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libras por mês — um salto nos custos que mostra o quanto a Tempest avançou desde os tempos bicudos do home office, há menos de três anos. A virada começou quando Alonso conseguiu um primeiro cliente no fim de 2012. Não era qualquer cliente: tratava-se da revista de economia e política The Economist, uma das mais conceituadas do mundo. The Economist estava às voltas com ameaças de ciberpirataria e buscava uma consultoria que a ajudasse a prever e a prevenir ataques contra seus sistemas, mas só encontrava propostas inadequadas ou “horrivelmente caras” — nas palavras de Vicky Gavin, sua chefe de segurança da informa-

A Casa Rex hoje procura clientes apenas a partir de Londres ção, ao site especializado www.computing.com.uk. Como a brasileira desconhecida e um dos nomes mais estrelados da imprensa europeia vieram a se encontrar? “Fomos a um evento, a Vicky Gavin viu que nosso nome tinha intelligence e quis saber se tínhamos intelligence mesmo”, resume Alonso. “No fim, ela decidiu que nós tínhamos e começamos a trabalhar com

eles.” Para a executiva britânica foi um achado. “A Tempest tem sido fenomenal desde o primeiro dia”, ela afirmou ao www.computing. com.uk. “O primeiro relatório que nos mandaram foi perfeito e valia tudo o que custou; ficamos impressionados em ver como tinham entendido bem o que buscávamos e como conseguiam transformar isso em um produto.” Para a Tempest, foi a chave para o mercado britânico (e além). O sucesso com o primeiro cliente levou outros grupos de mídia de primeiro plano, como a BBC — a emissora pú-

PANDORGA: SOFTWARES SOB MEDIDA Imagine um pintor que queira explicar por que colocou aquela cor naquele lugar e, assim, ajudar quem vê o quadro a apreciar melhor sua arte. Esta pessoa existe (infelizmente, por contrato, não pode ser identificada), mora em Londres e contratou uma empresa brasileira, a Pandorga, para desenhar o software adequado para seu, digamos, manual, na forma de aplicativo para smartphone e tablet: é só baixar a pintura, clicar sobre as partes que desafiam a imaginação e pronto, a explicação aparece. “Nosso trabalho é esse: desenvolver programas sob medida para empresas e pessoas”, explica o gaúcho Diego Eick Moreira, 40 anos, braço londrino da porto-alegrense Pandorga. Estabelecido há menos de três anos na capital inglesa, Moreira explica que o grosso do faturamento anual (cerca de 3 milhões de reais em 2014) ainda vem dos negócios no Brasil, mas os contratos da Inglaterra estão em alta e ele espera que este ano o país eleve de

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10% para 25% sua participação no total. A Pandorga instalou-se em Londres para isso mesmo: conseguir crescer em ritmo mais veloz. Chegou lá com muita disposição, pouco capital e o apoio decisivo do UKTI. “Meu primeiro contato com eles foi uma conversa de duas horas na escala da minha viagem de mudança para Londres, no consulado britânico em São Paulo”, conta. “No dia seguinte, quando cheguei, já havia uma pessoa à minha espera, que sabia perfeitamente das minhas necessidades e me levou logo para conhecer possíveis locais de trabalho.” Também tomou as providências para a inscrição da empresa na Câmara de Comércio de Londres, o que ampliou e facilitou contatos. A Pandorga nasceu há oito anos na incubadora de startups da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS). Hoje, tem 35 empregados e ainda funciona no parque tecnológico da universidade. Os sócios logo perceberam que, para

conquistar clientes importantes, tinham de pôr o pé numa cidade com uma forte indústria criativa, um lugar capaz de “definir tendências”. São Paulo? Nova York? “Eu tinha mais inclinação pela Europa, e meio que forcei a barra por Londres”, confessa Moreira. A chegada foi com um visto de estudante de inglês; ia ao curso parte do dia e, na outra parte, prospectava clientes. Conseguiu um, importante, e começou um período de idas e vindas constantes, até os sócios chegarem à conclusão que ele deveria se mudar de vez para Londres. Por indicação do UKTI, alugou um escritório compartilhado que custava 99 libras por mês; quando graduou para uma mesa própria, o valor subiu para 490 libras, de qualquer forma uma pechincha. Uma vez obtido o registro da empresa em Londres, conquistou o direito de permanecer lá por um ano. Logo vieram os clientes e, com eles, um benefício extra: a mudança de status para empresa internacional. “Hoje, todos os


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