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Neurologia

EPILEPSIA DO LOBO TEMPORAL ASSOCIADA A ESCLEROSE HIPOCAMPAL

Denomina-se epilepsia ao distúrbio cerebral caracterizado pela predisposição persistente em gerar crises epilépticas e pelas consequências neurobiológicas, cognitivas e psicossociais desta condição.

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As epilepsias do lobo temporal, como o nome já diz, são aquelas cuja zona epileptogênica (região que gera as crises epilépticas) está localizada em estruturas do lobo temporal. A epilepsia do lobo temporal é a forma mais comum de epilepsia focal na população adulta. Quando a zona epileptogênica localiza-se na região mesial do lobo temporal, a maioria associa-se à chamada esclerose hipocampal. O hipocampo é uma estrutura que desempenha um papel importante no sistema límbico (relacionado às emoções) e na formação de novas memórias. A esclerose hipocampal é diagnosticada quando se visualiza diminuição do volume (atrofi a) do hipocampo, podendo ser acompanhada por modifi cação no formato e na sua estrutura interna, associada a aumento do sinal em sequências específi cas da ressonância magnética do encéfalo. Do ponto de vista anatomopatológico, a esclerose hipocampal é caracterizada por perda neuronal, gliose e dispersão celular.

Os pacientes com epilepsia relacionada à esclerose hipocampal apresentam crises que comumente se iniciam com uma sensação de mal-estar epigástrico

Dra. Bianca Ribeiro Morais Neurologista e Neurofi siologista CRM-MS 8427 | RQE 4690 e 4691 ascendente, algumas vezes caracterizada como dor, opressão ou frio na região do estômago ou torácica; podem ocorrer sensações como deja vu (reconhecimento e familiaridade de pessoas ou lugares desconhecidos) ou jamais vu (sensação de estranheza do lugar ou das pessoas conhecidas), medo súbito desproposital, alucinações gustatórias e olfatórias, e alterações autonômicas, como piloereção, palpitação e dilatação pupilar. Ocorre comprometimento da consciência, com graus variados de redução da reatividade e responsividade ao ambiente e aos estímulos, e podem ser observados automatismos oroalimentares e manuais. Muitas vezes, tais crises epilépticas são diagnosticadas erroneamente como outras condições, principalmente de origem psiquiátrica.

A epilepsia do lobo temporal mesial associada a esclerose hipocampal evolui frequentemente com resistência ao tratamento farmacológico, constituindo a indicação cirúrgica para epilepsia mais comum em adultos, sendo que o tratamento cirúrgico ressectivo está associado a um bom prognóstico, com controle das crises em aproximadamente 70% dos pacientes.

O diagnóstico e reconhecimento precoce da condição são primordiais para a adequada condução do tratamento.

Dr. Juvenal Rodrigo Padilha Neurologista e Neurofi siologista CRM-MS 6217 | RQE 4645 e 4733