Revista Vesta Edição 01 Ano 00

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Edição 01

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Ano 00

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Setembro de 2016

Revista laboratório dos cursos de Arquiterura e Urbanismo e Jornalismo

Dossiê Vilanova Artigas Biografia Patrimônio Arquitetura londrinense Págs. 10 a 44

Conheça os projetos desenvolvidos pelo ETAU

A cidade humanista de Jane Jacobs

Plataforma BIM ganha espaço entre arquitetos

A estética da paisagem sob um novo olhar

Pág. 77

Pág. 30

Pág. 61

Pág. 67



EDITORIAL

A

revista Vesta – revista-laboratório dos cursos de Arquitetura e Urbanismo e Jornalismo da Universidade Norte do Paraná (UNOPAR) - surgiu da demanda da coordenadora do curso de Arquitetura e Urbanismo da instituição, Renata Romagnolli Basso. A publicação laboratorial insere-se nas ações estabelecidas para a criação e a legitimação de uma nova identidade do curso. O nome da publicação foi sugerido pelo professor do curso José Osvaldo, em alusão à deusa romana da Arquitetura, Vesta.

A trajetória da graduação em Arquitetura e Urbanismo da UNOPAR divide-se em dois períodos. O primeiro, de 1992/1993 a 2005, compreende a criação do curso por um conjunto de professores da Universidade Estadual de Londrina (UEL) e da UniFil – Centro Universitário Filadélfia – e sua posterior consolidação junto à comunidade acadêmica e profissional londrinense até o seu encerramento. O segundo, de 2013 aos dias atuais, se caracteriza pela reabertura do curso e, mais recentemente, pela busca de uma identidade do mesmo, que se assume pela correlação entre a Arquitetura e o Urbanismo e sua função social. Neste cenário, a publicação jornalística é incorporada como um dos projetos do Escritório Técnico de Arquitetura e Urbanismo (ETAU) em conjunto com o curso de Jornalismo da UNOPAR. A parceria propicia, por meio de uma produção laboratorial, que os estudantes de Jornalismo vivenciem a experiência de produzir uma publicação jornalística, bem como se coloca aos discentes e docentes do curso de Arquitetura e Urbanismo como espaço para divulgação e circulação de ideias e informações. Esperamos que a Vesta lhe traga novos conhecimentos e amplie os seus horizontes sobre a Arquitetura e Urbanismo em sua relação com a sociedade. Boa leitura,

Equipe Revista Vesta

Expediente

Reportagem e Edição Agatha Zago Aleksa Marques Amanda Machado André Dias Edson Neves Ellen Roman Gabriela Nogueira Izaias Lopes Lais Azevedo Lais Cristina dos Santos Larissa Andrade Luana Sorgi Lucas Popolin Monica Perez Tauan Rodrigues

Diagramação e projeto gráfico

Beatriz Paludetto Mariana Ferreira Lopes Pedro Marconi

Ilustração

Leandro Starni

Colaboração

Renata Basso Thamine Ayoub

Coordenação e Jornalista Responsável Mariana Ferreira Lopes MTB: 12.549

Projeto de extensão ETAU (Escritório Técnico de Arquitetura e Urbanismo)


ÍNDICE 6

Carta do Leitor

10

8 Coluna Dôssie Vilanova Artigas

do professor

46 Teoria

arquitetônica

50 Metodologia de projeto

54 Técnica construtiva

58 Tecnologia 62 Urbanismo


74 Arquitetura de interiores

85 Espaço do estudante

66

Paisagismo

88 Entrevista 90 Destaque acadêmico

92 Manual de português

94 Mural

de oportunidades

96 Dicas culturais

76

etau


CARTA DO LEITOR

Renata Basso A Revista Vesta buscará consolidar-se como um veículo de comunicação nas discussões sobre a cidade em suas diversas formas de apresentação. O corpo docente do curso de Arquitetura e Urbanismo da Unopar é unívoco quanto à vontade de mudar a cidade, pois sentimos que as incorporadoras e a especulação imobiliária a constroem mais do que os próprios arquitetos. Assim, o dialogar, o provocar e o questionar são maneiras que nós, como parte da academia, temos de envolver os alunos na construção do ensino-aprendizado, valorizando os conhecimentos dos mesmos e criando novas posturas frente ao espaço cotidiano Acreditamos que a educação consiste em uma ferramenta para mudar o mundo, criando habilidades, conhecimentos e valores essenciais para a vida, a abordagem em sala de aula do conceito e da dinâmica da cidade. No caso da arquitetura e urbanismo, buscamos incentivar os alunos a adotarem uma postura crítica sobre os fatos vividos e a interação “homem-natureza”. Coordenadora do curso de Arquitetura e Urbanismo da Unopar

Elton Charles Pereira A revista vai agregar ao curso porque ela vai trazer uma gama de informações, pelo fato do nosso curso ter um leque muito grande de assuntos, ajudando os alunos de forma pontual e dinâmica. Espero conteúdos bons, originais, críticas arquitetônicas e discussões sociais. Aluno do 6º semestre de Arquitetura e Urbanismo da Unopar


Keila Lopes da Costa Espero que com o lançamento da revista nós possamos alcançar mais pessoas e instigar novas atitudes, levando a informação com base real, para criar um vínculo entre alunos e fortificar o curso de arquitetura. Além do vínculo, a revista traz conteúdos que são pouco abordados na faculdade, devido ao curto tempo no campus e, com isso, e os alunos vão poder interagir dizendo o que gostariam de ver. Realmente espero essa interação dos alunos, que ainda é dispersa, para quem sabe um dia até chegarmos a comunidade, tirando o senso comum e ajudando a todos com as inovações, leis e etc, formando uma sociedade que tenha conhecimento e que possa exigir o melhor para a pessoa em si e para a cidade em que ela vive. Gostaria que a revista tivesse sessões de indicações do leitor, tecnologia, história, biografia de arquitetos e outros profissionais, temas da atualidade e suas discussões mundiais, cultura, cinema música e também urbanismo, que é um dos temas mais polêmicos dentro da arquitetura. Aluna do 6º semestre de Arquitetura e Urbanismo da Unopar

Rafaela Xavier Minhas expectativas para o lançamento da revista é que ela possa fazer a divulgação e valorização da instituição e do curso e que possa ser um meio de acesso à informação e aquisição de conhecimento. Esta será uma boa oportunidade para dar uma identidade ao curso que os professores e os alunos tanto querem. Espero que esta publicação tenha êxito e que seja bem recebida pelo público. Em seu conteúdo quero ver projetos criativos, arquitetos contemporâneos e novas tecnologias construtivas. Aluna do 6º semestre de Arquitetura e Urbanismo da Unopar Envie sua carta, crítica ou sugestão para a Revista VESTA no email

revistavesta@gmail.com


Renata Basso*

COLUNA DO PROFESSOR

Conheça o curso de Arquitetura e Urbanismo da Unopar

E

m Londrina, a Universidade Norte do Paraná oferta desde 2013 o curso de Arquitetura e Urbanismo, que possui atualmente cerca de 520 alunos matriculados, resultado de uma média de 120 matrículas por semestre. Seu corpo docente é composto em 90% por arquitetos e urbanistas, sendo que 85% possuem titulação de Mestre. Em seu início, o curso de Arquitetura e Urbanismo era oferecido na Unidade Tietê, onde ficou por dois anos. Em 2016, o mesmo veio para o Catuaí, uma vez que o campus contém uma infraestrutura mais ampla e com maior capacidade de suporte às demandas do curso, como laboratórios maiores e com acesso à tecnologia necessária.

Com duração de 10 semestres, a graduação conta com uma carga horária de disciplinas práticas superiores às teóricas, exigindo que o aluno seja organizado e capaz de planejar a execução de todas as suas atividades acadêmicas. O curso também proporciona contato dos discentes com as disciplinas profissionalizantes logo no primeiro semestre, permitindo-lhes adquirir a certeza de sua escolha profissional. Além das atividades de ensino, o curso atende à comunidade por meio do Núcleo de Práticas Sustentáveis (NPS), através dos projetos de extensão realizados pelo Escritório Técnico de Arquitetura e Urbanismo (ETAU).

Para aqueles que se questionam quanto à inserção profissional, a projeção do mercado de trabalho continua favorável. São inúmeras as possibilidades dentre as quais o arquiteto e urbanista pode optar, desde a gestão de obras e projetos, o urbanismo e planejamento urbano, às rotinas de escritório com a elaboração e execução de projetos, a prática acadêmica, entre outros setores. * COLABORAÇÃO Izaías Lopes e Laís Azevedo


Carlos Vici

E

aqui chegamos!Já dizia o pensador Antonele France “Para realizar grandes conquistas, devemos não apenas agir, mas também sonhar; não apenas planejar, mas também acreditar! ”. Com este espírito, implantamos em 2013 o retorno do curso de Arquitetura e Urbanismo à Unopar, que a cada dia nos presenteia com mais ações focadas na melhoria de vida da comunidade. Com foco na empregabilidade e com a missão de melhorar a vida das pessoas por meio da educação responsável, formando cidadãos e preparando profissionais para o mercado, gerando valor de forma sustentável, a Unopar há mais de 45 anos recebe da sociedade o desafio de qualificar nossa comunidade. O resultado com o passar destes anos é o reconhecimento da excelência acadêmica, fruto de dedicação diária de seus colaboradores e discentes. Aqui na Unopar, nossos alunos são desafiados todos os dias a serem os agentes de transformação social! Trabalho em equipe e o “fazer acontecer” são os combustíveis que dinamizam nossas atividades. A revista-laboratório Vesta é um dos canais de comunicação de nossos alunos e professores para contribuir com informações sobre inovações, tendências e novos campos de pesquisa e atuação do arquiteto e urbanista atual. Ao folhear as páginas de Vesta você terá o deleite de conhecer muito sobre as ações do ETAU-NPS ,que já é movido pelas inquietações de busca por soluções para os desafios de nossa cidade e comunidade local. Destacamos aqui também a parceria do curso de Arquitetura e Urbanismo com o curso de Comunicação Social – Jornalismo: ações efetivas vêm da colaboração de vários segmentos da sociedade. E o aprendizado se faz quando realizamos na prática relações de partilha de conhecimento. Vamos continuar a prática da troca e fomentar cada vez mais a busca pela excelência profissional. Além de desejar uma excelente leitura, convido você a visitar a UNOPAR presencialmente, conhecer o NPS e verificar na prática as ações de hoje que vão qualificar a vida de amanhã! Um Forte Abraço; Prof. Carlos Henrique Gorges Vici Diretor – UNOPAR – UNIDADE CATUAI

COLUNA DO DIRETOR

Boas vindas!


BIOGRAFIA

CrĂŠditos : Acervo/Site Vila Nova Artigas


Edificando Vilanova Artigas O começo como engenheiro, a integração para a arquitetura, as parcerias de sucesso e o forte ativismo político. Uma breve biografia do arquiteto que marcou uma geração Por Edson Neves


Foto: Acervo/Site Vila Nova Artigas

Vilanova Artigas em 1938, um ano após se formar na Escola

J

oão Batista Vilanova Artigas nasceu em Curitiba, no dia 23 de junho de 1915, e foi o primeiro filho de Brasílio Artigas e Alda Villanova Artigas. Passou a infância morando na capital paranaense e também na pequena cidade de Teixeira Soares, devido ao trabalho da mãe, que era professora. Juventude e início da carreira acadêmica Em 1931, aos 16 anos, Artigas prestou vestibular para engenharia na Faculdade de Engenharia do Paraná, onde cursou aproximadamente dois anos. Mudou-se para São Paulo, no final de 1933, para estudar na Escola Politécnica, no curso de Engenharia e Arquitetura, onde se for12


mou em 1937. Em 1935, teve um trabalho acadêmico (um projeto de um hospital) publicado na revista da Escola Politécnica. Frequentou um curso de desenho artístico na Escola de Belas Artes. Diplomado “engenheiro-arquiteto” e trabalhando no escritório técnico do Departamento de Obras Públicas (DOP) da Prefeitura de São Paulo, Artigas fundou, em 1938, a construtora Marone&Artigas, junto com seu colega Duílio Marone. A parceria, no entanto, se desfez em 1944, quando

Vilanova decidiu montar seu próprio escritório. Em busca de regularização da profissão de arquiteto, ajudou a fundar o Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB/SP).

No ano de 1946, dois anos após a dissolução da parceria com Duilio Marone, Artigas recebeu uma bolsa de estudos da Fundação Guggenheim, nos Estados Unidos, ficando por aproximadamente um ano e um mês, e se especializando no tema “Estudos da Arquitetura Moderna”. Foto: Acervo/Site Vila Nova Artigas


De volta ao Brasil em 1948, Artigas colaborou na criação da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU/USP), onde já lecionava desde 1941. No mesmo ano, formou uma sociedade com o seu aluno, Carlos Cascaldi, que durou até 1965.

Engajamento político e o regime militar No ano de 1945, o arquiteto se filiou ao PCB, que tem como uma de suas filosofias a conscientização da burguesia quanto ao seu papel revolucionário. A postura política de Artigas refletiu-se em seus textos que eram publicados em revistas como a Fundamentos, ligada ao memso parido. Em 1951, junto com outros arquitetos, ele publicou na Fundamentos o artigo “A Bienal é contra os artistas brasileiros”, criticando a organização do evento, e “Os Caminhos da Arquitetura Moderna”, em 1952, apresentando uma proposta para combater o chamado “realismo socialista”, que era a linha de trabalho utilizada pelos comunistas para a arte. Tudo isso se deve a uma viagem a então URSS, que cobrou o seu preço em 1954, quando foi demitido da FAU, lecionando apenas no curso de arquitetura da Escola Politécnica. Em 1955 volta à FAU graças ao Grêmio Estudantil. 14

Foto: Nelson Kon


Antiga Rodoviária de Londrina

Foto: Camila Oliveira

Edifício Autolon

A partir do regime militar, que iniciou-se em 1964, Vilanova Artigas respondeu a diversos processos, viveu clandestinamente fora do país, com idas e vindas como professor e também sendo assiduamente convidado a participar de congressos e eventos relacionados à arquitetura. Devido à pressão do Ato Institucional Nº 5, de 1968, muitos professores tiveram que se aposentar. Passou praticamente toda a década de 1970 sem poder atuar por força do Regime Militar, só retornando aos bancos acadêmicos graças à Lei da Anistia, no fim de 1979, que concedia a liberdade aos presos políticos. O local? A FAU. Mas não como professor, e sim como auxiliar de ensino. O retorno como professor titular na FAU e a prova didática Um ano depois, em 1980, o arquiteto voltou a dar aulas na FAU, porém a condição de professor titular ainda estava sendo negada pela congregação da Faculdade. Depois de muitos protestos de amigos e professores, a convenção decide que Artigas deveria prestar um concurso, em forma de prova didática, para recuperar a condição de professor titular.

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A prova foi realizada no dia 27 de junho de 1984, sob o tema sorteado para a dissertação “A função social do Arquiteto”, no qual ele foi aprovado, voltando ao quadro de professores titulares da FAU.

No dia 12 de janeiro de 1985, quis o destino que Vilanova Artigas viesse a falecer, na cidade de São Paulo. O arquiteto deixou a esposa, dois filhos e 16

cinco netos. Diante de tantos prêmios recebidos durante os seus anos em atividade, ele ainda recebeu o prêmio “Auguste Perret”, dedicado aos profissionais que desenvolveram pesquisas de tecnologia aplicada à arquitetura. Obras Os projetos realizados por Artigas se estenderam entre os


Foto: Acervo/Site Vila Nova Artigas

Casa da Criança de Londrina (Atual Secretaria Municipal de Cultura)

estados de São Paulo, Paraná e Minas Gerais. O primeiro projeto que se tem conhecimento, a “Casa Arouche de Toledo”, em São Paulo, foi desenhado em 1938, no mesmo ano em que estabeleceu a sociedade com Duílio Marone. Em Londrina, importantes obras tiveram seus projetos desenhados por Artigas, como o Cine Teatro Ouro Verde (1948); o prédio da Sociedade Autolon (Em 1948, mas que foi finalizado apenas em 1953); a Casa da Criança (1950), que atualmente abriga a Secretaria de Cultura de Londrina; a antiga Rodoviária (1950), atual Museu de Arte; e a Santa Casa (1951).

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Outros projetos que também são destaque na obra de Artigas são o Edifício Louveiro (1946), o Estádio Cícero Pompeu de Toledo “Morumbi” (1953), os Vestiários do São Paulo Futebol Clube (1960), o Ginásio de Guarulhos (1960), o Anhembi Tênis Clube (1961), e o EdifícioSede da FAU-USP (1961-1969).

Em outras cidades, podemos destacar a Estação Rodoviária de Jaú (1973), o Centro Educacional de Paranavaí (1975), o Hospital São Lucas (1945), e a Casa Bettega, em Curitiba (1952). Foi projetada também na capital paranaense a última obra de Artigas: A residência do casal Edgar e Márcia Nieclevicz.

Foto: Acervo/Site Vila Nova Artigas

Curiosidade Entre os anos de 1956 e 1957, Vilanova Artigas participou do concurso de projetos para a construção de Brasília, ficando em quinto lugar na classificação geral.

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PATRIMÔNIO


A casa naturalmente encantada: do Artigas para as crianรงas Por Gabriela Nogueira


A

Casa da Criança, inaugurada no município de Londrina em 1955, foi projetada pelos arquitetos João Batista Vilanova Artigas e Carlos Cascaldi, na época em que a cidade se desenvolvia pelas boas safras de café. Artigas e Cascaldi trouxeram inovações modernistas, inclusive a tendência dos vidros para iluminação natural e o encanto pelas formas geométricas da obra. A intenção do modernismo é embelezar a paisagem com as formas geométricas das próprias edificações, sem que seja preciso utilizar ornamentos como nas construções arquitetadas até então. Com as criações

Foto: Acervo/Site Vila Nova Artigas

Entre 1955 e 1969, a Casa atendia cerca de 130 crianças de 6 meses a 6 anos


tecnológicas do século XIX, os arquitetos perceberam a necessidade de construir obras com a mesma racionalidade com que as máquinas eram engenhadas, com menos enfeites desnecessários e mais praticidade. Nessa época, surge uma nova função para a arquitetura na sociedade. Na Casa da Criança, a distribuição racional dos ambientes fica clara na disposição dos banheiros em áreas mais reservadas e dos espaços sociais em lugares de maior exposição. Outro exemplo é a integração entre os setores do edifício com a Praça Primeiro de Maio, através dos vidros e do solário. Em sua totalidade, há uma lógica na construção.


Na planta original do projeto é possível observar essa distribuição e a composição do prédio em L por dois blocos, um deles com dois pavimentos e o outro com três e ainda um terraço. Ambos possuem comunicação com o espaço urbano a sua frente e com fluidez espacial entre si. Localizado em um quadrilátero histórico da cidade – entre a Concha Acústica, a Agência Central dos Correios, a Associação Médica de Londrina, a Biblioteca Municipal, a antiga sede do Grêmio Recreativo e Literário Londrinense e a antiga Companhia Telefônica Nacional (CTN) –, o prédio da primeira creche foi inspirado nas obras do arquiteto francês Le Corbusier e influenciou outras construções modernistas no município. “É fundamental a importância desse conjunto de obras [do Ar-

tigas e do Cascaldi] para a cidade, se olharmos em volta, a partir do prédio temos a Associação Médica e, atravessando a rua, o edifício da Folha, que têm pastilhas e vidro, temos o edifício Bosque com as janelonas, o Centro Comercial com pastilhas coloridas, o edifício Júlio Fuganti, que também tem as esquadrias. [...] Então só aqui já vemos a influência dessa e de outras obras do modernismo”, exemplifica a diretora de Patrimônio Histórico de Londrina, Vanda de Moraes. Além da influência, a diretora ainda ressalta a importância da Casa da Criança como laboratório para a inovação dos profissionais. “Os dois arquitetos ainda estavam em início de carreira, então esse prédio marca um período de experimentação deles utilizando materiais novos em uma cidade que também era nova. Eles puderam experimentar, por exemplo, a inserção do edifício reto em um terreno curvo”, completa.


As plantas são originais da década de 1950 Fotos: Inventário Arquitetônico da antiga Casa da Criança (P.M.L)

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Função social da arquitetura A projeção da obra foi ao encontro com outros princípios modernistas. Le Corbusier, um dos pais da arquitetura moderna, definiu cinco pontos para esse movimento, os quais também podem ser identificados na planta original da edificação. São eles: construção de pilotis ou colunas para tornar as construções mais abertas; jardins no terraço como saída para a falta de espaço nas metrópoles; planta livre de estrutura, ou seja, com poucas paredes, proporcionando uma integração entre os ambientes; fachadas livres de estrutura, reforçando que o menos é mais; e janelas em fita, acompanhando a fachada do edifício e fortalecendo sua horizontalidade. Além das qualidades modernas internacionais, Artigas trouxe para a construção da creche conceitos da escola modernista paulista, que defendia uma finalidade social para a arte. Dessa forma, a Casa da Criança foi arquitetada exatamente para ser uma casa de criança. “O Artigas levou a sério o pensamento da função social do arquiteto, então a Casa da Criança foi pensada para esse tema. Enquanto outros arquitetos seguiam um croqui baseado no estético, sem considerar questões de conforto ambiental como ventilação e iluminação natural, o Artigas foi um precursor em relação à humanização da arquitetura”, diz a professora mestre de Arquitetura Brasilei26


ra, Carolina Buzzo Bechelli.

“Algumas das suas características presentes no prédio são as rampas, que poderiam dar maior acessibilidade para os carrinhos de bebê e gerar melhor circulação no espaço; os vidros, que dão maior permeabilidade. Mas, para que o sol não toque diretamente a fachada, ele também usa os brises; e o concreto, que é uma influência do brutalismo, mas não perde a graciosidade, não

perde sua forma lúdica nas mãos do Artigas”, cita Bechelli.

A diretora de patrimônio destaca também o uso de vidros aramados na obra para proteção das crianças, já que em caso de quebra esse instrumento não sofre estilhaço; a ventilação cruzada, que também foi uma preocupação dos arquitetos; além dos pilares de pastilhas, característicos do modernismo; e os elementos modernos de concreto armado e ferro.

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Fotos: Gabriela Nogueira

O brises-soleil são lâminas de proteção solar externas às edificações e com mobilidade para adequação de acordo com a incidência do Sol

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Restauro Em 1969, a creche deixou de existir e o prédio passou a ser da Secretaria Municipal de Educação e Cultura, abrigando a Biblioteca Pública da cidade. Essa última mudou de endereço em 1984, deixando o espaço para ocupação da Secretaria.

Desde a sua inauguração, o edifício sofreu várias alterações, entre elas o solário que foi coberto, algumas paredes envidraçadas foram substituídas por divisões de alvenaria, os brises foram retirados, anexos foram construídos nos locais dos jardins, um terceiro pavimento foi feito na ponta do L, entre outras modificações para ganhar espaço. Essas mudanças tiraram o brilho original do projeto. E, em 2010, o imóvel foi então fechado para restauração. Em abril de 2016, a obra foi finalizada e acrescida de um auditório, previsto no projeto da década de 50, porém não construído na época. Atualmente, o prédio voltou a abrigar a administração da Secretaria de Cultura, que levou com ela a Biblioteca Infantil, em memória à finalidade original do projeto: ser uma ‘casa de criança’ com fluidez e conforto para a imaginação dos pequenos. Segundo a diretora de Patrimônio,desde que foi reinaugurado, o edifício já recebeu mais de 100 pessoas para visitas monitoradas.

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Com exceção das novas pastilhas, o solário está como o original


Tombamento Logo depois do restauro, o prefeito Alexandre Kireeff disse que pretende solicitar o tombamento do prédio. De acordo com a secretária de Cultura de Londrina, Solange Batigliana, o Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Cultural ainda deve preparar as normativas necessárias para o pedido de tombamento municipal. Para Vanda Moraes, a lei municipal de preservação está começando a ser aplicada em Londrina e o conselho, que foi montado no final do ano passado, ainda está se estruturando.

Agora, as crianças têm um lugar mais visível para fazer suas leituras

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Arquitetura Londrinense


De Rodoviária

a Patrimônio Histórico do Paraná

Hoje utilizada como Museu de Arte, a antiga rodoviária de Londrina é um marco da arquitetura modernista. Por Ellen Roman e Monica Peres


I

naugurada em quatro de outubro de 1952, a construção logo chamou a atenção por suas características. As formas geométricas, a transparência do vidro, as pastilhas, as curvas de suas abóbodas, os pilares esbeltos, as rampas e os vãos ,que exploram o uso do concreto armado, foram projetadas pelos arquitetos João Batista Vilanova Artigas e Carlos Cascaldi. A obra é o primeiro edifício público construído com os preceitos da arquitetura modernista a ser tombado pelo Patrimônio Histórico no Paraná.

Caracterizada como uma obra modernista purista, devido as suas formas geométricas mais limpas, o professor Ivan Ioeda, mestre em Engenharia Urbana da Universidade Norte do Paraná (UNOPAR) fala sobre o diferencial da construção do Museu e de outros edifícios de Artigas. “A antiga rodoviária possui uma linguagem modernista mais purista e racional, as formas geométricas e a transparência do vidro atribuíram uma característica diferente da linguagem brutalista que vemos em outras obras na cidade”. Segundo a diretora do Museu de Arte de Londrina (MAL), Maria Luisa Alves Fontenelle, o edifício é um marco que simboliza a intenção de ser arrojada e que olha para o futuro. 36


Fotos: Ellen Roman

Localizada em uma das principais ruas de comĂŠrcio da cidade, o Museu de Arte destaca-se na paisagem urbana

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A antiga rodoviรกria e seus famosos arcos que marcaram a histรณria da arquitetura modernista na cidade

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Tombamento, revitalização e restauro Segundo Fontenelle, o tombamento foi feito pela Secretaria do Estado quando o edifício ainda era uma rodoviária. “Na época não existia uma lei específica para isso e agora há a implantação de um conselho e lei para tombamento através da Diretoria de Patrimônio da cidade”.

De acordo com Vanda de Moraes, diretora de Patrimônio Histórico, após o tombamento em 1974 o prédio já havia sofrido algumas alterações em relação ao projeto original, que no fim, não interferiram na sua leitura. O que houve foi uma acomodação no espaço que não estava sendo adequado. Na década de 1980, quando a nova rodoviária foi inaugurada, o antigo espaço ficou fechado para revitalização. A proposta inicial era a implantação de um centro cultural.

“Houve um processo de discussão que perdurou por anos para que esse prédio se tornasse um museu. Na época existiam associações de artistas plásticos em Londrina, e existiam entendimentos diferentes a respeito de qual seria a destinação. Algumas pessoas queriam que fosse um Centro Cultural. A cidade precisava de um espaço de arte, as pessoas necessitavam de um espaço assim”, conta a diretora do MAL. 39


Com a aprovação da ideia, o espaço perdeu a cara de rodoviária internamente, porém, estruturalmente não houve alterações significativas. A revitalização teve como propósito uma reacomodação para atender ao novo uso. Como exemplo, temos a biblioteca e a sala de vídeos, que antes era um guarda-volumes. Após ser desativado em 1988, o edifício passou por uma restauração no ano seguinte, a qual foi coordenada pelos arquitetos Antônio Carlos Zani e Jorge Marão. Os profissionais fizeram uso de especificações do projeto original na reforma, onde esquadrias e vidros foram trocados e as cores das pastilhas e colunas foram recuperadas.

Com projeto de restauro pronto, Museu de Arte aguarda recursos para início das obras

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Museu de Arte de Londrina Em 12 de maio de 1993, o Museu de Arte de Londrina foi inaugurado. Hoje, considerado um marco arquitetônico para a cidade, abriga biblioteca, videoteca e possui uma programação extensa de exposições artísticas e eventos.

Ivan Ioeda conta sobre a importância que o mu seu tem para a arquitetura londrinense. “Conhecer as referências da época de grande desenvolvimento urbano faz com que os londrinenses adquiram o sentimento de lugar, de pertencimento, que são deixados neste tempo moral de vazios e valores.” O uso do espaço é aberto para o público, com

O museu conta com programação de exposições e eventos durante todo o ano

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propostas para exposições do espaço interno e externo. Fontenelle ainda completa que a biblioteca é solicitada para a realização de oficinas com a utilização do acervo.

“É comum quando algum artista vem expor e tem o interesse de interagir e ter algum tipo de diálogo com as pessoas que frequentam o espaço, como estudantes e a comunidade de um modo geral. Nós contribuímos para a divulgação dessas programações”. Atualmente, acontecem dois grandes eventos no MAL. Um deles é uma parceria com o “Grupo Nova Sergipe”, que inclui importantes órgãos e instituições da cidade que agem em conjunto e possuem o objetivo de realizar atividades que destaquem a importância da Rua

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Vanda de Moraes, diretora de PatrimĂ´nio HistĂłrico 43


Uma das características do modernismo está na transparência dos vidros

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Sergipe. “Ela é uma das ruas mais antigas da cidade, com comércio popular abriga o Cadeião, o Museu de Arte e possui inúmeras edificações que estão preservadas. São construções do início da cidade”, conta Maria Luisa.

Outro evento é o Encontro Nacional de Busólogos (ENBUSO), associação dos amantes de ônibus. Eles se reúnem para fazer a exposição de ônibus antigos, como também de exemplares modernos que possuem uma série de recursos e tecnologia permitindo a comunidade entrar em contato com essas inovações. Há alguns anos, o prédio possui um projeto de restauro. A proposta já está pronta e agora a diretoria de Patrimônio Histórico busca recursos. Com o trabalho, pretende-se resolver alguns problemas estruturais de conservação, como infiltrações, trocas de vidros, esquadrias que necessitam de reparo, pinturas e impermeabilização. A previsão é para que comecem as obras em 2017.

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TEORIA ARQUITETÔNICA

Arquite Arquitet B


etura tura Brutalista


Por Ellen Roman

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Arquitetura Moderna Brutalista se iniciou durante o período pós 2ª Guerra Mundial até meados da década de 1970 e ficou marcada por romper com a estética purista e funcionalista do Modernismo atuante na época. O movimento surgiu em um período de recesso econômico, até mesmo a argamassa de acabamento usada para deixar as paredes lisas era considerada um excesso.

As obras modernistas nomeadas brutalistas caracterizam-se principalmente pela a utilização do concreto armado deixado aparente, ressaltando o desenho impresso pelas formas de maneira natural, com estruturas metálicas, pilares, vigas e fiação aparentes. O material não deveria estar escondido, pois estava ali cumprindo sua função, seu objetivo. A principal intenção do Brutalismo é ligar o ambiente natural e a paisagem local com as edificações, conferindo espontaneidade às obras. Buscava-se por uma expressividade plástica mais visível. 48

Rodoviária de Londrina é um exemplo de arquitetura brutalista

Fotos: Lucas Popolin

Esta corrente tem como marco inicial as obras do arquiteto franco-suíço Le Corbusier (1887-1965) a partir do projeto da Unité d´Habitation (1952) em Marselha, França. O projeto é um grande complexo residencial arquitetado para acomodar cerca de 1.600 moradores. Seu foco era a vida comunitária unindo um lugar para fazer compras, viver e socializar, considerada uma “cidade-jardim vertical”.


Modernismo Brutalista no Brasil

A Escola Paulista (1953-1973) foi responsável por difundir a ideia da valorização estrutural e da técnica do concreto armado aparente, com ênfase na exploração da resistência dos materiais, nos vãos e apoios. Formado por um grupo radicado em São Paulo, o principal nome era o engenheiro e arquiteto Vilanova Artigas. Uma de suas principais construções foi o Estádio Cícero Pompeu de Toledo, conhecido como Estádio do Morumbi. Outros exemplos em São Paulo são a Igreja São Bonifácio, projetada por Hans Broos; o condomínio empresarial Central Park Ibirapuera; o

prédio do MASP na Av. Paulista de Lina Bo Bardi (1961); a residência do arquiteto Paulo Mendes da Rocha; o prédio do Tribunal de Contas do Município de São Paulo, além da Casa Brutalista, da década de 1970, projetada por Ruy Ohtake.

O brutalismo, no entanto, foi pouco expressivo em Londrina; as obras deste período são a Associação Odontológica, o Zerão, a farmácia Vale Verde na Avenida JK, o Ministério da Fazenda na R. Brasil e o Terminal Rodoviário José Garcia Villar. Reflexo de seu tempo, a Arquitetura Brutalista tornou-se referência e é sempre revisitada como inspiração para a produção de novas obras.


METODOLOGIA DE PROJETO

Processo de projeto colaborat Paulo Mendes da Rocha e MM no projeto de remodelagem d de acolhimento do edifício da

C

onsiderando que a função dos arquitetos está relacionada à antecipação de situações, seria prudente eleger a leitura que visualiza a atividade de projeto de uma perspectiva que envolva os aspectos racionais e cognitivos, além do conhecimento teórico e prático de projeto, como a leitura mais adequada do processo de projeto. Na década de 1980 surgiam os primeiros estudos relativos ao design thinking que buscava mapear o processo de projeto a partir de uma visão multidirecional que coincide diversos fatores capazes de influenciar o projetista e o processo de projeto, como procedimentos, teorias, posições arquitetônicas, uso do raciocínio e da cognição.

Assim, busca-se apresentar a estruturação de modelos e caminhos por meio do conhecimento teórico da abordagem do processo de projeto que envolve o design thinking, além da abordagem que envolve a colaboração em Arquitetura, que auxilia a compreensão sobre equipes, suas características e funcionamento, pois sabe-se que, atualmente, o projeto não é desenvolvido de forma isolada. Projetar em grupo ou em equipe requer outras habilidades além daquelas exigidas no desenvolvimento do projeto individual, como a comunicação ou a negociação. Também surgem novas funções, tais quais as de líder ou gerente, que, mediante o uso de conhecimentos e habilidades


Rodrigo Alves*

tivo entre MBB arquitetos das áreas a FIESP

* Mestre em Metodologia de Projeto pela Universidade Estadual de Londrina em parceria com a Universidade Estadual de Maringá (2016). Arquiteto e urbanista graduado pela Universidade Estadual de Londrina (2010). Docente da Unopar

individuais, busca aprimorar a estruturação do processo de projeto (KAHN, 1996; CHIU, 2002; KLEINSMANN, 2006).

Para interligar o conhecimento da área de processo de projeto ao conhecimento relacionado ao processo de produção em grupos ou equipes, é necessário visualizar como ocorre esse processo na prática, podendo ser apresentado por meio de um estudo de caso. Portanto, o estudo de caso selecionado apresenta o processo de projeto entre Mendes da Rocha e a equipe MMBB, iniciando-se no convite de Mendes da Rocha à equipe para projetar a remodelagem das áreas de acolhimento do edifício da FIESP até seu anteprojeto. O projeto arquitetônico foi selecionado por meio de concurso público (SAAVEDRA, 2013), em 1969, com a proposta vencedora dos arquitetos Roberto Cerqueira César e Luiz Roberto de Carvalho Franco do escritório Rino Levi – equipe vencedora (ACRÓPOLE, 1970, p. 16-29).

A ideia proposta pela organização do concurso para que a nova sede da FIESP se tornasse um marco referencial na Av. Paulista foi atingida pela engenhosa solução formal aliada ao fechamento da volumetria pelos brises metálicos (Figura 1). Entretanto, a proposta original dos arquitetos Roberto Cerqueira César e Luiz Roberto de Carvalho desvalorizou-se à medida que o projeto se materializou e também na fase de uso, por meio de alterações executadas pela FIESP. Dessa forma, o edifício perdeu algumas

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de suas qualidades projetuais em virtude dessas alterações que, somadas ao problema de fluxo e controle de acesso à torre, devido à presença de dois pavimentos de acesso e descarga, fizeram com que a presidência da FIESP convidasse Mendes da Rocha, em 1996, a realizar o projeto de remodelagem das áreas de acolhimento do edifício, com o objetivo de melhorar os acessos e fluxos, remodelar a biblioteca e a galeria de arte, que mais tarde iria se chamar Centro Cultural FIESP (Figura 2).

Algumas das preocupações do arquiteto estavam relacionadas a essa demanda quanto à melhoria dos acessos, à remodelagem do pavimento térreo objetivando valorizar a galeria de arte e, principalmente, à reconexão do edifício à cidade. As ações do profissional em busca da melhoria do fluxo dos elevadores estão diretamente relacionadas à compreensão de seu funcionamento, propondo que a saída fosse realizada pelo pavimento térreo inferior, o acesso pelo pavimento térreo superior e o acesso de documentos, pela Alameda Santos. A proposta ocorreu por meio do recorte de duas áreas da laje do piso no pavimento térreo superior, criando um átrio frontal junto à Av. Paulista e um átrio anterior junto ao auditório (Figura 2). Assim, essa estratégia pode ser considerada o partido do projeto, uma vez que materializa o conceito de valorização e organização das áreas de acolhimento proposto pelo arquiteto com relação ao edifício. O átrio criado junto à Av. Paulista melhorou a compreensão do edifício pelos pedestres e valo-

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rizou a galeria de arte por meio de seu posicionamento acima da cota da Av. Paulista. O espaço entre a galeria de arte e o auditório permite que o usuário possa visualizar a relação entre a intervenção e o projeto original. Essa diferença é acentuada pela técnica construtiva em aço, porém, a escolha da técnica construtiva, antes de se denominar estrutura parasita, deveria contribuir para a agilidade do trabalho, já que o edifício não podia parar suas atividades durante a execução da obra. A área utilizada para a criação dos átrios foi recuperada pelo avanço sobre a área da rampa de acesso dos veículos, aumentando a horizontalidade do volume superior da galeria de arte e, consequentemente, a maior visibilidade para o pedestre que caminha pela Av. Paulista.

Referências ACRÓPOLE... Para conhecer as outras quatro propostas finalistas ver: Anteprojeto para edifício sede SESI-CIESP. Acrópole, São Paulo, Max Gruenwald & Cia., a. 32, n. 373, p. 20-29, 1970. Disponível em: <http://www.acropole. fau.usp.br/edicao/373>. Acesso em: 30 jun. 2016. CHIU, Mao-Lin. An organizational view of design communication in design collaboration. Design Studies, v. 23, p.187-210, 2002. Disponível em: <https://www.deepdyve.com/lp/elsevier/an-organizational-view-of-design-communication-in-design-collaboration-k0868WtKdy>. Acesso em: 30 jun. 2016. KAHN, Keneth B. Interdepartmental Integration: A definition with Implications for Product Development Performance. Journal of Product Innovation Management, v. 13, p. 137-151, 1996. Disponível em: <http://onlinelibrary. wiley.com/doi/10.1111/1540-5885.1320137/abstract>. Acesso em: 30 jun. 2016. KLEINSMANN, Maaike Susanne; VALKENBURG, Rianne. Learning from collaborative new product development projects. Journal of Workplace Learning, v. 17, n. 3, p. 146- 156, 2005. Disponível em: <http://www.emeraldinsight. com/doi/abs/10.1108/13665620510588671>. Acesso em: 30 jun. 2016. SAAVEDRA, Juan. FIESP e Ciesp completam 34 anos no edifício-sede da Avenida Paulista. 07 de agosto de 2013. Agência Indusnet Fiesp. Fonte: <http:// www.fiesp.com.br/noticias/fiesp-e-ciesp-completam-34-anos-no-edificiosede-da-avenida-paulista>. Acesso em: 30 jun. 2016.


Sem tijolo e se

TÉCNICA CONSTRUTIVA

Revestimento externo com placas de OSB

O acabamento final é feito de acordo com a opção do cliente


em cimento Construir em Steel frame é rápido, econômico e colabora com o meio ambiente

V

ocê já imaginou construir uma obra comercial, residencial ou até mesmo industrial com a metade do tempo e sem utilizar água, areia ou cimento para a execução das paredes? Com o Light Steel Frame isso é perfeitamente possível. Popularmente conhecido como “quadros de aço”, o Light Steel Frame ou Steel Frame é um sistema construtivo muito popular em países como Estados Unidos e Canadá. No Brasil, esta técnica vem sendo explorada comercialmente há cerca de 20 anos e utiliza o aço galvanizado como uma de suas principais matérias primas. Este modelo de construção utiliza estruturas de aço para a formação estrutural das paredes e telhado que em seguida são revestidas com placas internas e externas, acabamento em gesso acartonado e pintura. Por Laís ARAÚJO E ANDRÉ DIAS 55


Fotos: Divulgação/Dry Maxx Engenharia

O revestimento das placas e aplicação de materiais de acabamento trazem a construção a aparência de edificação em alvenaria

Construção a seco A utilização do Steel Frame vem ganhando espaço entre os clientes e profissionais da área e ficou conhecida como “construção a seco”, porque pouco utiliza de areia, água e concreto. São construções sustentáveis e de baixo impacto ao meio ambiente, resistente a incêndios e com tempo de entrega final reduzido até pela metade, em comparação com uma obra em concreto. 56

O projeto arquitetônico é o mesmo desenvolvido para as construções tradicionais em alvenaria e o Auto Cad é um dos programas utilizados para o desenvolvimento do projeto. A versatilidade também é outro ponto positivo, pois podem ser projetadas edificações com até quatro pavimentos. “Construir em alvenaria já está ficando arcaico com tanta tecnologia que temos disponível e o Steel frame é uma delas. Londrina está evoluindo o pens-


amento para este tipo de construção. Cidades como Curitiba e São Paulo já estão descartando a construção tradicional”, revela Marcelo Garcia, engenheiro especializado no segmento. Com o projeto desenvolvido pelo arquiteto e aprovado pelo cliente, profissionais especializados neste tipo de empreendimento adaptam o projeto com base nas exigências da construção em “Steel” com cálculos estruturais específicos, assim como os projetos de hidráulica e elétrica. As construções desse tipo não requerem mão de obra especializada no canteiro de obras. A fundação é o único passo de todo o processo em que é utilizada a concretagem, que varia conforme o tipo de terreno. Neste momento da obra também são determinadas as instalações hidráulicas e elétricas com os mesmos componentes utilizados nas construções em alvenaria e adquiridos no comércio de materiais para construção. Diferentemente da edificação em alvenaria, onde o peso da construção é distribuído em pontos fixos, no Steel Frame esta divisão de cargas é realizada linearmente com pontos de fixação que variam de 40 a 60 cm podendo a distância ser ainda menor. Toda a obra construída tem seu processo garantido pelas normas gerais e específicas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), desde o projeto, seleção e utilização dos materiais. Para o fechamento interno e externo são utilizadas placas Oriented Strand

Board (OSB) tratadas, produzidas com lascas de madeira orientadas e revestidas com materiais específicos para cada ambiente, contribuindo também para a função estrutural da obra. Estas placas darão ao projeto final a imagem de construção tradicional. O revestimento interno é feito com lã de vidro e lã de rocha que detêm as funções térmicas e acústicas. A placa OSB também é utilizada para que possam ser fixados com tranquilidade móveis, aparelhos de ar condicionado e televisores. Nas áreas com maior incidência de água e umidade como banheiro e lavanderia, são utilizadas placas RU (resistente à umidade). A etapa final é feita com gesso acartonado, resistente à umidade e à incidência de água. O acabamento é realizado conforme a escolha do cliente com a aplicação de papel de parede, pintura e instalação de cerâmicas e azulejos. Com tempo de edificação reduzido, mão de obra qualificada e produtos adquiridos conforme a necessidade de cada projeto, a construção em steel frame, segundo o especialista, traz uma economia de 17 a 20 % em média com relação a uma obra em alvenaria. “Se você pegar uma obra de 100 mil reais, de R$ 17 a R$20 mil será dinheiro do cliente que está sendo desperdiçado e os fatores que implicam nesse número é grande como a locação de máquinas e equipamentos, má gestão, trabalhadores, desperdício de materiais no canteiro de obras e o clima”, comenta Marcelo. 57


Plataforma BIM mais espaço en

TECNOLOGIA

Por Luana Sorgi e Lucas Popolin

I

ndispensável. Esta é palavra certa pra definir um dos sistemas de gerenciamento de projetos mais popular entre os novos arquitetos. A plataforma Building Information Modeling (BIM), que em português significa “Modelagem de Informações da Construção”, é o mais completo software voltado a projetos de construção, além de oferecer uma ampla visão do empreendimento em todos os seus aspectos. O BIM abrange o projeto desde sua concepção até sua construção e operação. Mas as funcionalidades do BIM não param por aí. O sistema, famoso por administrar projetos em 3D, trabalha com gestão de dados produzidos por diversos profissionais envolvidos e que usam ferramentas de informática variadas,

Um dos pont sistema é gerar d profissionais env projeto de co


M ganha cada vez ntre arquitetos

tos fortes do dados a todos os volvidos em um onstrução civil

tornando a comunicação entre os diferentes setores muito mais qualitativa. Um dos pontos fortes do BIM é poder, através de seus cálculos, encontrar falhas no projeto no seu momento inicial, tornando-o muito mais vantajoso e menos custoso como aponta o professor do curso de Arquitetura e Urbanismo da Unopar Fabricio Cazarim Sodré. “Antigamente, alguns erros que você detectava lá na frente em algumas obras. Hoje, na parte de projeto, você consegue detectar antes com o sistema BIM“. Além de descobrir falhas em projetos, o BIM também permite também a integração entre os envolvidos em um empreendimento. Arquitetos, engenheiros civis, engenheiros 59


elétricos, engenheiros hidráulicos, engenheiros estruturais entre outros profissionais podem fazer integração na plataforma permitindo um trabalho colaborativo e simultâneo e com maior desenvolvimento do trabalho destes profissionais.

Falhas

Como nenhum software pode ser considerado perfeito, a plataforma BIM apresenta suas falhas e dificuldades. Segundo Sodré, o alto custo e o comodismo de alguns profissionais emperram a mudança. “Uma das dificuldades é o valor do software e também por certos profissionais que ainda querem continuar trabalhando em softwares habituais e que não têm interesse, digamos, passar por um processo de reciclagem”, comenta Sodré. Mesmo com a relutância de alguns arquitetos, o conhecimento sobre o sistema BIM é bastante difundido nas universidades, sendo uma tendência do trabalho do profissional de arquitetura. “O que o estudante tem que saber é abrir a cabeça, abrir a mente, que o sistema BIM vem pra facilitar a vida do profissional da construção”, reitera. “Ele consegue acusar e evitar alguns erros, ganhar tempo e evitar erros de atuação”, conclui o professor. 60


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J


A cidade humanista de

Jane Jacobs

Por Agatha Zago e Amanda Machado

URBANISMO

“O ser humano é, em si, difícil, e, portanto todos os tipos de coletividade têm problemas” Jane Jacobs


Não era formada em arquitetura, nem em jornalismo, mas tinha um forte pensamento de como e para quem as áreas urbanas deveriam se organizar. Descreveu as cidades e suas características, buscando sempre ressaltar a importância da rua e das calçadas, afirmando que nelas as histórias acontecem, sendo as responsáveis por dar vida ao ambiente. Privilegiava a circulação de pessoas e não o tráfego de veículos. Buscava a diversidade e ia contra o urbanismo moderno, considerado por ela monótono e tecnicista. Essa era Jane Butzner Jacobs. Nascida em 1916 na cidade de Scranton, na Pensilvânia, Jane Jacobs, como é mais conhecida, era uma jornalista autodidata e se casou com o arquiteto Robert Hyde Jacobs Jr., a quem creditava sua alfabetização e cultura urbanas. Foi editora associada da revista “Architectural Forum” e autora de um livro muito conhecido e discutido nos cursos de Arquitetura e Urbanismo, intitulado “Vida e Morte nas Grandes Cidades”, lançado em 1960. A obra de Jane traz o ideal de uma cidade mais humana, com variedade de espaços para um alcance comunitário. Contra a tecnocracia moderna Muitas críticas da estadunidense se baseiam em suas próprias vivências, exemplos do seu bairro e de lugares que conheceu. Ela enfrentou um contexto em que as autoridades americanas estavam investindo no 64

discurso urbano modernista e viu seu bairro histórico sofrer as influências deste pensamento, que tinha como principal representante Robert Moses, tecnocrata por formação. Moses era conhecido pelo excesso de planificações e procurava saídas para os problemas que a área urbana enfrentava, mesmo que isso atingisse pessoas e suas raízes. Jane sentiu então a necessidade de apontar as consequências desse modernismo tão prestigiado na época, elucidando questões dos cidadãos que não estavam tendo voz nas decisões políticas daquele tempo. A rua como coração da cidade Apesar de não possuir formação na área, Jane Jacobs fez um estudo da cidade, mostrando a importância da pluralidade como solução para os problemas causados pela urbanização modernista - fluxo de veículos e edificações isoladas. “Para Jacobs, é a diversidade a grande geradora da vitalidade urbana ou das cidades vibrantes – em suas palavras”, afirma a arquiteta e mestranda Caroline Hirata Bertachi. Jane via as ruas e calçadas como os órgãos vitais para uma cidade. A jornalista defendia que esses espaços deviam ser livres e largos para proporcionar à população mobilidade, conforto e lazer. “É nas ruas que acontecem as relações que fortalecem e dão vida às cidades”, completou Bertachi.


Foto: Agatha Zago

“De acordo com Jacobs, e muitos outros pesquisadores do urbanismo, as ruas devem servir as pessoas, e uma boa rua é aquela cheia de gente, se divertindo, caminhando, observando, exercendo as mais diversas atividades.”, afirma Bertachi. Em Londrina, temos o exemplo do Lago Igapó localizado na Gleba Palhano, onde se tem um grande número de frequentadores que usam o espaço para realizar exercícios físicos, piqueniques e outras atividades

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De acordo com o professor Ivan Ioeda, nas concepções de Jacobs, as pessoas deviam circular e por isso ela enaltecia a importâncias das ruas e calçadas, que deveriam ter sua segurança de forma natural e não por intervenção policial. “E está certa, becos e vielas são pontos de agressão e assaltos constantemente”, concluiu.

O legado de Jacobs Os estudos de Jane contribuíram muito por trazer o diálogo entre aqueles que planejam o urbano e aqueles que utilizam do espaço. Segundo o professor Ioeda, os conceitos dela ainda são muito fortes nos dias de hoje, pois proporcionaram a participação da comunidade no planejamento das cidades. De acordo com ele, o Estatuto da Cidade se baseia nas ideias de Jacobs, quando 66


Foto: Amanda Machado

A cidades devem gerar sua própria segurança, sem a intervenção de policiais. Vielas e becos são pontos de agressão e assaltos, como aponta o professor Ivan Ioeda

afirma que a propriedade urbana serve para um bem coletivo, para a segurança e o bem- estar dos cidadãos, bem como para o equilíbrio ambiental. Na análise do professor Ivan Ioeda, as ideias de Jane são boas, mas não 100% praticáveis, pois a economia brasileira não é estável, o que poderia tornar os espaços propostos por Jane ociosos diante da atual crise econômica. “Mas não são somente a especulação imobiliária e a economia as culpadas; o senso de bem público dos cidadãos que utilizam os espaços públicos, entre elas a rua, não evoluíram com a urbanidade”, explicou. Para Caroline Bertachi, os pensamentos e estudos da jornalista são uma boa forma de fazer a população repensar o planejamento das cidades, uma vez que, atualmente, o urbanismo moderno privilegia os carros ao invés da circulação das pessoas. “Apesar de estarmos em épocas e contextos diferentes do da autora, enquanto essa escrevia seu livro, hoje sofremos com esse tipo de urbanização que negligencia as pessoas”. Para o professor Ioeda, Jacobs influencia e continuará influenciando gerações de urbanistas. “A grande contribuição [de Jane] foi trazer a discussão e o diálogo no planejamento urbano entre os técnicos e os usuários definitivos de suas ações”, finaliza. Jane´s Walk Jane Jacobs marcou de fato a trajetória do estudo da urbanização. Em seu aniversário, 4 de maio, é realizada uma caminhada chamada “Jane´s Walk”, com o objetivo de criar maior interação entre as vizinhanças, fazendo com que as pessoas conheçam suas cidades e dividam histórias sobre seus bairros e comunidades. A atividade é realizada em mais de 100 cidades de 25 países, inclusive no Brasil. 67


PAISAGISMO

A estética da p sob um no


paisagem

ovo olhar

O paisagismo te convida a ver o mundo com outros olhos e descobrir que a beleza das coisas pode estar nos pequenos detalhes Por Aleksa Marques e Larissa andrade


Fotos: Aleksa Marques

N

ascido de um ato singelo de decorar espaços, o paisagismo adquiriu novas técnicas e estudos descobrindo seu potencial extremamente técnico através de anos de prática. Não se pode mais pensar em paisagismo apenas como trabalho de decoração em praças, jardins e quintais. Nos dias atuais, ele busca substituir áreas destruídas pelas construções desordenadas, visa aperfeiçoar espaços geográficos afetadas e aplicar o máximo de praticidade, funcionalidade, aconchego e estilo em suas criações. Para obter a sua composição final, o paisagismo se divide em três etapas: o projeto em que o paisagista, junto com o cliente e com base nos seus gostos, projeta as formas de tornar o 70

espaço desejado mais bonito e aconchegante. A segunda etapa é a implantação, no qual o profissional acompanha a instalação de tudo o que foi traçado na planta desde pisos, piscinas e elementos estéticos. Por último, a manutenção para que o espaço se mantenha da forma original.

As ênfases do paisagismo

No início do século com visões do mundo mais contemporâneas, a prática evoluiu ao adotar princípios de compreensão ambiental. Com a evolução das interpretações individuais sobre a realidade, o paisagismo se dividiu em mais três áreas conhecidas como o paisagismo com ênfase em arquitetura da paisagem, o segundo com ênfase na percepção e a terceira conhecida como paisagismo


Há muitos edifícios que tem como vista a linda paisagem do lago Igapó II

ambiental. O primeiro nada mais é do que o paisagismo que se inspira nas visões de mundo que priorizam a organização do espaço. Distanciando-se da visão geral de áreas como a jardinagem, esta vertente prioriza a arquitetura em si e suas várias escalas de intervenção da urbana à rural. Ou seja, busca uma abordagem mais tradicional, valoriza aspectos estéticos e funcionais na qual se consolidou em uma versão arquitetônica do paisagismo. A questão espacial também é muito privilegiada pelo paisagismo de ênfase em arquitetura da paisagem. Ela adota elementos simbólicos por meio da busca do belo e da estética, criando sua composição por meio de símbolos que fazem alusão a aspectos tradicionais, simetria, ritmo, harmonia e equilíbrio que representam o objeto em si. Já o paisagismo com ênfase na percepção busca apoiar as visões de mundo que valorizam as relações com as expectativas sociais e identificar o papel do espaço em processos psicossociais. Tais expectativas, que podem ser conscientes ou não, estão relacionadas com os mecanismos de percepção e comportamentos do ser humano diante de variáveis espaciais, pois cada um tem sua percepção única e individual do espaço. Além disso, essa vertente sofreu grande influência das ciências sociais e humanas que ajudaram no entendimento do espaço urbano como fonte de expectativas sociais, da valorização de aspectos sensoriais e também psicológicos. À medida que a sociedade foi evoluindo, as problematizações a respeito do meio ambiente foram cada vez mais tomando forma. Diferentemente das citadas anteriormente, a terceira vertente procura relacionar as visões de mundo que enalteçam a relação da sociedade com a natureza e os aspectos ecossistêmicos. Práticas voltadas para a preservação da natureza, que buscam a sustentabilidade ambiental no meio urbano, são pré-requisitos para estarem inseridas no paisagismo ambiental. Respeito ao meio ambiente é o ‘carro-chefe’ desta tendência. A linha inova ao incluir preocupações socioambientais e ao enfatizar o lado mais ecológico do paisagismo, além de buscar sua integração no planejamento dentro da massificação de edifícios, deixando a cidade mais ornamentada, arborizada e muito mais bonita. 71


Arquitetar

Nancy Cifuentes docente no curso de Arquit Paraná (Unopar) na disciplina de paisagism RV - O que é necessário para se arquitetar uma paisagem? NC - Temos a paisagem natural (intocada pelo homem) e a paisagem cultural (transformada pelo homem). Para que o arquiteto paisagista possa interferir e transformar esse espaço adaptando-o aos interesses humanos, é essencial ter o conhecimento técnico e o conhecimento sobre o local não somente os aspectos físicos, mas também os aspectos históricos e sociais para que todo o processo de projeto seja consciente e criativo, sempre aliando a ação provocada pelo paisagista com a paisagem natural.

RV - Considerando não só aspectos estéticos, o que o paisagismo representa? NC - Muito mais que estético um projeto paisagístico deve ser funcional e conservar o meio ambiente. Pois, se tratarmos uma paisagem apenas sob o ponto de vista do seu valor estético no decorrer do tempo, essa configuração pode se tornar obsoleta. Assim como a própria história da arquitetura, o paisagismo também representa a evolução histórica das cidades e o modo 72

como as pessoas vivem. Eu destacaria ainda que além de belo e funcional o paisagismo deve ser capaz de emocionar o usuário.

RV - Como o paisagismo é estudado dentro do curso de Arquitetura e Urbanismo? NC - Na arquitetura temos um grande leque de atuação e dentro disso podemos destacar o paisagismo, onde dentro da academia o enfoque será o estudo de elementos conceituais e históricos, para que o aluno possa entender a evolução do paisagismo ao longo dos anos e conhecer como é essa produção fora e dentro do Brasil. Um exemplo estudado é o conhecimento sobre as espécies vegetais além da abordagem sobre arborização urbana, projeto de paisagismo para espaços privados e públicos, sempre trabalhando nas diferentes escalas de intervenção. Porém não se pode estudar o paisagismo de forma isolada, a correlação com as outras áreas estudadas na faculdade é de extrema importância. RV - O que é necessário para se tornar um profissional especializado em arquitetura


paisagens

tetura e Urbanismo na Universidade Norte do mo, nos traz questões relevantes desta área. paisagista? NC - O curso de arquitetura fornece ao aluno uma visão geral do que é o paisagismo, mas é necessário ir além e buscar cursos extracurriculares. A constante busca pelo conhecimento na área pode ser o diferencial oferecido pelo profissional.

RV - Qual a obra paisagista mais importante de Londrina em sua opinião? NC - Londrina tem importantes projetos, como por exemplo, o paisagismo do Lago Igapó, criado pelo paisagista Roberto Burle Marx e o Jardim Botânico. Porém, eu destacaria a Praça Rocha Pombo, que apesar de um pouco esquecida e degradada tem um grande valor simbólico para Londrina. É um importante elo com obras arquitetônicas de destaque da nossa cidade.

Foto: Larissa Andrade

Muito mais que estético um projeto paisagístico deve ser funcional e conservar o meio meio ambiente, explica Nancy Fuentes 73


ARQUITETURA DE INTERIORES

Arquitetura de i x Design de int por TAUAN RODRIGUES


D

iferenciar o trabalho de um arquiteto e urbanista para designer de interiores ainda é uma tarefa difícil não somente para leigos. Em áreas distintas, cada profissional realiza seus trabalhos de maneiras bem diferentes.

O arquiteto e urbanista tem sua formação acadêmica por meio da graduação em Arquitetura e Urbanismo, que possui duração de cinco anos. Neste curso são abordados temas como história da arte, história da arquitetura e do urbanismo, representação gráfica, informática, resistência dos materiais, construção, planejamento urbano, projeto de edificações, conforto ambiental, paisagismo, arquitetura de interiores, entre outros.

interiores Foto: Reprodução

teriores

Interiores na Arquitetura Dentro da área da arquitetura e urbanismo, se encontra a arquitetura de interiores, que não se aproxima diretamente do universo do designer. A arquitetura de interiores está ligada à parte estrutural interna da edificação, abrangendo neste contexto as aberturas, janelas, portas, colunas, vigas e escadas estruturais, sendo

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uma relação entre os espaços nas estruturas, a sua destinação e forma de utilização.

Em suma, tudo que forma o esqueleto, é arquitetura de interiores, sendo o “antes” do design. Durante a formação do acadêmico de arquitetura e urbanismo, o estudante não possui a matéria denominada design de interiores, ele é um curso distinto e com outro tipo de especialização. O profissional de design dificilmente irá planejar ou detalhar móveis, o que é função do arquiteto que busca opções prontas no mercado de planejados. Para a arquiteta e urbanista Lorena Hilgenberg, “a arquitetura aborda a parte de arte, urbanismo, construção, planejamento urbano e até o paisagismo. O que a diferencia muito de design, é que se leva muito em conta o aspecto decorativo, enquanto na arquitetura de interiores o profissional se preocupa também com a parte externa da construção”, comenta. “Uma responsabilidade legal em que um arquiteto tem e o designer não possui é de derrubar uma parede, por exemplo, assim é comum que os dois trabalhem em conjunto para realizar a obra”, completa. Design de interiores O design de interiores é um campo em 76

Perspectivas de p desenvolvido po graduação em Arqu


projeto de interiores or alunos durante a uitetura e Urbanismo

Foto: Leandro Starni

que o profissional é habilitado para trabalhar em intervenções que podem acontecer desde o momento da concepção do projeto arquitetônico, auxiliando o arquiteto a resolver os espaços da edificação de forma a atender melhor as necessidades do usuário. Com a obra finalizada, o designer entra em cena para exercer sua função de fechamento da obra, como escolha das cores, textura, revestimentos mobiliários, layouts e iluminação adequados ao ambiente, ajustando tudo o que possa estar atrapalhando ou que esteja esteticamente inadequado. Segundo a coordenadora do curso de design de interiores Unopar, Lília Paula Simioni Rodrigues, a função de elaborar um espaço de forma coerente, seguindo normas técnicas de ergonomia, acústica, térmica e de luminosidade, são todas funções de um designer de interiores. “O seu trabalho é restrito a ambientes internos, atuando apenas em projetos de interiores. Muitos dizem que o designer de interiores é aquele que mexe com o tapete, a cortina, a luz e o arquiteto de interiores seria aquele que trabalha com janelas e portas. Não deixa de ser um pouco de verdade, mas falar desta forma minimiza o trabalho destes profissionais”, conclui Lília. 77


ETAU

ETAU prom entre universid


move diálogo dade e sociedade

Alunos e professores desenvolvem projetos com foco social para a comunidade externa

Foto: Reprodução/Facebook Etau

Por Edson Neves, Laís Araújo e Tauan Rodrigues


P

roporcionar aos estudantes a experiência de atuarem como arquitetos e urbanistas em prol do desenvolvimento social da comunidade externa. Este é o objetivo do Escritório Técnico de Arquitetura e Urbanismo, o ETAU, composto por professores e alunos do curso de Arquitetura e Urbanismo da Unopar. O projeto busca oferecer aos alunos uma relação com a sua futura profissão que vai além da sala de aula, a partir de um diálogo entre teoria e prática. A iniciativa surgiu em 2014 e até hoje mantém-se fiel a seu princípio de desenvolvimento de atividades com foco social. Além das coordenadoras do curso e do ETAU, as professoras Renata Basso e Thamine Ayoub, respectivamente, os docentes Nancy Fuentes e Rodrigo Alves coordenam os alunos participantes na preparação e execução dos projetos.

Foto: Reprodução/Facebook Etau

Importância para a formação profissional Muito mais que a orientação para o desenvolvimento das propostas, os alunos são direcionados a despertar o senso crítico, analisar as aplicações de suas decisões e adquirir conhecimento e formação intelectual, como destaca Elton Charles, aluno do 6º semestre que faz parte da formação do ETAU desde a sua criação. “É um grupo aprendizado entre alunos e professores em que discutimos e compartilhamos muito as referências bibliográficas onde se cria uma percepção discursiva. Se aprende a ouvir opiniões e aguça o lado crítico”, ressalta.

A acadêmica do 6º semestre, Keila Lopes da Costa, acredita que participar de diferentes projetos que se somam a experiência que ela levará para o mercado de trabalho é um dos maiores ganhos em fazer parte do projeto. “O contato com clientes 80


Este ano, alunos e professores da Unopar realizam a 2ª edição da Semana de Arquitetura reais é um diferencial para quando eu sair da faculdade, pois na sala de aula falta tempo”, comenta.

A troca de experiência e a aproximação entre alunos de diferentes turnos e semestres, além do contato com os professores fora da formalidade da sala de aula, proporcionam uma interação produtiva. “Mesmo eu chegando agora no grupo, foi fácil ver que lá a gente consegue quebrar a barreira entre professor e aluno ainda mais que somos de turnos dife-

rentes”, comenta a recém-chegada Dalva de Oliveira, que cursa o 2º semestre matutino.

Para todos os participantes há um só desejo, de que o escritório passe a ser uma referência não só para o curso, mas também para a sociedade.

Todos os alunos do curso podem ter a chance de se juntar a este grupo, a cada seis meses são realizados concursos para definir novos membros da equipe.

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Projetos do ETAU O

primeiro projeto realizado pelo Escritório, ainda em 2015, foi a intervenção urbana para solucionar o problema no cruzamento entre a Avenida Rio Branco com a Avenida Brasília, que são pontos de alto fluxo de veículos, oferecendo rotas alternativas aos motoristas. O projeto foi lançado pela CMTU para as instituições que ofereciam o curso de Arquitetura e Urbanismo na cidade de Londrina. O trabalho elaborado pelo ETAU foi o destaque na noite de apresentação da “Semana de Trânsito”, vindo a ser noticiado até mesmo pela mídia local.

O

segundo projeto, também executado em 2015, foi a requalificação da Feira Livre de Arapongas. A ação foi realizada juntamente com a Prefeitura Municipal e o Senai. O local é frequentado aos domingos pelos moradores de Arapongas e o objetivo principal do projeto era de diagramar e organizar o espaço em que os feirantes e os clientes iriam utilizar.

D

urante o ano de 2016, o ETAU vem desenvolvendo os projetos para a Revitalização do Centro Social Urbano (Buracão), em Londrina; o Roteiro Histórico da Arquitetura da Cidade de Londrina; o Parklet, que são pequenas estruturas em madeira para o convívio social construídas onde anteriormente havia vagas de estacionamento; a participação no concurso arquitetônico que envolve os acessos para a mova estação de metrô para a cidade de Tabriz, no Irã; além da II Semana de Arquitetura e Urbanismo e a Revista Vesta, juntamente com os alunos do oitavo semestre de jornalismo matutino da Unopar. 82



ESPAÇO DO ESTUDANTE

Carlos Henr de Ol

1º Concurso Charrette foi dispu Arquitetura e Urbanismo da Unopa

O

curso de Arquitetura e Urbanismo da Unopar, juntamente com o Escritório Técnico de Arquitetura e Urbanismo (ETAU), realiza anualmente a Semana de Arquitetura e Urbanismo, evento que conta com palestras, oficinas, exposições. Na primeira edição, realizada em 2015 com o tema “A arquitetura e a construção civil no século XXI”, foi promovido

o “Charrete” em que são desenvolvidos projetos no período de até 24 horas, com direito à premiação. O concurso surgiu no século XIX na Escola de Belas Artes, em Paris, onde a tradição era fazer com que os estudantes realizassem um projeto em um curto período de tempo e, no final da atividade,

Por izaias lopes e lais azevedo

Ganhadores do concurso Charrete 2015 - Matheus Paoliello, Carlos Henrique, Elton Charles Pereira e Keilla Lopes


rique Pintan liveira

utado por acadêmicos do curso de ar na Semana de Arquitetura de 2015 RV - Como foi participar da 1ª Semana de Arquitetura e Urbanismo da Unopar?

RV - Quais experiências você adquiriu com o concurso?

CH - Bom, foi muito construtivo em vários aspectos, participei de várias oficinas que ofereceram atividades que dificilmente teríamos em aulas normais. “Charrete” foi um concurso onde tínhamos que desenvolver um projeto em 24h.

CH - Até aquele momento eu não sabia ao certo o que era um memorial descritivo e essa era uma das exigências nas pranchas. Como os participantes Elton e a Keilla são de semestres a frente do meu e do Matheus, eles puderam nos ceder essa experiência. No meu campo, que é a parte gráfica, pude aplicar técnicas que não são muito comuns no meu cotidiano como planificar o modelo 3D e utilizando o Photoshop, transformado-o em uma planta humanizada, assim economizando tempo com desenho técnico.

Foto: Divulgação/ETAU

RV - De qual maneira o concurso contribuiu com os estudantes de arquitetura e urbanismo?

CH- O concurso em si foi uma experiência muito valorosa, creio que para todos os alunos 85


a pressão, as exigências, as surpresas, o cumprimento de prazos, a divisão de tarefas e o sentir de verdade o “calor do campo de batalha” contribuíram muito para o aprendizado. Para mim, uma das partes mais importantes do concurso foi poder ver o trabalho dos meus colegas de curso antes da entrega. Foi muito interessante ver que em 24 horas sem assessoria de professores, alunos de semestres diferentes desenvolveram trabalhos de ótima qualidade com soluções criativas e com uma margem de erros muito pequena.

RV - Quais foram as suas expectativas no decorrer do concurso?

CH - Aqueles que estavam presentes na premiação puderam ver a minha alegria. Eu lutei por isso, para mim foi um momento importante, pois até o final tive dúvidas, não subestimei o trabalho dos meus colegas e todos tiveram grande potencial. O prêmio em si era bom, mas nada comparado à promessa de conquistar esse concurso para honrar aqueles que todos os dias eu presto meus serviços, que no calor do trabalho me forjam diariamente exigindo meu melhor e dizendo acreditar no meu futuro.

RV - Descreva o desempenho dos seus próprios colegas no concurso.

RV - Como foi conquistar o prêmio?

Pude chegar para eles e dizer que aqui está uma pequena prova que quero ir de encontro com o que vocês atribuem a mim. Para mim foi uma grande realização, me fez muito bem. 86

CH - Creio que a primeira de todas foi como cumprir o prazo imposto. Pensei em todas as ferramentas que tinha ao meu alcance, como eu poderia utilizá-las, qual iria me fazer ganhar ou perder tempo e qual caminho poderia seguir para cumprir com todas as exigências. Questões como vencer ou perder o concurso naquele momento não importavam, apenas as decisões que deveria tomar para oferecer algo com valor, algo que orgulhasse em apresentar.

CH- Eu não conhecia pessoalmente o Elton e a Keilla. O Matheus, apesar de ser da minha classe, não conversava muito. Com ele, algo que comentamos muitas vezes foi a capacidade de colocar nossas diferenças de lado e trabalhar em unidade. Ninguém teve um papel mais importante que o outro. Todos nós desempenhamos nossos papéis com um objetivo em comum, de nada adiantaria um de nós ter feito sua tarefa corretamente se o outro não tivesse também colocado seu empenho. Creio que isso gerou um laço poderoso entre nós, a amizade.



De aluno a professor da UNOPAR

ENTREVISTA

Thiago Zani aplica sua experiência profissional para enriquecer as aulas do curso de Arquitetura e Urbanismo

Thiago Zani fez parte das primeiras turmas do curso de Arquitetura e Urbanismo da UNOPAR e atualmente é professor da própria universidade, além de sócio proprietário do escritório Zani Arquitetura. Seus trabalhos possuem foco em concepção, desenvolvimento e coordenação de projetos arquitetônicos e execução de obras. Em seus projetos, Zani privilegia o uso de materiais renováveis, reutilizáveis com foco na economia dos meios, e como o próprio diz, “centrado na arquitetura do possível e não na arquitetura do espetáculo que cria paisagens intimidadoras no contexto urbano das cidades”.


Revista Vesta (RV) Você se formou na primeira fase do curso de Arquitetura da UNOPAR. Como foi sua graduação? Thiago Zani: Uma experiência enriquecedora. Tivemos alguns desafios e incertezas durante a graduação, mas com o apoio da instituição e do corpo docente da UNOPAR conseguimos alcançar nossos objetivos.

RV: Houve algum tipo de dificuldade nesse início? Como você avalia o curso que fez? Thiago Zani: Foram muitas as dificuldades. O curso de Arquitetura e Urbanismo da UNOPAR estava no início (2001) e ainda não havia sido reconhecido. Fomos superando todas as dificuldades para o reconhecimento do curso, contamos com uma estrutura de salas de aulas, laboratórios e equipamentos de ponta, o corpo docente altamente capacitado. Hoje, grande parte dos meus professores que na época eram mestres hoje são doutores, lecionando em instituições de ensino estadual e federal.

RV: Qual era a sua intenção quando pensou em fazer o curso? Thiago Zani:Tive influência dos meus pais que são arquitetos, e sempre convivi neste meio, minha intenção sempre foi pensar em transformar a cidade.

RV: O que fez após a conclusão? Thiago Zani:Sempre busquei complementar minha formação acadêmica e ainda

como estagiário busquei oportunidades no mercado de trabalho para assimilar a teoria e a prática. Após a conclusão do curso, continuei buscando o aperfeiçoamento profissional, iniciando uma Pós-graduação em Projeto Arquitetônico pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), que me proporcionou trabalhar em grandes escritórios de arquitetura em Milão (na Itália) e São Paulo.

RV: Você segue alguma linha arquitetônica na produção dos seus projetos ou privilegia algum aspecto mais que outros? Thiago Zani: Costumo dizer que a arquitetura é nossa, mas o projeto é do cliente (usuário). O usuário é o ponto de partida e objetivo de todo projeto arquitetônico. Nosso objetivo é sempre ir além do que imagina o cliente, pois seu horizonte é mais limitado que o nosso. Desta forma, além de atender ao cliente, queremos produzir uma arquitetura de qualidade.

Não acreditamos na “arquitetura do espetáculo”. A arquitetura não deve ser vista como veículo de auto expressão ou afirmação pessoal, é nosso objetivo produzir uma arquitetura cuja lógica, derivada do programa, da técnica e do lugar, seja caracterizada pela economia de meios, transformando de maneira positiva a paisagem urbana. 89


Com as formas d

DESTAQUE ACADÊMICO

Acadêmicos do 6º semestre se inspiram nas ondas do som ao criar um projeto acadêmico para o Museu de Arte de Londrina

D

urante todo o curso de Arquitetura e Urbanismo na Unopar, os alunos são convidados a desenvolver projetos sustentáveis e com as práticas da boa arquitetura, primando pelo bem estar em lugar da padronização comercial. A cada semestre um desafio é lançado aos acadêmicos, que precisam desenvolver projetos pensados no bem da sociedade e focados na cidade de Londrina. Assim, no começo do ano de 2016, os estudantes do então 6º semestre receberam da professora orientadora Raissa Bessa Santana, na disciplina Atelier de Projeto IV, a missão de desenvolver um projeto arquitetônico para o Museu de Arte de Londrina, em um terreno com 14.079,70 m². Matheus Bueno da Silva, Renata Fugisawa e Karine Trevisan trouxeram para a concepção do projeto suas influências do mercado de trabalho e da formação acadêmica anterior em design de interiores e, assim, puderam combinar conceitos e formas, situações bem presentes no dia a dia dos alunos. No entanto, o que os três não imaginavam é que o trabalho iria além e exigiria pensar no empreendimento como um todo. “A dificuldade vem com o desconhecido,

Por Laís Araújo Colaboração Raíssa Bessa


do som

A cobertura mais inclinada possui sua fundação com travamento no arco que cruza com o elemento o mesmo que se encontra estirado com os cabos na coluna de sustentação dos dois elementos fundações, estruturas, como distribuir todo o peso de um desenho ousado”, comenta Karine Trevisan. Todos participaram das diversas etapas que a atividade proporcionou, desde o desenvolvimento do croqui, projetos gráficos e colaborando com ideias e suas experiências para que o “Ritmo” fosse projetado. Inspirado nas ondas sonoras e na comunicação entre homem, cidade e natureza, o projeto recebeu formas livres, sem ângulos retos para proporcionar um movimento contínuo, em referência ao modo como o som se propaga no ambiente. A vegetação local ficou intacta, a fim de proporcionar ao espaço uma harmonia entre a natureza e o ambiente. A fachada recebeu painéis em LED, onde é possível controlar a iluminação e temperatura no local,

Foto: Foto Museu 6

possibilitando sempre uma nova aparência para ser apreciada pelo londrinense. O projeto proporcionou aos alunos novas experiências e aprendizado, como aponta Renata Fugisawa.“Foi uma surpresa gratificante ter o projeto eleito como destaque. Ter um trabalho reconhecido mostra que todo esforço e dedicação vale a pena e nos incentiva a sempre fazer o melhor que temos a oferecer.”. Além das experiências no desenvolvimento do projeto, os alunos puderam exercitar o trabalho em equipe e colocar todas as ideias em prática para a realização de um projeto ousado e contemporâneo, que tivesse de acordo com as normas técnicas e de execução.

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A MANUAL DE PORTUGUÊS

língua portuguesa é considerada um dos idiomas mais difíceis do mundo. Ainda que não possamos determinar o que é certo e errado na forma coloquial, alguns erros podem te prejudicar em ocasiões nas quais a norma culta do português é exigida. Por isso separamos uma lista de erros bastante comuns para que você fuja deles! Anexo / Anexa Errado: Seguem anexo os documentos solicitados. Certo: Seguem anexos os documentos solicitados. Por quê? Anexo é adjetivo e deve concordar em gênero e número com o substantivo a que se refere.

Obs: Muitos gramáticos condenam a locução “em anexo”; portanto, dê preferência à forma sem a preposição. “Em vez de” / “ao invés de” Errado: Ao invés de elaborarmos um relatório, discutimos o assunto em reunião. Certo: Em vez de elaborarmos um relatório, discutimos o assunto em reunião. Por quê? Em vez de é usado como substituição. Ao invés de é usado como oposição. Ex: Subimos, ao invés de descer. “Esquecer” / “Esquecer-se de” Errado: Eu esqueci da reunião. Certo: Há duas formas: Eu me esqueci da reunião. ou Eu esqueci a reunião.

Por quê? O verbo esquecer só é usado com


a preposição de (de – da – do) quando vier acompanhado de um pronome oblíquo (me, te, se, nos, vos). “Faz” / “Fazem” Errado: Fazem dois meses que trabalho nesta empresa. Certo: Faz dois meses que trabalho nesta empresa. Por quê? No sentido de tempo decorrido, o verbo “fazer” é impessoal, ou seja, só é usado no singular. Em outros sentidos, concorda com o sujeito. Ex: Eles fizeram um bom trabalho. “Ao encontro de” / “De encontro a” Errado: Os diretores estão satisfeitos, porque a atitude do gestor veio de encontro ao que desejavam. Certo: Os diretores estão satisfeitos, porque a atitude do gestor veio ao encontro do que desejavam. Por quê? “Ao encontro de” dá ideia de harmonia e “De encontro a” dá ideia de oposição. No exemplo acima, os diretores só podem ficar satisfeitos se a atitude vier ao encontro do que desejam. A par / ao par Errado: Ele já está ao par do ocorrido. Certo: Ele já está a par do ocorrido.

Por quê? No sentido de estar ciente, o correto é “a par”. Use “ao par” somente para equivalência cambial. Ex: “Há muito tempo, o dólar e o real estiveram quase ao par.”

Fonte: http://exame.abril.com.br/carreira/noticias/os-50-erros-deportugues-mais-comuns-no-mundo-do-trabalho


MURAL DE OPORTUNIDADES

Eventos envolv Arquitetura e Urb Por Izaías Lopes e Laís de Azevedo

O

curso de arquitetura e urbanismo da Unopar (Catuaí) realiza a Semana da Arquitetura. Entre os cursos indicados aos alunos estão o de Desenho Artístico, oferecido pela Regina Céli; Maquete, Física e AutoCAD, pelo Tom Horikawa; e Revit e AutoCAD, pela Vertiz Treinamento E Tecnologia. Outros cursos que geralmente são ofertados são os de férias, geralmente divulgados no começo de cada período. Para quem procura ficar por dentro de mais eventos de arquitetura, são indicadas as revistas “Projeto” e “aU”, por informarem nas primeiras páginas o que está ocorrendo nesse setor. Conforme destaca Renata Romagnolli, neste ano há a exposição “A Passageira”, no Museu de Arte de Londrina. Ela tem como proposta a ocupação de oito espaços do Museu com trabalhos que dialogam diretamente com a arquitetura de Vilanova Artigas, o uso atual do prédio e o que ele representa. A exposição ficará aberta do dia 13 de agosto até 30 de setembro. Para aqueles que estão à procura de estágio, a atenção merecida é para as agências como o Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE), e ao edital na página do CAU.


vendo o curso de banismo da Unopar Escritório do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Paraná em Londrina Criados em 31 de dezembro de 2010, mediante a Lei 12.378, o Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU/BR) e os Conselhos de Arquitetura e Urbanismo dos Estados e do Distrito Federal (CAU/UF) regulamenta o exercício da profissão no país. Fundados em 15 de dezembro de 2011, eles têm a missão de orientar, disciplinar e fiscalizar o exercício do ofício, além de “zelar pela fiel observância dos princípios de ética e disciplina da classe em todo o território nacional, bem como pugnar pelo aperfeiçoamento do exercício da Arquitetura e Urbanismo” (§ 1º do art. 24 da Lei nº 12.378/2010). Em 28 de novembro de 2013, foi inaugurado em Londrina um escritório regional do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Paraná (CAU/PR), com a proposta inicial de atender mais de mil profissionais da Região Norte. Se antes o conselho de arquitetura e urbanismo era o mesmo da engenharia e agronomia (CREA), atualmente o CAU cumpre com a função,

evitando a série de obstáculos antes existentes, como o argumento de que “engenheiro e arquiteto meio que podiam fazer tudo”, conforme conta a coordenadora e professora do curso na Universidade Norte do Paraná, Unopar (Catuaí), Renata Romagnolli Basso. Ainda com uma estrutura pequena em Londrina, o escritório do CAU conta com um fiscal e um assistente, e sua sede localiza-se em Curitiba. De acordo com Renata Romagnolli, os arquitetos têm bom acesso ao conselho, porém, melhorias precisam ser feitas para que os profissionais sejam melhor atendidos. “Ainda estamos conhecendo o trabalho desse conselho em Londrina, porque para nós, pelo fato de ter só um fiscal, o contato ainda não está bem estabelecido. Então, o que os arquitetos do município estão tentando fazer? Junto com o Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB), estão promovendo algumas reuniões para levantar o que esses profissionais de Londrina estão sentindo de carência e necessidade, para poder chegar ao CAU e ver de qual forma ele pode ajudá-los”, diz. 95


FILMES Playtime - Tempo de Diversão

DICAS CULURAIS

Direção: Jacques Tati Ano: 1967 Duração: 2h 35m Elenco: Jacques Tati, Barbara Deneek Billy Kearns. Gênero: Comédia. Sinopse: O senhor Hulot (Jacques Tati) tem que se encontrar com um oficial americano em uma versão high-tech de Paris, mas acaba por se perder no meio do labirinto urbano que a moderna e fria arquitetura causou. Seguindo uma excursão turística de americanos, ele anda pela cidade procurando traços de humanidade e cor em uma metrópole futurista e cinzenta.

Foto: Reprodução


A Origem - Inception Direção: Christopher Nolan Ano: 2010 Duração: 2h 28m Elenco: Leonardo DiCaprio, Marion Cotillard, Ellen Page, Tom Hardy Gênero: Ficção Científica, Suspense. Don Cobb (Leonardo DiCaprio) é especialista em invadir a mente das pessoas e, com isso, rouba segredos do subconsciente, especialmente durante o sono, quando a mente está mais vulnerável. As habilidades singulares de Cobb fazem com que ele seja cobiçado pelo mundo da espionagem e acaba se tornando um fugitivo. Como uma chance para se redimir, Cobb terá de, em vez de roubar os pensamentos, implantá-los. Apenas Cobb é capaz de saber o que está por vir.

Foto: Reprodução

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Foto: Reprodução

A vida é um sopro Direção: Fabiano Maciel Ano: 2007 Duração: 1h 30m Elenco: Chico Buarque de Hollanda, Carlos Heitor Cony, Eduardo Galeano, Oscar Niemeyer. Gênero: Documentário. Sinopse: O filme fala da história de Oscar Niemeyer, um dos mais reconhecidos e influentes arquitetos brasileiros no século XX. De forma descontraída trata de arquitetura, histórias do arquiteto, luta política e de sua paixão pelas mulheres. É mostrado como Niemeyer revolucionou a Arquitetura Moderna com a introdução da linha curva e a exploração de novas possibilidades de uso do concreto armado, além de seus pensamentos sobre a vida e o ideal de uma sociedade mais justa. No documentário são mostradas belas imagens de muitas de suas obras, a Casa das Canoas, o Palácio do Planalto, a Sede do Partido Comunista Francês, a Universidade de Constantine, o MAC Niterói, entre outras. 98


The Lake House - A casa do Lago Direção: Alejandro Agresti Ano: 2006 Duração: 1h 45m Elenco: Sandra Bullock, Keaune Reeves, Christopher Plummer. Gênero: Drama, Romance. Sinopse: Kate Forster (Sandra Bullock) é uma médica solitária, que morava em uma casa à beira de um lago. Hoje esta casa é ocupada por Alex Wyler (Keanu Reeves), um arquiteto frustrado. Kate passa a trocar cartas com Alex, com quem mantém um relacionamento à distância por 2 anos. É quando, ao se descobrirem apaixonados um pelo outro, eles buscam um meio de se encontrar.

Foto: Reprodução

Fontes: http://www.adorocinema.com/filmes/filme-143692/#synopsys_details http://www.adorocinema.com/filmes/filme-59315/ https://www.papodearquiteto.com.br/10-filmes-que-todo-arquiteto-deve-assistir/ http://www.adorocinema.com/filmes/filme-1363/

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LIVROS Occupy: Movimentos de Protesto que tomaram as Ruas Escrito por: David Harvey, Edson Teles, Emir Sader, Giovanni Alves ,Immanuel Wallerstein, João Alexandre Peschanski, Mike Davis, Slavoj Žižek, Tariq Ali, Vladimir Pinheiro Safatle. Editora: Boitempo Editorial Ano: 2012 Sinopse: O livro tem como cenário as movimentações sociais de 2011 que se expandiram para todo o mundo. A obra conta a trajetória de protestos, mobilizações, ocupações e revoltas populares, derrubando regimes ditatoriais e criando uma conscientização de solidariedade. As ruas e praças foram testemunha dos acontecimentos, que tiveram como suporte as redes sociais.

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O terceiro território: Habitação coletiva e cidade Escrito por: Hector Vigliecca Editora: Vigliecca & Associados Ano: 2015

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Sinopse: O foco do trabalho explorado na obra de Héctor Vigliecca consiste na reflexão sobre a reurbanização de espaços precários. A proposta é estudar estes locais e suas arquiteturas, desenvolvendo soluções arquitetônicas originais. O objetivo de Vigliecca é elaborar uma reinterpretação sobre este terceiro território, sem desprezar a essências dessas regiões críticas.

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Moderno e Brasileiro

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Caminhos da Aquitetura Vilanova Artigas

Organizado por: Rosa Artigas e José Tavares Correia de Lira Editora: Cosac Naify Ano: 2004

Escrito por: Lauro Cavalcanti Editora: Jorge Zahar Editor Ano: 2006

Sinopse: A obra composta por entrevistas, artigos e discursos, trata sobre a carreira do arquiteto João Batista Vilanova Artigas e mostra alguns de seus primeiros trabalhos. O livro foi organizado por Rosa Artigas e José Tavares Correia de Lira, e expõe para os leitores a clareza em que o arquiteto discute sobre a arquitetura moderna e o seu papel social. Os organizadores também apresentam na edição, “A Função Social do Arquiteto”, material apresentado por Artigas no concurso para professor da FAU-USP, no ano de 1984.

Sinopse: A obra de Cavalcanti mostra o desenvolvimento da arquitetura modernista no país na década de 30. Importantes nomes como Oscar Niemeyer e Lucio Costa representaram a estética, tendo destaque internacional. O livro busca esclarecer como foi formado o grupo modernista e como suas obras arquitetônicas auxiliaram na criação de uma nova identidade para o Brasil. Temos ainda depoimentos exclusivos e mais de 130 imagens de desenhos e plantas.

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Foto: Reprodução

Morte e vida de grandes cidades

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Vilanova Artigas

Escrito por: Rosa Artigas Editora: Terceiro Nome Ano: 2015

Autor:Jane Jacobs Editora: WMF Ano: 2012

Sinopse: A obra intitulada Vilanova Artigas, com autoria de Rosa Artigas e coautoria de Marcos Forti, expões cerca de 43 projetos do arquiteto de mesmo nome. No livro são apresentados trabalhos que foram realizados por Artigas e também aqueles que não chegaram a sair do papel, como a proposta para o concurso do Plano Piloto de Brasília. A obra ainda traz fotografias e desenhos feitos pelo próprio arquiteto, organizadas em categorias como casas, escolas e edifícios, de forma cronológica.

Sinopse: Em seu livro Jane Jacobsdes faz uma critica corajosa ao planejamento e desenhos arquitetônicos ortodoxos modernos, que se tornaram paradigmas da história do urbanismo moderno, descreve as funções de um bairro, o que os tornam perigosos ou seguros dentro das cidades. O material é leitura indispensável para formar uma base para avaliarmos a vitalidade das cidades, os perigos do excesso de dinheiro para as construções e a escassez de diversidade. 103


INTERNET Blog da Raquel Rolnik

https://raquelrolnik.wordpress.com/

Raquel Rolnik é uma arquiteta e urbanista e também professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP. Ela foi Relatora especial do Conselho de Direitos Humanos da ONU para o Direito à Moradia Adequada, foi Diretora de planejamento da cidade de São Paulo, Coordenadora de urbanismo no instituto Pólis e também Secretária nacional de Programas Urbanos do Ministério das Cidades, dentre várias outras atividades profissionais e didáticas relacionadas à política urbana e habitacional. Raquel é autora de alguns livros, entre eles estão “A cidade e a lei”, “O que é cidade” e “folha explica: São Paulo”.

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Blog Archdaily http://www.archdaily.com/

O blog é formado por uma grande equipe: David Basulto, arquiteto e urbanista – co-fundador e chefe de editoria; David Assael, arquiteto e urbanista, mestre em desenvolvimento urbano – cofundador e CEO; Becky Quintal, editora executiva; Diego Hernandez, arquiteto e urbanista, projetista; Fernanda Castro, arquiteto e urbanista, gestor de edição; Rory Stott, gestor de edição e editorial; Karissa Rosenfield, mestre em arquitetura e urbanismo – editora do US News; James Taylor-Foster, editor europeu; Katie Watkins, editor.

Blog: Life on na Architech” www.lifeofanarchitect.com

Bob Borson é um arquiteto americano, residente no estado do Texas. Borson possui uma empresa que é especializada em diversos estilos de projetos arquitetônicos, principalmente em empreendimentos residenciais modernos. O arquiteto americano faz parte desde 2014 do Instituto Americano de Arquitetura , é presidente da Comissão de Comunicação Digital para a Sociedade de Arquitetos do Texas. Criado em Janeiro de 2010, a intenção de Borson é de orientar e mostrar aos interessados na área o que é realmente ser e trabalhar como um arquiteto.

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Museu de Arte recebe exposição de ‘arte ambiente’ PASSAGEIRA 16

A

exposição coletiva PASSAGEIRA 16 foi aberta no último dia 13, com oito obras inéditas pensadas exclusivamente para o Museu de Arte de Londrina (MAL), através do conceito site specific. Os trabalhos ocupam o edifício projetado por Vilanova Artigas até 30 de setembro. A entrada é franca. De acordo com a diretora da PASSAGEIRA 16, Louisa Savignon, a intenção da exposição é propor reflexões que abordem a existência e os vários papéis desempenhados pelo prédio, onde funcionou até 1988 a antiga rodoviária da cidade. As propostas artísticas foram selecionadas por uma comissão e representam variadas formas de expressão. Os trabalhos escolhidos são locais e de outros dois estados, São Paulo e Rio de Janeiro. A PASSAGEIRA 16 tem patrocínio do Programa Municipal de Incentivo à Cultura (Promic). O site specific é destinado a obras criadas para dialogar com o meio para o qual o trabalho é elaborado. Neste sentido, o conceito ligase à ideia de arte ambiente, que sinaliza uma tendência de produção contemporânea. Mais informações pelo site www.passageira16.com

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Foto: Aüber Silva/Divulgação

ARTES VISUAIS




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