Os riscos dos modismos para a Saude bucal das crianças

Sabemos que hoje a internet tornou-se uma valiosa ferramenta de pesquisa também no que tange à saúde bucal. No Brasil foi realizado um estudo do impacto da internet mostrando que a maioria dos entrevistados acessa mecanismos de pesquisa com a frequência de, pelo menos, uma vez por semana, utilizando-a para consultar informações sobre saúde. Não há dúvidas quanto à validade do acesso à informação. A pergunta é: Suas fontes de informação sobre saúde na internet são confiáveis?

Sistematicamente vemos na mídia fórmulas caseiras “bombásticas” que não se sustentam a longo prazo. Com relação à saúde bucal, o bicarbonato de sódio, a cúrcuma, a melaleuca, a argila e mais recentemente o carvão, tiveram seus momentos de fama. Infelizmente a divulgação inescrupulosa dessas soluções pseudomilagrosas mais atrapalham que ajudam, pois podem colocar em risco a saúde bucal das pessoas, principalmente das crianças.

Segundo a Associação Paulista de Cirurgiões Dentistas (APCD), mais de 90% dos problemas bucais poderiam ser evitados se as crianças se acostumassem desde cedo a usar escova e creme dental fluoretado com, no mínimo, 1.100 ppm de flúor. Inúmeros são os estudos que comprovam a eficácia e importância do uso de creme dental fluoretado já a partir do primeiro dentinho, entretanto vemos as prateleiras de supermercados com várias opções de cremes dentais sem flúor. Associado à oferta, buscamos gurus e influenciadores digitais que corroboram com essa ideia, e o resultado é desastroso.

É bastante rotineiro recebermos em nossa clinica pais e mães devastados pela aparição de carie em seu filho, principalmente quando estes primam por uma alimentação mais natural. Água, frutas, verduras e legumes contribuem enormemente para que seus filhos tenham dentes fortes e saudáveis, juntamente com o controle da ingestão de açúcar e carboidratos em geral. Já o creme dental formulado à base de ingredientes orgânicos e naturais pode trazer prejuízos enormes à saúde bucal das crianças quando este não possuir flúor em sua composição.

Verifique sempre suas fontes de pesquisa e converse com seu dentista. O acesso a informações confiáveis pode ser feito em portais e perfis de instituições oficiais ou reconhecidas e órgãos mundiais de saúde, e até mesmo em páginas que baseiam suas publicações nestas organizações. O conhecimento em saúde adquirido por meio da internet pode ter caráter complementar, mas o contato pessoal entre o paciente e a odontopediatra de seu filho não deve jamais ser substituído por tais pesquisas.

Odontopediatra - CRO/SC 3006

• Graduada pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC); • Especialista em Odontopediatria pela UMDNJ - University of Medicine and Dentistry of New Jersey, EUA; • Fellowship em Atendimento à Criança Especial pela UMDNJ, New Jersey Dental School, EUA; • Professora Clínica Adjunta do Departamento de Odontopediatria da University of Loma Linda, Califórnia, EUA