Revista touché! Fev 2011

Page 22

taste

LOURAÇA

BRASIL

Nenhuma bebida tem mais a cara do brasileiro que uma cerveja pilsen. A caipirinha é uma de nossas invenções, mas fica distante quando falamos na predileção nacional. A “louraça”, como costuma ser chamada por muitos, bem que podia substituir Kátia Flávia na música de Fausto Fawcett: “é uma louraça belzebu, provocante / louraça Lúcifer, gostosona / uma louraça Satanás, gostosona e provocante”. A cerveja pilsen é o próprio sabor do Brasil. Mesmo sendo ideal para o clima quente, em nosso meio é consumida em qualquer época e de todas as formas possíveis. É uma verdadeira gostosona e provocante que o brasileiro resolveu combinar com tudo. Por definição, cerveja é uma variedade de bebida alcoólica produzida pela fermentação de cereais e outras fontes vegetais, sendo conhecida desde 4.000 a.C., quando era consumida pelos sumérios, egípcios e mesopotâmios. A cerveja pilsen é classificada como Lager, sendo o tipo mais comum e mais consumida no mundo. O armazenamento em baixas temperaturas aumenta a quantidade de dióxido de carbono, além de ampliar o clareamento. Existem dúvidas quanto sua origem. Alguns acreditam que a pilsen surgiu na Alemanha, enquanto outros atribuem seu aparecimento à região de Pils, República Checa (1842). Tem como principal característica a coloração clara, de tonalidade

22 touché!

dourada brilhante, produzida pelo processo de fermentação profunda. Outro aspecto importante é o baixo teor alcoólico, algo entre 3 e 5%. No Brasil, o consumo de cerveja pilsen corresponde a 98% do mercado, divididos entre as quatro grandes cervejarias (AB InBev – AnBev e AnheuserBusch, Schincariol, Cervejaria Petrópolis e Heineken Brasil), e diversas outras menores (Baden Baden, Backer, Saint Bier, Devassa, Belco, Bamberg, Therezópolis Gold, Eisenbahn, entre outras). Para o brasileiro, marcas como Brahma, Antártica, Skol, Bohemia e Original são sinônimo de diversão, entretenimento, boa conversa e amizade. É importante observar que as cervejas devem ser guarda-

das em pé e consumidas jovens, no máximo em três meses. Apesar da preferência popular pelo produto bem gelado, as características da bebida são melhores avaliadas entre 4 e 7 graus; se conservada abaixo de 3 graus perde muito do seu aroma e sabor. Quando uma cerveja tem o selo de Premium significa que ela é a melhor do portfólio daquela cervejaria, não servindo como comparação com cervejas de outras fábricas. No Brasil a cerveja tem que ter no mínimo 20% de malte de cevada, enquanto que em alguns países da Europa esse teor é de 50%. A maioria das pilsens brasileiras é do tipo Standard American Lager (clara, leve, de aroma discreto), porém existem diversos outros tipos, com carac-

terísticas próprias. As mais comuns são: Pilsner Urquell pilsen original, a primeira do mundo (pura, sem conservantes ou estabilizantes); Bohemian Pilsener - feita na Republica Checa (densa, cremosa e dourada); German Pilsner – “irmã” da Bohemian, porém produzida na Alemanha (leve, seca, clara e de sabor amargo); Premium American Lager - geralmente disponíveis em garrafas verdes (bom corpo e excelente aroma). Seja de uma grande cervejaria ou de um pequeno produtor, geladíssima ou na temperatura certa, a cerveja é uma unanimidade nacional. O sabor das quatro estações, que combina com a alma brasileira, qualquer que seja o estilo do consumidor. Parafraseando a música de Fawcett, é a louraça Brasil, gostosona e provocante, bem ao gosto de cada freguês. Um Exocet!

Godofrêdo Sampaio Médico, escritor e aficionado por vinhos, charutos e boa mesa. Membro e ex-presidente da Academia Jundiaiense de Letras.

bonvivant@revistatouche.com.br


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.