Revista Morashá - ed. 104

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uma lista alfabética ainda maior de crianças transportadas do território francês até Auschwitz e demais campos.

O sul da França tornou-se um grande refúgio para os judeus que tentam fugir para países neutros, legal ou ilegalmente. Estima-se que, no momento do armistício entre França e Alemanha, que dividiu a França em zonas, estivessem presos 50 mil judeus nos 30 campos de concentração no país, mas em decorrência de óbitos, libertações e emigração, esse número diminuiu consideravelmente até o final de 1941. Na zona de Vichy, as autoridades se mostraram relutantes em agir contra os judeus franceses, mas não contra refugiados judeus de outros países. Estima-se que 2/3 dos deportados fossem judeus de outras nacionalidades.

CRIANÇAS NO Camp des Milles Entre agosto e setembro 1942 foram deportadas milhares de crianças judias, a menor delas com

Ferdinand Springer, em Forcalquier, 1940.

apenas um ano de idade. A lista de nomes e sobrenomes das crianças de Camp des Milles (http://www. campdesmilles.org/histoire-d-uncamp.html) é resultado do incansável trabalho de Serge e Beate Klarsfeld, ele judeu romeno, ela alemã protestante, inteiramente dedicados à caça de nazistas. Na “Klarsfeld Foundation” é possível consultar

Memorial Camp des Milles - Corredor interno

O “Relatório de Inspeção de Dannecker”, publicado em julho de 1942, permite obter dados significativos sobre o Camp des Milles: “O campo é uma olearia solidamente construída. Lá as condições são piores que as de Drancy, nas proximidades de Paris. Objetos diversos em madeira são fabricados nos ateliês. O número de prisioneiros é de 1.306 judeus. Dentre eles, contabilizados 781 alemães, 290 austríacos, 92 poloneses, 16 tchecos e 13 russos. Os cidadãos germânicos, foram todos deportados em 25 de outubro de 1940 de Baden e Palatinado. A maioria tinha mais de 50 anos. Havia dois hotéis (Hôtel Bompard e Hôtel Terminus), vigiados por mulheres de Marselha, que também estavam subordinados ao Camp des Milles. Lá estavam 361 judeus; 321 deles são tidos como apátridas (158 ex-alemães), num total de 1.192 “judeus deportáveis”. Entre 14 de agosto e 9 de setembro 1942, seis comboios abarrotados seguiram rumo a Auschwitz transportando 5.991 judeus, dos quais 1.379 eram da região de Provence des Milles. Depoimentos de testemunhas durante a deportação dos judeus do Camp des Milles, (principalmente em novembro e dezembro de 1942), retratam uma situação de profunda tristeza e extrema penúria. O pastor francês Henri Manen (1900-1975) esteve presente no próprio campo e registrou a deportação efetuada em 2 de setembro de 1942:

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