Ragga #40 - Fé

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REVISTA

Em que você bota fé? Entrevista Baby do Brasil, ex-Consuelo, ex-Novos Baianos, atual Popstora Tattoos Cada corpo é um templo Dr. Fritz e cia. Cirurgias espirituais E mais: Viagens a Florença e Moscou Produtos para o inverno O barato está mais caro #39

JULHO 2010 www.revistaragga.com.br

não tem preço

ANO 5


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CARLOS HAUCK

Diego Tardelli, atacante do AtlĂŠtico


DIEGO TARDELLI É SANGUE BOM. e você?

Vista esta causa. A camiseta Ragga Sangue Bom está à venda nas lojas Boundless. Parte da receita arrecadada com as vendas será destinada às instituições sociais parceiras do projeto.

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Prova oficializada pela Federação Mineira de Atletismo





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O SEU ANIVERSÁRIO NO PONTO CERTO. PROMOÇÃO VÁLIDA NO DIA DO ANIVERSÁRIO, PARA O RODÍZIO DO ANIVERSARIANTE. INDISPENSÁVEL A APRESENTAÇÃO DO RG E MÍNIMO DE UM ADULTO PAGANTE.

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,

BH E * T O N O I Ã Z A C Í I R D R O P RSA RO O A E N IV AG AN O P Ã N ORIGINAL DA SERRA DO CURRAL - MG


< EDITORIAL >

< BÚSSOLA >

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Marcas da fé

Ensaio fotográfico mostra tattoos como símbolos de devoção

34

Em que eles botam fé?

Chico Anysio, Fernanda Young e outros respondem a pergunta

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A crise não poupa ninguém Maconha e outras drogas estão mais caras em BH

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Médicos do além

Dr. Fritz, João de Deus e as cirurgias espirituais

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Dicas para você se jogar na noite de Moscou

Cantora fala sobre Deus, Novos Baianos, família e drogas

Na terra de Stálin

Baby do Brasil (e de Jesus)

já é de casa 16 ESTILO 32 ON THE ROAD || FIRENZE 42 QUEM É RAGGA 48 EU QUERO! || INVERNO 60 AUMENTA O SOM 68 CULTURA POP INTERATIVA 70 DESTRINCHANDO

Apesar de ser formada pelo mínimo de letras necessárias para se criar uma palavra, ela carrega uma grandeza enorme em seu significado. E esse também não é assim tão facilmente definido. Certamente, quando escutamos essa palavra, a relacionamos a algum contexto religioso. Contudo, vale a pena ir além e pensar que a fé é, na verdade, uma firme convicção de que algo seja verdade, sem nenhuma prova concreta de que realmente seja, mas simplesmente pela absoluta confiança que depositamos naquilo. Exatamente por isso, não devemos limitá-la ao âmbito religioso, mas também pensar na influência dela numa cobrança de pênaltis na pelada de domingo, por exemplo. A fé se relaciona muito bem com os verbos acreditar, confiar e apostar, ou seja, se a pessoa tem fé em alguma coisa, ela acredita, confia e aposta naquilo. Porém, de uma maneira tão profunda, que chega a níveis de afeição e amor por algo ou alguém. A tal palavrinha também consegue ser contagiante a ponto de transformar acontecimentos sem provas concretas e científicas em fato consumado para milhares de pessoas. Aqui na Ragga, chegamos a conclusão de que é disso que o mundo tem precisado. Botar mais fé nas coisas. Acreditar, confiar e apostar mais em ideias criativas, positivas, sem se preocupar tanto com fatos e consequências dessas apostas. Se é para o bem, tá valendo! Criamos um ensaio com demonstrações de fé eternamente registradas em tatuagens de pessoas com características e personalidades completamente diferentes. Estão todos rabiscados na página 26. Também perguntamos para várias pessoas em que elas botam fé. Confira as respostas de Chico Anysio, Jesus Luz, Fernanda Young, entre outras figuras interessantes na página 34. Se a fé move até montanhas, por que não seria possível realizar suas funções normais do dia a dia sem tocar os pés no chão? Provamos que isso é possível nas páginas xxxx. Baby do Brasil também confessou em nosso perfil que, independente do que rolasse em sua vida, nada derrubaria sua fé. E parece que não derrubou mesmo. Tire suas próprias conclusões na página 74. Boa leitura! Lucas Fonda — Diretor Geral lucasfonda.mg@diariosassociados.com.br


CARLOS HAUCK


< PROMOÇÃO >

< CARTAS >

A Ragga continua a dar uma assinatura semestral para quem der a melhor resposta para a pergunta: “Quem é o cara mais Ragga da história da humanidade?”. Pode ser do esporte, da música, da televisão, literatura ou ciência. Não importa, pode ser até aquele maluco que mora perto da sua casa. Para sua resposta ser considerada a melhor pela redação, vale mandar uma defesa para PROMOCAORAGGA@ UAIGIGA.COM.BR em forma de texto, foto, ilustração, escultura, bricolagem, mosaico, maquete de vulcão, feijão plantado no algodão com água, imagem de objetos produzidos a partir do lixo, feitas de dentro de um helicóptero (estilo Vik Muniz). Não se esqueça do colocar o telefone de contato.

< 1950 >

Mariana Souza // por e-mail Muito legal saber que Belo Horizonte e o Independência estarão para sempre na história das Copas. Valeu, Ragga! Adoro a revista, parabéns. < VILMA, SUPERSECRETÁRIA >

Larissa Rodrim @LarissaRodrim // via Twitter Do muita moral pra @revistaragga. Desde a própria revista até a Vilma que sempre responde meus e-mails. < NOVO PROJETO GRÁFICO >

Espaço 4 Design @Espaço 4 // via Twitter Parabéns @annepattrice e equipe Ragga! > a @revistaragga está de novo projeto gráfico.

[ ]Todas as frases enviadas podem * ser usadas na revista, assim como o nome dos remetentes.

Laranja Ricardo @laranjudo // via Twitter Eu esqueci de dizer que AMAY o novo projeto gráfico da @revistaragga. Parabéns, galera!

< ALBERT ENSTEIN É O CARA! >

< PASSA O TRATOR >

Guilherme Cunha @GuiCunha // via Twitter A matéria com o Renato Gaucho na @revistaragga foi muito bacana. Estão de parabéns. AFP PHOTO

< PROMOÇÃO ZOO YORK > Quer ganhar um boné Zoo York flexfit? Escreva porque você deve ser o escolhido e convença a gente, via e-mail, com uma frase bem criativa. A melhor leva o boné. Não esqueça de incluir seu nome completo, RG e telefone na mensagem. promacaoragga@uaigiga.com.br

Albert Enstein é 100 % Ragga porque fazia da sua imaginação, aliada ao seu QI altíssimo, uma ferramenta espetacular, capaz de criar teorias que mudariam para sempre o rumo da sociedade. Ele é um verdadeiro orgulho para a espécie humana. Alexandre Xandjow

< FOI MAL > Na última edição, no ensaio das camisetas do Concurso Ragga 5 Anos, trocamos as estampas de dois vencedores. O correto é: Lucas Pinduca (n° 3, do lutador e a lâmpada) e Eveline Pezzini (estampa n° 4, das pranchas).

CARLOS HAUCK

SXC

CAIXA DE ENTRADA

< EXPEDIENTE > DIRETOR GERAL lucas fonda [lucasfonda.mg@diariosassociados.com.br] DIRETOR DE COMERCIALIZAÇÃO E MARKETING bruno dib [brunodib.mg@diariosassociados.com.br] DIRETOR FINANCEIRO josé a. toledo [antoniotoledo.mg@diariosassociados.com.br] ASSISTENTE FINANCEIRO nathalia wenchenck GERENTE DE COMERCIALIZAÇÃO E MARKETING rodrigo fonseca EDITORA sabrina abreu [sabrinaabreu.mg@diariosassociados.com.br] SUBEDITOR bruno mateus REPÓRTER bernardo biagioni JORNALISTA RESPONSÁVEL luigi zampetti — 5255/mg DESIGNERS anne pattrice [annepattrice.mg@diariosassociados.com.br] marina teixeira isabela daguer FOTOGRAFIA bruno senna carlos hauck romerson araújo ILUSTRADOR CONVIDADO bruno martins [brunomartins.info] ESTAGIÁRIOS DE REDAÇÃO izabella figueiredo lucas oliveira ARTICULISTA lucas machado COLUNISTAS alex capella. cristiana guerra. kiko ferreira. rafinha bastos glauson mendes COLABORADORES eduardo ramalho. maurício amaral victor motta PÍLULA POP [www.pilulapop.com.br] RAGGA GIRL MODELO danielle andión FOTOS carlos hauck PRODUÇÃO li maia e paty caldeira CAPA bruno senna REVISÃO DE TEXTO vigilantes do texto IMPRESSÃO rona editora REVISTA DIGITAL [www.revistaragga.com.br] REDAÇÃO rua do ouro, 136/ 7º andar :: serra :: cep 30220-000 belo horizonte :: mg . [55 31 3225 4400] < PARA ANUNCIAR >

bruno dib [brunodib.mg@diariosassociados.com.br] rodrigo fonseca [rodrigoalmeida.mg@diariosassociados.com.br] < SAIBA ONDE PEGAR A SUA >

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*O brinde deve ser retirado na redação da revista.

Os textos assinados são de responsabilidade exclusiva dos autores e não expressam necessariamente a opinião da Ragga, assim como o conteúdo e fotos publicitárias.


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ARTIGO

Comunicação e religião:

O PRODUTO CHAMADO FÉ Há mais entre o céu e a terra do que pode imaginar nossa vã filosofia. William Shakespeare por Lucas Machado

ANNE PATTRICE

Desculpem-me os religiosos por minha simplicidade, irreverência e leveza ao lidar com o sagrado. Com certeza, vocês não verão aqui nenhuma tese teológica e tendenciosa, mesmo porque não tenho credenciais para tal. Sou cristão assumido e batizado, tenho, assim como a maioria de vocês provavelmente deve ter, as minhas incertezas, dúvidas e fraquezas no nobre exercício da fé. Entendo Jesus Cristo como o maior líder de todos os tempos. Mesmo não dispondo de veículos de comunicação de massa, mas contando com uma oratória incontestável, Ele mostrou destreza nas suas ricas analogias, vistas através de suas parábolas. Cristo sacudiu a humanidade de tal forma que, em apenas três anos de “vida pública”, suas mensagens se espalharam mundo afora e se mantêm até os dias de hoje. Prova disso é o nosso calendário — o cristão, que passou a ser recontado a partir de Sua existência. Na literatura, então, é o astro do maior best-seller de todos os tempos: a Bíblia. Sei que o filho de ‘Deus vivo’ não conseguiu — e até hoje não consegue — agradar a todos, mesmo tendo tido uma vida de excentricidade e desapego aos bens materiais, superando a imaginação de qualquer hippie radical dos anos 1960. Juntamente com a morte e ressurreição de Cristo, nasceram religiões e suas divisões e sub-divisões, nas quais a arte de comunicar se tornou um verdadeiro imperativo categórico. Mas por que a comunicação assumiu tal importância teórica e prática? Façamos uma pequena analogia: Nós, profissionais de comunicação, usamos o display para poder dar destaque a informação; eles, os cristãos, usavam telhados pontiagudos nos locais mais altos das cidades, onde se podia ver com facilidade o sinal que é, com certeza, um dos mais conhecidos nos quatro cantos do mundo: a cruz. Além disso, o sino, pelo que me parece, foi um dos primeiros destaques como “veículo de comunicação de massa”. Ao iniciar suas batidas, ele atingia as vilas e aldeias e mudava por completo o comportamento de cada cidadão. Atualmente, não se faz nada em uma campanha publicitária sem uma

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pesquisa quantitativa ou qualitativa. A Igreja Católica inventou o confessionário, que dispunha de uma margem de erro jamais vista, pois nem com o psicólogo mais bem pago do mundo colheríamos informações tão preciosas. Como “promoção”, usavam-se procissões que, além de parar uma cidade, ainda tinham estandarte e indumentárias diferenciadas. A comunicação está presente na religião desde os primórdios. Hoje, com os grandes veículos de massa e novas possibilidades como a internet, a forma como se propaga a fé vem se modificando. Na atualidade, temos um mix de ferramentas de marketing sendo A comunicação usadas, as quais vão além da imaginação, a ponto de está presente na nossa entrarem como pauta em granreligião desde des campanhas publicitárias, de graduação e serem os primórdios. escolas chamadas de marketing religioHoje, com so em algumas publicações de os grandes Philip Kotler, listado, em 2008, pelo Wall Street Journal, como veículos de a sexta pessoa mais influente massa e novas no mundo dos negócios. Com a concorrência acirpossibilidades rada está valendo de tudo. É como a internet, essa a situação dos seguidores de Jesus, Maomé, Buda, entre a forma como outros, que através da história se propaga têm sido o destino e o motivo aparecimento de novas rea fé vem se do ligiões. A sociedade, em sua modificando maioria, está em busca de novas formas de se relacionar com Deus. Se Shakespeare já pregava a enorme dimensão entre o céu e a terra, agora cabe a nós, humanos, saber exatamente o que temos entre esses dois pontos. A pergunta é: o caminho é realmente esse que estamos trilhando? Será que os comunicólogos não estão exagerando na forma de divulgação e priorizando outras coisas como dinheiro e religiosidade? Lembrando que há uma diferença muito grande entre religiosidade, que é dogmática, e espiritualidade, que constitui o relacionamento íntimo com Deus. Devemos prestar mais atenção entre o ouvinte e o praticante. Mas, independente da forma com que todos nós enxergamos, o mais importante é saber que o maior legado de Jesus Cristo deixado para nós é com base no relacionamento e, principalmente, no amor.

manifestações: articulista.mg@diariosassociados.com.br | Twitter: @lucasmachado1 | Comunidade do Orkut: Destrinchando

J.C.



COLABORADORES FOTOS: ARQUIVO PESSOAL

Formado em economia pela King’s College, nos Estados Unidos, Victor Motta trabalhou na área de gerenciamento esportivo, voltada para o tênis. Morou na África, Ásia e Oriente Médio, organizando torneios profissionais do esporte, treinando tenistas com necessidades especiais e desenvolvendo projetos sociais. Largou tudo e foi passar um tempo na China e na Rússia, estudando línguas e literatura. Foi sobre a terra de Dostoieviski e Pushikin que ele escreveu neste Na Gringa. victor.damotta@gmail.com Eduardo Ramalho é diretor da Chilli Beans em Minas e no Espírito Santo. Paraquedista desde 1993, tem cerca de mil saltos. Já participou de algumas competições, foi recordista brasileiro e sul-americano em 1998 (60-way), 2000 (diamante 49-way), 2001 (diamante 64-way), 2002 (88-way – maior formação já feita em solo brasileiro, não homologada como recorde), 2004 (80-way), e 2010 (82-way). Ele fala dessa última experiência no Passando a Bola desta edição. e.ramalho@mandic.com.br Com formações profissionais em cabelo pela Wella, LOréal, Schwarzkopf, o mineiro Mauricio Amaral também vem se destacando como maquiador, no salão Wilsiney Ribeiro e na agência de modelos House TMA. Foi ele quem cuidou da beleza de Baby do Brasil, no ensaio da capa e do Perfil. wilsineyribeiro.com.br

< Vista a camisa >

Rogério Flausino, Priscila Fantin e Gabriel O Pensador já apoiaram a campanha Ragga Sangue Bom em prol da doação de sangue — e de quaisquer atitudes que transformem positivamente a vida das pessoas e nossa sociedade. Agora, você também pode vestir essa camisa. Ela está à venda nas lojas Boundless, em BH. Parte da renda é destinada às instituições sociais parceiras do projeto. Participe!

< Corra! >

Os adeptos da corrida — e aqueles que querem aderir à prática do esporte — já podem se inscrever na Ragga Night Run. Uma corrida diferentes de todas. São dois circuitos ( 5 e 10km), saindo e retornando à Praça da Liberdade, com passagem por diferentes bairros da Zona Sul da cidade. Olha isto: ragganightrun.com.br


ILUSTRADOR CONVIDADO

Bruno Martins [brunomartins.info]

Sou formado em design gráfico pela Escola de Design da UEMG e especialista em Projetos Editoriais Impressos e Multimídia pela UNA. Trabalho com design editorial em Belo Horizonte, elaborando projetos gráficos e ilustrando. Procuro sempre trabalhar partindo do analógico e finalizando no computador, é assim com as minhas colagens e com a maioria dos meus trabalhos. Os temas das minhas ilustrações são pessoas, tipografia, cidades, instrumentos musicais, videogames e formas geométricas abstratas. Procuro sempre juntar todas essas referências para gerar composições alegres e ricas em significados. Para realizar meus trabalhos, procuro utilizar as ferramentas de criação como Photoshop, Illustrator e InDesign, mas não deixo o papel, o lápis e a caneta (cola e revistas antigas, também) de lado. Essa mistura permite unir a sofisticação das cores e contornos digitais com a espontaneidade de formas feitas à mão.

Quer rabiscar a Ragga? Mande seu portfólio para annepattrice.mg@diariosassociados.com.br!


COLUNA REFLEXÕES REFLEXIVAS DO TWITTER

Da Copa do Mundo

AO BEBÊ FUMANTE

RENATO STOCKLER

Eslovênia venceu a Argélia, Gana bateu a Sérvia e eu pisei numa formiga. < RAFINHA BASTOS >

é jornalista, ator de comédia stand-up e apresentador do programa CQC (Custe o Que Custar)

Prezada TV: Pare de reprisar os gols do Brasil na Copa de 1970, por favor. Foi há 40 anos. Chega!

Feriado na quinta-feira é um teste para descobrir se os chefes são FDP. A 1ª coisa que o botox paralisa é o cérebro. Para sempre.

Quem é mais inútil: um ministro da pesca ou um comentarista dE arbitragem?

Do masculino atendente da Gol no fone: “Anote o seu localizador: S de Sauna, G de Gianecchini, A de Alouca...” Quando coço o saco, digo: “Tô com chato”. Quando o chato coça o saco, diz: “Tô com Galvão Bueno”. #GalvaoFacts

Sofrer de ejaculação precoce é ter um filme pornô concorrendo no Festival do Minuto.

Saiu a Dança do Créu para Nintendo Wii. Vc enfia o joystick no rabo e mexe nas velocidade de 1 a 5. Demais! Frase que você mais vai ouvir nesta Copa: “Enfia esta corneta no rabo!” Israel... Sempre tão receptivo e carinhoso com as visitas. Porra Bradesco... Cansei de recadastrar a senha da minha conta através dos e-mails que vc manda. É todo dia isso.

Eu te perdOo, bebê junkie. Se eu tivesse nascido na Indonésia, também fumaria até morrer.

Ñ esqueça de amar e respeitar o próximo, ok, seu idiota?!

BRUNO MARTINS

Pelamor dedeus... Chega de reprisar o gol em que o Pelé dá um chapéu no zagueiro, por favor!

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fale com ele: rafinhabastos.mg@diariosassociados.com.br



COLUNA

ELISA MENDES

PROVADOR

< CRIS GUERRA >

39 anos, é redatora publicitária, ex-consumidora compulsiva, ex-viúva, mãe (parafrancisco. blogspot.com) e modelo do seu próprio blogue de moda (hojevouassim. blogspot.com).

Cada um na sua Assisti à maioria dos desfiles do último São Paulo Fashion Week. Foi minha primeira vez no evento e a rotina de seis dias me permitiu observar bastante. Nas filas antes de entrar para a sala ou enquanto o desfile não começava, nos restava assistir à plateia. Os assentos são marcados no convite, mas muitos o ignoram e ocupam a fila dianteira, tirando o lugar de quem chega segundos mais tarde. Sentar-se na primeira fila é para poucos. Glorinha Kalil e Costanza Pascolatto, por exemplo, têm ali o seu lugar assegurado. Mesmo porque não apenas ocupam a primeira fila: nasceram lá. E se comportam como tal. Basta estar atento às suas roupas, sua postura e à classe para atender aos repórteres antes e depois de cada desfile, para não citar os que chegam a tentá-lo ao longo deles. Por outro lado, existem os que eventualmente ocupam a fila A e talvez nunca cheguem a merecê-la. São os que vão menos para ver que para serem vistos. Os que

se acham mais importantes até mesmo que os estilistas e as modelos. Os que sustentam um olhar superior e, se por acaso encontram seu lugar ocupado, fazem cara de quem vai chamar a polícia. Mais ou menos como na vida: ao longo dela encontramos pessoas “fila A” por natureza, e outras que compraram seu lugar ali. Há os que, de qualquer ponto da plateia, sempre apreciam o espetáculo e tudo o que o cerca. E os que se ocupam em sonhar com o dia em que estarão na frente, como se não valesse a pena até então. Mas de vez em quando deparamos com um “fila A” fora de lugar. Como a professora e editora de moda Iesa Rodrigues, com quem conversei enquanto ocupávamos, legitimamente, a primeira fila para ver Ronaldo Fraga. Simples e incógnita, não ostentou sua longa experiência ao fazer observações as mais pertinentes sobre o que vínhamos assistindo. E quando comentei sobre a guerra de lugares, ela contou que assistiu de pé, depois da última fila, ao desfile de Mário Queiroz. Antes que eu me indignasse, acrescentou: “Valeu a pena. Foi maravilhoso.” Com ela aprendi o mais valioso de uma semana em plena fogueira das vaidades: é preciso saber olhar na direção certa, ou perdemos o que realmente interessa. Mais ou menos como na vida.

BRUNO MARTINS

Existem os que eventualmente ocupam a fila A e talvez nunca cheguem a merecê-la. São os que vão menos para ver que para serem vistos

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fale com ela: crisguerra.mg@diariosassociados.com.br



COLUNA

Orquestras e

< GLAUSON MENDES >

é líder educador, empresário, e vê na educação a base do novo mundo.

Nossos vizinhos argentinos parecem adotar a mesma linha de solistas por excelência que adotamos em 2006, a começar pelo próprio Maradona, técnico pop star.

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SOLISTAS

Que Copa do Mundo é sempre motivo de diversão garantida isso ninguém pode negar. Por um mês, o país fica mais alegre e os problemas parecem não existir. Não se fala em corrupção ou dinheiro na cueca. Os únicos roubos que se comentam são os impedimentos apontados pelos bandeirinhas ou o gol irregular de Luís Fabiano contra a seleção da Costa do Marfim. Na eliminação de 2006, assistimos o “quadrado mágico”, que de mágico mesmo não teve nada, a não ser a forte pressão popular para que Parreira levasse Ronaldinho, Ronaldo, Adriano e Kaká. Nossa seleção era formada por um bando de excelentes solistas, imbatível no papel. Mas, ali não existia uma liga, não funcionavam como uma equipe. E deu no que deu. Azar ou mera coincidência? Muito criticado em 2010 pelas escolhas que fez, Dunga optou pela fórmula de criar uma orquestra uníssona. Convocação sem grandes surpresas. As entrevistas tinham sempre o mesmo tom fosse quem estivesse diante dos microfones da imprensa. O valor BRUNO MARTINS

WAGNER VELOSO

É-DUCA!: EDUCAÇÃO E PROPÓSITO

fale com ele: glausonmendes.mg@diariosassociados.com.br

“Com talento ganhamos partidas. Com trabalho em equipe e inteligência ganhamos campeonatos” Michael Jordan

sempre atribuído ao conjunto da orquestra e não aos excelentes solistas. Concordemos ou não com Dunga, essa foi sua estratégia de condução da equipe que tinha nas mãos. Nossos vizinhos argentinos parecem adotar a mesma linha de solistas por excelência que adotamos em 2006, a começar pelo próprio Maradona, técnico pop star. El Pibe gosta de aparecer e, em uma de suas entrevistas coletivas, em pouco mais de uma hora, citou o nome de Messi nada menos que 46 vezes, reforçando a mensagem do individualismo. Um time de estrelas, imbatível no papel. Irão se apresentar como uma equipe? A questão é: o que conta na hora de vencer? Uma formação de solistas ou uma orquestra? Bernardinho já teve que encarar esse dilema quando optou por cortar da equipe uma estrela a favor do conjunto da obra. Sacou o levantador Ricardinho considerado na época o melhor levantador do mundo, às vésperas do Pan-Americano no Brasil, em 2007. A comparação feita usando o esporte serve apenas de base para uma reflexão em nossas vidas quando se trata de trabalhar equipes que tenham um objetivo comum. Melhor acreditar em uma equipe que valoriza o conjunto da obra mesmo contando com grandes estrelas, ou apostar as fichas na genialidade de alguns poucos diferenciados, valorizando a individualidade? Como você formaria sua equipe campeã?



ENSAIO

O CORPO como TEMPLO

fotos Carlos Hauck

PESSOAS QUE TATUARAM SÍMBOLOS OU MENSAGENS MACULAM NA PELE SUA FÉ, EXPRESSADA DE DIFERENTES MODOS. NESTE ENSAIO, VOCÊ CONHECERÁ A HISTÓRIA DE CADA UM

Guilherme Mota, 25, gerente comercial

“O Leão de Judah é um símbolo da religião rastafari. Sempre tive vontade de deixar transparecer minha identificação com a ideologia e a cultura reggae. Como nunca pude ter um dread, até pelo preconceito e pela minha profissão, resolvi fazer a tatuagem como uma maneira de expressar meus ideais no sentido de buscar a paz e respeitar o macroambiente. Há dois anos sou vegetariano e isso se alinha à busca pelo meu respeito à natureza, não só às pessoas, mas ao ambiente de forma geral.”

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Lelê Deputamadre 36, empresário

“Carrego esta frase comigo por uma demonstração de fé.” “Fiz a tatuagem para buscar proteção contra os invejosos. A figura de São Jorge é de um santo guerreiro. Enquanto todos temiam, ele enfrentou o dragão.” Leandro Xavier, 27, DJ

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Rodrigo Lisboa, 37, tatuador

“A caveira mexicana, ou Santa Muerte, representa a vida após a morte, que foi uma promessa de Deus. Tenho também as mãos em oração que mostram a união entre fé e família, duas coisas importantíssimas na minha vida.”

“Sou devoto de Hare Krishna desde o ano 2000. São deidades — como se fossem as reencarnações de Krishna em várias épocas. À minha esquerda é a Jaganatha, Subadra é a do centro, e a outra é a Baladeva. Essas três imagens estão implantadas no templo de BH, no Prado. Representam, acima de tudo, minha devoção e meu amor a Krishna. Haribol!” Rafael Alves de Brito, 32, empresário

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“Além do motivo religioso, fiz a tattoo pelo simbolismo e história que giram em torno do Ganesh, que é o Deus da sorte e da sutileza.”

Carol Vitter, 27, tatuadora e body piercing


“Sou um ex-dependente químico. Fiquei numa clínica de reabilitação durante dois anos. Depois que saí, fiz a tattoo, que me dá força para vencer a cada dia. Desde então, fiquei muito religioso e minha vida nunca mais foi a mesma.”

Luciano Vieira, 21, estudante

“Fé, esperança e amor. Para mim, são as três coisas principais da vida e sempre vou ter presente. Se um dia elas me faltarem, não vou ter mais objetivos. Pensava em fazer a tattoo desde os 15 anos. Passei por um período difícil e resolvi fazer há dois meses. Como diz o poeta Caio Fernando Abreu, não há nada pior do que insistir sem fé alguma.”

Camila Klein, 20, estudante

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“Sempre gostei de tatuagem. Hannya é um demônio que, de acordo com uma lenda oriental, representa como a mulher ficaria se sentisse ciúmes na sociedade poligâmica do Japão feudal. A ideia de fazê-la veio como uma afronta à educação exageradamente católica que minha mãe quis impor durante minha infância e adolescência. O divertido é que a tattoo, que ainda não está totalmente finalizada, assusta os religiosos, principalmente os mais fervorosos.”

Luís Carlos Macedo, 20, estudante


ESTILO

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ISABELA QUEIROZ

por Lucas Machado fotos Rodrigo Bueno ==============================------------Depois de muita chuva, chegamos ao Leblon, no Rio de Janeiro, onde mora Isabela Queiroz, estilista de acessórios da Salinas. Essa fera, aos 16 anos, antes mesmo de entrar para a faculdade, já trabalhava como figurinista na TV Globo. Formada em design, morou em Nova York dos 19 aos 21 anos. ”Fiz diversos cursos muito específicos, optei por fazer com professores particulares e não em escolas.” Mesmo morando no Brasil, ela não esconde: “Minha maior paixão é pela França. < KIT SOBREVIVÊNCIA > Gosto muito de Paris, vou muito a trabalho. Gosto do clima poético e boêmio da cidade. É estonteante! Toda vez que vou, acho que é a primeira vez”. A designer conta que fez moda, pois gostava de trabalhar com criação. “Achei que não ia me encontrar, até meu primeiro trabalho na Maria Bonita Extra. Foi um superaprendizado. Agora na Salinas, faço minhas duas coleções por ano e tento me superar a cada seis meses.” Isabela deixa bem claro que prefere uma vida com aventuras e incertezas. Quando não está trabalhando, gosta de ir à praia e em exposições de arte. Ela gostaria de ter vivido nos anos 1920. Seus filmes preferidos: O Poderoso Chefão e todos do Woody Allen. Um ícone fashion: David Bowie. Uma grife mineira: Coven. Outra: Coven. Uma frase: “Cuidado com o que você pede. Você pode conseguir”. Eu fico por aqui. E o Rio de Janeiro continua lindo. Vestido Prada

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vestido Salinas – By Isabela bracelete Marc Jacobs sapato Salinas ==============================-----------------------------------------------

Corrente Brechó – Paris

Livro – Rock Diary Book Hebi Slimane – Editora JPR-Ringier Bolsa Rogério Lima

Sapato Gianni Barbatc – Itália

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Biquíni – Salinas

Perfume – Cartier

Óculos Stell – McCartney

Gato de Cheshire – Objeto pessoal J.C.


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você

BOTA

6. FÁBIO MOTTA/AE

ARQUIVO PESSOAL

1.

fé?

7.

CARLOS HAUCK

ARQUIVO PESSOAL

DIVULGAÇÃO

DIVULGAÇÃO

BETO SCLIAR / DIVULGAÇÃO

DIVULGAÇÃO

DEPOIMENTOS

2. 3.

EM QUE

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Tenho muita fé em Deus, nas forças do universo. Não tenho religião, mas respeito todas as crenças e acredito no poder maior. 1. JESUS LUZ, modelo e dj

Chegando à maturidade constato, com satisfação e não sem certa surpresa, que tendo perdido a fé em muitas coisas, aquelas em que boto fé são, contudo, mais numerosas. Boto fé em minha família, em meus amigos, nos companheiros das várias jornadas que sigo ou segui: literatura, saúde pública. Boto fé nos livros e nos leitores. Boto fé num humor, na tolerância. Boto fé, muita fé, no Brasil. Boto fé nos homens e mulheres de boa vontade. Para resumir: boto fé na vida. E acho que não é pouco. 2. MOACYR SCLIAR, escritor

No Pilates. Foi a única coisa que deu jeito na minha má postura. Sou apaixonada, faço três vezes por semana e é inesgotável o aprendizado. 3. FERNANDA YOUNG, escritora e apresentadora

Não tenho religião mas acredito em energia. E, aí, nem é papo místico. Boto fé que quando agimos com integridade — conectados com nossos sonhos e desejos e atentos também em respeitar os sonhos e desejos de quem está ao nosso lado — nossa vida vai se desdobrando, naturalmente, nos nossos sonhos. E o que digo não tem nada a ver com sentar e esperar a sorte bater: é ir buscá-la. Acredito que também precisamos respirar fundo quando estamos vivendo nossos pesadelos, nossas sombras. Porque se seguimos vibrando na energia que nos faz mal, acabamos caindo em situações desagradáveis. Boto fé que para alcançar há que ter bem mais que fé, há que ter suor, há que ter foco, há que ter gozo. Boto fé na transformação. E bem, de forma prática a curto prazo: boto fé que vou conseguir recursos para editar meu documentário que está louco para ir para as telas! Axé! 4. ELIZA CAPAI, jornalista

São Francisco de Assis. 5. CHICO ANYSIO, comediante

Em mim mesma. Se eu preparar minha mente e meu corpo para o que quero, o Universo me atenderá. 6. MAYRA DIAS GOMES, escritora

Eu boto fé em você e você bota fé em mim, pode ser? E a gente bota fé nos próximos e os próximos na gente. E a gente anda junto. Estamos todos juntos aqui, não é? Boto fé que o ser humano veio para se melhorar. E a que a gente vai conseguir. 7. ELISA MENDES, fotógrafa

Desde criança minha fé está em Deus. Creio que sem Deus nada é possível. Acho que fé é uma coisa muito pessoal, cada um tem fé ou credibilidade em algo que sinta que possa ajudar ou mudar sua vida. Não existe nada que possa tomar o lugar de Deus em minha vida. É soberano, onipresente e está sempre aqui para nós em todos os momentos. 8. LU ALONE, cantora

comente redacaoragga.mg@diariosassociados.com.br

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ENSAIO

TIRA OS PÉS

do chão fotos Luis Sartori

PAIRAR ACIMA DO SOLO NEM SEMPRE É MILAGRE

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A Ç O R A D O H N I M A C O A R B U C S DE E. D N A R G E D A D I DENTRO DA C SHOWS

18 DE JULHO JULHO DE 17 is ma BAILE NA ROÇA s O 16 DE JULH lô 2010, uma da NÇÕES Be CA de E ial ES ra NT Ar PE do RE e Particip país. Grupo Musical NOITE DA VIOLA o com es festas juninas do ior inh ma mb e Lo o ais up ion s, Gr dic ica tra s típ Trem de Minas Chico Lobo, Pereira roça, violas, comida oneiros nf sa e a aç ch Ca Concursos, baile na de s ioneiros, 14 grupos da Viola e convidado barraquinhas, canc o. sã er div ita mu de s v.br quadrilhas e três dia belohorizonte.mg.go nto não perecível 3277.6907 | w w w. 31 f.: In | o çã Troque 1 kg de alime H ta PB Es s Regionais Local: Praça da por um ingresso naa partir de 5/ 7. r, tu lo Be ou Postos




COMPORTAMENTO


O barato

está mais

caro por Alex Capella ilustração Bruno Martins

Maconha some da praça e inflaciona mercado das drogas

O frenesi nas bocas de fumo de Belo Horizonte está maior. A circulação de motos e carros é intensa e os traficantes andam de um lado para o outro com o celular nas mãos. Mas não se trata de alguma promoção. Pelo contrário, o cerco ao tráfico e a repressão nas fronteiras transformou a maconha em fumaça. Com isso, a velha lei da oferta e da procura fez o preço da erva subir às alturas. Quem tem, vende pelo dobro do preço. Com a redução drástica na oferta da chamada “droga social”, o usuário tem se aventurado em outras viagens mais perigosas. Resultado: o mercado das drogas está inflacionado. Desde o início do Plano Real, em 1994, o preço das drogas no varejo no Brasil não sofria alterações. Tem traficante que morreu sem conseguir ganhar R$ 1 a mais na venda de um cigarro de maconha. O consumidor, por sua vez, não precisava correr o risco de estocar grandes quantidades do produto em casa, já que o preço não subia. O problema, agora, é que os efeitos da repressão na fron-

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teira com o Paraguai, principal fornecedor do produto para o mercado brasileiro, chegaram às bocas e ao consumidor final. Dos estáveis R$ 2, que vigoraram durante anos, o grama da maconha é vendido, hoje, por R$ 5. No atacado, até o ano passado, era possível encontrar o quilo da maconha por R$ 200. Agora, a mesma quantidade custa entre R$ 1.200 e R$ 2 mil. Para a polícia, a escassez da maconha é explicada pelo reforço na fiscalização da fronteira e pela repressão nos grandes centros. “Só no começo do ano, apreendemos meia tonelada de maconha em uma casa na Vila Hortinha, no Bairro Santa Martinha, em Ribeirão das Neves, na Grande Belo Horizonte. Com o reforço nas fronteiras e o combate na ponta, a maconha vem se transformando em artigo de luxo”, garante o inspetor Gilberto Bracelares, da coordenação do departamento da Polícia Civil, que investiga o narcotráfico em Minas. Um usuário, que pede para não ser identificado, confirma a falta da erva. Segundo ele, quando encontrada, a droga tem qualidade inferior a que costumava circular. Hoje, o que se vê nas bocas são cigarros de maconha misturada com galhos, capim e até esterco. Bracelares ressalta que até em pontos tradicionais de revenda da droga, como o Morro das Pedras, na Região Oeste da capital mi-

Bolsa de valores das drogas em polvorosa Drogas // De 1994 até o final de 2009 // Desde o início de 2010

Maconha*// R$ 2 // R$ 5 Cocaína* // R$ 20 // R$ 25 Crack* // R$ 5 //R$ 12 Ecstasy** // R$ 15 // R$ 80 LSD (ácido lisérgico)*** // R$ 35 // R$ 50

* por grama ** por comprimido *** por “ponto” ou pastilha

No atacado, até o ano passado, era possível encontrar o quilo da maconha por R$ 200. Agora, a mesma quantidade custa entre R$ 1.200 e R$ 2 mil neira, a maconha é a droga mais escassa. “O que a polícia está encontrando é maconha adulterada. Além de fazer ainda mais mal à saúde, a chamada “maconha suja” tem efeito mais curto do que a droga de boa qualidade”, lembra o inspetor. Na avaliação da polícia, o aumento do consumo do crack também pode explicar a elevação do preço da maconha e, por consequência, das demais drogas. Afinal, o traficante vem optando por vender mais a pedra do que a erva, ou as duas coisas juntas. Mais nova vedete do mundo do tráfico, o chamado “pitilho” ou “píti” reúne o cigarro de maconha com lasquinhas da pedra de crack, que é a cocaína na sua forma mais destrutiva. “O crack se dissemina rápido em todas as regiões porque a lucratividade é até maior do que a da cocaína”, diz o sociólogo Luís Flávio Sapori, professor da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG). Coordenador de uma pesquisa financiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) sobre o mercado de crack, um dos primeiros estudos do gênero no país, Sapori ressalta que a “clientela” do crack é muito mais ampla do que a de qualquer outro tipo de droga. “São pessoas das classes C, D e E, ou seja, de uma faixa muito mais ampla do que as demais drogas. E o traficante sabe que o usuário ficará dependente da droga até a morte. Por isso, vem investindo pesado na compra de crack para revender”, alerta o sociólogo. A elevação do preço da maconha puxou o preço de drogas como a cocaína e as chamadas sintéticas. O traficante graúdo pega o grama do crack por R$ 4 e o revende para o “maluco” por R$ 12. Um grama de cocaína valia R$ 5 no atacado e R$ 20 no varejo. Hoje, as mesmas quantidades valem R$ 6 e R$ 25, respectivamente. As drogas consumidas, principalmente nas baladas com música eletrônica, também tiveram elevação nos preços. O comprimido de ecstasy pulou de R$ 15 para até R$ 80. Já o “ponto” ou a pastilha de LSD (ácido lisérgico) saltou dos R$ 35 para R$ 50.


MATANDO VOCÊ DE RIR. Graffite: das 17h às 19h - Silicone Show: das 10h às 12h - 98 Futebol Clube: das 12h30 às 14h. De Segunda à sexta na 98 FM. Uma empresa do


QUEM É

RAGGA

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especial

fotos Romerson Araújo


patrocĂ­nio

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A MÚSICA E O TEMA

por Kiko Ferreira

AFP PHOTO DDP-BERTHOLD STADLER

In gold we trust: O mercado musical e suas conexões com a religião

BERTHOLD STADLER/AFP PHOTO/DDP

Pelo islamismo, Cat Stevens mudou o nome para Yussef Aslam. Sempre de azul ou branco, ou combinando as duas cores, Roberto Carlos não canta mais Quero que vá tudo pro inferno

ZÉ PAULO CARDEAL/TV GLOBO

COLUNA

A inscrição das notas de dólar não deixa margem à dúvida: “in God we trust”. A fé e a confiança sempre renderam muito dinheiro na indústria da música. E mesmo antes dela. Basta lembrar que boa parte da subsistência dos compositores clássicos e dos grandes pintores veio da nobreza e da igreja. Vinham também de encomendas que uniam as duas coisas, como música feita para missas, batizados, casamentos, funerais e outros. A fé, no caso da música, move e remove montanhas de dinheiro, a ponto do mercado gospel hoje, no Brasil, ter artistas que competem, ombro a ombro, nota a nota, com estrelas do sertanejo, do pagode, do axé. O espaço de CDs e DVDs de música de inspiração religiosa cresce nas lojas na proporção inversa de estilos como new age e instrumental. E não vai demorar a chegar o dia em que o primeiro lugar de arrecadação de direitos autorais de um ano qualquer será de um compositor de hinos da renovação carismática ou da vertente evangélica dos ídolos populares. Cantoras, como Baby Consuelo, que depois virou Baby do Brasil, e Mara Maravilha, mudaram de vida e de público depois da conversão ao evangelho. E se mantiveram firmes na cena popular. O rei Roberto Carlos, que deixou, por motivos religiosos, de cantar o hit Quero que vá tudo pro inferno, começou com Jesus Cristo e nunca mais se esqueceu de incluir, em cada disco anual, pelo menos um tema falando de fé e religião. E seu quase clone, quando era marido da Vanusa, aquela do hino nacional em ritmo de 16 rotações, foi batizado com o curioso nome de Antônio Marcos Pensamento da Silva. Ele teve como um de seus primeiros sucessos Oração de um jovem triste, antes de seu maior hit Como vai você. Mas, Antônio vendeu mesmo muitos discos com

O Homem de Nazaré, de 1973, e com a música tema da novela O Profeta, da TV Tupi. Na Broadway, dois dos musicais de maior sucesso da década de 1970 envolviam rock e religião: Jesus Christ superstar e Godspell, a esperança. Transformados em filmes, eles levavam legiões de fiéis-fãs às telas do mundo religioso e pagão. O rock, uma mistura de ingredientes complementares como o rhtym’n’blues, o gospel e a country music, tinha um pé na igreja, com cantores e cantoras saídos dos exuberantes corais das próprias igrejas, e o outro no blues. O gênero lamentoso, saído das plantações de algodão do Sul dos Estados Unidos, tinha um caráter profano, mas dividia com os violeiros brasileiros o mesmo mito: o de que, para tocar direito e fazer sucesso, o guitarrista deveria fazer um pacto com o diabo, numa encruzilhada, como fez, segundo a lenda, o seminal Robert Johnson, influência fundamental para roqueiros como Eric Clapton e Keith Richards. O guitarrista dos Rolling Stones, que muitos dizem só estar vivo por ter parte com o “Coisa Ruim”, foi co-autor do samba (segundo ele e Mick Jagger) Sympathy for the Devil e de um álbum que invocava o nome do capeta, Their satanics majesties request, de 1967. O disco, sexto na carreira da chamada “maior banda de rock de todos os tempos”, teve o nome mudado na África para The Stones are Rolling, fugindo do título diabólico. Por outro lado, os Beatles, que muitos criadores de mitos juravam incluir mensagens satânicas nos finais dos LPs quando se rodava as bolachas de trás pra frente, lançaram mesmo foi a moda do hinduísmo, quando passaram, por sugestão de George Harrison, a seguir os ensinamentos do guru indiano


Strike e quando você faz tudo de uma vez.

Jogar boliche, se divertir, levar a namorada, juntar os amigos, queimar calorias, desestressar, tomar um chopp, comemorar um aniversario, fazer um happy hour, comer bem. Tudo isso em um so lugar.

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do rock devil é, sem dúvida, o Black Sabbath, de onde saiu Ozzy Osbourne e várias lendas de arrepiar. Uma das mais famosas é de que o guitarrista Randy Rhoads teria morrido por vingança do bruxo Aleister Crowley, objeto da irônica música Mr. Crowley. Inspirador de Paulo Coelho e Raul Seixas na fase Sociedade Alternativa, o ocultista Crowley foi, ainda, ídolo maior de Jimmy Page, do Led Zeppelin. O guitarrista chegou a ponto de comprar um castelo onde viveu o bruxo, e de fundar uma livraria para vender seus textos capazes de provocar diálogos com as profundezas da terra e do espírito. Na véspera do teste de resistência da mais comentada história de fim do mundo que se tem notícia, prevista para 2012, a tendência da música é de seguir as trilhas dos temas místicos, da salvação de pele e couro da humanidade, como forma do mercado ficar vivo e forte até o eternamente cantado juízo final. Ou do segundo bug do milênio.

MIKE HUTCHINGS/REUTERS

Maharishi Mahesh Yogi. Outro adepto das religiões orientais, o baladeiro Cat Stevens chegou a mudar o nome para Yussef Aslam e a abandonar a carreira musical por décadas. Melhor fez o bardo canadense Leonard Cohen, cantor em prosa e melodia da mulher e do vinho, que chegou a viver num mosteiro e se transformar em monge, mas voltou à vida mundana e a conviver bem com os planos espiritual e físico. Caso semelhante à da material girl Madonna, milionária manipuladora de modas e atitudes campeãs da indústria de consumo, que batizou a filha de Lourdes Maria, seguindo a trilha católica de suas raízes italianas, mas adotou a Cabala como fonte de ensinamento e orientação para conduzir sua bem-sucedida carreira. Se o heavy metal tem tantas ramificações de música inspirada nas trevas e nas forças do além, com destaque para os grupos de sucesso de black metal, que costumam até quebrar igrejas seculares, o maior nome

Madonna adotou a Cabala e agora segue os ensinamentos da doutrina do judaísmo


DIA E NOITE

A Heineken está presente em algumas das casas mais badaladas de BH e, nos próximos meses, você confere aqui as melhores dicas para curtir seus dias e noites na capital mineira. Restaurantes, bares e boates. São opções para todos os gostos!

VALE A PENA!

A deliciosa pizza Vinícius leva molho de tomate, muçarela, gorgonzola, parmesão, calabresa defumada e presunto de Parma.

CARLOS HAUCK

VINICIUS PIZZARIA

Uma casa que respira bossa nova, poesia, Rio de Janeiro. Vinícius é assim, um local que oferece deliciosas pizzas e massas num ambiente decorado e musicado com o novo samba. Desde o início de 2007, as ruas do bairro Anchieta — repletas de bares noturnos — abrigam esse espaço intimista, reconhecido pelo bom atendimento, com saborosas opções doces e salgadas para toda a família. Unidade recente foi inaugurada no bairro Cidade Nova com muito charme e sabor.

CARLOS HAUCK

SERVIÇO

DICA HEINEKEN

Toda terça-feira tem promoção para acompanhar uma Heineken gelada: na compra da primeira pizza, a segunda — no mesmo valor ou outra mais barata — é por conta da casa.

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Endereço: Rua Cel. Pedro Paulo Penido, 212 Cidade Nova Telefone: (31) 2551 8158 Capacidade: 250 pessoas Formas de pagamento: dinheiro ou nos cartões Visa, Mastercard e Amex Possui: música ambiente (bossa nova) Funcionamento: de segunda a domingo, a partir das 18h sábados, a partir de 12h Observação: o passaporte Por aí é válido somente para o Vinícius da unidade Cidade Nova.


CLICK

fotos Carlos Hauck

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1. Breno Rodrigues e Patrícia Helena 2. Bruno e Camila Araújo Freitas 3. Gustavo Vilaça e Tatiana Valadares 4. Leticia Sarti e Henrique Magalhães 5. Túlio Mariquito e George Rosa 6. Rafaela Ladeira e Tiago Novo 7. Aline Moreira e Eduardo Mignolo 8. Manuela Stenner e Daniel de Mello 9. Aline Gusmão e Daniel Farnese 10. Lara Santos Correa

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RAGGA modelo Danielle Andi贸n fotos Carlos Hauck


Cortejo ao olhar por Lucas Oliveira

Aqueles olhos doces roubaram a atenção de certo oráculo, senhor do seu tempo e de si mesmo até experimentar a arte de observar Danielle. Não por simples voyeurismo, tamanha complexidade, impossível era não se enlevar, não se entregar numa corrente que apontava para direção sem volta. Verdadeiras profusões sinestésicas. Cuidadosamente, ela movia os lábios, se ajeitava e ensaiava um novo passeio por nossas cabeças, agora já entorpecidas e entregues à sua vontade. Em poucas palavras, ela soletra um sotaque gostoso, nos convence que a Bahia é terra boa, de gente carinhosa e sossegada. O destino e o namorado — que conheceu na internet


— a levaram para a Cidade Maravilhosa, onde trabalha como modelo e divide as horas do seu dia com o litoral. “Vou todos os dias à praia, também vou ao shopping, ao cinema e faço compras quando tenho tempo”, revela uma rotina simples. Ela nasceu para ser bela e encantar por onde passa. Não restam dúvidas. Desde a mais tenra infância de outrora, Danielle cultiva sua graça. “Fiz uns cinco cursos de modelo quando criança, por incentivo da minha mãe. Ela também era modelo, já foi até capa de revista”, explica. Agora tudo parece ter mais sentido. Um desapego às verdades absolutas transparece em suas palavras. Ela herdou dos pais uma fé, mas não se ateve a isso. “Sou católica, mas acredito em um pouco de cada religião. Acredito também no espiritismo e no candomblé”, declara. Toda uma diversidade também está em sua formação. E tudo é Danielle. Iniciou design e direito, em Salvador, mas foi no Rio de Janeiro que concluiu Representação Farmacêutica e Estética. Agora, deseja ser publicitária. Mas declara um sonho maior: “Quero casar, ter filhos. Meu sonho é ser mãe”.




O STRESS Nテグ VAI AGUENTAR A PRESSテグ.


CONSUMO

CARLOS HAUCK

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EU INVERNO

Alguém explicou ao Ronaldo Fraga o clima do Nordeste brasileiro com estas palavras: “Lá existem duas estações, o verão e o inferno”. O estilista contou essa história numa entrevista. Aqui no Sudeste, mais embaixo no mapa e distante do Trópico, o inverno existe. E, mesmo nos dias quentes, vale considerar a sabedoria materna quando ela diz: “Leve o casaco, meu filho”. Leve o casaco, entre embaixo do edredon, dê vazão à preguiça, prepare o fondue e garanta uma boa companhia. Os dias frios estão aí para isso. E, como eles duram pouco, aproveite sem moderação.

BRUNO SENNA

FOTOS: DIVULGAÇÃO

por Sabrina Abreu

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4. < BOTA FOGO >

Lareira é mais do que um simples buraco na parede. O modelo Prisma prova isso. Portátil e em formato triangular, ele parece uma escultura e serve como objeto de adorno o ano inteiro. Nos dias de frio rigoroso, seu sistema de combustão a álcool garante aquele aumento de temperatura. Preço sob consulta artfire.com.br

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5. < PARA DERRETER >

1. < LAY LADY LAY >

2. < PIMENTINHA >

3. < SESSÃO PIPOCA >

Sabe as propagandas de colchão que lembram que “a gente passa oito horas por dia dormindo e deveria investir na qualidade desse tempo”? Elas fazem sentido. Principalmente quando estamos diante do lançamento Queen Size Basic Bege, da MMartan. Tudo 100% algodão e com 300 fios egípcios. Luxo. Edredon e dois portatravesseiros: R$ 426 Colcha e dois portatravesseiros: R$ 550 Jogo de lençol (4 peças): R$ 370

Afrodisíaca e vermelha, a pimenta é um símbolo do que é quente. O melhor é que seus poderes de aquecer o dia a dia não são restritos às receitas culinárias. Num vasinho de planta, ela dá uma corzinha, espanta o frio e o tédio de qualquer decoração. A partir de R$ 7,50 Verde que te Quero Verde (31) 2103 8500

Claro que há um mundo inteiro lá fora. Mas isso importa muito pouco quando tudo que você quer é ficar em casa. Fique. E sem culpa. Este porta-controle remoto (14cm de altura e 25,5cm de diâmetro), da Imaginarium, é feito para os momentos de profunda preguiça em frente à TV. Nele, há espaço para até quatro controles remotos. E ainda um lugarzinho especial — a mãozinha — para colocar o saleiro. Põe o filme para rodar. R$ 64,50 (31) 3286 4131

Graças aos suíços, mesmo sem quase nenhuma habilidade na cozinha, é possível fazer bonito com seu amor, seus amigos, suas tias, seus vizinhos. A dica é preparar um fondue. Para impressionar de verdade, use um aparelho dos mais bonitos. Jogo Fondue de Cerâmica Bon Gourmet Coração (com quatro garfinhos): R$ 47,90 Amercianas.com Aparelho de Fondue Bencafil Bolinhas: R$ 79,90 (11) 3333 4877 6. < EM HARMONIA >

Dê um trato no seu paladar harmonizando pratos principais e sobremesas (quem sabe aquele fondue?) com o vinho certo. Para uma receita a base de queijo, aposte no tinto chileno Tabalí Reserva especial e para a sobremesa com chocolate, melhor mesmo é abrir um Sauternes Château Fontebride. Tabalí: R$ 127 Châbeau Fontebride: R$ 139 7. < PARA SEMPRE >

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Independentemente das tendências, o preto sempre combinará com o inverno, assim como os materiais e modelagens clássicas caem perfeitamente bem na estação aclamada como a mais elegante. Para acertar em cheio e usar sempre, duas peças que valem a pena: a jaqueta de couro, modelo feminino, e o sobretudo de algodão, coleção masculina. As duas são da Osklen. Jaqueta: R$ 1.697 Sobretudo: R$379 comente redacaoragga.mg@diariosassociados.com.br

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Entre a cruz ea espada COMPORTAMENTO

por Alex Capella

CIRURGIAS ESPIRITUAIS MOSTRAM QUE NEM TODO MUNDO ATRAVESSA A ÚLTIMA FRONTEIRA DOS DESENGANADOS O engenheiro Rubens de Faria Júnior introduziu uma tesoura, sem anestesia, na coluna do serralheiro Guilherme Moreira. A violenta perfuração na altura da décima vértebra causou um dano na medula espinhal que deixou o serralheiro instantaneamente paralisado da cintura para baixo. A cena brutal pode ser confundida com uma tentativa de assassinato. No entanto, a intenção de Faria Júnior no procedimento malsucedido era de acabar com as dores crônicas nas costas de Moreira. Afinal, na ocasião, Faria Júnior não estava ali como engenheiro e, sim, como o “doutor Fritz”, médico

alemão que teria ajudado inúmeras pessoas durante a Primeira Guerra Mundial. Já o serralheiro era apenas mais um desenganado pela medicina tradicional em busca da cura milagrosa por meio de uma ‘cirurgia espiritual’. De acordo com o processo, disponível no Tribunal de Justiça do Rio Janeiro, o serralheiro sofria fortes dores nas costas e, por isso, procurou atendimento no Hospital Geral de Nova Iguaçu (Baixada Fluminense). Como as dores não cessaram, Moreira recorreu, aconselhado por uma vizinha, ao local onde o engenheiro costumava atender milhares de pessoas que buscavam cura


FOTOS: DIVULGAÇÃO

através da chamada ‘cirurgia espiritual’. Apesar dos insucessos nos procedimentos serem comuns, muitas pessoas se diziam curadas após essas cirurgias. A ciência não tem explicação para tais curas. Os pacientes responsabilizam a fé. Fé que não poupou o engenheiro de pagar R$ 25 mil por danos morais ao serralheiro, conforme determinação da Justiça carioca, como resultado da “dor, da vergonha e da frustração” consequentes dos efeitos negativos provocados pela incisão feita pelo médium. Mesmo assim, milhares de desenganados como Guilherme veem nas ‘cirurgias espirituais’ a última alternativa de cura para doenças como câncer, esclerose múltipla, paralisia cerebral, doenças psíquicas e até a AIDS. No esporte, o uso dessas ‘cirurgias espirituais’ não é novidade. Ana Moser, um dos ícones do vôlei nas décadas de 1980 e 1990, por exemplo, realizou 12 procedimentos do gênero. A ex-jogadora de basquete Paula e o ex-tenista Gustavo Kuerten também fizeram. Diante da fama internacional dos ‘cirurgiões espirituais’ brasileiros, até a atriz Shirley MacLaine veio ao Brasil para extrair um câncer no abdome. A atriz recorreu ao mais famoso deles, o médium João Teixeira de Faria, conhecido como João de Abadiânia, em Goiás, ou simplesmente, João de Deus. João incorpora muitas entidades e a que atendeu a atriz foi o espírito do “doutor Augusto de Almeida”. Abadiânia fica a 85 quilômetros de Goiânia. É uma cidade com 20 mil habitantes e seu comércio é impulsionado pelas caravanas de pacientes

que se deslocam de todo o Brasil e do exterior em busca de cura. Os relatos das curas espirituais e milagres operados em pessoas desenganadas pelos médicos aumentam vertiginosamente o número de aflitos para o tratamento espiritual. Até hoje, talvez por isso ele seja o mais famoso, João de Abadiânia não precisou da ajuda de advogados em função de um processo de algum paciente. O médium é católico e não se considera espírita, apesar de realizar intervenções espirituais. O seu trabalho é gratuito e se dá independentemente de credos ou religiões. O local das cirurgias foi construído na cidade por conta de uma recomendação do espírito de Bezerra de Menezes (famoso médico e espírita conhecido em seu tempo como Médico dos Pobres). Por intermédio de Chico Xavier, ele aconselhou João de Deus a fundar uma casa para a prática da caridade na cidade goiana, local de intenso magnetismo. Vários médiuns-auxiliares, durante os atendimentos, permanecem sentados no interior do local, de olhos fechados, em sintonia com os trabalhos da entidade. O objetivo é energizar o ambiente e fazer as primeiras limpezas espirituais nos pacientes. As filas são enormes. Uma de cada vez, as pessoas são chamadas pela entidade, encarnada na pessoa de João de Abadiânia. No momento das cirurgias, os assistentes oferecem uma bandeja com uma variedade enorme de instrumentos cirúrgicos ao médium, como bisturis, pinças e canivetes. As pessoas são perfuradas. Pinças em forma de tesoura com mais de 20 centímetros (na ponta há um chumaço de algodão) são introduzidas na cavidade nasal dos pacientes. Córneas também são raspadas com canivetes. Tudo sem anestesia. Há uma quantidade razoável de sangue, respingado nas roupas brancas, que amplificam o cenário de carnificina. Mas é incrível como tudo é controlado. Não há hemorragia. E tudo acaba em poucos minutos. O paciente deixa o salão de cirurgia andando, como se nada tivesse acontecido. O que ocorre nas sessões é pleno mistério e foge à compreensão. Não para a cantora mineira Theresa Calonge. Com

Em Abadiânia: fiéis passam pela faca de João Teixeira de Faria

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DIVULGAÇÃO

um diagnóstico de mieloma múltiplo (tipo de câncer que ataca os ossos), a cantora não recorreu ao médium de Abadiânia. Buscou a medicina tradicional. Passou por um autotransplante da medula óssea (procedimento em que células-tronco são retiradas e reimplantadas no organismo após quimioterapia). Pouco adiantou. Os médicos recomendaram outro transplante. Foi aí que a mineira, sempre com a Bíblia nas mãos, resolveu pedir a ajuda divina. “Rezei e falei que só Deus poderia me ajudar naquele momento. Em apenas dez meses estava curada de um câncer normalmente fatal”, diz Theresa, que decidiu os rumos de sua vida clamando por Jesus e pedindo respostas nas páginas da Bíblia. Outro mineiro também se notabilizou por se voltar para o céu. Thomaz Green Morton, o homem do “rá!” (seu grito “energizante”), ficou famoso nos anos 1980 como um paranormal capaz de produzir luzes, entortar talheres e fazer perfume brotar das mãos, poderes que teria desenvolvido aos 12 anos, depois de ser atingido por um raio enquanto pescava. Aclamado por alguns como o “maior paranormal do mundo”, ele atraiu uma legião de personalidades para o seu sítio em Pouso Alegre (Sul de Minas). Gal Costa, Elba Ramalho, Ivo Pitanguy, Baby do Brasil (então, Consuelo) e Sérgio Reis estavam entre os que não hesitavam em testemunhar sobre as façanhas do guru. No auge da fama, consta que ele chegou a cobrar 20 mil dólares por cinco dias no seu sítio para tratamento de energização. Em abril de 1985, familiares do ex-presidente Tancredo Neves, em estado terminal, recorreram à ajuda do guru. Queriam sua presença. Mas os médicos não o deixaram ver Tancredo. Já o ex-senador Teotônio Vilela, que contou com o trabalho do paranormal, teve o mesmo fim de Tancredo. O hoje governador de Alagoas, Teotônio Vilela Filho (PSDB), lembra da força “excepcional” da presença de Morton para aliviar os efeitos do câncer em seu pai. “Thomaz ajudou muito meu pai”, recorda o governador. Recluso já faz algum tempo, Morton não quer saber mais da companhia das câmaras ou da imprensa. Isso porque, durante uma das várias demonstrações de suas habilidades, um flash de uma máquina fotográfica escondida embaixo da mesa disparou antes da hora, revelando o truque usado por ele para produzir seus fenômenos luminosos.


www.expedicaocultural.com.br

3$752&Ì1,2

Concurso válido apenas para residentes do estado de Minas Gerais. O vencedor do concurso poderá escolher o destino da viagem entre três roteiros predeterminados pela organização do concurso.

A Expedição Cultural Estado de Minas sai em busca de alguns dos mais belos patrimônios do país. E você pode acompanhar bem de perto: acesse o site e participe do concurso. Compartilhe suas experiências vividas nos destinos ou diga por que quer conhecer um dos roteiros. A melhor participação ganha uma viagem com acompanhante para um desses locais.


NA GRINGA

boates e bares para se jogar em Moscou

AlĂŠm

das noites

brancas texto e fotos Victor Motta

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Foi na casa de amigos russos tive minha introdução à cultura russa. Cada pessoa na reunião tinha que fazer um brinde, e para cada brinde aos gritos de “na zdarovye” (a saúde), todo mundo tinha que virar um copo de vodca pura (não era shot, era copo mesmo). Tinham 10 pessoas nessa jogada e eu não pude recusar a tradição, porque se não tomar todos os shots, os russos ficam muito putos mesmo: consideram um desrespeito. Moscou, ou melhor, os moscovitas são assim: doidos por natureza. Como sua população de 14 milhões de habitantes é bem variada, a night também é bem eclética. Quem não tiver muita grana pode ir a um vodca bar e tomar vodca servida em copo plástico de 250 ml, por menos de 2 reais. Mas se quiser impressionar as russas como magnata, terá a opção de pagar algumas bebidas para elas. Só não fique chocado se escolherem um mojito com champanhe Chandon, por 150 reais. Recolhi dicas de lugares com pessoas que conheci durante os seis meses que morei em Moscou. O mais legal é que a maioria das boates e bares estão perto da Praça Vermelha, no Centro. Basta pegar o metrô e chegar lá. Mas, atenção: como sempre cobram pela entrada (e o preço é alto), o normal é ficar num local só, até fechar às 6 da manhã. E, depois, fazer o after party, nem que seja no dormitório da universidade. Quando comprar uma cerveja long neck na rua é mais barato do que comprar água, dá para perceber que os russos gostam de tomar umas. Bom lugar para aquecer é o bar de vodca “Vtoroe Dykhanie”, que já virou mito nas ruas da cidade. Trinta anos atrás, trabalhadores soviéticos frequentavam o Vtoroe. Agora, mesmo com sua entrada nem um pouco sofisticada e os mesmos trabalhadores ainda o frequentando, o lugar virou point para os jovens. Na hora de ir para a night, há várias opções. Inci Dogan, modelo turca que trabalha e estuda em Moscou, conhece alguns Djs russos e donos de boates. Então, sua companhia garante noitadas 0800. O Krysha Mira bomba sempre aos sábados e domingos com muita música eletrônica. Da cobertura, é possível ver o sol nascendo do alto de Moscou. Eleita a melhor boate moscovita de 2009 pela “Night Life Awards,” o clube Rai tem o mesmo estilo do Krysha, com DJs russos e internacionais. O foda é entrar nesses lugares, pois o “face control” é forte (valeu pelo convite, Inci, senão eu estaria na porta até hoje). No Rai, só entram os bilionários moscovitas e suas garotas de programa, jogadores de futebol, e modelos, muitas modelos. Os preços? Bom, foi lá que aconteceu a história do mojito com champanhe Chandon de 150 reais.

Mas a boate preferida da galera parece mesmo ser a “Propaganda”, bar-restaurante-boate-livraria que atrai a classe média alta russa e estrangeiros que se aventuram ali, estudando, trabalhando, ou viajando pelo leste europeu. Como minha amiga russa Maria Sveshchinskaya falou “se você quiser pegar nativas que adoram gringos ou filhinhas de embaixadores, esse é o lugar.” O mesmo vale para as meninas. Como para não-russos não dá pra viver de vodca bar todos os fins de semana, há opções bem mais baratas. Só fui na Krysha Mira e na Rai porque era 0800, então, frequentava mesmo o Krisi Jandra, mais indie-rock, o Bilingua, com shows de música dos anos 1980 e concurso de poesia em russo e inglês, e o Club Che, com atmosfera “viva a ditadura, Cuba e o comunismo”. E, ainda, o Arma 17, uma boate underground dentro de uma fábrica soviética das famosas armas kalashnikov (AK-47), ponto de encontro entre estudantes do programa de intercâmbio europeu Erasmus. E essa é uma introdução do que a noite moscovita oferece. Há sempre alguma coisa para fazer. Mas, para quem não achar nada interessante, existe sempre a possibilidade de ir para casa de amigos russos. Só é importante tomar cuidado com os brindes que se faz (ou toma).

A MAIORIA DAS BOATES E BARES ESTÃO PERTO DA PRAÇA VERMELHA, NO CENTRO. MAS, ATENÇÃO: COMO SEMPRE COBRAM PELA ENTRADA (E O PREÇO É ALTO), O NORMAL É FICAR NUM LOCAL SÓ, ATÉ FECHAR ÀS 6 DA MANHÃ. E, DEPOIS, FAZER O AFTER PARTY Flyers do Krysha Mira e Inci, a loiramodelo-turca-bemrelacionada, com uma amiga, numa noitada no Rai

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Pop de guerrilha por Rodrigo Ortega

/\/\/\Y/\, terceiro disco da inglesa criada no Sri Lanka, Maya Arulpragasam, ou M.I.A, é um momento decisivo na sua carreira. Toda a atenção do mundo está voltada para a autora de Paper Planes, uma das 100 pessoas mais influentes do planeta segundo a revista Times. O primeiro single, Born Free, mostra que ela pode corresponder à expectativa, tanto musical quanto midiática, com seu clipe polêmico dirigido por Romain Gavras. Mas M.I.A. não é uma figura pop de fácil absorção. “Decifra-me ou te devoro” é realmente uma ameaça no caso dela. Em outra

polêmica recente, ficou furiosa com a jornalista do New York Times, Lynn Herschberg. Ela não gostou do seu perfil que foi publicado, twitou o telefone da inimiga e fez uma música detonando Lynn. A notícia de que a cantora teria declarado que o Google e o Facebook foram criados pela CIA para controlar as pessoas nos fazem pensar se ela passou do limite da paranoia. “I really love a lot / but I fight the ones are fighting me”, ela explica em Lovalot. Felizmente, a cantora mostra controle da sua personalidade combativa e a incorpora no seu trabalho de maneira cada vez mais interessante, mais do que uma revolta pueril ou um truque de marketing. XXO poderia ser um hit da Madonna, um electro cheio de frases espertinhas como “I can be the actress, you can be Tarantino”. Mas logo depois vem Teqkila, uma colagem de batidas e barulhos tão caótica que me fez conferir se eu não tinha deixado alguma outra coisa com o áudio ligado no computador ao mesmo tempo. M.I.A. junta o comercial e o anticomercial, política e sexo, sem nenhuma cerimônia. É isso que a diferencia de Madonna e Lady Gaga: a efervescência criativa é anterior e mais importante que o doce sucesso. Esse é o disco em que ela melhor usa sua voz. Sem exagerar nos gritos e na impostação (uma qualidade rara na música feminina atual), ela mistura a informalidade da MC com o tom arrastado do reggae. Tudo isso para acompanhar a bagunça eletrônica do som, como sempre bem produzida, com as mãos dos tradicionais colaboradores Diplo, Blaqstarr e Switch. Space, quase uma balada, fecha o álbum com uma predominância inédita da voz e da melodia sobre as batidas.

Esfrega-esfrega escocês por Marcela Vieira

Ah, a Escócia. Lugar aprazível, cheio de pontos turísticos interessantes e cultura peculiar, onde homens usam “saias”, mas enchem a cara de uísque. País de sotaque lindo e boas bandas. Sim, muito boas. Mas não pense que estou me referindo apenas aos igualmente bons Travis e Franz Ferdinand. A Escócia tem muito mais. E é de lá, no auge de seu sucesso no mundinho indie, que veio parar justo em Recife, no fim de maio, para felicidade de meus conterrâneos, a fofa Camera Obscura. Chamados de primos do Belle & Sebastian, os escoceses do Camera Obscura trazem um rock fofo e dançante e, ao mesmo tempo, melancólico; e talvez por isso, tão fascinante, como os compatriotas. E a expectativa por aqui foi grande para os indies mais chegados à banda, que lotaram a boate Club Nox. Foi interessante ver os playboyzinhos chegarem nos carrões achando que ia rolar bate-estaca a noite toda e dar de cara com o Whisky Festival — que teve edições em São Paulo e Rio de Janeiro — e um mundo de pessoas que vestem xadrez e usam All Star branco. E do jeito que o sucesso está batendo à porta, o

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Camera já pode se considerar uma das bandas mais famosas da Escócia. Eles começaram com a belíssima My maudlin career, e depois deram vez a muitos sucessos conhecidos do público que estava no Club Nox, como a perfeita-pra-dançar Swans e a introspectiva Tears for affairs. The sweetest thing, Forest and sands — que foi de pegar o namorado imaginário e dançar coladinho — e James trataram logo de fazer cair lágrimas no cantinho dos olhos. Mas aí, quase colocando a casa abaixo, vieram as execuções de Lloyd, I’m ready to be heartbroken e a mais conhecida da noite, French navy. A acústica da casa não ajudou muito, como também o fato das menininhas embriagadas se esfregarem em tudo e em todos, procurando a todo custo um pseudo-ombro para encostar a cabeça nas musiquinhas tristes. Porém, para chorar ou sorrir, bom mesmo foram as quase duas horas de músicas lindas e clima superescocês, com direito a uísque grátis e tudo o mais, mesmo que lá fora imperasse o calor brasileiro.


Na Rede Filmes de guerra

por Daniel Oliveira

Guerras são altamente cinemato-gráficas. Visualmente ricas, dramaticamente po-derosas. Nasceram para a tela grande e um som Dolby Digital. Se existissem só no cinema, seriam quase perfeitas. Pacifistas por natureza, nós aqui do Pílula, que nunca pusemos o pé num campo de batalha, decidimos eleger os cinco filmes definitivos sobre guerra. Guerra ao Terror (The hurt locker) dir. Kathryn Bigelow, 2008 O soldado William James do filme de Kathryn Bigelow vive o momento – e sabe que é só ele que interessa. Não é a tensão do desarmar a bomba, é o alívio dos 10 segundos seguintes. Estar vivo.

PRATA DA CASA

Além da linha vermelha (The thin red line) dir. Terrence Malick, 1998 Entre veteranos e novos combatentes, escutamos suas dúvidas, medos e traumas escondidos em seus próprios pensamentos. Uma das mais literais reflexões sobre a guerra. Nascido para matar (Full metal jacket) dir. Stanley Kubrick, 1987 A insanidade violenta da guerra substituindo todo e qualquer traço da individualidade, rebeldia e do questionamento que fazia dos jovens o que eles eram nos anos 1960 e 1970. Apocalypse Now dir. Francis Ford Coppola, 1979 O longa definitivo sobre guerra. Poucos discutiriam isso – e eles são mais insanos que o Coronel Kurtz de Marlon Brando.

Bob Diniz

por Izabella Figueiredo

Olha isso: myspace.com/bobdiniz

São seis anos de estrada, um total de oito baixistas e quatro bateristas já o acompanharam. Mas, apesar das reinvenções constantes e mudanças, Bob Diniz tem orgulho de se manter sempre fiel ao bom e velho rock’n’ roll. “O termo pop rock já está muito desgastado. Então defino meu trabalho como rock pop”, inova. O rock pop de Bob Diniz se origina de canções com pegada rock num formato radiofônico, comercializável, ou pop. Daí o termo. O primeiro EP do cantor vem com a ajuda de uma “cozinha” da pesada — o baterista-new-metal Bruno Lopes e o baixista-hardcore Flávio Jagger — que misturados à sua raiz essencialmente roqueira, formam um power-trio irado. “Essa, com certeza, é a melhor formação da banda. Os caras têm um nível técnico altíssimo e muita experiência”, orgulha-se, Bob. Para conferir o trabalho, acesse MySpace.com e preparese para entrar em contato com o rock-pop que o artista define como “sincero e de qualidade, com o único objetivo de fazer o público cantar e dançar sem parar.”

ANA SLIKA

Terra de ninguém (No man’s land) dir. Danis Tanovic, 2001 Ciki, um bósnio muçulmano, e Nino, um bósnio sérvio, ficam presos na terra de ninguém do título, no meio do fogo cruzado, durante a Guerra da Bósnia, em 1993. A situação insólita é

o pretexto para o diretor Danis Tanovic satirizar a burocracia e o teatro absurdo de um conflito armado.

Saia da garagem! Convença-nos de que vale a pena gastar papel e tinta com sua banda. Envie um e-mail para redacaoragga.mg@diariosassociados.com.br com fotos, músicas em MP3 e a sua história.


CULTURA POP INTERATIVA

Top 10 Fé Qual dos fiéis abaixo deixa você incrédulo?

Muita gente acha que ele é membro-fundador, mas Tom conheceu a enigmática seita nos anos 1980. Mais recentemente, converteu a namorada do Dawnson (‘s Creek).

2º Cat Stevens e o Islamismo

Em 1978, ele abraçou o Corão. Por isso, desapontou alguns fãs e chegou a ter o visto negado nos EUA. Mas continuará fiel, apesar de tudo. Insha’Alá.

3º Beastie Boys e o Budismo

Judeus de nascimento, os primeiros rappers branquelos de sucesso eram desbocados e machistas, até o dia em que encontraram a iluminação

4º Madonna e o Judaísmo

O nome denuncia: ela nasceu numa família católica. Mas foi a Cabalah que mudou profundamente a vida de Madonna. Só que a mudança foi num lugar tão fundo, que só ela mesma percebeu.

5º Atletas de Cristo

Todas as ramificações protestantes contam com jogadores de futebol entre seus fiéis. E todos os maiores times de futebol contam com jogadores crentes. Amém.

6º Bozo e Mara Maravilha

Diretamente da nossa infância para o altar da igreja, o palhaço Bozo e a apresentadora Mara Maravilha se converteram. A gente poderia incluir o paquito Xandi na lista, mas nem todos se lembram dele.

7º Irmãs

Entre as sexy-symbols que viraram evangélicas estão Carla “É o Tchan” Perez, Monique Evans, Regininha Poltergeist e Gretchen. Regininha se arrependeu do passado ultra erotizado. Gretchen, também, mas teve uma recaída e voltou ao rebolado, filmes pornôs e ensaios sensuais, após a conversão.

8º Do inferno

Nem só da busca pela luz é feito este Top 10. Das profundezas das trevas, Jimmy Page, Marilyn Manson e os componentes do Nine Inch Nails frequentam a igreja satanista.

9º Alice Cooper

Sua ligação com o ocultismo tomou tal proporção que o nome do roqueiro foi sugerido naquela brincadeira do copo. Não tentem fazer isso em casa.

10°Da Bahia

Ao contrário do que se pensa, nem todo baiano é macumbeiro. Mas Margareth Menezes, Daniela Mercury, Gil e Carlinhos Brown são.

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RICARDO RIMOLI/PRESSPHOTO

1º Tom Cruise e a Cientologia

último ranking

Casais memoráveis

Em junho, além do o mês de aniversário da Ragga, comemoramos o Dia dos Namorados, data na qual os pombinhos dizem coisas bonitas uns para os outros, abrem sorrisos ternos e trocam presentes comprados de última hora. Para homenagear os apaixonados, o Top 10 perguntou: quais os casais memoráveis da nossa lista? Eis o resultado:

Tarcísio Meira e Glória Menezes 34.81%

William Bonner e Fátima Bernardes 18.50%

John e Yoko/ Sid e Nancy/ Kurt e Courtney 11.28% No primeiríssimo lugar, Tarcísio Meira, com pose de galã, estende a mão para Glória Menezes subir ao posto mais alto do pódio e receber a coroa do nosso Top 10. Casados há quase meio século, eles desbancaram e ganharam a enquete com sobra. Com a medalha de prata, o casal 20 do jornalismo global. William e Fátima dividem o comando do Jornal Nacional e dos filhos trigêmeos. Nesta época de Copa, Bonner vê sua amada apresentar o JN lá da África do Sul. Mas o boa noite continua o mesmo. Três casais rock‘n’roll ficaram com a medalha de bronze. John e Yoko, Sid e Nancy e Kurt e Courtney deram o que falar, cada um a seu tempo e à sua maneira. Lennon foi assassinado a tiros, Nancy morreu esfaqueada (e Sid foi suspeito do crime, antes de ele mesmo ter uma overdose fatal). Kurt meteu um belo tiro na cabeça. Só ficaram as viúvas Yoko e Courtney, que os representam no lugar mais baixo do pódio.


FOTOS: DIVULGAÇÃO

Já Inventaram < CONSOLE REMOTO >

< CARRO POPULAR >

Essa não é a primeira vez que Mario Kart invade as prateleiras das lojas, mas dizem que essa versão faz as outras comerem poeira. Para quem duvida que a novidade seja bacana aí vai: os carrinhos vêm com controle remoto, luzes de LED animam a competição e a pista é cheia de partes sensíveis que, quando ultrapassadas, convertem em pontos, assim como no game. Amazon Japan, $30

A Audi surpreendeu ao lançar uma mesa de pebolim (ou totó) com seu nome. Os atributos do “joguinho” lembram o de um carro: pintura metálica na cor prata, emblema da marca posicionado dos dois lados e jogadores em acabamento metalizado. O brinquedo também conta com um marcador de gols. Apenas 20 exemplares foram produzidos e já vendidos. US$ 16 mil (unidades esgotadas)

< ECOLOGICAMENTE CORRETO >

< DOSE BEM GELADA >

Nem a água da chuva pode ser desperdiçada. Pensando nisso, a japonesa Kyouei Design criou o Umbrella Pot. Em vez de largar o guarda-chuva no chão, coloque no suporte e regue sementes que se encontram em um pote acoplado. Após algum tempo, uma planta brotará. Umbrella Pot funciona melhor em países com maiores períodos de chuva (como aqui!). Vale usálo pelo design eco-friendly. 127,700 JPY ou R$ 2.518 kyouei-ltd.co.jp

Bebida quente só no inverno, e olhe lá! Para garantir que seu drink, suco ou refri estejam sempre estupidamente gelados, nada melhor do que servi-los em um copo feito de gelo. A forma que os produz também pode ser preenchida com sucos, saborizando o próprio recipiente. Sugestão: saborear uma dose de vodka pura no copinho de suco de laranja congelado. US$ 7.99 thinkgeek.com. Vem com 12 forminhas e uma bandeja

Sérgio REPROCUÇÃO DA INTERNET

por Izabella Figueiredo

Von Helder

Se lembrar de mais alguém que um dia foi reconhecido pelas ruas, mas hoje inexiste no cenário popular, nos avise.

De nome, talvez você não se lembre, mas Sérgio é o ex-bispo da Universal que chocou o Brasil em 1995 ao chutar uma imagem de Nossa Senhora Aparecida num programa evangélico veiculado pela Rede Record. Helder se referiu à imagem como “bicho horrível e desgraçado” chocando a população e a mídia brasileira que se encarregou de mostrar o acontecido diversas vezes no dia seguinte. Hoje, o ex-bispo se desligou da Universal e corre a lenda de que ao sentir fortes dores na perna (a mesma usada para chutar a santa) foi para os EUA em busca de tratamento. O mistério ficaria por conta de uma enfermeira negra que teria tratado da perna do ex-bispo, mas que não fora reconhecida pelos médicos como empregada do hospital. Algum indício do paradeiro de Sérgio ou mesmo da veracidade desse fato? redacaoragga.mg@diariosassociados.com.br

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LUCHO

PASSANDO A BOLA

DIVULGAÇÃO

Voando alto

MPA PHOTOS / DIVULGAÇÃO

Adote um atleta

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por Eduardo Ramalho

Em março do ano passado, recebi um convite que me deixou muito satisfeito: integrar o Brazilian Dream Team, um time de paraquedistas que tinha o objetivo de quebrar o recorde brasileiro e sul-americano de formações em queda livre. Iríamos tentar superar o feito de 2005, quando 80 paraquedistas se organizaram em Florianópolis e fizeram a maior formação da América Latina. Data marcada, de 16 a 24 de abril deste ano, e local definido, em Eloy, Arizona (EUA), onde fica uma das maiores áreas de paraquedismo do mundo. Com ventos que variam do zero a rajadas de quase 50 km/h, o local oferece grandes riscos até para esportistas mais experientes. Assim, no dia 16 abril, embarquei para uma das maiores aventuras da minha vida. Assim que cheguei à cidade, começamos os treinamentos. Foram cinco dias de muitos treinos, realizamos cerca de 20 saltos, com auxílio de quatro aviões, e enfrentamos grandes dificuldades. Tivemos problemas com as regras de pouso locais, dois acidentes graves, temperaturas abaixo do normal e até um dia de chuva no deserto. Tudo isso resultou em muito estresse, frustração e ansiedade. No último dia de evento, depois de cinco tentativas, realizamos o salto final. Estávamos a 20 mil pés de altura, não sentíamos as mãos nem os pés, nossos corações pulsavam forte, mas só uma coisa passava pelas nossas cabeças: “Tem que ser agora”. Durante o voo, tudo passou muito rápido e conseguimos concluir a formação que voou fechadinha, durante cinco segundos. Quando pousamos, não tínhamos certeza se tínhamos conseguido, mas, quando ouvimos a gritaria do pessoal que estava assistindo, não tivemos mais dúvidas: quebramos o recorde brasileiro e sul-americano de grandes formações! O recorde foi homologdo pela United States Parachute Association (USPA).

Phillippe Thiriet

Contato: thiriet36@gmail.com | pipito.com.br (31) 8455 3977

O motociclista belo-horizontino Phillippe Thiriet, de 22 anos, herdou do pai a paixão pelas duas rodas. Ele corre na modalidade Motovelocidade, categoria mundial da SuperStock 1000cc. “Encontrei na Motovelocidade o que necessitava para suprir minha cota de adrenalina. Não há palavras para descrever o que é o meio de vida do motociclismo”, diz o jovem mineiro, que atualmente mora em Klikov, na República Tcheca. Phillippe tem no currículo dois vices-campeonatos brasileiros de Motovelocidade na Categoria 125cc, um vice-brasileiro de Supermotard e é duas vezes campeão mineiro na mesma modalidade. Ele também é o piloto mais jovem da Superbike Brasil (categoria máxima do motociclismo brasileiro) a chegar ao pódio. Atenção, atleta em busca de patrocínio, cadastre-se na seção Adote um Atleta no portal Ragga (ragga.com.br), ou escreva para: redacaoragga.mg@diariosassociados.com.br



PERFIL

perfil

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ALÉM DO NORMAL

por Bruno Mateus e Sabrina Abreu fotos Bruno Senna

A BUSCA ESPIRITUAL DE BABY DO BRASIL PASSOU PELOS METAIS ENTORTADOS POR UM PARANORMAL E PELA PEREGRINAÇÃO AO CAMINHO DE SANTIAGO, MAS TERMINOU — PARA SURPRESA DELA MESMA — DENTRO DE UMA IGREJA EVANGÉLICA. PARA A RAGGA, ELA CONTOU ESSA HISTÓRIA, LONGE DE TODA CARETICE Quando tinha 8 anos, Bernadete Dinorah de Carvalho Cidade viu e ouviu o demônio em seu quarto, mais de uma vez: “os olhos eram de um vermelho fulminante, o sorriso, malicioso como o de um tarado, e seus pés eram patas de bode”. Muitos pensaram que fosse pesadelo, mas ela tinha certeza de que era verdade. Teve ainda outras visões, até uma em que um anjo do Senhor, entre um pó flutuante que parecia glíter prateado, afirmou: “Vai dar tudo certo”. Deu mesmo. Passou o resto da infância dormindo tranquilamente. Teve ainda uma última visão, na qual as pessoas fugiam e ela, vestida com roupa de combate, apontava um caminho, dizendo “é por ali, é por ali”. Teve revelação de que aquilo seria uma cena do fim do mundo. Quando cresceu, Bernadete virou Baby Consuelo, famosa na MPB, no rock, no chorinho: com os Novos Baianos, Pepeu ou A Turma do Balão Mágico. O flerte com as coisas espirituais continuou, passando pela ioga e pelos garfos entortados do paranormal Green Morton. Mais tarde, percorreu o Caminho Santiago, impulsionada por Paulo Coelho e outros peregrinos. Lá, foi inspirada por Deus a abandonar o Consuelo e virar Baby do Brasil. A resposta para as buscas espirituais vieram quando ela frequentou – para seu próprio assombro – uma igreja evangélica durante 31 dias – antes, sempre tinha achado os evangélicos supercaretas. Converteu-se. Muitos pensaram que fosse loucura, mas ela tinha certeza de que era verdade. Agora, prega isso, na função de popstora – sim, uma pastora pop. Após dois dias com Baby em BH e horas de entrevista, ficou difícil editar suas respostas detalhistas e deliciosas. Uma solução para ser fiel à sua trajetória foi colocar a conversa, na íntegra, na Internet. Outra, será o documentário que o diretor Rafael Saar está produzindo sobre a vida da cantora. Material “totalmente Matrix”, como ela costuma dizer, referindo-se ao sobrenatural que ronda toda sua história. COMO ERA SUA FAMÍLIA? POR PARTE DE PAI [Luís Carlos Cidade], tem os Cidade, os

Azambuja e Carvalho e Silva. Nessa família, lá atrás, tem o Duque de Caxias na parada. Sempre teve um lado militar. O lado materno tinha 68 generais e é uma família do Rio Grande do Sul. Dessa linhagem de generais e militares, nasci uma militante do lado cosmocrata, uma maneira de ver o mundo com muito mais amor e perdão do que com a vara. A LINHAGEM DE MILITARES SIGNIFICA QUE SUA CRIAÇÃO FOI RÍGIDA? NÃO TÃO RÍGIDA ASSIM. Mamãe [Carmem Menna Barreto] é jornalista, uma das primeiras jornalistas do Brasil no O Jornal, do Assis Chateaubriand. Na família da minha avó Esther, que ajudou a me criar, todo mundo tinha que tocar algum instrumento. Meu bisavô, depois do almoço, sentava na poltrona, e a família toda tocava para ele. Minha avó tocava violino e minha bisavó tocava bandolim. Peguei o lado mais amoroso que cuidava para que tudo desse certo, tudo fosse organizado. Não havia opressão. Vim do DNA da música. Claro que tenho uma liderança “generálica”, se não, com seis filhos, eu nem conseguiria estar aqui agora. Mas como o lado da música é muito forte, fica tudo bem bacana. EM QUE PONTO A MÚSICA FICOU REALMENTE IMPORTANTE? COM 6 ANINHOS, minha mãe fez uma roupa de baiana e me levou para fazer a foto. Quem me fotografou foi uma francesa que falou: “Esta menina vai ser uma grande artista”. Mandou uma profecia ali. Foi a primeira pessoa, depois da minha mãe, que sacou minha veia artística. Aquilo ficou em mim. Com mais ou menos 12 anos, minha mãe me deu um violão, começou a levar minha cabeça para outro mundo. Aos 14, tive problemas na escola, porque minha cabeça tinha muitos pensamentos e música. Até que com 16, lá em Niterói, a prefeitura fez um concurso na praia – e eu estava em Niterói, morando com meu pai, indo ao Rio, para visitar minha mãe que vivia lá, ou indo com minha mãe para a Bahia, por causa do meu avô paterno


e do meu irmão que moravam lá. Sempre assim. Eu estava de flerte com um rapaz que fez uma música, me chamou para entrar no grupo e nós ganhamos o concurso. EXISTE UMA HISTÓRIA QUE VOCÊ DECIDIU IR PARA SALVADOR PORQUE RECEBEU UM SINAL DE DEUS E UMA PASSAGEM. É VERDADE? VERDADE. Pouco tempo depois de vencer o concurso musical em Niterói, fui morar com minha mãe no Rio. Minha espiritualidade estava muito forte, porque vinha acumulando um histórico de vida, que vinha de minhas experiências espirituais da infância. Naqueles dias, ouvi uma voz dizendo “coma só legumes, frutas e verduras”. Comecei a fazer isso que se chama “Jejum de Daniel” [profeta bíblico do Antigo Testamento] e funcionou, porque há uma palavra nas escrituras que diz que “há uma casta de demônios que só sai com jejum e oração”. Ouvi novamente uma voz dizendo: “Em 20 dias, você vai encontrar uma pessoa com uma passagem e você vai viajar.” Depois disso, encontrei na rua uma menina, de uns 21 anos, a Ediane, que me contou

que seu marido estava batendo nela. A vi três dias seguidos. No terceiro, ela falou: “Minha mãe disse para eu ir embora, sair desse casamento. Mandou uma passagem a mais. Você quer ir?”. Quando vi aquela passagem, falei: “Vou para casa rezar” – não sabia ainda a diferença entre rezar e orar. Falei com Deus, ele permitiu que eu fosse. Escrevi uma carta para minha mãe contando que Deus queria que eu fosse, ela entendeu e fui para Salvador. COMO FOI A MUDANÇA? CHEGUEI EM SALVADOR e a primeira coisa que tinha era o show de despedida de Caetano e Gil, que estavam saindo do Brasil. Ediane falou para mim: “Vamos ao show dos meus amigos”. Cheguei lá, fui entrando e pedindo a Deus para ficar invisível, fiquei invisível, fui passando e ali conheci o Pepeu [Gomes, ex-marido]. Começou o flerte com ele. Depois, Ediane me levou ao Brasas, que era como se fosse um restaurante da galera, e me apresentou para o Paulinho [Boca de Cantor], Moraes [Moreira] e o [Luiz] Galvão. Eles gostaram muito de mim e me chamaram para o show O desembarque dos bichos depois do dilúvio universal. Fi-


zemos [Baby participou como atriz, não como cantora]. Quando cheguei para ensaiar, quem era da banda? Pepeu. Começamos a namorar. Os dois com 17 anos. Depois, a mãe da Ediane descobriu uma carta minha dizendo que Deus tinha falado comigo e ela me botou pra fora de casa, dizendo que lá eu não podia ficar. Saí dando risadas com minhas coisas, olhei para o céu e falei: “Deus, preciso saber para onde vou”. Aí eu ouvi “vai morar debaixo da ponte”. [risos]. ONTEM, NA IGREJA, VOCÊ DISSE QUE MOROU DEBAIXO DA PONTE E AMOU. MOREI NA PONTE DE PIATÃ, em frente ao mar. Embaixo dela passa um rio de água doce. Peguei uma carona para chegar lá. Consegui dois cobertores. Fui radical, bem rock‘n’roll. E VOCÊ AINDA VAI FALAR QUE NÃO ERA HIPPIE, BABY? [RISOS] NÃO estava localizada em nenhum estilo de nada, estava querendo saber o que Deus tinha comigo. Entrei na visão espiritual do Matrix total. O pai do Pepeu

Popstora em ação no Barreiro: culto na Primeira Igreja Batista do Bairro Milionários


apavorou e disse: “Você está com aquela hippie?” [risos]. Aí nessa, uma equipe italiana me viu na rua, me convidou para fazer o filme O cangaceiro. Fiz. O Pepeu recebeu um convite da Gal [Costa] para ir a São Paulo quando eu estava filmando. Eu não podia sair de lá sem saber o que Deus queria para mim. Depois, os meninos [Moraes, Galvão e Paulinho] foram chamados pelo João Araújo [então diretor da RGE] para mostrarem o trabalho deles. Acabei encontrando com o Pepeu em São Paulo, depois com os meninos no Rio. FOI LÁ QUE O GRUPO SURGIU. FUI AO APARTAMENTO que Moraes, Galvão e Paulinho tinham alugado. Moraes começou a tocar. Fiquei ouvindo a música sentada no chão. Ele falou: “Canta aí”. Como não conhecia a música direito, fiz aquela minha voz rouca dentro da melodia e comecei a improvisar. Ele olhou para mim, parou o violão e falou: “Parece a Janis Joplin”. Moraes contou que eles iam assinar um contrato com a RGE no dia seguinte e queriam uma cantora. “Você não quer ser essa cantora?” Estava começando a se revelar o que Deus queria. “Claro que quero, mas meu nome não é Bernadete.” Nesse dia escolhi o nome Baby Consuelo – Baby tinha sido dado por Deus, muito tempo antes, na minha adolescência, Consuelo veio da música Baby Consuelo, que Moraes cantou naquele dia. Os meninos chamaram Pepeu para morar conosco no Rio. Assinamos o contrato no dia seguinte. E meu pai deixou que eu seguisse a carreira. QUANDO ESTÁ TODO MUNDO JUNTO NUM APARTAMENTO FALA-SE QUE “ESTÁ IGUAL OS NOVOS BAIANOS”, VIROU GÍRIA. COMO FOI ESSA EXPERIÊNCIA? O QUE VOCÊS COMIAM, POR EXEMPLO? COMÍAMOS MUITO BEM. O Paulinho e a Marilinha, mulher dele, cozinhavam muito bem. Até hoje, quero chegar na Bahia por causa do rango dele. Muita gente não entendia. Teve até uma época que alguém disse “ela é a mulher dos nove baianos”. Mas todo mundo ali era superfamília, casado, irmão. Todo mundo limpando a casa junto, tocando, comendo, jogando bola. QUANDO VOCÊ SENTIU QUE ESTAVA FAZENDO O QUE DEVERIA FAZER? QUANDO O JOÃO GILBERTO chegou ao Brasil, foi contatado por Galvão – os dois são de Juazeiro (BA) –, aí o João foi para o apartamento. Chegava de madrugada, vinha com uma goiabada. Meu quarto tinha um armário embutido que desmontei inteiro, fiz uma cabana dentro da cabana, forrei com edredons das Casas Pernambucanas e botei o João tocando lá dentro, a vizinhança não ouvia de jeito nenhum, virou um estúdio. Ele tocando violão, cada um com um instrumento de percussão tocando bem baixinho. Começamos a receber aquela energia da brasilidade, e aquilo começou a acordar nosso DNA. Viramos um laboratório de ressuscitar tudo o que era de música brasileira e jogar nossa influência, que tinha Jimi Hendrix, Jeff Beck, Elza Soares, Ella Fitzgerald, Elis Regina, Caetano, Gil, Gal Costa. Tudo começou a abrir. COMO FOI SUA EXPERIÊNCIA COM AS DROGAS NESSE PERÍODO? CONHECI MACONHA, LSD, mas nunca fez parte da minha vida como necessidade, nunca me possuiu. Todos nós [Os Novos

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OS NOVOS BAIANOS VIRARAM UM LABORATÓRIO DE RESSUSCITAR TUDO QUE ERA DE MÚSICA BRASILEIRA E JOGAR NOSSA INFLUÊNCIA, QUE TINHA JIMI HENDRIX, JEFF BECK, ELZA SOARES, ELLA FITZGERALD, ELIS REGINA, CAETANO, GIL, GAL COSTA Baianos] estávamos focados em música. Às vezes alguém quer fazer um documentário sobre os Novos Baianos e fala “ah, a maconha”. Gente, vocês estão dando enfoque para isso? Pelo amor de Deus, que pré-história incrível, que coisa mais cafona e careta! A maconha é a maconha, cara, poderia ter derrubado todo mundo. Naquela época, todo mundo valorizava a maconha porque estava na Ditadura, e nêgo preferia ficar entorpecido até com fluido de carro, do que ficar dando de cara com o Sistema. TODO MUNDO COMENTA OS NOMES DIFERENTES DOS SEUS FILHOS [‘RIROCA, QUE VIROU SARAH SHEEVA, ZABELÊ, NANA SHARA, PEDRO BABY, KRISHNA E KRIPTUS BABY]. ERA VOCÊ QUEM ESCOLHIA? ERA O PEPEU. Quis que ele escolhesse para que tivesse a maior participação possível na gestação dos filhos. VOCÊ GANHOU DINHEIRO COM OS NOVOS BAIANOS? NUNCA GANHAMOS DINHEIRO. Havia empresários superladrões e não queríamos saber de nada. Todo mundo começou a ter muitos filhos e eles não podiam ter falta de nada. Cada um foi cuidar da sua carreira. O André Midani, da Warner, contratou o meu CD e o do Pepeu, fizemos o maior sucesso. Estabilizamos nossa vida, montei a Delírios Produções Artísticas, que só cuidava dos nossos assuntos delirantes. O KAKÁ, JOGADOR DA SELEÇÃO, DEU UMA ENTREVISTA DIZENDO SOFRER PERSEGUIÇÃO POR SER EVANGÉLICO. VOCÊ ACHA QUE ISSO ACONTECE MESMO? ACONTECE MUITO. É normal. Há 13 anos, eu achava os evangélicos um horror, uma caretice.


Fundação Clóvis Salgado apresenta

Livre criação sobre Macbeth Foto - Paulo Larceda l Design Gráfico - João Victor

CABEÇA

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Espetáculo de Formatura do Curso Profissionalizante de Teatro do Centro de Formação Artística - CEFAR Direção: Juliana Pautilla l Dramaturgia: Letícia Andrade

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DEPOIS DO PEPEU, VOCÊ CASOU COM OUTRO GUITARRISTA, O NANDO CHAGAS. O QUE ACONTECE, A GUITARRA LHE EXCITA? [Risada] NÃO é o instrumento em si, porque também amo a bateria, o teclado. Não escolho o marido pelo instrumento. Mas, foi muito legal, porque sempre quis tocar guitarra, então, também tive dois parceiros musicais. Vamos dizer assim: aprendi muito [risos]. O Nando é um grande amigo, damos risadas, conseguimos conversar bastante. Com o Pepeu, me dou bem, mas não tenho esse tipo de relacionamento, porque, em todo casamento que ele teve, as mulheres tinham

SEMPRE BUSQUEI OS MISTÉRIOS. QUAL É O BABADO MAIS PROFUNDO QUE ESTÁ ROLANDO NAS INTERNAS DO UNIVERSO

FOTOS: ARQUIVO PESSOAL

Coletividade: em 1974, com os Novos Baianos. Pepeu, à esquerda, segura ´Riroca no colo [mais tarde, a menina mudaria o nome para Sarah Sheeva]. E, em 1979, com os filhos Zabelê, Pedro Baby, Nanashara e ´Riroca

tatar com Deus profundamente e o cara estranho ser colado no chão, não conseguiu mais dar nenhum passo. Quando consegui que ele saísse da minha casa, me ajoelhei e pedi que Deus falasse comigo o que tinha acontecido. Deus falou que queria uma hora comigo durante um mês para me revelar. “De quem é essa voz? Não vou fazer nada, a não ser que você me dê um sinal em português”. E Ele falou: “Em três dias vou testificar”. Em três dias o meu médico, Dr. Eduardo Gomes – um grande divulgador e médico da medicina bio-ortomolecular, que faço há 11 anos – me telefonou dizendo. “Tive uma hora com Deus durante um mês e Ele me revelou muitas coisas”. Tive um ataque: “Quero isso, vou fazer isso”. Ele falou que era na comunidade evangélica. Tomei uma grande decepção. “Deus está com os evangélicos? Aquele povo que não pode nada? E eu com meus cabelos coloridos, minhas roupas?”. Lembrei que as pessoas já me julgaram tanto no passado, eu não ia fazer o mesmo. Fiz os 31 dias de oração na casa dele. No primeiro dia conheci a revelação de Deus sobre o homem ser eterno. Conheci pessoalmente Jesus maravilhoso, que é muito alegre, lindo, muita presença de amor. Ele me levou ao Pai, e eu tive um encontro com nosso Pai tão forte e maravilhoso que deu no que deu esses anos todos. É impossível negar, é impossível retroceder, e impossível me tornar uma pessoa com minhas convicções antigas depois disso. O futuro que me aguarda é um futuro abençoado com Ele.

muito ciúmes de mim. E TEM RAZÃO ISSO, VOCÊS AINDA TÊM UMA QUÍMICA? NÃO TEM RAZÃO, porque a decisão da separação fui eu quem tomei. O ciúmes é uma fraqueza muito grande e uma ausência de raciocínio, porque quando alguém tem seis filhos com uma pessoa, a outra que chegou depois tem que entender. Mesmo se fosse um filho já seria o bastante. Seis, então, é uma superdose [risos]. VOCÊ SEMPRE ESTEVE NUMA BUSCA ESPIRITUAL? ENTREI EM MUITAS RELIGIÕES. Tinha uma base espiritual, mesmo nas minhas músicas, como Telúrica, Tudo Azul. Primeiro, o candomblé tentou entrar na minha vida, fui lá, não gostei. Entrou também a questão dos gurus da ioga. O Ghandi estava metido no meio, tudo lindo, mas sempre teve uma coisa de altar. Não gosto de altares, de imagens, me dão dor de barriga, na mesma hora vejo que para mim não serve. Chegou um dia em que vi fenômenos paranormais do Green Morton [paranormal de Pouso Alegre, interior de Minas, famoso por entortar metais por meio da força do pensamento, na década de 1980]. Foram quase 10 anos com o “Rá!” [palavra que Morton falava e entidade que invocava em seus trabalhos espirituais]. Depois da parada toda de Pouso Alegre, fui ao Caminho de Santiago — o Paulo Coelho e outras pessoas tinham ido. Fui com o Novo Testamento preso na minha cintura, vivi momentos maravilhosos. Foi no Caminho de Santiago que mudei meu nome para Baby do Brasil. Escutei a voz: “Você não é a Baby nem da América, nem da Europa. Você é a Baby do Brasil”. Depois disso, tomei algumas posições bíblicas. COMO VOCÊ SE CONVERTEU À FÉ EVANGÉLICA? SEMPRE busquei os mistérios. Qual é o babado mais profundo que está rolando nas internas do universo. Ficava pensando: “para que serve viver?” Essa foi a razão maior de busca a Deus, tem que haver algum sentido. Tive um encontro com Ele no meu quarto. Uma pessoa entrou na minha casa para me matar. E aconteceu de naquele momento eu me con-

JOÃO B. DA SILVA/DIVULGAÇÃO

Quando se trata do evangelho de Cristo, simplesmente por causa do evangelho, o evangélico levanta muitas oposições e a gente sabe que isso é completamente Matrix, é espiritual.

Em 1994, ano em que virou Baby do Brasil


DIVULGAÇÃO DIVULGAÇÃO

Em 1984, no palco da Turma do Balao Mágico


SCRAP por Alex Capella

fale com ele: alexcapella.mg@diariosassociados.com.br

SA

A coluna Scrap S/A foi fechada no dia 20 de junho. Sugestões e informações para a edição de agosto, entre em contato pelo e-mail acima.

/ Moda pessoal / A Parsons, uma das mais respeitadas universidades de moda e design do mundo, passou a ser representada oficialmente no Brasil pelo Student Travel Bureau, o STB. Com a parceria, todo o processo de seleção dos estudantes brasileiros interessados em estudar na instituição de moda poderá ser feito, a partir de agora, pela operadora, evitando que o interessado desloque-se para os Estados Unidos para participar do processo seletivo.

/ Partida ecológica / Estádios que sediarão jogos da Copa do Mundo no Brasil, em 2014, devem atender a exigências ambientais do Ministério do Esporte para ter financiamento do BNDES. Os requisitos básicos para o financiamento são a coleta seletiva de lixo e a reciclagem do material de demolição, aproveitamento da água da chuva nos banheiros e gramados, otimização da ventilação e da iluminação naturais e uso de biocombustíveis. Nos dias sem jogos, o Mineirão venderá para a Cemig a energia produzida por meio de painéis fotovoltaicos, que usam luz solar. Já nos dias de jogos, consumirá energia sem ter de pagar à companhia.

Com previsão de inauguração para outubro, o Boulevard Shopping, no Bairro Santa Efigênia, Região Leste de Belo Horizonte, trará para a cidade marcas como a Magic Games, uma das maiores redes de parque indoor do país; a Camicado, considerada uma das lojas mais charmosas em itens de utilidades domésticas e objetos de decoração; a Zelo, que atua na área de cama, mesa e banho; além da rede paulista de pizzas Patronni Pizza. O empreendimento já fechou com cerca de 20 lojas que ainda não levantaram suas bandeiras na capital mineira.

/ Edifício Cor / O Edifício Arcellor Mittal, na Avenida João Pinheiro, foi o escolhido para receber 16ª edição da Casa Cor Minas Gerais, o mais importante evento de decoração do Estado e um dos principais do país. A mostra, que ocorrerá entre os dias 24 de agosto e 5 de outubro, traz a Belo Horizonte o tema “Sua casa, sua vida, mais sustentável e feliz”. O evento terá a felicidade e o bem-estar como diretrizes. O desafio é mostrar a capacidade dos profissionais de transformar um prédio comercial em um projeto audacioso, belo e inovador.

CARLOS HAUCK

/ Incentivo de peso /

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A mineira Teca Lobato é a mais nova integrante da equipe Rip Curl Brasil, uma das gigantes do surfwear mundial. A wakeboarder realizará diversas atividades, visando fortalecer a imagem da marca que começou em 1967, quando os australianos Brian Singer e Doug Warbrick começaram a fabricar pranchas de surf. Hoje, os produtos da marca - como pranchas de surfe, roupas de borracha e casuais para homens e mulheres, relógios, mochilas e carteiras - estão disponíveis em mais de 80 países do mundo

FOTOS/IMAGENS: DIVULGAÇÃO

/ Consumo renovado /



PREFEITURA DE NOVA LIMA: PATROCINADORA OFICIAL DO CAMPEONATO MUNDIAL DE WAKEBOARD 2010.

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do esporte, essa ca ti rá p a ra a p s eita WA s condições perf PERRY – DIRETOR EXECUTIVO DA W a m te a im L a v No AWN uito mundial. SH rc ci o d r o lh e m foi a


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