Precisando de cirurgia na próstata? Um robô pode ajudá-lo?

As cirurgias da próstata, feitas hoje, são radicalmente diferentes daquelas realizadas no século passado. Em milhares destes procedimentos, robôs cirúrgicos estão ajudando cirurgiões a operar com precisão, regiões delicadas como a próstata.

No Brasil, apesar de muitos cirurgiões continuarem a realizar estas cirurgias com técnicas tradicionais, quase 80 destes robôs já foram instalados nos centros cirúrgicos e muitos estados estão iniciando seus programas de cirurgias robóticas, despertando novas esperanças, questionamentos e preocupações.

Os defensores das cirurgias urológicas assistida por robô argumentam que os procedimentos trazem uma série de vantagens. Entre eles: a curto prazo, menor perda de sangue, menor permanência no hospital (o que em tempos de COVID parece ser uma vantagem ainda mais desejada) e menor tempo de recuperação para retomar suas atividades diárias. No entanto, não é bem claro se os procedimentos assistidos por robô fornecem uma vantagem quando se trata de taxas de sobrevida e menores complicações urinárias. O Conitec, órgão do governo brasileiro, revisou as evidências na literatura e concluiu que há vantagem de menos sangramento, menor taxa de transfusão de sangue, bem como menor impacto negativo na ereção dos pacientes submetidos à cirurgia radical robótica, entretanto apresenta mais custos.

Para o Professor Flávio, Professor da UFSC e da Unisul e urologista dos Hospitais Albert Einstein (SP) e Baia Sul (Florianópolis), membro da IGAU Brasil, grupo de urologia avançada, cujos profissionais já realizaram mais de 1000 cirurgias robóticas, a questão cirurgia robótica versus tradicional tem um ganhador claro. Muitas dessas vantagens têm a precisão do seu lado, com uso de pequenos instrumentos

com movimentos que simulam os da mão humana, filtrando tremores e traumatizando menos os tecidos da região, entre eles os feixes nervosos responsáveis pela manutenção da ereção. Finalmente, experts mundiais ensinam que a cirurgia robótica tem uma vantagem que pode não ser tão óbvia: ela tem uma curva de aprendizado mais rápida do que os procedimentos abertos tradicionais.

Porém, nem tudo é positivo. Muitas publicações afirmam que a cirurgia robótica oferece benefícios relativamente pequenos pelo custo que traz. O Professor Flávio, que nos anos de 2007-08, estudou no Instituto Montsouris (hospital filiado da Université Paris 5 – René Descartes) em Paris, berço mundial da cirurgia minimamente invasiva prostática, discorda. A cirurgia robótica oferece menos transfusões de sangue, menor tempo de internação e recuperação mais rápida. Esses benefícios, dificilmente, são considerados pequenos para os nossos pacientes.

É claro que, mesmo em mãos experientes, estamos longe de obter resultados perfeitos em todos os pacientes. Sofremos juntos com resultados imperfeitos que podem acontecer em uma pequena proporção de pacientes e que nos faz querer fazer o nosso melhor. O Professor Flávio orienta: “A abordagem robótica tem uma visão melhor (3D, alta definição e ampliada em até 12x), menos sangramento e melhor capacidade de reconstrução. Esses são os principais motivos pelos quais prefiro realizar a robótica.”

A prostatectomia radical é uma operação que pode ser muito difícil. É preciso não apenas habilidade, mas o tipo de experiência que você obtém somente depois de ter se envolvido em muitos procedimentos, primeiramente como médico em treinamento, e depois aprender a fazê-lo, meticulosamente, como cirurgião numa equipe especializada. Nessas horas uma equipe multidisciplinar, com enfermeiras especializadas são de grande valor.

Em qualquer especialidade cirúrgica, como você pode encontrar o teu cirurgião? Desenvolvemos uma checklist baseada nas recomendações publicadas. Leve os seguintes itens em consideração: encontre um centro e uma equipe de especialistas de alto volume que operem, anualmente, muitos desses procedimentos. Por exemplo, no Reino Unido, a NHS e a Associação Britânica de Urologia oferecem, com transparência, o número de cirurgias realizadas por cada urologistas, bem como os seus principais resultados. Pergunte ao seu médico sobre os seus resultados. A curva de aprendizado, seja cirurgia aberta ou seja robótica, deve ser na casa das centenas.

CRM/SC 9875 | CRM/SP 195036 | RQE 6858 | Urologista

CURRÍCULO • Professor de Urologia, Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL); • Professor Adjunto - Urologia, Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC); • Doutor em Patologia Geral e Experimental (UFCSPA); • Urologista do Hospital Israelita Albert Einstein e do Hospital Baía Sul.

houve um ímpeto por trás do crescimento desses procedimentos. O Hospital Israelita Albert Einstein - que realiza mais cirurgias robóticas do que qualquer outro no país (de acordo com a empresa do robô). Finalmente, não se preocupe em ofender o médico com perguntas ou em obter uma segunda opinião. As pessoas pedem uma segunda opinião o tempo todo. Os pacientes fazem perguntas o tempo todo. Sem dúvida, você quer ser um daqueles pacientes que dizem depois: “Meu atendimento foi muito bom.”