Revista Argila

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DIRETORIA

PALAVRA DO PRESIDENTE

MEMBROS EFETIVOS:

Hora de superar

a crise

Presidente Vargas Soliz Pessoa 1º Vice-Presidente Pedro Terceiro de Melo 2º Vice-Presidente Álvaro Anídio Batista 1º Secretário Anrí Protásio de Lima 2º Secretário Ranulfo Tavares da Silva

A unidade de Economia e Estatística da Federação das Indústrias do Rio Grande do Norte (FIERN) em pesquisa realizada de 2 à 12 de maio sobre o cenário da Construção Civil aponta que as taxas de retração no estado apresentou desaceleração. O indicador de nível de atividade alcançou 42,6 pontos, o maior patamar dos últimos 17 meses. Mesmo assim, o nível de atividade efetiva ainda se encontra abaixo do padrão usual para o período, tendência que se repete desde fevereiro de 2013. A Sondagem mostra que o indicador do nível de atividade do setor aumentou 9,23%,passando de 39,0 para 42,6 pontos, mas permaneceu abaixo de 50 pontos, mostrando que o nível de atividade caiu em relação ao mês anterior, embora com menor intensidade. A tendência de suavização na retração do setor vem ocorrendo desde janeiro. Este é o maior índice de nível de atividade dos últimos 17 meses. Na comparação com abril de 2015 o indicador subiu 13,30%. Porém, as expectativas para os próximos seis meses entre as 20 empresas entrevistadas (cinco de pequeno porte, e 15 de médias e grandes empresas) é de pessimismo em consequência do levantamento do mês anterior, tendo todos os indicadores avaliados em nível de atividade, compras de insumos e matérias primas, novos empreendimentos/serviços e número de empregados registrando valores inferiores a 50 pontos (valores acima de 50 pontos indicam aumento de atividade e de emprego). Mesmo diante do cenário econômico do país e da Construção Civil, algumas empresas do setor da Cerâmica Vermelha como a Cerâmica São Francisco, continua com trabalhadores em fábrica e buscando alternativas para “driblar” a crise como conta a reportagem da editoria Deu certo. Além disso, a 7ª edição da revista conta sobre a produção da Arte Sacra feita com Argila pelo artesão Potiguar Aldo Rodrigues, detalhes da visita de ceramistas da América Latina no Rio Grande do Norte e a entrevista com o Superintendente do SEBRAE/RN com detalhes da indústria, do comércio e da parceria com o Sindicato da Indústria de Cerâmica do Rio Grande do Norte.

1ºTesoureiro Jeffeson Barbosa Costa 2º Tesoureiro Eurimar Nóbrega Leite CONSELHO FISCAL - EFETIVOS Rodolfo Gabriel Clemente Paiva dos Santos Francisco das Chagas Dantas Genival Dantas Batista CONSELHO FISCAL - SUPLENTES Francisco Dantas Bezerra Renan Pedro de Paula Nascimento Ana Raquel de Melo Medeiros Delegados Representantes junto a Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do FIERN - Delegados Efetivos Pedro Terceiro de Melo, Álvaro Anídio Batista Delegados Representantes junto a Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do FIERN - Delegados Suplentes João Walace da Silva, Jeffeson Barbosa Costa

Boa leitura

VARGAS SOLIZ PESSOA vargas-pessoa@bol.com.br

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Chapéu

Entrevista

SUMÁRIO DESTAQUE

DESTAQUE

DESTAQUE

05 ENTREVISTA

08 INDÚSTRIA RESPONSÁVEL

24 DEU CERTO

Superintendente do Sebrae fala sobre avanços e desafios da economia

Países da América Latina visitaram cerâmicas do RN

Referência no Seridó cerâmica São Francisco supera crise econômica

10 COMPARTILHAR

12 NOVO OLHAR

20 ARTIGO

Telha cerâmica ainda se destaca em construção de casas

Artesão Aldo Rodrigues produz arte sacra com Argila

Professora de Engenharia Civil da UFRN fala sobre eficiência energética

14 SUSTENTABILIDADE

11 SINDICER EM AÇÃO

Reflorestamento é realizado há 10 anos pela Cerâmica Tavares

Ceramistas formam comissão e sindicato dialoga com comunidade acadêmica

18 OPORTUNIDADE

22 QUALIFICAÇÃO Senai Rosária Carriço é referência na capacitação de construtores

Redução de custos no processo de secagem é defendida por especialista

Revista do Sindicato da Indústria da Cerâmica de Cerâmica para Construção do Estado do Rio Grande do Norte Publicação Bimestral Av. Sen. Salgado Filho, 2860 - Lagoa Nova - Natal/RN - CEP: 59075-900 - Fone: (84) 3234 0538

EXPEDIENTE Revista do Sindicato da Indústria da Cerâmica para Construção do Estado do Rio Grande do Norte (SINDICER/RN) Publicação Bimestral do SINDICER/RN para o Estado do Rio Grande do Norte

capa

Moraes Neto

revista REPORTAGEM

Evelin Monteiro

DIAGRAMAÇÃO E LAYOUT www.terceirize.com

apoio COMERCIAL Julio Lourenço (84) 98737-2382 (84) 3234-0538 sindicer.rn@gmail.com IMPRESSÃO TIRAGEM 1.000 exemplares

zeca melo

superintendente do sebrae/rn José Ferreira de Melo Neto conhecido como Zeca Melo é economista graduado pela Faculdade Cândido Mendes, do Rio de Janeiro. Cursou Pós-graduação na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e realizou consultoria para Pequenas e Médias Indústrias. A vida profissional de José Melo começou em 1978 como técnico e posteriormente como consultor industrial do Centro de Apoio Gerencial às Pe-

quenas e Médias Empresas do Estado do Rio Grande do Norte (CEAG/RN) órgão que antecedeu o atual Sebrae. Atuou em diversos órgãos, entre eles a Cia de Habitação Popular (Cohab) e o extinto Banco de Desenvolvimento do Rio Grande do Norte (BDRN), e exerceu atividade docente em várias instituições de ensino. Com larga experiência Drº Zeca também liderou a Associação Brasileira dos Sebrae Estaduais (Abase)

entre os anos de 2009 e 2011, e atualmente, está no segundo período de gestão como diretor superintendente do Sebrae/RN. Nesta edição da revista Argila, a coluna traz a entrevista com o diretor para falar sobre o papel deste órgão privado que beneficia as micro e pequenas empresas do estado, os resultados da parceria com o setor cerâmico, os empreendimentos e os desafios dos diferentes setores da indústria frente a crise econômica. Leia!

Av. Sen. Salgado Filho, 2860 - Lagoa Nova - Natal/RN - CEP: 59075-900 - Fone: (84) 3204-6171 www.sindcer-rn.com.br

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entrevista

entrevista

Revista Argila - O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas, é uma entidade privada de grande notoriedade por investir na qualificação e desenvolvimento do Rio Grande do Norte influenciando no emprego e renda. O que você destacaria como papel social do Sebrae? Zeca Melo - O Sebrae/RN quando ajuda as pequenas empresas a se tornarem mais competitivas e sustentáveis, exerce também um importante papel social, pois a livre iniciativa gera a quase totalidade dos empregos. Afinal, o trabalho é o mais importante passo – talvez o único – para o pleno exercício da cidadania: direitos de consumir bens e serviços, aliados ao cumprimento de deveres, inclusive o pagamento de impostos. Qual o maior desafio por estar na gestão desta entidade? ZM - Ouvir e entender as necessidades e expectativas da sociedade e dos empreendedores para melhor atendê-los, mantendo a instituição sempre atenta, focada e preparada para os novos desafios. Há uma pesquisa atualizada sobre o número de empresas informais no Rio Grande do Norte? Quais as consequências da informalidade? ZM - Não há pesquisa do Sebrae sobre o comportamento da informalidade após a retração da economia, a partir de 2015. No entanto, até 2010, segundo a Fundação Getúlio Vargas, o mercado informal movimentava cerca de 17,2% do PIB bra-

sileiro. Pesquisa do Global Entrepreneurship Monitor – GEM 2015 acusou uma evolução no número de novos empreendimentos por necessidade em detrimento dos investimentos por oportunidade, o que certamente influenciou na ampliação da informalidade no país. Com o desemprego recorde, muitos precisaram gerar alguma renda para sobreviver, levando a um crescimento recorde na criação de novas empresas, no país e no RN. Acreditamos que pequenos negócios informais tenham surgido, às margens dessas estatísticas. Quais setores mais contribuem com o crescimento da economia do estado? ZM - Comércio e serviços, inclusive turismo, respondem por mais de 50% da estrutura produtiva do RN, onde também é forte a participação da administração pública. Indústria extrativa e construção civil também são relevantes, mas, segundo o IBGE, a recessão da economia, em 2015, reflete retrações em praticamente todos os setores da economia. A indústria teve uma redução de 6,2% em relação ao ano anterior, enquanto o setor de serviços diminuiu 2,7%. O único setor avaliado que registrou crescimento no período foi a agropecuária, com crescimento de 1,8%. Infelizmente não há estatísticas atualizadas sobre o PIB desagregado por atividades, e o quantitativo de empresas não é um bom indicador, pois não representa necessariamente que os segmentos que mais possuam empresas gerem as maiores contribuições à economia.

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Dentre as atividades de assessoramento do Sebrae que contribuem com a formalização de empresas está a Semana do Microempreendedor Individual (MEI) campanha que aconteceu pela 8ª vez este ano. Como está a representatividade desta categoria no RN? Quais as principais vantagens de ser registrado como um MEI? ZM - Até 31/05/2016 o site da Receita Federal apresentava um quantitativo de 137.479 empresas optantes pelo SIMPLES, dessas 79.867 são Microempreendedores Individuais (MEI), o que corresponde a 58,09% do total de optantes pelo SIMPLES. O sucesso dessa categoria está na simplificação, baixo custo e desburocratização, além de possibilitar a saída de milhares de empreendedores da informalidade. O movimento “Compre do Pequeno Negócio” foi lançado em 2015 com o objetivo de mostrar a importância das pequenas empresas para a economia. Como avalia o lançamento deste projeto? Existem planos para o retorno dele em 2016? ZM - O Movimento Compre do Pequeno foi criado para lembrar à sociedade que todo dia é dia de comprar do pequeno negócio, com a valorização da cultura local, geração de emprego e renda, melhoria da qualidade de vida da comunidade através do fortalecimento da economia local. Os números alcançados no RN e em todo o país foram impressionantes e, quase um ano depois, muitas empresas potiguares ainda utilizam a marca do Movimento Compre do Pequeno como forma de identificação da campanha. Não há previsão da realização desse movimento em 2016 na mesma intensidade como em 2015. No entanto, outras ações de manutenção e apoio aos pequenos negócios estão sendo realizadas aqui no RN. Como o Sebrae tem contribuído com o crescimento no setor da Indústria de Cerâmica Vermelha no RN? ZM - O setor da Construção, onde está inserida a indústria da Cerâmica Vermelha, é de vital importância para o desenvolvimento da economia nacional pela geração de renda e postos de trabalho. Em função disso a atividade fabril do setor cerâmico em nosso Estado assume papel importante, haja vista o grande nº de indús-

trias (em torno de 200) que geram mais de 20.000 empregos diretos e indiretos. O Sebrae/RN vem, ao longo dos anos, procurando estimular o desenvolvimento das empresas locais, através de medidas efetivas para melhoria gerencial, tecnológica e mercadológica, aliadas ao aperfeiçoamento de produtos e processos produtivos, na busca constante pela qualidade, produtividade e competitividade, sempre com foco na sustentabilidade empresarial. Citamos como exemplo de atividades práticas desenvolvidas durante o ano de 2015: • PSQ – Programa Setorial da Qualidade - 30 empresas beneficiadas (dessas, 11 foram certificadas). • Licenciamento Ambiental -12 empresas • Produção mais Limpa - 1 empresa • Medição de Emissões - 4 empresas • Implantação de Software - 1 empresa • Eficiência Energética - 3 empresas • Adequação de Máquinas e Equipamentos a NR12 - 25 empresas • Projeto para Adequação de Fornos - 2 empresas • Capacitação em Ensaios Normatizados e Argila - 20 empresas • Participação e apoio a seminários do segmento, - 5 eventos • Participação e apoio a Encontro Nacional dos Ceramistas - 20 empresas • Participação e apoio aos ceramistas na Fenepar – Feira de Negócios de Parelhas. O Projeto Cerâmica Vermelha Potiguar iniciado pelo Sebrae em 2014 em parceria com o Sindicato de Cerâmica prevê ações até 2017. As metas estão sendo cumpridas? Quais os maiores resultados? ZM - O Sebrae tem dedicado especial atenção ao setor desde de 2010, com a estruturação do projeto “APL de Cerâmica Vermelha”, renovando seu compromisso em 2014 com o projeto “Indústria da Cerâmica Vermelha Potiguar”. Parcerias importantes, além do Sindicer, foram firmadas com o INT – Instituto Nacional de Tecnologia, Acese – Associação de Ceramistas do Seridó, ACVC – Associação de Ceramistas do Vale do Carnaúba, Acevale– Associação de Ceramistas do Vale do Assú e FIERN. Durante esse período conquistas importantes aconteceram, como a certificação de diversas empresas no PSQ – Programa Se-

torial da Qualidade, atendendo requisitos de funcionalidade definidos pelas normas da ABNT, melhoria de processos de queima com a construção e aperfeiçoamento de fornos mais eficientes, adequação de máquinas e equipamentos às exigências do Ministério do Trabalho relativas à segurança e saúde do trabalhador, melhoria de processos, adequação à legislação ambiental, serviços digitais, dentre outras. O último diagnóstico do setor cerâmico foi realizado em 2012. Há alguma atualização desses dados considerando o cenário atual de retração econômica na construção civil? ZM - A instabilidade política e econômica que atravessa o país tem reflexos diretos na forma de administrar de cada empresa. Àqueles melhores preparados sentem menos os efeitos da turbulência, mas não há efetivamente um estudo que reflita a situação atual deste segmento. Estamos na busca de parcerias que possam, juntas, articular e elaborar um novo estudo, talvez ainda em 2016, que possa servir de base para tomada de decisões com vista à sustentabilidade das empresas do setor. De que forma o ceramista pode receber o apoio do Sebrae para o desenvolvimento dos negócios? ZM - A despeito de algumas mudanças de caráter administrativo, permanece nosso compromisso com o empresariado, micro e pequeno, seja de que segmento for, obedecendo determinadas limitações impostas por questões orçamentárias. Nossas

ferramentas de capacitação, apoio tecnológico e acesso a mercado continuam à disposição de toda a sociedade empreendedora e empreendimentos caracterizados como público-alvo do Sebrae. Especificamente para o setor de cerâmica vermelha, o projeto da Indústria da Cerâmica Vermelha Potiguar disponibiliza apoio financeiro da ordem de 50%dos custos em realização de consultorias para: • Melhoria da eficiência de fornos • Medições de emissões atmosféricas • Adequação às normas ambientais (licenciamento) • Recuperação de áreas degradadas • Melhoria de processos e aumento da produtividade • Adequação dos produtos às normas da ABNT (PSQ) • Eficiência energética e automação • Implantação de software de gestão • Caracterização da argila • Adequação a normas de segurança em máquinas e equipamentos (NR12) • Serviços Digitais (internet e tecnologias móveis, e-commerce) • EVTE – Estudo de Viabilidade Técnica e Econômica As ações descritas têm foco nas atividades produtivas, mas há a necessidade imperativa de desenvolvermos estratégias mercadológicas que possam valorizar os produtos cerâmicos, explicitando seus benefícios e vantagens face aos produtos concorrentes, como por exemplo os blocos de concreto. Apesar das dificuldades os ceramistas que se prepararem sairão dessa crise ainda mais fortes. Moraes Neto

Wellington Rocha

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INDÚSTRIA RESPONSÁVEL

INDÚSTRIA RESPONSÁVEL dos como a fuligem durante o processo de queima dos produtos. Maurício Henriques, chefe da Divisão de Energia do INT, explicou que a biomassa apresenta um melhor consumo de energia e contribuiu para a preservação da mata-nativa com o aproveitamento dos resíduos nas fábricas. Segundo ele, a algaroba, a lenha de manejo e a poda de caju representa cerca de 85% das riquezas naturais na região seridoense. Os outros 15% dos combustíveis renováveis está na utilização de materiais como a serragem e a casca de coco. O presidente do Sindicer/RN, Vargas Soliz avaliou de forma positiva o saldo no controle das emissões de gases de efeito estufa “esperamos que as instituições possam continuar investindo em pesquisas ambientais e na diminuição de gases na atmosfera; contribuindo com o avanço tecnológico das cerâmicas no Rio Grande do Norte” afirmou. Na América Latina, a meta do projeto é reduzir em 833 mil toneladas a quantidade de emissões de poluentes.

missão empresarial no RN Latino-americanos conheceram tecnologias do polo cerâmico potiguar O Rio Grande do Norte recebeu no mês de abril empresários e ceramistas da América Latina que vieram ao estado em missão empresarial organizado pelo Projeto de Eficiência Energética en Ladrilleras para Mitigación del Cambio Climático (EELA) com o objetivo de compartilhar e absorver experiências sobre a modernização e a utilização de combustíveis alternativos em fábricas produtoras de cerâmica vermelha do estado. O comitê diretivo do EELA reuniu-se na Federação das indústrias do Rio Grande do Norte (Fiern) com representantes de outras entidades apoiadoras como o Sindicato da Indústria de Cerâmica Vermelha do Rio Grande do Norte (Sindicer/RN), o Serviço Florestal Brasi-

leiro (SFB), o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), o Serviço Brasileiro de Apoio a Pequenas Empresas (Sebrae/RN), a Associação Nacional da Indústria (Anicer) e a Associação Nacional dos Fabricantes de Máquinas e Equipamentos (Anfamec). Um diagnóstico das pesquisas e avanços do Projeto EELA foi apresentado durante o encontro. No Brasil, o EELA é desenvolvido sob a coordenação do Instituto Nacional de Tecnologia (INT) e executado há seis anos utilizando como plano piloto o polo cerâmico potiguar. Em toda América Latina é financiado pela Agência Suíça de Desenvolvimento e Cooperação (Cosude) com apoio da ONG Swisscontact.

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Desenvolvimento Em missão empresarial nas regiões do Vale do Açu e Seridó, o EELA realizou visitas técnicas em seis fábricas com ceramistas Equatorianos, Mexicanos, Colombianos, Peruanos, Bolivianos e Africanos, além de ceramistas brasileiros da Paraíba, Sergipe e do Ceará. Os maiores avanços nas indústrias cerâmicas do estado foram a ampliação da modernização dos fornos, a automação dos processos fabris e o emprego da biomassa renovável como combustível. Consequentemente, o EELA conseguiu diminuir os gases de efeito estufa na atividade ceramista, proporcionando ao RN a redução da emissão de 60 mil toneladas de gás carbônico (CO2) e de particula-

Intercâmbio A maioria das empresas cerâmicas latino-americanas são de pequeno e médio porte, e a lenha ainda é o principal combustível. De acordo com o relatório de políticas públicas da Swiscontact realizado em 2014 a Bolívia, o Equador, a Argentina, e o México ainda produzem com baixo nível de tecnologia em fornos. Marthi Dietshi, representante da Swisscontact afirmou que os fornos utilizados na Bolívia são abertos e que

Presidente do SindicerRN Vargas Soliz homenageia Augusto Rodrigues, coordenador do EELA no Brasil

a produção no RN em relação a Bolívia, por exemplo, é mais mecanizada. De acordo com Jon Bickel, diretor do projeto EELA, os pequenos produtores da Colômbia, por exemplo, utilizam fornos caipiras e as metas são a massificação de novas tecnologias neste território. No Peru, a utilização de novos maquinários e ventiladores é significativa. Com o intercambio Jon Bickel declarou que os ceramistas somam contribuições positivas com os países, mostrando o grande porte produtivo de cerâmica no estado e contribuindo para a agregação dos nossos valores nos países em que o projeto é desenvolvido. Para Freddy Marquez, ceramista

da Bolívia, o Nordeste tem a acrescentar em técnica “Aqui o polo tijoleiro é maior e há um desenvolvimento tecnológico muito significativo” disse ele. “Ter a oportunidade de mostrar aos participantes das América Latina as ações de melhoria que estão sendo conquistadas pelo esforço e dedicação dos ceramistas potiguares é um grande sucesso. Somos gratos a todos os parceiros pelo grande trabalho executado” afirmou o engenheiro Augusto Rodrigues, coordenador do EELA no Brasil. O programa pretende alcançar todo Nordeste, até o momento, a Paraíba e o estado do Rio Grande do Norte são os únicos que representam a região.

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COMPARTILHAR

SINDICER EM AÇÃo

Sindicer palestra sobre Normas de Desempenho na Unifacex

Telha plana romana

Telha Francesa

Telha romana

Telha paulista

Telha cerâmica

se destaca em construção de casas Produto possui vantagens em relação ao concreto O conceito de telha cerâmica, é definido de acordo com a NBR 15.310, como o componente destinado a montagem e cobertura de edificações com estanque a água e de aplicação descontínua, e que tem como vantagem principal proporcionar a resistência e evitar infiltrações. As primeiras telhas surgiram com os avanços no conhecimento de cozedura da argila, transformando-a em cerâmica. Em eras passadas, foi descoberto que a argila possuía a propriedade de alterar facilmente sua estrutura, conforme o avanço de sua secagem, ou seja, a argila umedecida podia ser moldada com tranquilidade, endurecendo à medida que tornava-se mais seca. Assim, se tornou a base para muitos utensílios para o armazenamento e transportes de líquidos e alimentos.

A utilização da cerâmica foi impulsionada pelos romanos que a aplicavam em vários seguimentos, inclusive na construção civil. Outros povos buscaram outras formas de utilizar esse material e desenvolveu um novo sistema de cobertura de casas, substituindo as coberturas de colmos ou madeiras das casas primitivas por telhas justapostas e/ou sobrepostas. Ao passar dos anos as telhas ganharam novas formas e tipos, e são divididas em: Planas de Encaixe (telhas francesas), Compostas de Encaixe (telhas romanas), Simples de Sobreposição (colonial e telhas de capa, plan, paulista e piauí) e Planas de Sobreposição (alemã e outras). Os modelos mais tradicionais de telhas são as romanas, as portuguesas, as americanas e as coloniais. As regiões

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que mais fabricam o produto são as regiões Sul e Sudeste com aproximadamente 2.547 empresas. No Rio Grande do Norte a região Seridoense é responsável por 87% de toda a telha cerâmica produzida no estado conforme diagnóstico realizado pelo Sebrae/RN. Diferentemente das telhas de concreto, as telhas de cerâmica apresentam algumas diferenças e vantagens em relação ao processo produtivo, quanto às mudanças climáticas e ao uso de recursos naturais. Com isso, emitem 52% menos Co2 que as telhas de concreto, são até 20% mais leves por m² de telhado; utilizam fontes de energia renováveis reduzindo o impacto dos recursos em 57% e consomem 72% menos água. Além disso, os produtos cerâmicos ainda são utilizados em 90% da construção de residências brasileiras.

O presidente do Sindicer Vargas Soliz Pessoa participou como conferencista da abertura da III Jornada das Exatas no Centro Universitário da Unifacex promovida pelas coordenações dos cursos de Engenharia Civil, Engenharia de Produção; e, Arquitetura e Urbanismo. O evento reuniu 339 estudantes e aconteceu no auditório do campus CIC, na Cidade Alta com temas a respeito das Normas de Desempenho (conjunto de critérios estabelecidos para edificações habitacionais) e o Desafio da Qualidade dos produtos na Indústria Brasileira pontuando as vantagens destas para o setor da Construção Civil. Em sua apresentação, o presidente destacou que as regras de edificações habitacionais desenvolvidas pela ABNT NBR 15.575 elevam a imagem do setor e proporciona a redução de perdas no processo produtivo; valoriza os preços de venda e torna o produto diferenciado do mercado informal ao combater as não conformidades; além de atender

as normas do conselho curador do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e do financiamento de bancos

públicos como a Caixa Econômica Federal (CEF) e do Banco do Brasil (BB); entre outras vantagens.

Empresários formam comissão para divulgação do PSQ O Sindicer reuniu entidades representativas como a Federação das Indústrias (Fiern), o Sebrae, o Senai da unidade Rosária Carriço e mais um grupo de 11 cerâmicas certificadas pelo Programa Setorial de Qualidade e cinco que pretendem fazer adesão ao programa; para a formação de uma comissão que estabeleceu como meta o fortalecimento do PSQ por meio da realização de uma campanha publicitária e investimentos em eventos técnicos e rodadas de negócios. A comissão empresarial do PSQ é constituída pelo presidente do Sindicer Vargas Soliz, pelo vice-presidente da Fiern Pedro Terceiro de Melo; e pelos industriais Francisco Dantas da Cerâmica São Francisco; Kárita Medeiros da Cerâmica Pataxó; Anri Protásio da Cerâmica Santa Edwiges; Vinícius Costa da Cerâmica do Gato; Jefferson Barbosa da Cerâmica Estrutural e Fábio Gomes da Cerâmica Premium.

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Novo olhar seu trabalho quando começou a expor na Feira Internacional de Artesanato (FIART), na capital potiguar e recebeu os primeiros prêmios em 2011 e 2012, e nos últimos anos se mantém entre os três artistas mais premiados pelo festival “O meu trabalho sempre teve muita aceitação e as feiras de artesanato são como uma vitrine para que eu venda e exponha o meu trabalho” disse. Para ele o amor pelo trabalho é a fórmula para o sucesso “Para conseguir projeção temos que ter primeiramente o amor. Se você não tem amor pelo que faz, não saí da forma que você deseja e você não é feliz.” “A arte é tudo o que tenho, tudo o que sou: contas, casa, comida, tudo vem da minha arte” ressaltou. A argila que Aldo realiza o trabalho é doada pelo proprietário da Cerâmica Estrutural, o empresário Jefferson Barbosa. Com 20 sacos de argila que recebe, ele consegue produção para seis meses “Sou sempre muito bem recebido pela secretária e pelo Jefferson, tenho sempre a atenção deles e sou muito grato por ele doar a principal matéria-prima do meu trabalho” afirmou. No processo produtivo a argila vem da Cerâmica com umidade e adicionando um pouco mais de água ele a deixa no ponto certo para modelar, e cria peças com personagens da bíblia como santos sagrados e Jesus Cristo. “Produzo as peças no meu estilo, a argila toma conta e a inspiração vem” revelou.

novo olhar

Produzo as peças no meu estilo, a argila toma conta e a inspiração vem”.

Além da argila, Aldo realiza a mistura de outros materiais como o gesso e pó de pedra. Os quadros, os livros reaproveitados na confecção e a produção de peças diversas são finalizados com o polimento, a pintura e a aplicação de verniz. O artesão diz que tem em Deus a sua fortaleza e principal inspiração para compor o seu trabalho e é grato pela presença divina em sua vida pessoal e artística “É maravilhoso ver que a argila, uma matéria tão bruta e primitiva que habita nos barrancos dos rios, através das minhas mãos se tornar uma arte tão nobre. Isso me faz perceber a ação de Deus e do Espírito Santo em minha vida” declarou.

Ação Social Como cristão e apaixonado pela arte, Aldo Rodrigues desenvolve ações sociais em dois projetos, um com crianças e jovens de comunidade com faixa etária entre 7 e 17 anos por meio do projeto “Casa de sonhos: Transformando Vidas, reconstruindo histórias” e o outro com menores infratores do projeto “Refazendo Caminhos” onde ensina sua arte. O primeiro projeto é desenvolvido pela Casa Lar Nossa Senhora da Conceição, uma ONG sem fins lucrativos que nasceu em 2006 com iniciativa da igreja católica e desde 2010 está sob a responsabilidade do Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas), órgão público e estatal que também desenvolve o projeto “Refazendo caminhos” com jovens infratores que cumprem medidas socioeducativas por meio de cursos, oficinas, atividades religiosas, culturais e artísticas. Ambos os projetos recebem o apoio de psicólogos, assistentes sociais e pedagogos. Para Elissa Cristina de 12 anos, que faz parte da Casa Lar, o projeto é uma forma de se distrair e aprender coisas novas. “O Aldo me ensinou a fazer pinturas e peças com argila, brincar com isso é muito legal. Aprender coisas novas é sempre muito bom” disse. “A arte me deu projeção, respeito e dignidade para ajudar as pessoas. Acho que tenho o dever de compartilhar o meu trabalho” completou Aldo.

Fé e amor pela arte Artesão Aldo Rodrigues desenvolve Arte Sacra com argila Foi movido pela curiosidade e pela criatividade, que o artesão potiguar Sebastião Aldo Rodrigues, nascido em Macaíba, município do Rio Grande do Norte; brincava quando pequeno misturando a terra com a água para fazer arte e hoje se tornou um artesão reconhecido no estado e em cidades brasileiras. Filho de mãe costureira e pai cordelista, Aldo considera que herdou da família a sua veia artística e com 15 anos já participava de exposições nas escolas e em eventos promovidos pela Prefeitura da cidade

de Macaíba. Com 18 anos resolveu abandonar por um tempo a arte para trabalhar de carteira assinada em uma indústria de fios de algodão e ajudar no sustento da casa, porém a relação com a arte sempre pulsou mais forte e resolveu trabalhar com o que amava. No começo Aldo usava a terra, lavava, coava e usava cola para dar forma as peças e para colorir sua arte usava o barro para obter a tinta vermelha, folhas para tinta verde, com a casca do ovo a cor branca, com o carvão a tinta preta e com pétalas de

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flores a cor amarela. Logo depois, começou a receber pedidos para fazer restauração de símbolos religiosos e passou a ser um admirador e confeccionador da arte sacra. Na História da Arte, a arte sacra representa uma forma de manifestação artística relacionada com a religiosidade e ao sagrado. Nesse sentido, reúne pinturas, desenhos e esculturas de teor religioso, sejam por meio das figurações de santos, de templos ou de passagens bíblicas. O artesão passou a receber diversas encomendas e ter visibilidade com o Mostrando o que vem da terra - ARGILA 13


Sustentabilidade

Sustentabilidade

Reflorestamento realizado pela

cerâmica Tavares produção de 30 tipos de espécies nativas e exóticas é realizada há 10 anos Uma das formas de garantir a sustentabilidade é a recuperação de áreas que foram desmatadas para fins comerciais. O reflorestamento com mudas nativas, por exemplo, ou a criação de viveiros florestais que contribuam com espécies para a restauração de áreas naturais são ações de replantio utilizadas no Brasil. São considerados viveiros de gran-

de e médio porte aqueles que produzem cerca de 50 mil mudas no mínimo. Os viveiros para plantação de mudas nativas de pequenas espécies são considerados como berçários para as unidades de conservação. No Rio Grande do Norte a Cerâmica Tavares empresa fabricante de telhas, blocos cerâmicos (tijolos) e lajotas, desenvolve há 10 anos o viveiro

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florestal em uma área de 25x35m que abriga 30 tipos de mudas nativas e frutíferas exóticas como o ninho indiano, o jucá, a manga, a laranja, o tamarindo, o caju, a leucema, dentre outras. Além destas, duas árvores, de valor comercial relevante e de diferentes usos são encontradas: a algaroba, do Peru, e o eucalipto, da Austrália, ambas largamente difundidas no país.

Rinaldo Tavares da Silva, proprietário da Cerâmica, explicou que a decisão de criar o viveiro foi promover a distribuição gratuita para os fornecedores de lenha e moradores da comunidade, além de servir para o consumo próprio. Tavares propaga a sua marca como “Tecnologia com Sustentabilidade”. Para reduzir os custos com transporte, evitar danos às mudas e favorecer o seu desenvolvimento; um viveiro deve preferencialmente estar próximo do local a ser reflorestado pela presença de condições climáticas mais semelhantes às da área do replantio. Na cerâmica Tavares, o viveiro se localiza no território da fábrica e a área destinada à plantação tem capacidade para abrigar até 15 mil mudas de pequeno porte. Um das recomendações do manual de produção de viveiros feito pela Fundação Florestal do Estado de São Paulo, é que o terreno seja o menos acidentado possível com declividade de 0,2 a 2% pois áreas muito planas podem apresentar problemas com a drenagem. Outra importância é que o local do viveiro florestal tenha boa disponibilidade de água livre de poluentes químicos e físicos para a irrigação das plantas. Segundo Rinaldo, o viveiro conta com o serviço de um técnico da Prefeitura Municipal de Parelhas capacitado para ensinar sobre a seleção e o cuidado com as mudas como a irrigação, a drenagem e o preparo do solo. O viveiro tem a autorização do Ibama. “Acho que todas as empresas deveriam realizar o reflorestamento como forma de devolver para o meio ambiente os recursos gerados nas vendas dos produtos” afirmou Tavares proprietário da unidade de conservação. O reflorestamento é de grande importância no combate às mudanças climáticas, no aumento e permanência dos recursos hídricos, na redução dos prejuízos relacionados com enchentes, no aumento do estoque sustentável de madeira legal, na absorção do gás carbônico realizado pelas plantas durante o processo de fotossíntese e na redução do efeito estufa, causador do aquecimento global, dentre outros serviços ambientais. Mostrando o que vem da terra - ARGILA 15


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oportunidade

oportunidade de produto, são necessidades básicas para atender a eficiência energética” afirmou o palestrante que atuou como técnico de ensino do SENAI/SP. Segundo ele, o custo do material pode se reduzido para até 25% na produção, e afirmou que além disso, a adesão da eficiência energética através dos fornos, agiliza o processo de queima dos produtos. “Me surpreendi ao perceber a disposição dos empresários em compartilhar seus conhecimentos por meio do sindicato. A palestra contribuiu com informações relevantes sobre a adaptação de novos processos, como o processo de secagem, que por muito tempo foi ignorada, mas hoje já se percebe sua influência principalmente na qualidade do produto” afirmou a participante Rachel Araújo, bacharela em Ciência e Tecnologia. Outras abordagens foram realizadas na rodadas de palestras, sobre as expectativas para o “Crescimento e Equilíbrio do Setor” com o economista Raimundo Fernandes, diretor da empresa Focar Consultoria; e sobre “Gestão de Vendas” com o consultor Clauber Araújo.

Redução de custos foi tema discutido no IV Ciclo de Palestras

diminuição de 25% no processo de secagem foi defendido por especialista O Ciclo de Palestras e Mostra de Fornos Eficientes ocorreu neste semestre e foi organizado pela 4ª vez com apoio do Instituto Nacional de Tecnologia (INT) e as contribuições do Projeto EELA; do Sebrae/RN e das Associações de Cerâmicas do Vale do Carnaúba (ACVC), do Vale do Assú e Apodi (Acevale) e do Seridó (Acese) e teve como objetivo o fortalecimento do sindicato e a interação entre os

ceramistas e profissionais da área. O evento reuniu 73 participantes, entre esses, empresários de cerâmicas, engenheiros florestais, estudantes e profissionais do Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente (Idema) e profissionais da segurança do trabalho. A palestra principal envolveu o tema sobre a Importância da Secagem para Redução de Custos, abordado pelo especialista em

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cerâmica Amando Alves. Amando explicou que o custo de secagem é um dos mais altos no Brasil e que para aderir a eficiência energética os ceramistas precisam atender a alguns requisitos básicos “aderir aos secadores eficientes que são projetados para atender cada material, realizar um estudo mais aprofundado da argila e planejar o processo de secagem para cada cerâmica e tipo

realizar um estudo mais aprofundado da argila e planejar o processo de secagem para cada cerâmica e tipo de produto, são necessidades básicas”.

Amando Alves em palestra

Conhecendo as tecnologias A Cerâmica Nossa Senhora dos Impossíveis, do município de Carnaúba dos Dantas foi visitada após o ciclo de palestras. O motivo da visita foi levar ceramistas e pessoas relacionadas as áreas para conhecer o processo produtivo da fábrica de blocos cerâmicos e a tecnologia utilizada com a instalação do forno vagão metálico da Rogesesi. O proprietário Josemar Dantas, conhecido como Mororó, afirmou que o forno vagão contribuiu com cerca de 70% na qualidade dos produtos e diminuiu consequentemente o consumo da lenha nativa “antes utilizávamos o forno caieira e me sinto muito feliz em ter aderido a uma nova tecnologia em minha fábrica e estar contribuindo para que outras pessoas tenham a minha cerâmica como exemplo” disse. A fábrica de Josemar produz 800 mil peças por mês. Para o presidente do sindicato Vargas Soliz o Ciclo de Palestras tem sido uma forma de propagar as novas tecnologias e gerar discussões positivas entre empresários e fornecedores “Com o evento, os ceramistas têm evo-

luído para entender e analisar através de medidas, qual a melhor opção de fornos para a sua realidade” afirmou. Arthur Braz do curso de Engenharia Ambiental, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) afirmou que o Ciclo de Palestras proporcionou uma maior interação visual com a tecnologia e contribuiu com informações relevantes para os estudos sobre eficiência energética que está desenvolvendo “O evento proporcionou conhecer um leque de tecnologias e produtos para o fortalecimento do setor, como a redução das matérias-primas e a mecanização da mão-de-obra; e a visita técnica também superou minhas expectativas, pois ainda não conhecia o funcionamento dos fornos”, completou. O próximo ciclo tem previsão de acontecer no segundo semestre. Outra ideia é que o evento possa ser realizado para além do Rio Grande do Norte.“Pretendemos levar esse espaço de enriquecimento para outras regiões do nordeste” declarou o presidente do Sindicer.

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Jaquelígia Brito

artigo

Professora da UFRN

A EFICIÊNCIA ENERGÉTICA NAS INDÚSTRIAS DE CERâMICA VERMELHA A eficiência energética consiste em obter o melhor desempenho na produção de um serviço com o menor gasto de energia. De acordo com a Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Conservação de Energia (Abesco) estima-se que anualmente 10% de toda energia gerada no Brasil seja desperdiçada. Energia suficiente para abastecer os estados do Rio de Janeiro e Ceará por um ano ou compensar o aumento da demanda nacional por dois anos. Em termos de eficiência energética aplicada à indústria de cerâmica vermelha, evidencia-se a utilização do forno no seu processo produtivo, onde sua característica primordial, qualquer que seja sua finalidade, é transferir ao material o calor necessário, gerado por uma fonte, com o máximo de eficiência, uniformidade e segurança. No entanto, a sua eficiência pode ser ampliada, dentre outras formas, com o emprego de sistemas adequados de isolação térmica, buscando a redução das perdas de calor nas paredes e no teto do forno. Estas perdas podem atingir percentuais de até 30% da energia térmica total fornecida ao equipamento através da queima de combustível. Existem pequenas ações que influenciam positivamente na eficiência

energética de indústrias cerâmicas, como por exemplo, a disposição das peças no forno, onde é sempre importante permitir uma boa circulação dos gases quentes de combustão entre as peças, de modo a tornar mais homogênea a troca de calor com a sua carga. Feita a disposição corretamente, a redução de consumo energético e tempo de operação durante o processo de queima pode ser da ordem de 5%, e o aumento das peças de primeira qualidade pode ser ainda maior, sendo essa ação isenta de custo de investimento, apenas uma mudança de método ou de rotina. No entanto, outras ações relativamente onerosas mas extremamente efetivas, podem ser realizadas, tais como automatização e controle do sistema de

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combustão, isolamento térmico de superfícies quentes, otimização das condições de funcionamento de equipamentos, aproveitamento de combustíveis ou fontes de calor residuais, implementação de sistemas de gestão de energia e instalação de sistemas de cogeração. Dessa forma, a implementação de ações de tecnologia e projetos de eficiência energética através de medidas bem definidas pode ser realizada, porém precedida de forma criteriosa buscando sempre como resultados a economia de energia, a redução de perdas, o aumento da produtividade, a melhoria da qualidade dos produtos, a redução de emissões de gases de efeito estufa e de outras emissões atmosféricas e o uso de combustíveis renováveis.

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QUALIFICAÇÃO

QUALIFICAÇÃO “Estamos preocupados em qualificar as pessoas que trabalham nas cerâmicas junto ao sindicato e estamos nos propondo sempre em realizar visitas técnicas as cerâmicas. Os alunos quando passam pelo laboratório e pela qualificação profissional se tornam mais competentes e competitivos para o mercado” afirmou a diretora Glória Fernandes. Alunos do centro já deram bons resultados a instituição sendo premiados no prêmio IEL de estágio e na Olimpíada do Conhecimento com medalha de ouro.

Senai Rosária Carriço

é referência na capacitação

de construtores

ensaios laboratoriais com cerâmicas influenciam na produtividade O Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) é uma entidade privada organizada e administrada pela Confederação Nacional da Indústria que atua na formação e qualificação de profissionais para atender as necessidades da indústria. No Rio Grande do Norte há sete unidades, incluindo o Centro de Educação e Inovações Tecnológicas- Senai

Rosária Carriço, localizada em Nova Parnamirim. Responsável pelo setor da Construção Civil há 12 anos, a unidade oferece cursos presenciais e a distância, desenvolve pesquisas aplicadas e atua ainda nas áreas de meio ambiente, logística e segurança do trabalho. Parceira do Sindicato da Indústria de Cerâmica Vermelha do estado (Sindicer/RN), esta unidade do

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Senai oferece consultoria aos ceramistas para adequação as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), para o Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat (PBQP-H) e para o Programa Setorial de Qualidade (PSQ), além da gestão de resíduos através de ensaios laboratoriais com peças de material cerâmico.

Qualificação O Rosária Carriço possui um laboratório em que é desenvolvido ensaios de blocos de vedação e estrutural; e telhas cerâmicas para adequação ao Programa Setorial de Qualidade (PSQ) e assessoria para indústrias cerâmicas por meio de treinamentos de materiais e mistura de argilas, análise de resíduos, absorção de água, permeabilidade, extrusão e secagem. Com apoio do Sebrae os ceramistas associados recebem o subsídio de 50% nos cursos com os benefícios do Programa de Inovação TecnológicaSebraeTec. “percebemos a evolução das empresas após os treinamentos executados. As pessoas que estão dentro da produção conseguem identificar melhor os problemas e levar o conhecimento para dentro da fábrica” afirmou a assessora técnica Tássyla Barbosa. Em maio o laboratório recebeu o Atestado de Qualificação pela Entidade Gestora Técnica (EGT) do Senai Três Rios, do Rio de Janeiro, atestando a conformidade do Rosária Carriço com os critérios e requisitos estabelecidos pela norma ABNT NBR 17025 e dos fundamentos do Programa Setorial de Qualidade(PSQ) nos ensaios com telhas e blocos cerâmicos. “Com as exigências das normas nas edificações, os produtos de cerâmica precisam ser mais qualificados para que se destaquem frente ao concreto” destacou a assessora que é engenheira civil e pós-graduada em gestão ambiental.

Glória Fernandes, diretora do Senai Rosária Carriço

Para o engenheiro de produção Alex Dantas sócio-propietário da Cerâmica Heitor Petronilo, os treinamentos atendem de forma satisfatória as exigências das normas técnicas e visam cada vez mais a qualificação das empresas e dos produtos “A infraestrutura do laboratório é satisfatória e o cursos são bastante práticos e proveitosos; é importante para que possamos nos capacitar de acordo com as normas e trazer a qualidade dos produtos para os clientes” disse ele. Executado pelo segundo ano consecutivo, os testes laboratoriais contribuíram com a certificação de 11 indústrias cerâmicas pelo PSQ.

Os alunos quando passam pelo laboratório e pela qualificação profissional se tornam mais competentes e competitivos para o mercado”.

Curso de Telhas foi oferecido a funcionários de cerâmicas

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DEU CERTO

DEU CERTO

Garra e Ousadia determinam o sucesso da

Cerâmica São Francisco

A Cerâmica São Francisco possui reserva legal dos combustíveis que utiliza na produção, pois a lenha nativa, a algaroba, a poda urbana e o pó de madeira são retirados em fazendas dos municípios de Caicó e Cruzeta, por meio de um plano de manejo renovado anualmente e autorizado pelos órgãos ambientais, o Instituto de Desenvolvimento Econômico e Meio Ambiente (Idema) e o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama). “Sou feliz por minha fábrica ser um ponto de referência e por ter sido visitada por outros países com tecnologias atrasadas e que ficaram encantados com o nosso avanço. Criamos vínculo com esses países” disse Francisco Dantas sobre sua fábrica ter sido uma das empresas visitadas por ceramistas da América Latina. Dantas confessa que sua fábrica alcançou melhores resultados desde que se tornou um associado do Sindicato da Indústria Cerâmica do Rio Grande do Norte (Sindicer/RN) em 2008. “As ações do sindicato são muito interessantes e importantes. Somos bem representados, pois o presidente Vargas abraça causas e nos dá incentivo. Cheguei a um patamar melhor no mercado desde que me tornei associado.” afirmou ele, que pretende continuar realizando os ensaios técnicos com seus produtos para certificação do Programa Setorial de Qualidade (PSQ) e investir na adesão ao crédito de carbono.

Ceramista Francisco Dantas

O empresário José Dantas Bezerra, ou Neném como é conhecido popularmente, é natural de Carnaúba dos Dantas e era mecânico em uma cerâmica quando resolveu arrendar por sete anos uma fábrica que estava em processo de falência. Para ele se adequar ao mercado, manter os clientes antigos, procurar novos clientes e tentar inovar foram uns dos principais desafios quando comprou e se tornou dono da fábrica “me considero um herói, pois na época outras cerâmicas eram reconhecidas, tive que ter coragem e muita ousadia

para ser um diferencial” disse. Hoje com 36 anos e comandando a gestão da fábrica, ele considera um privilegiado por ser reconhecido no mercado e por estar superando a crise econômica vivida no país “aprendi que diante da crise não podemos investir demais e nem parar no tempo. Estou com um novo sistema de produção automatizado e me sinto um privilegiado por ser reconhecido e por estar firme no mercado até hoje” declarou. Dantas também é presidente da Associação de Ceramistas do Seridó (Acese).

Referência na região seridoense cerâmica supera a crise econômica Determinação, garra e ousadia são características fortes do empresário Francisco Dantas Bezerra. Exemplo como referência nas inovações tecnológicas o legado da Cerâmica São Francisco do município de Carnaúba dos Dantas, no Rio Grande do Norte, foi construído há 11 anos, mais exatamente em 2005 quando resolveu arrendar e comprar uma empresa falida em que era funcionário. Fabricante de telhas dos tipos colonial e sextada, tijolos nas dimensões 9x19x19,

e lajotas, mantém mesmo diante da atual crise econômica no país, o emprego de 40 funcionários atuando no setor de produção e com um sistema automatizado realiza a venda mensal de 1 milhão de peças. De acordo com o último diagnóstico realizado pelo Sebrae/RN o Seridó possui 99 cerâmicas em atividade, sendo a cidade de Parelhas com 33 e Carnaúba dos Dantas com 20, responsáveis pela maior concentração de cerâmicas, somando 53% da região.

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Francisco Dantas admite que sente orgulho por ser referência na região Seridoense do estado. Há um ano o ceramista abandonou o forno caieira (forno artesanal) para realizar a implantação do forno Cedan que possui 14 câmaras com capacidade para queimar 46 mil peças. “Esse forno proporciona economia de combustível, uma qualidade diferenciada, além disso, me permite medir a quantidade de gases. Antes com o forno caipira eu não tinha essas vantagens” afirmou.

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eventos

45ª Encontro Nacional da Indústria de Cerâmica Vermelha

Data: Data: 26 a 27 de agosto Local: Campinas/SP Site: encontro45.anicer.com.br

O Encontro Nacional apresenta uma intensa programação que se divide entre Clínicas Tecnológicas, Fóruns Empresariais, Minicursos, encontros nacionais do Sebrae, Senai e Sesi, Visitas Técnicas e os prêmios Jovem Ceramista e João-de-Barro. Acompanhando o desenvolvimento da construção civil, o evento movimenta a economia das cidades onde é realizado, promovendo uma aproximação importante entre políticas locais, estaduais e municipais, e o empresariado. As inscrições com desconto podem ser feitas até o dia 25 de julho.

11ª CONVENÇÃO NORDESTE DE CERÂMICA 21º ENCONTRO DOS PRESIDENTES DOS SINDICATOS Data: 13, 14 e 15 de outubro de 2016 Local: Federação das Indústrias do Estado do Maranhão - São Luiz/Ma informações: (98) 3236-3312\99116-48906 sindicerma.ma@gmail.com / sindicerma.org.br O evento, que é o maior do segmento na região Nordeste tem como objetivo contribuir para o desenvolvimento da indústria cerâmica e proporcionar a troca de informações entre os empresários e ampliação do conhecimento aos parceiros e representantes do setor, destacando o segmento com um papel importante para a economia da região. A 11ª edição da convenção está sendo coordenada pelo Sindicato da Indústria de Cerâmica para Construção do Estado do Maranhão, que é um órgão associado à Federação das Indústrias.

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