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Philip Reis

Não sabes o teu futuro, mas ele está nas tuas mãos. Persegue o sonho enquanto fizer sentido e tu quiseres…

Philip Reis nasceu em Toronto a 18 de maio de 2004. O luso-canadiano é o irmão do meio de Tiago e Andrew. Seus pais, George e Diane Reis, também já nasceram no Canadá. Os avós paternos são do continente - o avô é de Fátima e a avó de Santo Tirso - e os avós materno são da Graciosa, Açores.

Desde de terna idade que Philip sonhava em jogar futebol e aos 7 anos inicia a sua formação como guarda-redes, posição que nunca quis trocar desde do dia em que “pedi ao meu pai para chutar-me a bola e eu defendi e gostei”.

O jogador da Academia Gil Vicente FC de Toronto, cedo deu nas vistas pelo seu caráter, atitude e talento. Foi baseado nestes e outros atributos que José Carlos da Silva, cofundador e presidente da primeira academia gilista fora de Portugal, remeteu um relatório sobre Philip à direção do Gil Vicente FC Portugal proporcionando um convite ao jovem de 1 metro e 83 centímetros a fazer um estágio em Portugal no passado maio. Philip encantou e assinou contrato.

Philip, apesar dos seus tenros 17 anos, revelasse um adolescente muito maduro para a sua idade e com os pés bem assentes no chão. Simpático, tímido, modesto e humilde são apenas algumas virtudes deste jovem carismático. Encontra em Claúdio Ramos, Iker Casillas e Cristiano Ronaldo exemplos a seguir pela ética de trabalho.

No dia 18 de junho de 2021, rumou a Barcelos, onde vai integrar o Gil Vicente FC – júniores.

A Revista Amar deseja muito sucesso a Philip Reis nesta nova etapa da sua vida desportiva.

Revista Amar: És o mais recente jovem luso-canadiano, de malas feitas para o Gil Vicente FC. Quem é o promissor guarda-redes? Philip Reis: Tenho 17 anos e sou o filho do meio de três, tenho um irmão mais velho, Tiago, e um irmão mais novo, Andrew, dos meus pais. Os meus pais, George e Diane já nasceram cá [Canadá]. O meu pai é polícia e a minha mãe é professora. projeção Do lado paterno, os meus avós são do continente - o meu avô é de Fátima e a minha avó de Santo Tirso - e do lado materno, os meus avós são da Graciosa, Açores e tenho um cão, Skip e vivo para o futebol.

RA: O Skip vai para Portugal contigo, para te fazer companhia nesta fase de adaptação? PR: Infelizmente, não.

RA: Era sonho de menino tornar-se um jojador de futebol? PR: Sim, foi sempre o que quis fazer e perseguir sem nunca desistir e conseguir. Ainda não estou onde quero chegar e tenho um longo caminho a percorrer, mas acho que estou num bom caminho e começo.

RA: E na tua família, tinhas alguma referência? Tipo, o teu pai jogou futebol? PR: O meu pai não, mas o meu avô paterno jogou no Fátima e na tropa e também foi guarda-redes (riso). Fora ele, mais ninguém tem ligação ao futebol. O meu irmão mais velho ainda jogou, mas não seguiu.

RA: Com que idade é que te apercebeste que querias ser guarda-redes? Ou ainda passaste por outra posição? PR: Foi logo desde do início…

RA:… e como é que percebeste? PR: Um dia pedi ao meu pai para chutar-me a bola e eu defendi e gostei… e desde desse dia nunca pensei em mudar de posição.

RA: Nem para tentar? PR: Nem para tentar.

RA: Com que idade iniciaste numa academia de futebol? PR: Tinha por volta de 7 anos. RA: O que é que encontraste na Academia Gil Vicente desde que chegaste? PR: Encontrei boas pessoas que querem o melhor para mim sem esperarem qualquer retorno financeiro, encontrei melhores oportunidades e com treinos mais intensivos.

RA: Numa entrevista que tu e o José Carlos Da Silva (presidente da Academia Gil Vicente FC de Toronto) deram à Camões TV, no programa Here´s The Thing, o José disse que basicamente tu só “dorme, come, estudava e treina” no teu dia a dia. Foste sempre assim focado e disciplinado ou és porque, com o tempo, aprendeste que só com estes princípios é que consegues alcançar os teus objetivos, como jogar em Portugal? PR: Eu acho que sempre fui assim disciplinado porque eu sempre quis ser guarda-redes. Seja aqui ou em Portugal. Eu deste muito pequenino tive esta rotina (riso).

RA: E vais concluir os teus estudos em Portugal? PR: Sim, vou concluir o grau 12 virtualmente de Portugal e depois logo se vê.

RA: E se não fosse o futebol… que outra profissão gostarias de ter no futuro? PR: Provavelmente, trabalharia na construção.

RA: E um curso universitário? PR: Não é para mim.

RA: De todos os guarda-redes em Portugal, quem é que vês como um mentor? E porquê? PR: O Claúdio Ramos, porque é alguém mais alcançável, foi formado nas camadas jovens portuguesas, é um bom guarda-redes, nós temos a mesma altura (1,83m)… e ele começou de baixo e teve que trabalhar para chegar onde está agora (FC Porto).

RA: E um guarda-redes fora de Portugal? PR: O Iker Casillas, porque fez toda a sua carreira num clube (Real Madrid CF), apesar de ele ter ganho o Campeonato da Europa, do Mundo, Champions Leagues, etc., mas não me identifico com ele como me identifico com o Claúdio, que é português e ficarei feliz se um dia chegar ao nível dele. O Iker é um dos melhores do mundo e vejo-o mais como um ídolo.

Créditos: Direitos Reservados

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Créditos © Carmo Monteiro

RA: Agora uma pergunta “matreira”… (riso) Se no mesmo dia, à mesma hora tanto a seleção portuguesa e canadiana te convocassem, qual escolherias? PR: (riso) Escolheria Portugal, porque seria uma oportunidade que não se podia perder, certo? Imagina, por exemplo, escolher entre jogar no Campeonato da Europa ou na CONCACAF Nations League? Qualquer jogador, acho eu, escolheria o Campeonato da Europa instantaneamente, contudo acho que poder jogar pelo Canadá será um objetivo ou uma oportunidade mais realista. Mas claro, numa situação em que eu pudesse escolher… escolheria Portugal… 100%! RA: Que diferenças viste no ambiente de treino entre Portugal e o Canadá? PR: A paixão, a intensidade do jogo… lá é mais como um emprego. Do género, é o que fazemos e temos que ganhar todos os jogos. É um jogo, mas levado muito a sério.

RA: E estavas preparado psicologicamente para essa realidade ou foi um pouco assustador? PR: Eu estava preparado, porque é assim que já via o futebol aqui. Lá, encontrei isso mas, com mais intensidade o que é motivador a fazer mais e melhor.

RA: Da tua geração, conheces algum jogador luso-canadiano que tenha ido para Portugal e que esteja a conseguir fazer carreira? PR: Sim… conheço dois. O Lucas Dias, atualmente joga no Sporting CP – sub-23 e já jogou pelo Canadá e por Portugal. O Lucas é muito boa pessoa, bom jogador e já me disse que se eu precisar de ajuda para contar com ele. O outro é o Matthew Nogueira, ele também é guarda-redes que também saiu da Academia do Gil Vivente e agora joga no CS Marítimo – sub-23… são duas pessoas que vejo como uma referência.

RA: No fundo, o que queres dizer é que se eles conseguiram dar o salto, tu também o podes conseguir? É como se tivessem aberto as portas… PR: … exatamente.

RA: Chegas sábado (19 de junho) a Portugal. Já sabes quem vai ser o teu treinador? PR: Sim, o Rafael Silva é o treinador de guarda-redes e o treinador principal é o Nuno Santos e o Rui Pereira é o treinador adjunto.

RA: E que tipo de pessoa é o treinador? PR: É muito simpático com toda a equipa, mas também duro e exigente… e quer que trabalhemos arduamente porque quer o melhor para nós e a sermos os melhores na nossa liga. Ele é apaixonado pelo desporto e está ali porque gosta. É uma boa pessoa e acho que vamos longe com ele. RA: De todos os jogadores de futebol no mundo, independentemente da posição, qual é o que te inspira mais e porquê? PR: O Cristiano Ronaldo (riso)… acho que deve ser a resposta de todos. Por tudo que ele conquistou e se eu conseguisse conquistar uma fração seria um sortudo e muito feliz.

RA: Mas, o que é que admiras no Cristiano Ronaldo? PR: A ética de trabalho que ele tem, mesmo agora ele continua a trabalhar. Ele saiu da Madeira com 11 anos e desde então nunca parou de trabalhar para chegar onde está hoje… não teve nada a ver com sorte, foi trabalho árduo.

RA: O Cristiano Ronaldo é admirado por muitos e odiado por outros tantos… neste caso, requer-se uma mentalidade forte para se poder lidar com as críticas. Achas que, no dia em que chegares a um patamar mais alto também vais conseguir lidar com as críticas? Já estás a trabalhar nesse sentido? PR: Se o criticam é porque está a fazer alguma coisa certa. Se me acontecer, espero que seja de pessoas que não me digam nada ou que não conheça. Os críticos falam porque não conseguem fazer melhor e querem-te deitar abaixo. Contudo, mesmo numa crítica negativa pudesse encontrar algo positivo… mas, para já ainda não estou a pensar nisso.

RA: Em maio, sentiste-te bem-vindo no Gil Vicente FC? PR: Muito. Foram todos muito simpáticos, prestáveis, disponíveis e sei que querem o melhor para mim.

Créditos: Direitos Reservados

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RA: Como jogador de futebol deves estar a seguir o Europeu. O que achaste da atitude do Cristiano Ronaldo ao retirar as garrafas de refrigerante da frente dele, antes da conferência de imprensa? PR: Primeiro não achei nada de mais e muito menos que ia ter as proporções a que chegou. Porém, entendo porque ele é uma pessoa que faz uma dieta saudável e não quere estar ligado a uma bebida que, como todos sabem, faz mal. Ele é verdadeiro e leal aos seus princípios e acho que foi essa a mensagem que ele quis passar.

RA: Há algum clube que gostes mais de ver a jogar? PR: Eu gosto de futebol e de ver futebol, independentemente do clube.

RA: Barcelos é uma cidade linda e acolhedora. Do que tiveste oportunidade de ver, do que gostaste mais? PR: Gostei do facto de ser pequena, mas não muito pequena, comparada com Toronto… tem o tamanho ideal e apesar de ter muitas pessoas não é “sobrelotada”. Gostei da estrutura à volta do centro da cidade… é uma cidade bonita.

RA: Vais sentir dos teu pais e dos teus irmãos? PR: Um pouco (riso)… principalmente da comida (riso). Vou ter saudades, mas vou poder vê-los através de videochamada e talvez em dezembro estaremos juntos.

RA: Apesar de não teres sido criado com a língua portuguesa em casa, falas um pouco e entendes português. Foram os teus pais e avós que te ensinaram? PR: Sim e também estudei, mas isso não ajudou muito (riso)… e aprendi mais alguma coisa nas 3 semanas que estive em maio em Portugal.

RA: Agora que estás de malas feitas para Portugal, achas que deverias ter aprendido a língua desde pequenino? PR: Sim e não, porque como agora vou para lá vou aprender o português correto.

RA: E os teus pais? Sempre te apoiaram, principalmente agora que vais mudar para tão longe? PR: Sempre me apoiaram desde de pequenino e agora também. Claro que os meus pais queriam que estudasse, mas quando era a hora de ir para os treinos nunca faltava. RA: O que gostas de fazer, quando estás fora dos relvados? PR: Gosto de ir para a praia e fazer surf, gosto de estar com os meus amigos, gosto de ver futebol americano, etc..

RA: E qual é a tua comida preferida? PR: Chicken wings.

RA: E como estamos numa fase em que a vacinação é o tema mais falado… já foste vacinado? PR: Ainda não, mas vou ser assim que chegar a Portugal.

RA: E o que pensas sobre as vacinas? PR: Acho que com a vacinação podemos chegar mais rapidamente a uma certa normalidade. Há pessoas que podem discordar, mas acho que se os melhores médicos e especialistas estão a trabalhar nesta área, devemos confiar neles e levar as vacinas.

RA: Quando a pandemia chegou, como é que te sentiste? PR: No início foi duro, como foi para toda a gente e acho que ninguém gostou de ter que ficar em casa. Como eu queria ir para Portugal, no fundo, estava com um pouco com medo que a pandemia me impedisse de ir, o que tornou as coisas ainda mais difíceis. Como eu, outros jovens que tinham planos também devem ter tido os mesmos receios e penso que isso afetou-nos um pouco mais. Mas agora já me habituei a esta realidade.

RA: E o que aprendeste durante a pandemia? PR: Que certas pessoas na minha vida, são mais importantes do que eu pensava.

RA: Dás agora mais valor ao que tens? PR: Definitivamente! Agora vejo e aprecio tudo de outra forma.

RA: Tens alguma mensagem para os jovens luso-canadianos? PR: Sim… não deixes que te digam que não consegues conquistar os teus sonhos, tu consegues. Se tu não tentares, alguém vai, seja aqui, em Portugal ou outra parte do mundo. Tu não sabes o teu futuro, mas ele está nas tuas mãos. Persegue o sonho enquanto fizer sentido e tu quiseres… e não importa a idade! Se lutares, eventualmente, as coisas vão acontecer.

RA: Ouvindo-te a falar , o futebol não é só o teu sonho, também é paixão? PR: Sim... é as duas coisas.

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