Revista Morashá - ed 106

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SHOÁ

tinha a maturidade e aparência de alguém com vários anos a mais. Tratava-se de Anne Frank (19291945), autora do famoso “Diário”.

países; e os judeus que conseguissem deixar a Áustria eram obrigados a perder grande parte do patrimônio.

ENTRE BRUXELAS E AMSTERDÃ Enquanto ainda era viável, Fritzi Geiringer e seus dois filhos mudaram-se para Bruxelas, na Bélgica. De lá, Erich viajou a Amsterdã para montar uma fábrica de sapatos e preparar, para breve, a mudança de toda a sua família. Foram anos difíceis, caracterizados pela dor da separação familiar e da incerteza, tendo que aprender novos idiomas e se adaptar rapidamente ao novo ambiente. Eva conta que os pais fizeram o impossível para manter forte o espírito de seus filhos e protegêlos dos males que porventura os ameaçassem. Já reunida em Amsterdã, a família Geiringer se estabeleceu em Mewerdeplein, um enorme conglomerado de apartamentos de classe média. Lá, Eva foi bastante feliz e cultivou novas amizades. Entre suas amigas, havia uma menina de nome Anne que, mesmo sendo mais jovem,

Em seu recente livro de memórias, Eva Schloss registra parte do perfil da Anne: “Eu era ainda uma criança. Já a atitude de Anne era a de uma adolescente: lia revistas e se interessava por meninos e roupa. Ela era o verdadeiro centro das atenções onde quer que estivesse”. A mãe de outra amiga de Eva e Anne relembrou a postura de outra maneira: “D’us tudo sabe, mas Anne sabia tudo, mais e melhor”.

EVA COM 4 ANOS

Da época em que viveu em Amsterdã, Eva guarda um carinho especial por Otto Frank. Para ela, “Anne herdou todo o carisma e o carinho que caracterizavam seu pai. Ao saber que me resultava difícil falar holandês, Otto se dirigia a mim em alemão”.

ANNE FRANK (DIR.) COM SUAS MELHORES AMIGAS

Durante a 2a Guerra Mundial, os judeus de Amsterdã alimentavam esperanças de que os holandeses os protegeriam dos alemães. E, mesmo sabendo que eles resistiram mais que em outros países invadidos, essas esperanças se estilhaçaram, de uma vez só, ao som dos bombardeios dos aviões da Luftwaffe. Hoje pairam dúvidas sérias sobre a atitude supostamente benevolente dos holandeses em relação aos judeus que viviam em seu país. Em palestra que tive a oportunidade de assistir em São Paulo, a Sra. Nanette Koenig (também colega de turma de Anne Frank), chegou a afirmar que os holandeses jamais ajudaram os judeus. Na verdade, tudo não passa de um mito. Inclusive, em 1940, o prefeito de Amsterdã chegou a entregar aos

Eva Schloss, à esquerda, Heinz e sua amiga Kitty

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