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desde então, passaria a fazer ao país, cujas iniciativas no âmbito da cultura digital ele passaria a acompanhar de perto, chegando a se autointitular, por conta disso, o propulsor do fenômeno do Orkut brasileiro263, como declarou, em 2007, ao blog Ecologia Digital:

Eu tenho um jovem amigo que trabalha para o Google. Ele estava realizando experimentos com software social. Ele iria lançar uma rede social, o Orkut. Ele então distribuiu 100 convites264 para 100 nerds do Vale do Silício. Deu a cada um deles 100 convites. Eu enviei todos os meus para o Brasil, a título de experiência. Porque eu tive a impressão que... eu tenho acompanhado o Brasil por um longo tempo... Pensando sobre a rede que o Brasil sempre foi e é... Você sabe, o Brasil é um país ainda incompleto, mas tudo está conectado aqui. É um “pequeno” país esse seu Brasil, com tantos milhões de habitantes. Ele é “pequeno” porque todo mundo conhece todo mundo. Todos conhecem os segredos de todos e sabem do que se trata, certo? É naturalmente uma sociedade em rede. [...] Eu sabia que se eu soltasse 100 convites para o Orkut naquele momento, algo ia acontecer... e foi tudo tão rápido...265

Embora essa não seja a única versão para a chegada do Orkut ao Brasil, o uso das redes sociais explode no país a partir desse momento, revolucionando comportamentos, ou seja, transcendendo o viés puramente tecnológico da inovação. O fenômeno brasileiro ocorre quatro anos antes de se tornar realidade no restante da parcela mundial conectada.266 De acordo com a pesquisa do Ibope Mídia realizada em setembro de 2010, o Orkut foi a porta de entrada da internet para 82% daqueles que acessam as redes no país.267 A mesma pesquisa aponta que “acesso às redes sociais” é a justificativa para a troca de aparelhos ou a mudança dos planos de telefonia celular para 20% dos entrevistados.

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O Brasil aparece em estatísticas internacionais como o país com a maior participação em redes sociais no mundo. Pesquisa Nielsen. Disponível em (http://blog.nielsen.com/nielsenwire/online_mobile/socialmedia-accounts-for-22-percent-of-time-online/). Acesso em 17/05/10. 264 Quando o Orkut foi lançado, uma das estratégias de lançamento pelo Google, era que só se entrava na rede social mediante convite de alguém que dela já fazia parte. 265 Disponível em (http://ecodigital.blogspot.com/2008/02/john-barlow-explica-o-fenmeno-orkutno.html). Acesso em 22/03/2010. 266 José Murilo Junior, coordenador de Cultura Digital no MinC considera que “ [...] no Brasil, experimentamos o fenômento da rede social ubíqua (Orkut – 2005/06) bem antes do resto do mundo (Facebook – 2009/10)”. Disponível em (http://www.culturadigital.br/josemurilo/2010/11/15/a-culturadigital-brasileira-na-conferencia-sobre-o-commons-em-berlim/). Acesso em 28/08/10. 267 Pesquisa realizada com oito mil pessoas no período compreendido entre 02 e 15 de setembro de 2010, nas principais regiões metropolitanas do país. De acordo com a pesquisa, 60% dos entrevistados usam redes sociais há mais de três anos, sendo que 7% mais de uma vez ao dia. O Orkut continua sendo a mais acessada, com 91% das respostas. Facebook e Twitter têm 14% e 13%, respectivamente. Pela pesquisa, 74% das pessoas usam as redes sociais para seguir amigos e famílias, 60% para saber sobre celebridades e artistas e 35% acompanham jornalistas e sites de notícias. O levantamento mostra também que 29% dos entrevistados não imaginam a vida sem as redes sociais, sendo 37% jovens e 22% adultos. Entre os que não acessam, 34% têm interesse em começar e, deste total, 42% são da classe C.

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