Revista Ordem dos Médicos Nº144 Outubro 2013

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da assim como os médicos não tocavam nos doentes com as mãos – não sabiam abrir um abcesso, nem retirar um tumor ou colocar uma ligadura, necessitavam dos cirurgiões. No Hospital Real de Todos os Santos existiam 2 sangradores para executarem as sangrias que fossem necessárias para a cura dos doentes. Só em meados do século os cirurgiões se separam dos barbeiros, mas a atividade destes perdura até ao século XIX». É D. João V que ao ver a decadência das ciências começa por fundar bibliotecas nas Universidades para promover o ensino. Neste século o estudo da cirurgia passa a ser efetuado dentro do Hospital. Depois de incentivar o ensino prático e de convidar cirurgiões estrangeiros será o mesmo rei que irá deixar «confusão e ruína nas ciências, nomeadamente na medicina», referiu Fortuna de Campos, explicando que, por exemplo, é D. João V que «intima o Hospital de Todos os Santos a suspender as disseções de cadáveres. O orador explicou ainda o período áureo da Universidade e da Faculdade de Medicina que se seguiu à reforma pombalina com o estabelecimento de «estatutos que ordenavam que se ensinasse anatomia e cirurgia e se fizessem demonstrações, sendo a prática da medicina feita no Hospital». Uma referência especial a Ribeiro Sanches e à reforma do ensino universitário por si proposta e que mudou o ensino da medicina. O orador fez referência a várias obras de sua autoria, nomeadamente um ‘Tratado da conservação da

saúde dos povos’, o livro ‘Método para aprender e estudar Medicina’ e ainda um ‘Projeto de instruções para um professor de Cirurgia’. «O cancro da mama pode ser considerada a doença mais velha da história, mas durante muitos séculos quase nada se escreveu sobre ela. Hipócrates reconhecia que o cancro da mama tinha mau prognóstico e dizia que por isso os doentes não beneficiavam com a cirurgia. Para a sobrevivência era invocada a Ajuda de Deus. A teoria humoral de Galeno predominou durante vários séculos, mas teve sempre uma abordagem pela cirurgia, principalmente para os tumores pequenos. A Mastectomia apareceu como técnica aconselhada no século XVI. Em Portugal a cirurgia teve sempre lugar preponderante, fundamentalmente no século XVIII. Ainda hoje a arte de curar pelas mãos ocupa o 1º lugar na proposta de tratamento apesar dos inúmeros avanços da ciência», conclui Fortuna de Campos referindo que esta doença continua a ter uma carga psicológica

grande e que «todos temos que nos envolver para ajudar a mulher na luta contra esta doença». Foi feita uma biografia de muitos outros cirurgiões portugueses destes dois séculos. O resumo alargado da apresentação pode ser encontrado no site nacional na área de história da medicina

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