Revista pronews 188

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ano XVI | nยบ 188 dez de 2015

desde 1999




EDITORIAL | LUCIANA TORREÃO Sempre ela, a palavra de ordem da vez: inovação. Nesta edição ela está presente em várias matérias nossas. A começar pela nossa capa, com o tema segunda tela, plataforma digital como tablet ou smartphone, que interage ao mesmo tempo com a TV. Esta tendência tem sido cada vez maior, afinal, mais da metade da população está usando os dispositivos para interagir. Inovação também rege o novo frisson publicitário: o

surgimento da agência Duca, que gerou muito alvoroço no mercado. Trata-se de holding gerida pelo publicitário e presidente da Ampla Comunicação (PE), Queiroz Filho, mais conhecido como Queirozinho. Esta servirá de aporte gerencial para as três operações envolvidas: Ampla Comunicação, BG9 e Ampla Espírito Santo). Outra notícia que movimentou o mercado nacional foi a criação do Comitê Women

ÍNDICE

Empowerment pela Ampro (Associação de Marketing Promocional). Afinal, a população feminina é responsável atualmente pelo sustento de 37,3% das famílias, conforme dados da última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio. Por fim, nos despedimos de 2015 e saudamos o ano de 2016. Que venha cheio de prosperidade para todos.

EXPEDIENTE Anime Soluções Criativas

NOSSA CAPA 16 Segunda tela: Uma tendência que está mudando o comportamento do consumidor e das mídias

DIRETOR-PRESIDENTE | Walter Lins Jr walter@revistapronews.com.br EDITORA | Luciana Torreão redacao@revistapronews.com.br REDAÇÃO | Ivelise Buarque, Juliano da Hora, Poliana Alencar redacao@revistapronews.com.br PRODUTOR GRÁFICO | Bruno Regis producao@revistapronews.com.br ASSINATURAS | 81 3426.6144 / 3034.6144 producao@revistapronews.com.br DISTRIBUIÇÃO LOGServiços (PE - 81 2123.1455) Jornal Correio - Rede Bahia (BA - 71 3203.1812) Sistema Verdes Mares (CE - 85 3266.9902) www.verdesmares.com.br

APP.COM 5 | TOP CASE 6 | FICHAS 10 | GIRO 14 CONECTE-SE 26 | OLHAR ACADÊMICO 30 MUNDO ONLINE 32 | CLICK 37 | NA ESTANTE 38

DADOS TÉCNICOS Impressão: Gráfica FacForm (81 3339.6566) grafica@facform.com.br Tiragem: 7.000 exemplares Formato: 22x30cm Tipologias: Swis721 Lt BT / Humanist521 BT Papel: Couché brilho 150g/m² Número de páginas: 40 As matérias assinadas por nossos colaboradores não representam, necessariamente, a opinião da revista. Produza a capa da Revista PRONEWS. Participe pelo e-mail: redacao@revistapronews.com.br

w w w. r e v i s t a p r o n e w s . c o m . b r

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PANORAMA 24

DESTAQUE 34

Duracell reforça presença com campanhas mais próximas do seu público

Longe dos estereótipos das gerações, o especialista Edney Souza reafirma que nunca é tarde para inovar

revista de comunicação e marketing NE A Revista PRONEWS é uma publicação mensal da Walter Lins Pinheiro Júnior Editora ME. Empresarial Tacaruna - Av. Agamenon Magalhães, 3341, sls 205/206. Torreão, RecifePE. CEP: 50070-160 Fone: (81) 3426.6144 / 3034.6144


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9GAG Se há uma palavra que reina absoluta na internet brasileira é “zoeira”, que ocupa os primeiros lugares na vasta nuvem de tags e referências. E como ela não acaba nunca, o 9GAG desenvolveu aplicativo que permite encontrar novos memes e montagens a respeito dos assuntos mais quentes do momento, ou resgatar referências que podem ganhar novo contexto no diálogo online. O 9GAG App possui sistema de votação e comentários, que ajuda determinada piada a aparecer entre os posts em destaque da rede. Perfeito para descontrair nas horas vagas. Gratuito, disponível para Android, iOS e Windows Phone

MEDIUM Dos mesmos criadores do Twitter, Medium é uma nova plataforma que está ressuscitando o hábito de blogar. Assim como a versão web, o aplicativo permite que seus escritos sejam visualizados por toda a comunidade participante, onde o conteúdo é a estrela. O seu texto circula entre outros que tratam do mesmo assunto, proporcionando maior interação entre autores e troca de conhecimentos na construção de debates. Gratuito, disponível para Android, iOS e Windows Phone

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TOP CASE

O ENCANTAMENTO NA PROPAGANDA DOS ANOS 90 IVELISE BUARQUE Enquanto o Mamonas Assassinas colocava todos a dançar o “Vira-vira” em sua meteórica presença no mundo da música, muita coisa também balançou os anos 90. Irreverência, escândalos políticos, tragédias, luta popular e regulamentação foram algumas das marcas desta década que teve, no mesmo período, eleição e impeachment do presidente mais novo da história do país e mudanças tão dispares que concretizou uma nova era para a comunicação. O Código de Defesa do Consumidor chegou e modificou as relações entre as empresas e clientes; o mercado de propaganda foi obrigado a controlar comerciais direcionados ao público infantil em virtude do Conanda (Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente); e a indústria tabagista sofreu baque com as restrições publicitárias e a exigência de informes sobre o uso do cigarro. Por outro lado, os homens passaram a destronar as antigas garotas propagandas e se tornaram objetos sexuais na publicidade; e a inovação deu seus primeiros passos com o surgimento e consolidação da internet, que não mostrava ainda seu potencial como estratégia de marketing e comunicação ou chamava atenção dos profissionais da época. Sem perceber, um admirável mundo novo estava chegando de mansinho e iria transformar o setor mais ou

menos para o que conhecemos. PROTAGONISMO DO HOMEM Seguindo a tendência da exploração da imagem masculina, a Mappin transformou em garoto propaganda o ator Victor Fasano que, naquela década, estrelava a novela global Barriga de Aluguel como o personagem Zeca para anunciar seu festival de moda íntima. O galã, que teve movimentada trajetória na televisão ao longo dos anos 90 (De Corpo e Alma, Tropicaliente, Cara e Coroa, Salsa e Merengue e Torre de Babel, por exemplo). Emprestou todo seu charme para rede de lojas de departamentos, anunciando ofertas de lingerie como “apresentador” em um belo desfile com o mote “Não é irresistível, mas é até sábado”. Assim, o homem ocupa definitivamente um novo papel e com muita propriedade neste caso, em particular. Neste período, o ator Reynaldo Gianecchini, que ainda não brilhava na telinha como hoje, aparece em comercial do Shampoo Seda perseguindo uma bela morena em seu carro, incapaz de resistir ao charme daquele cabelo comprido. Resultado: prefere perder um aparelho de celular tijolão (ao jogá-lo para o automóvel dela) do que perdê-la completamente de vista. E foi neste cenário que a Samello apostou em comercial em que três amigos enveredam por jornada pelas

A Mappin transformou em garoto propaganda o ator Victor Fasano que, estrelava a novela global Barriga de Aluguel 6

montanhas, mostrando que estão dispostos a tudo para viver e curtir a felicidade e momentos. O vt original, com cerca de dois minutos, foi criado pela DM9DDB e dirigido por Fernando Meirelles e impactava o público com texto emblemático , que expressa todo esse sentimento de buscar mais qualidade e alegrias na vida. “Uma campanha que sempre fica na minha cabeça é o comercial da Samello, para o produto CountrySide, um sapato da linha deles. É um filme que diz que as pessoas tem que aproveitar melhor a vida. Tinha um conceito 'porque a vida é uma só'. Sempre vale a pena rever (não sei se é a versão oficial)”, diz Mateus Braga, diretor executivo de criação da Isobar (DF), para quem determinadas particularidades marcam mais quando se fala de propaganda. “Na minha memória além de boa propaganda sempre fica também um pouco de arte e poesia”, enfatiza. SABOR INIGUALÁVEL - A renomada DM9DDB, que detinha contas de peso, foi responsável por diversos cases de sucesso naquela


“Pipoca e Guaraná que programa legal. Eu quero ver pipoca pular, pular” um dos hits mais bem bolados da história

década no país, como “Pipoca na Panela”, em 1991, para o Guaraná Antárctica; “O gordinho da Honda” (1994) e Tomou? (1996) da Parmalat, que apostaram em propostas aparentemente simples e que foram mais do que eficientes. E não à toa duas dessas campanhas são de autoria de um dos compositores de jingles mais requisitado do Brasil, o músico César Brunetti, falecido em agosto de 2015, que criou os sucessos Mamíferos e Pipoca com Guaraná. Premiada e reeditada nas vozes de grandes artistas nos aos 2000 como Carlinhos Brown e Cláudia Leite, a música para a bebida gaseificada (seja combinada com uma pipoca quentinha ou uma saborosa pizza) é reconhecida até hoje como uma das "sete mais" da publicidade

brasileira em uma pesquisa realizada pela revista About, com 250 formadores de opinião da publicidade brasileira, na qual consideraram “Pipoca e Guaraná que programa legal. Eu quero ver pipoca pular, pular” um dos hits mais bem bolados da história. Ela se destacou uma vez que chamou mais a atenção do que a sua irmã “Pizza e Guaraná. Este é o sabor” que, em tom romântico com ritmo típico de canções dos anos 50, enfatizava que ela caia bem com qualquer sabor de pizza fosse mussarela, banana ou quatro queijos. Esta série foi talvez um dos mais bem sucedidos casos de comerciais estrelados por alimentos, que virou moda da época. FOFURA PURA - Enquanto isso, a marca de leite se tornou um clássico com aquelas adoráveis crianças de três e quatro anos de idade, vestidos como animais de pelúcia (como o leão, cava, elefante, rinoceronte, gato, cachorro entre muitos outros), que durou três anos. Afinal, como uma turminha animada daquela não iria empolgar e cativar ao som de um jingle que enfatizava que era a melhor forma de “Mantenha o seu filhote forte” e ideal para que se “Trate seus bichinhos com amor e Parmalat”. A integração do público com os mamíferos da Parmalat foi tão grande que a marca apostou numa extensão da ação com ação promocional que envolvia a distribuição de um dos modelos dos bichicos em pelúcia da série com a apresentação de 20 códigos de barras de produtos juntamente com R$ 8,00.

SER FELIZ - Tônica comum da época foi mostrar que ser feliz era tudo, especialmente ao acordar. E foi isso que a campanha criada pela Y&R fez no comercial Margarina All Day com o gospel “Oh Happy Day”, do compositor Edwin Hawkins. Com 30 segundos de duração, colocar um garotinho preparando o café da manhã cantando alegremente a inspiradora música foi uma grande sacada. Com muita competência aquele jovem garoto-propaganda (interpretado pelo ator Wagner Santisteban, que integrou diversos projetos na televisão, teatro e cinema como “Não Faço a Menor Ideia do Que Eu Tô Fazendo Com a Minha Vida”) contagia a todos e deu o pontapé em uma série de filmes publicitários estrelados por crianças. ROMANTISMO - Este período também foi marcado pelo romantismo. Uma série de propagandas tinha esta proposta em especial no segmento de chocolates, como o Sonho de Valsa (lançados em 1938) e que deu uma reviravolta forte em sua comunicação com a inspiração. Com a canção “My Romance” de Carly Simon, a DPZ criou uma série de propagandas para embalar o conceito da comunicação para os tradicionais bombons a partir do primeiro filme em que uma jovem recebe um chocolate com um bilhete

Samello: criado pela DM9DDB e dirigido por Fernando Meirelles e impactava o público por texto emblemático na voz de Newton Prado, que expressa todo esse sentimento de buscar mais qualidade e alegrias na vida 7


TOP CASE “O tempo passa, O tempo voa. E a poupança Bamerindus continua numa boa!”

de “Até um dia” no aeroporto até a chegada no seu destino final com a mensagem de que “o sonho não acabou. O sonho de Valsa é Lacta”. Este foi um dos vts dirigidos por Fernando Ferreira Meirelles, cineasta, produtor e roteirista brasileiro que ganhou notoriedade internacional com filmes como Cidade de Deus (2002), O Jardineiro Fiel (2005) e Ensaio sobre a Cegueira (2008), por exemplo. Além deste comercial, “My Romance” também foi tema do intitulado “Professora” (1991), que trabalhava o estereótipo de uma típica fantasia do imaginário adolescente do passado, mostrando o encanto de um aluno pela sua professora em uma sala de aula em situação inusitada. Desconsiderando o “politicamente correto”, o romance foi construído e regado a muito chocolate e trouxe uma esta proposta que gerou vários filmes de 30¨, criados e produzidos na mesma linha. Essas propagandas foram embaladas por composições românticas de sucesso como “When I Fall in Love”, gravada por Doris Day em 1952, mas popularizada e imortalizada em 1956 por Nat King Cole. Esse hit compôs a trilha de “Telefone” em que o namorado liga para dizer a sua garota que não comparecerá ao encontro da noite com a música para depois surpreendêla. DIVERTIDO E SIMPÁTICO - O sistema financeiro brasileiro passava por muitas mudanças e para conquistar o público, o Bamerindus investiu em um princípio básico para reforçar os serviços da sua poupança com o cativante jingle: “O tempo passa, O tempo voa. E a poupança Bamerindus continua numa boa!”. 8

Interpretado pelo grupo “Os três do Rio”, foi criado originalmente por Teresa Souza (letra) e Walter Santos (música), no início da década de 1970, e ao ser resgatado, vinte anos depois, contou com diversas peças idealizadas pela Colucci com criação de Fernando Rodrigues (hoje diretor de Criação da DPZ), Milce Junqueira e Fernando Leite. Esses comerciais com o mote “O Tempo Passa, O Tempo Voa” incorporaram várias personagens e aplicações divertidas e animadas como Jazz, Bandinha e Mexicanos. Mas, alguns ainda contaram com aparições especiais como o de sertanejo que tiveram a participação dos cantores Sérgio Reis e Almir Sater, além de um no estilo piano bar com a atriz Marisa Orth com o humor inigualável da artista. Este sucesso de comunicação da Bamerindus foi marcante e durou por um bom tempo até quando a rede bancária adotou o ator Toni Lopes. O barbudo garoto-propaganda, com aparência confiável, pegou carona no jingle para reforçar a credibilidade do

banco, em alguns comerciais por anos a fio. E tornou-se a cara da poupança Bamerindus. Hoje HSBC, o Bamerindus não foi esquecido e todos lembram que “O tempo passa, o tempo voa, e a poupança Bamerindus continua numa boa”. “Como sou músico nas horas vagas, me lembro de alguns hits que foram sucesso nas décadas de 90 e credenciaram anunciantes: A campanha de Guaraná Antárctica que propunha a combinação de pizza ou pipoca com guaraná foi memorável. Depois, como paranaense, me lembro da inesquecível série do HSBC (antigo Bamerindus) e seus músicos com a Poupança Bamerindus, dus-dus-dus. Por último, os filmes com os bichos de pelúcia da Parmalat. Eu sinto falta desses hits que vem da propaganda e ganham a boca dos consumidores e as ruas. Tomou?”, diz Fábio Meneghati, diretor geral de atendimento da Mood, para quem esses foram mais marcantes.


KLAUDIA SABINO | KLAUDIA.SABINO@ALLIANCE.COM.BR

CONHECENDO O PODER DO BIG DATA Muito falado, principalmente na última década, após a popularização das redes sociais, aplicativos e smartphones, o termo big data parece uma palavrinha vinda do futuro ou trazida por algum alienígena em uma nave espacial. Ao ouvi-la, muitas pessoas tem a certeza do completo desconhecido. Outras, porém, já sabem se tratar de um gigantesco número de dados gerados todos os dias, que está afetando o cotidiano de todos, mas não sabem de onde vem ou o que se pode fazer com eles. Ampliar o alcance de conhecimento sobre os dados e sobre os desafios impostos para utilizá-los como expertise são alguns dos objetivos deste artigo. Traduzindo a complexidade, o termo big data representa os inúmeros dados gerados a partir do comportamento das pessoas e ocorrências no ambiente, vindos de diversas fontes e que podem ser processados e organizados por softwares e ferramentas de banco de dados. O termo big data também costuma ser definido por três palavras: volume, variedade e velocidade. O volume, uma das características que o faz parecer confuso, diz respeito ao sem fim de dados gerados diariamente. Hoje em dia, o volume é gigante, por serem gerados continuamente nos vários canais da internet, nos aplicativos, nos celulares e smartphones nas empresas privadas, nas companhias públicas e em diversos serviços, como os sensores de tráfego e as câmeras de segurança. Tudo gera dados! Só para se ter ideia, de 2003 a 2012 foram gerados 500 vezes mais dados do que todo o volume gerado em nossa existência até 2003. Já a variedade diz respeito às formas de dados que encontramos como os dados estruturados, a exemplo dos relatórios estatísticos das empresas e os dados não estruturados, como textos, imagens, vídeos e áudios que circulam na internet. E a velocidade está relacionada à rapidez com que estes dados são gerados atualmente e ao quão rápido é cada vez mais necessário que os mesmos sejam analisados para a tomada de decisão. As empresas presentes nas redes sociais precisam responder muito rapidamente a críticas e tomar decisões sobre problemas causados aos clientes, posição que antes podia levar meses. Dados do dia anterior, em muitas situações, de interação com o consumidor, por exemplo, são considerados dados velhos.

DESAFIO – Coletar e analisar dados para obter informações e com elas gerar inovação ou melhorias não é algo novo. O que tem de novo e leva o nome de big data é o volume de dados, suas inúmeras fontes e a velocidade com que são gerados e precisam ser tratados para se obter inteligência e promover melhorias e inovação nos negócios e nos serviços à sociedade. Este é o desafio imposto às empresas e aos seus profissionais de negócios e tecnologia. Um percentual muito pequeno de empresas utiliza o big data como ferramenta para obter diferenciais, mas é certo que, aquelas que utilizarem, irão sair na frente. Segundo o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), em pesquisa realizada em 2013, as empresas que utilizam os dados para a tomada de decisão em vez de simplesmente utilizar a experiência e a intuição tem ganhos de produtividade de 5%, uma vantagem competitiva valiosa, afirma Cezar Taurion, especialista no assunto. Ainda com foco no ambiente de negócios, outro grande desafio deve ser o de convergir os dados gerados no dia a dia da operação das empresas - como os dados de venda e de produção, com os dados vindos da rede (internet); as métricas dos canais online da empresa (site, e-commerce, redes sociais e blogs). Estes dados, tanto da primeira, quanto da segunda origem representam as respostas dos consumidores, dizem respeito à sua interação com a empresa, com seus produtos e com a sua marca e, quanto mais ela conhecer este comportamento e responder a ele rapidamente e de forma personalizada, mais sucesso e vantagem competitiva obterá. AS EMPRESAS NÃO ESTÃO PREPARADAS – As empresas não estão preparadas no que tange aos pilares de uma organização: Pessoas, Processos, Estrutura e Tecnologia. E o problema não é propriamente a coleta de dados. As empresas de médio porte já trabalham com algum sistema de coleta de dados e grande parte das pequenas também. Mas, mesmo nas grandes empresas, o problema é destinar pessoas e estrutura e criar os processos para a inteligência de negócio com base nos dados: mineração e análise, geração de ideias e implementação de estratégias e ações. O assunto não para por aqui, mas já sabemos, além do conceito, que big data sem aplicação não serve para nada. 9


FICHAS

IQUINE É A TINTA Iquine é a Tinta. Este é o slogan da nova campanha publicitária da marca, criada pela MMS Comunicação, que traz como garoto propaganda um dos atores mais queridos da televisão, o galã Reynaldo Gianecchini. A campanha faz uma divertida associação entre o nome Iquine e o sobrenome do ator: Gianecchini. A estratégia criativa da agência busca fixar mais a marca na cabeça do consumidor. A campanha está sendo veiculada na televisão, rádio, outbus e forte ação nos pontos de venda.

Agência: MMS Comunicação (PE) Cliente: Tintas Iquine Planejamento e Atendimento: Maria Eugênia e Mariana Araújo Criação: Luiz Montenegro, Fernanda Soares, Alfredo de La Torre e Carolina Paes Barretto Mídia: Leila Bandeira RTVC: Valmira Andrade e Roberta Fontes Produtor Gráfico: Alfredo Melo Aprovação: Alan Souza

TUDO AZUL “Natal tudo azul” é o tema da campanha de fim de ano do Shopping Boa Vista, que faz alusão à linha de comunicação do Shopping ao longo de 2015. O conceito representa um estado de leveza, indicando que Natal tudo azul é ganhar felicidade de presente. A criação é da agência Martpet. A campanha está presente em TV, rádio, jornal, outdoor, backbus e web, além das peças de sinalização do mall. O VT foi produzido pela Easy Filmes, produtora de Curitiba responsável por diversos filmes de campanhas nacionais e que está em sua primeira parceria com o Shopping Boa Vista. Agência: Martpet Comunicação (PE) Cliente: Shopping Boa Vista Atendimento: Themis Uehbe Diretor de Criação: Diego Curvêlo Head of Arte: Berg Carvalho Redatores: Paty dos Anjos e Diego Curvêlo Direção de Arte: Berg Carvalho e Berg Freire RTVC: Sandra Torreão Aprovação: José Luiz e Tarcia Galvão

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RIVER SHOPPING 20 ANOS É com a campanha “Natal dos 20 anos do River Shopping” que o mall festeja a melhor data do ano para o varejo. A cada R$ 250 em compras, o cliente troca por um cupom eletrônico e concorre a uma casa, que será sorteada no dia 6 de janeiro. Para divulgar a campanha, foram criadas peças para TV, rádio, jornal, outdoor e web, além das peças de sinalização do mall. Quem assina é a Criação Original. Agência: Criação Original (PE) Cliente: River Shopping Atendimento: Juarez Canejo Diretor de Criação e Produção: Tharcísio Teles Mídia: Tâmara Mendes Aprovação: Eliária Reis e Welton Carvalho

DESEJOS DE NATAL

O Natal é um período mágico no ano. E para deixar essa época ainda mais especial, o Shopping Difusora de Caruaru lança a campanha “Desejos de Natal”. O conceito é mostrar às pessoas que todos os sonhos típicos do período podem se tornar realidade. Para coroar a ação, um sorteio de três carros zero km vai animar o público a acelerar as compras de fim de ano. Para concorrer ao sorteio, basta trocar notas fiscais que totalizem R$ 150 em compras no Difusora por um cupom que, depois de preenchido, deve ser colocado na urna.

Agência: Genesis Comunicação (PE) Cliente: Shopping Difusora Atendimento: Catharinne Galvão e Cléa Barbosa Direção Geral: Hélio Charles Direção de Criação: Luiz Gonzaga Direção de Arte: Luiz Gonzaga e Júlio Carvalho Redação: Wedna Priscila Arte Final: Luciano Gonçalves Mídia: Elton Ferreira Produção Gráfica: Franciane Melo

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AGÊNCIAS INTEGRADAS

QUANDO A UNIÃO FAZ A FORÇA IVELISE BUARQUE

“O nosso negócio forma-se a partir da união de talentos e marcas consagradas. É um grupo que terá não apenas a Ampla como empresa, mas também uma série de outras operações com foco em comunicação, tecnologia e inovação”, arma Queiroz Filho, CEO do Grupo Duca 12

mais inédito como característica importante em seus processos de trabalho de criação e planejamento. E, não à toa, agregou turma muito boa no que faz e acredita para a empreitada focando na ampliação de novas oportunidades para as três operações. “Confiamos que, com a união das experiências de publicitários, designers e tecnologia, poderemos criar novos negócios inovadores de crescimento empreendedor junto a grandes marcas dos nossos clientes”, explica Queiroz. Neste processo, a Duca trabalhará com a Sodet, uma empresa de consultoria que propõe a conexão entre negócios, tecnologia e pessoas de ampla penetração em áreas como tecnologia social, design thinking, redes sociais, empreendedorismo, usabilidade e visual thinking. “A Sodet tem muito prazer de se tornar parceiro estratégico do Grupo Duca, logo no seu lançamento. Fazemos

parte da Ikewai, grupo de inovação e novos negócios, onde temos os mesmos genes do Grupo Duca. O mercado nordestino e do Espírito Santo ainda tem muito para crescer com novas oportunidades digitais criadas com esta parceria”, afirma Teco Sodré, CEO da Sodet. Responsável por estruturar e desenvolver ambientes e plataformas digitais de algumas das marcas mais conhecidas do Brasil (como FIAT, Votorantim, JEEP e Embraer), ela traz para este novo modelo a proposta de criação de parcerias estratégicas para inovar nos negócios para os clientes, sejam com startups, fomentadores da economia criativa e profissionais e empreendimentos que possam contribuir com a proposta. “Enquanto a diretoria da Duca estiver cuidando da gestão administrativa e financeira, iremos criar estratégias para negócios já existentes e ainda para novos negócios, receitas e novidades. Além das parcerias e negócios que DANIELA NADER

Inovação está definitivamente na crista da onda e, por isso, apostar nesta vertente é mais do que tendência. E este será o principal diferencial do Grupo Duca, cujo lançamento causou recente alvoroço no mercado. A holding, gerida pelo publicitário Queiroz Filho, presidente da Ampla Comunicação (PE), servirá mais do que aporte gerencial para as três operações envolvidas (a Ampla Comunicação, a BG9 e a Ampla Espírito Santo). Podemos considerar que o interessante de sua proposta é desvincular de dentro das empresas processo importantes para seus bons funcionamentos. Isso porque o processo de planejamento, prospecção e execução das atividades internas não dão mais conta da renovação tão necessária nos dias de hoje. “O nosso negócio forma-se a partir da união de talentos e marcas consagradas. É um grupo que terá não apenas a Ampla como empresa, mas também uma série de outras operações com foco em comunicação, tecnologia e inovação”, afirma Queiroz Filho, CEO do Grupo Duca. Todo o conceito do Grupo se baseia, antes de tudo, em desenvolver novo DNA nas agências que o integram: a capacidade de fechar alianças fortes e integrar o que for de


DANIELA NADER

Queiroz Filho e toda a turma Duca

prospectaremos, buscaremos inovação para proporcionar novas possibilidades para o Grupo através do Duca Innovation Labs”, diz Sodré. Com foco no aperfeiçoamento das ideias para expandir a criatividade, este laboratório tem como objetivo criar, estudar e desenvolver novas tecnologias, novos formatos e colaborações para ajudar as marcas e empresas a fazerem novos e melhores negócios em seus mercados. “O Duca Innovation Labs promoverá mudanças de comportamentos com a busca de problemas para prototipar respostas, sendo assim desenvolveremos protótipo das coisas para provocar impacto no mercado”, destaca Silvio Meira, ex-cientista Chefe do CESAR e atual sócio da Ikewai, que é uma holding na qual está inserida a Sodet. Um dos sócios e fundadores da consultoria e que também atuará como conselheiro do Duca Innovation Labs, Meira reforça que um dos seus papeis neste processo será olhar as operações com a Sodet e pensar em um problema para criar novas propostas para o desenvolvimento de

projetos, uma ideia que pode ser realizada até mesmo em colaboração com os clientes atuais e futuros com os quais as empresas atuam. “Faremos mais do que planejamentos, faremos desenho de inovação que proporcionará um hub de conexões com e para todas as operações, catando, por exemplo, dentro e fora do Porto Digital estratégias, network e sistemas para integrar a proposta da holding”, enfatiza Silvio. Queiroz Filho ocupará a presidência da Ampla Comunicação até o dia 20 de janeiro de 2016, quando a agência comemorará quatro décadas de existência. Com a investida, as agências envolvidas lideram processo de transformação no setor que enfrenta os impactos da crise nacional, mas com aposta ousada que contribuíra para injetar nova visão de trabalho. A escolha do nome partiu da ideia de que “Duca é superlativo para algo muito melhor do que bom” e, para tanto, muitos esforços serão concentrados neste novo modelo de negócios que já foi adotado e desenvolvido por outros grupos mundialmente conhecidos como o Omnicom Group, Grupo ABC, WPP

e Publicis Group. Com a meta de dobrar em cinco anos os investimentos iniciais na ordem de 300 milhões de reais em comunicação, a holding integrará um time de profissionais de peso dentro da sua sede a ser instalada no primeiro trimestre de 2016 no Riomar Trade Center, no Pina, Zona Sul do Recife. Este é o melhor sentindo de união faz a força para concretizar uma ideia. E integra a Gruponove – uma das agências mais antigas e consolidadas do mercado, com quatro décadas de presença de mercado - e a Plano B, empresa jovem e com forte atuação ao longo de 15 anos, comandada por Matheus Asfora e Toni Ferreira que foram estagiários da Ampla. E este processo de estruturação começou com uma paquera, que já rolava entre a G9 e a Plano B, e que se tornou um casamento que promete ainda dar o que falar, segundo a atual copresidente da BG9, Cecília Freitas. Ela dividirá a direção com Toni Ferreira no novo empreendimento que começou a dividir o mesmo espaço desde o dia 09 de dezembro.

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GIRO AMPRO NACIONAL COM NOVA DIRETORIA A nova diretoria da Ampro – Associação de Marketing Promocional para o biênio 2016/2017 foi em assembleia que aconteceu na sede da Entidade, em São Paulo. A partir de 2016, a Associação será liderada pela primeira vez por um chairman – Célio Ashcar Jr., sócio-diretor da Aktuellmix, ao lado do presidente – Wilson Ferreira Jr., sócio-diretor da agência Etna, que sucede quatro anos de mandato de Kito Mansano, sócio-diretor da Rock. À frente da vice-presidência nacional estará Milton Santana, sóciodiretor da A-Sim e atual presidente do Capítulo Nordeste da Ampro. Assumirão também como VPs; Ricardo Beato (Keeper), atual na área Administrativa e Financeira, Mauricio Magalhães (Tudo) para as áreas de Marketing e Comunicação; e Moises Gomes (Terruá), para Relações Governamentais. Para o Conselho Consultivo do biênio foram indicados: Bazinho Ferraz (B/ferraz), Claudio Xavier (New Style), Maria Laura Nicotero (Momentum), Paulo Focaccia (FAS Advogados) e Silvana Torres (Markup). A indicação de Milton Santana para a vice-presidência nacional foi uma das estratégias da nova diretoria para ampliar as ações da Ampro pelo Brasil. A nova diretoria assume, oficialmente, no dia 26 de janeiro de 2016. PLATAFORMA DE PROMOÇÕES A Hive, desenvolvedora de promoções, acaba de lançar o novo projeto em parceria com a P&G. O PromoTag P&G concentra todas as campanhas da marca dentro de um mesmo ambiente, facilitando todo o processo de desenvolvimento de uma nova ação promocional. Além disso, a plataforma possibilita ao usuário se cadastrar em todas as promoções possíveis, ampliando as chances de ganhar prêmios, descontos, viagens, etc. Isso garante maior engajamento entre ambas as partes, pois todas as promoções estão concentradas e de fácil acesso. O leiaute é simples e minimalista, garantindo a clareza das informações e auxiliando a navegação do usuário. O key visual continua sendo importante, porém deixa de ser elemento principal deste ambiente. REFRESCÂNCIA COM CONTEÚDO Em comemoração aos quatro anos dos portais Globo.com regionais, G1/PE e GloboEsporte.com/PE, a Reserva Comunicação de Marcio Quirino e Lucídio Leão criou campanha surpresa, junto com o marketing da Globo.com, para algumas agências do Recife, com foco em digital. A ideia foi festejar os 1460 dias dos portais de uma forma divertida, reforçando a qualidade e a credibilidade do conteúdo que só a Globo tem. Foram instalados freezers personalizados, repletos de paletas mexicanas dentro das agências e ainda câmeras GoPro para gravar a reação das pessoas. Newsletters foram enviadas antes, durante e depois da ação (servindo como uma mídia de suporte), cada uma tinha comunicação específica para cada momento. Ao final foi desenvolvido um vídeo que mostrava a reação dos publicitários ao se deparar com o freezer. Todas as peças criadas foram baseadas no mote, “Refrescância com Conteúdo”. 14


Paulo Romão

NOVA AGÊNCIA PERNAMBUCANA O mercado pernambucano ganha nova agência de publicidade: a Resultaat, que foi lançada durante jantar do grupo de empresários Lide Pernambuco. À frente da agência estão os empresários pernambucanos Yuri Romão (diretor de novos negócios), Fábio Gueiros (novos negócios e planejamento), Bruno Alcoforado (administrativo financeiro) e Marcelo Alcoforado Segundo (atendimento e planejamento). O grande diferencial da agência está na expertise acumulada dos sócios ao longo de anos de trabalho em suas áreas de origem. Aliada a isso está a ideia de trabalhar em perspectiva de plataforma colaborativa, junto com agentes criativos de todo o mundo, inclusive os do Porto Digital. A Resultaat já nasce com seu primeiro RESULTAAT: Fábio Gueiros, Yuri Romão, André Felipe cliente, a imobiliária Central de Vendas, de propriedade do Ginga, Marcelo Alcoforado Segundo e Bruno Segundo. sócio Fábio Gueiros. O nome Resultaat, que significa resultado na língua holandesa, faz homenagem ao primeiro grande empreendedor de Pernambuco, Maurício de Nassau. NOVO SLOGAN DA TAMBAÚ O slogan é uma das principais ferramentas na construção do vínculo entre marca e consumidor. Esta frase tende a ressaltar os atributos, o posicionamento ou mesmo a sua essência. Durante nove anos, a Tambaú fez questão de destacar o sabor como atributo no seu enunciado. Agora, em 2015, a empresa busca uma associação mais emocional com o seu público, com base na tendência de humanização do branding, atribuindo mais sentimentos e atitudes no posicionamento da marca. Gostoso é ser feliz é a nova promessa que a Tambaú apresenta ao seu público e ao mercado em geral. A MV2, agência de publicidade responsável pela criação da frase, foi em busca da essência da marca Tambaú e do seu posicionamento para trazer à tona esta nova promessa mais sentimental.

LEMBRANÇAS PERFUMADAS A memória despertada por uma fragrância marcante é o fio condutor da emocionante campanha de Natal de O Boticário para o fim de ano. A empresa convida a todos a se emocionarem lembrando os bons momentos vividos ao lado das pessoas queridas com a campanha “Linda para Sempre”. O filme publicitário, criado pela agência AlmapBBDO apresenta o amor de um homem idoso por sua mulher, que a enxerga sempre linda e jovem, com o mesmo encantamento de quando a viu pela primeira vez. O telespectador só descobre isso, no entanto, no fim do comercial, que brinca com a imagem da mulher ainda jovem. É o perfume usado pela sua esposa que o estimula a resgatar os bons momentos que viveram. O roteiro traz lindas imagens do Natal em família, acompanhadas por uma comovente trilha sonora.

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CAPA | PLATAFORMA DIGITAL

O FENÔMENO DA SEGUNDA TELA NO BRASIL IVELISE BUARQUE Quando a Casa dos Artistas ou o BBB surgiram, o público não tinha como interagir diretamente com os programas de forma alguma. Afinal, estamos falando do começo dos anos 2000, época que antecedia o Twitter, o Facebook e até mesmo a plataforma Android. Este sistema operacional, em especial, ampliou as potencialidades da tecnologia mobile e transformou os celulares em potentes smartphones. E nos dias de hoje encaramos nova realidade, a do second screen ou segunda tela, fenômeno influenciado especificamente pelos avanços da internet e pela expansão das redes sociais, que possibilitam comunicação efetiva com os meios de comunicação tradicional, principalmente, a TV. “O termo corresponde a uma plataforma digital como tablet ou smartphone, que interagem no mesmo momento com a TV, por exemplo, onde 16

o consumidor faz sua participação de forma online em algum programa de televisão. Essa tendência tem sido cada vez maior, no Brasil, em que mais da metade da população está usando os dispositivos para fazer duas interações ao mesmo tempo”, diz Valter Rito, sócio da Ikonos (PE). Em um mundo cada vez mais globalizado, a cena das pessoas conectadas e integradas ao sistema multiplataforma é a coisa mais comum. Esta sincronização dos dispositivos mobile com as mídias tradicionais é uma realidade tão concreta nos dias de hoje que já foi até foco de um cyber-thriller, “App” do diretor holandês Bobby Boermans, uma das primeiras produções a usar a segunda tela como referência no script e na sua exibição. O filme holandês convidava o público a baixar um aplicativo para iOS ou Andro-

id e sincronizá-lo com o que estava passando na telona. Além de permitirem que os espectadores interagissem em tempo real com o que era exibido em tela, o público poderia conferir na tela que estava em suas mãos, em vários momentos, através do aplicativo que mostrava cenas complementares às exibidas na telona. “O mundo segue uma onda, já há algum tempo, de querer participar do que acontece ao redor. Nós podemos observar isso com as mídias sociais cada vez mais moldando a forma como atuamos no dia-a-dia. A Segunda tela nada mais é do que uma extensão, adaptação de um conteúdo unilateral (como a TV e eventos ao vivo) para um conteúdo participativo, interativo, que se torna mais interessante para o público”, comenta Carlos Macêdo, engenheiro de software do C.E.S.A.R (PE).


Desenvolvimento Empresarial (PE). Como podemos observar esta é uma realidade mundial que, para o especialista, no Brasil tem apenas outra configuração até o momento, devido as nossas limitações de produção e de conexão, entre algumas outras características particulares do país. Mas, esses fatores definitivamente não comprometem o uso acirrado das novas tecnologias ou o crescimento da aplicação das multiplataformas. O que é comprovado em recente pesquisa do Conecta Brasil, plataforma web que estuda hábitos e costumes dos internautas brasileiros, que apontou que 88% dos usuários nacionais assistem TV enquanto navegam na internet. “Isso pode representar mudanças de hábitos importantes para compra e venda assim como grau de circulação de informação sobre produtos e serviços”, diz Martha Terenzzo, diretora da Inova 360º e sócia da Storytellers (SP). E, de fato, temos um cenário que interfere de forma bastante concreta no comportamento do brasileiro, seja de qualquer faixa etária e classe social, que se mantém sempre em rede. O

estudo do Conecta Brasil ainda revela que o smartphone é o dispositivo mais usado por 65% dos entrevistados, seguido pelo computador (28%) e pelo tablet (8%). E, como era de se esperar, 72% dos conectados acessam redes sociais enquanto assistem aos programas e 55% passam o tempo durante comerciais. Desta forma, vemos que o fenômeno da segunda tela é um complemento das redes sociais e da mídia televisiva, e é um recurso que não só serve como ponte entre os dois meios distintos como ainda a melhor forma de se manter ligado ao consumidor. “Dois movimentos importantes justificam o fortalecimento do fenômeno da segunda tela: (1) a massificação dos smartphones e tablets; e (2) o processo de barateamento dos custos de conexão de dados. Considerando que o Brasil é o segundo país no mundo em termos de média de horas dedicadas à TV, podemos dizer que a colisão destes movimentos trará grandes chances para a massificação do comportamento da segunda tela”, comenta Gabriel Borges, CEO da Ampfy (SP). Divulgação

Para o profissional, o Brasil é um forte candidato à expansão dessa tendência, uma vez que temos população bastante participativa quando falamos sobre meios digitais. Entretanto, a segunda tela ainda cresce de forma tímida com o investimento ainda discreto das redes de televisão do país, inclusive, levando-se em consideração que nos destacamos como a população mais engajados do mundo nessas mídias. “A chegada de uma nova mídia em cenário já midiático gera novos comportamentos de consumidores. E, com a internet, a televisão será ainda mais televisão, que já é uma paixão nacional, pois traz para a tela a interação com o público e permite ainda a circulação de conteúdos que antes ficavam apenas em uma tela e amplia a participação do público na produção”, acredita Socorro Macedo, diretora executiva da Consultoria Le Fil (PE). Para a empresária, temos novo comportamento de consumo no Brasil que antes era comum apenas às mídias impressa e eletrônica, simultaneamente e, agora, temos um novo uso nesse consumo, que cresceu definitivamente por conta desse aumento na aquisição dos smartphones e tablets com acesso à internet. “Em 2008, com a apresentação do iPhone, o conceito de smartphone ganha outra concepção, agora passa a ser possível levar toda a experiência da internet personalizada no bolso. Nesse cenário surge a noção de segunda tela, muito relacionada à interação entre o smartphone e a TV, que até então detinha lugar de destaque em qualquer casa. Em verdade, a casa era quase toda construída em torno da televisão em seu pedestal. Tal possibilidade interativa se ampliou enormemente com a construção de smartphones que permitem a experiência de internet, mesmo a baixo custo”, analisa Thiago Sarinho, professor de inovação, marketing digital e design thinking do Cedepe - Centro de Valter Rito, sócio da Ikonos (PE)

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CAPA | PROPAGANDA Reginaldo Guimarães

Carlos Macêdo, engenheiro de software do C.E.S.A.R (PE)

Baseado na complementação destas duas linguagens, fica fácil de entender como este crescimento no uso da internet móvel e dos smartphones se reflete diretamente nessa tendência, que já conta com algumas ferramentas própria como a TV Square, proposta nascida em 2013 na forma de start up. A investida, inspirada em proposta norte-americana (a rede GetGlue, que permite que os usuários façam o “check-in” em seus programas), agrega conteúdo nas redes sociais e proporciona assim nova forma de assistir televisão. Neste caso, a ideia é a da mensuração de tuítes de várias pessoas sobre o que se fala de determinado programa ou emissora de televisão, de forma automática, praticamente. “O comportamento das pessoas está fazendo com que o uso da segunda tela cresça cada dia mais. Está cada vez mais difícil achar quem assista algo em apenas um dispositivo – basta observar o Twitter enquanto assiste aquele seriado, programa de TV, novela ou aquela notícia que chama a atenção nos telejornais”, destaca especialista em marketing digital, Andreza Mendes, professora do curso de Pós Graduação em Marketing 18

e Mídias Digitais da Faculdade Estácio do Recife (PE). Para a docente, esta é uma tendência que não poderia passar por despercebido em um país conectado à mídia com maior potencial no País, numa era em que não é preciso esperar ligações telefônicas ou encontros no dia seguinte para discutir o que aconteceu na telinha no dia ou na noite anterior. Essa conversa acontece nos dias de hoje em tempo real, com pessoas de todo mundo e de forma integrada com qualquer um com interesse em expressar sua opinião. “O crescimento da segunda tela comprova o quanto os hábitos das pessoas mudaram e hoje elas estão conectadas aos seus dispositivos móveis a todo o momento. Este crescimento representa inúmeras oportunidades, tanto para os anunciantes como para as emissoras de televisão, de se aproximarem dos usuários e aproveitarem recursos em tempo real para gerar engajamento e interação”, opina Alberto Pardo, CEO da Adsmovil (SP). O presidente da empresa, líder em publicidade móvel na América Latina e no mercado hispânico nos Estados

Unidos, cita como exemplo mais recente desta integração o MasterChef Brasil, na qual a incorporação entre o conteúdo do programa e as ações em tempo real via Twitter se sobressaíram. “Os smartphones tornam a vida mais fácil. Fornecem aos usuários acesso instantâneo a uma quantidade enorme de informações, na ponta dos dedos, a qualquer hora, em qualquer lugar. Dizer que o Mundo se tornou móvel é dizer que as pessoas ficam muito mais tempo em frente a seus celulares do que a computadores ou a outros meios de comunicação. Quem diz isso não é a Adsmovil, mas os dados de mercado. Se o público está cada vez mais mobile, faz todo o sentido as marcas pensarem em Mobile First”, destaca Pardo. Ele aponta pesquisa do eMarketer que mostra estimativa de que este ano 49,1 milhões de pessoas no Brasil possuem e utilizam smartphone, pelo menos mensalmente, ou seja, 24% da população. Com os planos de dados 3G e a popularização dos smartphones cada vez mais acessíveis temos um público massificado e definitivamente conectado 24h por dia, sete dias por semana, com novos hábitos no dia a dia, que trazem maiores oportunidades para todos (agências, veículos, anunciantes e marcas). “Ao acordar, antes de tomarmos o café da manhã ou até mesmo antes de sair da cama, já estamos conectados conferindo as mídias sociais, lendo notícias, respondendo a mensagens. Quando estamos assistindo TV isso não é diferente e, ter o nosso dispositivo móvel sempre online, faz com que a interação com a web durante a experiência com outras mídias seja extremamente presente”, diz Mauro Palacios, sócio da Twist Comunicação (SP). Para o expert em marketing e publicidade, este tipo de interação é muito maior quando falamos de Brasil, uma vez que somos uma nação extremamente sociável. E toda esta caracte-


rística traz aquela percepção de que o brasileiro "nunca está sozinho" e isso gera ambiente extremamente favorável para o crescimento dessa tendência no país, de acordo com ele. E, desta forma, o fenômeno da segunda tela aliada as novas tecnologias à mão servem como um resgate da comunicação e possibilita inová-la. Com isso o cenário é prodigioso para o mercado publicitário: “Os anunciantes gastarão cerca de U$ 599.300.000 em canais de celulares no Brasil este ano, incluindo anúncios veiculados para todos os dispositivos móveis, não apenas smartphones”, complementa Alberto Pardo. O MUNDO PARALELO - A necessidade de conexão das pessoas não é uma coisa que nasceu agora, no que diz respeito aos meios tradicionais. Podemos dizer que o modelo tenha nascido desde o princípio dos padrões de comunicação de grande massa, com os programas de auditório das rádios e das TVs, ao resgatarmos a história das mídias tradicionais. Partindo-se desta perspectiva, observamos que este fenômeno da segunda tela não é coisa nova, mas que tem tido, de tempos em tempos, novas formas de se projetar junto ao público, seja na forma de

interação por telefone nas emissoras radiofônicas ou nas transmissões ao vivo dos programas televisivos, em meados do século XIX. Mas o conceito deste fenômeno remonta mesmo ao ano de 1996, quando o pesquisador e professor Scott Paul Robertson (da Universidade do Havaí, em Manoa), desenvolveu um sistema que possibilitava o uso de um dispositivo portátil (que pode ser considerado como segunda tela) para interação com uma TV, complementando o conteúdo consumido na televisão. Com as pessoas conectadas diretamente às mídias sociais, este fenômeno se intensifica cada vez mais nos dias de hoje. Twitter, Facebook e qualquer outra rede social online. “Esse (não tão novo) comportamento muda coisas importantes na comunicação. Em primeiro lugar, o feedback passa a ser imediato, em tempo real – e com isso, mais detalhado. Dá para saber que partes do programa agradou mais, as que não agradaram, o que esperam de determinado personagem ou que repercussão uma notícia teve – e esse feedback é primordial no planejamento dos próximos episódios, capítulos ou até na postura dos apresentadores. E isso é decisivo – não dá para não prestar atenção nesse feedback dos consumi-

dores”, Andreza Mendes. As redes sociais digitais se tornaram ferramentas mais do que apropriadas para contato entre as pessoas, para relacionamento com as marcas e para o processo de viralização de memes e de tantas outras propostas planejadas ou espontâneas que surgem nesses tempos globalizados. E isso representa grande, crescente e expressiva oportunidade de comunicação que impacta diretamente as mídias tradicionais e as marcas que podem usar suas possibilidades para se conectar e gerar mais interatividade com seus consumidores. “O fenômeno da segunda tela permite que as marcas integrem, ainda mais, a TV com os demais canais de comunicação. A aproximação da TV com o digital faz o resultado da junção dos dois canais ser maior do que a soma dos mesmos enquanto canais independentes. Podemos esperar maior precisão na segmentação dos investimentos e menor dispersão no uso das verbas de propaganda”, destaca Gabriel Borges. Por isso, é importante se levar em consideração que não é mais possível planejar ações sem levar em consideração os dispositivos móveis, o que traz a criatividade como principal desafio nesta era de usuários sempre conectados. “É preciso que as marcas sejam criativas e saibam identificar oportunidades de se inserir neste contexto aproveitando o conteúdo da programação dos veículos para conseguirem a atenção dos consumidores e gerar engajamento também na segunda tela. Do ponto de vista de investimentos em propaganda, nós vemos a segunda tela com muito bons olhos, pois entendemos que a publicidade mobile é um recurso que permite que as marcas realizem essa interação, com a melhor segmentação possível, otimizando os investimentos”, comenta Alberto Thiago Sarinho, professor de inovação, marketing digital e design thinking do Cedepe - Centro de Desenvolvimento Empresarial (PE) 19


CAPA | PROPAGANDA

PauloFabre

Martha Terenzzo, diretora da Inova 360º e sócia da Storytellers (SP)

Pardo. Diante de tanta conexão e integração, a nova tendência já envolve 85% das pessoas na web enquanto assistem TV, de acordo com dados do BI Inteligence, que influenciam e são influenciadas pelas informações que recebem segundo a segundo. É o tão esperado poder dos espectadores, que agora podem até escolher suas programações conforme comentários na internet com o uso, por exemplo, da TV Square, que agrega tuítes de várias pessoas que estão falando sobre um determinado programa ou emissora de televisão. “A segunda tela representa nova versão de comunicação no mundo, pois o sentido de convergência traz aos usuários experiência complementar à primeira, fazendo assim as pessoas ficarem mais envolvidas com o que estão assistindo. Isso representa novo comportamento do consumidor de mídias digitais e que as empresas agora estão enxergando outra oportunidade de atuar, reter atenção do cliente com interatividade e experiências extras buscando cada vez mais a inovação para

Socorro Macedo, diretora executiva da Consultoria Le Fil (PE) 20

superar a concorrência”, opina Valter Rito. Por isso, os investimentos nesse tipo de mídia só tende a crescer, para o executivo da Ikonos, gerando mais uma opção e oportunidade para as empresas veicularem suas propagandas. Além disso, a segunda tela proporciona uma experiência mais interativa e parti-

cipativa do telespectador até decidir o final da história do que está assistindo, ou até servindo de informação complementar para o que ele está vendo. “Essa tendência traz muitas novas e boas oportunidades e que ainda são pouco exploradas pelas marcas. Toda comunicação em mídia televisiva apresenta algum tipo de oportunidade para interação utilizando a segunda tela, mas o recurso ainda é muito pouco explorado pelos anunciantes. Um desafio é que temos muitas agências digitais atuando apenas na web e agências tradicionais atuando apenas no offline, quando essas especialidades deveriam se cruzar para gerar ações nesse sentido”, ressalta Mauro Palacios. Temos assim uma nova plataforma de comunicação que também pode potencializar tanto investimentos em campanhas publicitárias como em propagandas na TVs que apostarem nesta inovação, interligadas às redes sociais que funcionam como canais de comunicação. “A grosso modo, as ações


Alberto Pardo, CEO da Adsmovil

pensadas para a internet e redes sociais podem ser adaptadas para segunda tela numa fase inicial, por isso não deve haver problemas para criativos de propaganda. Quando realmente estiver captando grande parcela da audiência, aí sim será preciso desenvolver novas estratégias de contágio, pois as pessoas estarão mais próximas do que nunca nas empresas de conteúdo audiovisual”, acredita Carlos Macêdo. CLARO E TRANSPARENTE - Uma vez que a conversa ficou mais pessoal e direta, as marcas podem utilizar a segunda tela como recurso para iniciar, estimular e acompanhar a conversa com (e entre) o público. “Ficou mais fácil saber onde estão falando e o que estão falando – e com isso, ficou mais fácil saber com quem e como falar. É um mundo de oportunidades, basta saber aproveitar”, enfatiza Andreza Mendes. Mas, para isso é importante perceber qual dispositivo realmente atua como segunda tela, para obter resultados adequados para o que se pretende com a investida. “De todos os telespectadores que assistem TV e fazem uso do smartphone ao mesmo tempo, mais de 70% acessam temas que não tem qualquer relação com a programação da TV. Vivemos em um momento que o 'On Demand' é a bola da vez. Acabaram as brigas pelo domínio do controle remoto. Hoje, cada um possui seu dispositivo de comunicação. Ele não é mais compartilhado”, complementa Thiago Sarinho. Para o professor do Cedepe, é fundamental entender isso já que esta independência traz outro grande desafio: a dispersão de conteúdo. Com tanta informação e opções à mão, é um erro acreditar que os usuários dos smartphones estão focados em apenas uma fonte. “Assim, as ações de comunicação, o mercado de propaganda e, mesmo a programação dos veículos de mídia

tendem a construir soluções cada vez mais personalizadas, cada vez mais específicas, sob pena de ser um desperdício de tempo e dinheiro de qual as produz”, analisa. E, desta forma, temos nova realidade para as marcas que podem ser mídia e construir efetiva audiência, pela primeira vez na história. Com isso, é necessária a mudança da maneira como se encara a produção do conteúdo na indústria da mídia. As empresas, as agências e os fornecedores precisam estar antenados nesse cenário e mais preocupados com o desenvolvimento de ações personalizadas e, principalmente, relacionais, para garantir a fidelização com a marca. Isto porque as possibilidades da segunda tela são inúmeras, independente dos objetivos para cada ação e dos atores envolvidos. “Entendemos que o fenômeno da segunda tela oferece oportunidades para todos que fazem parte deste ecossistema. Os produtores de conteúdo devem pensar na programação tendo em mente as oportunidades de interação e engajamento em tempo real para tornar o expectador ainda mais fã e leal ao conteúdo; as marcas devem ser cada vez mais criativas para poder tirar proveito deste momento de convergên-

cia sejam elas patrocinadoras do conteúdo ou não”, diz Alberto Pardo. As possibilidades, segundo ele, estão para todos os players, sejam empresas de redes sociais, as agências, entre outras, que terão de desenvolver recursos mais avançados que permitam e facilitem a interação entre a primeira e a segunda tela. E, com isso, deve-se imaginar que uma campanha pode ir desde o simples oferecimento de conteúdo complementar à possibilidade de compra em lojas virtuais baseadas no conteúdo principal. “Eles têm o papel de provocar os anunciantes para desenvolver campanhas com este olhar, especialmente levando em consideração as oportunidades que a publicidade mobile oferece ao permitir uma comunicação efetiva com o público target, já que é a mídia que possui a maior gama de segmentações, ou seja, é possível atingir a pessoa certa, no momento certo e ser relevante ao levar em consideração o contexto do conteúdo que a pessoa está assistindo”, enfatiza o CEO da Adsmovil. Diante disso, as marcas não podem converter seus clientes em verdadeiros fãs apenas investindo em campanhas que atinjam milhões. As 21


CAPA | PROPAGANDA Gabriel Borges, CEO da Ampfy (SP)

ações devem ser pensadas e estudas de acordo, inclusive, com a jornada de consumo dessas pessoas. “Elas precisam estar presentes de maneira assertiva, consistente e coerente em todas as telas para que os consumidores tenham uma experiência na hora ideal (realtime), com conteúdo que ele precisa e criado para o consumo naquela tela. A compra da mídia fica ainda mais complexa, pois estamos lidando com o consumidor conectado a qualquer hora, sem tempo e em qualquer lugar e os anúncios precisam atingir e darem resultados efetivos”, ressalta Socorro Macedo. Para a diretora da Le Fil, esses dados são mais do que pertinentes para compreensão e para atender os targets para todos os agentes envolvidos, como as agências, os meios e naturalmente os clientes. “A mensuração de audiência no Brasil muda e com a internet conseguimos ter os dados mensurados de forma mais assertiva. A audiência da TV é baseada nos dados do Ibope e ela não

consegue trazer se aquela audiência é realmente efetiva e como as pessoas estão recebendo aquele conteúdo”, diz a executiva. Ela completa que o Ibope apostou em uma parceria com o Twitter para compreender melhor o impacto das mensagens e o engajamento dos telespectadores, baseadas em suas conversas sobre a TV: “Com isso, incorporou o monitoramento da reper-

cussão dos programas de TV na internet e criou o Ibope Twitter TV Ratings (ITTR), com métricas que possibilitam uma melhor compreensão dessa audiência, por exemplo. Para os veículos, são dados que podem ser tratados para qualificar os seus produtos e atender a audiência e pensar em como gerar oportunidades para o mercado da propaganda”. Desta forma, a segunda tela marca cada vez mais presença como novo canal muito forte com o consumidor para relacionamento, ao vivo e instantâneo, que tem com o seu uso a oportunidade de serem impactados por algo que possam interessar diante dos seus olhos. “No passado, ao ser impactado por algo na TV, o consumidor provavelmente só tomaria algum tipo de ação com relação ao conteúdo de uma marca no dia seguinte ou dias depois. Hoje, isso pode ser instantâneo: o target viu a roupa da protagonista, gostou e pode adquirir uma igual na hora, com apenas alguns toques no celular. Imaginem a proporção disso considerando todo o potencial de alcance da TV com a escalabilidade do ecommerce”, exemplifica Mauro Palacios. Andreza Mendes

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CONECTE-SE HTTP://EOINDUFFY.ME/EINSTEIN

WWW.LIZANELSON.COM/EMOJIIRLLOL/

Para comemorar os 100 anos da teoria da relatividade de Einstein, o animador Eoin Duffy foi convidado pelo Conselho de Ciências e Tecnologia da Inglaterra para fazer um curta em animação, cujo visual remete à estética dos games de 8 bits. O objetivo é explicar de forma descontraída e dinâmica a importância desses estudos para o mundo. A narração ficou a cargo do premiado ator David Tennant, mais conhecido pelo seu trabalho como Doctor Who, série que há 50 anos conquista fãs em todo o mundo.

A designer Liza Nelson resolveu fazer arte conceitual com os elementos mais onipresentes da vida digital: os emojis. Considerados a evolução dos emoticons, esses desenhos estão inseridos em diversas campanhas, com resultados surpreendentes. Mas Liza resolveu dar um enfoque off-line, e os rezes na forma de fotografias, recriando os desenhos com modelos e objetos da vida real. Até o momento, ela já disponibilizou 17 fotos belissimamente desenvolvidas no seu site oficial, que por sinal, tem um design clean e colorido, que vale a pena visitar.

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PANORAMA | DURACELL

PHARMAPELE SEMPRE EM BUSCA DE INOVAÇÕES POLIANA ALENCAR A Duracell é famosa pela qualidade dos seus produtos, aliados a uma longeva e criativa série de campanhas, que tem garantido um espaço especial no coração do público consumidor de pilhas do mundo inteiro. Mas com a entrada de novos aparelhos e formas de armazenamento de energia, a empresa continua no topo das pesquisas que envolvem o seu segmento. Qual o segredo? A postura dessa marca tem raízes no início de sua trajetória, nos anos 50. A fabricação de pilhas alcalinas de magnésio, que apresentavam maior durabilidade e menor tamanho, coincidiu com o

advento das câmeras fotográficas portáteis com flash, abrindo um nicho sem precedentes para a indústria. A partir dos anos 60, a marca só cresceu. A atuação da Duracell no mercado mundial sempre foi cercada de postura padrão, onde seu principal mote era o custo-benefício. A clássica campanha com o coelhinho rosa está na mente do consumidor há 33 anos. Embora seja um personagem carismático e bastante aceito pelo público infantil, as peças seguem um forte planejamento para que a fofura de seu garoto-propaganda não banalize a

abordagem ao consumidor. “A intenção de toda a comunicação de Duracell incide sempre em ressaltar a durabilidade do seu portfólio e a consequente economia que isso pode representar para o consumidor brasileiro. Duracell frequentemente desenvolve suas campanhas para adultos, que são os responsáveis pelas decisões de compra e pelo próprio manuseio do produto e aproxima o seu diálogo com o público brasileiro através da criação de campanhas digitais desenvolvidas localmente”, afirma o gerente de marketing da Duracell Brasil, Rafael Gisse. A Duracell possui histórico na seara das aquisições por outras empresas, graças à sua indiscutível liderança no mercado. Do seu nascimento na P.R. Mallory, ela já passou pela Kraft em 1980, Kohlberg Kravis Roberts em 1978, Gillette em 1996, e Procter & Gamble em 2005, quando esta adquiriu a Gillette. No ano passado, o fundo de investimentos Berkshire Hathaway anunciou a compra da Duracell por U$ 4,7 bilhões, fortalecendo-a como uma marca de consumo madura, capaz de produzir um bom fluxo de caixa. O que isso pode significar para a presença do portfolio da marca no Brasil, ainda está para ser descoberto. Em termos de ações e estratégias da marca, o mercado não deve A Duracell investe em suas campanhas brasileiras com a presença de celebridades como Sabrina Sato, Chris Flores, Ticiane Pinheiro, Daniel Zukerman, entre outros

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Rafael Gisse, gerente de marketing da Duracell Brasil

esperar nenhuma retração do coelho rosa, principalmente agora que ele faz parte do time de Warren Buffet, dono do Berkshire Hathaway, conhecido como o maior investidor de ações da história, pela postura ousada nos negócios. Entre aos ícones globais que têm o seu toque, estão a Coca-Cola, IBM, Wallmart, American Express, os grupos financeiros Wells Fargo e Goldman Sachs, além da agência de análise de riscos de crédito Moody's! “A Duracell reforça o seu compromisso em oferecer os nossos melhores produtos para o consumidor brasileiro, com as pilhas que duram até 10 vezes mais do que as pilhas comuns de zinco. Além disso, Duracell continuará investindo no mercado brasileiro após a transição da marca para a Berkshire Hathaway”, pondera Rafael Gisse. Mesmo ocupando uma boa fatia do mercado (35,4% de acordo com números de 2014), as vendas de pilhas têm o desafio atual de encarar o desuso de muitos itens que dependiam dessa fonte de energia, pelo fato de hoje termos aparelhos que suprem várias funções, como os smartphones, que hoje também são TV portáteis, rádios portáteis e mini máquinas fotográficas. Como a Duracell se prepara

para este cenário, de baterias portáteis e pilhas recarregáveis é a grande questão, que por enquanto não abala a confiança da equipe brasileira. “Nossa marca tem em seu portfolio, hoje, carregadores e pilhas recarregáveis, no entanto esse ainda é um segmento bastante pequeno no Brasil e no mundo. Ao contrário do senso comum, o mercado de pilhas no Brasil cresce ano após ano, impulsionado por aparelhos que demandam cada vez mais energia das pilhas – por exemplo, brinquedos. E é de olho nesse potencial que a Duracell investe em suas campanhas brasileiras, tanto na comunicação tradicional, quanto nos novos canais digitais. A estratégia se mostra positiva, já que a referência de produto confiável é transmitida para a nova geração numa sinergia de valores e engajamento”, comenta Rafael.

Karina Ribeiro, diretora geral da agência David

Para tanto, o braço brasileiro da Duracell contou este ano com a agência David, que desenvolveu campanha para o Dia das Crianças, com foco nas redes sociais da marca. O mote foram os brinquedos antigos que, com as novas baterias Duracell, podem voltar a alegrar as crianças,

usando a hashtag #brinqueipravaler. A cereja do bolo foi a presença de celebridades como Sabrina Sato, Chris Flores, Fernanda Rodrigues, Ticiane Pinheiro, Mama Maluf e Daniel Zukerman, que contaram histórias de seus brinquedos de infância em suas próprias redes sociais. A intenção foi aproximar consumidores e marca por meio de experiências emocionantes. “Duracell é uma marca muito forte e presente na vida (e na cabeça) dos consumidores. Nosso trabalho é criar conteúdo que engaje as pessoas de forma a manter a força da marca e trazer nossos consumidores para perto de Duracell”, avalia Karina Ribeiro, diretora geral da agência. "Num momento em que queremos trazer Duracell para mais perto do coração dos seus consumidores, é importante trabalhar com mensagens como a que trazemos nesta campanha, que remete a memórias afetivas de todos impactados pela ação. Num momento em que tudo se dá na esfera online, o que é físico ganha um valor especial, único”, conclui. Fora do Brasil, a Duracell possui série de itens que vai além das simpáticas pilhas, expandindo o conceito de durabilidade para dados, como pendrives, cartões de memória SD e Compact Flash, e ampliando a presença no segmento de energia, como baterias automobilísticas, para veículos marinhos e até geradores portáteis, entre outros. Com as mudanças constantes em termos de demandas práticas e tecnológicas, a Duracell segue no topo de seu segmento, e só o tempo dirá se ela ampliará o seu escopo no mercado brasileiro. A julgar pela sagacidade de seu novo dono, quem sabe não seremos pegos de surpresa pela marca? Quem viver, verá.

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LIVE MARKETING

O EMPODERAMENTO COMO MISSÃO IVELISE BUARQUE

GUILHERME PUFF

Somos hoje 204 milhões brasileiros de acordo com estimativas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A população feminina representa a metade e é responsável atualmente pelo sustento de 37,3% das famílias, conforme dados da última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio. Contudo, as diferenças dos gêneros são ainda latentes no que diz respeito à escolaridade, participação nas esferas políticas, empregabilidade e presença em cargos de alta gestão. Mas, criação do Comitê Women Empowerment pela Ampro (Associação de Marketing Promocional) traz à tona a importância desta questão. “A motivação principal para a criação do comitê é a convivência diária e direta com o mercado. Como presidente de agência de brand experience e

membro da Associação de Marketing Promocional (Ampro), o que vejo no dia-a-dia é que as universidades formam turmas compostas, em sua maioria, por mulheres; que a maior parte dos funcionários das agências é formada por mulheres; mas que, em posições de liderança, nós temos uma dominação masculina”, afirma Silvana Torres, sócia-diretora da Mark Up (SP) que acaba de assumir a presidência desta iniciativa, única no cenário da comunicação. Foi assim que a executiva, que é inclusive primeira mulher a ganhar o prêmio de Melhor Profissional de Marketing Promocional do Ano no Ampro Globes Awards de 2005, deu o pontapé inicial em mudança de postura do mercado quanto às profissionais das empresas associadas. “Nós demos início a um grupo de discussões interno na Mark Up para debater a temática aplicada em diferentes situações e percebemos que a questão transcendia os nossos portões. Levamos essa proposta para a Ampro para que o tema alce voos mais altos dentro da associação que nos representa para que possamos movimentar o setor em torno disso”, lembra. E agora a empresaria terá como desafios trabalhar para valorização e melhor formação desta maioria feminina que ainda não é protagonista no cenário empresarial como poderia e deveria, na maioria dos casos. E não é à toa. Para se ter ideia desta Silvana Torres, sócia-diretora da Mark Up (SP)

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discrepância, apenas oito em cada 100 profissionais de alto escalão nas empresas do Brasil são do sexo feminino, segundo relatório da FGV (Fundação Getúlio Vargas). Já pesquisa realizada pelo Sinapro-SP (Sindicato das Agências de Propaganda do Estado de São Paulo), entre maio e julho de 2014, mostrou que 74% dos dirigentes de 340 empresas entrevistadas são homens. E é dentro deste cenário que o Comitê Women Empowerment irá desenvolver ações específicas para gerar conhecimento, troca de experiências e boas práticas para as mulheres vinculadas ao setor e à entidade, que possui cerca de 400 empresas associadas e conta com representação em várias regiões (Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Norte/Nordeste). Atuando como plataforma para o crescimento e desenvolvimento profissional do gênero no mercado, manterá uma gestão própria com um Conselho Diretivo, formado por Adriana Carvalho, assessora da ONU Mulheres para os princípios de empoderamento das mulheres, e por Ana Fontes, Fundadora da Rede Mulher Empreendedora. “A escolha dessa primeira diretoria aconteceu com base nas experiências que as participantes poderiam trazer para dividir e contribuir com o nosso propósito. Nós nos mobilizamos internamente na Ampro para escolhermos pessoas que tivessem


Adriana Carvalho, assessora da ONU Mulheres

familiaridade e conhecimento do assunto, mas sem que tivessem o mesmo tipo de experiência”, ressalta. E a expertise dessas conselheiras irá com certeza consolidar a proposta lançada que pretende ser referência no trabalho de desenvolvimento e empoderamento da mulher no mercado de live marketing. O comitê já iniciou sua atuação com o aporte de um time de voluntários, em que mulheres e homens são bem vindos sem distinção e a diretoria nascerá dentre aqueles que se candidatarem à gestão após dois anos de mandato inicial. Esta é uma proposição que visa atingir ao máximo de pessoas possível e promover a igualdade de gêneros, atuando na tentativa de transformar uma cultura. Diante disso, os objetivos já estão bem traçados e envolvem mapear a participação das mulheres no mercado do live marketing e avaliar pontos de melhoria; construir repertório sobre o assunto para explorar com o mercado; estimular um ambiente favorável para o empoderamento e para a valorização da mulher no ambiente do live marketing; preparar as mulheres para a alta gestão;

desenvolver iniciativas para melhorar a equidade de gênero e estimular o crescimento profissional das mulheres e trabalhar para o aumento de número de mulheres em posições de liderança. “No primeiro mês foram realizados dois encontros: o primeiro de apresentação do comitê e da sua proposta de valor para que todas as participantes estejam alinhadas e entendam as formas de contribuição, e um segundo em que as presentes discutiram o preconceito em relação à figura da mulher como mãe, a figura da mulher como símbolo frágil, neurociência como forma de estudo para se encontrar os motivos pelos quais a mulher esta 'abandonando' as suas carreiras. Todas saímos de lá com a missão de, até o próximo encontro, buscar parcerias com universidades para a formação de líderes”, comenta Torres. Agora, o Comitê já vem realizado atividades específicas e mantém uma agenda definida até dezembro de 2016, que envolvem novas pesquisas e debates sobre temas diversos, voltado inclusive na construção de um repertório sobre esta participação das mulheres no live marketing para explorar com o mercado e preparar as profissionais para a alta gestão. “Nós atuamos com grupos temáticos, com duração inicial de três meses, podendo cada grupo estender suas discussões enquanto houver conteúdo e interesse. As divisões propostas na agenda são: RH; Atendimento; Planejamento; Criação; Produção – que remetem às áreas existentes dentro das agências de live marketing. O projeto já teve início com o grupo de RH, que é uma área

estratégica e que tem importância extrema para a propagação do tema de discussão. Além disso, é um grupo que já havia se reunido internamente na Mark Up para discutir questões do mercado de live marketing como um todo”. diz. Dentro dessa perspectiva, palestras e debates estão entre as ações a serem promovidas para contribuir para as discussões e trocas de experiências entre elas, e diversas pautas distintas entram nesta programação. Entre os temas presentes nesta agenda de integração estão introdução do tema da diversidade no live marketing, a questão da mulher dentro do assunto e a realidade atual e políticas inovadoras voltadas para a valorização da mulher, por exemplo.

Ana Fontes, Fundadora da Rede Mulher Empreendedora 27


ARQUIVO PROPEG

COMEMORAÇÃO

QUE VENHAM MAIS 50! JULIANO MENDES DA HORA A Propeg completou este ano 50 anos de atuação ininterrupta, mas em vez de simplesmente deitar sob os louros, ela se lança ao desafio de manter-se à frente do mercado pelos próximos 50. Criada em Salvador por Oswaldo Sá Meneses e seu filho Rodrigo Sá Meneses em 1965, a agência sedimentou sua trajetória como especialista no desenvolvimento de campanhas inesquecíveis para marcas nacionais, além de inovar no segmento da comunicação pública. Conforme foi crescendo, a Propeg trouxe à tona novas formas de se trabalhar o diálogo com o consumidor, e hoje faz parte da PPG, que abriga outras agências com perfis bem específicos, o que faz do grupo um dos três maiores grupos de comunicação do país. Trabalhar em comunicação num país detentor de um cenário 28

instável não é fácil, mas por outro lado, é desafiador. Graças à expertise acumulada de sua história, a Propeg detém uma grande bagagem acerca dos hábitos e desejos do público brasileiro. Para seus profissionais, as principais mudanças percebidas no consumidor ao longo das últimas décadas tornou-se mais evidente com a nova revolução eletrônica trazida pela internet. “Antes, o consumidor mudava a cada 10 anos. Hoje, com a tecnologia turbinando tudo, ele muda toda semana. Novos hábitos e atitudes brotam permanentemente, para desespero de todos nós que temos a responsabilidade em sensibilizar os mercados”, afirma o vice-presidente de Atendimento e Gestão do Grupo PPG, Vitor Barros. A Propeg está presente em Salvador (BA), Fortaleza (Ceará), São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ) e

Brasília (DF), contando com cerca de 230 funcionários. Seus clientes impressionam: Odebrecht, Oi, Correios, PDG, a construtora Queiroz Galvão, Safernet Brasil, M. Dias Branco, Ministério da Saúde, Governo do Estado de São Paulo, Governo do Distrito Federal e p Governo do Estado do Ceará estão entre os nomes que já contaram com os talentos da equipe cinquentona, com muito orgulho. As campanhas criadas também conquistaram os prêmios mais importantes da publicidade nacional de internacional, como o Profissionais do Ano da Rede Globo, os festivais de Cannes, Londres, El Ojo e Clio, por exemplo. “A Propeg se expandiu e ainda se expande comandada por oportunidades de mercado, ou para acompanhar o crescimento dos nossos clientes. Isso nos deu um


A Propeg se expandiu e ainda se expande comandada por oportunidades de mercado, ou para acompanhar o crescimento dos nossos clientes

criada em 2005 e parceira da Propeg desde 2011, focada em promoção e eventos, a Propeg deu início ao PPG, grupo com capital 100% nacional. Em seguida, vieram a Menta e iNFavela, cada uma com um foco específico. Seria essa segmentação o futuro das grandes agências de comunicação? “Acreditamos que ter focos específicos permitem que as agências consigam fazer um trabalho mais customizado para os clientes que atendem”, diz Vitor. A Menta foi criada no ano passado, para fortalecer

os laços com o mercado de São Paulo, e contou com o publicitário Flávio Casarotti na construção da iniciativa. A agência chegou num momento em que o mercado se mostrava bastante concentrado por poucos nomes, que por sua vez, tornaram-se reféns da estrutura gigantesca que adquiriram ao longo dos anos. Portanto, a Menta proporciona um ritmo de trabalho mais leve e ágil, de acordo com a necessidade do cliente.

ARQUIVO PROPEG

expertise único, o de conhecer as linguagens e símbolos dos vários 'Brasis' que estão dentro do grande Brasil, com suas caras , bocas e jeitos”, pondera Vitor, confiante num cenário onde a competitividade é o combustível de grandes ideias. E foi justamente essa avalanche de criatividade que impulsionou o lançamento de iniciativas que fariam companhia à Propeg na sua trajetória, em 2013. Com a Revolution, especializada no setor de varejo e consumo; e a incorporação da Invent,

Vitor Barros

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OLHAR ACADÊMICO

PROCESSOS CRIATIVOS E OS PARADIGMAS PUBLICITÁRIOS RODRIGO STEFANI | PROFESSOR DO DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO (UFPE) Existe um grande desafio para os próximos anos, no que confere as competências criativas que as agências de publicidade oferecem para o mercado. Parte desse desafio está intimamente ligado ao produto final que as agências historicamente sempre entregaram para seus clientes, conhecido como anúncio publicitário ou peça midiática. Há mais de cem anos as agências habituaramse a intermediar a venda de espaços na mídia e a entregar um tipo muito específico de produto publicitário. Mas agora o mercado está interessado em outras coisas, em novas competências e, consequentemente, em uma nova postura que engloba o modelo de negócio das agencias. Muito se fala em economia

criativa, produção de conteúdo, branded content, histortelyng e outras variações estratégicas que interferem diretamente com o universo criativo, onde se encontra os redatores e os diretores de arte. Esses novos componentes alteram não somente a estrutura de trabalho das agências, mas também o perfil de formação e qualificação dos profissionais que almejam ingressar nesse concorrido e contraditório mercado de trabalho. Como professor das disciplinas de Criação Publicitária da Universidade Federal de Pernambuco, me dedico a pesquisar os processos criativos e as práticas pedagógicas do ensino da criação publicitária, que se institucionalizou nos cursos de publicidade Brasil afora. As pesquisas envolvem não somente um olhar para as práticas de sala de aula, como também entender a perfomance dos criativos em suas rotinas no expediente das agencias. Esse trabalho começou em 2013 e se estenderá até 2016. Em linhas gerais, os trabalhos buscam compreender se de fato há uma ruptura no modo de ensinar criação publicitária em concernência com as mudanças radicais que marcam o mercado. Além disso, busca-se discutir se o modelo de sistematizar o processo criativo ainda é o mesmo praticado pelas agências. Juliana Petermann

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Eneus Trindade

Há muitas evidências no que foi apurado até agora, onde os processos de ensino que são praticados em diferentes escolas de publicidade no Brasil se assemelham, com poucas variações, na forma de ensinar e abordar a temática da criação. Em nossos trabalhos de campo investigamos escolas da Região Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste e o resultado das análises demonstram resultados muito similares. Da mesma forma, os processos criativos trabalhados no interior das agências também são muito parecidos, denotando um tipo de estrutura organizacional voltada para o anúncio publicitário, para o modelo convencional de peça midiática. As agências inovam pouco no quesito criação e em muitos casos é difícil diferenciar o tipo de serviços


Rodrigo Stefani, professor das disciplinas de Criação Publicitária da Universidade Federal de Pernambuco

que são oferecidos entre os escritórios de publicidade. No entanto, percebemos que há uma tensão de mudança em torno do profissional da criação e do fortalecimento dos departamentos de planejamento para que sirvam de estrutura alimentadora de insights criativos. Os diretores de criação que colaboraram com nossas pesquisas foram enfáticos em enaltecer a diferença na qualidade dos trabalhos empreendidos pela agência quando há a colaboração de uma equipe de planejamento, ou até mesmo quando outras áreas da agência se envolvem no processo. Porém, como esse processo ainda é restrito para poucos Jobs o fato novo é que exige-se uma nova competência do profissional de criação, que está em saber fazer o planejamento criativo, que na sua essência releva ser uma qualidade indicial de novo perfil de criativo, seja ele um redator ou diretor de arte deve estar apto em saber resolver problemas, pensar tecnologicamente e empreender projetos.

Para Fábio Hansen, um dos pesquisadores nesse projeto, “o modelo das agências de propaganda está se esgotando”, suas reflexões ainda apontam para uma crítica até mesmo no emprego do termo “publicidade”, que para ele deveria ser deixada de lado. Essas reflexões não são resultado exclusivamente de nossas pesquisas, o que está exposto neste texto converge com outros estudos e pesquisas já empreendidos, em diferentes trabalhos de Eneus Trindade, Vander Casaqui e Juliana Petermann e Dirceu Tavares. Referimos-nos, portanto, a muitas discussões acadêmicas que acontecem nesse sentido em muitos eventos, no Pró-Pesq PP, Intercom e tantos outros. Em verdade, sabemos que estamos em uma nova era,

reescrevendo uma história que não tem mais volta! As agências vão continuar existindo e com sua relevância, mas a publicidade está mudando, pra melhor. Precisamos entender que a comunicação tem que ser relevante, responsável, engajada e menos fútil: sinais de uma nova era. Eneus Trindade ratifica ainda que a comunicação publicitária nunca esteve tão próxima de seu real objetivo, criar vínculos, para o pesquisador “a publicidade tem que se pensar como promotora da propagabilidade, do espalhamento e criar novos pontos de contato entre marcas e os consumidores. Vivemos a era da propagabilidade algorítmica e da ideologia dos códigos e protocolos de informática que por meio de bancos de dado induzem as nossas interações”.

Fábio Hansen 31


MUNDO ONLINE | BLOG APEZINHO

PRA CHAMAR DE SEU Dicas para deixar a casa com a cara do internauta Quem nunca quis imprimir suas próprias cores, referências e estilo no lugar onde vive? A carioca Daniela Pereira, assim como milhões de brasileiros, já se pegou imaginando e fazendo planos para fazer da casa o espaço mais aconchegante e prazeroso possível. Aquele lugar para onde você vai satisfeito ao fim do dia, onde sente prazer em receber os amigos e guardar suas memórias. Foi pensando nisso, que ela fundou em 2013 o blog Apezinho. Aí muitos podem perguntar “E daí?” A ideia de Daniela se diferenciou dos demais veículos existentes na internet e na mídia tradicional justamente pelo seu foco: textos direcionados àqueles que estavam dando os primeiros passos na aquisição de um imóvel, ou aqueles que já o possuíam, mas ainda precisavam de orientação em como otimizar tempo, dinheiro e emoções na montanha-russa que é se relacionar com um outro teto que não seja a casa dos pais. Logo na descrição, Daniela diz

a que veio: “O Apezinho tem um pouco de tudo. Desde como procurar um lugar para chamar de seu até o dia-a-dia dessa nova experiência. Ele é próprio. É coletivo. Um guia para quem quer morar sozinho”. O nascimento do blog teve a participação das filhas da autora, Fernanda e Daniela, além da jornalista Josy Fischberg, o desenvolvedor Raphael Reis e a designer Bianca Rocker. Essa reunião de talentos colocou num só lugar um texto dinâmico e divertido, aliado a um design jovial e atraente, trazendo cerca de 33 mil visitantes únicos em apenas dois meses no ar. Esses números da época são impressionantes, principalmente pela ideia ter surgido num momento em que os blogs já não eram mais as estrelas da web, hoje pautada pelo diálogo constante das redes sociais. Desde então, pelo Apezinho passaram talentos de todo o país, que deram ao blog uma pluraridade tão característica do Brasil. Além das

dicas de materiais, lojas e serviços, o internauta era fisgado por textos sobre família, saúde e beleza. Até música presente na seção chamada radinho (www.apezinho.com.br/radinho), repleta de mixtapes para cada ocasião da vida diária: playlists para cozinhar, faxinar, para voltar aos anos 80... Atualmente, o blog é dividido em seis áreas (buscar, mudar, decorar, comer, manter e contar) com 32 colaboradores ajudando os internautas a deixar sua marca no lugar onde escolheram para viver. Mas o que fez Daniela decidir enveredar por uma área que todos aparentemente achavam que já tinham visto tudo, e como ela conseguiu se destacar? O estalo veio no final de 2012, enquanto ela participava de workshop com o professor da Escola de Artes Visuais do Parque Laje, Charles Watson. Através do conjunto de palestras e atividades intitulado “O Processo Criativo”, ela percebeu que as nuances que envolvem a criação de iniciativas inovadoras não se limitavam ao campo da arte. “A criatividade é interdisciplinar e pode superar as diferenças entre as linguagens”, já dizia ele, que elenca três itens indispensáveis a fim de que o novo encontre o terreno perfeito para a mágica acontecer: conhecer o que Daniela: “O Apezinho tem um pouco de tudo. Desde como procurar um lugar para chamar de seu até o dia-a-dia dessa nova experiência. Ele é próprio. É coletivo. Um guia para quem quer morar sozinho”

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Daniela se diferenciou dos demais veículos existentes na internet e na mídia tradicional justamente pelo seu foco: textos direcionados àqueles que estavam dando os primeiros passos na aquisição de um imóvel, ou aqueles que já o possuíam, mas ainda precisavam de orientação em como otimizar tempo, dinheiro e emoções na montanha-russa que é se relacionar com um outro teto que não seja a casa dos pais

veio antes e reconhecer o seu valor, espírito aventureiro para ousar e disposição para sempre olhar à frente. E assim, de um assunto aparentemente banal, o Apezinho tornou-se um dos maiores sucessos da internet brasileira. O blog desmistifica tudo aquilo envolvido na busca pelo local ideal, com a participação de gente de verdade, desde o momento em que se decide sair de casa, até relatos emocionantes sobre o final dessa jornada tão importante na vida das pessoas. O seu público é bastante fiel e cresce a cada dia, mesmo com a crise financeira que ronda o país. Daniela consegue ver uma luz no fim do túnel, ao perceber que “as pessoas vêm desenvolvendo um maior poder de barganha frente às transformações do mercado imobiliário”.

E como uma conversa puxa outra, o alcance nas redes sociais também é amplo. Até o fechamento desta edição, o Apezinho contava com 30.464 seguidores no Facebook, e mais 15 mil no Instagram. Tamanha exposição rendeu novos amigos e parceiros. Entre eles, a Cantão, conhecida do público fashion, que convidou Daniela para ser colaboradora de conteúdo no blog da marca; e o portal Personare, que incorporou o blog à sua rede de conteúdos sobre casa, saúde e alimentação. Para Daniela, o crescimento do Apezinho só foi possível porque tinha muita paixão e espontaneidade envolvida. Segundo ela, amizades e laços podem surgir de conversas sobre novas dicas de decoração, ou limpeza, ou até mesmo alguma receita

simples. Foi assim que tanta gente deixou sua marca e deixará: Ele continua de portas abertas a quem busca viver bem. Falando em abrir portas, a equipe tem planos bem audaciosos para 2016. Um livro relacionado ao Apezinho, sobre o qual Daniela não revela muito, provavelmente, para não estragar a surpresa, e uma série de vídeos com os conteúdos do blog. Os próximos passos do Apezinho se darão como sempre foram: sem pressa e com muita doçura. Daniela o criou para trocar ideias e aprender com as pessoas. O fruto desse trabalho vem naturalmente, com o reconhecimento daqueles que foram tocados e acreditam que sempre dá para melhorar o lugar em que vivemos. A começar por nós mesmos. 33


DESTAQUE | EDNEY SOUZA

HIPERATIVIDADE PARA EMPREENDER IVELISE BUARQUE Saber aproveitar as oportunidades da vida foi a grande lição que Edney Souza aprendeu com o tempo e que ajudou a moldar sua trajetória profissional. Um exemplo de empreendedorismo que explora as possibilidades da inovação desses “tempos modernos”. Este consultor de marketing (especializado em conteúdo, eventos e redes sociais) teve seu primeiro contato com a tecnologia em 1989, impactado por propaganda de cursos de computação na escola em que estudava. E isso o levou à primeira aula na área e, progressivamente, à atuação como programador. Formado em Processamento de Dados pela Universidade Mackenzie, com pósgraduação em Tecnologia da Informação Aplicada a Negócios pela Fasp (Faculdades Associadas de São Paulo), Souza trabalhou em várias organizações até iniciar sua vida de empreendedor, aos 28 anos, ao abrir sua primeira empresa. Apesar de acreditar que o empreendedorismo lhe veio tarde, esta fagulha já existia desde a infância, mesmo com a criação em uma família simples, sem contato algum com o trabalho no marketing, na tecnologia ou no empreendedorismo. “Eu estava alugando minha bicicleta para os meninos na rua e meu pai veio reclamar que eu estava 'explorando' os garotos, além de desgastar minha bicicleta acima do esperado. Naquele momento, inclusive, ele detectou que precisaríamos ir para a bicicletaria para trocar alguns raios das rodas que quebraram. O conserto custou 34

exatamente o que eu havia ganhado e meu pai perguntou se eu tinha aprendido alguma lição. Pensei comigo 'deveria ter cobrado mais, não deu nenhum lucro'”, lembra ele, que gosta de contar esta história que acredita ter lhe incentivado a empreender. Daí para frente, Edney seguiu caminho natural para se tornar empreendedor renomado e uma das maiores referências do mercado. Professor de Redes Sociais na ESPM, FGV e ComSchool, assumiu responsabilidades que têm contribuído para a formação de um cenário profícuo e expansão de um setor de peso no país, através, por exemplo, das curadorias do setor de mídias sociais da Campus Party e da Social Media Week São Paulo, que organizou em 2009 e se consolidou como um dos maiores eventos de mídias sociais da América Latina. Os rumos para empreender, a conjuntura do mercado e a visão para alcançar metas necessárias foram influenciadas em certa medida por muitos profissionais que passaram pela sua vida. “Os presidentes das últimas empresas que trabalhei como funcionário tiveram momentos que me fizeram refletir sobre meu futuro. Tive o privilégio de participar de uma reunião com Laércio Cosentino quando trabalhava na TOTVS (na época ainda era chamada de Microsiga) e vê-lo negociando foi inspirador. Na Divicom o presidente Antônio Carlos Braga um dia me perguntou se eu queria ser empreendedor ou executivo, naquela

época eu ganhava uma remuneração extra com meu site e ele havia lido sobre mim em alguns jornais”, lembra. Este último em particular foi responsável por uma mudança de perspectiva, neste caso: “Ele falou isso de coração. Não foi um papo ameaçador, mas foi algo que me 'empurrou' na direção de uma decisão. Foi quando eu larguei o emprego de gerente de sistemas para trabalhar com comunicação”. Então, em 2002, focou-se no InterNey.net, que começou como site pessoal em 1997, passando a ganhar algum dinheiro e a empreender de fato em 2004. “Eu abri empresa, comecei a emitir nota fiscal e tinha mais de uma fonte de renda. Em 1990 as pessoas nem entendiam o que você fazia quando dizia que trabalhava como programador ou com computadores. Porém muita coisa que fiz naquela época ainda é visto como inovação nos dias de hoje”, destaca. Naquela época, trabalhou em projeto que envolvia pequenos computadores portáteis (HP 100LX e HP 200LX), modem e impressora térmica, que formavam um kit para vendedores remotos de uma indústria de plásticos. Uma proposta para facilitar o trabalho no dia a dia com computador portátil que ainda hoje é tido como "inovação", segundo ele, que considera esta uma solução já ultrapassada. Pensando à frente, seu conceito do que é novo e do que pode ser criado para melhorar as perspectivas já conhecidas, e projeto


pessoal, não só conquistou reconhecimento máximo como o blog mais popular da internet brasileira (em 2006, 2007 e 2008), como deu o pontapé inicial para outra investida. Foi assim que fundou em 2006 o InterNey Blogs, primeira rede profissional de blogs do Brasil, que também se tornou referência na época, apesar do projeto ter sido descontinuado em 2013. “Eu já era programador quando acessei a internet pela primeira vez em meados de 1995, criar um site foi um ato de curiosidade para entender como era programar alguma coisa para a internet. Escrever era uma etapa necessária para ter algo publicado no site e conforme eu fui melhorando minha escrita e descobrindo truques para divulgar o site eu acabei me descobrindo um melhor profissional de marketing do que de tecnologia. Obviamente a experiência em tecnologia foi fundamental para ter destaque em marketing digital, acabou sendo um caminho natural onde pude usar minhas diferentes habilidades”, recorda. Hoje, envolvido em vários negócios (seja como conselheiro, consultor ou apoiador), ele se aproveita deste mundo de diversas oportunidades, estabelecendo cada vez mais novas metas em que possa explorar diferentes habilidades e expandir várias possibilidades. “Estar tocando diversos projetos tem LEO muita relação com NE VE S minha hiperatividade do que com o cenário atual do empreendedorismo. Quem foi multitarefa sempre fez muitas coisas simultaneamente. A exigência maior da

criatividade é para se destacar. Num mundo onde todo mundo pode vender online (e aí a internet e as mídias sociais entraram democratizando esse acesso) você perde um pouco da vantagem que tinha ao representar produto ou serviço em uma praça específica. Hoje você precisa buscar uma maneira de se destacar e com todo mundo procurando inovar a gente encontra um cenário bem mais interessante”, comenta. A democratização e as características próprias das novas tecnologias possibilitam a expansão das oportunidades de comunicação, de carreira e de empreendedorismo. São particularidade s que transformam este em cenário fértil para todos que desejam

desenvolver um negócio, agregando, inclusive, seus interesses pessoais. “O mundo hoje é digital, mais de 60% dos brasileiros já tem acesso à internet. Nos grandes centros esse número fica entre 80 e 90%, considerar o cenário digital no seu empreendimento é fundamental. A internet, os blogs e as redes sociais diminuíram a barreira de entrada de muitos negócios facilitando o acesso a comunicação e publicidade. Os ecommerces aumentaram o alcance dos negócios. Então vender um produto ou serviço é para muitas pessoas uma oportunidade que não existia antes do mundo digital”, enfatiza. Contudo, há um fator essencial que deve ser levado em consideração nesta era do empreendedorismo digital e das redes sociais online, para se aproveitar tudo que se está à mão e alcançar bons resultados. “Além de estarmos vinculados a alguma mídia também estamos produzindo conteúdo. O conteúdo das empresas não concorre mais apenas com o conteúdo de outras empresas. Você concorre com a foto do filho de alguém, com a notificação de aniversário, com o vídeo que os amigos gravaram no churrasco, com o depoimento de um casal que se formou ou com o desabafo de um amigo que perdeu um ente querido”, destaca. E, neste caso, o especialista acha fundamental que os negócios que desejam se tornar relevantes tenham isso em evidência. “As marcas precisam melhorar a qualidade da produção de conteúdo. Não dá mais pra cumprir tabela na 35


produção de conteúdo, se você não consegue fazer algo que se destaque é melhor gastar mais tempo fazendo promoção de produtos e atendendo os clientes do que produzir conteúdo que ninguém vai ler”, diz. Dentro dessa perspectiva, os processos de trabalho das empresas estão em alta, afinal, todas perceberam que o fundamental é estar no meio em que o público se encontra. E seja qual fora ferramenta escolhida, todas estão nas mídias sociais digitais. Um investimento que, apesar dos esforços, não está longe de falhas, seja no desenvolvimento do planejamento, monitoramento ou em outras etapas como até retargeting. “Ainda existem grandes agências trabalhando nas redes sociais sem planejamento, muitas fazem campanhas pontuais e essas campanhas recebem todo o cuidado necessário com o planejamento, mas raramente é feito um planejamento para definir a voz da empresa nas redes sociais. Você precisa de um projeto editorial que defina como será a produção de conteúdo nos canais que sua marca está presente. Falta não apenas monitoramento para acompanhar a repercussão do que se está fazendo, mas diagnóstico e planejamento para começar o trabalho de forma adequada”, comenta. É inevitável pensar que as estratégias relacionadas ao marketing em mídias sociais tem que priorizar as etapas essenciais do trabalho e, naturalmente, é evidente que os processos transcorrem melhor mediante os investimentos adequados, que na maioria das vezes estão concentrados nos polos mais desenvolvimentos do país. Mas, as diferenças do mercado são definitivamente menores atualmente, em virtude da redução das distancias geográficas. “Hoje em dia como a maior parte das novidades de 36

LEO NEVES

DESTAQUE | EDNEY SOUZA

mercado são divulgadas na internet e os cursos podem ser feitos à distância nós temos uma aproximação muito maior do nível do mercado em diferentes cidades brasileiras. Ainda temos uma concentração de verba e grandes clientes no Sudeste, mas não vemos mais um desnivelamento tão grande quanto no passado. Inclusive algumas empresas tem feito um movimento oposto: procurado profissionais em outras regiões do Brasil”, diz. Este é um processo natural agora que traz a possibilidade para algumas pessoas com ótima formação e experiência, em sua opinião, deixarem grandes agências no eixo Sul-Sudeste onde trabalham, para voltarem para suas cidades de origem,

muitas vezes, onde podem atender clientes à distância. “Aliás, em um mercado onde tudo pode ser feito via internet é meio estranho que as empresas ainda façam tanta questão do contato presencial. Obviamente o contato presencial é mais rico, há uma série de elementos na expressão corporal e na voz que não aparecem na comunicação escrita. Mas quando a entrega é apenas digital uma ligação de vídeo pode trazer boa parte dessa troca para o processo”, pondera. Para ele, o que limita esta tendência que vem crescendo pelo mundo são dois fatores: a banda larga disponível e a dificuldade de algumas corporações em contratar pessoas remotamente.


MARCO ANTONIO PERNA | WWW.MARCOANTONIOPERNA.COM.BR

GOLDEN SUNSET Essa é a praia de Grumari, no Rio de Janeiro. Eu havia combinado com a modelo realizar o ensaio na praia do Recreio, que fica bem perto de Grumari. Mas ao encontrá-la e percebendo o tempo nublado vimos que precisaríamos de uma praia realmente bonita e que não dependesse tanto do tempo. De comum acordo partimos para o Grumari onde realizamos o ensaio fotográfico. Já no final, notei que outro fotógrafo pediu ao casal que ele estava fotografando, que caminhassem na praia. Não perdi a oportunidade, no início desse mesmo ano eu já tinha feito fotos nesse estilo com uma dançarina do ventre, nessa mesma praia e o resultado tinha sido lindo. Assim que o casal voltou, pedi então à modelo que caminhasse perto da água. Tirei algumas fotos e em todas pude ter a mesma luz e cor, porém nesta específica, a beleza da modelo e do crepúsculo se somaram aos olhares opostos do surfista e da modelo, que pareciam ter combinado para compor essa bela imagem. CÂMERA: Canon 6D | LENTE: 28-135mm EF | ISO: 100 | ABERTURA: 5.6 | MODELO: Danielle Tranhaque

MORRE A VOZ DO BANDEIRA DOIS Conhecido por sua irreverência em narrar notícias policias, o radialista do programa Bandeira Dois, há quase 30 anos, Gino César faleceu aos 79 anos, no Recife, em novembro passado. Ele estava internado por problemas respiratórios em decorrência de doença pulmonar obstrutiva crônica – conhecida como enfisema pulmonar. Após dar entrada na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) o radialista sofreu infarto e morreu deixando vários fãs do seu trabalho no rádio. Gino César era famoso não só pela voz grave e o jeito único em abordar os fatos violentos na cidade pernambucana. Mas, pelo jeito simples e tradicional, e pelo fato de nunca ter trocado a máquina de escrever pelo computador. Além de não abrir mão do chapéu de couro, marca registrada do comunicador. Natural de Rio Formoso, na Zona da Mata Sul de Pernambuco, Joaquim José da Silva, seu nome de batismo mudou-se para Pernambuco. Em Recife começou sua jornada como taxista e motorista de uma emissora de rádio. Logo, surgiu a oportunidade de atuar como ator de radionovela e repórter policial. Atuou em várias rádios: Clube, Tamandaré, Olinda e por último na Rádio Jornal. O interesse pelo mundo da comunicação começou ainda criança e interpretou diversos personagens infantis no rádio. Já o nome do programa no qual ficou conhecido “Bandeira Dois”, surgiu por conta da enorme quantidade de assaltos a taxistas durante a madrugada, quando é cobrada a tarifa relacionada à bandeira 2. O radialista Gino César faleceu, mas para a história do rádio ele estará sempre vivo e na memória de todos os comunicadores e, sobretudo os fãs.

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NA ESTANTE

A VIDA SEM MANCHETE, de Gilmar Marcilio, Editora Belas Letras, 176 Páginas O filósofo, escritor e colunista Gilmar Marcílio faz uma reflexão sobre situações do nosso cotidiano que envolvem diversos temas, desde amizade, amor, sucesso, infância, religião, maturidade, psicologia, literatura e, claro, filosofia. Faz repensar a vida com suas reflexões que tocam o coração. Os textos convidam o leitor a descobrir uma forma diferente de pensar o cotidiano, dar nova dimensão para o momento vivido ou evocar um sentimento nostálgico.

PENSAR COM TIPOS, de Ellen Lupton, Cosac Naify, 224 páginas Ellen Lupton reúne neste livro teoria contemporânea, prática informada, prosa clara e projeto visual inteligente para quem deseja mergulhar no mundo da tipografia. A teoria é acompanhada de exemplos práticos e contextualizados, com panoramas históricos e teóricos abrangentes, que vão das origens da tradição aos impasses dos novos meios de comunicação. A obra também acompanha apêndice com dicas úteis, alertas e outras fontes, com guia de preparação, edição e revisão de textos para designers. Ideal para quem busca aprofundar seu conhecimento sobre combinação de tipos, pontuação, numerais desalinhados, versaletes, capitulares, formatos de fontes e ornamentos.

MANUAL DE PERSUASÃO DO FBI, de Jack Shafer e Marvin Karlins, Universo dos Livros, 256 páginas Durante o tempo em que trabalhou como agente para o Programa de Análise Comportamental da Divisão de Segurança Nacional do FBI, o Dr. Jack Schafer desenvolveu estratégias dinâmicas e inovadoras para entrevistar terroristas e detectar mentiras. Agora, suas táticas podem ser aplicadas no dia-a-dia, de modo a otimizar seu tempo e evitar situações desnecessárias nas relações interpessoais. Desde entender detalhes da linguagem corporal para captar o não dito, como técnicas de linguagem que tornem suas sentenças mais positivas e atraentes na hora de vender uma ideia, convencer potenciais parceiros e construir uma boa imagem profissional.

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