Revista República - Dezembro / Janeiro

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FORMAÇÃO

Liora Mindrisz

Tempo de

Mercado exige cada vez mais capacitação continuada dos trabalhadores

N

ão precisa ser expert para notar que a substituição de silêncio e fragmentação de tarefas por comunicação e interatividade enfraqueceu a separação entre pensar e fazer e alterou significativamente o modo de trabalho. A difusão do conhecimento técnico-científico no processo produtivo transformou a qualificação contínua em fator chave de sucesso profissional. Pesquisas do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) indicaram, em abril de 2011, aumento de 12,5% no número de pessoas empregadas que tinham 11 anos ou mais de escolaridade. De 2003 para 2010, o percentual passou de 46,7% para 59,2%.

Fotos: Mario Cortivo

pensar e fazer Gilmar Cesário de Arruda: atualizar para melhor colocação no mercado

Mais por intuição que por estatísticas, Gilmar Cesário de Arruda, trabalhador da Fundição Tupy, percebeu que no anúncio dos cursos gratuitos oferecidos pelo Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André em parceria com o Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) havia mais que oportunidade. Ali estava o caminho para garantir o emprego e, por que não, conquistar colocação melhor no mercado de trabalho. Aos 36 anos, começou em fevereiro curso de Matemática Aplicada e de lá pra cá não parou. Estudou Controle Dimensional, Controle de Estatística de Processo e Desenho Técnico Mecânico. “Os cursos que fiz não têm relação com minha função de operador de fundição, mas me interessei porque acredito que é sempre bom a gente se atualizar, aprender novas coisas. Quem sabe assim eu não arrumo emprego em área melhor”, avalia Gilmar. A parceria firmada entre o Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e o Senai, há cerca de cinco anos, tem a tarefa de acompanhar o novo ritmo do mercado. “O sindicato tem o compromisso de incentivar a categoria, cuja maioria não tem dinheiro para investir em estudos”, diz Adilson Torres dos Santos, diretor da Secretaria de Formação. Hoje são ofertados quatro cursos com duração entre 20 a 84 horas, contemplando 16 turmas e cerca de 800 alunos.

ÀS ORDENS DO MERCADO A Escola Piping acompanha de perto as mudanças do perfil profissional desde 1968 quando o ABC tinha urgência para suprir as demandas do Polo Petroquímico. Depois veio a época da automação industrial e atualmente a escola oferece 36 cursos voltados para os setores automobilístico, de refrigeração, eletricidade, entre outros que atendam à diversidade produtiva da região. “Quando meu pai abriu a escola, o profissional se formava em atividade específica. Hoje, o trabalhador que atua em determinada área precisa de reciclagem”, diz Ubiratan Ghizze, proprietário da escola. Parte dos alunos da Piping é de jovens que ainda não decidiram que profissão seguir. “A maior incidência é dos 25 aos 30 anos e os cursos mais procurados são nas áreas de elétrica, mecânica, solda e usinagem, mesmo sendo oferecidos cursos administrativos”, afirma. Ubiratan Ghizze: trabalhador precisa de reciclagem 52 Revista Repúplica


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