Desenvolvimento e empreendedorismo afro-brasileiro

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eram eles que, até uma altura avançada do século XIX, se encarregavam do transporte de objetos, dejetos e pessoas, além de serem responsáveis por uma considerável parcela da distribuição do alimento que abastecia pequenos e grandes centros urbanos” (REIS, 2000:81). Para Emília Viotti da Costa (1966), os negros adultos em condições de escravização eram identificados como “negros de ganho”, pois, nas cidades, exerciam nas ruas atividades como carregadores, vendedores, barbeiros, pedreiros, carpinteiros, sapateiros, funileiros, entregadores, etc. Mas o trabalho, apesar de essencial, sofria representações depreciativas e de degradação. Verifica-se, também, que, com a gradativa mudança de sistema, passagem da escravização para o trabalho livre, os negros antes em condições de escravização foram substituídos pelos imigrantes europeus, sobretudo quando do início da industrialização no Brasil. Segundo Mário Theodoro: no final do século XIX, dois terços da população era formado por descendentes de africanos. Nesse momento, a questão racial apresentava-se como temática central no debate sobre desenvolvimento nacional. Entendendo o embranquecimento como condição necessária ao avanço do país, o pensamento social da época apontava a centralidade do tema raça. A imigração era entendida como etapa imprescindível do processo de afirmação da nação e dos nacionais. Essa compreensão do problema racial permitiu não apenas abrir as portas para o imigrante europeu, mas também determinou a forma como esse foi recebido no país (THEODORO, 2008, p. 38).

Assim, para Octavio Ianni (2004, p. 29), a partir do desenvolvimento da industrialização e do capitalismo, a contradição entre a mercadoria e o escravizado fica expli305


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