é também a coordenadora da Bancada Feminina, que tem como foco o combate à violência contra a mulher e o fortalecimento dos debates voltados às políticas públicas das mulheres catarinenses.

DEPUTADOS ESTADUAIS APENAS 3 MULHERES

Na média, a Mulher ganha

do salário dos homens. Nos cargos de chefia, a proporção fica em 68% (ainda menor).

Para o cargo de vereador, na última eleição realizada em 2016, as mulheres somaram 153.314 candidatas em todo o país, contra 310.061 candidatos homens. Em Santa Catarina, das 5.019 candidatas, 391 foram eleitas, no ano passado. Em Lages, na última eleição, a vereadora Aidamar Hoffer (PSD) foi a única mulher eleita para o seu terceiro mandato consecutivo. Além disso, Aida recebeu 16 votos na primeira sessão de 2017 e foi eleita, pela primeira vez na história, presidenta da Câmara de Vereadores. O número de vereadoras eleitas na história de Lages também é pequeno. Desde 1976, o município teve apenas 14 vereadoras. A primeira eleita foi Terezinha Carneiro, no ano da primeira votação direta.

DESIGUALDADE NO MUNDO DO TRABALHO É o ano que o Brasil deverá alcançar a igualdade de gênero no Parlamento Federal.

A falta de representatividade feminina não é exclusividade da política. Atualmente, no Brasil, as mulhe-


//// Grandes mulheres inspiram. Seja qual for sua área de atuação. Como a Marta, ícone do esporte mundial; Terezinha Carneiro, percursora na política serrana; a Ministra Cármen Lúcia; Raquel Dogde, a Procuradora-Geral da República e também a Dona Ernesta Siega, que em sua simplicidade e abnegação, preparou uma família inteira para a vida

res correspondem a 43,8% de todos os trabalhadores brasileiros. Já em níveis hierárquicos mais altos, representam 37% dos cargos de direção e gerência. Nos comitês executivos de grandes empresas, elas são apenas 10% no país. E mesmo que exercendo as mesmas funções que os homens, recebem consideravelmente menos. Na média, as mulheres no Brasil recebem 76% do salário dos homens. Nos cargos de chefia, a proporção vai para 68%, já que, quanto mais alto o cargo e a escolaridade, maior a desigualdade. No entanto, a escolaridade feminina é maior de acordo com a média da população. A mulher brasileira tem oito anos de estudos, em média. E o homem, 7,6 anos. No mundo, os índices são ainda piores. Segundo dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT), apenas 5% dos cargos de chefia são para mulheres. Um exemplo disso é a participação de mulheres nos cargos máximos da justiça brasileira. Dos 47 presidentes do Supremo Tribunal

Federal (STF), apenas dois foram exercidos por mulheres. Em 2006, Ellen Gracie assumiu o cargo até 2008 e no ano passado, a ministra Cármen Lúcia foi eleita e ocupará a cadeira até 2018. Neste ano, a primeira mulher foi empossada como Procuradora-Geral da República. A advogada Raquel Elias Ferreira Dodge foi escolhida recentemente pelo presidente Michel Temer para substituir Rodrigo Janot no cargo. A falta de espaços para as mulheres é um problema no mundo inteiro, que ainda luta para quebrar culturas machistas que excluíram durante anos a necessidade da representação feminina. O Feminismo, movimento social que luta pela representatividade do gênero desde o começo do século XX, é importante em encontrar o caminho e espaço para as mulheres, mostrando que é preciso, sim, a participação feminina nos mais variados setores, em posições de destaque – e que a igualdade de gênero é um direito que deve, ainda, ser conquistado.

LUGAR DE MULHER É ONDE ELA QUISER As mulheres que já ocupam esses escassos espaços de destaque são de grande importância para a quebra do estigma de que lugar de mulher é longe do trabalho. Na Serra Catarinense, encontramos diversos exemplos de mulheres que, com muita luta, resistência e resiliência, conquistaram seus espaços e buscam, todos os dias, fazer a diferença e construir locais que são o resultado da força feminina e da qualidade profissional. A seguir, você confere relatos da trajetória de alguns desses exemplos de mulheres de sucesso, nos mais variados segmentos da sociedade. Se fôssemos relatar todos os exemplos merecedores de destaque, nossa revista especial Mulheres ficaria extremamente volumosa. Em todo caso, pedimos escusas às mulheres guerreiras e lutadoras que não estão nesta publicação.

Entre elas, embora não seja daqui da Serra Catarinense, lembro-me da minha saudosa e querida mãe, Ernesta Rossetto Siega, falecida no começo de 2017 com 83 anos, agricultora desde que se conheceu por gente. Ela começou a trabalhar na casa dos pais com 10 anos (ajudando a cuidar da “penca” de irmãos e aprendendo os afazeres domésticos com minha avó materna). Nunca recebeu salário em vida. Criou sete filhos (e por muitos anos também cuidou do sogro, viúvo. E de um cunhado, que era solteiro). E só viu o gostinho de ter uma remuneração mensal e constante quando, depois dos 60 anos, conseguiu se aposentar como trabalhadora rural. A Revista Visão Mulheres é uma publicação especial que fazemos com muito amor a todas vocês, mulheres guerreiras, lutadoras, abnegadas... Com mais ou com menos idade, de todas as classes sociais, credos, raças e matizes. A todas vocês, nosso carinho e gratidão.

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Seminotti

INQUIETA, AIDAMAR NÃO PARA. É 2 DE OUTUBRO, DATA EM QUE A CÂMARA MUNICIPAL DE LAGES, DA QUAL AIDA É A PRESIDENTE, PROMOVE A ABERTURA OFICIAL DAS ATIVIDADES DO OUTUBRO ROSA NA CIDADE. NO RITMO DE SUA ÚNICA VEREADORA, O PODER LEGISLATIVO TRABALHA DE MANEIRA DINÂMICA E HARMÔNICA PARA OFERECER BOM ATENDIMENTO À POPULAÇÃO, QUE COMPARECE À SESSÃO, E TAMBÉM PARA ATINGIR O NÍVEL DE EXCELÊNCIA BUSCADO PELA PRESIDÊNCIA DESTA CASA. por ////

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om o Plenário Nereu Ramos lotado, Aida Hoffer deixa de lado o perfil exigente e transparece sua sensibilidade. Após a apresentação de um vídeo com relatos de mulheres acometidas pelo câncer de mama, lágrimas escorrem de sua face e a voz fica embargada ao lembrar-se de uma amiga que não resistiu à doença. Ao final da sessão, a presidente do Legislativo abre um sorriso e agradece a presença dos participantes e o comprometimento de cada um dos colaboradores e assessores da Câmara. “É 8 ou 80, não existe meio termo com ela”, garante alguém que acompanha Aida de perto. Ao passo que é exigente e perfeccionista, também é emotiva, engajada e atenciosa, faz questão de atender a todos, não importando o assunto. Tem a personalidade forte, o que

EVERTON GREGÓRIO

a faz admirada por uns e respeitada por outros. É religiosa, gosta de animais e da natureza. É apaixonada por suas filhas, Geórgia e Jamile, e é junto delas e de seu esposo Arildo que prefere passar seus momentos de lazer.

Líder da Educação e na área sindical Nascida em 29 de maio de 1961, na cidade de São Joaquim, Aida não demorou a buscar sua profissionalização. Aos 17 anos ingressava no curso de Pedagogia na Universidade do Planalto Catarinense. A paixão pelo magistério foi imediata e se manteve ao longo dos 33 anos de atuação profissional, já especialista em Educação e Orientação Educacional, e com mestrado, no qual discorreu sobre a participação da mulher na política lageana.

HOFFER Com apenas um ano de atuação no magistério, venceu a primeira eleição para diretores da rede municipal de ensino. Após nove anos como diretora da EMEB Emília Furtado Ramos, assumiu a direção da Associação Municipal dos Professores (ALPROM) e, em seguida, tornou-se a vice-presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais. Em 1997 foi uma das fundadoras do SIMPROEL (Sindicato Municipal dos Profissionais em Educação de Lages), do qual foi a primeira presidente. Em 2001, aceitou o convite para ser secretária municipal de Educação na gestão do prefeito Raimundo Colombo, função que exerceu até 2004.

Três mandatos como representante do povo e comando do Legislativo A necessidade da categoria dos professores em ser representada, resultou na escolha de Aida Hoffer como candidata a vereadora nas eleições de 2008, sendo a terceira mais votada, com 2.828 votos. O sucesso se repetiu em 2012, e depois


em 2016, com a terceira eleição consecutiva – recordista entre os atuais legisladores de Lages – 1.772 votos e a 4ª posição no pleito eleitoral. O resultado das eleições de 2016 representou uma mudança significativa na trajetória política de Aida. Filiada ao Partido Social Democrático (PSD), o mesmo do prefeito Antônio Ceron e do governador Raimundo Colombo, a vereadora vis-

AIDA

P O R

lumbrava a possibilidade de ser a 1ª. Presidente Mulher na história da Câmara de Lages, fato que se concretizou no primeiro dia de 2017. “Esta é mais uma conquista para as mulheres na política em Lages, comemora”.

1ª Mulher Presidente da Câmara de Vereadores O mandato de Aida Hoffer mostra uma gestão transpa-

AIDA

Enquanto professora, sou muito feliz e realizada. Acredito que como educadores que transmitem o conhecimento vamos além, afinal, ensinamos valores para nossos estudantes, que os carregam para a vida toda. Acredito que só alcança a paz àquela pessoa que faz o que realmente ama. Em outras palavras, eu diria: ‘Vocação acertada, vida feliz’. Considero-me uma pessoa atenta às necessidades dos outros e luto pela igualdade entre classes, raças e sexos. É necessário viver cada dia buscando na humanidade a essência do amor ao próximo”.

rente, participativa e comprometida com o dinheiro público. Neste ano, a Câmara de Lages apresentou balanços periódicos sobre as economias com licitações e despesas. Outra das metas também foi atingida: levar as transmissões das sessões deliberativas para os cidadãos de Lages, através do aplicativo da TV Câmara Lages, disponível para smartphones. Desde 1947, quando se iniciou as eleições diretas para vereador em Lages, somente outras 12 mulheres tomaram parte do Legislativo Lageano. “O meio político é muito machista. Quando uma mulher é eleita é muito mais uma conquista individual, fruto do trabalho delas, do que um investimento dos partidos. Como a primeira presidente, espero estar abrindo o caminho para que outras vereadoras também possam vir a estar aqui”, aponta Aida. “Precisamos encorajá-las para que busquem cada vez mais por estes espaços, não apenas como colaboradora de votos, mas como protagonistas na história da política lageana. (...). Precisamos de uma Câmara com mais rosa”, reflete.

Dia Histórico na Política Lageana No dia 18 de Outubro, às 10h, com o Plenário da Câmara Municipal de Vereadores lotado, foi realizado um Ato, onde Aida explanou para a Imprensa, Entidades e população, todos os gastos e principalmente economias realizadas pelo Poder Legislativo em sua Gestão.

Na ocasião, foi apresentado o balanço dos gastos até o presente momento, destacando a Economia de aproximadamente R$ 2 milhões, resultado de uma gestão austera e comprometida com o zelo pelo dinheiro do povo, em parceria com todos os vereadores. A exemplo dessas economias pode-se citar: redução de cargos comissionados; cortes de gastos em diárias e redução de valores em contratos licitatórios. Num acordo entre a presidência, os vereadores e o prefeito Municipal, foi pactuado um compromisso de devolução antecipada e aplicação de R$ 870 mil, nas áreas da Saúde e Educação, sendo: a compra de 2 ambulâncias, 2 ônibus escolares, 1 carro para o Projeto da PM — PROERD e por fim, R$ 15 mil para a Orquestra Sinfônica de Lages. Até o dia 08 de dezembro, a Presidente Aida pretende entregar ao Prefeito mais de R$ 1 milhão, a serem aplicados nas áreas da Saúde e Educação, conforme decisão conjunta entre o Legislativo e Executivo. Aida entrega o cargo de Presidente do Legislativo no dia 12/12 na última sessão Ordinária de 2017 e diz: “Até onde posso, vou deixando o melhor de mim... Se alguém não viu, foi porque não me sentiu com o coração”. (Clarice Lispector).

ATUAÇÃO // VEREADORA E PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DE LAGES

CONTATO // 49 98418-8693 aidahoffer@gmail.com

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MAYCON

P O R

MAYCON

Tudo o que eu fiz e aprendi foi com a vida. Ela te mostra caminhos certos e errados. Então, por questão de escolhas, você pode colocar tudo por água abaixo. Mas, hoje em dia, me sinto uma guerreira porque, no meu modo de ver, optei pelo caminho certo, chegando ao auge no futebol feminino, me mantendo lá por 15 anos. Então, meus sonhos foram realizados. Sempre coloquei minha família na frente, porque eles são tudo para mim”.

culdades do esporte feminino, seja pelo preconceito ou pela falta de incentivo.

Andréia dos Santos

ná. Mal sabia ela que o maior sonho da sua vida se realizaria em breve.

Convocação para a Seleção Brasileira

PODE PARECER CLICHÊ, MAS DO INTERIOR DE SANTA CATARINA, EM LAGES, ELA FOI PARA O MUNDO E CONQUISTOU O INIMAGINÁVEL. NASCIDA E CRIADA NO BAIRRO DA BRUSQUE, ANDRÉIA DOS SANTOS, A QUERIDA MAYCON, LEVOU O NOME DE SUA CIDADE AOS QUATRO CANTOS DO MUNDO COM SUAS CHUTEIRAS NOS PÉS. DUAS VEZES MEDALHISTA OLÍMPICA E TRÊS NO PAN-AMERICANO, HOJE, ELA RETRIBUI SUA TERRINHA AO TRABALHAR NOS JOGOS ABERTOS DE SANTA CATARINA (JASC).

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aycon é tão apaixonada pelo futebol, que não lembra uma idade certa que chutou pela primeira vez. Jogava com os irmãos, na Rua Professor Horácio Lenzi, onde cresceu e mora, atualmente. Ela conta que era o que mais gostava de fazer na época. O amor pelo esporte só aumentava e logo a craque começou a treinar em clubes, como o Inter. Lembra-se dos amistosos que disputou na cidade

de Vacaria (RS) e, principalmente, quando jogava no campinho do Dorides, no Copacabana. A ex-seleção brasileira de futebol feminino recorda com carinho dessa época e também do senhor Dorides, que incentivava os jogos femininos no seu campo. Depois dos 15 anos, tudo aconteceu muito rápido na vida de Maycon. Foi jogar no Rio Grande do Sul, onde ficou por dois anos, depois, foi ao Para-

Maycon fez um teste para o time da Portuguesa, passou e ingressou na equipe, disputando o Campeonato Paulista e o Brasileirão. Até que em 1997 foi convocada para a Seleção Brasileira de Futebol Feminino. A partir daí, tudo o que a lageana vinha semeando, colheu, por cerca de 15 anos. Com a camisa da seleção conquistou duas medalhas de prata nas Olímpiadas, uma em Atenas (2004) e outra em Pequim (2008). Levou, também, duas medalhas de ouro nos Jogos Pan-Americanos e uma de prata, entre 2003 e 2011. Durante seu tempo na seleção, Maycon pôde conhecer praticamente o mundo inteiro e destaca que somente o esporte torna isso possível: estar em contato com diversas pessoas e culturas. “Dinheiro é sempre muito pouco, mas a diversão é enorme”, conta. Nessa época, também, pôde perceber ainda mais as difi-

Modalidade ainda é desvalorizada Ela lembra que por diversas vezes, marcas rejeitavam apoiar o time. Quando não era isso, faltava verba para pagar bons salários às jogadoras. Para a craque, as mulheres devem receber o mesmo salário que o time masculino. Contudo, apesar das dificuldades, a torcida dava o maior apoio e não desistia da seleção feminina. Depois de pendurar as chuteiras da seleção, Maycon ainda jogou pelo Flamengo e depois atuou por oito anos na Marinha. Agora, de volta a Lages, está à frente do time feminino que disputa o JASC. Para a lageana, é uma forma de retribuir todo o apoio de sua cidade natal, pois além de levar o nome da sua cidade para o mundo, sempre mencionando Lages às pessoas que conhecia, foi aqui que tudo começou.

ATUAÇÃO // TÉCNICA E JOGADORA DE FUTEBOL CONTATO // 21 98351.7126 mayconscfutfm@hotmail.com



BLEYER R O D R I G U E S

MONTEMEZZO

ELA É AINDA BASTANTE JOVEM. MAS SUA EXPERIÊNCIA E CONHECIMENTO NA ÁREA DA SAÚDE NÃO DEIXAM A DESEJAR PARA NENHUMA VETERANA QUE ATUA NO SETOR. ESTAMOS FALANDO DA FISIOTERAPEUTA BEATRIZ BLEYER RODRIGUES MONTEMEZZO, 39 ANOS, DIRETORA GERAL DO HOSPITAL TEREZA RAMOS (HTR), EM LAGES, CARGO QUE OCUPA HÁ QUASE QUATRO ANOS.

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atural de Lages, o pai de Beatriz (falecido há nove anos) era médico. E atuou por muitos anos em Urupema, Ponte Alta e Lages. A mãe é

natural de São Joaquim. “De modo que minhas origens são todas daqui da Serra Catarinense”, conta. “Minha mãe e meus dois irmãos, juntamente com meu esposo Marcelo e meu filho Ma-

teus (7 anos) são meu porto seguro”, contou. “Prezo muito pela minha autonomia. Desde pequena meus pais me ensinaram a resolver meus problemas”, conta. Logo que se formou em Fisioterapia, na Univali, em Itajaí, Beatriz retornou à Serra Catarinense. E foi contratada pela Prefeitura de Urupema como fisioterapeuta. Atuou por certo tempo na função e logo foi convidada a assumir a Secretaria de Saúde daquele município, permanecendo por duas gestões. Um tempo que ela dificilmente vai esquecer, já que foi lá que começou a fazer gestão

de um setor tão importante e complexo. “A saúde é formada por uma trilogia: saúde básica, média e alta complexidade”, explicou. “E em cada uma delas existem suas particularidades, porém todas com uma função essencial para início e conclusão de um tratamento. Trabalhar com a doença é um momento muito sensível, onde as pessoas normalmente estão em uma situação de estresse e desconforto. Mas eu aprendi a lidar com isso. Minha maior realização é ver um sorriso de satisfação quando tudo dá certo”, falou.


“Em reuniões coletivas sempre solicito aos servidores para se colocarem no lugar dos pacientes e acompanhantes e atenderem como se fossem da sua própria família”, afirma Beatriz.

“Gosto de desafios” Antes de ser convidada para a Direção Geral do HTR, cargo que assumiu em fevereiro de 2014, Beatriz esteve à frente da Gerência de Saúde na região da Amures. “Ao que você atribui sendo tão jovem já ter exercido vários cargos públicos no setor”?, perguntamos à Beatriz. “Talvez seja porque eu gosto muito de desafios. Atendendo a todos sem deixá-los sem resposta”, respondeu. À frente do HTR, Beatriz é responsável por uma equipe multiprofissional de 800 servidores. “Temos vários grupos internos de trabalho. O HTR atende em média cinco mil pessoas por mês, de 63 diferentes municípios, uma região com cerca de 800 mil habitantes. Se em nossa casa, que é algo bastante pequeno, de vez em quando temos algum tipo de problema, imagina num hospital desta dimensão. É necessário entendimento e tolerância por parte de todos, pois existe um tempo necessário para resolver os problemas”, comparou. Beatriz salienta que existem chefias responsáveis por cada setor, 24 horas por dia, sendo que qualquer problema que vier a ocorrer será tratado de forma emergencial.

BEATRIZ

P O R

BEATRIZ

Sou uma pessoa simples. Sinto-me feliz e realizada com minha família e meu trabalho. Minha maior satisfação é ver que de alguma maneira consigo ajudar muitas pessoas. No dia a dia, normalmente sou prática em virtude do tempo escasso, mas busco atender a todos e manter o autocontrole, na medida do possível”.

Rotina intensa Beatriz diz que num hospital, como é o caso do HTR, “a rotina hospitalar é muito intensa. Desde a recepção até os demais setores, funciona uma logística para dar suporte a todo o atendimento para que em nenhum momento a equipe deixe de executar o procedimento. Então, são complexidades que sempre há o que melhorar ou aperfeiçoar”, falou. “Na rotina não só hospitalar é necessário buscar equilíbrio, temos direitos, mas também deveres, respeito ao próximo é fundamental. Precisamos colocar filtros constantemente em nossas vidas e eliminar o que é supérfluo. A vida se torna mais leve com ações, ideais, pensando sempre no bem comum. Na conjuntura atual em que vivemos, ‘egos fazem mal à saúde’, queremos fazer a diferença, precisamos trabalhar com garra e determinação para que a população seja atendida em tempo hábil. É um dever do gestor em fazer sempre o melhor. Precisamos ser proativos com planejamento e execução”, afirma Beatriz.

Nova ala irá ampliar atendimento à população Um dos objetivos de Beatriz é a conclusão da nova ala do HTR, cujas obras encontram-se em etapa final. “O Hospital Tereza Ramos será um dos maiores hospitais do Estado, preconizando uma assistência de qualidade”, explicou. “E isso tudo vai gerar desenvolvimento e movimentar muito a nossa cidade. Sem dúvida, seremos polo em saúde. E fico feliz em ter a confiança do Governador Raimundo Colombo e em estar participando ativamente deste importante momento”, destacou.

ATUAÇÃO // DIREÇÃO GERAL DO HOSPITAL TEREZA RAMOS

COLABORADORES // 800 CONTATO // 49 3251-0000 hgmtr@saude.sc.gov.br

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Emília Bonfá

ZANOTTO HOJE DEPUTADA FEDERAL, CARMEN ZANOTTO TEM UMA VIDA VOLTADA À ATUAÇÃO PÚBLICA E AO BEM COMUM. por ////

SILVIANE MANNRICH

determinação ainda é a mesma dos tempos da faculdade de Enfermagem, curso que não sabe dizer se escolheu, ou se foi escolhida por ele. Sua vida acadêmica começou como graduanda em Ciências Sociais, mas logo na primeira semana percebeu que não era aquele o seu caminho. Matriculou-se em Teologia. E ouviu de uma irmã a sugestão de dedicar-se à Enfermagem, onde enfim descobriu sua vocação: cuidar, servir e atuar pelo bem comum. Formou-se em Enfermagem e Obstetrícia pela Faculdade Alto Uruguai Catarinense, onde também foi dirigente estudantil e vice-presidente do diretório acadêmico. De certa forma, ali já estava a mulher pública que o Brasil hoje reconhece como referência ética e de competência: enfermeira, política, inquieta diante das injustiças. Como diz o juramento do Curso de Enfermagem: “Uma vida profissional a serviço da humanidade”.

Atuação no HNSP e no HTR

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Ingressou como enfermeira supervisora no Hospital Nossa Senhora dos Prazeres. E trilhou o caminho até tornar-se diretora da área. Em paralelo, ingressou via concurso público como enfermeira no Hospital Geral e Maternidade Tereza Ramos, no qual ocupou o cargo de Diretora Administrativa. O conhecimento das necessidades da saúde, e o dom de buscar as soluções guiadas tanto pela aptidão de gestora quanto pela orientação humanista, levou Carmen Zanotto ao cargo de Secretária de Saúde de Lages, de 1993 a 2000. E fez tudo isso enquanto atuava como professora do Senac nos cursos de auxiliar e técnico em enfermagem. Adquiriu uma experiência que mais tarde seria uma de suas marcas registra-

das: a capacidade técnica, o preparo e a confiabilidade. Talvez seja difícil precisar por qual porta um político ingressa na carreira. Existem os casos de tradição familiar, de interesses partidários, de grupos de interesse. Para Carmen Zanotto, essa porta se abriu quando ela se envolveu na busca de soluções para o setor. O trabalho à frente da secretaria municipal, somado aos resultados de sua vida profissional, criaram as condições naturais para que fosse eleita vereadora em 2000. Apenas dois anos na “Casa do Povo”, período em que se tornou também professora universitária, e surgiu o convite para ser

Secretária Adjunta de Estado da Saúde, ocupou o cargo de Secretária de Estado da Saúde, sendo a primeira mulher à frente da pasta no Estado de Santa Catarina, na qual permaneceu entre os anos de 2003 até 2010.

Atuação na Câmara Federal Na Câmara Federal, Carmen Zanotto se destaca como um dos parlamentares mais atuantes do Congresso Nacional, principalmente por seu trabalho em favor da saúde pública de qualidade e da assistência social. A parlamentar foi eleita, pelo Congresso em Foco, um dos


cinco políticos com melhor atuação em defesa da Seguridade Social. Com elogiada capacidade de negociação e articulação política, a deputada também foi escolhida pelo Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (DIAP) como um dos “150 Parlamentares Mais Influentes” em 2017. É presidente da Frente Parlamentar de Prevenção, Diagnóstico e Tratamento do Câncer e uma das autoras da Lei 12.732, conhecida como a Lei dos 60 Dias, que garante o início do tratamento contra a doença em até dois meses, a partir do diagnóstico. Carmen Zanotto tem buscado incessantemente mais recursos para melhorar o atendimento da população no SUS, principalmente nos municípios. Sempre elogiada pelos colegas parlamentares e especialistas pelo conhecimento com que aborda os temas, a deputada lageana é membro permanente das Comissões Mista do Orçamento, de Seguridade Social e Família, dos Direitos das Pessoas com Deficiência, de Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa e de Combate à Violência Contra a Mulher.

CARMEN

P O R

CARMEN

Sou uma mulher ligada ao tempo e às necessidades presentes, sem perder minhas raízes. Uma mulher que se dedica de corpo e alma, porque atendo aos chamados do coração. Jamais perco a fé no ser humano, no bem comum. Mantenho-me otimista porque entendo que é um dever de quem se coloca à disposição da coletividade. No meu trabalho e na minha vida, busco soluções todos os dias. E não descanso enquanto não forem encontradas”.

Não perde o vínculo com suas origens É de se destacar que Carmen Zanotto, por mais que seja convidada para espaços de atuação política nacional, não perde o vínculo. Volta semanalmente a Lages, onde revê os amigos, passa o pouco tempo livre com a família e encontra suas bases e raízes comunitárias. Há mais de 22 anos é figura certa nas festas do centenário Asilo Vicentino, fazendo pastéis, com sua irmã Lures Bonfá Zanotto e por muitos anos ao lado da mãe, Olinda Bonfá Zanotto, que prova que a vocação para servir é algo que vem de casa. Carmen Zanotto é uma mulher do povo, que como Deputada Federal serve o povo. Reúne invejável capital político, construído com uma exten-

sa carta de serviços prestados, competência técnica, ética e trabalho incansável. Seu ritmo em Brasília, comprovado por todos que já foram à Capital Federal em busca do auxílio de seu gabinete de parlamentar, é de quem pouco descansa e muito faz. Os números não mentem, tampouco as realizações. Como política, Carmen Zanotto orgulha todas as mulheres, a Serra Catarinense e a sua família. Frutos de sua vocação para cuidar, servir e atuar pelo bem comum.

ATUAÇÃO // DEPUTADA FEDERAL DESDE 2010

CONTATO // 49 3223.6018 /DeputadaCarmenZanotto deputadacarmenzanotto.imprensa@gmail.com

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S P I E C K E R

A AGRICULTURA SEMPRE ESTEVE PRESENTE NA VIDA DE CLENIR SPIECKER, 54 ANOS. ESSA FOI A PROFISSÃO QUE APRENDEU COM OS PAIS, AJUDOU O MARIDO E ENSINOU AOS FILHOS. NASCIDA NA CIDADE DE PALMEIRA DAS MISSÕES (RS), HÁ MAIS DE 400 QUILÔMETROS DE LAGES, PASSOU POR MUITAS DIFICULDADES ATÉ SE TORNAR UMA EMPRESÁRIA DO AGRONEGÓCIO.

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lenir conheceu o marido, Alcidio Tristão Spiecker, em sua cidade natal. Casaram e tiveram o primeiro filho ainda no Rio Grande do Sul. Em busca de melhores condições de vida, migraram para o Oeste catarinense. Lá cultivavam feijão, milho e fumo. Viveram por 18 anos na região, onde tiveram mais cinco filhos. As condições não eram boas e chegaram a morar em uma barraca de lona. “Quando saímos de lá, as melhores calças dos meus filhos eram rasgadas e

tinham sido doadas pela Prefeitura”, relembra. Em 1999 decidiram tentar mais uma vez melhorar de vida. Partiram para Caçador, onde plantaram pimentão e tomate. Tudo era muito difícil e ela e o marido pensaram em desistir da agricultura. Foi quando receberam uma proposta para se mudar para Lages, onde um produtor precisava de uma família para ajudar no cultivo de morangos. Seu Alcidio tinha medo de trazer a família para uma terra muito fria e eles não sabiam como cultivar mo-

rangos. “A gente não tinha televisão, mas ouvíamos no vizinho que Lages dava -2, -5°C. Então ficávamos com medo”, relata Clenir. Mas de tanto insistir, os Spiecker decidiram vir para Lages. Chegaram e logo passaram a morar no Bairro Pisani, onde arrendaram um terreno e aprenderam a cultivar morangos. Depois de alguns anos trabalhando para um produtor, tomaram a decisão de investir em um negócio próprio. Começaram com 5 mil mudas de morango e 5 mil de tomate. O tomate era fácil de vender, Clenir usava adubo orgânico, o que deixava a fruta muito saborosa. Mas o morango era mais difícil, às vezes jogavam caixas fora ou alimentavam os peixes com as frutas. A agricultora bateu de porta em porta até criar uma boa carteira de clientes e melhorar o negócio familiar, depois de dois anos trabalhando com o cultivo de morangos.

Banco da Família Em 2007, pensaram em comprar um terreno maior e aumentar a produção. Muitos bancos comerciais negaram os pedidos de crédito à família, até que souberam da existência do Banco da Família, instituição sem fins lucrativos que emprestou, sem burocracia, o dinheiro que mudou completamente a vida dos Spiecker. Hoje, os 12 alqueires de terra abrigaram a plantação de 300 mil pés de morangos. A família toda, com exceção de um filho que se tornou advogado,

trabalha no cultivo da fruta. Além disso, contratam muitos outros trabalhadores (chegaram a ter 30 empregados na atividade). E vendem para diversas cidades do Estado e padarias e supermercados lageanos. A pouca educação formal de Clenir nunca refletiu nos negócios. Administra com maestria a empresa que se tornou o cultivo e comercialização de morangos. Ela decidiu voltar a estudar e até o final deste ano deverá concluir o ensino médio. Ela agradece imensamente ao Banco da Família por acreditar neles. E com o primeiro empréstimo, ajudou a mudar a vida dos Spiecker.

CLENIR

P O R

CLENIR

A vida foi sofrida, tínhamos pouco dinheiro e a moradia tinha um custo alto. Foram dois anos muito difíceis, mas sempre fui atrás de tudo, consegui financiamento e vender nossas frutas. Começamos a gerar clientes e nossa maior vitória foi a conquista da nossa terra e, em seguida, de um carro zero. Todo mundo dizia para desistir, mas fui obrigada a meter a cara e aprender com a vida”.

ATUAÇÃO // AGRONEGÓCIO CULTIVO DE MORANGOS

COLABORADORES // 30 (NA SAFRA) CONTATO // 49 3229.0704


Keiko

YAMAGUCHI DO INTERIOR DE SÃO PAULO PARA LAGES, DRA. CRISTINA KEIKO YAMAGUCHI PASSOU POR DIVERSOS CAMINHOS PARA CHEGAR ONDE ESTÁ. DE GERENTE, ATÉ PROFESSORA UNIVERSITÁRIA, EXERCEU – E AINDA EXERCE – VÁRIAS ATIVIDADES. É MESTRE, DOUTORA, MULHER. ALÉM DISSO, SEU ENGAJAMENTO COM O EMPODERAMENTO FEMININO NO MERCADO DE TRABALHO PASSOU DE VIVÊNCIA PARA OBJETO DE ESTUDOS.

ilha de agricultores, cresceu numa colônia japonesa, Cristina sempre teve em casa, o exemplo de dedicação ao trabalho. Desde a juventude sempre trabalhou. Ao terminar o ensino médio, logo ingressou na faculdade, se formando em Ciências Contábeis. A formação logo a colocou para trabalhar no

antigo Banespa, na década de 1980, quando já estava em solo lageano. Naquela época, chegou a pensar que se aposentaria no banco. Mas a vida de bancária logo mudou de rumo, quando a instituição federalizou, fazendo com que buscasse novos desafios. As mudanças fizeram Cristina, já na década de 1990, voltar a se especializar com novos

estudos. Se especializou na área em que se formara, fazendo mestrado, depois doutorado. Entre aqueles anos, já fazia parte da Transul, onde está até hoje. Começou devagar, até chegar ao cargo de Gerência de Qualidade. Mas foi no ano de 2003 que recebeu um dos desafios mais importantes de sua vida: dar aula em uma Universidade. Pensou bastante antes de aceitar, até que resolveu enfrentar o novo caminho. O que começaria com quatro horas/aula por dia, mas até o fim do semestre já chegava a 20 horas/aula. Neste novo desafio, além de buscar novos estudos e capacitações, Cristina exerceu atividades em sala de aula por 11 anos. “Isso abriu muitos horizontes”. Ela lecionou em outras universidades, até ser convidada a fazer parte da Universidade do Planalto Catarinense (Uniplac), onde é responsável, hoje, pela pró-reitoria de ensino. Estar engajada em mais de uma atividade se tornou seu mote de vida a partir dos anos de 1990. Dra. Cristina afirma que todos deveriam deixar um legado, e o seu está sendo a contribuição com seus conhecimentos para a empresa, para a comunidade e para a universidade. Ela acredita que estar em mais de um lugar, envolvida com outros trabalhos, amplia a visão de mundo e possibilita ver novas perspectivas. Enquanto mulher, Cristina não lembra de ter sido provada e, também, nunca tentou olhar por esse lado, pois sempre buscou dar o seu melhor. Ela reconhece que apesar das conquistas femininas, a mulher ainda

CRISTINA

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CRISTINA

Hoje, olho para trás e vejo o quanto deixamos de acreditar no nosso potencial. Por isso, devemos estar sempre preparados para novas possibilidades que possam surgir no futuro. Por isso, todo conhecimento que se obtém não é em vão. Todo conhecimento adquirido aumenta nosso potencial, além do reconhecimento e prática. Você sempre está ganhando quando está participando e contribuindo com algum grupo”.

tem muitos desafios no campo empresarial, entre eles a disparidade salarial. Na universidade, consegue ter uma percepção ainda melhor de que as mulheres estão em busca de capacitação para se colocar na sociedade, sendo a maioria a ocupar as cadeiras acadêmicas. Para ela, isso é um levante feminino. Com o intuito de ver através dessas novas perspectivas, Dra. Cristina realiza pesquisas na universidade, temas relacionados ao perfil da mulher empreendedora, a fim de verificar como o conhecimento e o empoderamento contribui para a atuação feminina no campo do empreendedorismo.

ATUAÇÃO // GESTÃO DE QUALIDADE E PROFESSORA E PESQUISADORA ACADÊMICA CONTATO // 49 3221.4600 transul@transullages.com.br

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B o m b i l i o ESPONTANEIDADE É A PALAVRA CERTA QUE DEFINE A MULTIPROFISSIONAL DÉBORA BOMBILIO. CONHECER ESSA SAGITARIANA, NASCIDA EM 9 DE DEZEMBRO DE 1972, NA CIDADE DE RIO DO SUL, NÃO É FÁCIL. APESAR DO SEU JEITO SOLTO, SORRIDENTE E PARECENDO SEMPRE ABERTO, ESSA ENGENHEIRA AGRÔNOMA APAIXONADA POR PALAVRAS É UM PARADOXO, ASSIM COMO É A SUA FORMAÇÃO ACADÊMICA, QUE PARECE NÃO COMBINAR COM NADA. E QUE DEPOIS DE CINCO MINUTOS DE CONVERSA, PERCEBE-SE QUE COMBINA COM TUDO.

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la veio morar em Lages em 1º de agosto de 1990 para cursar Agronomia no CAV. Depois veio a especialização, o mestrado e, assim, seguiu na carreira acadêmica. Até o ano de 2016, entre muitas das suas atividades, dedicava-se às aulas de química no Colégio Santa Rosa de Lima. “Usei toda essa formação acadêmica para passar aos meus alunos o valor do estudo. Eu amo estudar. Isso faz parte de mim. Parar com a química foi uma decisão difícil. Hoje permaneço no Santa com as aulas de Filosofia. As quintas e sextas-feiras da minha semana são dias de festa,

de encontro com a realidade da vida nos olhos de cada um dos meus alunos”.

Mestre em Agronomia. E aluna de Jornalismo O paradoxo, que ela se diz encontrar, é ter mestrado em Agronomia e, agora, cursando Jornalismo. “Uma vez eu li que as pessoas que faziam muitas coisas diferentes ao mesmo tempo eram chamadas de renascentistas, uma menção aos artistas visionários daquela época. Ali, tive um alívio, pois por um bom tempo achei que eu era ‘retardada’”, brinca.

“Pense comigo. Você faz cinco anos de Agronomia, dois anos de especialização em Ciência Morfofisiológica e mais três anos de mestrado. Então, decide engavetar tudo e percebe que a sua vida se permeia pela escrita e pela comunicação. Ainda, nesse devaneio todo, encontra pessoas que acreditam nisso tudo”, diz ela referindo-se à diretora do Correio Lageano, Isabel Baggio e ao proprietário da Nova Era TV, Alair Sell. No seu currículo de comunicação, tem espaço para a televisão. Algo que começou antes de trabalhar no jornal. Além da TV, tem os eventos onde atua como

mestre de cerimônias, o que, para ela, não é nada complicado, devido a sua veia comunicativa. O curso de jornalismo coroa tudo isso. “Além de vir ao encontro da minha vida, cursar jornalismo é um sonho realizado. Mas, preciso ressaltar que como venho do meio acadêmico, esse mundo faz parte de mim, e acho sim, necessário me qualificar sempre. Mais e mais”.

Eclética Para ela abraçar o mundo da comunicação, “foi um giro de mil graus na sua vida”. Como


DÉBORA

já disse, Débora deu uma pausa na carreira docente no ensino superior, permaneceu no Santa Rosa e dedica-se hoje aos seus projetos de comunicação, a coluna diária e ao caderno Essencial no jornal. “Sei que tudo o que estudei, as milhares de coisas que li, facilitam minha habilidade de escrita e acabam me tornando uma jornalista mais eclética... Mesmo assim foi difícil eu mesma ‘me perdoar’ por essa mudança. Hoje já consigo olhar meus diplomas sem me achar uma criatura insana”, diz ela com seu jeito espontâneo. Aliás, espontaneidade a define bem. Mas, ela sabe que isso lhe causa problemas. “Nem todo mundo entende esse meu jeito de ser. Ou entende do jeito errado. Hoje não me preocupo mais. Decidi não lutar contra minha natureza por melindres hipócritas de quem não tem coragem de ser o que é. Sei que as pessoas que gostam de mim, gostam pelos mesmos motivos daquelas que não gostam. E, assim, sigo a vida sendo eu mesma!”, afirma ela.

A inspiração que vem das pessoas “Sou louca por pessoas e suas histórias”. É daí que surgem seus textos. “Essa sensibilidade pelas pessoas existe através do meu jeito de ser, não é arquitetada, está em mim. E o que eu mais desejo é seduzir os meus leitores com essas histórias, por meio das re-

flexões, das crônicas e com aquilo que faz parte do meu dia a dia. Mas, que também estão no dia a dia de todos que me leem. Carrego comigo a certeza de que o essencial da vida está no simples, e eu sou essencialmente simples, talvez esse seja o segredo inspirador dessa minha jornada... A simplicidade”.

P O R

DÉBORA

Como escreveu Graciliano Ramos: ‘Comovo-me em excesso, por natureza e por ofício’. Acho medonho alguém viver sem paixões. Sigo todos os dias sem ter nenhuma certeza das coisas. O que eu tenho é Fé. Fé que vai ter amor, vai ter alegria, vai ter sucesso... E que se não tiver, a gente inventa. Porque eu acredito, me dedico e amo tudo o que faço. O meu caminho foi talhado através de uma alma com pés valentes, que mesmo quando cansados arriscam mais um passo. E se um dia vocês souberem que eu caí, foi porque tentei saltar e não porque preferi aceitar. Foi essa doce valentia que me trouxe até aqui”.

Rotina corrida Seu dia a dia se divide entre o jornal, o colégio, os eventos, a agência #BM3 Comunicação Criativa, onde é sócia com os comunicadores Milton Barão e Cris Menegon e o curso de Jornalismo na Uniplac. “E ainda tem coisa vindo por aí”, segundo ela. Mas, existe um ponto essencial em sua vida. “Meu marido Luiz Antônio e nossos filhos. Somos uma linda família mosaico, no melhor estilo as suas (Luiza e Lívia), a minha (Kimberly) e o nosso (José). Ah e tem a Chica, a nossa cachorrinha. Família pra mim é tudo. Sem esse alicerce eu nada faria”. E no fim da entrevista foi preciso perguntar: Em alguma hora você para? “Sim!

(risos) Sabe, costume dizer que sou bem caleidoscópica, porque pareço ser uma agitação ambulante. Mas essa é uma Débora. Existe a outra que ama ficar em casa, cozinhar, comer... Sou uma comilona assumida. Assistir filmes, séries, ler romances de época. E viajar. De preferência rumo ao mar ou lugares históricos”. Outro roteiro certo em suas viagens é o Vale do Itajaí. “Lá está minha origem, minha família toda e principalmente, meus pais (José e Rose), fundamentais na minha vida. É onde recarrego as energias a base de nhoque... (risos) Viu? No final tudo acaba em comida”, conclui ela com aquele seu sorriso inconfundível.

ATUAÇÃO // PROFESSORA, JORNALISTA E COLUNISTA SOCIAL

CONTATO // 49 99122.9798 contato@deborabombilio.com.br

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Ramos de Liz

BACHMANN

LAGEANA, NASCIDA E CRIADA NO BAIRRO GUARUJÁ, ONDE SEU AVÔ FOI UM DOS PRIMEIROS MORADORES, EDIANE BACHMANN, AOS 41 ANOS, FORMADA EM ADMINISTRAÇÃO PELA UNIVERSIDADE DO PLANALTO CATARINENSE (UNIPLAC), JÁ VIAJOU MUITO POR ESSE MUNDO. VIAGENS QUE NÃO FORAM SOMENTE A PASSEIO, MAS TAMBÉM, UMA FORMA DE SE APRIMORAR NA ÁREA QUE MAIS AMA: O TURISMO.

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asada há 18 anos, sendo 23 anos de re l a c i o n a m e n to com o engenheiro eletricista Fabiano Bachmann, tem dois filhos: a Luiza e o Arthur. Ediane se define uma pessoa familiar, adora estar próximo dos entes queridos e amigos. Dentre seus hobbies, simples como ela define, está o de viajar. Um passatempo que começou como uma forma de descobrir novas culturas, cidades e autoconhecimento. E que hoje, por escolha, é o seu trabalho. Por gostar de viajar, em 2000, a administradora começou a trabalhar na hoje extinta empresa Rio Sul Linhas Aéreas, uma companhia que fazia parte do antigo grupo Varig. Apaixonada por aviação, Ediane se dedicou ao ramo até 2003, quando a Varig encerrou

suas atividades, em Florianópolis, cidade onde foi morar quando se casou. Mas ela não ficou por muito tempo parada. Naquele ano, aceitou o convite da CVC para integrar o time de vendas da matriz, em São José, que distribuía os pacotes da marca para todo o Estado de Santa Catarina. “Cada vez mais fascinada com o turismo, me dediquei muito à empresa, sendo destaque de vendas por muitos anos seguidos”. Lá ficou por seis anos e saiu, ficando afastada da empresa por dois anos, enquanto trabalhava em Brasília, em home office, para outras marcas. “Mas sempre com desejo de voltar a fazer parte da CVC”, confessou. “Sou da geração que foi em busca dos seus sonhos, saí

de casa, estudei à noite, trabalhei de dia para custear a faculdade e sempre corri muito para conquistar meus objetivos. Também nunca fiz escolha entre família e carreira, ambas andam juntas para mim”, frisa. Entre 2011 e 2012, Ediane encarou o desafio da empresa que estava em plena expansão da marca e abriu uma loja em Lages, sua cidade natal. “Como todo sonho, a CVC Lages é resultado de escolhas, renúncias, muito trabalho, dedicação total e paixão pelo que fazemos”, conta. Sempre em busca de atender todas as expectativas dos clientes em relação ao planejamento de suas férias, ela busca profissionais preparados e comprometidos que sonhem consigo e com o cliente. Fora da CVC, a empresária está sempre em busca de melhoria contínua, que é indispensável a qualquer pessoa que almeja alcançar o sucesso, segundo ela. “[Busco] Melhorar meus hábitos e fortalecer minhas virtudes para me aperfeiçoar não apenas como pessoa, mas como uma geradora de mudanças na sociedade”.

EDIANE

P O R

EDIANE

Sou uma empresária que acredita em um sonho e trabalha duro para transformá-lo em realidade. Optei por sair da minha zona de conforto para realizar ações práticas que alcancem a concretização desse sonho. Minha motivação não é apenas financeira, mas, sobretudo, busco a autorrealização. Sou uma mulher que vai à luta com determinação, abraça a vida em todas as suas frentes e vive com paixão”.

ATUAÇÃO // PACOTES TURÍSTICOS E VIAGENS NACIONAIS E INTERNACIONAIS

COLABORADORES // 04 CONTATO // 49 3222.0887 edianeramos@cvc.com.br


Oliveira

ALÔ ELÔ

ANTES DE DESCOBRIR UM CÂNCER DE MAMA, ELOILSE OLIVEIRA, DE 59 ANOS, ERA MUITO ATIVA. TRABALHAVA COMO FUNCIONÁRIA PÚBLICA NO PODER JUDICIÁRIO E ESTAVA SEMPRE ENVOLVIDA COM DIVERSAS ATIVIDADES. AO SABER QUE TINHA UM NÓDULO NO SEIO, ESSE SEU JEITO DE SER, SEU OTIMISMO E FORÇA DE VONTADE NÃO MUDARAM, PELO CONTRÁRIO: A FIZERAM DERROTAR A DOENÇA E INCENTIVAR OUTRAS MULHERES A SE PREVENIR.

a noite de Natal, junto à família, Elô, como é carinhosamente conhecida, sentiu algo diferente nos seios. Com a dúvida, foi direto para frente do espelho e fez o exame de toque e identificou um “carocinho” no seio. Tinha 52 anos nessa época. Os familiares disseram que poderia ser uma mordida

ELOILSE

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ELOILSE

Os desafios estão a todo momento te rodeando, eles quase te perseguem. Mas nós temos de ser muito superiores a tudo isso. Manter o foco em tudo aquilo que se determinou a fazer, ter muita fé, força de vontade e determinação, para que tudo seja superado através dessa fortaleza. A gente tem de ser forte, vibrante, nunca se deixar abater por palavras ditas erradas ou desanimar, porque isso só te leva ao pessimismo e à decadência da sua saúde”.

de inseto ou qualquer outra coisa. Mas a dúvida levou Elô ao oncologista, Dr. Marcelo Ceron. Ela disse todos os sintomas, fez os exames e o que o médico disse não lhe agradou. Elô lembra que Ceron perguntou: “Você quer ouvir a boa ou a má notícia?”. Ela pediu logo a ruim e, então, soube do câncer de mama. A boa, contudo, era que poderia retirar o câncer, fazer a reconstrução do seio e sobreviver.

Diagnóstico de Câncer de Mama A servidora revela que foi um baque. Naquela época, não somente pela gravidade, mas porque o médico disse que ela tinha formação de nódulos há cerca de quatro anos e, caso tivesse feito mamografia anteriormente, teria identificado antes. Elô então fez todos os procedimentos necessários

pelo Sistema Único de Saúde, como a mastectomia, a quimioterapia, radioterapia e, agora, a recuperação com os remédios. Durante o tempo que fez esses tratamentos, ela conheceu muitas pessoas e histórias de vida, as quais leva consigo até hoje. Lembra que algumas pacientes, além de sofrerem com as “agressões” do câncer, também sofriam em casa, com a falta de entendimento e empatia das pessoas.

Projeto Alô Elô Tudo isso motivou Elô a criar um projeto, que pudesse ajudar outras mulheres a se prevenir ou a entender melhor a doença. Como trabalhava no Fórum de Lages, o projeto basicamente começou lá, com palestras de profissionais da área da saúde. Até que surgiu a ideia de levar toda essa rede para fora do fórum. Foi aí que o Alô Elô, nome dado à iniciativa, se concretizou.

Ela conta que o Alô vem da ideia de chamar a atenção das mulheres para a conscientização sobre o câncer de mama. Desde então, há cerca de cinco anos, Elô vem palestrando junto, às vezes, de profissionais da saúde ou outras mulheres que também passaram por essa mesma situação. Ela conta que busca sempre passar o lado positivo, o qual ela viu desde o início, de todo o enfrentamento da doença e a reconstrução da autoestima. Além disso, o projeto faz doação de perucas a pessoas que estão em tratamento de câncer.

ATUAÇÃO // AÇÃO SOCIAL DE ORIENTAÇÃO À PREVENÇÃO DO CÂNCER DE MAMA

CONTATO // 49 99120.9528 /eloilse.oliveira.1

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C HRISTINA

B A G G I O ELA É UMA GUERREIRA DESDE QUE NASCEU, PREMATURA DE SETE MESES, PESAVA APENAS 1,8 KG QUANDO VEIO AO MUNDO. E FOI SALVA POR DETALHES E POR MUITA DEDICAÇÃO DOS PAIS, SCYLLA BAGGIO E JOSÉ PASCHOAL BAGGIO, JÁ QUE NAQUELE TEMPO NÃO HAVIA INCUBADORAS EM LAGES. TALVEZ POR ISSO MESMO, ACOSTUMOU-SE A GRANDES DESAFIOS DESDE MENINA. É ISABEL CHRISTINA BAGGIO, PROPRIETÁRIA E DIRETORA DO JORNAL CORREIO LAGEANO. E PRESIDENTE DO CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO DO BANCO DA FAMÍLIA.

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sabel conta que casou muito nova, com 18 anos. E que assim o sonho de ser engenheira civil foi deixado de lado já que para isso teria de sair de Lages, sua terra natal. Poucos

dias depois do casamento, começou a trabalhar oficialmente com o pai, José Paschoal Baggio, na gráfica e no Jornal Correio Lageano, fundado em 1939. “Em

pouco tempo, eu casei, comecei a trabalhar no jornal e também ingressei no curso de Administração de Empresas na Uniplac. Queria fazer tudo ao mesmo tempo”, lembra. Trabalhou durante 23 anos ao lado do pai (que faleceu em 2001). E diz que aprendeu muito com ele. “Meu pai era um grande empreendedor. O que colocava na cabeça, fazia. Com ele, não tinha dificuldades. Acho que herdei um pouco disso”, falou. “Não era fácil atuar ao lado dele. Tivemos divergências muitas vezes. Mas havia o respeito mútuo, que sempre prevaleceu”, argumentou. Quando o pai faleceu, assumiu a direção do jornal e da gráfica. E o irmão

mais velho, Paulo Baggio, ficou com a administração da Rádio 101 FM.

Primeira e única mulher a presidir a ACIL Um dos períodos de maior relevância na vida profissional de Isabel foi quando, em 1995, ela foi a primeira e única mulher até hoje a presidir a Associação Empresarial de Lages (ACIL). “Fiquei no cargo por dois mandatos consecutivos, quatro anos, até 1999. Tínhamos uma diretoria muito atuante. E uma equipe de colaboradores de ótimo nível. Foi lá


ISABEL que nasceu o PDTER (Plano de Desenvolvimento Tecnológico e Econômico Regional)”, recorda. Isabel cita algumas das conquistas da ACIL. “Dentro do PDTER, que tinha a participação efetiva de mais de uma dezena de outras entidades, havia inúmeros projetos que se tornaram realidade como a transformação da Uniplac em Universidade, a concepção e início da construção do aeroporto regional em Correia Pinto, o Midilages (junto à Uniplac), a nova subestação da Celesc (na Cidade Alta), a Usina de Biomassa, a pavimentação da BR-282 de Lages até Campos Novos, a pavimentação de Campo Belo até Anita Garibaldi, a criação do Conselho Estadual da Mulher Empresária de SC, o surgimento do Banco da Mulher (hoje Banco da Família), o projeto Bairros Que Trabalham (BQT), em parceria com a prefeitura, e tantos outros”, relembra.

No comando do BF desde sua criação Sobre o Banco da Família, Isabel recorda que foi criado porque na época se queria desenvolver os bairros de Lages através do fomento dos pequenos negócios, formais e informais. “E simplesmente isso não daria certo já que nenhum banco queria emprestar dinheiro a essas pessoas”, explicou. Criou-se em 1998 o Banco da Família, uma OSCIP que empresta pequenos valores para negócios formais e informais. “No começo, a gente ia de empresa em empresa pedindo dinheiro para formar o capital inicial. Depois de dezenas de visitas, conversas e encontros, conseguimos

levantar R$ 200 mil. E o BNDES e o Badesc aportaram mais R$ 500 mil cada. Assim nasceu o BF”, falou. Hoje, o BF atua em Lages. E tem unidades em 18 outras cidades na Serra Catarinense, Serra Gaúcha e Meio Oeste de SC. “Temos 130 colaboradores diretos. Mais de 15 mil clientes ativos (aqueles que tem dinheiro emprestado do banco). E uma carteira ativa de R$ 53 milhões, com liberações médias mensais na faixa de R$ 6 milhões”, contou. “Essa instituição, que nasceu aqui em Lages, tem ajudado milhares de pequenos empreendedores, formais e informais, a continuarem com seus negócios e prosperarem”, conta.

Filhos Perguntada por que até hoje não teve filhos, Isabel responde: “Como eu sempre tive vontade de empreender e de estar à frente dos negócios, achava que tendo

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ISABEL

Sou uma pessoa acostumada a desafios. Fico feliz quando um projeto dá certo. Mas sei também que para isso precisa-se de um conjunto de fatores articulados, envolve gente preparada, determinação e persistência. Além de trabalhar, gosto também de viajar, conhecer novos lugares e pessoas. E de me manter sempre atualizada e cercada de gente. Boa parte do sucesso de uma pessoa são as relações que ela mantém e constrói com pessoas e instituições ao longo de sua vida”.

filhos essa minha mobilidade não seria a mesma tendo de cuidar de crianças. Fui deixando. E com o passar do tempo acabei me acostumando com essa ideia”, explica. Não tendo filhos, aproveitou também para estudar mais. Fez duas pós-graduações em marketing. E um MBA em Administração, em parceria com a Udesc e a Universidade de Lisboa (Portugal). Com relação ao jornal Correio Lageano, que ela administra com maestria,

Isabel diz que é um grande desafio manter um veículo de comunicação impresso e diário. “Em 2019, estaremos completando 80 anos. É uma longa vida, um verdadeiro registro cotidiano da nossa história. Alguns dizem que o jornal impresso não tem mais futuro. Por outro lado, nos Estados Unidos e na Europa os grandes jornais continuam muito fortes. Acredito sim que temos de nos adaptar aos novos tempos e tecnologias. Mas o jornal impresso ainda terá um bom tempo de vida. Acredito também que teremos de evoluir, o que já estamos fazendo, para outros tipos de mídia multiplataforma, com o uso da internet e com o uso concomitante de textos, imagens e som”, disse.

ATUAÇÃO // DIRETORA DO JORNAL CORREIO LAGEANO E PRESIDENTE DO BANCO DA FAMÍLIA

CONTATO // 49 3251.0444 49 3221.3300

www.bancodafamilia.org.br www.correiolageano.com.br


Cristina Corbellini

R OVA R I S Em 1997, nascia o Aprender Brincando

COMO REPÓRTER HÁ 25 ANOS, APRENDI MUITAS COISAS COM MEUS ENTREVISTADOS. UMA DELAS É SABER DISTINGUIR – E IDENTIFICAR – QUEM DE FATO É E ESTÁ FELIZ COM O QUE FAZ. E QUEM TRANSPIRA E IRRADIA ESSA FELICIDADE ONDE CONVIVE E TRABALHA.

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ma dessas pessoas, sem medo de errar, é a professora Jane Cristina Corbellini Rovaris, 50 anos, que há 20 anos começava a concretizar um sonho que acalentava desde quando era estudante universitária: construir e ter sua própria escola. Feliz e realizada, Jane Rovaris, que nestes 20 anos trabalha ao lado

do esposo Marco Rovaris, transpira felicidade quando o assunto é falar do Centro de Educação Aprender Brincando, escola localizada no bairro São Cristóvão, em Lages. Jane cursou Pedagogia na Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), em São Leopoldo (RS). Graduada em 1991 naquela institui-

ção, ela conta que ainda enquanto estudante sonhava um dia ter sua própria escola. “No tempo de faculdade, a Unisinos tinha no curso de Pedagogia um foco bastante forte no modelo de ensino denominado sociointeracionismo. Em síntese, esse modelo prega que a educação verdadeira só acontece a partir das relações que o aluno tiver com seu meio social, que inclui a família, a comunidade, interação com colegas e professores na escola, com os pais e demais pessoas na sociedade”, contou Jane.

Já formada, Jane regressou a Lages. E ingressou no magistério municipal. Foi supervisora escolar e diretora do departamento de ensino da Secretaria Municipal de Educação (1994 a 1997). Até que a ideia de ter sua própria escola se materializou. Mas antes disso, Jane voltou a estudar. Fez pós-graduação em Gestão da Escola Pública pela Uniplac (1997). O Centro de Educação Aprender Brincando nasceu pequeno. Recebeu seus primeiros alunos em 1998, num imóvel alugado, com apenas 27 crianças. No ano seguinte, já foi para endereço próprio, no bairro São Cristóvão, onde está desde então.


JANE

Hoje a escola tem 486 alunos matriculados, da Educação Infantil (a partir dos 2 anos) até a Educação Fundamental II (9º ano). A equipe de professoras (es), setor administrativo e apoio contam com uma equipe fixa de 36 pessoas. O esposo Marco Rovaris, formado em Administração de Empresas, cuida da parte administrativa e financeira. E ela fica responsável pela parte pedagógica. “Uma professora do Aprender Brincando está comigo há 19 anos. E outras duas há 18 anos”, conta Jane Rovaris. “Influenciados por pensadores importantes como Jean Piaget, Vygotsky e Paulo Freire, entre outros, eu posso dizer hoje que construímos uma metodologia própria de ensino”, explica Jane.

Filha se formou na escola, onde hoje é professora Em 2016, Jane contratava sua própria filha mais velha, Carolina Rovaris, 24 anos, como professora de História do Aprender Brincando. “A Carolina integrou a primeira turminha da minha escola, lá em 1998. Se formou aqui. Fez o ensino médio no SENAI e faculdade de História na Udesc, em Florianópolis. E hoje, já cursando mestrado, é nossa professora desde o ano passado”, conta com orgulho. Além de Carolina, o casal Jane e Marco Rovaris tem outra filha de 16 anos.

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JANE

Sou uma mulher idealizadora, que acredita que o sonho, para ser realizado, deve seguir planejamentos e ser embasado nos conhecimentos e práticas cotidianas. Hoje sou uma mulher completamente feliz e realizada profissionalmente e em minha vida particular. Estou rodeada de pessoas que me amam e são competentes em suas funções, tais atitudes que valorizo muito”.

“O que nós buscamos construir nestes 20 anos de escola é um local que incentive, valorize e busque acima de tudo uma formação integral das pessoas. Isso inclui o domínio de signos, conceitos e conhecimentos teóricos. Mas também, e principalmente, outras questões como valores, atitudes, comportamentos, o saber fazer na prática. Por isso, valorizamos muito a interação entre família, comunidade e escola. Todos temos a ensinar algo: professores, pais, alunos e comunidade. E é a partir disso que nós atuamos, socializando saberes, experiências e conhecimentos”, explicou.

em que acordo até o momento que vou dormir. Ser justa, ser transparente, ser responsável pelas minhas atitudes, ser cordial, assumir meus erros, saber ouvir,

defender minhas convicções me alimentam a querer buscar ser uma cidadã melhor a cada dia”, explica Jane. Para finalizar, Jane fala de seu lado mãe e família: “Sou uma mãe e esposa que ama sua família e a coloca acima de qualquer situação. Sempre presente na vida dos meus amados, procuro ser exemplo positivo para minhas filhas e companheira para todos os momentos delas e do meu esposo”.

Mulher empreendedora “Ser mulher empreendedora é viver 24 horas buscando fazer o melhor possível, e não só o melhor. Não é possível separar a minha vida particular da profissional, pois absorvi para mim uma filosofia ‘sociointeracionista’, como defendo dentro da minha instituição. Cabe ressaltar que dentro desta filosofia estão todos os princípios e valores éticos que embasam meu viver, aspectos que precisam estar presentes desde o momento

ATUAÇÃO // ESCOLA DE ENSINO FUNDAMENTAL COLABORADORES // 36 CONTATO // 49 3223.0392 www.aprenderbrincando.com.br

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SCHMITZ

PAES de LIMA

ELA É GRADUADA EM DIREITO (UNIPLAC). E

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MESTRE EM RELAÇÕES INTERNACIONAIS (UFSC). MAS, HÁ PELO MENOS 10 ANOS, SE DEDICA TAMBÉM A OUTRA PROFISSÃO: PROMOTORA DE EVENTOS. É JULIANA PAES, 39 ANOS, A MÃE DA LAURA (12 ANOS) E DA LUIZA (9 ANOS). E A NAMORADA E ESPOSA DO EMPRESÁRIO TÚLIO LIMA.

lageana Juliana Paes conta que a área de eventos a escolheu, mesmo enquanto acadêmica de Direito já se dedicava a organizar pequenos eventos dentro da Universidade. Logo após se formar em Direito, em 1999, decidiu seguir na carreira acadêmica sendo professora universitária.

Foi à luta, inscreveu-se, passou e foi selecionada para fazer mestrado no Programa de Mestrado em Direito da UFSC, dando ênfase para as Relações Internacionais. Matriculada, um ano depois já estava dando aulas de Direito Internacional no curso de Direito da Uniplac. E seguiu fazendo isso durante 10 anos.


Prêmio Empreendedor Simpósio Serrano de Direito Muitas vezes, o destino é engraçado. E a realização de eventos foi “caindo em suas mãos”, mesmo sem ela nunca ter imaginado ou pensado em fazer aquilo. “Auxiliei na realização do Simpósio Serrano em Direito, que foi organizado pela minha turma. E depois, como professora de Direito, as turmas que iam sendo desafiadas na organização do Simpósio, buscavam meu apoio na organização desse evento, que era tradicional no curso”, conta Juliana. E assim começa a carreira de Produtora de Eventos. Quando o Prof. Mauricio Neves de Jesus foi Pró-Reitor da Uniplac, ela foi convidada para montar um núcleo de eventos na Universidade, para trabalhar e realizar os eventos internos da instituição. Deu certo. E logo vieram convites para que esse núcleo também realizasse eventos fora da Universidade, para a CDL, ACIL e empresas. E lá estava Juliana Paes, sempre envolvida.

Logo veio o convite do Correio Lageano para que ela assumisse em parceira com a Diretora Executiva Eliete Santana, a organização do Prêmio Empreendedor José Paschoal Baggio, realizado anualmente pelo Jornal. Dois prêmios realizados com sucesso, o CL completava 70 anos. E Juliana recebeu o convite de Isabel Baggio para assumir a parte de eventos das comemorações, que duraram um ano todo, com inúmeras ações. “Naquele momento fui obrigada a abrir uma empresa. Nascia ali, oficialmente, a Juliana Paes Eventos Exclusivos, nome da minha empresa. Foi em 2009. E de lá para cá minha principal atividade e fonte de renda são os eventos”, conta. Curiosa, determinada – e empreendedora por natureza – ela não deixou de lado o magistério superior. E tampouco o sonho antigo de ter uma empresa no varejo. “Uma vez fiz um evento de inauguração da loja Hering Store. E falei para

JULIANA

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eles que meu sonho era ter um varejo especializado. Poucos dias depois, me ofereceram um negócio. Nascia ali a loja Loop Kids, uma loja de artigos para crianças e adolescentes”, contou. Naquele momento, a mulher, profissional e mãe Juliana Paes tinha três atividades: o magistério superior na Uniplac, a realização de eventos e a loja Loop Kids. “Eu achava que seria possível tocar as três coisas. E ainda ter tempo para minhas filhas e marido. Mas me enganei”, admitiu.

Varejo é incompatível com falta de tempo Segundo ela, “o varejo é incompatível com a falta de tempo. Ele te consome”. Enquanto ela teve algum tempo para se dedicar à loja, deu muito certo. Mas, com o passar dos anos, e sem a disponibilidade necessária, “meus resultados começaram a empatar. Não tinha prejuízo, mas também não tinha lucro”. Resumo: “Me desfiz da loja antes que começasse a dar prejuízo. Foram cinco anos de muita luta e aprendizado”, conta. Nesse tempo, ela tam-

bém pediu licença não remunerada do cargo de professora da Uniplac. “Mas ainda quero voltar”, disse. E agora dedica-se de corpo e alma aos eventos. “Procuro sempre fazer eventos personalizados, de acordo com o perfil do cliente. “As pessoas trazem seus sonhos e a minha função é tentar fazer algo bonito – de preferência inesquecível para as pessoas”.

Parceiros Assim, Juliana realiza desde grandes eventos empresariais, com milhares de pessoas, até festas de aniversário de 15 anos, de formatura, casamentos, entre outros. “Na empresa somos apenas eu e a Ana, que está comigo há nove anos. E mais uma equipe de cinco a sete meninas que contrato para o dia do evento. O restante eu terceirizo. Eventos são muito diferentes. E prefiro dividir, sempre com bons parceiros, do que assumir tudo. Mas o gerenciamento e a responsabilidade são sempre minhas”, falou.

JULIANA

Procuro ser determinada e decidida, superando os desafios. Traço metas e procuro executá-las. Sou mulher, mãe e filha, e é na família que busco meu equilíbrio e a minha serenidade. Minha fé guia os meus passos. Caridade e amor ao próximo são valores muito importantes para mim. Acredito que somos seres em evolução constante e criados para sermos felizes. Temos capacidade de iluminar e sermos iluminados, basta querer.”

ATUAÇÃO // CERIMONIAL E ORGANIZAÇÃO DE EVENTOS EXCLUSIVOS

CONTATO // 49 99145.6789 /julianapaeseventosexclusivos

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VOLKERT D a l

P o n t

O QUE DIZER DE KATJA VOLKERT? AFINAL, ELA É AGRÔNOMA, ADVOGADA OU ARTISTA PLÁSTICA? ACERTOU QUEM DISSE QUE ELA É TUDO ISSO E MUITO MAIS. UMA MULHER LUTADORA, INCANSÁVEL, TALENTOSA. E TALVEZ A LAGEANA QUE MAIS TENHA ESPALHADO SÍMBOLOS DE LAGES PELO MUNDO AFORA ATRAVÉS DE SEUS MILHARES DE QUADROS.

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atja Volkert nasceu em Lages. Formou-se agrônoma pelo CAV na primeira turma (final de 1984). Funcionária pública municipal durante 31 anos (aposentou-se há pouco tempo do serviço público), trabalhou como

agrônoma nas secretarias municipais de Agricultura, Obras e principalmente Meio Ambiente (desde que esta foi criada, no início dos anos 90). Lá, exerceu inúmeras funções, tarefas e atribuições. E, sempre querendo aprender mais,

fez três pós-graduações na área: Educação Ambiental, Direito e Gestão Ambiental, e Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável. Katja é casada com Luiz Dal Pont. E depois de criarem e encaminharem os dois filhos, Rafael (engenheiro) e Andressa (médica), ela graduou-se também em Direito, há quatro anos, pela Uniplac. “Eu adoro a Agronomia. Mas queria entender um pouco mais de Direito. É um curso que te abre muito a cabeça, te orienta muito em diversas questões. Quem fez Direito será menos facilmente enganado e manipulado nos negócios”, exemplifica. Por

hora, esqueçamos da Katja agrônoma e graduada em Direito. Vamos falar da Katja artista plástica.

Artista plástica de talento Ela conta que começou a pintar e a desenhar ainda quando criança. E que a mãe sempre a incentivou. “Como diziam que eu tinha talento, fiz um curso de pintura que durou um ano com o artista Moacir Ramos. Ele me ensinou todas as técnicas que utilizo. E, quando parei de ir ao ateliê dele para aprender, ele começou a vir lá em casa de vez em quando ver se eu continuava pintando”, contou.


KATJA

Com apenas 13 anos, lá estava Katja fazendo sua primeira exposição individual de pinturas. “Lembro como se fosse hoje, foi no hall de entrada do Clube 14 de Junho. O povo todo adorou os quadros. Mas ninguém comprou nada. Diziam que tinha sido a minha mãe que havia pintado”, lembra. “Depois, o seu Jacy Zago comprou meu primeiro quadro. Com aquela venda, eu paguei todas as despesas daquela exposição. E me animei a fazer outras”, contou.

10 mil quadros no currículo Katja Volkert nunca mais parou de pintar. E talvez seja uma das artistas plásticas mais profícuas de Lages ou quiçá até do Brasil. Ela calcula que já tenha pintado pelo menos 10 mil quadros. “Por um bom tempo, eu produzia de forma alucinada. Cheguei a pintar mais de 900 quadros num único ano”, conta. “Teve um ano que a Maçonaria fez um grande encontro em Lages, com mais de 700 pessoas participando. Encomendaram 700 quadros para dar de presente a todos os participantes. Eu aceitei o desafio. E fiz. Eu começava a pintar à noite, quando todos iam dormir. E ficava sempre

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KATJA

Sou uma pessoa que lutei muito na vida. Trabalhei e estudei muito. Tive muitas alegrias com minha arte e com minha família. Passei por inúmeras dificuldades também. Mas aprendi que devo agradecer a Deus todos os dias. Por que talvez hoje eu esteja vivendo a fase mais feliz da minha vida. Meus filhos estão formados e encaminhados, estou mais em paz comigo mesma. E desejo essa alegria de viver a todos. Aprendi que quanto mais você deseja e faz o bem para os outros, mais a vida lhe retribui. Cuidei muito dos outros durante anos. E hoje estou cuidando mais de mim”.

até de madrugada”, lembra. Nestes anos todos, Katja passou por várias fases enquanto artista. Pintou inúmeras figuras humanas (do campo e da cidade), casarões antigos, paisagens serranas (com neve, campos, araucárias, riachos). Pintou também dezenas de quadros retratando a pobreza, a miséria humana, a solidão, a tristeza... A vida na roça, as colheitas de feijão, milho, soja... “O artista é sensível por natureza. E a sensibilidade não desperta apenas no contato com coisas belas. Ela aparece em muitas situações, em tudo o que o toca, incluindo a miséria, a pobreza, a tristeza profunda de alguém, a exploração das pessoas pelas pessoas”, fala.

Katja tem quadros vendidos e espalhados pelo mundo afora. Eles estão em lugares como Itália, França, Paquistão, Austrália, Alemanha, Suíça, Áustria, Estados Unidos e até no Alaska. “Muitas pessoas de fora quando vem passear em

Lages levam quadros para si ou para presentear a amigos e conhecidos. Além daqueles que eu mesma vendi nas mostras e exposições. Assim, meus quadros vão ganhando o mundo. E vão divulgando Lages pelos vários países e lugares”, contou. “Ganhou dinheiro com teus quadros”, perguntamos. “Sim, não posso negar. A venda de meus quadros ajudou a criar e a formar meus dois filhos. E a manter um bom padrão de vida”, conta. “Mas eu pinto por amor, paixão, prazer. E também para deixar meus traços em algo que vai durar para sempre”, relata.

220 exposições Na carreira de artista, até agora, já fez 220 exposições de pintura. Em Lages e na Serra Catarinense perdeu a conta de quantas exposições já realizou. Mas também fez várias em outras cidades como Joinville, Blumenau, Florianópolis, Porto Alegre, San José (Uruguai), Curitiba e até em Brasília, no Salão Negro do Congresso Nacional (quando Raimundo Colombo era senador).

ATUAÇÃO // ARTISTA PLÁSTICA CONTATO // 49 99992.1184 volkert@bol.com.br

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KETRIN

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KETRIN

Para tudo o que se faz na vida é preciso ter coragem, atitude e humildade. Quando realmente se quer algo, ter determinação, persistência e não desistir no primeiro obstáculo faz toda a diferença. Você pode chegar até onde quiser, todos somos capazes, basta acreditar. Tenho muito orgulho do que faço, sinto-me abençoada, encontrei meu lugar e quero fazer o melhor que eu puder!”

RAMOS

PARA KETRIN RAMOS, UMA BELA E SABOROSA MESA DE DOCES FAZ PARTE DO ENCANTAMENTO DE QUALQUER EVENTO OU COMEMORAÇÃO. FELIZ COM O CAMINHO QUE ESCOLHEU, NÃO HESITA EM DIZER QUE REALMENTE ENCONTROU A FELICIDADE EM UMA PANELA DE BRIGADEIRO E QUE FAZER DOCES É UNIR SABOR E ARTE.

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á seis anos, Ketrin começou a fazer doces para familiares. Segundo ela, entrar no mundo dos doces não era algo planejado. Formada em Direito e concurseira, nessa jornada adocicada, foi aprovada em dois concursos públicos. Porém, o amor pela confeitaria fa-

lou mais alto e ela abriu mão de empregos estáveis para dedicar-se àquilo que realmente ama. Diz que, até hoje muitas pessoas se espantam com a decisão de deixar um cargo público para se tornar empresária, mas conciliar a carreira de servidora com a de confeiteira não estava dando certo. Ela ressalta que

não tem medo de mudança e por isso gosta de se reinventar. Com os doces, tem liberdade para criar e fazer parte de momentos felizes das pessoas. Perfeccionista, foi em busca de aperfeiçoamento viajando para cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Florianópolis e Pelotas, realizando cursos e especializações. Assim, suas delícias conquistaram o paladar das pessoas, já tendo realizado eventos inclusive em outros Estados. Ketrin busca sempre dar o seu melhor. Fica noites sem dormir, abdica de momentos com a família, principalmente com a filha, que é sua maior incentivadora e ainda encontra tempo para ministrar aulas, incentivando e ensinando suas receitas àqueles que desejam se aperfeiçoar ou até mesmo seguir seus passos. Assim,

sente-se mais motivada a continuar fazendo seus deliciosos doces. Ela diz que quando a escolhem para fornecer os doces para algum evento, sente-se honrada, pois fará parte de momentos especiais, muitas vezes realizando sonhos. Hoje, o Atelier Ketrin Ramos Doces Finos tem uma estrutura adequada, com atendimento personalizado, buscando sempre satisfazer os desejos de seus clientes.

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QUEM VOCÊ PENSA QUE É?”

Perguntou pra mim de queixo em pé... Sou forte, Fraca, Generosa, Egoísta, Angustiada, Indecorosa, Perigosa, Inconstante, Infantil, Persistente, Astuta, Sensata e corajosa, Aflita, Como é toda mulher, Serena, Poderia ter respondido, Mas não lhe dei essa colher. Martha Medeiros //// ESCRITORA, JORNALISTA E POETISA GAÚCHA

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DAMIÃO NATURAL DE IJUÍ (RS), ELA RESIDE HÁ MAIS DE 35 ANOS EM LAGES. E AQUI, COM SEU TRABALHO SÉRIO E COMPETENTE, TORNOU-SE UMA DAS MAIORES REFERÊNCIAS EM ESTILO DE MODA, ESPECIALMENTE QUANDO O ASSUNTO É PRODUZIR E VESTIR NOIVAS.

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stamos falando de Maria de Lourdes Damião dos Santos, 65 anos, cujo nome comercial ela adotou por sugestão do colunista social Soleu Filho, ainda lá no início de carreira, que observou que seu nome era muito longo e que deveria chamar-se “Lourdes Damião”. Assim foi feito. E hoje, passados 35 anos daquela data que ela começou

concebendo, desenhando, modelando e costurando peças em ateliê próprio em frente ao Angeloni, no Centro de Lages, ela não se arrepende. “Até hoje mantenho a empresa registrada como Scarlett Atelier. Mas hoje o pessoal já me conhece até mais por Lourdes Damião”, comenta. Mãe de três filhos (Rissiane, Alaor Jr. e Erick), e esposa de um empresário

do ramo de distribuição de medicamentos e bioquímico (Alaor), ela diz que aprendeu moda por influência da mãe, famosa costureira (naquele tempo a chamavam de “modelista”) lá em Ijuí. “Desde menina eu estava sempre ali por perto da mãe, costurando uma coisinha ou outra, aprendendo os segredos dela. E depois, no ensino médio, fiz um curso técnico de 4 anos de duração – Estilo e Moda” – contou. “Na época, não se tinha faculdade de Design de Moda. Então, aquele curso foi muito importante. A gente aprendia teoria e prática. Tínhamos de conceber as peças, desenhar, fazer a mo-

delagem e depois costurar. E isso tudo tinha de acontecer no decorrer de uma semana”, contou.

Primeiro atelier nasceu junto com o Angeloni Formada em estilismo e moda, Lourdes casou (em Ijuí). Depois, mudaram-se para Vacaria. E, como o marido também pilotava aviões – e era instrutor de voo – a convite do aeroclube de Lages – vieram se estabelecer na Princesa da Serra. “Para a minha profissão, Lages também era melhor, uma cidade maior, mais centralizada. As-


LOURDES

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LOURDES

Costumo dizer que sou uma pessoa de muita paciência. E isso é fundamental na profissão que escolhi e estou seguindo. Com o passar dos anos, também fui me tornando uma pessoa de muita fé. Sou religiosa e acredito que há um motivo a mais para a gente lutar, viver e se comportar como deve ser. Gosto do que faço, amo minha família. Posso dizer, então, que sou uma pessoa feliz e realizada”.

sim, comecei no mesmo mês que inauguraram o Angeloni em Lages. Meu ateliê ficava bem em frente”, contou. E como reconhecimento da qualidade do trabalho de Lourdes, em 1999 ela recebeu o Prêmio Agulha de Ouro de Santa Catarina. Atualmente, Lourdes trabalha em parceria com o irmão mais novo (são seis irmãos), Sandro Damião, que tem um salão de beleza anexo ao atelier de Lourdes, em frente ao Parque Jonas Ramos (no Tanque). “Fazem pelo menos uns 20 anos que resolvi me especializar em noivas”, contou Lourdes. “E aqui, com o salão de beleza do Sandro, nós damos toda a atenção necessária às noivas. Fazemos desde a produção de moda, a maquiagem, o cabelo, as unhas e inclusive proporcionamos um momento ‘relax’, com massagens e banho com hidromassagem. E principalmente ajudamos a produzir e/ou a escolher o vestido que ela quer, dentro de suas características físicas, altura, cor da pele, estilo da personalidade, etc”, conta. “O vestido de noiva tem toda uma carga emocional envolvida. Afinal, para muitas será o momento em que serão mais vistas e fotogra-

fadas na vida. Então, é um momento mágico e especial. E elas são as principais estrelas da festa, juntamente com o noivo”, contou.

Foco são noivas Lourdes Damião pode oferecer desde o vestido da noiva, ou todo o pacote e acessórios, chamado de Dia da Noiva. “Quem escolhe esse pacote, chega cedo aqui no atelier. E só sai na hora de ir para a igreja casar”, conta. “Nó damos toda a assistência, cuidamos da noiva como se fosse uma rainha”, contou. No atelier, as noivas (se for o caso também as mães das noivas, madrinhas, daminhas e até convidadas) podem escolher seus vestidos conforme o gosto e o bolso. Há desde vestidos criados, costurados e produzidos totalmente pela equipe de Lourdes Damião (oito pessoas); além de muitos vestidos importados (Europa, Estados Unidos e de outros países). “Normalmente as noivas chegam aqui nervosas e tensas. E depois de conversar com a gente – e terem nossa consultoria – relaxam e ficam aliviadas. É isso que mais me gratifica”, conta Lourdes.

Mais de 5 mil criações

Inspiração materna

Em 35 anos de profissão em Lages, Lourdes contabiliza mais de 5 mil criações próprias (peças de roupa totalmente concebidas, desenhadas e costuradas por ela e sua equipe – e isso envolve vestidos e roupas femininas, principalmente, mas também conjuntos para homens – calças, camisas e blazers). “No quesito noivas, atualmente, a maior parte aluga meus vestidos próprios ou importados”, conta. “E tem noivas que chegam a usar até três diferentes vestidos no mesmo casamento: o mais pomposo na igreja, outro para a recepção aos convidados e um último para as danças e a parte final da cerimônia”, contou.

Lourdes Damião – e o Salão Sandro Damião – que funcionam no mesmo prédio – e são parceiros nos negócios – atendem clientes de Lages e de toda a Serra Catarinense. Além disso, é cada vez maior a procura de clientes de outras regiões e cidades, como do Médio Vale do Itajaí e do Meio Oeste, por exemplo. “Eu praticamente nasci fazendo costuras e vendo minha mãe produzir noivas. Segui o mesmo caminho. E sou muito realizada no que faço”, enfatizou.

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de Liz VA S S E N

SCHURMANN médico oncologista, Dr. Pedro Schurmann. Os dois são lageanos. As famílias eram amigas e se relacionavam. Mas eles saíram de Lages cedo para estudar (ela com 14 anos e ele com 15). E quis o destino que fossem se encontrar enquanto faziam residência médica clínica em Criciúma, em 2005. Começaram a namorar e logo foram fazer residência médica em oncologia clínica no Hospital São Lucas, da PUC de Porto Alegre. Em 2008, concluída sua residência médica, Maitê voltou a Lages. E Pedro veio um ano depois.

“EU ME SINTO BEM CUIDANDO DAS PESSOAS. SEMPRE ME IMAGINEI FAZENDO ISSO. MAS APRENDI QUE NÃO BASTA CUIDAR SÓ DO CORPO. TEM DE CUIDAR TAMBÉM DO ESPÍRITO, DA ALMA, DA PARTE PSICOSSOCIAL”. ESSA FRASE, DITA PELA MÉDICA MAITÊ SCHURMANN, 37 ANOS, RESUME UM POUCO DO QUE ELA É, NO QUE ACREDITA E NOS SEUS SONHOS ENQUANTO PESSOA E PROFISSIONAL.

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la nasceu em Lages. É filha do casal Célio e Cleci de Liz Vassen (falecida recentemente). Tem um irmão mais novo, Osni, que é dentista. E diz que sua essência é cuidar de pessoas. Dra. Maitê é médica oncologista. Desde 2008, atua na sua especialidade (tratar e cuidar de pacientes com câncer) como funcionária do Hospital Tereza Ramos (HTR). E também em sua clínica, a Animi Unidade de Tratamento Oncológico, ao lado do esposo e também

Animi Unidade de Tratamento Oncológico Hoje, o casal está à frente da Animi Unidade de Tratamento Oncológico. E desde maio estão atendendo em prédio próprio, de quatro andares, construído com dedicação, espírito empreendedor e carinho pelos dois, em frente da futura nova ala do HTR. “Quem trabalha com tratamento de câncer precisa entender e conhecer muito bem o funcionamento de todos os órgãos e sistemas do corpo humano. Afinal, te-


MAITÊ

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MAITÊ Professora no curso de Medicina

Para mim, ser médica e só tratar das doenças é muito pouco. Então, busco entender e tratar também a parte psicossocial. Por isso, criei o projeto Árvore da Vida, para tentar ajudar as pessoas em outros aspectos, através de eventos com palestras que agregam conhecimentos ao tratamento convencional, seja na alteração de hábitos alimentares ou no modo de vida do paciente.

mos mais de 100 tipos diferentes de câncer, de intestino, pulmão, pâncreas, mama, próstata, fígado, cérebro, etc. Então, você precisa entender do paciente como um todo, incluindo muito de psicologia. E saber bastante sobre o histórico dessa pessoa. Afinal, a doença nunca surge do nada. E você tem de saber as causas para saber tratar melhor”, fala Dra. Maitê. Segundo ela, o câncer hoje em dia deixou de ser um atestado de morte, como há pouco tempo era visto. As estatísticas mostram que 60% dos casos de câncer maligno hoje têm cura. Ou seja, de cada 10 pacientes que fazem tratamento, seis conseguem se curar e sobreviver. No entanto, nem sempre essa cura será completa e total. “Depois que o tumor é controlado, é necessário continuar tomando medicação e se tratando permanentemente para não haver metástase e o câncer voltar. É como se fosse uma doença crônica como o diabetes, por exemplo”, explica a doutora.

Ao conversar com Maitê, percebe-se o quanto ela adora o que faz. E o quanto se comunica bem com as pessoas. “Eu gosto de conversar com meus pacientes. E, se possível, estabelecer juntos como será o tratamento. E até, em algumas situações, como será a morte dessa pessoa. Infelizmente, muitas vezes a família impede essa abertura. Eles não querem que a pessoa seja informada e esclarecida sobre sua real situação. É um direito que lhes cabe. Mas, em minha opinião, esconder é pior”, falou. Além de médica, Dra.

Maitê também é professora no curso de Medicina da Uniplac. E, mais recentemente, vinculado à Animi, criou o projeto Árvore da Vida. “Quero ajudar as pessoas também a se prevenirem e a viverem melhor. Para isso, vamos fazer ações que envolvam Arte e Cultura, Espiritualidade (no mais amplo sentido) e Ciência. Inclusive, montamos um auditório na Animi. E frequentemente reuniremos pessoas para palestras e eventos nestas áreas e com estes objetivos, sem visar lucro com isso”, complementou.

Jornada incansável Maitê trabalha em média 12 horas por dia. Levanta cedo, às 6h30min. para ir à academia. Começa a trabalhar às

7h30min. E continua até às 19h30min. (com um curto intervalo para ir almoçar em casa e ver a filhinha Alice, de 4 anos). Aos sábados e domingos, a jornada é um pouco mais curta, em torno de seis horas. À noite, além de conviver com o esposo e com a filha, ainda tira tempo para ler, e muito. E não apenas literatura médica. “Gosto de ler de tudo. Atualmente, estou lendo seis diferentes livros ao mesmo tempo”, falou. Entre eles está uma biografia sobre Madre Tereza de Calcutá, os livros “Entendendo a Morte e o Morrer”, “Teias da Vida” e “Homo Deus”. Na Medicina, ela estuda e se atualiza acompanhando as mais recentes pesquisas e estudos publicados em revistas científicas ou na internet. E participando pelo menos uma vez por mês de congressos e eventos da área. “Eu e o Pedro, ou muitas vezes sozinhos, só paramos de trabalhar quando estamos em Congressos. E isso acontece pelo menos uma vez por mês, no Brasil ou no exterior. Normalmente vamos um dia antes e ficamos até um dia depois para também conhecer a cidade”, finaliza.

ATUAÇÃO // CLÍNICA MÉDICA E ONCOLOGIA CLÍNICA CRM/SC 11.084 - RQE 7324 E 7325

CONTATO // 49 3380.5200 www.animi.med.br animi@animi.med.br

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do Carmo

MÂNICA UMA DAS PRIMEIRAS ALERGOLOGISTAS DE LAGES SE DESCOBRIU MÉDICA AINDA MUITO CEDO. O EXEMPLO DA FAMÍLIA EM AJUDAR AS PESSOAS REFLETIU NA SUA VOCAÇÃO. HOJE, A DRA. MARIA DO CARMO MÂNICA TRABALHA NA SUA ÁREA COMO UMA “DETETIVE”, AUXILIANDO CADA VEZ MAIS PESSOAS A DESCOBRIREM DIFERENTES TIPOS DE ALERGIA QUE, MUITOS, NUNCA TINHAM OUVIDO FALAR. atural de Minas Gerais, Maria sempre se interessou pela área da medicina. De origem humilde, batalhou muito para conquistar seu espaço num dos cursos mais concorridos do Brasil. Não bastasse a concorrência, na época em que cursara, as

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mulheres eram minoria na Universidade, principalmente na Medicina. Maria lembra de ser uma das poucas na 10ª turma do curso. A paixão pela área, conta ela, vem do fato de poder proporcionar ajuda às pessoas. E isso ela aprendeu através da generosidade de

MARIA seus pais. Depois de terminar a faculdade de Medicina, Maria foi se especializar. A área das alergias já a havia fascinado durante o curso, quando viu a apresentação de um especialista. Então, após a graduação, também buscou essa especialização. De Minas, foi para o Rio de Janeiro, onde se especializou em pediatria, depois em alergologia. Antes de vir para Lages, trabalhou na Companhia Paranaense de Energia (Copel), em Curitiba. Lá teve seu filho Nicolas Mânica e morou por 25 anos. Maria veio morar em Lages há poucos anos, mas já frequentava a cidade há bastante tempo pois é casada com um lageano, Justo Mânica. Com o tempo, viu a necessidade de vir para cá, não somente pela família, mas porque notou que o município é carente na sua especialidade. Ela conta que muitos pacientes, antes de se consultarem com ela, tinham de se deslocar para outros lugares. Enquanto alergologista, a doutora ressalta que é uma ciência bastante recente, na qual poucos médicos têm conhecimento, tanto no Brasil quanto fora. Segundo ela, é uma área de difícil acesso e requer bastante estudo, mas da qual se orgulha muito em fazer parte. Isso porque, Maria observa, as alergias são a epidemia do século 21. Há uma grande incidência de problemas relacionados a produtos alimentícios, principalmente, como o leite, glúten, corantes, conser-

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MARIA

Fé, sempre tive em minha vida. Sou movida pela fé. É a única certeza de tudo aquilo que se espera. Tudo aquilo que eu esperei e tenho esperado, tenho conseguido com paciência. Lembro-me de uma frase: ‘Talvez o segredo da felicidade seja mesmo um montinho de doçura, um tantão de amor e muita fé todos os dias!’”.

vantes, entre outros. Nessa parte, seu diagnóstico exige um trabalho complexo de investigação. Por isso, defende um tipo de consulta diferenciada, na qual atende seus pacientes por um maior período de tempo, a fim de investigar melhor as causas alérgicas. Ela explica que sua área de atuação é bastante abrangente, atendendo alergias (pediátricas, dermatológicas, respiratórias, alimentares...), imunodeficiências. Nesse sentido, se orgulha, também, de ter um contato mais humanizado.

ATUAÇÃO // MÉDICA ALERGOLOGISTA E IMUNOLOGISTA - CREMESC 22139

CONTATO // 49 3018.4397 mmanica77@yahoo.com


MORAES

Orsatto

PARA A DENTISTA MÔNICA ORSATTO, VER SEUS PACIENTES SORRINDO VAI ALÉM DA SAÚDE BUCAL; TRATA-SE DE SABER QUE ESTÁ INTERFERINDO NO RESGATE DA AUTOESTIMA E DA AUTONOMIA DAS PESSOAS. MUITO MAIS DO QUE ISSO: TAMBÉM É PROPORCIONAR A PACIENTES ESPECIAIS O ACESSO AOS SERVIÇOS ODONTOLÓGICOS, ATRAVÉS DE SUAS MÃOS. uando saiu do ensino médio, Dra. Mônica ainda não sabia ao certo que área de atuação seria escolhida para cursar na universidade. Nascida em Rio das Antas (SC), foi seguindo o sonho de seus pais, que era de nunca largar os estudos e ter autonomia, para ser uma mulher independente. Em Curitiba (PR), assim o fez. Entre as opções de vestibular para uma Universidade Federal, optou pela odontologia. A dedicação aos estudos lhe rendeu uma vaga no curso, na Universidade Federal do Paraná. O que para ela foi algo gratificante, afinal, se não tivesse conseguido uma vaga numa instituição pública, seria difícil arcar com os estudos na rede particular. No começo da Universidade ainda não se identificava completamente com a odontologia. Mas à medida que os semestres iam passando, era conquistada cada vez mais pelo curso, com a possibilidade de resgatar a

vontade de sorrir das pessoas. Mônica conta que a odontologia é praticamente um trabalho artesanal e minucioso, o que se encaixava com ela, pois sempre teve habilidade manual. Hoje, se sente muito feliz com a escolha que fez. É uma profissão que lhe exige fisicamente e mentalmente, mas que também a instiga ao constante aprimoramento. Através da sua profissão, Dra. Mônica tem consciência da diferença que seu trabalho pode promover na vida das pessoas, porque o dentista não é responsável somente pela saúde bucal de um indivíduo, mas, também, pela melhora da sua autoestima. Segundo ela, uma pessoa com o sorriso saudável se sente mais segura para ocupar seu espaço na sociedade. Quando fazia o curso, ainda na década de 1990, a dentista nota que as mulheres já eram a maioria e estavam dominando, principalmente a área da saúde, que antigamente era predomi-

nantemente masculina. Para ela, quando uma mulher entra para qualquer setor da saúde, quem ganha é a sociedade, devido a todo cuidado e tato que o sexo feminino tem para trabalhar com pessoas. “A saúde ganha quando tem mulheres à frente”, reforça. Dentro da sua área de atuação, Dra. Mônica atende as especialidades de Ortodontia e Odontopediatria, na clínica Oral Esthetic. Mas um dos trabalhos do qual se orgulha muito em fazer é o atendimento de pacientes especiais na UNIPLAC, realizado no CEO (Centro de Especialidades Odontológicas) daquela universidade. Segundo ela, a partir desse contato com crianças e adolescentes especiais, bebês e até pessoas idosas, pôde ter uma visão diferente do mundo, o que a fez evoluir profissionalmente e pessoalmente. Afinal, é gratificante fazer a diferença na vida de pessoas que por causa de sua condição especial acabam não conseguindo atendimento ou, muitas vezes, não teriam acesso aos serviços odontológicos até por conta de questões financeiras. São cerca de 100 pacientes por mês, de toda a AMURES, atendidos na clínica dentro da Uniplac, onde atende ao lado de uma

MÔNICA

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MÔNICA

Tudo o que eu faço, procuro fazer o melhor que eu posso. Coloco o melhor de mim em qualquer situação, seja na minha casa, na educação da minha filha, no meu trabalho e no meu dia a dia. Claro que posso não conseguir, porque tenho minhas limitações e muito a aprender. Mas a gente é um ser incompleto, em desenvolvimento, então, o meu desafio é evoluir constantemente”. grande equipe, que auxilia no cuidado desses pacientes especiais. Dra. Mônica, depois de atuar nesse projeto (o que ela faz há mais de 10 anos), até sonha, um dia, em poder oferecer uma equipe multiprofissional que amplie o atendimento inclusive aos cuidadores e familiares que acompanham os pacientes especiais.

ATUAÇÃO // ORTODONTIA E ODONTOPEDIATRIA - CRO/SC 4272

CONTATO // 49 3224-0838 monicadentista@uol.com.br

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Terezinha

JÚLIO

O CONSÓRCIO INTERMUNICIPAL DE SAÚDE DA AMURES (CIS/ AMURES) FUNCIONA HÁ 21 ANOS. É REFERÊNCIA E EXEMPLO EM TERMOS DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS NA SAÚDE. ATENDE A REGIÃO SERRANA (18 MUNICÍPIOS) E MAIS SETE MUNICÍPIOS PRÓXIMOS QUE FORAM ADERINDO AO LONGO DOS ANOS. À FRENTE DE TUDO ISSO ESTÁ UMA MULHER: NALU TEREZINHA JÚLIO.

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iscreta, simples e extremamente objetiva, Nalu não gosta de badalação e nem de aparecer. Por isso mesmo, levou um bom tempo para se decidir a participar desta publicação. “Eu gosto de trabalhar. E não de aparecer”, justificou-se. “Só aceitei porque acredito que junto com esta matéria também será divulgado o trabalho que fazemos aqui no CIS/Amures”, explicou. Sem dúvida, Nalu. Você só foi convidada porque o teu trabalho é muito importante. Afinal, o CIS/Amures atende em média 800 pessoas por dia, dos vários municípios que integram o referido consórcio. “Nossa principal função aqui é intermediar as demandas de saúde dos municípios”, contou Nalu. “A gente contrata serviços pela tabela SUS. Fazemos consultas, encaminhamos exames. E também atendemos a demandas es-

pecíficas como as cirurgias eletivas pelo mutirão de cirurgias do Estado”, explicou.

CIS/Amures é referência no Brasil Orgulhosa, Nalu conta que o trabalho realizado e desenvolvido pelo CIS/Amures hoje é referência e exemplo para várias regiões do Brasil. E também já foi apresentado no exterior, em Cuba. “São muitas regiões que nos pedem para apresentar nosso case em congressos e seminários de saúde pelo Brasil afora. Fico feliz com isso, porque não pediriam para a gente se apresentar se não estivéssemos fazendo um bom trabalho”, conta. Nalu é lageana, tem 56 anos. E é solteira. No Ensino Médio, fez Técnico em Enfermagem. E concluiu graduação em Pedagogia. Mas, como é funcionária da Secretaria de Estado da Saúde desde 1982, teve oportunidade de concluir várias

NALU especializações, inclusive Administração em Saúde Pública. “Eu também ocupei o cargo de Gerente Regional de Saúde, no período de 1994 até 1996. Foi nessa época que concebemos, elaboramos e colocamos em prática o projeto do CIS/ Amures. Eu estou à frente disso desde o começo, há 21 anos”, frisou.

Adepta do Reiki e gosta de viajar No consórcio de saúde, ela comanda uma equipe de 20 pessoas. “Fico feliz quando as pessoas saem daqui bem atendidas e felizes. Isso é o que mais me gratifica”, explicou. Como ninguém é de ferro, quando Nalu não está trabalhando, gosta de viajar. “É ótimo conhecer novos lugares e pessoas”, falou. E também é praticante e adepta do Reiki (uma técnica oriental que utiliza a energia através das mãos, buscando aliviar ou levar melhorias na saúde física e mental das pessoas). “Faz cinco anos que pratico Reiki. Tudo começou quando meu pai estava doente e busquei essa terapia alternativa

P O R

NALU

Sou uma pessoa simples e objetiva. Primo muito pela justiça e tento trabalhar e atuar da forma mais justa possível com todos e com tudo. Às vezes sofro quando não consigo dar conta ou atender as demandas das pessoas. A saúde é um setor muito sensível e complexo. E nem sempre conseguimos resolver. Felizmente, quando coloco a cabeça no travesseiro sempre consigo dormir em paz já que sempre dou o meu máximo, fazendo tudo o que estiver ao meu alcance”. para ele. Gostei tanto que fiz vários cursos. E ainda quero ser Mestre em Reiki”, explicou.

ATUAÇÃO // DIRETORA DO CONSÓRCIO INTERMUNICIPAL DE SAÚDE DA AMURES

COLABORADORES // 20 CONTATO // 49 3251.3700 www.cisamures.com.br


QUE NADA NOS LIMITE, que nada nos defina, que nada nos sujeite. Que

SEM LI MI TES

a liberdade seja nossa própria substância, já que viver é ser livre.

PORQUE ALGUÉM disse e eu concordo que o tempo cura, que a mágoa passa, que decepção não mata. E que a vida sempre, sempre continua.” Simone de Beauvoir //// ESCRITORA, INTELECTUAL E FILÓSOFA FRANCESA

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Bunn

GUGELMIN

HÁ MAIS DE 40 ANOS, A EDUCAÇÃO É ASSUNTO PRIMORDIAL PARA A LAGEANA NEIDE BUNN GUGELMIN. A PROFISSIONAL COMEÇOU A SUA CARREIRA NA ANTIGA ESCOLINHA DA MÔNICA, EM LAGES. TRABALHOU COMO COLABORADORA POR TRÊS ANOS, ATÉ QUE COMEÇOU A SOCIEDADE NA INSTITUIÇÃO QUE VIRIA A SE TORNAR MAIS UM CENTRO ESCOLAR, NO BRASIL, COM BASE NA EDUCAÇÃO MONTESSORI.

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asada com Dorcel Gugelmin, diretora da Escola e mãe de Larissa, Francine, Dorcel Jr. e Camila, é avó de Barbara, Victoria, Lívia, Cecília e Eleonora. Os filhos Dorcel Jr. e Camila trabalham ativamente no Sigma que hoje é uma grande instituição de ensino.

Sangue empreendedor Neide é filha de Pedro e Ivete Bunn, uma família conhecida na cidade pelo comércio de confecções, atividade que desempenharam por 40 anos. Foi no final do ciclo da madeira, em 1976, que a família mudou-se para Florianópolis e Neide, com o sangue empreendedor, ficou em Lages, construindo a identidade Mônica/Sigma,

uma escola montessoriana, tornando-se o que é hoje. O Método Montessori foi criado por Maria Montessori (Itália). Como médica psiquiatra, partiu da observação para confirmar o desenvolvimento da criança: físico, neural/mental e espiritual – todas as crianças têm a capacidade de aprender a partir dos interesses naturais, das estimulações do meio e das experiências

realizadas no ambiente – respeitando fatores como tempo e ritmo, personalidade, liberdade e individualidade.

Método baseado na autonomia do aluno Foi exatamente isso que atraiu a atenção de Neide, que sempre se preocupou com a inovação, buscando uma forma diferente de fazer escola. “Fazer uma metodologia com seus alicerces em uma filosofia, não é tarefa fácil, pois o ambiente precisa de uma preparação científica para alcançar seus objetivos. Em Montessori, a filosofia necessita do movimento, propondo a livre escolha para o exercí-


NEIDE cio da autonomia. Enfatiza que professores e espaços preparados permeando com a tecnologia moderna (ambientes virtuais), estratégias e conteúdos desencadeiam emoções que favorecem a aprendizagem, como atenção, percepção, memória e funções executivas. Aprendemos aquilo que nos emociona; situações que favorecem a aprendizagem são aquelas prazerosas, motivadoras, que produzem curiosidade e expectativa, que signifiquem desafios. Para isso, é importante que o aluno perceba que o que ele aprendeu dá bons resultados, transforma seu dia a dia, atende às suas necessidades, facilita sua vida e o torna melhor. A empatia, o ambiente de segurança, o conforto, o apoio e a afinidade entre pares nas turmas, são importantes — é necessário transformar o conhecimento em objeto de curiosidade; a academia deve caminhar junto nas relações

socioemocionais, pois a aprendizagem é a soma de todos os elementos resultantes da reorganização das redes neurais que levam a novos conhecimentos, ideias, atitudes, habilidades e competências... A ação do professor é a de organizar a relação do aluno com os objetos do conhecimento. Para tanto, torna-se necessário o professor mediador, o que propõe o diálogo com o aluno, aquela prática argumentativa de dar respostas consistentes.

Pioneirismo Neide acredita que tudo o que é novo causa insegurança. Ela relata que ainda precisa lidar com a dificuldade do conceito que as pessoas criam em relação à Montessori, mesmo que o Método tenha apresentado, ao longo dos anos, resultados reconhecidos em nossa cidade e internacionalmente. “Nosso maior desafio foi permanecer em um método pedagógico que era pouco

conhecido na época. Em Santa Catarina, são três instituições que oferecem o Método Montessori – CEMJ Centro Educacional Menino Jesus (Florianópolis), Escola Girassol (Joaçaba) e Colégio Sigma (Lages). As constantes transformações da sociedade moderna indicam necessidades de mudanças na educação — já nos sentimos melhores adaptados para essas mudanças. Hoje colhemos os frutos de um trabalho dedicado em mantermos firmes nossos ideais, mostrando que o novo expande a consciência do presente, amplia o foco de futuro, promovendo a comunicação com o mundo.

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NEIDE

Sou uma pessoa dinâmica, que valoriza o conhecimento como princípio de liberdade. Acredito na transformação da sociedade pela educação de qualidade, ampliando o olhar para o futuro juntamente com a família, a escola e a comunidade. Acredito no respeito e no nosso ‘olhar’ às necessidades e potencialidades da criança/jovem, pois eles se tornarão adultos, que repassarão os valores apreendidos às próximas gerações. Sou responsável pelas minhas escolhas, pois elas envolvem minha família e meu entorno. Sou apaixonada pela Educação e acredito que o sucesso se consegue com entusiasmo pelo trabalho, dedicação e a capacidade de adaptação ao novo”.

Sigma é referência A instalação da escola no bairro Sagrado Coração de Jesus também foi um fator para o desenvolvimento da cidade. A rede de trocas de

saberes, incentiva novas formas de combater o esgotamento dos atuais modelos educacionais e dá ouvidos à experiência, razão porque recebe visitas de diversas instituições de ensino — educadores em formação de diferentes universidades passam pelas salas de aulas do Sigma para conhecer o Método e estudar seus resultados.

ATUAÇÃO // EDUCAÇÃO MONTESSORI – EDUCAÇÃO INFANTIL E ENSINO FUNDAMENTAL DO 1º AO 9º ANO

CONTATO // 49 3223.2930 www.colegiosigma.com.br

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LOPES de Oliveira

A PERDA DE UMA FILHA PARA O CÂNCER, NO INÍCIO, PODE TRAZER UMA DOR IMENSA. MAS, DEPOIS, FOI A FORÇA MOTRIZ QUE LEVOU NEUSA LOPES DE OLIVEIRA A FUNDAR UMA DAS CASAS DE APOIO E ACOLHIMENTO DE PESSOAS COM CÂNCER MAIS CONHECIDAS E RENOMADAS DE SANTA CATARINA. UM TRABALHO VOLUNTÁRIO QUE A FEZ CONHECER DIVERSAS OUTRAS HISTÓRIAS SEMELHANTES À SUA, AJUDANDO NA SUPERAÇÃO DA PERDA.

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á 16 anos, Neusa perdeu a filha Mara, por causa de um tumor no cérebro. Como toda perda é difícil, levou um tempo para se recuperar. Mas após um ano e meio resolveu reunir em sua casa outras mães que também passaram pela mesma situação. Naquela época conheceu outras histórias, as quais foi se identificando e ficando forte junto às outras mães, para superar o luto. A partir desses encontros, o grupo de mães pen-

sou em criar uma casa que pudesse acolher pessoas em tratamento de câncer. Essa vontade também se deu por um desejo da filha. Neusa lembra que Mara dizia que se ficasse melhor iria trabalhar em prol dessa causa. A ideia se materializou no dia seguinte. Neusa e outra mãe foram atrás de uma casa, que seria o primeiro passo. Assim, surgiu a primeira sede da Casa de Apoio Colibri. Ela lembra que era uma residência singela, com dois quartos, sala e cozinha conjugada. Mas

o suficiente para iniciar os trabalhos. Cada amiga do grupo ajudou com alguma coisa para mobiliar a casa. Depois de uma semana já estava tudo pronto para receber os pacientes. Neusa fez uma parceria com o Hospital Tereza Ramos. Com isso, todo e qualquer paciente teria de ser encaminhado pela unidade para se hospedar naquela casa de apoio. Um momento marcante do início deste trabalho foi que a primeira paciente a ficar na Colibri, se chamava Mara. Neusa chora ao lembrar-se desse fato. Para ela, enquanto espírita, nada acontece por acaso e receber essa paciente foi quase que como uma resposta de tudo que ela e as amigas vinham fazendo por essas pessoas. Em seis meses, a casa já não tinha mais espaço para acolher pacientes. Foi quando, outra vez, Neusa saiu em busca de outra estrutura. Com a ajuda da Dra. Wilma Carrilho, primeira médica e primeira vereadora mulher de Lages, recebeu um terreno onde pôde construir a atual sede (ao lado da Av. Belizário Ramos, no bairro Copacabana). Hoje, o local tem capacidade para 35 pacientes e oferece todo o suporte, pelo tempo que a pessoa precisar, recebendo pacientes de diversos lugares do Estado. Um trabalho feito so-

mente por mulheres, do qual Neusa se orgulha muito, porque a partir dessa “doação” de si pôde renascer junto com a filha. “Quem quer superar, em parte, essas perdas, não fique em casa. Busque um trabalho de caridade, de ajuda, porque é neste trabalho que a gente consegue continuar a vida”, diz emocionada. Às vezes, Neusa se pergunta se teria chegado neste trabalho voluntário se não tivesse perdido a filha. Acredita que foi intuída a fundar a casa e ajudar a tantas outras pessoas.

NEUSA

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NEUSA

Eu gosto da oração de São Francisco. A oração dele no final diz: ‘é dando que se recebe’. Essa frase abrange todo o trabalho que a gente faz. A minha disponibilidade, meu tempo, minha energia, está retornando a mim em paz, em tranquilidade e agradecimento”.

ATUAÇÃO // TRABALHO VOLUNTÁRIO NA CASA DE APOIO COLIBRI QUE ABRIGA PESSOAS COM CÂNCER

CONTATO // 49 3227.0799 casadeapoiocolibri@hotmail.com


HÁ MULHERES que trazem o mar nos olhos Não pela cor Mas pela vastidão da alma E trazem a poesia nos dedos e nos sorrisos Ficam para além do tempo Como se a maré nunca as levasse Da praia onde foram felizes

O MAR DOS MEUS OLHOS”

HÁ MULHERES que trazem o mar nos olhos Pela grandeza da imensidão da alma Pelo infinito modo como abarcam as coisas e os homens... Há mulheres que são maré em noites de tardes e calma. Sophia de Mello Breyner Andresen //// POETISA PORTUGUESA

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FERNANDES HÁ 10 MESES, A ADMINISTRADORA PRISCILA FERNANDES, 31 ANOS, VIU SUA VIDA MUDAR PARA MELHOR. ASSISTIU O SONHO SE TORNAR REALIDADE E SE EXPANDIR. A LAGEANA, QUE SAIU DE CASA AOS 18 ANOS, ADQUIRIU EXPERIÊNCIA E COM ISSO RESOLVEU VOLTAR PARA A CIDADE NATAL, COM A VONTADE DE FICAR MAIS PRÓXIMA DA FAMÍLIA E CRIAR RAÍZES.

no. Foi aí que a ideia de abrir sua própria loja voltou a ser uma opção, já que este era um sonho antigo que, finalmente, poderia ser concretizado devido à experiência que carregava.

Nasce a Loja Zöe

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ogo após concluir o ensino médio, Priscila foi em busca do sonho de se profissionalizar em lugares do Brasil. Passou por Brusque, São Paulo e Guarujá. Em todos os lugares que esteve, nunca deixou de estudar e procurar por oportunidades cada vez melhores de emprego, sempre buscando ir além das suas

expectativas. Ao voltar, sentiu uma grande diferença na forma em que as coisas funcionam por aqui, afinal, havia ficado 10 anos fora. Ela relata que não conseguiu se adaptar no ambiente de trabalho, já que a sua experiência e visão de mundo não faziam parte do ambiente empresarial lagea-

A Zöe abriu as portas pela primeira vez no Shopping Gemini, no Centro de Lages, no final do ano passado. Com foco no público

feminino e com um cuidado especial na hora de definir o produto a ser comercializado, Priscila logo recebeu uma proposta de expandir o negócio. Em menos de seis meses, abria a segunda loja, no Lages Garden Shopping, com o mesmo segmento. Em seguida, decidiu ir mais adiante e abriu, também, a Zöe Kids, voltada para o público infantil. A intenção da empresária é muito clara. Não está ali apenas para vender peças de roupas para desconhecidos. Ela quer mesmo é criar uma experiência, melhorar a autoestima das mulheres que passam pelos provadores da loja e ampliar amizades. “O meu trabalho é fazer com que as pessoas


PRISCILA

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PRISCILA

Sou uma pessoa muito guerreira, sempre procuro melhorar, principalmente no que estou falhando. Ajudo as pessoas no que posso. Procuro sempre pensar mais nos outros do que em mim. Sempre peço mais para os outros do que para mim. Dessa forma, o sucesso sempre acontece”.

saiam daqui sentindo-se lindas”, ressalta Priscila. Essa é uma das teorias que trouxe consigo de outras vivências profissionais, onde sempre se preocupou com a experiência do cliente, lembrando em melhorar sua autoestima e trazer um impacto significativo para sua vida.

Zöe Kids e Homem Seus primeiros clientes foram a família e amigos, que para ela, são de fundamental importância para seu sucesso. “Tudo o que tenho hoje devo à minha família e amigos”, acrescenta. Com a inauguração da Zöe Kids, o empreendimento se tornou ainda mais familiar, já que as mulheres compram para si e também para os filhos. Dessa forma, Priscila acaba conhecendo todos, sabendo o que gostam e montando um atendimento especializado para cada tipo de pessoa. A vontade é expandir e criar

também a Zöe Homem, devido aos muitos pedidos que recebe. Tratando de expansão, a empresária se organiza agora para abrir franquias da Zöe em outras cidades da Serra Catarinense. Para isso, divide seu tempo em administrar as lojas que já estão em funcionamento e em acompanhar a montagem da nova loja, que deve ser inaugurada em poucos meses. Precisou até se mudar para a cidade, que ainda prefere não revelar, onde será aberta a nova franquia para acompanhar de perto a montagem da estrutura.

nificado de “sentido bíblico” a palavra deu norte para a criação do nome de sucesso. Priscila faz parte do crescimento de 34% nos últimos 14 anos do número de mulheres empreendedoras. Jovens, com pouca experiência em manter um negócio próprio e ainda por cima, mulher. No cenário lageano, ela percebe que o empreendedorismo jovem é muito expansivo. Mas também analisa que são necessários elementos que diferenciem as lojas e tragam novidades. “A ideia precisa ser diferente, trabalhar com assistência”, ressalta. Na questão feminina, a empresária percebe que as mulheres estão cada vez mais encontrando suas

vozes, se reconhecendo e buscando dentro de si o seu poder de crescimento.

Futuro Para o futuro, Priscila espera o crescimento da empresa, que já vem dando seus primeiros passos. O start já foi lançado e a expectativa é que as clientes saiam das lojas felizes, realizadas e com elevada autoestima. “Que continue assim e que o nome cresça”, ressalta. “A vontade é de cada vez mais ajudar os clientes a melhorarem a forma como se sentem”, finaliza.

Nome bíblico Priscila relata que começou com pouco capital, vendeu o apartamento que tinha e teve muita coragem em abraçar essa nova experiência. “Dei tudo o que tinha. E com muito pouco fiz muita coisa. Mas nunca tive grandes pretensões, comecei pequena”, relata a empresária. O nome Zöe foi escolhido com um propósito, já que é uma expressão bíblica. Com sig-

ATUAÇÃO // EMPRESÁRIA DO RAMO DA MODA COLABORADORES // 06 CONTATO // 49 99166.8999 /zoe.prifernandes

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S E N S

UM SONHO FAMILIAR SE TORNOU UMA GRANDE EMPRESA DE SUCESSO. À FRENTE DISSO, ESTÁ RACHEL VALLIM, QUE É DIRETORA DO CEMITÉRIO PARQUE DA SAUDADE. SEMPRE OUVIU FALAR DO PROJETO, JÁ QUE ERA UM DESEJO DO PAI DESDE MUITO CEDO.

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ascida e criada em Lages, iniciou a faculdade de Ad m i n i st ra çã o de Empresas, mas cursou somente até a quinta fase e depois acabou formando-se em Direito e fazendo pós-graduação em Gestão de Pessoas. Rachel relata que sempre investiu na atualização profissional, em todas as áreas de interesse ao negócio, que vão desde o curso de vendas ao Direito Tributário. Rachel é solteira e mãe de Leonardo, de 15 anos. Além da direção do Parque, é sócia-proprietária de um canil (cães de aponte), além de gostar da lida campeira, uma herança familiar. Essa paixão motivou a família a ter uma Cabanha de Cavalos Crioulos. Durante a infância, os pais foram proprietários de uma academia de muscu-

lação: a Academia Vallim. Cresceu nesse meio, mas sabendo que um dia teriam um cemitério. Acabou se tornando um projeto para toda a família e foi lançado em 1991. Aos 14 anos começou a trabalhar na academia e já aos 16 anos iniciou efetivamente seu trabalho no Parque da Saudade.

Negócio peculiar Administrar uma empresa que possui um negócio tão peculiar é um desafio constante. Atualmente, contam com cerca de 50 colaboradores diretos e em torno de 6.000 clientes, entre vendas de lotes e planos. O negócio é secular e a relação com os clientes é permanente, se estendendo geração após geração. A administração sabe que o produto que traba-

G A M B O R G I

lham é diferente, já que ninguém gosta de pensar em morte. Mas ressalta que é preciso falar disso, contudo, de uma forma respeitosa e realista. “O maior desafio está na conscientização da população quanto à importância da prevenção, mostrar a aquisição antecipada como algo importante, tanto em termos financeiros quanto emocionais, poupando a todos de um desgaste que somente quem já passou por essa triste e inevitável experiência, conhece”, explica Rachel.

Passou por todos os setores da empresa Durante os 26 anos de história do Parque da Saudade, ela ressalta que foram muitas conquistas, principalmente para Rachel, que passou por todos os setores da empresa: desde recepção, cobrança, cadastros, publicidade, telemarketing, departamento pessoal e até mesmo venda de porta em porta nos bairros. Hoje, estar no comando da empresa, não foi um processo natural e sim uma conquista, da qual se orgulha. O Parque da Saudade tem um conceito diferente. “A ideia de jardim é para deixar a lembrança e a visitação menos dolorosas. Estar em um lugar pleno, seguro, junto à natureza, rodeado de pássaros e flores,

VALLIM RACHEL

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Não acredito que liderança ou competência tenha a ver com gênero, mas sim com o perfil pessoal. Ocorre que hoje a mulher ocupa um papel diferente na sociedade, com mais liberdade de expressão e acesso às informações, podendo desenvolver seu perfil profissional de forma qualificada e ocupando diversos cargos em diversas áreas, inclusive cargos importantes tanto quanto qualquer homem”.

suaviza esse processo de despedida”, afirma Rachel. Ela acrescenta que a morte é inevitável e a dor da perda dilacera o coração de uma família, mas é um processo natural da vida. “Quem já partiu seguirá seu caminho em outro plano. Por isso, o Parque é feito para quem fica, para quem amava e ainda precisa da referência de alguém que lhe foi tão importante, mas não está mais no convívio familiar”, explica a empresária.

ATUAÇÃO // EMPRESÁRIA E DIRETORA DO CEMITÉRIO PARQUE DA SAUDADE

COLABORADORES // 50 CONTATO // 49 3222.5533 /parquedasaudadelages



foto // CATARINAS COMUNICAÇÃO

Rodrigues

NATURAL DE SÃO JOAQUIM, ROSANI POCAI, 53 ANOS, SEMPRE GOSTOU DE ESTAR ENVOLVIDA EM MUITAS FRENTES DE NEGÓCIOS, AINDA QUE NA ADOLESCÊNCIA HOUVESSE DÚVIDA SOBRE O QUE SEGUIR. O COMÉRCIO E TODO O PROCESSO NO ENTORNO DESSE SETOR A FISGARAM. E DESDE OS 25 ANOS, QUANDO ABRIU SEU PRIMEIRO EMPREENDIMENTO, NÃO SAIU MAIS DO RAMO.

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osani vem de uma família de agricultores. Ela e as outras três irmãs cresceram na terra da neve. Na adolescência, por não saber sua vocação, optou por fazer o curso de Técnico Agrícola. Mas ainda com aquela dúvida se era o caminho certo. Em 1989, surgiu a oportunidade de ela e sua irmã abrirem uma malharia e camisaria, conhecida como Trapus Transados. O negócio durou por certo tempo apenas, e elas acabaram fechando. Após o encerramento dessas atividades, Rosani retornou à terra natal para ajudar a mãe. Ficou lá até por volta

de 1994, quando voltou para Lages e abriu outra loja. Dessa vez, sozinha, um estabelecimento que fazia a confecção de pijamas de seda, ficando conhecido como Trapus de Seda.

Presidente da CDL Nesse meio tempo, viu seu negócio crescer e tomar grandes proporções. Tinha revendas na região como São Joaquim e Urubici, com vendedoras que representavam a marca. Em Lages, a loja chegou a se estabelecer no Shopping Gemini, onde se desenvolveu bastante e, depois, no Serra Shopping, quando Rosani começou

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a diversificar o negócio e, aos poucos, foi deixando de confeccionar pijamas e vender outras marcas. Nos últimos anos, Rosani esteve envolvida junto à Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Lages, onde atuou na direção da entidade chegando até a presidência (cargo que exerce atualmente). Ela conta que sempre gostou de estar envolvida com projetos que a fizessem estar em contato com outras pessoas e engajada em causas para o desenvolvimento regional. Na CDL, conseguiu concretizar essa vontade.

Aprendeu a liderar Rosani reconhece que cresceu pessoal e profissionalmente com a CDL, pois no início, ao assumir a presidência em 2014, sabia que não tinha ainda a habilidade de liderar. Mas, com o tempo, se moldou e aprendeu com a experiência de estar envolvida com tantos projetos e ações da Câmara. Enquanto mulher, Rosani viu por diversas vezes a classe feminina tentando ocupar espaços de liderança. Não sentiu dificuldades para se impor, mas reconhece a realidade da mulher no mundo dos negócios. Avalia que em Santa Catarina está

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Sou sonhadora e quero uma cidade melhor para nós, lageanos e habitantes desta terra. Quero e vou ver o desenvolvimento regional turístico da Serra Catarinense, através do projeto do Festival de Inverno. A minha vontade, o meu legado é esse: estar fazendo sempre, no meio onde estou inserida, cada vez mais para melhorar, para haver lá no final, resultados melhores para todos”.

quase equiparada a situação com a dos homens. Prestes a entregar o cargo de presidência da CDL, Rosani começa a se dedicar a projetos pessoais, entre eles o de criar uma marca de bolsas artesanais, no qual deve se dedicar ainda mais quando estiver com o tempo livre.

ATUAÇÃO // PRESIDENTE CDL LAGES COLABORADORES // 15 CONTATO // 49 3221.7007 www.cdlages.com.br


Rodrigues de Souza COORDENADORA DO CENTRO DE RECUPERAÇÃO NOSSA SENHORA APARECIDA (CRENSA), ARTESÃ, MÃE, ESPOSA E VITORIOSA. CUIDA DE SI, DOS FILHOS, DOS NETOS, DO MARIDO E OUTROS 25 DEPENDENTES QUÍMICOS, ALÉM DAS PESSOAS QUE TRABALHAM COM ELA. ESTE É UM PEQUENO RESUMO DA VIDA DA VOLUNTÁRIA E EMPRESÁRIA ROSI MARIA RODRIGUES DE SOUZA.

os 54 anos de Rosi, mais de 20 são dedicados ao voluntariado. Tudo começou lá na Creche da Tia Bira, em Lages, na década de 1990, quando junto ao seu marido, Mário Hoeler de Souza (“Marião”), ajudaram pessoas e crianças na instituição. O casal sempre teve esse lado de ajudar as pessoas, mas que se intensificou a partir das primeiras doações. Rosi sempre esteve muito envolvida em diversos projetos. Naquela época, enquanto ainda estava na

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O que me motiva levantar todos os dias e fazer meu trabalho é o amor que tenho pelo meu marido. Amo também a vida que eu tenho e minha família. Às vezes, os remédios que tomo me causam dor, mas eu quero dar conta disso porque quero estar bem. Assim posso dar as aulas no atelier, ir ao Crensa e apoiar o Mário. Isso tudo me move”.

Tia Bira, começou a atuar no projeto Intercâmbio Cultural AFS. Um trabalho que envolvia muita gente, afinal, tinha de receber diversas pessoas do mundo, acolher em sua casa e apoiar nas ações deste programa. Mas a história de vida da Rosi foi dar uma verdadeira guinada quando foi convidada a participar de uma reunião do Crensa. A entidade ajuda na reabilitação de homens dependentes químicos. Rosi conta que nessa reunião, entrou como voluntária e saiu diretora do Centro. Naquela época, sua família até ficou surpresa, pois seria um enorme desafio. No fim, todos aceitaram e apoiaram-na nessa causa. Uma causa que ela se orgulha de fazer parte. Enquanto mulher, no meio de diversos dependentes químicos, Rosi conta que sempre foi respeitada e nunca teve problemas. Pelo contrário, sua imposição na entidade a faz ser admirada e bem quista, tanto pelos pacientes quanto pela equipe técnica. Ao se envolver em tantas demandas, por vezes, Rosi teve de fazer escolhas.

Ela conta que, às vezes, era criticada por isso, mas o apoio dos filhos e do marido sempre a incentivou a se dedicar ao voluntariado. Rosi lembra que por se dedicar a esta área, tinha que, também, dar conta de outros trabalhos, pois não podia viver somente do voluntariado. Foi quando começou a fazer artesanato. O tempo nessa profissão quase se encontra com a do trabalho voluntário. Enquanto artesã, ela se capacitou. E demonstrando habilidade para isso, se destacou nos cursos que fez. E foi convidada a dar aula em diversos lugares do Brasil e, atualmente dá aulas no atelier. Os desafios de Rosi já foram muitos, mas nunca um foi tão grande e de maior aprendizado quanto o enfrentamento de um câncer

de mama. Uma luta a qual venceu recentemente, terminando o tratamento em setembro do ano passado. Além disso, hoje, apoia na luta contra o câncer do marido. Por isso, tem diminuído o ritmo das coisas e se dedicado mais a ele e à sua própria saúde. Rosi ressalta que quer – e vai – se dedicar a ter mais tempo à família, junto do esposo, filhos e netos. “Agora vou viver, para ter uma saúde melhor”.

ATUAÇÃO // NO CRENSA TRABALHO VOLUNTÁRIO COM DEPENDENTES QUÍMICOS CONTATO // 49 3222-2948 ctcrensa@hotmail.com

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Maria

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ELA É MÃE, EMPRESÁRIA E PROFISSIONAL LIBERAL. E SUA MAIOR SATISFAÇÃO É TRABALHAR. TANTO QUE SEU DIA NORMAL PARECE TER BEM MAIS DO QUE 24 HORAS “TRABALHO EM MÉDIA 18 HORAS POR DIA”, CONTA. “INCLUSIVE AOS SÁBADOS, DOMINGOS E FERIADOS. ISSO NÃO ME CANSA. E QUANDO USUFRUO DE ALGUNS DIAS PARA LAZER, SINTO FALTA DA OCUPAÇÃO PROFISSIONAL”, CONTA.

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Sandra Maria Júlio Gonçalves, 55 anos, lageana, filha de sapateiro (após, seu pai se tornou empresário da Fábrica de Calçados de Segurança) e sua mãe é escritora. Está atuando há 27 anos como advogada, através do seu escritório SMJ. Vem de uma família unida de 8 irmãos. Fez o Ensino Mé-

dio em Porto Alegre, onde foi interna da Congregação Religiosa das Irmãs Paulinas. Com 16 anos iniciou em Lages o curso superior de Administração de Empresas. Na sequência da conclusão desta faculdade, iniciou o curso de Direito na cidade de Bagé – RS, vindo a concluir e se formar com a primeira Turma de Direito da Uniplac em 1990. Após as duas faculdades realizou

curso para Técnica de Segurança do Trabalho. Posteriormente, realizou pós-graduação em Ensino para Nível Superior e por muitos anos pela empresa Mestra proferiu aulas para Engenheiros e Médicos do Trabalho nos três estados do Sul do país. Esposa do ex-bancário e hoje empresário Saulo Gonçalves (Churrascaria

Tertúlia, em Correia Pinto e responsável pelo departamento financeiro do escritório SMJ). É mãe de Káthia (Cirurgiã Dentista – reside em São Paulo – SP) e de Saulo Júnior (Advogado, que também trabalha no escritório SMJ). E sua maior paixão, saudade e alegria é o neto Lucca. Coordena uma equipe de oito Advogados associados e de mais oito Assessores (“Recepcionista, Logística, Protocolo, Arquivista e Paralegais, onde valorizo imensamente o trabalho de todos, além dos terceiros contratados na área de informática e manutenção”), disse.

Escritório “impecável” O escritório de Sandra Gonçalves fica no começo da Av. Duque de Caxias, próximo à estátua do fundador de Lages, Correia Pinto. E quem entra lá tem a impressão


SANDRA de estar num escritório de arquitetura. O ambiente e a decoração foram concebidos pela própria Sandra, que é exigente e tem bom gosto nos detalhes e na decoração (o projeto arquitetônico é de Mara Kaufmann, de Porto Alegre). Com quatro andares, o local é impecável (com todos os documentos devidamente arquivados em dossiês e escaninhos), inclusive possui elevador panorâmico para facilitar o acesso. O escritório possui área de lazer no último piso, onde as confraternizações ocorrem mensalmente. “Quero me sentir bem e feliz em meu ambiente de trabalho. Aliás, esse não é só o meu ambiente. É também de todos os Advogados associados, Assessores e principalmente de nossos clientes, por este motivo sempre estou investindo no escritório, seja na tecnologia, na atualização jurídica e no bem-estar”, explicou.

14 mil clientes

Colegas elogiam a chefe

Especializada em Direito Previdenciário e Trabalhista, o escritório SMJ possui aproximadamente 14 mil clientes, devidamente catalogados. “Recebi no mês de maio deste ano a informação do TRF-4 que na área previdenciária, a 2ª Vara Federal da Subseção Judiciária de Lages possui maior número de ações dentre os estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul e que o escritório SMJ é também o responsável por este índice de processo em tramitação”. Enfatizando ainda “pelo fato de eu ser formada em Administração de Empresas, além do Direito, atuo muito na prevenção na área trabalhista, realizando consultoria para empresas. Com isso, eles se antecipam às ações. É um trabalho que valorizam muito e que nos dá um grande diferencial”, falou.

Depois da entrevista, conversamos com duas advogadas que trabalham com Sandra. E perguntamos para as mesmas como é esta profissional. “É extremamente exigente”, admitiu uma delas. “Para mim, é uma grande advogada, determinada, exigente e que me ensinou praticamente tudo o que sei hoje como profissional”, falou a outra. “Trabalhar com a Sandra dá segurança. Ela nos orienta e nos faz aprender muito”, acrescentou a primeira. O filho Júnior, advogado, também deu um depoimento sobre a mãe. “Uma mãe zelosa e conselheira. É gratificante poder trabalhar ao seu lado, um exemplo de dedicação e comprometimento profissional.” O escritório de Sandra também atende clientes de outros estados, como: São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Paraná, Mato Grosso, Minas Gerais e até Rondônia. Com isso, ela viaja muito. “Normalmente, estou em Lages apenas três dias por semana. O restante é em viagem, me adequando com horários e com prazos limitados para audiências”, contou. “Mas mesmo quando estou fora, costumo acompanhar tudo o que acontece aqui no escritório, seja através de e-mail, do celular, das câmeras, por vídeo e relatórios. À noite, despacho e respondo mais de 250 e-mails que recebo diariamente e procuro me atualizar sobre as mudanças na legislação e também sobre as principais decisões que vão repercutir e impactar no nosso trabalho. Após, repasso todas as informações à equipe SMJ”, conta.

P O R

SANDRA

Não sou acostumada a expor muito a minha vida, tanto profissional quanto privada. Por isso, fiquei até surpresa e honrada ao ser convidada a participar desta publicação. Sou uma pessoa extremamente realizada enquanto profissional, mãe, empreendedora e esposa. Sou muito objetiva e determinada no que faço e no que quero. E me sinto muito bem trabalhando e ajudando meus clientes. Isso é o que mais me dá satisfação e jamais esqueço os ensinamentos dos meus pais: ‘Não esqueça de suas raízes, por que nelas está o alicerce da origem das conquistas!’. E assim agradeço a Deus todos os dias, inclusive pelo ‘defeito’ de ser tão espontânea!”.

“Mesmo ausente você é presente” Sobre a criação dos filhos, ela se emociona e diz somente: “Eles me dizem sempre: mãe, mesmo ausente você é presente”. Sandra agradece imensamente às três fiéis escudeiras que trabalharam com ela durante muitos anos e que cuidaram muito bem dos seus dois filhos. “Para nós, mulheres, tudo é mais difícil. A sociedade nos cobra muito sobre a responsabilidade do convívio familiar. E, no trabalho, temos de provar todos os dias que somos eficientes no que fazemos”, explicou.

ATUAÇÃO // ADVOCACIA E CONSULTORIA - OAB | SC 7.740

CONTATO // 49 3289.3000 smj@smjadvocacia.com.br

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