futuro FOTOS REPRODUÇÃO
Jorge Lopes dos Santos trouxe a primeira impressora. E investiu na medicina fetal
múltipla, embora sempre ligada à impressão em 3D e estudo de novas tecnologias”, conta. “Mas há algumas áreas com as quais tenho mais familiaridade, como desenho industrial e design.”
ção do 3D. No momento, a tecnologia está espraiada por diversos campos. Da arquitetura à arqueologia, do design à medicina, da indústria de calçados à alimentícia. Já fizeram até bombom de chocolate numa impressora. Não deve ser um Godiva. Seja como for, a impressão em 3D é uma realidade. E o Brasil tem nomes de peso na pesquisa, desenvolvimento e estudo sobre o presente e o futuro da técnica. Jorge Lopes dos Santos, por exemplo. De currículo tão vasto quanto qualificado, é difícil restringi-lo em uma área quando se trata do assunto. Ele está em todas: arquitetura, desenho industrial, design, medicina, paleontologia, arqueologia, artes plásticas, engenharia. Jorge fala com desenvoltura sobre qualquer uma dessas disciplinas. “Tenho uma formação
82
Jaguariúna e Camaçari Recentemente, Jorge apresentou em Milão, na Itália, uma exposição com vasos de cerâmica feitos com processo de impressão em 3D, em parceria com Tiago Lima e Alice Felzenszwalb. Trata-se de uma das empreitadas que vem desenvolvendo no Núcleo de Experimentação Tridimensional (NEXT), laboratório de pesquisa do Departamento de Artes e Design da Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio de Janeiro, do qual é coordenador e professor. No momento, a impressão em cerâmica é a área na qual Jorge está debruçado. Em breve, o foco vai mudar. O brasileiro embarca para a Austrália, onde fará pós-doutorado em bioimpressão, desenvolvendo impressão de material biológico. Como artérias, por exemplo.
Sim, em futuro nem tão distante, será possível fabricar tecidos e até órgãos com impressão em 3D. Próteses bem-sucedidas já são uma realidade. Em 2013, uma senhora de 83 anos recebeu um modelo artificial de mandíbula e voltou a fazer os movimentos normalmente. Órgãos e ossos são as próximas fronteiras. Testes têm sido realizados há mais de cinco anos. Nos Estados Unidos, bexigas criadas em laboratório por cientistas do Wake Forest Institute for Regenerative, na Carolina do Norte, foram implantadas em pacientes, com respostas superpositivas. No mesmo instituto, a bioimpressora conseguiu criar tecidos, ossos e até músculos. Essa será a nova estrada de Jorge na Austrália, mais de 20 anos depois que trouxe a primeira impressora 3D para o Brasil. Foi em 1996, em viagem aos EUA. Em duas décadas, Jorge desenvolveu ou auxiliou no progresso da tecnologia no país. Seja mergulhando em projetos, testes ou estudos, seja criando - ou ajudando a criar os chamados FabLabs. FabLabs? Trata-se da abreviação de “laboratório de fabricação” em inglês (fabrication laboratory). Consiste em uma oficina para a produção digital, sempre de forma colaborativa. Ou seja, agrupando especialistas de diversas áreas do conhecimento. Em geral, gente de exatas, tanto da “velha guarda” (engenheiros, arquitetos, etc.) quanto da “nova”, o pessoal ligado ao digital. O conceito nasceu da cabeça de Neil Gershenfeld (guarde esse nome, pois trataremos mais dele ao final). Professor do Massachusetts Institute of Technology (MIT), Gershenfeld é o cara quando o assunto é impressão 3D. Em 1998, ele criou uma disciplina dentro da instituição chamada How to make (almost) anything – ou
| THEPRESIDENT | 09.2017
revFUTURO30 2.indd 82
9/19/17 11:52 AM