Novo Rural Abr.2017

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R E V I S TA

NOVO INFORMA | ORIENTA | INSPIRA

GRACIELI VERDE

Ano 1 - Edição 6 - Abril de 2017

APICULTURA

Nonoai se destaca com a produção de mel

SOJA

Inicia a colheita nos municípios da região

BEM-ESTAR

Depressão também é drama vivido no meio rural

PRODUTOR RURAL CADA VEZ MAIS CONECTADO A tecnologia contribui tanto para facilitar a comunicação no campo, com o acesso à internet, como para a busca por melhores resultados nos negócios

Revista Novo Rural - Abril de 2017

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Carta ao leitor

N

este mês de abril comemoramos os primeiros seis meses da revista Novo Rural, período de muito trabalho e aprendizado. Nesta edição comemorativa abordamos mais uma novidade. Do preparo da terra a colheita, os drones sobrevoam o campo, esmiúçam cada hectare, fornecendo informações detalhadas que serão estratégicas para o produtor fazer a gestão da lavoura. Mas não são apenas estas pequenas naves não pilotadas que representam as novidades que vieram contribuir para a redução da penosidade do trabalho, melhora da produtividade e a qualidade da produção e também para reduzir custos. A tecnologia tem provocado verdadeira revolução nas propriedades rurais, com inovações nas mais diversas frentes. Efeito semelhante o acesso a internet tem proporcionado à rotina de vida e de trabalho das famílias rurais. E a Novo Rural tem o compromisso de apresentar estas inovações para nossos leitores, dentro do propósito

Nesta edição 6 A Campo

de ser disseminadora de boas práticas. Mas não é só a tecnologia que tem espaço garantido em quase todas as edições nestes seis meses de circulação da Revista Novo Rural. O turismo rural, uma excelente fonte de renda que muitas propriedades poderiam aderir, novamente é pauta de reportagem. A jornalista Gracieli Verde relata uma das atrações do roteiro turístico Nostra Terra, de Constantina, onde a terapeuta Rosaura Berti e o esposo, Altemir, diversificam a tradicional proposta de atrativos e recebem os visitantes com uma experiência voltada a saúde e ao bemestar. Até um espaço para a prática de ioga é disponibilizado para os visitantes. Inovação, tecnologia, criatividade. Cada vez mais essas palavras farão parte do cotidiano nas famílias rurais e possibilitarão uma vida com mais saúde e prosperidade para todos. Uma excelente leitura!

A soja e o amendoim começam a ser colhidos na região. Clima favoreceu ambas as culturas. Confira também cuidados com o solo neste manejo pós-colheita, além de informações sobre georreferenciamento e acesso a crédito. Veja também como produtores da região estão tendo acesso a tecnologias e à internet.

A cultura do morango vem ganhando espaço em Gramado dos Loureiros. Veja como famílias têm motivos a mais para investir no meio rural.

26 Ações que Inspiram

Patrícia Cerutti | Diretora

Nonoai se consolida como importante produtor de mel na região. Veja como esta cadeia produtiva se estruturou nas últimas décadas. Leia também dicas de um consultor sobre a importância de priorizar investimentos de forma racional na atividade de leite.

Mercado

Expodireto Cotrijal também teve a presença de empresários da região.

Gracieli Verde

R E V I S TA

NOVO

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Fone: (55) 3744-3040 Endereço: Rua Getúlio Vargas, 201 - B. Ipiranga Frederico Westphalen/RS

Revista Novo Rural - Abril de 2017

Já pensou fazer ioga em um espaço aberto no interior? Em Constantina o roteiro turístico rural proporciona experiências como esta.

32 Espaço da Mulher

Veja o que movimentou a região em função do Dia Internacional da Mulher.

COMENTÁRIOS Reportagem de capa

Na reportagem “De primogênita a parceira de negócios”, na edição de março (número 5), na legenda da foto principal, nomeamos de fora equivocada o sobrinho da entrevistada Mônica Binsfeld, que se chama Gustavo, e não Eduardo.

“Parabéns pelas excelentes informações”

Armindo Luiz Perotti, via Facebook

Diretora

Reportagem

Consultora de vendas

Patricia Cerutti

Débora Theobald

Ivone Kempka

Coordenador financeiro

Revisão

Coordenador de diagramação e publicidade

Suseli Cristo

“Este material servirá de incentivo para os jovens que possuem origem no meio rural, a fim de que busquem qualificação e, desta forma, deem prosseguimento ao trabalho nas propriedades rurais da região”

Mônica Binsfeld, via correspondência

Consultoria de conteúdo e logística de distribuição

Fábio Rehbein

Eduardo Cerutti A revista Novo Rural é uma iniciativa da Editora Jornal O Alto Uruguai Ltda.

28 Turismo rural

Depressão também é drama para famílias do campo. Veja dicas de um psicólogo para superar a doença.

Cooperativas da região se destacam em mais uma edição da Expodireto Cotrijal, em Não-Me-Toque. Leia também uma entrevista com a coordenadora da Unidade de Cooperativismo da Emater na região, Marcia Faccin.

ERRAMOS

Agroindústrias familiares são uma possibilidade para famílias desenvolverem o lado empreendedor no campo. Emater/RS-Ascar também presta assessoramento nesta área.

30 Bem-Estar

20 Intercooperando

Na reportagem “Regular para não desperdiçar”, na edição de março (número 5) foi citado que a a perda de colheita aceitável fica na casa de 1,8 a 2 sacas por hectare. O correto é de 0,8 a no máximo 1,2 sacas.

O suinocultor Valdecir Folador foi reconduzido ao cargo de presidente da Associação dos Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul. Ele é o entrevistado especial desta edição.

24 Dentro da Porteira

16 Criação

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Regulagem de colheitadeiras

22 Entrevista

Editora-chefe

Coordenadora comercial

Gracieli Verde

Kari Spada

Diagramação e publicidade

Karen Kunichiro e Leonardo Bueno

Revista Novo Rural

@novorural

Circulação

Mensal

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10 mil exemplares

55 99624-3768

ABRANGÊNCIA: Alpestre, Ametista do Sul, Barra Funda, Boa Vista das Missões, Caiçara, Cerro Grande, Chapada, Constantina, Cristal do Sul, Dois Irmãos das Missões, Engenho Velho, Erval Seco, Frederico Westphalen, Gramado dos Loureiros, Iraí, Jaboticaba, Lajeado Do Bugre, Liberato Salzano, Nonoai, Nova Boa Vista, Novo Barreiro, Novo Tiradentes, Novo Xingu, Palmeira das Missões, Palmitinho, Pinhal, Pinheirinho do Vale, Planalto, Rio dos Índios, Rodeio Bonito, Ronda Alta, Rondinha, Sagrada Família, São José das Missões, São Pedro das Missões, Sarandi, Seberi, Taquaruçu do Sul, Três Palmeiras, Trindade do Sul, Vicente Dutra e Vista Alegre.


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Revista Novo Rural - Abril de 2017

Em Destaque

Filantropia é garantida para a Emater/RS-Ascar

Daiane Binello/Arquivo Jornal AU

Francisco Frizzo gerencia o Escritório Regional em FW

assentados da reforma agrária, quilombolas, indígenas e pescadores artesanais, atendidos pelas equipes municipais. Continuaremos desenvolvendo o nosso trabalho de inclusão social e produtiva das famílias, de defesa e garantia dos direitos, através da melhoria das condições de trabalho e de ações socioambientais”, garante. Uma solenidade realizada no dia 30 de março marcou a renovação do certificado, em Porto Alegre. O agricultor Antônio Carlotto, de São José do Sul, contou parte de sua história, representando os públicos assistidos pela Emater/RS. Ele vive com a esposa em uma propriedade de quatro hectares e trabalhava como diarista, mas tinha um sonho de ter uma profissão. Hoje, além de cultivar morangos em estufa, produz outros 25 itens orgânicos, vendidos para a merenda escolar e em uma feira orgânica de Porto Alegre.

partir das 8 horas. A anfitrião do encontro será a Cooperativa Extremo Norte. Além de assuntos pertinentes para o setor, o encontro também servirá para eleger e dar posse a nova diretoria do fórum. Hoje quem preside o fórum é Wagner Bohn, da Cooper Extremo Norte.

Confira a programação e agende-se! • 8 horas: recepção; • 8h30min: abertura; • 9 horas: história dos 10 anos da Cooperativa Extremo Norte; • 9h30min: apresentação da proposta do seminário unificado em comemoração ao Dia Internacional do Cooperativismo; • 10 horas: planejamento das ações coletivas sobre o seminário e ações

individuais; • 10h30min: apresentação da proposta de formação e capacitação para os gestores das cooperativas; • 10h45min: apresentação de sugestões de visitas técnicas a serem realizadas durante o ano; • 11 horas: eleição e posse da nova diretoria, seguida de assuntos gerais e almoço

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Sicredi esteve presente na 18ª edição da Expodireto Cotrijal, em março, na cidade de Não-Me-Toque. A feira internacional possibilitou ao sistema de crédito fechar 1.243 protocolos de crédito, gerando um montante de R$ 157,49 milhões no total, superando a expectativa projetada. Já a Sicredi Alto Uruguai RS/SC, através da participação e busca de crédito de seus associados, destacou-se como a primeira cooperativa em quantidade de protocolos realizados, com 162 pedidos no total, e também no volume de valores,

que corresponderam a R$ 26,9 milhões. Os negócios fechados durante a Expodireto 2017 superaram as expectativas, principalmente da cooperativa. “Enquanto cooperativa, ficamos felizes com os nossos resultados e de todo sistema Sicredi, pois isso demonstra o nosso apoio no desenvolvimento dos associados, ao garantir recursos e na prestação de assessoria necessária para que possam realizar os seus investimentos e fortalecer as suas atividades”, assinala o diretor-executivo da Sicredi Alto Uruguai RS/SC, Jaques Samuel dos Santos.

De olho na Previdência Privada

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s mudanças sugeridas pelo governo federal colocam a Previdência Social novamente em evidência. Entre os possíveis pontos de alteração, estão o tempo necessário de 49 anos de contribuição para receber a aposentadoria integral e a idade mínima de aposentadoria subindo para 65 anos. Muitos brasileiros já fizeram as contas da aposentadoria pelo Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) e começaram a pensar em alternativas para o futuro e entre as mais procuradas está a previdência privada. Para quem pretende optar pela previdência privada, as modalidades mais conhecidas são o PGBL e o VGBL. A primeira é recomendada para quem faz a declaração completa do Imposto de Renda (IR), pois possibilita que até 12% da renda tributável possa ser deduzida da base de cálculo do IR. Já o VGBL oferece a vantagem de, no momento do resgate, ter a tributação somente sobre a rentabilidade. Os planos de previdência privada atendem aos mais diversos perfis de investidor, desde o conservador ao mais arrojado. Além disso, é possível aderir à previdência privada em qualquer faixa etária. Porém, quanto mais cedo iniciar esse planejamento, menor será o esforço necessário para acumular uma reserva suficiente para suprir as necessidades

Divulgação

Alto Uruguai e do Rio da Várzea está agendado para o dia 11 deste mês. Nesta data haverá a 16ª edição do encontro realizado pelo fórum, em Alpestre, na Casa Familiar Rural, a

Atendimento direto aos associados também se deu durante a feira

Clair Kuhn, presidente da Emater/RS

Alpestre sedia 16º Fórum Regional do Cooperativismo ais um momento considerado M importante para o Fórum Regional do Cooperativismo do Médio

Sicredi Alto Uruguai RS/SC atende clientes na Expodireto Cotrijal Divulgação

Gracieli Verde/Arquivo Jornal AU

A

última semana de março foi especial para a Emater/RS-Ascar. Isso porque por meio de uma nota técnica o Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário (MDSA) reconheceu as atividades e serviços executados por entidades beneficentes de assistência social com atuação no meio rural pelo Sistema Único de Assistência Social (Suas), regularizando a certificação das entidades que atendem a população destas áreas. O novo entendimento viabilizou a renovação do Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social (Cebas/Filantropia) da Ascar-Emater/RS. “Quem vive no campo possui características distintas da população urbana, requerendo políticas públicas igualmente díspares. Depois de décadas de postulações da população, sobretudo do Rio Grande do Sul, finalmente o MDSA concede atenção a quem vive e produz no meio rural”, disse o presidente da Emater/RS e superintendente-geral da Ascar, Clair Kuhn. Para o gerente do Escritório Regional da Emater/RS-Ascar de Frederico Westphalen, Francisco Frizzo, com a renovação o governo assegura o acesso das famílias rurais às políticas públicas de forma planejada, gratuita e continuada. “A certificação é um novo fôlego aos extensionistas do campo que estão prestando assistência técnica para desenvolver o meio rural de forma sustentável”, destaca. Ele define ainda que essa foi uma vitória não apenas da Ascar-Emater/RS, mas também das mais de 222 mil famílias assessoradas pela instituição nos 494 municípios gaúchos. “Apenas na nossa região são mais de 35 mil famílias de agricultores familiares,

no futuro. O Sicredi oferece planos de previdência privada com o valor mínimo de contribuição mensal de R$ 50. E os associados estão cada vez mais atentos a esta solução: no Sicredi, em 2016, a adesão aos planos de previdência privada cresceu 32%, superando a já expressiva marca de 2015 (29%). Considere um plano de previdência privada que não vá pesar no seu bolso e faça aportes regulares. Daqui alguns anos, você irá se agradecer pela renda que conquistou para aproveitar, merecidamente, a terceira idade.


Gracieli Verde

Em Destaque

Taquaruçu do Sul sedia 11ª Feira do Peixe neste mês Pelo 11º ano a cidade de Taquaruçu do Sul vivencia neste mês a Feira do Peixe, Comércio, Agropecuária e Agroindústria, entre os dias 9 e 12, na Praça Monsenhor Albino Ângelo Buzato, com acesso gratuito. Conforme a programação, a abertura oficial do evento está marcada para as 9h30min do dia 9, com apresentação do coral da URI de Frederico Westphalen. Na mesma data, às 14 horas, haverá apresentação da Banda Marcial de Palmitinho. Durante todas as noites haverá apresentações musicais na praça. Na fanpage da Revista Novo Rural no Facebook você confere a programação completa. Além dessa programação que proporciona entretenimento aos visitantes, também haverá a comercialização de peixe vivo durante todos os dias da feira, até as 19 horas, peixe congelado e filé, bem como exposição de potencialidades locais, como artesanato e itens do comércio, agropecuária e

Entre os expositores do pavilhão também esteve o Sucos Tolotti, de Barra Funda

Região também conquista público no Pavilhão da Agricultura Familiar dos, panificados, artesanato, flores, doces e conservas. “Participamos há cinco anos e é sempre bom estar em contato com os clientes”, comenta Salete Romitti, que representou a Associação de Artesãs de Taquaruçu do Sul. Para Ademir Magalski, de Frederico Westphalen, esta foi uma oportunidade para fazer contatos para outros negócios também. Ele expôs e comercializou conservas e doces da marca Magalski. A movimentação foi intensa e a venda de produtos satisfatória.

Programação paralela

No dia 10, às 14 horas, os visitantes poderão participar de uma palestra sobre meio ambiente e a bovinocultura de leite, no Centro Municipal da Agricultura, com a engenheira ambiental Maikielli Zulpo. No dia 11, às 9h30min, a palestra será sobre Previdência Social, no mesmo local. Mais uma vez a Feira do Peixe contará com a realização da 15ª Mostra da Terneira, com o desfile e julgamento dos animais às 14h30min do dia 11. Para o dia 12 a palestra programada será sobre meio ambiente e suinocultura, com Luísa Falkenberg, que é especialista em Direito Ambiental Nacional e Internacional. A realização da Feira do Peixe é da prefeitura, Câmara de Vereadores, Rádio Taquaruçu, CERC Botafogo, Aproltasul, CTG Porteira Aberta, Emater/RS-Ascar e governo do Estado. Daiane Binello/Arquivo Jornal AU

Além de toda a tecnologia e novidades para a agricultura, a Expodireto Cotrijal não deixou de lado na edição deste ano a valorização dos produtos oriundos de agroindústrias e agricultores familiares. Mais uma vez o pavilhão teve destaque durante o evento, com grande movimentação e comercialização de produtos. Foram 182 expositores de todo o Estado, inclusive da região. Neste ano o pavilhão completou 10 anos na feira. Entre os itens que estavam sendo comercializados havia sucos, embuti-

das agroindústrias locais.

Rede de energias renováveis será implantada no Sul sistência Técnica e Extensão Rural (Anater), a Itaipu e outros parceiros pretendem desenvolver em uma plataforma da FAO projetos de formação de pessoas para o uso de energias renováveis e também unidades de demonstração. Será uma rede de fortalecimento e expansão da produção e uso do biogás e biometano. Itaipu e o Centro Internacional de Energias Renováveis (CIBiogás) são pioneiros na discussão e implantação de programas no segmento a partir de dejetos animais e resíduos agroindustriais. A rede também vai promover eventos sobre o tema para as empresas de extensão rural e cooperativas agropecuárias.

4º Fórum Itinerante do Leite ocorre em abril Está agendado para o dia 26 de abril o 4º Fórum Itinerante do Leite, em Palmeira das Missões. O evento acontecerá na Escola Estadual Técnica Celeste Gobbato e deve contar com a presença de técnicos da área, além de produtores de leite. Conforme o professor João Pedro Velho, da UFSM – Campus Palmeira das Missões, que coordena a comissão organizadora, a previsão é que o evento inicie às 9 horas. Pela manhã haverá uma série de palestras e à tarde serão realizadas diversas oficinas, com previsão de encerramento entre as 16 horas e 17 horas. O fórum é organizado pelo Sindilat e por diversas entidades, entre elas a UFSM, Emater/RS, Seapi, entre outras.

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Reduzido o ICMS da suinocultura Os suinocultores gaúchos conseguiram uma vitória no fim de março. Com a pressão feita pela Acsurs e Fetag-RS, o governo do Estado decidiu retomar a alíquota de 6% para o ICMS referente a saída entre estados de suínos vivos. Neste ano, a alíquota que estava sendo cobrada era de 12%, o que acarretava em perda de competitividade, segundo os suinocultores.

Venda de peixe vivo ocorrerá durante todos os dias da feira, até as 19 horas

Livro traz dados de pesquisa sobre agricultura de precisão Após vários anos de pesquisa na área de agricultura de precisão, um grupo de professores da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) lançou, durante a Expodireto Cotrijal, um livro sobre o assunto. A obra “Agricultura de Precisão no Rio Grande do Sul” agora também faz parte da lista de referência sobre o tema. O livro tem como organizadores os professores Antonio Luis Santi, Enio Giotto, Elódio Sebem e Telmo Jorge Carneiro Amado, todos da UFSM. Santi ministra aulas no curso de Agronomia da UFSM, campus de Frederico Westphalen. Em 13 capítulos, são abordados diversos assuntos relacionados ao tema principal, como amostragem de solo, mapeamento de produtividade de grãos, aplicação de nitrogênio, levantamento de plantas daninhas, manejo de precisão, além do uso de aeronaves remotamente pilotadas na agricultura. O livro está senProfessor-doutor Antônio Santi ministra do distribuído de forma gratuita, uma vez aulas no campus da UFSM em FW que foi financiado via governo federal.

Gracieli Verde

Uma rede de energias renováveis com foco no fortalecimento, troca de informações e expansão do setor deve envolver secretarias de agricultura dos Estados do Sul, Itaipu Binacional e Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). Para isso, também deverá ser feita uma parceria com integrantes estratégicos do segmento de energias renováveis, como cooperativas, agricultores, federações de agricultores, universidades, institutos de pesquisas, instituições públicas e privadas do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Junto com a Agência Nacional de As-


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Estação de Permacultura completa dois anos e reconhece parceiros Adriano Dal Chiavon

Nova Boa Vista destaca a produção de leite A propriedade da família Furini, localizada no interior de Nova Boa Vista, é destaque na atividade leiteira no município. Na metade de março o casal Flávio e Suzete Furini recebeu mais de 100 produtores e estudantes para uma tarde de campo, com foco na atividade leiteira e na qualidade de vida da família rural. O evento foi organizado pela Emater/RS-Ascar e prefeitura. Entre os assuntos que tiveram destaque durante a programação esteve a implantação de sistemas de irrigação em pastagens, variedades de pastagem e gestão da propriedade e da atividade leiteira. Marcela Buzatto/Emater/Divulgação

A Estação de Permacultura Marcos Ninguém comemorou o segundo aniversário de existência na Vila Dom José, no interior de Alpestre. Um jantar alusivo à data foi servido no dia 18 de março, com a presença de mais de 100 pessoas. O momento foi coordenado por Neimar Marcos da Silva, conhecido como Marcos Ninguém, e Clairton da Silva, conhecido como Jappa – fundadores da Eco Vila Dom José e do projeto de Permacultura na comunidade alpestrense. A noite foi marcada por um jantar vegetariano e pela entrega do certificado “Cidadão Sustentável”, em reconhecimento a pessoas, entidades, instituições e empresas que apoiam o projeto, realizado no interior de Alpestre. Mais de 20 certificados foram distribuídos. Entre os homenageados esteve o prefeito de Alpestre, Alfredo de Moura e Silva, o presidente da Sicredi Alto Uruguai RS/ SC, Eugenio Poltronieri, o presidente da Creluz, Elemar Batisti, bem como demais parceiros e veículos de comunicação da região, entre eles o jornal O Alto Uruguai. Um dos pontos comemorados na oportunidade foi o resultado alcançado na comercialização do tabaco orgâ-

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nico e na confecção do selo do produto. “Produzimos tabaco orgânico, que totalizou um montante de R$ 200 mil na sua comercialização. Tudo isso movimentado com notas fiscais, o que também gerou receita ao município. O nosso tabaco já está sendo vendido no Brasil e começa a ser exportado aos EUA e para a Austrália. Além disso, temos muito que agradecer a todos os parceiros na confecção do selo que leva o nome da Vila Dom José e de Alpestre para o mundo”, destacou um dos fundadores da Estação, Marcos Ninguém.

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Soja deve compensar no bolso, apesar de preço baixo Safra 2016/2017 é marcada por menor incidência de doenças e clima favorável na maioria dos 380.982 hectares cultivados na região

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Clima foi favorável para o bom desenvolvimento da cultura na maior parte da região

Gracieli Verde

A Campo


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Gracieli Verde

revistanovorural@oaltouruguai.com.br

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s últimos dias de março foram de intenso trabalho para quem tinha soja na lavoura. Na região, com a maior parte das áreas prontas para serem colhidas, o clima favoreceu a colheita. “O produtor está conseguindo trabalhar muito bem durante o dia todo”, dizia o consultor Rogério Wollmann, que percorre dezenas de municípios no seu trabalho de consultoria, no dia 27 de março. Conforme dados da Emater/RS-Ascar, são 380.982 hectares cultivados com a soja nesta safra 2016/2017, nos 42 municípios que abrangem os Coredes Médio Alto Uruguai e Rio da Várzea. Somente Palmeira das Missões conta com 81.972 hectares desta fatia, com a maior área da região destinada para o grão. Em seguida estão os municípios de Chapada, com 39 mil hectares, e Ronda Alta, com 22,6 mil hectares. No Rio Grande do Sul, a safra de verão 2016/2017 deverá alcançar uma produção de 30,86 milhões de toneladas, causando um impacto econômico no valor bruto superior a R$ 29 bilhões. De soja são 5,499 milhões de hectares cultivados no Estado, com uma projeção de 16,762 milhões de toneladas, e uma produtividade média de 50,8 sacas/ha, segundo dados da Emater/RS-Ascar. Em Palmeira das Missões, mesmo que as lavouras colhidas até o momento sejam de variedades mais precoces, que normalmente têm um menor potencial, a produtividade tem alcançado facilmente 60 sacas por hectare, segundo análise do engenheiro-agrônomo do escritório municipal da Emater/RS, Felipe Lorensini. – O clima possibilitou um ótimo desenvolvimen-

to da cultura. A pressão de doenças foi inferior ao ano passado, em especial com relação à ferrugem. Não tivemos grandes problemas em manter as pragas abaixo do nível de dano econômico – explica. Outro detalhe é que mesmo que a produtividade média possa ficar na casa dos 65 sacas/ha, há lavouras que deverão chegar nas 80/90 sacas/hectare, o que é considerado extremamente positivo. Este cenário de boa produtividade é mostrada também pelo produtor Leandro de Magalhães Vieira, da linha Arame Cortado, em Palmeira das Missões. Metade dos 325 hectares de soja estão colhidos e a média tem ficado em 70 sacas/hectare, por enquanto maior do que a média da safra passada, que foi de 64 sacas/ha. Qual o motivo desse avanço na produtividade? “Penso que foi clima. Apenas sentimos um pouco uma falta de chuva em dezembro, mas no restante o clima foi bom”, conta o produtor. A mesma análise de menor presença de doenças devido às condições meteorológicas favoráveis é feita pela agrônoma Joana Hanauer, da Emater/RS-Ascar de Chapada. “Por isso, estamos com a expectativa de que a safra deste ano supere um pouco a do ano passado. Além disso, a lavouras têm sido monitoradas com bastante atenção quanto as pragas também. No ano passado, produtividade média ficou em 63 sacas/ha e neste ciclo ano a expectativa é de 65 sacas/ha”, cita. No terceiro município maior produtor de soja da região, Ronda Alta, desde fevereiro a expectativa de produtividade está aumentando. “Acreditamos que a média vai ficar em torno de 58 sacas/ ha ou até um pouco mais. Esta também poderá ser uma das maiores safras de soja do município”, destaca o agrônomo Douglas Campigotto, da Emater/RS-Ascar local.

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Tem produtor batendo recorde A produção de soja, a considerada mais importante entre os grãos produzidos no Estado, foi favorecida na maior parte da região nesta safra 2016/2017 pelo clima. Mas, em algumas áreas mais isoladas, como em Boa Vista das Missões, houve lavouras com perdas por causa de períodos sem chuva durante o ciclo. “Tem produtor colhendo entre 47 e 55 sacas/ha, mas há também quem vai fechar com média de 65 sacas/ha para cima”, comenta o técnico agrícola Rogério Wollmann. Por outro lado, tem produtores batendo recorde em relação a safras anteriores, chegando na casa das 80 sacas/ha, o que mostra que há um nível de tecnologia mais alto sendo empregado em lavouras pela região afora, segundo Wollmann.

Preço abaixo da expectativa Um processo natural é que os preços pagos ao produtor em uma safra, especialmente quando estes são bons, repercutem na próxima na expectativa dos sojicultores. Com patamares que chegaram até a R$ 90 na safra 2015/2016, hoje os preços são considerados baixos. A análise é do presidente da Cotrifed, Elio Pacheco. Na última semana de março, conforme levantamento da Emater/ RS, o preço pela saca do produto variou de R$ 57 a R$ 65,50. Outro fator que está influenciando essa baixa nos preços é a boa safra do produto registrada nos Estados Unidos, bem como em Estados como o Mato Grosso, que está em fase de finalização da colheita. “Tendo em vista que essa pressão negativa tem grande influência deste cenário, é possível que mais adiante o preço volte a subir, dependendo também da safra Argentina, que começa a ser colhida depois da nossa”, observa Pacheco. Em 2016, na primeira semana de abril, a saca valia R$ 68,00 na praça de Frederico Westphalen.

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A Campo

“É preciso ter convicção e gestão ao investir” Analisar o acesso ao crédito de forma consciente faz parte da profissionalização do agricultor

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alar de crédito para o agronegócio, que inclui a agricultura familiar e a empresarial, é referir-se ao fator de maior estímulo para a expansão do setor, que mesmo apresentado queda de 6,6% em 2016, acumulou crescimento líquido superior a 8% do Produto Interno Bruto brasileiro nos últimos quatro anos. A afirmação é do diretor de Negócios da Sicredi Alto Uruguai RS/SC, Márcio Girardi, comprovando que debater sobre o tema é fundamental, especialmente quando o assunto é acessá-lo de forma consciente e responsável. A atenção na busca pelo crédito nas propriedades de menor porte é necessária justamente porque muitas vezes isso repercute na renda de todos os integrantes da família. “A agricultura familiar requer muita atenção, porque enquanto na empresarial o produtor tem outras fontes de renda, na familiar a única renda é a lavoura ou a pecuária e precisa ser suficiente para atender as necessidades da família”, assinala Girardi, que é administrador com MBA em Gestão Empresarial. Um dos pontos considerados importantes pelo administrador é que o produtor, ao buscar o crédito, precisa ter convicção do investimento a ser feito, quer dizer, clareza no que pode dar certo e também no que pode dar errado durante o caminho. “Se o produtor tiver somente empolgação, pode colocar em risco o futuro de toda a propriedade. E muitas vezes o risco é grande, porque é financeiro”, orienta.

Assistência técnica é fundamental A necessidade de trabalhar com uma assistência técnica de confiança vem à tona neste momento. “É importante que o agricultor esteja disponível para aprender e aprimorar o que ele sabe. A agricultura familiar é um negócio viável, mas sensível, por isso precisa de cuidados com a sua gestão”, ressalta o administrador. Além disso, o assessoramento e a atenção na hora de elaborar os projetos de custeio ou investimento são essenciais. Segundo Girardi, é nesta fase que o produtor pode prever quais riscos e alternativas pode traçar de forma antecipada para se precaver de eventuais gargalos que podem afetar os resultados esperados. Na visão de Girardi, isso faz parte do processo de conscientização que o produtor deve passar para conhecer os fatores que definem a rentabilidade que o projeto vai proporcionar. “Atuar com profissionalismo é ter convicções do que é preciso fazer, e não transferir para outros a responsabilidade sobre eventuais insucessos. A agricultura familiar deve ser encarada como um negócio sustentável e não só uma atividade, um trabalho feito todos os dias”, argumenta.

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“É importante que o agricultor esteja disponível para aprender e aprimorar o que ele sabe. A agricultura familiar é um negócio viável, mas sensível, por isso precisa de cuidados com a sua gestão.”

Qual cenário levar em conta na hora de investir O que se leva em consideração ao tomar a decisão em investir em algum equipamento ou atividade repercute nos resultados. – Vamos exemplificar com o preço do leite. Em 2016 o preço médio por litro pago ao produtor chegou a variar 60%. Isso comprova de que é necessário projetar o investimento levando em conta cenários mais conservadores, senão há impactos em viabilizar a rentabilidade, ainda mais quando o prazo para pagar é longo. Não há como controlar fatores como clima, preços e cenário econômico – explana Girardi.

Fazer reservas financeiras é o ideal A orientação é que se consiga acumular reservas, fazer uma poupança para eventuais emergências. “Ter patrimônio não significa ter rentabilidade ou resultado. É importante diversificar os investimentos e manter algum valor em liquidez, a qual, se estiver aplicada, poderá render juros e ser usada a qualquer momento, evitando decisões precipitadas”, orienta.

Márcio Girardi é diretor de Negócios da Sicredi Alto Uruguai RS/SC

Busque ajuda! Se você tem dúvidas em relação à gestão financeira da sua propriedade, analise quem pode ajudá-lo. Consultores, técnicos e profissionais diversos podem mostrar para você possibilidades para resolver o seu problema. Emater/RS, demais entidades ligadas ao setor e cooperativas têm equipes que podem dar um suporte no planejamento e no assessoramento nestas horas. Além disso, você pode participar de programas oferecidos por essas instituições com foco na gestão, que vão ajudá-lo a ter maior poder de decisão nos seus negócios. Um exemplo é o Programa Propriedade Sustentável, realizado pela Sicredi Alto Uruguai RS/SC em parceria com o Sebrae/RS, tem como objetivo estimular a evolução na propriedade rural, promover transformações que possibilitem seu desenvolvimento continuado, bem como de seus núcleos familiares, com vistas a melhorar os resultados.

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Normalmente linhas de créditos destinadas ao meio rural têm um prazo de até 10 anos para pagar. Como organizar-se de forma a conseguir quitar esses débitos com tranquilidade? Márcio Girardi: Poupar! Todo mês o caixa da família precisa reservar parte da renda para guardar para a parcela do financiamento ou empréstimo. Se o pagamento do investimento é anual, deve-se dividir o valor por 12 meses e fazer esta reserva. Se tem renda a cada dois meses, divide-se por seis – e assim por diante. A poupança deve ser considerada um compromisso mensal no orçamento.

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Que outra dica de educação financeira relacionada ao crédito daria levando em conta o cenário econômico atual e o próximo ano-safra que se aproxima? Márcio Girardi: Vale a recomendação de ser cuidadoso com o dinheiro. Qualquer decisão de gastar que não seja necessariamente para gerar receita tem que ser tomada com cautela. Tem que buscar capacitação, conhecimento, saber fazer o que se propõe. Não se admite tomar uma decisão de longo prazo sem se preparar para gerar receita com ela. Além disso, o produtor precisa se preservar dos oportunistas. Modas passam e o que permanece é o compromisso que fez com a instituição financeira e demais fornecedores.


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Amendoim deve ter boa produtividade nesta safra Em São José das Missões a expectativa é que cada hectare produza mais de 2 mil quilos neste ciclo

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necessidade por mais alternativas de renda para a famílias do meio rural fez com que a cultura do amendoim fosse viabilizada em escala diferenciada no município de São José das Missões, distante quase 70 quilômetros de Frederico Westphalen. A tradição de plantar a cultura passa dos 20 anos, mas no último ciclo o cultivo comercial ganhou força por conta da articulação com compradores da região da Serra Gaúcha, que adquirem a produção bruta para posterior processamento, além do apoio do poder público municipal, em parceria com a Emater/RS. Hoje são 30 hectares comerciais, mas somando também a produção para consumo, a estimativa da Emater/RS-Ascar é que haja mais de 50 hectares com a cultura. “Em termos de área parece não ser expressiva, porém, a atividade tem um rendimento econômico por hectare muito superior a outras atividades desenvolvidas”, ressalta o engenheiro-agrônomo Mairo

Trentin Piovesan, que faz parte da equipe local da Emater/RS. Na safra 2016/2017 as perspectivas são positivas. Semelhante às culturas de grãos, como a soja e o milho, que foram beneficiadas pelo inverno rigoroso e pelo clima equilibrado do verão, o amendoim teve ótimo desenvolvimento vegetativo e um baixíssimo ataque de doenças e pragas. – O fato de um clima favorável e do trabalho constante de monitoramento fez com que não fosse necessário, por exemplo, a aplicação de qualquer tipo de controle químico de doenças ou pragas na cultura. Em resumo, em 2017 teremos um amendoim praticamente orgânico e mais dinheiro no bolso do agricultor – explica Piovesan, otimista. A variedade que predomina em São José das Missões é crioula, conhecida como “amendoim paraguaio”. Esta variedade, embora tardia, é preferida pelos produtores por ser muito produtiva e por ter melhor rendimento na debulha.

Produtividade Na safra passada a produtividade média ficou abaixo de 1.200 quilos por hectare, uma vez que houve excesso de chuva no período de floração da cultura. “Em média a produtividade gira em torno de 2.000 quilos/ ha e a perspectiva é que nesta safra a produtividade supere esta marca”, estima Piovesan. Em relação ao mercado, são dois polos que consomem o produto. Par-

te da produção é vendida na região, que absorve esse amendoim para consumo próprio das famílias. Outra parte é vendida para a Serra gaúcha. Compradores adquirem a produção para a industrialização naquela região. O preço varia em função da quantidade adquirida. Com casca o produto tem sido comercializado entre R$ 5 e R$ 6/Kg e debulhado entre R$ 8 e R$ 9/Kg.

Com casca

Debulhado

Entre R$ 5 e R$ 6/Kg

Entre R$ 8 e R$ 9/Kg

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A Campo

Solo coberto: garantia de nutrientes para as plantas Gracieli Verde

Manejo pós-colheita da soja é considerado essencial para conseguir manter a produtividade

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ogo que o agricultor retira a soja da lavoura, é importante que a atenção com o solo seja redobrada. Afinal, solo descoberto fica suscetível a perdas de nutrientes e de matéria orgânica. Para intensificar a difusão de informações sobre o assunto, a Emater/ RS-Ascar, por meio do Escritório Regional localizado em Frederico Westphalen, está direcionando um trabalho mais efetivo no que se refere ao manejo de solo e de água no pós-colheita da soja e visando as épocas de outono e inverno. – Por meio das equipes municipais vamos intensificar o trabalho para que os produtores implantem algumas práticas em relação à conservação de solo e da água. Deveremos instalar unidades de referência em alguns dos municípios da região para aplicar tecnologias, a fim de que posteriormente se possa fazer dias de campo para mostrar os resultados aos demais produtores – explica o engenheiro-agrônomo Carlos Roberto Olczevski, que é assistente técnico regional de recursos naturais da Emater/ RS na região de Frederico Westphalen. Conforme o planejamento, essas práticas serão realizadas inicialmente nos municípios de Nonoai, Ronda Alta, Constantina, Sarandi, Boa Vista das Missões e Iraí. Mas, em todos os escritórios municipais as equipes têm condições de assessorar o produtor em relação ao assunto.

inves ndo em ideias, no futuro e em você. 10

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Manejo sequenciado

Demarcação de terraços

Logo após a colheita da soja, o recomendado é semear o milheto, o capim-sudão (por muitos conhecido como a aveia de verão) ou o nabo forrageiro, para mais tarde plantar o trigo, em maio/junho. “A Embrapa recomenda que sejam produzidas de oito a dez toneladas de matéria seca por hectare. Então, tem que ter esse manejo sequenciado para suprir esse consumo de matéria orgânica durante o ano”, reforça Olczevski. Tudo para evitar o chamado vazio outonal.

Também fará parte desse trabalho nas unidades de referência a análise das lavouras que precisam de terraços para barrar a água da chuva que não infiltra. “Isso é feito de acordo com a declividade e com a capacidade de infiltração de água no solo. O ideal é que a infiltração seja de 50mm a 60mm por hora. Com o uso de um aparelho é possível avaliar esse desempenho do solo e mensurar a necessidade ou não do terraço”, explica Olczevski.

Análises de solo Neste período também é recomendado fazer as análises de solo. Serão recomendadas análises estratificadas, especialmente em lavouras em que é feito o plantio direto há mais de dez anos. Estas são feitas baseadas em amostras de solo coletadas em camadas de 0cm a 10cm e de 10cm a 20cm. “Esse tipo de avaliação é importante para saber como está a condição do solo. Normalmente na camada de 10cm a 20cm, onde a maioria das raízes chega, o pH também pode estar baixo. Neste caso, se indica o uso do escarificador para incorporar o calcário ao solo e, em seguida, fazer a semeadura das opções de cobertura de solo”, reforça o agrônomo. Além disso, ele destaca que nas unidades de referência deverão ser cavadas trincheiras para analisar se o solo tem camadas compactadas. “No caso de haver compactação também é recomendado usar o escarificador, para depois semear a adubação verde”, assinala o profissional.

Por que é importante cuidar do solo? • A erosão causa perda de solo, que demora 500 anos para formar 10 cm. • Este é um prejuízo enorme também para as próximas gerações. • É preciso manter o solo produtivo e, de preferência, melhorar essas condições para as gerações futuras.

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Georreferenciamento: fique atento aos prazos Regularização das matrículas de imóveis rurais é uma exigência do Incra prevista em lei

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Confira os prazos para a regularização do seu imóvel rural Área inferior a 25 hectares Até 20 de novembro de 2023

Áreas de 25 a 100 hectares Até 20 de novembro de 2019

Para áreas de 100 a 250 hectares O prazo expirou em 20 de novembro de 2016

Para imóveis de 250 a 500 hectares

A data final era 20 de novembro de 2013

“É importante que os produtores estejam atentos às datas para não ter problemas na hora de vender ou dividir um imóvel.”

Gracieli Verde

ara regularizar e checar as informações relacionadas aos limites dos imóveis rurais, é necessário que os produtores façam o georreferenciamento da propriedade. Isso consiste na determinação dos limites do imóvel rural através de coordenadas determinadas pelo Sistema Geodésico Brasileiro. Essas coordenadas devem ter precisão posicional fixada pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), segundo o engenheiro-agrônomo e especialista em levantamentos geodésicos e georreferenciamento de imóveis, Lauro Marangon, que atua na região. A Lei 10.267 alterou a Lei de Registro Públicos e assim tornou obrigatória a descrição georreferenciada do imóvel para fins de registros na matrícula. “Essa obrigatoriedade exige que a forma de demarcação dos imóveis seja precisa e confiável, para evitar o registro de uma mesma área em matrículas distintas e corrigindo os erros que possam existir”, pontua o agrônomo. Além disso, conforme a legislação, a identificação do imóvel rural que poderá passar por desmembramento, parcelamento, remembramento ou transferência deverá ser obtida a partir de memorial descritivo. “Isso deve ser feito por um profissional habilitado”, alerta Marangon. Para quem não cumprir os prazos, um dos impedimentos é para o registro ou averbação na matrícula do imóvel não regularizado. “Isso quer dizer que caso o proprietário de um imóvel não georreferenciado deseje fazer alguma alteração na matrícula depois das datas limites, terá que obrigatoriamente passar por todo o procedimento de certificação do Incra para então fazer os devidos registros”, afirma o agrônomo.

Lauro Marangon, engenheiro-agrônomo

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ADVERTÊNCIA: Os agrotóxicos são produtos perigosos à saúde humana, animal e ao meio ambiente. Antes de manuseá-los, leia atentamente e siga rigorosamente as recomendações contidas no rótulo, na bula e no receituário agronômico. Utilize sempre os equipamentos de proteção individual. Nunca permita o manuseio dos agrotóxicos por menores de idade. Descarte corretamente as embalagens e os restos dos produtos. Não reutilize as embalagens vazias. Informe-se sobre a importância do manejo integrado de pragas.

Frederico Westphalen | Linha 21 Novo de Abril | Revista Rural

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Gracieli Verde

A Campo

Um mundo de possibilidades graças à tecnologia

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Com o acesso à internet e à informatização, meio rural consegue vislumbrar novos horizontes, ter mais qualidade de vida, se comunicar melhor e garantir a continuidade nos negócios Por Gracieli Verde

revistanovorural@oaltouruguai.com.br

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Agrônomo Rafael Bonfanti Conterato e coordenador operacional Alex Bergossa, que atua na área de internet

hábito de utilizar a internet mesmo fora de casa, pelo smartphone, já é habitual – quase um vício na visão de muitos. Para quem pensa que esse comportamento está restrito a um estilo de vida mais urbano, fica o alerta de que um novo cenário já está desenhado – e evoluindo rapidamente – também no meio rural quando o assunto é o acesso à internet. E o mais interessante é que isso está mostrando um mundo de novas possibilidades para os agricultores em termos de tecnologia. Quem diria que um evento promovido em uma comunidade interiorana teria acesso à internet gratuita via wi-fi? Isso já é uma realidade. No interior de Iraí, na linha Roncador, o matinê de Páscoa, programado para este dia 16 de abril, terá esse diferencial. “Como é um feriado, geralmente tem pessoas de fora que estão visitando familiares, então gostam de continuar se comunicando com seus contatos”, comenta o produtor rural Alceu Bilibio, 56 anos, morador da localidade, justificando a iniciativa. “O pessoal gosta de estar conectado”, reforça. Ele é um dos defensores de que o campo precisa da internet. No caso dele, que além de trabalhar na lavoura mantém uma cerealista na comunidade, é preciso saber diariamente o preço dos produtos agrícolas para poder negociar, além de emitir notas fiscais eletrônicas, rastrear os caminhões e monitorar remotamente as imagens da propriedade. “Não tem como ficar sem o sinal”, exclama. Ele conta que a vizinhança também se organizou para ter o acesso à internet. Essa realidade é bem diferente de alguns anos atrás. É um novo momento que o meio rural vive. “Antigamente, o telefone mais próximo ficava a sete quilômetros daqui de casa. Ou então eu tinha que ir até a cidade, que fica a 20 quilômetros”, compara Bilibio. A comunicação com familiares também facilitou. A esposa de Bilibio, Marli, 54 anos, sempre fala com as irmãs que moram longe. A um pouco mais de 40 quilômetros de Iraí, em Seberi, o jovem Hugo Cocco da Silva, 20 anos, consegue estudar, interagir com os amigos, assistir séries e filmes pela Netflix e fazer “n” coisas com a chegada da internet. Ele conta que formou um grupo na comunidade da linha Bonita, para que o investimento na internet se viabilizasse. A família de Hugo cultiva grãos e ele estuda Tecnologia em Sistemas para Internet no Instituto Federal Farroupilha – campus de Frederico Westphalen. Inclusive, a irmã de Hugo, Carla Cocco da Silva Dallanora, que administra uma granja de suínos na comunidade, mas reside na cidade de Seberi, tem acesso às imagens de monitoramento da pocilga graças à internet.

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Revista Novo Rural - Abril de 2017

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Revista Novo Rural Abril de 2017

13 Debora Theobald

Nicho de mercado e compromisso social Hoje empresas do setor de internet e telecomunicações têm vislumbrado no interior novas possibilidades de negócios. Mas, na prática, vai muito além disso. Os relatos de como a internet conecta as pessoas e facilita muita coisa no dia a dia são muitos. – Diversos produtores rurais que contratam nossos serviços geralmente têm alguém jovem na propriedade. É um fator que influencia bastante nessa tomada de decisão, porque esse pessoal mais jovem quer ter acesso à informação, quer se comunicar – assinala Alex Bergossa, coordenador operacional de uma empresa que atua na região. Para investir na instalação de internet no campo é preciso ser entusiasta da tecnologia, segundo Rafael Montini, empresário do setor. Ele acredita que nestes casos não se analisa somente a parte financeira, mas também em atender um aspecto social dessas comunidades. “Nos propomos a disponibilizar a tecnologia para esses produtores estarem interligados e informados com a internet”, observa. Na região, tendo em vista as características do relevo, que é bastante acidentado, há casos que demandam de investimentos maiores para ter acesso ao sinal, mais especialmente entre a costa do rio Uruguai até a região de Seberi. “Nesses casos, a vizinhança muitas vezes se organiza em grupos para dividir os custos, o que facilita o acesso ao serviço”, assinala Bergossa. O reconhecimento do público rural para com esses prestadores de serviço também é diferente. “As comunidades rurais valorizam muito mais esse tipo de serviço, porque é algo que impacta muito na vida deles”, lembra Montini.

No interior de Frederico Westphalen, no distrito de São João do Porto, sinal de internet foi instalado há quase 10 anos. No registro, o agricultor Adair Somavilla com o sobrinho Demetrius

Cenário de mudança Em comunidades mais distantes, onde a vida social já não é mais tão ativa, quando chega a internet se estabelece um novo cenário. “As pessoas começam a buscar mais estudo, iniciam uma faculdade e, no momento em que isso acontece, as oportunidades para aquela região começam a se abrir. Se um vizinho fez, o outro vê que também é possível”, analisa Rafael Montini, reforçando que a internet auxilia nesse processo de qualificar a comunidade onde ela está inserida. Um exemplo muito comum é em relação à previsão do tempo. “O agricultor consegue se organizar melhor nas atividades rotineiras e isso repercute em melhores resultados”. Esse avanço mais rá-

pido do acesso a essa tecnologia tem se dado nos últimos dois anos, segundo ele, apesar de em Frederico Westphalen haver comunidades que têm internet há quase 10 anos. Este é o caso do distrito de São João do Porto. Lá, a família de Adair Somavilla, 50 anos, foi pioneira na viabilização do sinal. Como a torre foi instalada na propriedade dele, hoje dezenas de outras famílias que moram nos arredores também conseguem ter acesso ao sinal. “A gente utiliza para tudo, para pesquisar, se comunicar”, diz ele. O filho Adriano, que também ajuda o pai a gerenciar os 100 hectares de lavoura, acrescenta que o acesso à internet evita muitas vindas para a cidade. “Agora é

mais prático”, resume. Com a possibilidade de ter televisores que também acessam a internet e com uso da Netflix ou Youtube é mais uma demanda para o setor, afinal, o entretenimento também precisa fazer parte da vida das pessoas. A demanda por novos produtos vai surgindo à medida que o acesso a novas possibilidades aumenta. O empresário Rafael Montini observa que apesar de nos locais mais remotos o sinal ainda chegar via rádio, cabos óticos já fazem parte da realidade de algumas localidades. “Por isso, o sinal que chega ao interior tem a mesma qualidade do sinal da cidade. Não há diferenciação”, garante.


Voos mais altos Se a tecnologia está nas sementes que o produtor implanta nas lavouras, em todo o manejo que ele adota para altas produtividades – e nisso ele já “tira de letra” –, é natural que haja ainda mais evolução e que muitos queiram e necessitem dar “voos mais altos”. Máquinas extremamente modernas, com tecnologias de ponta acopladas, passaram a ser manuseadas também por produtores da região. “Há tecnologias que nem veículos de passeio têm, se comparado com algumas delas”, avalia o engenheiro-agrônomo Rafael Bonfanti Conterato, que presta serviços na região. Essas novidades também geram a necessidade de aperfeiçoamento no uso dessas tecnologias, para que de fato melhores resultados sejam obtidos. – Por mais que hoje em dia as máquinas gerem dados como a produtividade da lavoura, é possível agregar outras ferramentas para ter ainda mais acerto, ou mesmo investigar questões que possam estar influenciando na produtividade das lavouras. Por mais que haja o uso de imagens de satéli-

te, que podem auxiliar nesse sentido, também é possível usar os drones – explica Conterato. A facilidade que o drone oferece é que o aparelho pode se tornar no olho do produtor em cima da lavoura. “Dá para fazer o acompanhamento dos talhões, monitorar pragas, ervas daninhas, fazer o estudo hidrológico – analisar se tem estresse hídrico, por exemplo –, entre outras possibilidades. Isso tudo com foco em mais produtividade”, pontua. Neste caso, diferentemente do uso de imagem de satélite, que é um serviço que precisa ser contratado, o aparelho dá mais autonomia para o produtor ou para quem presta esse serviço a ele. Com a internet, o produtor pode ter acesso a isso de forma ainda mais rápido, quase em tempo real. Além disso, outra tecnologia relacionada ao drone está atrelada à ocupação das terras. “Na área de topografia é possível gerar mapas da propriedade, para que o produtor possa ter mais um suporte na hora de planejar o uso dessas áreas”, acrescenta.

“A informatização da agricultura está mudando o perfil do campo” Se os vários níveis de tecnologia precisam chegar ao campo – e muitos deles já estão em funcionamento –, há questões cruciais que dependem da informatização e, ao mesmo tempo, do acesso à internet. A análise é do professor-doutor Antônio Luis Santi, que atua no Departamento de Ciências Agronômicas e Ambientais da UFSM – campus de Frederico Westphalen. Curioso nato, incentivador do uso da

tecnologia e pesquisador na área, Santi avalia que há vários pontos favoráveis que podem ser explorados dessa tecnologia que hoje está disponível para a agricultura e a pecuária de forma geral. “Essa informatização do campo é muito importante, porque outras tecnologias podem ficar obsoletas se o produtor não souber manusear um computador ou um celular. Hoje já se percebe que as pessoas estão perdendo o medo da tecnologia, mas é preciso evoluir”, assinala. Se para isso o acesso à internet é crucial, é importante que haja políticas públicas para tal, na visão de Santi. “Não que os governos precisem arcar com toda a conta, mas é fundamental que exis-

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Produtor mais crítico Com o acesso à internet e a um infinidade de informações, os produtores também têm se tornado mais críticos. “Eles conseguem checar mais as informações que os prestadores de serviço repassam, não ficam tão dependentes deles no que se refere aos dados dos insumos ou até mesmo maquinário”, observa o técnico agrícola Rogério Wollmann, que atende vários agricultores na região como consultor. Outra possibilidade que os agricultores têm é como se fosse uma assistência técnica remota. “Tem acontecido muito de o produtor mandar fotos para os técnicos para ajuda a solucionar qualquer problema que possa ter na lavoura. É uma forma mais rápida de buscar ajudar e, caso precisar de algum tratamento para as plantas, ele fazer o manejo necessário”, exemplifica.

Tecnologia nos mais diversos níveis

Rafael Bonfanti Conterato/Agrícola Pampeana/Divulgação

Com a imagem gerada pelo drone, é possível que o produtor tenha um detalhamento da área, além de poder avaliar onde é necessário um manejo diferenciado

“Tempo é dinheiro” Nos 300 hectares que o casal de agrônomos Juliano, 34 anos, e Clarissa Saueressig, 33, cultiva em Erval Seco, na linha São Sebastião, a internet está “embutida” em tudo o que é feito. “A gente acompanha uma infinidade de informações, seja sobre o clima, sobre a produção, preços de insumos e até assistência técnica remota, se for o caso”, enumera. A linha telefônica até existe na propriedade, porém o que é mais utilizado são os aplicativos de troca de mensagens, pelos quais também se pode fazer ligações, mandar fotos ou vídeos. Em toda a sede da propriedade Saueressig tem acesso à internet. “Isso agiliza tudo na propriedade, até porque tempo é dinheiro”, exclama o produtor, por telefone. “Estamos em contato com o mundo”, resume, sem contar que a internet também serve de entretenimento durante um tempo do dia para a filha Ana Laura, de quatro anos.

Comunicação facilitada

Antônio Luis Santi, professor da UFSM/FW Gracieli Verde

tam políticas públicas que facilitem esse acesso. Do lado dos empresários, também é importante ter esse olhar para essa fatia do mercado, que é o setor agropecuário”, acredita. Outro fator citado pelo professor é a influência que o acesso às tecnologias podem ter no processo de sucessão familiar rural. “Sem dúvidas essas ferramentas tecnológicas podem acelerar o processo de transição nas famílias, porque as pessoas que têm mais dificuldade com a tecnologia vão precisar que os jovens auxiliem mais, que participem mais do processo de decisão nas propriedades. Isso pode ser muito positivo”, crê.

Em uma análise mais superficial, mas levando em conta a realidade regional, Santi acredita que hoje alguns setores dentro da agropecuária já absorveram a tecnologia de forma mais intensa, como na área de grãos. “Na área de leite também já houve um avanço grande no investimento em equipamentos que melhoram a qualidade do produto, sem contar as melhorias em genética e pastagem, inclusive com irrigação em muitas áreas”, estima. O acesso a maquinários mais modernos é outro fator que influencia nesse processo. “Porém, ainda há uma fatia de famílias que estão excluídas”, alerta. É aí que, segundo ele, é necessário trabalhar para buscar mais acesso a essas tecnologias, seja com a informatização, com a internet ou com outras ferramentas, que por muitas vezes funcionam de forma integrada.

“Não que os governos precisem arcar com toda a conta, mas é fundamental que existam políticas públicas que facilitem esse acesso. Do lado dos empresários, também é importante ter esse olhar para essa fatia do mercado, que é o setor agropecuário”,

Professor Antônio Luis Santi

Se antigamente – ou nem faz tanto tempo assim? – era preciso fazer diversas ligações para mobilizar grupos de mulheres ou demais assistidos da Emater/RS-Ascar, hoje em dia aplicativos gratuitos para a troca de mensagens facilitam essa comunicação. “No nosso município várias famílias instalaram internet e conseguimos agendar cursos e encontros pelo WhatsApp”, comenta o técnico agropecuário Valdinei Bazeggio, da Emater/RS de Nova Boa Vista. Outra necessidade é para a emissão da nota fiscal eletrônica, que logo vem aí. Em Chapada, conforme a extensionista social Odete Finck, as próprias líderes dos grupos organizaram grupos no WhatsApp ou no Facebook para se comunicar entre elas. “Mudou a forma de as pessoas se comunicarem e também barateou, porque esses aplicativos também permitem fazer ligações”, cita. Ela reforça que os jovens são quem mais influenciam a decisão de aderir à internet no campo. Nada de ficar isolado.

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Revista RevistaNovo NovoRural Rural- Março - Abril de 2017

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Criação

Sem fronteiras para o mel de Nonoai

revistanovorural@oaltouruguai.com.br

Organização da Aapino e empenho dos apicultores têm contribuído para uma cadeia produtiva de mel forte e com mercado garantido

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ara quem vê hoje a estrutura que o setor de apicultura tem em Nonoai nem imagina o trabalho que deu ao longo de quase 30 anos. Entusiastas da produção de mel “deram a cara a tapa”, como se diz, para que a cadeia produtiva se estruturasse de forma sólida e hoje possa ser citada como referência para toda a região. No início da década de 1990 eram quase 20 apicultores que se reuniram para formalizar a Associação de Apicultores de Nonoai (Aapino). Inicialmente a ideia era fomentar cursos, debater a organização da cadeia produtiva e articular projetos que incentivassem à atividade localmente. Por volta de 1997 a Aapino conseguiu viabilizar um recurso, na época por meio do Fundo Estadual de Apoio ao Desenvolvimento dos Pequenos Estabelecimentos Rurais (Feaper), para a construção de um entreposto para o processamento do mel. Em seguida, outro financiamento via Pronaf permitiu que os investidores adquirissem os equipamentos necessários. Depois de ajustados os detalhes do entreposto, o

estabelecimento conseguiu ter certificação por meio do Sistema de Inspeção Federal (SIF), do Ministério da Agricultura. “É o único da região que tem esse tipo de inspeção, o que favorece muito a comercialização, uma vez que podemos vender para todo o Brasil”, observa o técnico agropecuário Leonido de Albuquerque, que além de acompanhar todo esse processo, pois trabalha no escritório municipal da Emater/RS-Ascar, é um entusiasta do setor. Em 2016 foram produzidas 12 toneladas de mel. “Seja para o mercado local ou para outras cidades, nosso produto tem saída certa. Na safra passada, por exemplo, uma empresa de Içara (SC) comprou um grande volume para exportar”, expõe. Realidade bem diferente do início, quando o mel produzido sobrava no estoque. No início desta história um dos grandes incentivadores para que a Aapino se estruturasse foi o engenheiro José Francisco Mallmann, que hoje mora no litoral catarinense. “Lembro que na época o quilo do mel valia R$ 4, hoje se vende a R$ 20, quando embalado, ou R$ 12 quando é vendido a granel”, recorda Albuquerque.

“Às vezes a gente não dá valor para o que natureza pode nos oferecer. Se a gente observar todas as flores em que as abelhas captam o pólen para fazer o mel, perceberíamos que vai muito além do que podemos ver” Leonir Cesar Colaço, apicultor

Capacitação é essencial

Gracieli Verde

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Revista Novo Rural - Abril de 2017

Proporcionar às abelhas o ambiente mais adequado e favorável para que elas produzam o mel é uma das funções do apicultor. Afinal, a capacidade de organização e produção das abelhas é complexa e, ao mesmo tempo, completa. “Às vezes a gente não dá valor para o que natureza pode nos oferecer. Se a gente observasse todas as flores em que as abelhas captam o pólen para fazer o mel, perceberíamos que isso vai muito além do que podemos ver”, observa Leonir Cesar Colaço, apicultor que faz parte da associação – que conta atualmente com oito associados. Colaço é originalmen-

te construtor, mas há quase 30 anos também trabalha com a apicultura. Ele vê que a busca de conhecimento feita lá no início desse processo foi essencial para que hoje os apicultores possam trabalhar com tranquilidade. “Para trabalhar nisso tem que gostar da atividade, não pode ter medo e é preciso persistência”, relata, citando que assim como há temporadas de muita produção, como a que está sendo encerrada neste mês de abril, há safras em que o clima não favorece e que pode haver frustração, como em qualquer outra atividade.

Gracieli Verde

Marca do mel Nonoai já é reconhecida e pode ser vendida em todo o Brasil. Na foto, o apicultor Leonir Cesar Colaço

Por Gracieli Verde


Complemento de renda Gracieli Verde

Vários dos associados à Aapino não têm áreas de terra, mas fazem parcerias com agricultores do município que tenham espaço para organizar o apiário – que é o local onde se instala o conjunto de colmeias utilizadas para criação de abelhas. “Inclusive isso é muito positivo para quem tem produção de frutas ou outras culturas, porque as abelhas auxiliam na polinização e isso reflete na produtividade”, observa Colaço. Hoje Colaço não consegue atender toda a demanda de interessados por apiários em suas propriedades. “Vemos que tem mercado para o mel e mais pessoas poderiam ingressar na atividade, especialmente os agricultores, porque já têm o espaço”, acrescenta. No município de Nonoai as culturas que mais geram renda ainda são os grãos – soja, milho e trigo –, seguidas da atividade do leite, fruticultura e olericultura. Os apicultores que integram a Aapino de Nonoai não têm a atividade como a principal. Todos têm essa renda de forma complementar. Os apiários locais têm em média 100 a 120 colmeias. “Para viabilizar a renda somente com a apicultura são necessárias, pelo menos, entre 300 e 500 colmeias, considerando uma produção mais familiar. Já a área de instalação dessas colmeias varia entre 300/400 metros quadrados, dependendo das características do local”, explica Colaço. No caso de Nonoai, para poder vender o mel para a Aapino não é necessário associar-se. Hoje tem outros produtores que mesmo sem o vínculo fornecem o produto à entidade. Mesmo assim, aos interessados basta procurar a associação para ver como funciona o ingresso no negócio. Colaço vê que a região como um todo tem bastante vantagens para a produção de mel, tendo em vista as características das matas e vegetações. “Além disso, é um mercado que tem muita demanda”, diz, em tom de apoio aos demais municípios que estão buscando estruturar a cadeia do mel.

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Colaço e técnico Leonildo Albuquerque mostram mel da marca Nonoai

Saiba mais sobre a apicultura • Temporada 2016/2017

• Técnica

Nesta temporada de produção de mel a produtividade é considerada boa. Os picos de produção são na primavera e de fevereiro a abril – aproveitando a florada rasteira. “Tivemos a coincidência de termos uma boa produção e um bom preço”, analisa o técnico Leonido de Albuquerque.

É preciso ter técnica para produzir. A capacitação dos apicultores é essencial para dar as melhores condições possíveis de produção às abelhas.

• Florada nativa

Ter a possibilidade de oferecer às abelhas uma florada nativa garante um mel de melhor qualidade. Além disso, garante a diversidade natural do ecossistema em que as abelhas estão inseridas.

• Manejo de inverno

Depois de encerrar a temporada atual, agora em abril, os apicultores iniciam o manejo de inverno. Uma das prioridades é com a alimentação das abelhas.

Se você tem interesse no assunto, busque técnicos especializados em apicultura. Eles mostrarão caminhos de como ingressar na atividade de forma segura e com conhecimento.

• Potencializar o desempenho das lavouras

Estudos mostram que ter abelhas próximo das lavouras potencializa a produtividade nas mais diversas culturas. Há casos de produtores de canola que usam essa estratégia para aumentar a produção. Em lavouras em que se usa o nabo forrageiro como cobertura de solo também é possível manejar as colmeias para as abelhas aproveitarem o néctar das flores.

• Modelo de colmeia

Hoje o modelo de colmeia mais utilizado é a mobilista racional langstroth ou americana.

Calendário apícola Jan Tarefas a executar

Fev

Mar

Abr

Mai

Jun

Jul

Ago

Set

Out

Nov

Dez

15 30 15 30 15 30 15 30 15 30 15 30 15 30 15 30 15 30 15 30 15 30 15 30

Recolhimento de enxames naturais

Observações Os primeiros são os mehores

Criação de rainhas Prefira sempre rainhas fecundadas

Troca de rainhas nas colmeias Colocação de melgueiras Controle anti enxameatório

Importante para produção

Revisões periódicas

Apenas quando necessário

Divisão artificial de famílias Preparo de colmeias Colocação de cera alveolada

Fixar a cera com arame para segurança

Épocas de colheitas

Litoral-Mel eucalipto / Planalto-Flores diversas

Redução do alvado Contra acariose, se houver no ano anterior

Tratamentos preventivos contra doenças Alimentação estimulante Troca de favos velhos por novos Floradas de eucalipto

Floradas diversas

O período das tarefas pode alterar-se de acordo com as condições climáticas reinantes do ano

Revista Novo Rural - Abril de 2017

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Revista Novo Rural Abril de 2017

Criação

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Para investir em tecnologia, é preciso ter “pés no chão” Consultor Wagner Beskow, sócio-diretor da Transpondo, fala sobre aspectos que precisam ser priorizados na produção de leite para ser eficiente e não somente somar em forma de capital

“Hoje o leite já superou o fumo na maior geração de renda por hectare”

propriedade, estão contribuindo. Senão, precisam repensar”. Se o capital fixo da propriedade estiver muito alto em relação à renda, o produtor também precisa ficar atento. “Não tem como vender parte disso para ter renda. Hoje em dia tem coisas que são feitas porque é moda, ou porque tem juro barato. Vemos casos de propriedades que tem dois tratores, sendo que o primeiro seria o suficiente para trabalhar”, disse. Nas consultorias que presta em diversas regiões, Beskow observa que grupos de produtores que têm um patrimônio mais enxuto, com custos menores, têm conseguido mais rendimento com a atividade. Outro alerta que Beskow faz é que em muitos casos as propriedades estão com equipamentos ociosos. “Temos que ter investimentos produtivos”, reforça.

“A tecnologia está, inclusive, no que a vaca come”

O cenário para 2017

Para Beskow, a tecnologia também está na alimentação fornecida para os animais. “É necessário que haja uma genética superior também na pastagem, adubação adequada conforme análises e correções de solo, além de manejo eficiente. Só há uma produtividade que verdadeiramente tem resultados que leva em conta pelo menos esses três pontos em conjunto”, explica, reforçando a ideia de que a tecnologia está também no que a vaca come.

Mesmo que o preço do leite tenha altos e baixos, a demanda mundial deve continuar em recuperação. “Temos que compreender que o preço do leite é como uma montanha-russa”, compara Beskow. • Pouco provável que haja novas enxurradas de importações. • Grãos deverão pesar menos, mas os demais insumos continuarão aumentando o custo de produção do leite. • Os preços domésticos devem estar estáveis com viés de alta. • Se as exportações decolarem, poderá ser muito positivo para os produtores brasileiros. Em relação a isso, porém, Beskow pontua que há poucas iniciativas para a exportação do leite. “Somente estamos vendendo o excedente. Na prática, não sabemos vender no nosso leite para outros países”, critica o consultor.

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Horários flexíveis

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Wagner Beskow e sócio-diretor da Transpondo, de Cruz Alta

Assessoria de Imprensa Expodireto Cotrijal/Divulgação

E

m um mercado cada vez mais globalizado, investir em tecnologia é uma necessidade. Afinal, isso inclui ferramentas para obter soluções para problemas práticos no dia a dia de uma propriedade. Para refletir sobre questões relacionadas às tecnologias adotadas é que o consultor e sócio-diretor da Transpondo, de Cruz Alta, Wagner Beskow, explanou durante o 13º Fórum Estadual do Leite, realizado na Expodireto Cotrijal 2017, em Não-Me-Toque. O que Wagner Beskow propõe é que os bovinocultores de leite reflitam em relação aos investimentos em tecnologia e se estes têm a ver com o rendimento que a atiConsultor vidade gera na proWagner priedade. “Com o Beskow tempo as propriedades vão tendo mais patrimônio, porque investem em rebanho, máquinas e equipamentos, mas é importante analisar o que realmente é necessário. É fundamental ficar atento a que tipo de investimento realmente interfere na produtividade e, consequentemente, em lucro”, pontua. Esse alerta também é feito aos profissionais que comercializam produtos para essas unidades produtivas de leite. “Se o que vocês vendem interfere em mais leite na

Check-list Confira o check-list sugerido por Beskow para propriedades que queiram ser eficientes • Balanceamento da dieta • Manejo do pastoreio • Adubação (pasto e milho para a silagem) • Água (com os bebedouros) • Reestruturação do rebanho • Genética vegetal • Conforto animal • Detecção de cio • Sanidade animal • Genética animal • Implantação de pastagens • Controle de plantas daninhas, especialmente nas pastagens de verão

O 13º Fórum Estadual do Leite é uma parceria entre Cotrijal e CCGLTec. Neste ano outros assuntos também foram tratados durante a programação, incluindo os cuidados com o solo, mitos e verdades sobre o leite de vaca, além de assistência técnica.


Gracieli Verde

Mercado

Planta Sul vislumbra novo momento para o setor Para prestigiar clientes e parceiros da empresa, consultores da Planta Sul, com sede em Seberi, também estiveram na Expodireto Cotrijal, no início de março. Os profissionais da empresa auxiliaram no atendimento ao público nos estandes de marcas conceituadas no mercado, como a Agrale, Nogueira, Semeato, Microgeo, São José, Jacto, GTS, Dimicron, Ipacol e Rotoplastyc, que são comercializadas também via Planta Sul em toda a região. O sócio-diretor Alexandre Perotti observa que a partir da feira vê novos negócios surgindo. “Esse foi o grande diferencial desta edição: além dos negócios durante o evento, outros serão fechados ao longo do ano. Isso não acontecia há uns dois anos. São clientes que começam a criar demandas para compras futuras. Esse efeito é muito positivo. É um novo momento de oportunidades”, define.

No registro, Lucio Lima, sócio-diretor Alexandre Perotti, Márcio Woicjekowski, Lucimar Lima e o sócio-diretor Fabiano Perotti

Gracieli Verde

Boa safra influencia negócios A expectativa de uma boa safra de soja tem gerado otimismo entre produtores e o empresariado ligado ao setor agrícola. Isso ficou em evidência durante a Expodireto Cotrijal, realizada em março, em Não-Me-Toque, conforme o empresário Getúlio Schmidt, de Seberi. Com a parceria com marcas como a Vence Tudo, Jan, JS Máquinas e Industrial Becker, a Getúlio Schmidt & Cia Ltda também marcou presença no evento, que é considerado um dos maiores do Estado. “Participamos desde a primeira edição da feira e neste ano nossa avaliação mais uma vez é muito positiva”, pontua o empresário. Gracieli Verde

No registro, empresário Osmar Bonfanti, o gerente de vendas da Dow, Giovane Albuquerque, o agrônomo Felipe Bonfanti e o representantes de vendas da Dow, Bruno Morlin

Agrobon marca presença na Expodireto Cotrijal

Ivone Kempka

As mais diversas tecnologias para o setor agrícola estiveram em pauta durante a Expodireto Cotrijal, entre os dias 6 e 10 de março, em Não-Me-Toque. Empresas da região também marcaram presença com suas equipes, seja para atender clientes ou mesmo para fazer contato com parceiros. O sócio-proprietário da Agro-

Movimentação intensa foi registrada durante os três dias de feira

bon Osmar Bonfanti e o engenheiro-agrônomo Felipe Bonfanti estiveram na feira. Entre os estandes visitados esteve o da Dow Agrosciences, que mostrou tecnologias em sementes de diversas culturas, inclusive pastagens. A Agrobon tem matriz em Boa Vista das Missões, com filiais em Constantina, Sagrada Família e Lajeado do Bugre.

Na foto, empresário Getúlio Schmidt com parceiros da Jan

Irrigafértil participa da 17ª Expoagro Afubra Com a exposição de parte do trabalho realizado com hortaliças pela Irrigafértil, que tem sede em Constantina, mas atende clientes em toda a região, a mais recente participação da empresa foi na 17ª Expoagro Afubra, entre os dias 21 e 23 de março, em Rincão del Rey, município

de Rio Pardo. Com foco na agricultura familiar, a feira teve um público de 92 mil pessoas, 15% a mais do que a edição anterior, quando 80 mil pessoas passaram pelo parque. Além disso, a movimentação financeira desta edição foi de R$ 53,8 milhões.

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Intercooperando

Cooperativas da região se destacam por diferenciais Durante feira realizada em Não-Me-Toque, espaço da Emater/RS destinado às cooperativas teve bom número de visitações. Maquete da Usina Solar Boa Vista foi uma das atrações vismo foram destacados durante o evento: o agropecuário, o de pedras, o de crédito e de infraestrutura. No setor agropecuário duas cadeias foram representadas, a da erva-mate e do trigo. “No trigo buscamos mostrar como os produtores podem agregar valor com a produção de farinhas ou de panificados”, observa Marcia. Uma das que mais chamou a atenção para as potencialidades da região, especialmente para Ametista do Sul, foi a exposição de produtos ligados à Coogamai, que é

Gracieli Verde

N

a edição deste ano da Expodireto Cotrijal, realizada em março, o espaço destinado às cooperativas sob a responsabilidade da Emater/RS-Ascar teve a representatividade de cooperativas da região, entre elas a Coogamai, Sicredi, Sicoob e Creluz. O local foi coordenado pela extensionista Marcia Faccin, que também gerencia a Unidade de Cooperativismo do Escritório Regional da Emater/RS de Frederico Westphalen. Pelo menos quatro ramos do cooperati-

Gracieli Verde

Presidente da Creluz, Elemar Battisti (C), esteve com parceiros da Emater/RS-Ascar durante a feira

Pedras de Ametista do Sul também estiveram em evidência por meio da Coogamai

considerada a primeira cooperativa de mineração criada no Brasil. Joias e pedras foram expostas, bem como informações sobre o turismo da cidade de Ametista do Sul. No ramo de infraestrutura o destaque ficou para a Creluz, com matriz em Pinhal, que mostrou uma maquete da Usina Solar Boa Vista, localizada em Boa Vista das Missões e inaugurada em 2016. A cooperativa também disponibilizou mudas de árvores, doadas por meio do seu horto florestal. Para o presidente da Creluz, Elemar Bat-

tisti, a participação é importante para justamente mostrar esse trabalho ambiental de produção de mudas, cujo foco nesta edição foi a distribuição da crotalária, que auxilia no combate ao mosquito transmissor da dengue. “Sem contar que estamos mostrando no nosso pioneirismo em geração de energia com o uso de painéis solares”, pontua o presidente, contente com o resultado da participação na feira. Para mostrar a usina, uma maquete foi mostrada durante a feira, o que chamou a atenção dos visitantes.

Coperametista: vinho especial para festejar 10 anos

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CO

O enólogo que presta serviços para a cooperativa, Nivaldo Potrich, falou com empolgação de como se sente feliz em fazer parte da história do empreendimento. Em relação ao vinho que estava sendo distribuído a parceiros e que está à venda, o enólogo salientou que está dentro de todos os parâmetros. “Em 2005 tivemos uvas cabernet sauvignon de excelente qualidade. Este é um vinho que tem cor e é encorpado”, disse. Entre recordações dos tempos de fundação da cooperativa, que comprovam que a persistência foi fundamental para que o negócio se consolidasse, o presidente, Elton Mezzaroba, reforçou o agradecimento aos parceiros. “Cada um que está recebendo esta garrafa de vinho leva também um pouco da nossa história”, exclamou.

Debora Theobald

O

clima de gratidão pela história construída ao longos dos últimos 10 anos tornou a assembleia geral da Coperametista, realizada no dia 17 de março, um momento de especial para direção, associados e parceiros. O encontro teve como local a sede da cooperativa, em Ametista do Sul, e foi coordenado pelo presidente, Elton Mezzaroba. Um dos momentos marcantes da programação foi o lançamento para a venda de um vinho cabernet sauvignon seco, que foi envelhecido desde 2005 nas furnas do Ametista Parque Museu. São 800 garrafas numeradas que estão sendo comercializadas pela cooperativa. Alguns exemplares foram entregues a parceiros da cooperativa, que durante essa trajetória contribuíram para o desenvolvimento dos negócios.

ETIS RAM TA

Sócios-fundadores da cooperativa foram presenteados com exemplares do vinho

Assista ao vídeo na fanpage

revistanovorural


Intercooperando

“Somente com a união de esforços conseguiremos barganhar novos mercados”

O

cooperativismo regional tem vivido momentos de destaque. Altos investimentos como a Usina Solar Boa Vista, da Creluz, e as futuras instalações de uma indústria de laticínios pela Cotrifred, mostram que a região tem muito a crescer neste setor – sem contar outros empreendimentos que têm forte participação de cooperativas. Para saber mais sobre como o setor vem se organizando na região, nesta edição a Novo Rural traz uma entrevista com a extencionista Marcia Faccin, que coordena a Unidade de Cooperativismo do Escritório Municipal da Emater/RS-Ascar de Frederico Westphalen. Ela e a equipe formada por outros profissionais acompanha uma série de empreendimento cooperativos nos 42 municípios de atuação. Confira.

NR

Como tem visto a capacidade das cooperativas da região em se destacarem em seus mercados? Marcia Faccin – É visível ver o crescimento da participação no mercado das cooperativas regionais, nos diferentes ramos, em função de dois aspectos. Primeiro: está tendo uma valorização maior das cooperativas por uma parcela cada vez maior da sociedade, graças ao trabalho sério e honesto de grande parte dos dirigentes das nossas cooperativas locais e regionais e da divulgação das ações que realizam em prol dos associados e da comunidade. Temos exemplos de cooperativas que são referência nas suas atividades, com 10, 20, 30, 50, 60 anos de existência, sempre inovando, investindo na valorização dos associados e da comunidade onde estão inseridas. Segundo: após a criação do Programa de Extensão Cooperativa (PEC) pelo governo do Estado, executado pela Emater/RS, em que foram criadas equipes específicas com as Unidades de Cooperativismo (UCPs) para trabalhar com pequenas cooperativas agropecuárias, estas conseguiram organizar-se melhor nos aspectos burocráticos e legais e acessar mercados, antes pouco ou não acessados, como o institucional, através do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e Progra-

ma de Aquisição de Alimentos (PAA), e o mercado convencional, com a venda direta para o consumidor final e também para empreendimentos que comercializam produtos. Temos exemplos de cooperativas que quadruplicaram o faturamento, após o acompanhamento e implementação das ações propostas pela equipe da UCP. Vale destacar que esses avanços quanto à participação nos mercados foram obtidos pelas cooperativas que efetivamente implementaram as estratégias sugeridas e optaram em investir em ferramentas de controle e gestão administrativa e mercadológica, pois infelizmente algumas que receberam o trabalho de acompanhamento e não realizaram as sugestões e adequações propostas, ou então não abriram todas as informações para que a equipe pudesse auxiliar, não conseguiram evoluir e acessar ou ampliar as vendas.

NR

O que ainda falta nesses empreendimentos para que haja maior competitividade? Marcia Faccin – Se olharmos mais para as pequenas cooperativas, principalmente as atendidas pela equipe através do PEC, em muitas falta uma pessoa qualificada para fazer a gestão do empreendimento, para administrar e organizar o processo de produção junto aos associados e a comercialização dos produtos nos diferentes mercados. Nós, da UCP,

realizamos visitas periódicas, mas há a necessidade de ter alguém pensando e administrando a cooperativa diariamente, pois em muitos casos o presidente realiza um trabalho voluntário e não possui tempo e nem condições de estar diariamente na cooperativa. Outro aspecto que julgo importante e ainda estamos em fase inicial é a intercooperação, a integração das cooperativas, para juntas buscarem novos mercados e terem um maior portfólio de produtos e serviços para oferecer. Acredito que somente com a união de esforços e dos empreendimentos cooperativos conseguiremos

barganhar novos mercados, ampliar as vendas e, automaticamente, o retorno para os associados.

“Temos exemplos de Você cooperativas que NR acredita há incentivos quadruplicaram que suficientes para as cooperatiseu faturamento, que vas de menor porte possam crescer após o e evoluir em seus acompanhamento mercados? e implementação Marcia Faccin – Nos últimos anos foram criados das ações vários programas de incentivo para as pequenas copropostas e operativas, tanto de acesso ao crédito quanto de apoio sugeridas pela a organização, gestão do e forequipe da UCP”. empreendimento mação e capacitação dos

Marcia Faccin coordena a UCP de Cooperativismo em Frederico Westphalen

conselheiros e cooperados. A maioria das cooperativas está se beneficiando desses incentivos, outras, pelos gestores não estarem dispostos a disponibilizar as informações exigidas, acabam não conseguindo acessar os referidos incentivos. Procuramos atender a todas as cooperativas, informando e ajudando no que for necessário, para que estas possam acessar os programas e incentivos disponibilizados pelo governo, tanto estadual quanto federal, desde que estas sejam empreendimentos sérios, que respeitem a essência e os princípios cooperativos, e que visem beneficiar a todos os cooperados e não apenas alguns como, infelizmente, às vezes acontece.

NR

Como a Emater/RS tem se articulado para apoiar esta área? Marcia Faccin – A Emater vem trabalhando com o seu público assistido ações e atividades ligadas ao associativismo e cooperativismo, fomentando e articulando a constituição de associações e cooperativas. Desde 2012 criou, por demanda do governo do Estado, sete Unidades de Cooperativismo, com profissionais para trabalhar diretamente com as cooperativas, nas ações relacionadas a gestão do empreendimento. Para isso foram contratados profissionais específicos das áreas da administração, contabilidade, sociologia e desenvolvimento rural para atender aos empreendimentos cooperativos, além de oferecer capacitações e treinamentos periódicos para que as equipes consigam desempenhar de forma mais eficaz o trabalho. Revista Novo Rural - Abril de 2017

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Entrevista

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A voz dos suinocultores “da porteira para fora” Valdecir Folador, presidente da Acsurs desde 2004, foi reeleito para mais uma gestão na coordenação da entidade e segue no cargo até 2019 Por Gracieli Verde

revistanovorural@oaltouruguai.com.br

P

or mais um mandato da Associação de Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (Acsurs) o suinocultor Valdecir Folador permanecerá na presidência da entidade. A eleição foi realizada no início de março, durante a assembleia da entidade, em Estrela. Com forte relacionamento com produtores e lideranças da região, Folador diz que é necessário evoluir nas negociações para que os produtores tenham mais viabilidade econômica com a atividade suinícola. “É uma atividade que sofre muito com as variações de mercado, assim como outras áreas do setor agropecuário”, pondera. Natural de Barão de Cotegipe, onde mantém uma granja de suínos com os pais e irmãos, ele reside em Erechim com a esposa, Fabiane, e os filhos, Ana Paula, 17 anos, e Luiz Eduardo, 13. Em entrevista à Novo Rural, Folador comenta sobre os desafios da cadeia produtiva de suínos, a Lei da Integração e a sua relação com os municípios da região, que é uma das maiores produtoras de suínos do Estado – incluindo o município líder no fornecimento de animais para abate em 2016, Palmitinho, e o segundo colocado neste ranking, Rodeio Bonito. Confira a entrevista.

“Acreditamos que a médio e a longo prazo a suinocultura se torne uma atividade mais justa e viável para os produtores.”

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NR

Como tem analisado o desempenho das regiões do Médio Alto Uruguai e do Rio da Várzea, que contam com vários municípios que estão no topo do ranking de maiores produtores de suínos do Estado em 2016? Valdecir Folador: Realmente esta região tem se destacado na produção de suínos. É uma das regiões do Estado em que a suinocultura tem tradição e está crescendo. Nos últimos anos, com o fortalecimento das indústrias, com plantas como a da Labema, JBS e Alibem, fez com que a suinocultura crescesse ainda mais. Por isso, a suinocultura tem se fortalecido. Vemos que as prefeituras também têm apoiado muito o setor, porque é uma das atividades que mais gera retorno de impostos para os municípios. As próprias administrações municipais têm visto isso onde a suinocultura está mais forte. É uma atividade que impõe desafios e por isso defendo muito que é preciso ter vocação.

NR

Por mais que os municípios já tenham políticas públicas direcionadas para o setor, é preciso evoluir em que? Valdecir Folador: Primeiro é necessário analisar a característica do município, para ver se há o verdadeiro interesse entre os produtores em ingressar na atividade. Também é importante avaliar como está o espaço no mercado dentro de cada contexto, avaliando se há indústria suficiente para absorver essa produção. Temos que produzir conforme a indústria está instalada, para ter essa capacidade de absorver a produção. Hoje a produção do Estado, especialmente da região,


COMITÊ DA BACIA é maior do que a capacidade de abate das plantas gaúchas. E esse excedente da produção é vendido principalmente para o Paraná e para São Paulo. Por outro lado, é necessário que os gestores avaliem o retorno dos impostos gerados por meio da suinocultura, que pode ser aplicado em melhorias em toda a comunidade local.

NR

É preciso ter garantia de renda para permanecer ou investir na atividade. Hoje podemos dizer com tranquilidade que a suinocultura é rentável?

pliação da suinocultura nos municípios. Em toda a produção de suínos instalada ou a ser instalada é necessário levar em conta a área agricultável para que o produtor possa ter um local para colocar esses dejetos. Temos que atender a legislação e fazer a coisa bem feita. A forma mais barata de destinar esses dejetos é organizar as lagoas de estabilização e depois de 60/90 dias distribuí-los na lavoura ou em pastagens. Hoje há também como fazer compostagem, misturando o esterco com serragem, que vai se transformar em dejeto seco e que pode ser vendido para regiões mais distantes. Isso dá mais capacidade de alojamento em determinada propriedade, região ou município, mas precisa de uma tecnologia mais avançada e de mais investimentos.

“Vemos que as prefeituras também têm apoiado muito o setor, porque é uma das atividades que mais gera retorno de impostos para os municípios.” NR

Valdecir Folador: Como toda e qualquer atividade de produção animal, a suinocultura também tem suas variáveis, está sujeita às variações de mercado. O ano 2016, por exemplo, foi complicado pela alta nos custo de produção, especialmente por causa do milho, que ficou escasso. Os mercados também influenciam muito nos preços. Se temos exportação dentro de um patamar considerado normal, os preços nacionais e internacionais repercutem na nossa maior ou menor remuneração. Quer dizer, as variações de mercado da “porteira para fora”, como se fala, influenciam na rentabilidade final. Por outro lado, temos vários sistemas de produção: produtores integrados, integrados verticalizados e os não-integrados. O verticalizado, por exemplo, está totalmente sob o comando das integradoras. O produtor investe em parte da infraestrutura e da mão de obra, e o valor recebido leva em conta índices como a conversão alimentar, mortalidade, ganho de peso e eficiência. Mas, muitas vezes, mesmo tempo bons índices, se o mercado não tiver um equilíbrio, os valores sofrem alterações. Precisamos trabalhar muito para que a suinocultura tenha ainda mais viabilidade econômica, para que os produtores, especialmente os integrados verticalizados, tenham uma remuneração que cubra todos os custos, que sobre uma margem para que o produtor tenha a remuneração da mão de obra, além de estabilidade e conforto para a família. Acreditamos que a médio e a longo prazo a suinocultura se torne uma atividade mais justa e viável para os produtores.

NR

Em municípios onde a produção está concentrada em propriedades familiares, que é a maioria, há uma grande geração de dejetos. Como dar um destino correto a isso? Valdecir Folador: Essa questão está diretamente ligada à maior ou menor am-

Como tem avaliado a Lei da Integração? Acredita que ela tem aberto mais o diálogo entre a cadeia produtiva?

RIO DA VÁRZEA (55) 3744-4244

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Comitê participa de reunião do Fórum Gaúcho de Comitês de Bacias Hidrográficas

O

s 55 municípios que compõem o Comitê da Bacia do Rio da Várzea estiveram representados no Fórum Gaúcho de Comitês de Bacias Hidrográcas, realizado no dia 8 de março, no auditório da Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Sema), em Porto Alegre. Importante pauta foi debatida entre os participantes, como o as ações previstas na implantação do Zoneamento Ecológico e Econômico do RS (ZEE), que é um instrumento de auxílio ao planejamento e ordenamento territorial. Baseado no diagnóstico apresen-

tado pelo ZEE, cada Comitê classica os corpos hídricos de sua área de atuação, determinando por consequência as atividades que poderão ser realizadas naquele local, bem como o uso da água. Isso trará um grande impacto econômico, ambiental e estratégico para as regiões do Estado. Ciente da importância deste instrumento, alguns comitês já projetam a realização de ocinais, com até três horas de duração, e abertas à comunidade, para que possam compreender a metodologia e amplitude da ação.

Valdecir Folador: É uma marco importante para o setor de suínos e aves. Com isso foi aberto um canal de diálogo entre produtores e indústria. Hoje vemos que o produtor está tendo uma remuneração melhor, porque ficou mais claro para todos os envolvidos no setor o quanto se gasta para produzir o suíno nos seus diferentes ciclos e sistemas de produção. O avanço é grande nesse sentido.

Em várias agendas com produtores do região o senhor está presente. Qual o fator motivador para que esteja acompanhando de perto a nossa região?

NR

Valdecir Folador: Este é meu papel enquanto presidente. Também temos a criação das Câmaras Técnicas que requerem a nossa presença mais constante. Essa aproximação com os produtores é muito importante, porque a entidade é deles. Como entidade, a Acsurs, e eu, como presidente, temos esse dever de estarmos presente. Para nós também é uma satisfação poder fazer parte deste momento de desenvolvimento da região. Queremos que o produtor cada vez mais seja melhor remunerado, porque isso vai refletir diretamente na economia dos municípios. Sempre digo que a Acsurs é a voz do produtor “da porteira para fora”. Individualmente, dentro das nossas granjas, fazemos o nosso papel – falo assim porque também sou produtor. Mas, lá fora, quem vai falar por nós é a associação. É importante que o produtor também seja participativo nesse processo.

Representantes do Comitê do Rio da Várzea participaram do fórum realizado em Porto Alegre, onde foram debatidos temas relativos à gestão dos recursos hídricos da região e do Estado

Plano Municipal de Resíduos Sólidos A necessidade de uma mobilização das entidades para pressionar os municípios na implementação ou conclusão do Plano Municipal de Resíduos Sólidos foi tema de debatido durante a reunião do Fórum das Bacias Hidrográcas. As ações previstas, bem como as normas, são essenciais para auxiliar na preservação da qualidade dos recursos hídricos.

Fórum Mundial da Água Com o objetivo de promover um engajamento da população e em especial das entidades ligadas ao gerenciamento da água, será realizada nos dias 26 e 27 de abril, a segunda reunião de Consulta às Partes, visando os preparativos para o Fórum Mundial da Água, que será realizado em Brasília, em 2018. Revista Novo Rural - Abril de 2017

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Dentro da Porteira

Gracieli Verde

Família Ascoli é uma das que produz morango e se tornou defensora da cultura

Os morangos que “adoçam” a renda das famílias Além de ter mercado promissor para a cultura, famílias de Gramado dos Loureiros têm apostado em práticas biológicas para evitar o uso de agrotóxicos mais agressivos à saúde humana

H

á cerca de 25 anos o município de GraDe acordo com a equipe local da Emater/RS, mado dos Loureiros vem desenvolvendo o pedido é feito diretamente pelos agricultores. a cultura do morango. Muitas famílias, Já o transporte das mudas é disponibilizado por na busca por mais uma alternativa de meio da prefeitura,como forma de apoio. “Norgeração de renda, têm cultivado a planmalmente o plantio é feito em abril e maio quanta e conseguido ver novas perspectido no solo, ou então em junho no vas. Na comunidade de Assentamensistema suspenso”, assinala a ento Novo Gramado, a família do casal genheira-agrônoma Priscila Baraldi Vilson e Terezinha Ascoli é uma deVolpi, da Emater/RS. las. A filha Eugênia e o genro Adílio – Ela observa ainda que no muque tem os filhos Amanda, 12 anos, e nicípio os produtores estão busRafael, 4 – investiram na atividade há cando ingressar no cultivo suscinco anos e são entusiastas na culpenso do morango, para tura. “Queremos continuar investinfacilitar a mão de obra, do”, diz ela. uma vez que esse méNa propriedade de 11,9 hectares todo é considerado também se produz soja e leite, mas é mais ergonômico, o morango que mais gera aquele brilho reduzindo o impacnos olhos quando se fala nas atividato do trabalho para des mantidas na propriedade. No últiquem faz o manejo e mo ano a família cultivou nove mil mua colheita. “No culdas em substrato. Para a próxima safra tivo no solo é mais a projeção é que sejam implantadas 11 fácil de ter problemil mudas. O início da produção comas de saúde, espemeçou bem mais tímido, com três mil cialmente de coluna, Adílio Serpa, mudas, mas com a geração de renda o porque precisa ficar mais tempo produtor entusiasmo aumentou e os investimos agachado. Vamos testar uma parcrescem a cada ano. te do cultivo no sistema suspenso Tanto na propriedade como no município, a para ver se nos adaptamos”, comenta a produvariedade Camino Real é a que predomina. Mestora Eugênia. mo assim, para a safra que se aproxima a tentatiMesmo que a colheita seja mais intensa no mês va também será com outras, como a San Andrede outubro, pode-se tirar as frutas das plantas desas. Essas variedades são importadas e adquiridas de agosto até dezembro. No município o rendimenpor intermédio de uma importadora da cidade de to por muda tem sido, em média, de 800 gramas, Feliz, na Serra gaúcha, pois as mudas são trazidas mas esse número pode chegar a 1,8 quilos, dependa Patagônia e do Chile. dendo do sistema de produção adotado.

“Nossa preocupação é ter também um produto de qualidade, que não tenha excesso de insumos químicos”.

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Uso de produtos biológicos A atenção dos produtores para com o cultivo de morangos vai além da renda e da beleza ou sabor dos frutos. “Nossa preocupação é ter também um produto de qualidade, que não tenha excesso de insumos químicos. Há algumas safras estamos buscando usar produtos biológicos. É uma forma de termos mais poder de negociação na hora de vender, bem como trabalhar de consciência tranquila”, pontua Adílio, esposo de Eugênia. Conforme e a agrônoma Priscila Baraldi Volpi, esse viés biológico tem se intensificado nos últimos três anos. “É um trabalho de conscientização e já vemos uma redução considerável no uso de agrotóxicos”, avalia, satisfeita com a adesão dos produtores.

Mercado A venda da produção de morangos de Gramado dos Loureiros é feita localmente e em municípios vizinhos. Um dos diferenciais que famílias como a Ascoli tem feito é na apresentação do produto. “Estamos vendendo dentro de caixas já identificadas com a nossa marca. Isso faz com que as pessoas identifiquem o nosso produto mais rapidamente, e também é uma forma de valorizar o que produzimos”, observa Adílio. Na região outros municípios também estão se destacando com a cultura, como Taquaruçu do Sul e Ametista do Sul, com mais expressividade em relação aos demais.

Destaque regional Regionalmente, Gramado dos Loureiros é conhecido pela expressiva produção e pela qualidade dos morangos. Na safra de 2016 foram plantadas cerca de 40 mil mudas de morango. “Para a agricultura familiar o cultivo do morango representa uma boa alternativa de geração de renda e diversificação da matriz produtiva. Os agricultores colheram em torno de 850g de morango por planta durante o último ciclo da cultura, tendo em vista as boas condições apresentadas pelos cultivos até o momento”, pontua Priscila.


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Previdência: há esperança de sensibilizar o governo Assessoria de Imprensa Expodireto/Divulgação

A

notícia de que a Reforma da Previdência não atingirá mais os servidores estaduais e municipais – além dos que já ficavam de fora, como militares das Forças Armadas, bombeiros e policiais militares –, passando a afetar apenas os federais, trabalhadores do setor privado e agricultores, mexeu com as esperanças de mais flexibilização sobre a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 287. Depois do anúncio do presidente, Michel Temer, líderes dos principais partidos governistas na Câmara dos Deputados analisam mais mudanças, entre elas a da flexibilização ou retirada das regras que endurecem a obtenção da aposentadoria pelos trabalhadores rurais, além de pessoas com deficiência ou idosos em situação de miserabilidade. Um dos pontos mais criticados da reforma, a instituição de idade mínima de 65 anos, também é alvo de ofensiva de partidos que compõem a base aliada. Tendo em vista essa flexibilização do governo e da abertura para negociações com centrais sindicais e federações, o co-

Durante a Expodireto Cotrijal, agricultores se mobilizaram contra a reforma. MPA programa outra mobilização, desta vez na região, para o dia 5 de abril

ordenador da Regional do Médio Alto Uruguai dos Sindicatos dos Trabalhadores Rurais, Deonir Sarmento, anunciou que a mobilização que estava programada para o

início de abril foi suspensa. – Devido a esse sinal, vamos cancelar essa mobilização e transferi-la para fim de abril ou maio, caso seja necessária. Ava-

liamos essa retirada destas duas classes de maneiras distintas, como positiva, porque é a prova que o governo não tem mais certeza que o projeto seja aprovado integralmente, mas por outro lado, entendemos que com essa mudança, a reforma da Previdência acaba ficando restrita ao trabalhador assalariado e agricultores, o que desconfigura a ideia de reforma – analisou Sarmento. Mesmo assim, o coordenador do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), Plínio Simas, confirma a realização de um ato no dia 5 de abril, durante todo o dia, em pontos da BR-386 em Frederico Westphalen e em Boa Vista das Missões, com a participação de agricultores, entidades e comunidade em geral. O objetivo da mobilização é a retirada da PEC do Congresso. “Somos contra a reforma porque esse Congresso não tem legitimidade, não dá para confiar e tampouco negociar”, afirmou Simas. Atualmente a PEC de reforma da Previdência ainda tramita em uma comissão especial da Câmara dos Deputados.

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Ações que Inspiram

Equipes da Emater/ RS-Ascar assessoram empreendimentos em toda a região e famílias enxergam na agroindustrialização a possibilidade de agregar valor aos produtos

R

ecentemente a família Martins, moradora da linha São Valentin, em Ametista do Sul, comemorou mais uma conquista. A família inaugurou a agroindústria Geleias São Valentin, por intermédio do Programa Estadual da Agroindústria Familiar (Peaf), em março. O casal Antônio Adair e Tânia Martins, responsável pela agroindústria, sempre produziu laranja, uva e morango na propriedade. A comercialização das frutas in natura era a forma de geração de renda da família. Para aproveitar o excedente da laranja e da uva e utilizar, no caso do morango, aquilo que não tem característica para venda, surgiu a ideia de transformar a matéria-prima e iniciar a fabricação de geleias – uma forma de agregar valor ao produto e aumentar a renda. Há vários anos a equipe da Emater/RS-Ascar assessora e acompanha a família Martins. – Trabalhamos desde a produção das frutas, ajudamos no começo para regularização da agroindústria, encaminhamento junto à vigilância sanitária, projeto de licenciamento ambiental, alvarás, rotulagem, fabricação das geleias, entre outras etapas – assinala a engenheira-agrônoma da Emater/ RS-Ascar, Joceani Dal Cero, citando também que a família integra o Programa Gestão Sustentável da Agricultura Familiar.

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Políticas públicas impulsionam setor O assistente técnico regional de organização econômica da Emater/RS-Ascar de Frederico Westphalen, Gaspar Scheid, assinala que a pujança dessa atividade tem levado os governos federal, estadual e municipais a discutir e implantar políticas públicas que propiciem a formalização desses empreendimentos. O Estado gaúcho, através da Secretaria de Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo (SDR), implantou o Programa Estadual da Agroindústria Familiar (Peaf), que atua na formalização e implantação de agroindústrias, na formação de beneficiários e no apoio à comercialização, e que tem a Emater/RS-Ascar como principal entidade executora dessa política pública. – O acesso ao programa engloba a formação sobre as leis fiscais, previdenciárias, de vigilância sanitária e ambiental. A formação fiscal e previdenciária consiste em esclarecer e acompanhar o processo de cadastro de atividade econômica nos municípios e na Secretaria da Fazenda do RS, na forma de micro produtor rural, a qual permite a comercialização dos produtos de agroindústria das famílias que produzem a matéria-prima em suas propriedades – explica Scheid. No que se refere à vigilância sanitária, a Emater/RS-Ascar promove a formação, qualifica as famílias em boas práticas de fabricação, que contempla treinamentos, e desenvolve projetos das plantas baixas ou de projetos para aproveitamento de estruturas existentes, os quais atendam o fluxo sanitário adequado para as boas práticas de fabricação na agroindústria. Dentro disso, a Emater/RS também desenvolve o estudo mercadológico, que avalia a viabilidade econômica e apresentação dos produtos, com o suporte da equipe da Unidade de Cooperativismo instalada em Frederico Westphalen. “Outro ponto fundamental para instalação das agroindústrias está relacionado à adequação às leis ambientais. Elabora-se o projeto para tratamento de efluentes e são encaminhadas as licenças ambientais aos órgãos competentes”, enumera. Depois de legalizadas, as agroindústrias podem acessar mercados institucionais de forma preferencial, como o Programa Nacional da Alimentação Escolar (Pnae) e o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) – Muitas famílias que estão processando alimentos de maneira informal podem entender que a legalização é um processo difícil. Porém, as etapas desse processo são simples e fáceis, não têm custos altos e trazem inúmeras vantagens, como o acesso a mercados institucionais, bem como a venda dos produtos em supermercados do município, da região, do Estado e do país – reforça Scheid.

No registro, o casal Antônio Adair e Tânia Martins, de Ametista do Sul, com a extensionista Joceani Dal Cero

“Para os consumidores, o fato de a produção local ser legalizada representa segurança alimentar no que se refere aos riscos alimentares e a qualidade nutricional dos produtos, por se tratar muitas vezes de produtos com menor aporte de conservantes e processados de forma mais tradicional e orgânica”. Gaspar Scheid, assistente técnico da Emater/RS-Ascar

Desempenho da região Desde 2016 diversas agroindústrias receberam o certificado e estão legalizadas na região. Algumas delas são a Embutidos Bisolo e Laticínios Eduvavi, de Frederico Westphalen; a agroindústria de filetagem de peixe Três Irmãos, de Taquaruçu do Sul; a agroindústria de erva-mate Querência do Barreiro, de Novo Barreiro; a Embutidos Farinhas, de Alpestre; a Agroindústria Ciprandi, de processamento mínimo de mandioca, de Rodeio Bonito; as agroindústrias de produtos lácteos De Witt Ferreira e Cantinho do Mel, de Gramado dos Loureiros; e a agroindústria Suco de Uva Rioli, de São Pedro das Missões. Quem estiver interessado nesse processo de agroindustrialização pode procurar as equipes da Emater/RS-Ascar dos municípios para saber mais sobre o Peaf.

Debora Theobald

Agroindústrias abrem mercado para produtos de famílias rurais


BOLETIM AGROMETEREOLÓGICO Leandro Marques Engenheiro-agrônomo | Extensionista rural da Emater/RS-Ascar

Exemplo para o inverno

O valor do trigo Gracieli Verde/Arquivo Jornal AU

A safra de números positivos que o verão trouxe para a região animou o campo e a cidade. As chuvas bem distribuídas ao longo da estação quente garantiram boas produções, principalmente dos grãos, como a soja e o milho. Embora o clima tenha atuado de forma favorável para o bom andamento da safra, a experiência e a sabedoria do agricultor, aliado à assistência técnica, viabilizaram os bons frutos da estação. A escolha de cultivares com ciclos precoce, médio e tardio permitiu escalonar a semeadura das áreas de lavoura, favorecendo o planejamento amplo da safra que passou. Vale destacar que tal decisão também favorece para o planejamento da colheita, permitindo o uso eficiente das máquinas agrícolas, intercalando épocas de entrada nas áreas de lavoura. Com as ferramentas em mãos e de posse do conhecimento, fica mais fácil acertar o manejo. O bom desempenho do verão deve servir de exemplo para o inverno. Gracieli Verde

Trigo duplo propósito é usado por quem deseja ter pastagem antecipada aos rebanhos

Chuvas bem distribuídas ao longo da estação quente garantiram boas produções

Além da feira Divulgação

da produzir o grão nos meses seguintes. Para estes agricultores, é importante não perder os momentos certos de entrar com a adubação de cobertura, principalmente. Cuidar a quantidade de animais na área é fundamental, para evitar o pisoteio excessivo sobre as plantas. Outros aspectos de manejo também são fundamentais, como manter as plantas livres de pragas e doenças para favorecer o rebrote das mesmas visando a produção de grãos com qualidade para a comercialização. O valor do trigo não está apenas no preço final da venda, mas na importância dele para o campo e a cidade.

A hora da canola Nas rodas de conversas entres os agricultores a canola costuma surgir como uma alternativa a ser testada no campo. Outros já utilizam a cultura há mais tempo, com certa experiência adquirida e repetem o cultivo a cada ano. Em todos os casos, a busca por variedades mais adaptadas à região, que respondem por boas produções, não pode ser deixada de lado. Vale lembrar que a ocorrência de geada no período da floração é um dos maiores riscos para a cultura. Observar e seguir o zoneamento agrícola para cada local é indispensável.

Gracieli Verde/Arquivo Jornal AU

Abril é o mês tradicional das feiras do peixe em nossos municípios da região. Muitos agricultores aproveitam o momento para vender seus peixes e os consumidores buscam os melhores preços em cada oferta. Dentro das propriedades rurais, a retirada do peixe para a venda pode ocorrer de forma parcial, sem esvaziar totalmente os locais de criação. Já em outros, a água é retirada por completo, esvaziando os tanques e açudes. Para esses casos, é importante aproveitar o momento para realizar a manutenção dos locais, com procedimentos de limpeza, desinfecção e, até mesmo, a verificação de taipas e tubulações, para evitar imprevistos. Os dias de sol e tempo seco são ideais para realizar tais procedimentos, de preferência com auxílio de um técnico com conhecimento na área. O trabalho com peixes vai além da feira.

O Rio Grande do Sul é destaque a cada safra de inverno e a nossa região tem papel importante nesse processo. Nossos municípios se caracterizam por apresentar boa parte de suas áreas com cereais de inverno cultivados para a alimentação animal, mas culturas como o trigo são importantes para a produção de grãos, além de serem elementos fundamentais em sistemas de rotação de culturas em áreas de lavoura. Existe ainda a tecnologia do trigo duplo propósito, que costuma ser utilizada entre aqueles agricultores que desejam oferecer pastagem aos rebanhos de forma antecipada, com a possibilidade de ain-

O frio vem aí Com o avanço do outono, as primeiras ondas de frio mais intenso começam a chegar até a região. As horas de sol diminuem a cada dia, aumentando a sensação de frio quando uma massa de ar de característica mais fria ganha força. A segunda metade de abril costuma trazer dias com temperaturas mais baixas, principalmente ao amanhecer. São dias assim que exigem uma adaptação no campo, principalmente para aquelas famílias que trabalham com estufas. Nestes locais, é recomendável fechar as estufas mais cedo no período da tarde em

dias de frio intenso. Em dias com registro de geada, a abertura na parte da manhã deve ocorrer um pouco mais tarde, protegendo as plantas da temperatura mais baixa. Em outras situações, o frio é aguardado. Para a quebra no ciclo de algumas doenças a ocorrência de baixas temperaturas, ele é fundamental. A soja que costuma cair em locais de colheita, por exemplo, deve morrer com as temperaturas mais baixas, principalmente em dias com geada, deixando de ser uma possível fonte de doenças. A chegada do frio está próxima.

A busca por variedades de canola mais adaptadas à região não pode ser deixada de lado

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Turismo Rural

Saúde também é foco do turismo em Constantina Visitantes podem ter acesso a terapias alternativas em propriedade localizada na linha Guardinha Gracieli Verde

U

Café da manhã é servido no espaço mantido pelo casal Berti

tra alguns exercícios de ioga. “Acho incrível a possibilidade ter momentos para praticar ioga aqui no interior, ao ar livre”, exclama Robem Bernardi, um dos extensionistas da Emater/RS-Ascar que geralmente acompanha os grupos visitantes. Além dos exercícios, os visitantes também participam de uma dinâmica que promove a interação. Um momento que propõe reflexões a respeito da valorização da vida, da família e dos amigos. “Vemos muitas pessoas que se emocionam ao ganhar um abraço, ao interagir de uma forma diferente”, comenta Rosaura.

Gracieli Verde

m passeio sempre pode qualificar a nossa vida. É com esse pensamento que a terapeuta Rosaura Berti, de Constantina, recebe os visitantes por meio do roteiro turístico Nostra Terra. Com a propriedade localizada na linha Guardinha, ela e o esposo, Altemir, transformam a visita em uma experiência dedicada a saúde e ao bem-estar das pessoas. Considerados naturalistas, os terapeutas fazem uma série de atendimentos no local, com opções alternativas para melhorar diversos aspectos da saúde. Há 13 anos em Constantina, Altemir e Rosaura trabalham com reiki, florais, homeopatia e diversas outras opções. Ao chegar na localidade, os grupos são recepcionados com o Chá da Vida. Com uma mesa farta de bolos, biscoitos, chás, sucos e outras delícias, os visitantes podem se saciar com produtos naturais e muitos deles integrais. Mas não é somente isso. Um clima harmonioso é organizado para receber os visitantes, com uma trilha sonora relaxante. Após o café da manhã e uma breve explanação sobre o que é oferecido no local, os visitantes também podem percorrer o jardim, onde tem uma infinidade de chás, temperos e demais plantas que podem ser usadas para o bem-estar das pessoas. “A natureza nos dá muita coisa boa. Baste que saibamos usar essas plantas a nosso favor”, pontua Altemir. No quintal da casa também é possível conhecer e ver de perto vários animais, entre eles pavões e patos. Em seguida, outro espaço que pode ser visitado é uma estrutura de uma igreja que antigamente recebia fieis católicos da comunidade. O local está em ruínas, mas se trata de um espaço histórico para a linha Guardinha, além de ter uma arquitetura que remete aos templos mais antigos. Próximo dali, sob a sombra de vários plátanos, Altemir minis-

Casal Rosaura e Altemir Berti mantém local

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As visitas ao local podem ser feitas por meio do roteiro Nostra Terra, sendo agendado pela Emater/RS-Ascar local. Os contatos também pode ser feitos diretamente com o casal Berti, pelos fones (54) 33632330, (54) 9-9679-5795 ou (54) 9-9947-4748. Gracieli Verde

Gracieli Verde

Igreja também é um espaço que poder ser visitado

Para quem quer visitar o local

Alguns exercícios de ioga podem ser feitos ao ar livre


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Culinária

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Páscoa em seu sentido mais original

O

pções para “adoçar” a Páscoa não faltam, ainda mais com a ascensão dos ovos de chocolate. Mesmo assim, muitas famílias ainda preferem optar por doces tradicionais como o cri-cri, que faz com que o amendoim seja um dos “queridinhos” desta data. Seja nas casquinhas de ovos, como as “nonas” e mães sempre presenteavam a criançada, ou em embalagens diferenciadas, o cri-cri não pode faltar. Será que aí não está uma forma de resgatar a forma como se comemorava a Páscoa em família há alguns anos? Outra coisa: é uma forma de envolver as crianças da casa na confecção das embalagens, seja na decoração das casquinhas ou de cones de papel. Há uma infinidade de possibilidades. Se você quiser presentear netos ou sobrinhos, ou até mesmo afilhados, pode optar por uma bela caneca repleta do doce. É simples, mas simpático. O menos é mais nestes momentos e o que vale é o sentido espiritual da data. Feliz e adoçada Páscoa!

Cri-cri tradicional Ingredientes

½ copo de água

1 copo de açúcar

2 copos de amendoim

Opcionais: achocolatado em pó, canela ou cravo

Modo de preparo Leve todos os ingredientes, em uma panela grande, ao fogo médio. Deixe ferver, mexendo de vez em quando, até que comece a secar o açúcar, mais ou menos 40 min. Quando o açúcar começar a secar mexa continuamente até que o açúcar fique grudado aos grãos de amendoim.

Que tal aproveitar ingredientes corriqueiros no brigadeiro?

P

ara quem não abre mão de ter algo voltado ao chocolate na Páscoa, mas não quer investir necessariamente nos ovos, o brigadeiro é uma boa pedida. Trazemos duas sugestões da equipe da Emater/RS que levam ingredientes como a mandioca e a ricota. Lembre-se que o sucesso de uma receita também depende de um ingrediente muito importante: o carinho no preparo! Mãos ao doce!

Brigadeiro com mandioca

2 colheres (sopa) margarina

2 colheres (sopa) chocolate em pó

12 colheres (sopa) açúcar mascavo

2 colheres (sopa) de achocolatado

Ingredientes

1 xícara de ricota

Ingredientes 1 ½ xícara mandioca bem cozida

Brigadeiro de ricota

1 xícara de leite em pó

1 xícara de açúcar

4 colheres (sopa) de chocolate em pó

100 gramas de chocolate granulado

50 ml de leite

Modo de preparo Coloque no liquidificador a ricota, o açúcar, o chocolate em pó e um pouco de leite. Bata tudo no liquidificador. Após liquidificada, a massa é colocada em uma panela de teflon para não grudar e é levada ao fogão. Ali, ela deve ser fervida em fogo médio de cinco a sete minutos. Mexa sempre. O brigadeiro estará pronto quando a massa se desgrudar do fundo da panela. Deixe o brigadeiro esfriar em uma tigela de vidro. Se quiser, a tigela pode ser colocada na geladeira para a massa esfriar mais rápido e ficar mais consistente. Depois, é só enrolar o docinho e cobri-lo com chocolate granulado.

150 gramas de chocolate granulado

Modo de preparo Cozinhe a mandioca em uma água sem sal. Amasse a mandioca. Em uma panela ao fogo coloque as 2 colheres (sopa) margarina. Após, adicione a margarina moída. Acrescente os demais ingredientes: 12 colheres (sopa) açúcar mascavo, 2 colheres (sopa) chocolate em pó, 2 colheres (sopa) de achocolatado, 1 xícara de leite em pó. Mexa tudo na panela até desgrudar do fundo da panela. A massa fica bem lisinha. Faça bolinhas pequenas. Enrole na própria mão. Passe a bolinha no granulado e sirva.

Foto

ilust

rativ

a

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Espaço da Mulher

Momentos de interação e conscientização Em alusão ao Dia Internacional da Mulher, eventos reúnem mais de 10 mil pessoas pela região e a reforma da Previdência Social predomina como tema dos encontros

Ronda Alta

287. Isso mostra que precisamos continuar firmes em relação à manutenção dos nossos direitos”, pontua Dulcenéia. Além disso, a proposta desses encontros também é fazer com que as mulheres repensem suas trajetórias, analisando as suas conquistas pessoais. “É preciso valorizar o que se conquistou até aqui”, reforça a extensionista. Para o presidente da Regional Sindical do Médio e Alto Uruguai, Deonir Sarmento, a expressiva participação das mulheres rurais nos eventos demonstra a força que ela têm e o quanto elas também podem se mobilizar para se opor à PEC 287. “As mulheres são quem mais vão ser prejudicadas se essa nova legislação for implementada”, alerta. “Foi um momento de externar sentimentos e angústias em relação a esse assunto”, acrescenta o presidente do STR de Alpestre, Valdemar Calvin, salientando que este também acabou sendo um momento de refletir sobre o modo de vida no meio rural.

No município a homenagem ocorreu no dia 4 de março, durante o 20º Encontro Municipal de Mulheres, no Esporte Clube Brasil. Durante toda a tarde as participantes ouviram histórias de mulheres que se superam no seu dia a dia. A promoção foi da prefeitura, Câmara de Vereadores, Emater/RS e STR. A representante da Fetraf, Cleonice Back, explanou sobre a proposta de reforma da Previdência Social. Divulgação

Q

uarenta municípios mobilizados, mais de 10 mil mulheres reunidas e quase 20 encontros já realizados. Esses são alguns números relacionados aos eventos alusivos ao Dia Internacional da Mulher – 8 de março –, lembrado na região por meio de uma iniciativa de prefeituras, Emater/RS-Ascar, sindicatos, cooperativas e demais entidades ligadas ao meio rural. A assistente técnica regional social Dulcenéia Haas Wommer, que atua no Escritório Regional da Emater/RS-Ascar de Frederico Westphalen e que acompanhou vários dos encontros, avalia de forma positiva a participação delas. “Por mais que o principal objetivo seja promover a integração entre as participantes, também há esse viés de ser um momento de reflexão sobre o cenário atual, os desafios e as conquistas. O tema que predominou foi a reforma da Previdência Social, que o governo quer implementar por meio da proposta de emenda à Constituição (PEC)

mulher

Dia Internacional da

Atividades ocorreram no Esporte Clube Brasil

Rondinha

Em Rondinha a comemoração do Dia Internacional da Mulher também serviu para celebrar os 52 anos de aniversário do município. A quarta edição do Dia D’Elas foi realizada no dia 22 de março, no Clube União, promovido pela prefeitura, secretarias municipais da Educação e da Assistência Social e Emater/RS-Ascar. Apresentações artísticas e palestra fizeram parte da programação. Também houve venda de peças de artesanato confeccionadas por mulheres de Rondinha, que são assistidas da Emater/RS-Ascar e do Centro de Referência da Assistência Social (Cras).

Iraí

Em Iraí também se reuniram mulheres de Frederico Westphalen, Vicente Dutra e Caiçara, no dia 4 de março, no ginásio municipal de esportes da cidade. O evento foi organizado pelos Sindicatos dos Trabalhadores Rurais (STR), junto com a Emater/RS-Ascar, com o apoio das prefeituras dos municípios participantes, reunindo mais de mil mulheres. Lá quem palestrou sobre a reforma da Previdência foi o sindicalista Deonir Sarmento. A psicóloga Marcieli Magalhães também palestrou sobre questões rotineiras relacionadas às mulheres. Debora Theobald

Constantina

O município foi sede da sexta edição do Encontro Regional de Mulheres, que também envolve os municípios de Engenho Velho, Novo Xingu, Liberato Salzano e São José das Missões. O encontro, que acontece a cada ano de forma itinerante, é uma realização da Emater/RS, Sindicato da Agricultura Familiar, Coletivo de Mulheres e prefeituras. Neste ano, o evento reuniu em torno de 1,5 mil pessoas, no salão paroquial de Constantina, no dia 10 de março. Previdência social e valorização da mulher foram assuntos debatidos em painéis. Marcela Buzatto/Emater/Divulgação

Mais de mil mulheres se reuniram no ginásio de Iraí

Jaboticaba

Em Jaboticaba o evento que lembra o Dia Internacional da Mulher chegou à 14ª edição e foi promovido pela prefeitura, Emater/RS, STR, Grupo de Senhoras e Moças da linha Santa Lúcia, Cooperjab e paróquia católica. Aproximadamente 400 mulheres participaram. As lideranças destacaram a força da mulher e a sua disposição em fazer a jornada dupla de trabalho. Pela parte da tarde foi promovida palestra.

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Programação seguiu durante todo o dia


Boa Vista das Missões

Rodeio Bonito

A prefeitura, por meio das secretarias de Saúde, Educação e Assistência Social, com apoio da Emater/RS-Ascar, promoveu o Dia da Mulher do município. O evento foi realizado no parque de rodeios da cidade, no dia 10 de março. As mulheres foram recepcionadas e, em seguida, foi realizada a abertura do evento, que contou com uma conversa sobre prevenção da saúde da mulher.

Em meio à natureza, na Gruta Nossa Senhora de Lourdes, em Rodeio Bonito, cerca de 600 mulheres se reuniram no dia 11 de março. A organização esteve a cargo dos escritórios municipais da Emater/RS, prefeituras e sindicatos dos trabalhadores rurais, com apoio da Sicredi Alto Uruguai RS/SC. O encontro também contou com a presença de pessoas de Cristal do Sul, Pinhal e Novo Tiradentes. A programação teve momento religioso, palestra sobre Previdência Social, almoço e atividades recreativas. Gracieli Verde

Cerro Grande

Em Cerro Grande, a programação alusiva ao Dia da Mulher teve início no dia 7 de março, com a 1ª Conferência da Mulher. A organização ficou por conta da prefeitura, por meio das secretarias da Saúde e Educação, além do Cras. Cerca de 300 mulheres assistiram a palestra “Saúde da mulher”. A programação especial seguiu no dia 8, com atividades ao ar livre.

Novo Barreiro

No dia 11 de março Novo Barreiro também teve mais uma edição do tradicional Encontro Intermunicipal de Mulheres, que ainda reúne os municípios de Barra Funda, Nova Boa Vista e Chapada. Este ano, Novo Barreiro sediou o evento, que reuniu mais de 1,1 mil pessoas no ginásio de esportes. O tradicional evento é realizado pela Emater/RS-Ascar, em parceria com as prefeituras dos quatro municípios. Entre as lideranças esteve o presidente da Emater/RS, Clair Kuhn, e o presidente da Assembleia Legislativa do RS, deputado Edegar Pretto.

Em Rodeio Bonito, encontro ocorreu na Gruta Nossa Senhora de Lourdes

Marcela Buzatto/Emater/Divulgação

Palmitinho

Encontro Intermunicipal de Mulheres de Palmitinho, também realizado no sábado, 11, reuniu 1,8 mil pessoas. A programação focada em atividades culturais e esportivas foi realizada na linha Esquina do Comércio, reunindo mulheres de Palmitinho, Vista Alegre, Pinheirinho do Vale e Taquaruçu do Sul. A reforma da Previdência também foi abordada no encontro, que ainda teve gincana com mais de 20 modalidades em disputa, almoço e matinê. O evento foi promovido pelos STRs, escritórios municipais da Emater/RS-Ascar, prefeituras e Câmaras de Vereadores dos municípios participantes. Ivone Kempka

Mulheres que quatro municípios se reuniram em Novo Barreiro

Seberi

Atividades culturais e esportivas envolveram as participantes

No Encontro Intermunicipal de Mulheres abrangendo Seberi, Erval Seco e Dois Irmãos das Missões, realizado no sábado, no Vale das Águas, em Seberi, a principal temática foi a reforma da Previdência Social. Além dos discursos de autoridades e lideranças sindicais defendendo a contrariedade ao projeto encaminhado pelo governo federal ao Congresso Nacional, o STR de Erval Seco promoveu uma mística, mostrando situações reais de como a reforma da Previdência afetará a rotina e o futuro dos agricultores.

Alpestre

Adriano Dal Chiavon

A 13ª edição do Encontro Microrregional de Mulheres de Alpestre foi realizada na linha Farinhas, em Alpestre, no dia 11 de março. O evento envolveu mulheres dos municípios de Alpestre, Ametista do Sul, Planalto, Gramado dos Loureiros, Trindade do Sul, Nonoai e Rio dos Índios e reuniu aproximadamente 1,5 mil pessoas. A programação demonstrou a união entre as duas comunidades interioranas, que também abraçaram o evento, bem como os demais organizadores – Sindicato de Trabalhadores Rurais, Emater/RS, prefeitura, com apoio da Cooperativa Extremo Norte, Casa Familiar Rural e Grupos de Mulheres de Alpestre. Tamires Matté

Mística abordou prejuízos que a reforma da Previdência pode causar aos agricultores

Expressiva participação também foi registrada em Alpestre

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Imagem ilustrativa

Bem-Estar

Depressão: um drama também vivido no campo Ao apresentar sintomas, é necessário buscar ajuda profissional e reinventar-se, afinal, é uma doença que pode ser superada. Neste ano o Dia Mundial da Saúde, 7 de abril, aborda o assunto

D

esânimo, indisposição, desejo de ausentar-se do lar, falta de perspectivas. Esses foram alguns dos sintomas que R.K.M., 54 anos, casada, três filhos, apresentava no final do ano 2012. O grau desses sintomas foi se acentuando e foi preciso que a família intervisse para buscar o auxílio médico e psicológico. “Ela dizia que ia sair de casa e nunca mais voltar”, conta um dos três filhos. O diagnóstico: a depressão. – Eu não tinha vontade de fazer nada, apenas de ir embora. Eu amo cuidar da casa, do jardim e naquela época nem vontade disso eu tinha. A família foi muito importante para ajudar a entender que precisava de ajuda, pois a depressão você acha que pode ter, mas não acredita que você está com ela. Reconhecer, aceitar a ajuda da família, ter o apoio deles é fundamental além de buscar o tratamento – conta ela. R.K.M. só deu a volta por cima e voltou a fazer tudo aquilo que mais gostava após o tratamento. Segundo ela, tanto medicação quanto as conversas com uma psiquiatra e um

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psicólogo foram muito importantes. “Conversar, ser ouvido e ser entendido neste período é essencial. Também tem que se ajudar, fazer a sua parte, senão nada adianta”, diz. Esse drama, que acaba envolvendo toda a família, se repete em várias residências. A mulher preferiu não se identificar. É mãe de família, mora no interior de Frederico Westphalen e nos ajuda a mostrar um pouco do que a depressão pode causar no dia a dia de uma pessoa – independentemente de onde ela viva, quer dizer, inclusive no meio rural. O assunto depressão é tão sério que neste ano o Dia Mundial da Saúde, lembrado em 7 de abril, tem como tema a doença, considerada por muitos o “mal do século”. A determinação é da Organização Mundial da Saúde (OMS). Para “clarear” mais sobre esta doença, a reportagem conversou com o psicólogo Rangel Lima, que hoje atende em uma clínica em Frederico Westphalen e em Chapecó (SC), mas que também já trabalhou por meio de prefeituras da região, conhecendo a realidade do campo.

Fatores que causam a doença

“Se eu só pensar no ruim, eu vou começar a me comportar desta maneira, ficar triste e nervoso.”

Lima explica que há dois tipos de depressão, um que tem a ver com fatores hereditários e genéticos; e outro que acontece pelas circunstâncias às quais a pessoa está exposta, como a morte de um filho, uma perda financeira, um negócio mal feito, entre vários outras questões. – Todos estamos sujeitos a passar por uma depressão circunstancial. Ela é mais fácil de curar. Já em outros casos, que

tem mais influência do fator hereditário, a pessoa vai precisar de acompanhamento de um psiquiatra, além de medicação – explica. A porcentagem de depressão é maior entre as mulheres. No caso delas, se tem uma grande mudança hormonal, em pelo menos uma semana do mês, com a menstruação. Isso as deixam mais sensíveis ou estressadas e pode interferir, ao longo do tempo, no aparecimento da depressão.

Depressão + ansiedade Lima observa que muitas pessoas que têm depressão também apresentam quadros de ansiedade. “Às vezes o produtor planta a produção e já fica pensando se vai colher bem, ou faz um financiamento e já fica pensando se vai ter dinheiro para pa-

gar. Fica preocupado com o filho ou filha que está na cidade. Se você vive preocupado com as coisas que aconteceram ou que vão acontecer, acaba cultivando esses sentimentos e pode desenvolver uma depressão”, diz, em tom de vigilância.


Gracieli Verde

“É preciso virar a página” Lima defende que a depressão é algo ligado ao passado, da mesma forma que, no outro extremo, está a ansiedade, que está relacionada ao futuro, é a expectativa do que vai acontecer. – Mas, se eu ficar muito ansioso e começar a me preocupar demais, a tendência é que eu até desenvolva uma depressão. Já esse

passado pode ter mágoas, pode ter decepção amorosa. Tem pessoas que acabam um relacionamento e 15 anos depois continuam falando nisso, porque não “viraram a página”. É preciso ir para um novo capítulo da vida, pois tem pessoas que estão presas ao passado e, o pior, às coisas negativas – alerta o psicólogo.

Limitações econômicas também influenciam Outro fator que cria situações como essa são as limitações econômicas. Cenários de dificuldade financeira associadas a outras questões, como baixa autoestima, dificuldade em ter uma opção de lazer ou pouca interação em sociedade podem gerar um adoecimento. Por outro lado, também há casos de famílias em que há condições financeiras e de capital, mas o relacionamento do casal acabou, não há mais afeto. As mulheres sofrem mais nesse sentido. “Essa fal-

ta de confiança e perspectiva de, em alguns casos, não ter uma formação, não ter uma possibilidade ou uma saída, as deixa presas e ficam expostas à depressão”, exemplifica o profissional. No lado conjugal também é importante que haja compreensão mútua. “Em muitos casos os maridos são muito agressivos, porque provavelmente foram educados dessa forma e isso é algo que vai de reproduzindo nas relações. É importante manter relacionamentos saudáveis”.

A busca pela ajuda Assim como no caso de R.K.M., muitas vezes a família precisa intervir para que a pessoa com depressão busque ajuda efetiva junto a um psicólogo, médico ou psiquiatra. Mesmo assim, Lima acredita que este é um cenário que vem mudando e os pacientes estão mais conscientes de que mesmo no Sistema

Único de Saúde é possível ter auxílio para superar a doença. – É preciso encontrar possibilidades, melhorar os relacionamentos, encontrar satisfação nas coisas simples do dia a dia. Quando se tem um tratamento que alia a psicoterapia e medicamentos, é mais fácil de ter uma evolução – constata.

Amparar a si mesmo é importante Além de ser essencial buscar ajuda para sair do quadro depressivo, o paciente também pode desenvolver uma postura mais proativa no tratamento. A leitura é uma boa aliada nessas horas. “Isso contribui para que a pessoa mude os pensamentos, deixando as coisas ruins de lado”, observa Lima. Ele recomenda ainda que é importante desenvolver o gosto por fazer coisas simples. “Isso inclui cuidar o jardim, preparar uma comida diferente, participar de uma entidade da comunidade, cuidar de um animal de estimação, fazer uma atividade física”. Lima cita uma pesquisa realizada pela Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, que mostra que uma das melhores opções para combater a depressão é realizar 30 minutos diários de atividade física, seguida de uma atividade intelectual, como uma oração, uma meditação ou a leitura de um livro ou outro material informativo. Desenvolver a espiritualidade é outro diferencial nestas horas. “Temos pilares em nossa vida, como a família, a vida social, o trabalho, as finanças e a parte espiritual. As pessoas que têm o pilar da espiritualidade em dia conseguem sair mais rápido de um caso de depressão”, analisa Lima. Ter uma atividade de recreação, uma ocupação, aprender a fazer algo novo, ou mesmo ajudar outras pessoas por meio de uma entidade, é algo que auxilia na superação da depressão. “A longevidade está ligada a questão de ter uma ocupação, de ter um sentido na vida”.

Rangel Lima é psicólogo e atende em FW e Chapecó (SC)

Veja a análise que o psicólogo faz e analise se você concorda. Quem sabe aí está uma forma de ver a vida que vai contribuir para que você enxergue as coisas de uma forma diferente!

“A depressão tira da pessoa a esperança do futuro, ela não está vendo nada de bom na sua vida.”

“Precisamos ter lazer, diversão e trabalho, ter o momento de ficar em família, ter uma educação financeira, desenvolver o lado espiritual, ter uma participação em sociedade. Às vezes a pessoa trabalha muito para ter dinheiro e depois de aposentado, quando poderiam estar aproveitando a vida, está doente e gasta todo o dinheiro em tratamento. A vida precisa ser seguida com equilíbrio. Não dá só para trabalhar, assim como não dá só para fazer festa. É preciso usar o bom senso. Na depressão você se fecha. Às vezes você tem uma lista coisas boas na sua frente, mas não vê. É preciso encontrar alternativas para melhorar o humor e viver mais feliz.”

Revista Novo Rural - Abril de 2017

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A2017

DIA 8 DIAS

DIA

9, 10, 11 E 12

12

19 E 20

26

3ª Agrofeira de Pinhal - Feira de Produtos Coloniais, Artesanato e Feira do Peixe Pinhal Local: Sede da Associação Atlética Pinhalense Horário: 9 horas (55) 3754-1110

Curso de pratos à base de peixe

Tarde de campo sobre brucelose e uso de fitoterapia na propriedade

Taquaruçu do Sul Local: Praça Monsenhor Albino Ângelo Buzato (55) 3739-1126

DIA 8 DIAS

6 Lançamento do Projeto Parceiros na Comunidade

Pinheirinho do Vale Local: Salão da terceira idade. (55) 3792-1100

DIA 8 DIAS

8

São Pedro das Missões Local: Parque de Máquinas Horário: 8 horas (55) 3617-1017

Feira do Peixe

Palmeira das Missões Local: Parque de exposições (55) 3742-2006

DIA DIA8

12 3º Aniversário da Feira de Produtos Coloniais e Artesanato Gramado dos Loureiros Horário: 8 horas (54) 3613-7171

Rodeio Bonito Local: Praça Municipal Horário: 8h30min (55) 3798-1210

Palmeira das Missões Local: Centro Cultural Mozart Pereira Soares Horário: 8 horas (55) 3742-2006

Feira do Peixe

Frederico Westphalen Local: praça da matriz Horário: 8h30min (55) 3744-1191

Seminário Municipal de Piscicultura Pinheirinho do Vale (55) 3792-1100

Novo Tiradentes (55) 3797-1093

Planalto Local: quadra coberta em frente à prefeitura Horário: A partir das 8 horas (55) 3794-1124

Atenção, secretário municipal de Agricultura e equipe: para participar deste espaço gratuitamente, basta enviar as informações que deseja divulgar, até o dia 20 de cada mês.

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12 E 13 Palmitinho Local: Praça central Horário: 9 horas (55) 3791-1177

DIA DIA 8

16 4º Fórum Itinerante do Leite

Palmeira das Missões Local: Escola Agrícola Celeste Gobatto Promoção: Sindilat, com apoio da Emater/RS, Escola Agrícola Celeste Gobatto, Secretaria de Agricultura e Pecuária de Palmeira das Missões e UFSM-Palmeira das Missões. (55) 3742-2006

DIA DIA 8

19 3ª Feira do Peixe Vivo

Feira do Peixe Vivo

DIAS DIA 8

Feira do Peixe

Feira do Produtor Rural e do Peixe

12º Fórum Municipal da Mulher e 3º Fórum Regional da Mulher

Engenho Velho Local: Em frente à prefeitura Horário: 7 horas (54) 3363-9623

Feira Municipal do Peixe

11, 12 E 13

Seberi Local: Câmara de Vereadores Horário: 13h30 (55) 3746-1213

DIA DIA 8

Feira Municipal do Peixe

Feira do Peixe

DIA DIA 8

Revista Novo Rural - Abril de 2017

São Pedro das Missões Local: Pavilhão da comunidade Católica Horário: 8h30min (55) 3617-1017

DIA

11 E 12

2 Jogos Rurais

DIA DIA 8

11ª Feira do Peixe

DIA

Pinheirinho do Vale Local: Linha Km 11 Promoção: Emater/RS-Ascar, em parceria com a Secretaria de Agricultura (55) 3792-1100

DIA 8 DIAS

Tarde de campo

Erval Seco Local: linha Vista Gaúcha, na propriedade de Tarcilo e Marli Thiele (55) 3748-1364

(55) 99624.3768 revistanovorural@oaltouruguai.com.br

20 1º Jantar do Peixe de Ronda Alta Ronda Alta Local: Esporte Clube Brasil (54) 3364-1444

Jantar do Peixe

São Pedro das Missões Local: Pavilhão da comunidade católica Horário: 19h30min (55) 3617-1017

DIA

21 Jantar com Porco no Rolete Cerro Grande Local: Salão Paroquial Horário: 20h30min (55)3756-1187

DIA

25 Curso sobre Manejo de Viveiros

Engenho Velho Local: Linha Cachoeirinha Horário: 13h30min (54) 3363-9623

DIA

27 Tarde de campo sobre brucelose e uso de fitoterapia na propriedade Engenho Velho Local: Linha Rigon Horário: 13h30min (54) 3363-9623

DIA

28 Seminário Agronegócio (Feisa 2017) Sarandi (54) 3361-1089

DIA

29 Seminário Solos (Feisa 2017) Sarandi (54) 3361-1089

Engenho Velho (54) 3363-9623

DIA

DIA

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26 Dia de Campo Seberi (55) 3746-1213

Encontro Municipal de Mulheres

Rio dos Índios Local: Comunidade Bom Retiro (54) 3614-2105

AGRICULTOR, fique atento a mais este serviço que a Novo Rural oferece para mantê-lo atualizado sobre o que acontece no seu municípío!



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