SOPÃO•INHACA
O LIXO FALA. E NUNCA MENTE Naipe banca arqueóloga e cavuca na sujeira para conhecer as histórias que o lixo de Florianópolis conta por Rosielle Machado, com fotos de Gabriel Vanini Como se faz num caso desses, o funcionário da Comcap coçou a cabeça. Ali estava uma dupla de traficantes exigindo urgentes informações sobre a última remessa de lixo que havia passado pelo CTReS (Centro de Transferência de Resíduos Sólidos), no Itacorubi. Sem querer, os geniozinhos haviam jogado quilos de maconha fora, e na esperança de localizá-los imploravam por informações. Uma mãozinha aí, guerrêro, negócio tá difícil. Mas não teve jeito. A droga, àquela hora, já devia estar no aterro sanitário de Biguaçu. 12• N A I P E
A sede do CTReS é um dos lugares que mais têm histórias sobre Florianópolis. Lá, o material reciclável passa por triagem e o lixo comum é transferido para caminhões maiores, que fazem o transporte até o aterro. É por aqueles galpões que, todos os dias, passam cachorros-quentes mordidos, bergamotas podres, fotos rasgadas, alfaces moribundos, saquinhos de Ki-Suco e caixas de TV 50 polegadas. Tudo misturado, pingando caldo de chorume enquanto os caminhões descarregam na carreta toda a inhaca que a ilha descartou.