Revista Ludo

EDITORIAL A herança deixada por nossos avós e cultivada por nós

Matheus Freitas Editor-chefe

Nesta edição a Ludo vai falar sobre algumas tradições e costumes de São Luís, cidade que tem em sua identidade cultural uma miscigenação, fruto da mistura de índios, portugueses, franceses, holandeses e africanos. Essa junção se torna presente nas manifestações e nos traços apresentados na ilha.

Já no arraial teremos o reality show Adrenalina, no qual podemos conferir um pouco do que acontece nos preparativos do São João. A nossa equipe acompanhou literalmente os bastidores do bumba-meu-boi de Nina Rodrigues desde o processo de seleção para entrar no grupo.

Um dos grandes desafios da redação foi mostrar a cultura por outra perspectiva e resgatar a essência dos costumes, apresentando-os para quem os desconhece.

Algumas tradições já mudaram com o passar do tempo e com os avanços tecnológicos, mas muitas ainda se perpetuam e são passadas de geração em geração.

O que é mais gratificante é saber que depois desses três meses de elaboração todos somos pessoas diferentes. Visto que os redatores tinham pautas com conteúdos engessados e retornavam com materiais diferenciados sobre a cultura.

A publicação da revista será na época em que a cidade é incendiada de cores e sotaques. O mês de junho traz consigo uma de nossas marcas registradas, que é o São João. No nosso prato principal temos “As magias do São João” na página 22 contando um pouco sobre todo esse espetáculo, falando de alguns personagens da festa e tudo que é encontrado nos arraias da cidade.

Na página 98, tomamos um suco de murici que a redatora Maria Luiza traz na reportagem sobre a “Floresta criativa”, uma iniciativa do bumba meu boi da Floresta, com o intuito de transmitir a herança social e passar o que aprendeu para as outras gerações.

Luiza Raquel vem aquecendo os pandeirões, falando acerca da digital influencer Thaynara OG, expondo como era a vida da advogada antes de ser um sucesso na internet e mencionar como surgiu a ideia de realizar o São João da Thay.

Seja da tuada do Buriatã ao fogo que aquece o tambor de crioula, do banjo que embala os bois de orquestra ao rebolado das dançarinas do cacuriá, dos azuleijos que cobrem os casarões ao famoso arroz de cuxá, a ilha do amor tem muito a nos oferecer e nós da Ludo queremos mostrar tudo isso, festejando ao som dos mais diversos sotaques.

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nheceu a importância de Mestre Apolônio para a arte popular maranhense e brasileira, escolhendo-o como um dos selecionados no Prêmio Culturas Populares – “Mestre Duda 100 Anos de Frevo’’.

O Governo Federal concedeu a Apolônio a maior honraria dada aos artistas brasileiros, a Ordem do Mérito Cultural, em novembro de 2011, na cidade de Recife, Pernambuco. Mestre Apolônio e seu bumba-meu-boi viajaram para Brasília, Rio de Janeiro, Olímpia (SP) e França (SP).

O bairro onde fica a sede do boi da Floresta, que já foi filmado pelas lentes da BBC de Londres, no ano de 2014, pode até possuir grande índice de violência, mas o Mestre Apolônio iniciou um legado seguido por sua esposa, que é tentar resgatar os jovens das mazelas sociais presentes na comunidade.

Nat Maciel, que foi produtora de set do documentário “Brincando na Floresta”, dirigido por Gisele Bossard, teve uma experiência enriquecedora tanto como profissional, quanto como maranhense na produção da obra sobre Apolônio. “Depois desse documentário virei Cazumbá e comecei a fazer parte do Boi da Floresta”, declara ela.

Para Julyene Melonio, de 24 anos, seu pai foi um exemplo até na hora da sua partida, lutando bravamente pela vida. “Tivemos muitos momentos felizes, mas o momento mais marcante para quem vive com ele, infelizmente, foi em seus últimos dias de vida. Quando ele estava internado em coma induzido eu havia contraído o “zika vírus”, o que me impossibilitou de vê-lo durante duas semanas. No momento que apareci no hospital para ficar com ele, ao ouvir minha voz, mesmo inconsciente, saíram lágrimas de seus olhos, naquele momento eu soube que meu pai sabia que eu estava ali”, relembra sua filha caçula.

A pescaria e o futebol eram hobbys de Apolônio. Chegou a ser técnico, diretor e presidente sem nunca ter jogado. Ser analfabeto não era empecilho para aprender e ensinar as coisas de maneira brilhante. Sempre era requisitado para participar de reuniões e tomar decisões com o poder público.

O MESTRE DA FLORESTA VIVE No dia 2 de junho de 2015, a cultura popular maranhense ficou abalada com a notícia da morte de Mestre Apolônio que faleceu aos 96 anos, na véspera do período junino.

O velório de um dos maiores amos do bumba-meu-boi foi ao som de toadas, tambores e poesias. A dor “Mestre Apolônio foi um revolucionário, um homem tomou conta da comunidade, mesmo com o Boi da simples, honesto e trabalhador. Foi um pai carinhoso Floresta de luto, os integrantes se comprometeram a com as filhas, rígido na criação, mas que deu resulta- cumprir toda a agenda junina em homenagem ao seu do”, define sua viúva Nadir.

Mestre maior.

FORA DO BUMBA-MEU-BOI

A infância de Nadir não foi nada fácil, mas Apolônio Há quase três anos, Apolônio não está mais entre apareceu para fazer toda a diferença em sua vida, foi nós, mas segundo Nadir, o seu legado permanece vivo. dele que ela ouviu um “Vamos por aqui, se você quiser “Ele foi uma referência dentro do bairro e a comunitem esse caminho que dar para você mudar de vida”. dade levou adiante seu nome, o bumba-meu-boi cresceu muito depois que Apolônio Melônio iniciou sua Os ensinamentos e o olhar clínico do Mestre foram vida cultural em São Luís”, explica. essenciais na vida de Nadir Olga Cruz, sua segunda esposa e coordenadora do Boi da Floresta.

Na reportagem à TV Assembleia do Maranhão, Mestre Apolônio retribuiu em forma de toada o cuidado que a mãe de suas duas filhas teve com ele: “Meu Deus não leve Nadir para o céu, ela quem cuida de mim, se ela for eu vou também”.

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Tambores da Ilha

Conversamos com a líder de um dos tambores mais tradicionais da cidade: Mestre Leonardo, que há 61 anos o grupo do bairro da Liberdade faz jus ao seu lema: Fidelidade e Tradição.

Por: Maria Luiza Oliveira e Eduardo Aguiar

Foto: Eduardo Aguiar

A roda

“Cidade de Ritmos”

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esse é um entre os variados apelidos que a capital maranhense recebe. A mistura de diversas raças, principalmente as associadas à fé, nos permite uma explosão de culturas diferentes. E é nesse contexto que encontramos o Tambor de Crioula.

Embalado pela fé em São Benedito, um dos santos mais populares entre os negros, o tambor se consagrou como uma das manifestações mais assíduas da cultura popular maranhense. Sua história se confunde com a do Bumba-meu-boi; os mais antigos dizem que as duas danças eram praticadas juntas. O tambor sempre encerra a temporada dos grupos de bois mais tradicionais nos sotaques de Zabumba e Baixada.

Uma das lendas mais famosas conta que São Benedito veio à terra como um escravo, foi na floresta, cortou um tronco de árvore, e mostrou aos negros como fazer os tambores. Desde então as mulheres dançam e os homens tocam os instrumentos pela fé no santo protetor dos negros.

A tradição que representa uma das manifestações da população afro descendente do estado, envolve a dança circular, que apresenta vibrantes formas de expressão corporal, movimentos coordenados e harmoniosos onde cada parte do corpo nos dá um estimulo diferente (cabeça, ombros, braços, cintura, quadris, pernas e pés); a punga: entre as mulheres, onde as dançarinas encostam a barriga chamando outra para entrar na roda de dança; o canto: na maioria das vezes é improvisada ou podem haver cantigas já prontas, puxados livremente em toadas, um sotaque próprio e repleto de regionalismo e palavras antigas, em que, quem é de fora, muitas vezes não compreende.

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Foto: Eduardo Aguiar

Foto: Governo do Maranhão

Louvação aos santos protetores, homenagem às mulheres, desafio de cantadores, fatos do cotidiano e despedida; a percussão de tambores: que são esquentados na fogueira para que tenham afinação perfeita e com ritmos agitado. É praticamente impossível ficar parado perto de uma uma roda de tambor.

A dança é feita com três tambores, chamados de parelha/pareia: o tambor maior, chamado “tambor grande” é tocado entre as pernas do coreiro, preso à uma corda na cintura do mesmo; “meião” ou “sucador” e “crivador”, os dois são tocados deitados com os coreiros sobre eles. Todos são produzidos com madeira ou PVC e geralmente feitos com couro de boi. Há também as matracas: dois pedaços de madeira que são batidos no tambor grande. Juntos, eles entregam uma sonora tipicamente africana.

As vestimentas são simples e ao mesmo tempo chamativas: as coreiras usam blusa geralmente de cor branca. Algumas ainda usam colares e turbantes, para deixar ainda tudo mais bonito. A mágica acontece com a extensa saia, expondo as mais variadas estampas, cores e texturas. Já os coreiros possuem uma roupa mais discreta: geralmente uma calça escura e uma camisa larga. Também não pode deixar de existir uma cachaça entre os integrantes da roda.

A bebida quente anima os brincantes e não deixa o “tambor seco”.

E o melhor de tudo: não existe uma data certa para aparecer o tambor, apesar de ser mais praticado e mais exposto durante o carnaval e a festa junina, o tambor também é realizado durante todo o ano.

Em 2007, o IPHAN declarou a tradição maranhense como Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro, por conta da sua longa participação no cenário cultural do país.

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TAMBOR DE CRIOULA DO MESTRE LEONARDO Entre os grupos de tambor de crioula mais conhecidos da cidade São Luís, está o do Mestre Leonardo, que fica localizado no bairro da Liberdade, no Ponto de Cultura Mestre Leonardo. Atualmente conta com a participação de 52 integrantes, que se dividem entre coreiros e coreiras, (homens e mulheres). A trajetória do Mestre Leonardo com o tambor de crioula, se dá início quando o mesmo precisa sair de Guimarães, sua cidade natal, para tentar uma nova vida agrícola na capital; profissão seguiu por muitos anos até o aparecimento de uma doença. Em meio ao problema de saúde, Leonardo recorreu à sua fé para obter uma cura. Fez uma promessa aos santos, garantindo que se obtivesse a melhora esperada, iria fundar um bumba-meu-boi e um tambor de crioula; e foi o que aconteceu.

O tambor-de-crioula surgiu em 1949, no mesmo ano do bumba-meu-boi da Liberdade, boi este que traz o sotaque de Zabumba, buscando as tradições já aprendidas por Leonardo na infância. O tambor de Seu Lió – como era conhecido – arrasta multidões às suas apresentações. Os mais antigos afirmam que isso é resultado do grande esforço e dedicação do grande mestre. “Ele era muito bom no que ele fazia e ele sabia disso. Não só ele como todos que conheciam o trabalho dele, sabiam disso também” diz Dona Regina, filha mais nova de Leonardo, que atualmente, é uma das comandantes do Ponto de Cultura Mestre Leonardo.

Mestre Leonardo faleceu em 2004 devido os problemas de saúde. Com brilho nos olhos ao falar do pai, Regina conta que muita coisa mudou desde a morte do pai até os dias atuais. “Antes os espetáculos não eram vendidos. Existiam os padrinhos que prepararam as festividades. As roupas, acessórios e instrumentos eram tudo com eles. Hoje em dia é diferente. Existem editais, uma seleção, para aí sim, dançar e depois receber. A cultura, no entanto, vem sendo mantida pelas novas gerações, aqui tem muitas crianças que vem com os avós e depois elas crescem e ficam aqui, saindo no boi e no tambor, aí os filhos deles vem também e assim vai.

Assim que se dá o processo de adesão dos jovens. Eles começam a tocar vendo e ouvindo. Existem as oficinas fora do Ponto de Cultura do Mestre Leonardo, mas eles aprendem tudo aqui dentro. Participando de tudo, pois o ensaio já é a oficina deles”, explica.

A casa localizada no bairro Liberdade funciona como sede do Tambor-de-crioula e do Bumba-meu-boi da Liberdade, lá, as pessoas têm acesso à internet sem fio, impressão de arquivos, além de uma sala de informática. O Tambor-de-crioula participa desde 1988 das atividades culturais oficiais do Estado e do Município de São Luís, além disso participa de eventos de empresas, instituições privadas e sociais.

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om belezas arquitetônicas enraizadas pelas ruas do centro histórico e encantos espalhados nas praias, a cidade de São Luís recebeu muitos nomes ao decorrer do tempo, entre eles: Ilha de Upaon-Açu, Ilha do Amor, Jamaica Brasileira, Ilha Bela, Cidade dos Azulejos, Athenas Brasileira e Capital da França Equinocial.

Grande parte dos maranhenses já ouviram falar de histórias envolvendo personagens famosos em São Luís, personagens estes que foram passados de geração em geração. Como exemplos da carruagem fantasma de Ana Jansen que percorre as ruas da cidade ou também a lenda da serpente encantada. Sendo verdadeiras ou não, as lendas fazem parte da história e você poderá conhecer meAlém dos inúmeros nomes, a ilha do amor possui lhor alguns dos mitos mais populares da cidade. um magnetismo que atrai não só aqueles que nela moram, de qualquer pessoa que permite conhecer um pouco dos mistérios do lugar. mas também de todos os lugares. Sempre repleta de lendas e segredos que aguçam a curiosidade

Serpente da Ilha Uma das histórias mais famosas é a da serpente da ilha que não para de crescer. De acordo com a lenda, quando a cabeça da cobra encontrar a cauda ela irá abraçar toda a cidade com tanta força que a levará para as profundezas do oceano.

A história envolve também outro mistério: os túneis e galerias subterrâneas que ligam algumas igrejas da cidade. Os pontos dão acesso ao mar e desperta ainda mais o imaginário ludovicense, pois existem muitas explicações para essas construções e diversos noctívagos da capital maranhense dizem que a serpente transita por esses túneis. Ela vive nas galerias desde o início do século XV e nasceu nas imediações do Forte de São Luís. A cauda do animal estaria na igreja de São Pantaleão, a barriga na igreja do Carmo e a cabeça na secular Fonte do Ribeirão. Os que já passaram por seus túneis dizem que é possível até ver, através da grade de uma das entradas da fonte, a cabeça do monstro, com seus terríveis olhos vermelhos, com boca aberta e uma língua muito comprida e vermelha saindo do meio dos dentes.

Lenda da Praia de Olho d’Agua

Conta a lenda que, inicialmente, houve ali uma aldeia indígena cujo chefe era Itaporama. Sua filha apaixonou-se por um jovem da tribo, mas este, por ser muito bonito, provocou paixão de ‘Mãe d’água’ que, através de seus poderes, conquistou-o e levou-o para seu palácio encantado nas profundezas do mar. Perdendo para sempre seu grande amor, a filha de Itaporama caiu em grande desolação, deixando de se alimentar e indo para a beira do mar chorando até morrer. De suas lágrimas surgiram duas nascentes que até hoje correm para o mar e que deram origem à denominação da praia.

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Lenda do milagre de Guaxenduba

De acordo com o mito, no principal combate travado entre portugueses e franceses, no dia 19 de novembro de 1614, no forte de Santa Maria de Guaxenduba, quando os portugueses estavam por ser derrotados por sua inferioridade de homens, armas e munições, surgiu entre eles uma formosa mulher envolta em auréola resplandecente. Ao contato de suas mãos milagrosas, a areia era transformada em pólvora e os seixos em projéteis, fazendo com que os portugueses se revigorassem moralmente e derrotassem os franceses. Em memória deste feito, foi a virgem considerada a padroeira da cidade, sob a invocação de Nossa Senhora da Vitória.

Lenda da carruagem de Ana Jansen Ana Jansen era uma mulher poderosa e influente em São Luís no século XIX, ela ficou conhecida pela desumanidade e maus tratos que aplicava em seus escravos. Conta a lenda que por seu mau comportamento em vida, Ana Jansen teve um castigo em morte: foi condenada a vagar eternamente pelas ruas da cidade. Em noite de sexta-feira e de lua cheia, o fantasma da rica comerciante passeia com sua carruagem pelas ladeiras estreitas da Praia Grande. O coche puxado por mulas sem cabeça que jorravam línguas de fogo e conduzida por um negro igualmente decapitado atravessa o centro histórico entre os rangidos dos parafusos, correntes que arrastam pelos paralelepípedos e gemidos dos escravos que tinham sido mortos pela dona.

Lenda do Palácio das Lágrimas

Foto: Eduardo Aguiar

Na rua 13 de maio, em frente à Igreja São João havia um casarão de três pavimentos. Sobre o imóvel foram inventadas várias lendas, das quais se destaca a seguinte: dois irmãos portugueses vieram ao Maranhão para buscar riqueza. Um deles conseguiu enquanto o outro jamais saiu da pobreza. Cheio de inveja, o irmão pobre resolveu assassinar o outro a fim de herdar a grande fortuna, já que o irmão rico vivia amasiado com uma escrava e não tinha filhos legítimos, já que seus filhos eram fruto de uma união ilegal.

Após o assassinato e de posse dos bens herdados, passou a tratar os escravos, inclusive a ex-mulher do irmão e seus filhos, com extrema crueldade. Certo dia, quando um de seus sobrinhos descobriu que fora ele o assassino de seu próprio irmão, matou-o, após arremessá-lo de uma das janelas do sobrado.

Descoberto o crime, e, por ser escravo, seu autor foi condenado a morte na forca levantada em frente ao sobrado. No momento do enforcamento, o condenado amaldiçoou o sobrado com essas palavras “Palácio que viste as lágrimas derramadas por minha mãe e meus irmãos. Daqui por diante serás conhecido como palácio das lágrimas”. E assim o sobrado passou a ser chamado.

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Crônica A Ana mais conhecida da ilha Os ecos do reggae maranhense ainda estavam na minha cabeça. O Festival BR-135 era realmente o que todos falavam: incrível. Cheguei à jamaica brasileira há três dias e tinha a leve sensação de que São Luís tinha muito para me mostrar.

O sabor do São Braz estava na minha boca, o cheiro de cigarro pairava pelo ar das ruas do Centro Histórico e os degraus do beco Catarina Mina pareciam infinitos. Mas eu precisava chegar ao Palácio dos Leões - dizem que a vista do gramado da capitania dos portos na madrugada é perfeita.

Lembro-me da lenda da serpente que foi amaldiçoada e presa na Fonte do Ribeirão, dizem que na sexta-feira a danada fica sedenta e tenta encontrar sua cauda. Aliás, entre todas as lendas que conheci da Athenas Brasileira, essa e da “senhora carruagem” de Ana Jansen foram as que mais me assustaram. Retiro a dúvida de quem hesitou em questionar o porquê da visita guiada ao casarão da dita cuja.

Voltei a trilhar nos paralelepípedos do Centro Histórico e o barulho pareceu se perder em meio à neblina que toma conta da Avenida Dom Pedro.

Fiquei aliviado. Tenho medo de lendas, ainda mais em uma Quando finalmente chego ao noite festiva como essa que local, permito-me apreciar o vivi. céu estrelado e enfeitado por uma lua cheia sob o cais da A neblina não passava, a visão Praia Grande. Espanto-me estava muito baixa, a rua ficou ao perceber que passava das deserta e eu consegui me lotrês horas e eu tinha uma vi- calizar. Já estava na Rua dos sita guiada ao Casarão de Ana Afogados. Em um momento, Jansen em algumas horas. a neblina tomou conta de todo Ajeito a mochila nas costas e ambiente e um barulho estartomo caminho rumo à Pou- recedor apareceu. sada dos Sonhos. Em instantes paro em frente ao Coreto Os ecos do reggae maranhenpróximo à Igreja da Sé, na se ainda estavam na minha Praça Benedito Leite. A bolsa cabeça. O Festival BR-135 era começou a ceder de um lado. realmente o que todos falaContinuo o trajeto e paro para vam: incrível. Cheguei à jadescansar debaixo da marqui- maica brasileira há três dias e se do Cine Roxy. O caminho tinha a leve sensação de que não parece tão curto como o São Luís tinha muito para me seu Raimundo tinha explica- mostrar. do. Chegando perto da Fonte do Ribeirão, eu me assusto e – Maldição! Volte aqui, você escuto um barulho horrível de não vai escapar de mim! batida de grades com correntes de ferro.

Daí em diante, iniciou-se o maior pesadelo e a maior aventura que com certeza, já vivi na minha vida.

Ana Jansen naquele momento já não era lenda, mas realidade. Sem entender, tinha a noção de que deveria fugir dela e de sua carruagem. Aquilo não parecia real e a neblina transformava o ambiente em um cenário de filme de terror.

Desfiz-me da mochila e tentei correr, mas meu corpo estava pesado; e a assombração cada vez mais perto.

- Não fuja de mim, tenho um presente para você! – Gritava a imagem da própria Ana Joaquina Jansen Pereira, com a cabeça fora da janela da carruagem.

De repente, me vejo alcançado pela carruagem e com a assombrosa mulher com a cabeça ainda fora da janela estendendo-me uma vela acesa. Em choque, não hesitei em pegar, depois fiquei paralisado. A carruagem se perdia em meio à neblina que já sumia pelo ar, enquanto a vela continuava intacta em minhas mãos.

Não sei se São Luís foi entregue a uma senhora, mas dali em diante tenho a certeza de que Ana Jansen continua a reinar com seus escravos mortos e sua carruagem pelas ruas históricas de São Luís; hoje, a cidade das lendas.

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Foto: Eduardo Aguiar

Cor e alegria na maior festa da capital maranhense Por: Matheus Freitas

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uando o mês de junho chega no Maranhão, a população fica com ansiosa. O motivo? É o mês do grande espetáculo já bastante conhecido nacionalmente: o São João. Mês de encantos e mágias, que envolvem desde os turistas aos próprios moradores. Bumba- meu-boi, Quadrilha, Dança Portuguesa, Tambor de Crioula, Cacuriá, Dança Country e muitas outras danças se fazem presentes nos mais diversos arraias da capital.

Existe uma lenda onde São João adormece no dia do seu aniversário pois, se estivesse acordado, não resistiria aos festejos e desceria à Terra, podendo se queimar na fogueira. Esse é um dos motivos dos fogos de artifício, justamente para acordá-lo. O santo protetor dos pescadores, São Pedro, é lembrado no dia 29. Uma tradição muito conhecida na capital é a grande festa na Capela de São Pedro, no bairro da Madre Deus. Diversos juninos se unem num grande “batalhão” para pagar suas dívidas com o santo protetor. No dia seguinte, é dia 30, dia de São Marçal. Data que entrou no calendário anual nas festas de São Luís.

Grandes pandeirões se unem às famosas matracas e ao famoso caldo de feijão distribuído pelos militares, para festejar na avenida que leva o nome do santo, no João Paulo.

Foto: JCassiano

Canutilhos, penas, pandeirões, matracas, rendas e fitas, são outras marcas dessa magia que o São João proporciona. Há quem diga que a preparação é fácil, mas pelo contrário, muitos grupos começam a pensar desde o mês de novembro no que vão fazer no ano seguinte, existe muito para ser pensado e organizado. Cada grupo tem suas tradições e identidade o que marca a identidade única de cada grupo As comidas típicas também não decepciofolclórico que vai se apresentar. nam: a culinária maranhense também se faz presente nos festejos juninos. Os prinA decoração da festividade é algo mar- cipais ingredientes usados durante toda cante e super tradicional. As bandeiri- festividade são os frutos do mar. A culinhas coloridas dão mais vida aos locais, nária local apresenta os mais variados de entoam e anunciam as comemorações. tortas. Da tradicional Torta de Camarão, Fogueiras, panos coloridos e bois confec- tipicamente maranhense ao famoso surucionados manualmente, também partici- ru. Os legumes também se fazem presentes pam dessa grande preparação. Tudo isso nos pratos. Milho cozido e assado, canjica para dar mais alegria a quem vem presti- e batata doce e vatapá dão um toque espegiar a festança na capital. cial. Há também o famoso cuxá e o arroz de cuxá que podem ser acompanhados de A festa de cunho cristã é marcada por um peixe pedra. muita devoção e fé aos santos que são comemorados durante o mês de Junho. Nesse período os artesãos, as rendeiras e Santo Antônio, o já conhecido “Santo bordadeiras aproveitam para mostrar e Casamenteiro”, é o primeiro deles, cele- vender suas confecções, pois muitos turisbrado no dia 13. Muitos devotos vão as tas e moradores locais visitam os arraiais e igrejas construídas em sua homenagem se encantam com as obras. Os bordados, a para cumprir promessas antigas. Alguns renda de bilro, os chapéus de bumba meu grupos juninos aproveitam o dia para pe- boi bordado, as confecções manuais, são dir a benção para a temporada de festa. O alguns dos produtos oferecidos que ficam exemplo vivo e de bastante tradição nos espalhados nas barraquinhas que enfeitam arraiais é o Bumba-meu-boi de Nina Ro- os arraiais de São Luís. drigues, trazendo o sotaque de orquestra.

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Foto: Jordana Cardoso 25

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Foto: Reprodução / Antonio José Souza

Cacuriá

A dança tem origem totalmente maranhense, através da festa do Divino Espírito Santo com influências carimbó. A dança é composta por vários casais fazem movimentos circulares e sensuais. A música é feita pelas famosas caixas do divino, que são pequenos tambores usados na celebração do Divino. Um dos grupos mais conhecidos é o de da saudosa Dona Teté. A mesma veio a ser uma das pioneiras a introduzir novos instrumentos à dança como flauta e banjo. Infelizmente Teté veio a falecer no final de 2011. O grupo continua com suas filhas no comando levando tradição e inspiração a outros grupos.

Quadrilha

De influência Holandesa e Francesa, a dança que já é famosa nas arraias do Nordeste, tem duas variações na capital maranhense: a estilizada e a tradicional. A primeira é um estilo que surgiu como forma de competição e tem como um grande diferencial as roupas cheias de detalhes e enfeites e as suas coreografias ensaiadas; já o segundo é o mais praticado pelos brincantes em todo Maranhão. Nela o público e proporciona a participação efetiva do público. Não existem diversos passos ensaiados e as roupas não são tão extravagantes. Simples e de uma alegria inimaginável carrega multidões por onde passa.

Foto: Antonio de Melo

Tambor-de-crioula

Dança realizada pela fé em São benedito, o protetor dos negros, é de origem africana, e se faz muito presente nas festas do Maranhão. O Tambor de Crioula tem movimentos circulares e batidas de tambor arrepiantes. A pungada ou umbigada é um dos seus passos mais tradicionais. A dança é totalmente feita por mulheres, chamadas de coreiras e tocada por homens, chamados de coreiros.

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Foto: Eduardo Aguiar

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Foto: Eduardo Aguiar

Bumba meu boi

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o Maranhão, existem muitas danças que diferenciam dos outros estados do Brasil.

Uma prova disso é o conhecido bumba-meu-boi. Tradição que começou aqui e hoje ele é propagado diversos lugares pelo país, características diferentes. A dança surgiu da lenda do Pai Francisco e Mãe Catirina. A história diz dos escravos que moravam em uma fazenda cheia de cabeças de gado. Catirina estava grávida e desejou comer a língua do novilho preferido do patrão. Seu esposo para realizar o seu desejo, matou o bichano e os dois fugiram.

O patrão ao se deparar com a realidade, ficou desesperado. Chamou os seus vaqueiros para tentar animar o boi. Depois de inúmeras tentativas falhas, recorreu às as índias que moravam na região, que chamaram o pajé da tribo para ressuscitar o boi. Após o renascer do bicho, o fazendeiro fez uma grande festa com todos que o ajudaram. Assim surgiu o bumba-meu-boi.

Os grupos de bumba meu boi têm personalidades que marcam e entoam as toadas de cada boi, esses são chamados de amos. Eles são os grandes responsáveis da animação e desenvoltura dos grupos. Chagas, Donato Alves, João Chiador, Lobato e muitos outros são considerados mestres, pois são definidos como “Tesouros Vivos da Cultura”.

Os representantes da cultura popular compreendem pessoas, grupos ou comunidades que detêm o conhecimento da tradição popular do Estado, como é o caso do Mestre Apolônio do Boi da Floresta; Mestre Humberto do Maracanã, do boi do Maracanã; Mestre Leonardo, do boi da Liberdade ou Boi de Leonardo e o Mestre Marcelino Azevedo do Boi de Guimarães.

Os grupos são separados por cinco sotaques diferentes, sendo eles: baixada, costa de mão, ilha, orquestra e zabumba.

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Foto: Manoel José Pereira

Sotaque da baixada

Pequenos pandeiros e as matracas são usados para dar a famosa melodia desse sotaque. Uma de suas marcas são os famosos Cazumbás ou Cazumbas, os seres da oresta que ajudam o Pajé durante a ressureição do boi. Os integrantes usam máscaras diferentes estilos com batas enfeitadas.

O tradicional Boi de Santa-Fé é um dos símbolos do sotaque na capital maranhense.

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Foto: Meu Cofo de Cultura

Sotaque Costa de Mão

É típico da região de Cururupu, na baixada maranhense. Suas características são o uso dos pandeirinhos tocados com a costa da mão do instrumentista e os maracás. As roupas dos brincantes são feitas de veludo, grinalda e ores em forma de cogumelo. O sotaque de Costa de Mão está sendo homenageado no São João de 2018 do Maranhão, pois o mesmo está sumindo aos poucos da tradição junina. Há apenas quatro grupos que ainda trazem o ritmo para a grande festa.

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Foto: David Ferreira

Sotaque da Ilha

Mais conhecido como Sotaque de Matraca, é um estilo que arrasta multidões para acompanhar os grupos nos arraiais das cidades. O instrumento que marca o ritmo são as matracas dos mais variados tamanhos e os pandeirões, que quando aquecidos nas fogueiras, emitem um som único que acompanham as toadas do amo.

O cordão dos brincantes é composto pelas índias, os elegantes caboclos de pena e vaqueiros de ta.

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Foto: Eduardo Aguiar

Sotaque de orquestra

Sotaque caracterizado por usar instrumentos de corda como banjo, violão, além de usar instrumentos de sopro que é o trompete, trombone e saxofone. Outras características são as indumentárias usadas pelos brincantes: as índias usam cores mais vibrantes, com vários canutilhos e galões. A coreograaa também é diferente, onde os passos são mais diversiicados e coreografados.

O ritmo é bastante popular em todo Maranhão o Boi de Nina Rodrigues e o Boi Brilho da Ilha são conhecidos na capital Maranhense.

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Foto: Eduardo Aguiar

Sotaque de zabumba

Considerado como o rimo original do bumba-meu-boi, o sotaque é caracterizado pelas zabumbas, instrumento que nomeia o estilo e por pandeirinhos e maracás. A indumentária das índias é diferente de todos os ritmos assim. As roupas dos vaqueiros de ta são extremamente estilizadas trazendo ícones do folclore e da fé cristã. É considerado o ritmo original do bumba-meu-boi, sotaque é caracterizado pelas zabumbas, instrumento que nomeia o estilo e por pandeirinhos, maracás. Um dos bois mais famosos desse sotaque é o boi da cidade de Guimarães, considerado o percussor do ritmo e o Boi da Liberdade.

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Pessoas que contribuem para a magia do São João

Artesãos, cozinheiros, amos, costureiras, índias, vaqueiros, coreiras, cantores, são alguns dos "personagens" do grande espetáculo que é o São João, eles que fomentam e contribuem para que essa magia se torne realidade, as palavras que se encaixam e resumem tudo é amor e sacrifício. Visto que são muitas noites de sono perdidas, tanto no período que antecede a festa, quanto na temporada.

Muitos já têm o costume de participar da cultura desde criança, geralmente essas tradições são passadas de geração para geração. Esse é o caso da artesã Rosa Sousa que trabalha no Centro de Comercialização de Produtos Artesanais do Maranhão (CEPRAMA) e durante a temporada junina vai para os arraiais comercializar os seus produtos, ela relata que aprendeu a fazer renda com sua mãe

o sentimento que a mesma tem é o amor por saber fazer renda, “eu me sinto satisfeita, pois faço um produto que as pessoas gostam e para mim fazer artesanato é minha vida e reaviva meu animo”,

Outro “personagem” são as costureiras que confeccionam as indumentárias dos brincantes dos grupos folclóricos do São João, elas são uma das grandes responsáveis em tornar a magia em realidade, pois além das danças as roupas usadas dão brilho aos movimentos feitos pelos componentes das brincadeiras. Sônia Cristina é costureira desde muito nova e ela em disse que quando chega em março ela já recebe encomendas para fazer as roupas de alguns grupos e geralmente é uma produção em longa escala. “Quando a temporada está próxima, tenho que ficar costurando até de madrugada para poder dar conta da encomenda’, disse Sônia.

Foto: Eduardo Aguiar

Já os brincantes começam a fazer sua preparação desde o fim do carnaval, muitos participam das danças por amor, por promessa ou pelos dois motivos.

Esse é o caso do campeador do boi de Nina Rodrigues, Pedro Henrique. Ele conta que essa já era uma tradição de família e logo quando Pedro nasceu, foi diagnosticado com um tumor no nariz, sua mãe então fez uma promessa para São João Batista e se obtivesse a cura ele dançaria durante o período junino e foi o que aconteceu. Portanto foi assim que surgiu o amor pelo São João.

“Cada canutilho, cada gota de suor vale a pena quando chega o período junino. Os olhares das pessoas encantadas com nossa dança, nossa alegria e todo o trabalho de vários meses não existe dinheiro que possa comprar. O São João faz parte da minha vida, e eu me sinto privilegiado de ser um dos que vivem esse momento inesquecível.", conta Pedro.

Claudia Regina, disse que elas continuam com essa tradição por ter fé e para não deixar essa grande cultura morrer.

As coreiras do tambor também contribuem para a festa, inclusive a presidenta do tambor de Leonardo, a senhora 35

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A história de Jessica Paixão (capa), também não é diferente. Desde criança a moça sempre gostou de fazer parte da cultura ludovicense, ainda mais que ela nasceu e foi criada no bairro da Madre Deus, considerado berço da cultura local. Aos nove anos ela ganhou a sua primeira saia de coreira. Ela contou que as vezes saia escondido para a Casa das Minas (casa de matriz africana) ou para outras casas das redondezas para olhar o tambor e isso a encantava. “Logo não podia ficar de fora, pegava minha saia e ia fugida de casa, dizia para os meus avós que estava brincando de boneca, cômico, mas real vindo de uma criança”, conta.

Hoje em dia ela é índia guerreira do boi de Nina Rodrigues, mas já passou pelo boi Barrica, boi de Rosário e pelo boi Encanto da Ilha. Jessica ama o São João e quando dança a magia da festa toma de conta da dança dela. “Não é o meu físico que se movimenta, mas a minha alma que transborda. O momento que o seu corpo se desliga e você flutua sob os pandeirões, matracas, zabumbas e tudo se transforma em leveza, amor e alegria.” disse a índia.

Foto: Eduardo Aguiar

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POR DENTRO DO

MERCADO DAS TULHAS Um dos primeiros mercados de São Luís, mostra que está vivo e mais habitado do que nunca.

Por: Thamyres Viana

Foto: Eduardo Aguiar

Foto: Eduardo Aguiar

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história da Feira da Praia Grande se inicia no século XIX com a construção do Terreiro Público para a grande comercialização de produtos de variados gêneros: frutas, peixes, aves e farinha., A única exceção era a carne bovina. A obra ficou a cargo do arrematante de cachaça José da Costa Oliveira.

Em 1820, após a construção de um cais é um aterro, foram creditados terrenos aos comerciantes para que eles erguessem casas com o objetivo de formarem uma praça regular de 40 braças, onde se estabeleceram barracas que deram origem a Casa das Tulhas. As barracas, administradas por um órgão público de forma inadequada fez com que a Câmara Municipal extinguisse esse órgão em 1833 e demolisse as barracas devido seu estado de degradação.

Foto: Maurício Araya

Em 1855, a Câmara arredondou pelo prazo de 30 anos à Companhia Aliança, o terreno das antigas barracas para que esta empresa construísse um edifício com várias lojas comerciais em substituição a velha Casa das Tulhas. A obra foi concluída em 1861, pela Companhia Confiança Maranhense.

A Casa da Praça, como era conhecida à época da inauguração, tinha um formato quadrilátero, térreo, dividida em 40 salas, com portas que davam para a rua é para o jardim interno, onde estava localizado um chafariz da antiga Companhia de Água do Rio Anil. No século XX o prédio sofreu intervenções que descaracterizaram seu traçado original. No canto sudeste foi acrescentado um segundo pavimento e em 1944 após um incêndio, o canto noroeste do prédio foi reconstruído com dois pavimentos, além de recuar 3 metros do alinhamento inicial.

Foto: SkyscraperCity

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Em 1950, o município efetuou a partilha e alienação do prédio a vários comerciantes, ficando somente com o terreno do jardim interno, para onde transferiu os feirantes, surgindo então a Feira da Praia Grande, com um aglomerado de edificações, que alteraram a parte interna do edifício, fechando os dois portões laterais, limitando o acesso à Rua da Estrela e Beco Catarina Mina.

Em 1970, durante um seminário sobre a Praia Grande o Sindicato dos Feirantes provocou o Governo do Estado a promover a recuperação do espaço, que se encontrava sem condições de salubridade e com um alto grau de degradação. A restauração fez parte do Programa de Reabilitação do Centro Histórico de São Luís.

Foto: Reprodução / Pinterest

Atualmente a Feira da Praia Grande corresponde ao pátio interno do edifício, antes conhecido como Casa da Praça, formada por 72 boxes que abrigam restaurantes populares, mercearias, artesanatos e lanchonetes, além de bancas de verduras, mingau, remédios caseiros, plantas medicinais, frutas e relógios.

A sua administração, cadê desde o ano 2000, a Associação dos Feirantes e Trabalhadores do Comércio da Praia Grande.

Protegendo a Feira, o santo dos comerciantes “São José das Laranjeiras”, que segundo relato dos antigos feirantes, a imagem foi encontrada numa tábua após o naufrágio de uma embarcação, dando início, em 1950, a tradição da romaria que acontece no último domingo de outubro, que vai dá Feira até a cidade santuário de São José de Ribamar.

A Feira da Praia Grande de hoje em dia, além de um grande e central ponto comercial do Centro Histórico, serve de ponto turístico e espaços para atrações locais como: tambor de crioula, rodas de samba e artistas locais que desejam apresentar seus trabalhos.

Ainda conta com um vasto comércio, onde além de comida, ervas medicinais e frutas, são vendidas iguarias locais como: camarão, peixe seco, artesanato e as famosas cachaças. Os boxes ali presentes foram passados de geração a geração tornando-se uma feira familiar onde é administrada por um presidente que é escolhido de 2 em 2 anos pelo Sindicato dos Feirantes.

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Foto: Jornal Cazumbá

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Feirinha SĂŁo LuĂ­s: o turismo cultural semanal que vem movimentando a cadeia produtiva ludovicense.

Por Maria Luiza Oliveira Fotos: Eduardo Aguiar

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Praça que já recebeu nome de Jardim 13 de Maio, Largo do João Velho e Praça da Assembleia, hoje se chama Benedito Leite. Localizada em meio ao cenário arquitetônico e paisagístico do Centro Histórico de São Luís. Atualmente é o local onde acontece a Feirinha São Luís, todos os domingos, das 7h às 15h. O projeto é uma realização da Prefeitura por meio da Secretaria Municipal de Agricultura, Pesca e Abastecimento (SEMAPA) e foi criado com o intuito de promover a agricultura familiar e servir como bolsa de negócios.

Iniciada em junho de 2017, a proposta da Feirinha, além de fortalecer os produtos agrícolas em parceria com a Secretaria de Estado da Cultura e Turismo (SECTUR) abriu espaço para o artesanato, culinária, literatura, artes plásticas e apresentações artísticas focadas no regionalismo, mostrando a diversidade cultural da cidade e sendo uma opção de lazer para os conterrâneos e turistas.

Na feirinha os visitantes podem apreciar o que têm de melhor no Maranhão: o sabor das comidas típicas, as banquinhas de artesanato, os livros de escritores regionais e apresentações musicais.

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Outro atrativo indispensável do evento é o palco aberto com apresentações de bandas maranhenses e atrações regionais.

A feira tornou-se um atrativo para a turista Dona Lúcia, de Santa Catarina. Segundo ela, o ambiente é maravilhoso para um passeio em família, além de possuir a identidade cultural e popular de São Luís.

A cultura local não é usada apenas para atrair pessoas para o Centro Histórico, como também para promover o diálogo, conscientização, comemorações e homenagens. Entre as edições, já foi abordado Ação de Combate ao Feminicídio do Maranhão, Ação de Prevenção ao Câncer de Mama e Ação de Prevenção ao Câncer de Próstata.

A Feirinha também já teve uma edição especial, O local antes deserto aos domingos, surgiu para com a presença de uma interprete de Libras na dar mais alegria ao Centro Histórico e já serapresentação do Grupo 1,2,3 formado viu até de cenário para o programa por Tássia Campos, Milla Camões de TV “Expedição Nordeste”, do e Camila Boueri que fazem a SBT Nordeste que estreia em inclusão na arte acontecer. junho. O programa destaca a identidade dos estados Tony Mota, da Comissão nordestinos, suas beleOrganizadora, explica zas, cultura e paisagens. que o projeto permaOs comércios e restaunente foi abraçado pelos rantes voltaram a abrir turistas e a divulgação aos domingos e com a da cultura ludovicense necessidade de ampliar gera um impacto signifiseus quadros de funciocante na economia local. nários, os hotéis investi“O espaço em torno da Feiram nas vendas de almoço rinha São Luís era um espapara o público, que antes era ço morto aos finais de semana, apenas para hóspedes. Com as pessoas ficavam com medo de uma cadeia produtiva extensa os estar aqui por questão de violência e vendedores têm sua renda otimizada, hoje podem ter liberdade de usufruir do espajuntamente com as apresentações artísticas que ço público”, afirma. são remuneradas.

As atrações apresentadas atraem público de toA Feirinha São Luís recebeu um prêmio como fo- das as regiões do Brasil. A última apresentação mento da agricultura familiar, turismo e cultura lu- da Companhia Encanto da Madre Deus, deixou dovicense. O prêmio 12º INSIDE BY FOFA, é uma um grupo de turistas de Manaus apaixonadas pela premiação anual da jornalista e colunista social Ilze cultura maranhense e interessadas em aprender Rangel, escolhido pelos formadores de opinião da os passos do bumba-meu-boi. cidade, através de votação aberta. O prêmio foi entregue no dia 27 de maio a Comissão Organizadora.

O artesão Carlos Cunha, formado em Letras pela Faculdade Atenas Maranhense (FAMA), atual Faculdade Pitágoras, morou quatro anos no Japão, estudou idiomas e está há mais de 10 anos no mercado. Ele produz miniaturas do bumba-meu-boi e de barcos artesanais, entre os produtos usados na confecção estão a fibra de celulose, papelão e madeira.

Segundo o artesão, se o preço do artesanato fosse justo sem um custo alto, atingiria uma quantidade maior de clientes. “Fico rico de gratificação em saber que alguém está levando uma peça produzida por mim”, relata.

Com a chegada do período junino, as edições serão voltadas ao São João, dando destaque para apresentações como Bumba-meu-boi, símbolo da cultura maranhense, o Tambor de Crioula e o Cacuriá. Isso irá intensificar não só as apresentações de grupos culturais, mas também as vendas de comidas típicas, produtos agrícolas como, o milho e os artesanatos com representações do bumba-meu-boi.

“Se outros locais do Centro Histórico forem tirados do descaso igual fizeram com a Praça Benedito Leite e a implantação da Feirinha São Luís, a tendência do turismo cultural é só aumentar, já que a cultura assim como qualquer outro negócio, é uma fonte de renda que consegue movimentara economia local”, completou o artesão.

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Casa das Minas A mais antiga tradição popular afro-descente também teve seu berço no coração da cultura popular ludovicense Por João Almeida, Eduardo Aguiar e Matheus Freitas Fotos: Eduardo Aguiar

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Festa do Divino Espírito Santo chegou no Brasil no século XVI e os históricos mais antigos afirmam que, no Maranhão, ela chegou com os açorianos entre 1615 e 1625. Na capital maranhense, o culto é marcado pelo sincretismo religioso; as tradições trazidas pelos portugueses receberam contribuições das culturas indígenas, católicas e, principalmente, africanas.

No contexto histórico, de acordo com uma visita guiada pela “Casa da Festa”, a festa é cristã e é realizada pela Igreja Católica, sendo que em alguns espaços de São Luís ela é feita pelos Terreiros de Mina.

Uma das principais características dessa festa é a tribuna imperial, onde tem Imperador, Imperatriz, Mordomo-Régio, Mordomo-Mor e as Mordomas, interpretados por crianças. É bom ressaltar que existe uma diferença entre a festa do Divino feita pela Igreja Católica e a feita pelas matrizes africanas no que diz respeito a tribuna, nas festas católicas à uma alternância: em um ano a tribuna é formada apenas por meninos e no ano seguinte é formado por meninas. Já nas casas de ideologias africanas não tem essas alternâncias, sempre a tribuna é constituída por todos os cargos e a festa é toda realizada dentro das casas religiosas.

Atualmente, as festividades do Divino acontecem no mês de maio e é realizada em vários locais da capital. O festejo mais popular, acontece na Casa das Minas – casa religiosa afro-maranhense mais antiga, fundada no século XVIII -, localizada no Bairro da Madre Deus, conhecido como berço da cultura popular ludovicense.

O Bairro da Madre Deus, localizado na região central de São Luís, é conhecido como berço da cultura local por conta das diversas manifestações culturais existentes lá. No bairro, sedia-se a sede da Companhia Barrica (que compreende o Boizinho Barrica e o Grupo Bicho Terra), as bandas Descascar Alho e Fuzileiros da Fuzarca, além disso, sedia inúmeros blocos tradicionais de Carnaval. Lá, localiza-se também a Capela de São Pedro – conhecida pelos festejos de junho – e o CEPRAMA, antigo Centro de Comercialização de Produtos Artesanais do Maranhão, hoje, centro cultural popular ludovicense.

Esse ano, a Festa do Divino realizada pela Casa das Minas, completa 155 anos e as comemorações acontecem entre os dias 6 e 22 de maio. Segundo Euzébio Pinto, atual coordenador da Casa, é uma obrigação da Casa realizar todos os anos a Festa do Divino, apesar das inúmeras dificuldades. Além de que, falta uma desigualdade de recursos entre as festas do Divino, onde a festa realizada em Alcântara recebe recursos do governo e as festas realizadas em São Luís não recebem o benefício.

No Maranhão, o eixo mais tradicional do Divino Espírito Santo acontece entre São Luís e Alcântara. Apesar da proximidade das duas cidades, as festividades realizadas em ambas seguem a mesma ideia, porém, com algumas distinções. Em São Luís, por exemplo, a festa está associada não só ao Espírito Santo, mas também a outros santos católicos e matrizes africanas.

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A festividade, por ser de cunho ritualista, têm vários símbolos tradicionais e de grande importância para os devotos. Nós preparamos uma explicação breve sobre os símbolos mais importantes e comum na tradição realizada pelos dois eixos.

BANDEIRAS: significa Deus e seu povo. São através delas, que a fé e a religiosidade são levadas a todos os devotos da cidade. São representadas na cor vermelha, em sinal do amor de Deus e do sangue dos mártires.

POMBA: é a representação do Divino Espírito Santo, o símbolo mensageiro. Acredita-se que a pomba traz consigo os sete dons do Espírito: sabedoria, entendimento, ciência, conselho, fortaleza, piedade e temor a Deus. ÁGUA: simboliza a pureza e a vida. O Espírito Santo é a “agua viva”, que desce dos céus, repousa no mastro e purifica a vida dos devotos.

AS CAIXEIRAS: geralmente são mulheres, que tocam as caixas do divino durante as festividades, com o propósito de harmonizar a descida do Divino até a festividade.

O MASTRO: é uma das partes mais importantes da festividade. Geralmente é o tronco de uma árvore que é buscado pelos devotos em uma determinada região, é levado nas costas como símbolo de promessa. Durante as festividades, fica erguido no local, adornado de frutos de flores, acreditando-se que ali o Divino desce e repousa durante o evento.

A Festa do Divino Espírito Santo encerra-se no momento da derrubada do mastro, acreditando-se que o Espírito Santo que repousava ali, já se foi.

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resenha

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Texto: Igor Linhares

retorno de Vinícius à cidade de Alcântara para as festas do Divino Espírito Santo nos leva a uma viagem - que começa com a travessia da Baía de São Marcos para adentrar ao universo de Alcântara - por uma das mais tradicionais manifestações religiosas e culturais do Maranhão.

O documentário faz um pasdas pessoas com a festa, de atrações de todaque a celebração. seio pela cidade, acaba maneira mais íntima com Como são conhecidas, as caixeiras não sendo tão explicativo os participantes. Destes, os do Divino desmistificam a questão porque a ideia acaba por não mais velhos estão na frengênero como dentroé do padrão estabete das celebrações, mas são serdemostrar a festa lecido, de que só homens dominam que ocorre há mais de século precisamente as mulheres cultura do manuseio de instrumennoapequeno município históque realizam o protagonistos musicais. rico, o que não deixa a desemo do documentário. Além No decorrer do curta, é possível jar em seu objetivo principal. depercomandarem a parte reliceber aDivino movimentação e mobilização "O em mim&giosa da festa, elas também dos mostra milhares de apreciadores que quot; a relação das organizam uma das maiores vêm mantendo a tradição. E muito embora tradições tenham se perdido meio à sociedade contemporâatrações de toda a celebração. carrega o mastro, o símbolo da força de um povo nea, uma das maiores mobilizações Como são conhecidas, as caixeiras do Didevoto, proporcionando ao espectador sentir a religiosas e culturais do país esteja se vino desmistificam a questão de gênero emoção e enxergar a beleza da corte que segue por de forma tão firme como é dentro do padrão estabelecido, de que mantendo só entre os casarões históricos que completam a cidade o festejo do Divino de Alcântara, cohomens dominam a cultura do manuseio de Alcântara. O projeto foi contemplado com o edimemorado ao longo de séculos. de instrumentos musicais. tal Curtas Universitários, do Canal Futura em parO documentário é encabeçado pela ceria com TV Globo e ABTU, e quem o assiste, não jornalista e guitarrista maranhense No decorrer do curta, é possível percetem dúvidas de quão merecedor foi receber uma Luiza Fernandes, junto à Universiber a movimentação e mobilização dos contemplação tão importante como a que adquiriu. dade de São Paulo e o Coletivo Mimilhares de apreciadores que vêm manrimaLAB. O projeto surgiu de uma tendo a tradição. E muito embora tradigrande inquietação sobre as manições tenham se perdido meio à sociedade “No festações culturais e, apesar de seguir contemporânea, uma das maiores mobiliregras decorrer como delimitar do o tempo de zações religiosas e culturais do país esteja para que houvesse êxito em se mantendo de forma tão firme como égravação o curta, é abarcar todos os pontos relevantes festejo do Divino de Alcântara, comemosobre um possível festejo que dura mais de 10 rado ao longo de séculos. dias, conseguiu cumprir bem o que perceber a propôs, expondo de maneira sublime O documentário é encabeçado pela jornatodo o significado da festa, desde os movimentalista e guitarrista maranhense Luiza Ferpreparativos até um dos momentos nandes, junto à Universidade de São Paulo ção e mobie o Coletivo MirimaLAB. O projeto surgiu lização dos de uma grande inquietação sobre as manifestações culturais e, apesar de seguir remilhares de gras como delimitar o tempo de gravação apreciadopara que houvesse êxito em abarcar todos os pontos relevantes sobre um festejo que res que vêm dura mais de 10 dias, conseguiu cumprir mantendo a bem o que propôs, expondo de maneira sublime todo o significado da festa, destradição.” de os preparativos até um dos momentos mais marcantes, quando, pelas ruas de pedras, uma multidão carrega 49

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JoĂŁo Almeida

Ingredientes

500g de farinha de trigo . 1 colher de óleo .. 50ml . de água 2 colheres de vinagre de cachaça 5 folhas de vinagreira batidas no .. 130ml . liquidificador colher de sal Massa do Pastel

Modo de Preparo

Massa do Pastel

. Mistura tudo, até ficar uma massa unânime

Ingredientes

6 maços de vinagreira 2 dentes de alho .. 1/2kg . . de camarão seco Cebola, pimenta do reino, sal e .. 1/4kg de farinha seca cheiro verde a gosto.

1/4kg de gergelim Massa de Cuxá

Modo de Preparo

Massa de Cuxá

todas as folhas de vinagreira no liquidificador, depois mistura . Bata todas os ingredientes e leva para a panela por 5 minutos em fogo baixo.

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Visitamos o Palácio dos Leões, sede do Governo do Maranhão.

Uma grande obra da arquitetura que guarda sob o teto, inúmeras obras de valor inestimável.

Fotos e texto por Eduardo Aguiar

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capital do Maranhão possuí um conjunto arquitetônico formado por mais de 3.500 prédios históricos que foram tombados pela UNESCO em 1997, desta forma, conquistou o título de Patrimônio Mundial da Humanidade. Os prédios que antes eram residências e comércios nas ruas do Centro Histórico, atualmente abrigam vários órgãos do Governo Maranhense, dentre eles, o Palácio dos Leões, sede do governo estadual.

os portugueses conseguiram derrubar o domínio francês ao ganharem a Batalha de Guaxenduba, após isso a construção passou a ser chamada de “Forte de São Felipe”.

Em 1626 surge o Palácio do Governo, um prédio construído com o objetivo de ser a sede administrativa e residência do governante até 1762. O prédio como conhecemos nos dias de hoje foi construído somente em 1766, a Em 1612 aconteceu a chegada dos mandato de Joaquim de Melo e franceses guiados por Daniel de La Póvoas que foi governador do Touche, a partir disso, o sonho de Maranhão na época colonial. uma colônia francesa em terras brasileiras. foi realizado. Um imenso A atual monitora chefe do prédio, forte rústico de pau a pique chamado Rosilene Sá, afrma que o novo Forte de São Luís, foi elaborado em nome dado ao local aconteceu um ponto estratégico da ilha para no governo de Póvoas, pois ele ter uma visualização privilegiada do cobrava muitos impostos da somar, caso ocorresse uma possível in- ciedade e inúmeras taxas sem necessidade. Por conta disso, alguns vasão. jornais da época eram contra o governante. O principal jornal contra era “O Combate”, ao mencionar algo sobre o governo ou o governador, o veículo de comunicação utilizava o termo “Morada dos Leões”, isso porque na época, haviam diversos leões desenhados em brasões na fachada do palácio. Sendo assim, o governante assumiu o apelido e para mostrar seu poder como “O grande leão” mandou a construção de oito leões de bronze feitos na Escócia e pediu que os mesmos fossem colocados nas principais entradas do prédio.

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Rosilene nos explica que em 1911, o governador Luís Domingues instalou um zoológico aberto à visitação pública onde hoje fca o jardim do palácio. A ideia no entanto, não deu muito certo por conta de vários acidentes envolvendo os animais. “Era complicado cuidar dos animais, os acidentes com eles e com os visitantes eram muito comuns”, explica. A monitora afrma que foi apenas no ano seguinte, no governo de Benedito Leite, que foi construída uma área administrativa no palácio, duplicando seu tamanho e deixando a construção em formato de “L”, como conhecemos hoje.

O jardim do palácio fora projetado originalmente pelo já conhecido, Roberto Burle Max, em 1968. O projeto continha uma ideia mais moderna para o palácio. Em 1973, o paisagista teve de modifcar seu projeto, agora trazia menos plantas e continha espelhos e tanques magnifcos.

20 anos depois, Acácio Gil Borsoi, apresenta um novo projeto para o jardim do Palácio dos Leões. As modifcações trouxeram a retirada de inúmeras plantas e canteiros para implantar uma piscina com um tanque para plantas aquáticas e um grande estácionamento para eventos do governo.

Rosilene nos explica que em 1911, o governador Luís Domingues instalou um zoológico aberto à visitação pública onde hoje fca o jardim do palácio. A ideia no entanto, não deu muito certo por conta de vários acidentes envolvendo os animais. “Era complicado cuidar dos animais, os acidentes com eles e com os visitantes eram muito comuns”, explica. A monitora afrma que foi apenas no ano seguinte, no governo de Benedito Leite, que foi construída uma área administrativa no palácio, duplicando seu tamanho e deixando a construção em formato de “L”, como conhecemos hoje.

O jardim do palácio fora projetado originalmente pelo já conhecido, Roberto Burle Max, em 1968. O projeto continha uma ideia mais moderna para o palácio. Em 1973, o paisagista teve de modifcar seu projeto. Agora trazia menos plantas e e a psicina tinha espelhos e tanques magnifcos.

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Obras

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lém de ser a sede do go verno do Estado do Maranhão, o palácio também possui um enorme acervo de obras de arte advindas de um colecionador muito conhecido pela população maranhense: Arthur Azevedo, irmão do romancista e jornalista Aluísio Azevedo. “As obras de Arthur Azevedo foram compradas no ano de 1910. Ele morreu em 1908 e possuía uma das maiores coleções de arte do país. Existem obras bastante ricas, são mais de 20 mil gravuras, xilogravuras e óleo sobre tela. Obras de artistas nacionais e internacionais, datadas no século XV, XVI, XVII, para não fcar em mãos estranhas, o governo acabou aderindo ao acervo do palácio”.

Na área de visitação, estão expostos mais de 40 quadros de artistas de renome internacional como Vitor Meireles, Augusto Ofe, Magalhães de Almeida, Castanheto, Antônio Barreira. O destaque fica para Eduardo de Sá, que foi um grande pintor e restaurador carioca. A tela produzida por ele, retrata o momento da morte do poeta Gonçalves Dias, no naufrágio.

“Gonçalves Dias após se tratar de uma tuberculose em Lisboa, não obteve sucesso em nenhum tratamento, teve o desejo de morrer em sua terra natal, com isso, o navio que o trazia naufragou em águas maranhenses na qual ele acabou sendo o único da tripulação a falecer, seu corpo jamais fora encontrado”, explicou Rosilene.

A obra de Eduardo retrata esse momento, existe um sabiá, que faz alusão ao seu poema mais famoso “Canção do Exilío”, também existem as diversas obras que foram perdidas durante o desastre, a figura do índio, um personagem que o poeta adorava representar em seus poemas, e na mão do índio existem poemas retratando que o autor pode falecer, mas suas obras vão ser lembradas eternamente.

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Outro destaque do grande acervo do palácio são as pinturas de 1972, encomendadas por José Sarney, feitas por Floriano Teixeira, um artista maranhense de renome nacional. Nos quadros estão retratadas três momentos históricos da fundação de São Luís: o primeiro retrata a chegada dos franceses na grande ilha de Upaon-Açu em 1612, mostrando os europeus no primeiro encontrando com os índios guajajaras; o segundo mostra a primeira missa em solo, datada em 8 de setembro o mesmo ano, data que é dada como a fundação de São Luís; e o terceiro apresenta a colocação da pedra fundamental para a construção do forte São Luís, com os mares mais revoltos, representando a chegada dos portugueses para a Guerra de Guaxenduba.

Outros objetos em destaque são: guarda-roupa de Dom Pedro II, um piano holandês com teclas de marfm e um armário feito em mogno no século XVII. Rosilene diz que todos os móveis e decorações apresentados durante a visitação não foram doados. “Toda porcelana, tapete, moldura, cadeiras antigas, espelhos de cristais e os vasos das mais diversas épocas ou foram comprados pelo Governo do Estado ou foram deixados pelos antigos governantes no palácio. Muitas pessoas acham que recebemos doações desses objetos, porém, o governo custeou todos”, conta.

No fnal da visita a monitora nos informa que existem projetos em original do jardim feita por Burle Max, porém, não há uma data certa. Para conhecer de perto essa grande obra da arquitetura e os inúmeros artefatos, as visitas ao Palácio dos Leões são gratuitas e são feitas de terça aos domingos, das 09h às 17h.

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A histรณria por trรกs do segundo teatro mais antigo do Brasil: o Teatro Arthur Azevedo.

Por: Rafaella Cardoso / Fotos: Eduardo Aguiar

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ão Luís possui diversos prédios históricos e a maioria se encontra tombado pelo IPHAN e dentre os inúmeros casarões de origem portuguesa, está o Teatro Arthur Azevedo.

O que poucos sabem é que o teatro foi fundado em 1817, com o nome de “Teatro da União”. Naquela época, vivia-se o pleno ciclo de algodão maranhense, na qual dois comerciantes portugueses, Eleutério Lopes da Silva Varela e Estevão Gonçalves Braga, sentiram a necessidade de buscar entretenimento de qualidade nas horas vagas, a exemplo do que assistiam em Lisboa, sua terra natal. Com isso, em 1815, com o desejo de construir uma estrutura semelhante às casas de ópera da Europa, os portugueses planejaram edificar o prédio com sua fachada principal voltada para a Rua da Paz, e a segunda fachada voltada para o Lago do Carmo.

Após divergências com a Igreja Católica, que afirmava que o teatro seria uma ameaça para os valores cristão, as obras foram adiadas para o ano seguinte pois precisariam procurar uma nova localidade. Um acordo foi feito com os padres carmelitas daquela Igreja e, após selarem uma aliança de paz, no final daquele mesmo ano, o Teatro da União começou a ser construído. Com sua fachada principal agora voltada para a Rua do Sol, centro da capital, o Teatro da União é muito criticado até hoje.

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Após divergências com a Igreja Católica, que afirmava que o teatro seria uma ameaça para os valores cristão, as obras foram adiadas para o ano seguinte pois precisariam procurar uma nova localidade. Um acordo foi feito com os padres carmelitas daquela Igreja e, após selarem uma aliança de paz, no final daquele mesmo ano, o Teatro da União começou a ser construído. Com sua fachada principal agora voltada para a Rua do Sol, centro da capital, o Teatro da União é muito criticado até hoje, pois sua estrutura ficou espremida entre outras construções, além de possuir difícil acesso para estacionamento de veículos. Mesmo com todos os pontos negativos, o teatro se expandia cada vez mais com o passar dos anos. Por ter sido lançado dois anos após a inclusão do Brasil ao Reino Unido de Portugal e Algarves, a casa ganhou esse nome. Entre galerias e plateia, o teatro possuía a capacidade de abrigar até 800 pessoas, que significava 5% da população da cidade, já que na época, São Luís era a quarta maior cidade do país.

Até chegar ao que conhecemos hoje, o Teatro da União também foi chamado de Teatro São Luiz, que em 1954 serviu de berço para uma das figuras mais significativas

da história da casa, Apolônia Pinto, filha da atriz portuguesa Rosa Adelaide Marchezy Pinto, que entrou em trabalho de parto nos bastidores de um dos seus espetáculos. No camarim no 1, nascia a grande estrela de um dos espetáculos mais aplaudidos daquela época, a peça “Cigana de Paris”. Naquele mesmo ano, acontecia o primeiro baile de mascaras de São Luís, evento de grande repercussão durante os anos seguintes.

Foto: Reprodução / CardCow

Antes de se tornar uma grande estrela, Apolônia Pinto, ainda menina, já se produzia no mesmo camarim em que nasceu. Começou a atuar quando ainda tinha apenas dois anos de idade, na mesma peça em que sua mãe atuava quando deu a luz à pequena estrela. Anos após conquistar sua independência, transformou-se numa das maiores empresárias de sua época, levou pioneiramente o teatro brasileiro à Europa, sendo ovacionada em Portugal e na França. Em 1897, trouxe da Europa um projetor de cinema Lumière, que instalou no Teatro Lucinda, exibindo películas francesas, portuguesas e espanholas, juntamente com seus espetáculos de teatro. Com tantos feitos, Apolônia tem seu nome reconhecido até hoje na história do teatro brasileiro. E, em sua homenagem, seus restos mortais foram enterrados camarim no 1, transformando o pequeno espaço num museu em sua memória.

Após a morte de Apolônia, a casa de espetáculos finalmente foi nomeada de Teatro Arthur Azevedo, nome advindo do jornalista e teatrólogo Arthur Nabantino Gonçalves de Azevedo, que na época foi uma grande influencia no mundo das artes, além de ter sido um grande ativista defensor da abolição da escravatura. Sua trajetória na arte se dava pois, aos oito anos, Arthur já demonstrava vocação para o teatro, brincando de adaptar textos de autores como Joaquim Manuel de Macedo. Pouco depois, passava a escrever, ele próprio, as peças que representava. Muito cedo começou a trabalhar no comércio e depois foi empregado na administração provincial, de onde foi demitido por ter publicado sátiras contra autoridades do governo. Ao mesmo tempo lançava as primeiras comédias nos teatros. Arthur não resistia à atração teatral. Sempre que havia companhia lírica, o rapaz fugia do seu antigo trabalho para o Teatro sem ser notado pelo patrão que dormia.

Uma noite, porém, foi preso por ter mandado distribuir folhetos que falavam mal do presidente da Província. Resultado: o patrão chamou o pai de Arthur e dispensou o rapaz do emprego por motivo duplo. Enviado ao Rio de Janeiro, onde após alguns meses, conseguiu uma peque- Foto: Reprodução / Catraca Livre na colocação, continuava a escrever peças teatrais, contos, novelas e poesias. Sua campanha contra o suicídio atestava seu amor à vida e explicava porque só chegou a escrever três dramas: O Liberato (1881), O Anjo da Vingança (1882) e O Escravocrata (1884), todos criados em nome da solidariedade humana que atestou durante sua vida ajudando artistas da época, envelhecidos, que não tinham a quem recorrer e alimentando os filhos, enteados e órfãos dos mesmos. Sua grande contribuição social e artística fez com que Arthur se tornasse essa figura de grande reconhecimento que é até hoje, mesmo depois de sua morte, em 1908.

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Em homenagem ao grandioso Arthur, até hoje a casa de espetáculos leva o seu nome. Sendo reconhecido pelo mundo todo por sua referência tanto na estrutura quanto na história, hoje é considerada a segunda casa teatral mais antiga do Brasil, e também é um dos 16 teatros monumentos mais valiosos do país.

O espetáculo mais vendido foi a peça “Catirina”, que foi transformada em uma ópera popular, onde buscava levar aos palcos diversos ritmos de bumba-meu-boi. Lucrativa e com grande repercussão, a peça gerou cerca de 250 apresentações na casa, além de ter recebido grande reconhecimento nacional.

Rico de detalhes em sua estrutura neoclassicista e barroca, a casa de espetáculos passou recentemente por uma reforma em sua estrutura, buscando acolher mais visitantes, com mais segurança e conforto, já que o espaço também é aberto para visitações durante os dias em que não há espetáculos, e teve seu limite de público reduzido para 765 em decorrência dos anos em atividade.

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A arte que emerge nos resenha muros da cidade

Texto: Igor Linhares

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grafite não se trata de uma arte contemporânea, mas se remete à Roma Antiga, onde muros traziam mensagens desde grandes feitos políticos até os desvios conjugais do Imperador Júlio César.

O grafite moderno, como é concebido atualmente, nasceu nos muros de Nova York, na década de 1970, juntamente com a cultura do hip hop.

Artistas de rua competiam entre si, assinando os trens do metrô, na disputa de quem seria mais visto pelas pessoas nas grandes cidades.

Na modernidade, pouca coisa mudou. Mais do que uma gênese de cores, o grafite é, na verdade, um símbolo de expressão de uma parcela da sociedade, ainda que de modo mais

O grafite não se trata de uma arte contemporânea, mas se remete à Roma Antiga, onde muros traziam mensagens desde grandes feitos políticos até os desvios conjugais do Imperador Júlio César. O grafite moderno, como é concebido atualmente, nasceu nos muros de Nova York, na década de 1970, juntamente com a cultura do hip hop. Artistas de rua competiam entre si, assinando os trens do metrô, na disputa de quem seria mais visto pelas pessoas nas grandes cidades.

Na modernidade, pouca coisa mudou. Mais do que uma gênese de cores, o grafite é, na ver-

A arte do grafite é igualitária, democrática, estética, ímpar. Como espaço de resistência, é boa já que integra os cidadãos que podem estar em vulnerabilidade social, traz reflexões, valoriza o espaço urbano, além de uma arte democrática sem barreiras e aberta para todos.

As pinturas possuem qualidade artística, cores vivas que chamam atenção, contornos definidos, dão destaque a artistas urbanos que pouco têm oportunidades para apresentar sua arte. Dessa forma, o grafite é legal, tanto do ponto de vista da lei, quanto no sentido de suas características.

Aquilo que é agradável para olhos e que têm inclinação para seduzir

Foto: Reprodução / internet

as pessoas, levando-as para um espaço harmonioso, não merece repressão de qualquer natureza. Arte e proibição não podem caminhar juntas. No lugar de um muro sem cor, desgastado pelo tempo, sem qualquer valor de atração, é válido estar

de atração, é válido estar diante de um trabalho de grafite com imagens inconfundív de atração, é válido estar diante de um trabalho de grafite com imagens inconfundíveis. Eleva o espírito e conduz para um estado de graça. Ao grafite é necessário

é necessário todo o reconhecimento da arte e dos artistas que dão vida de cores e grito dos excluídos pelo país afora. Às pichações, apenas o nosso repúdio, principalmente quando se aproxima o período de propaganda eleitoral.

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Fotos: Eduardo Aguiar

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Texto por Priscille Damous

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cultura lgbtq+ vem ganhando cada vez mais espaço e notoriedade na capital maranhense.

Butatan, Only Fuego e Frimes são referências dentro do mercado ludovicense.

Através da música, os três vem conquistando cada vez mais o público e se expandindo pelo Brasil.

Lançado em 2017, o single B.O.Y, de Butatan e o DJ Only Fuego possui mais de 220 mil visualizações no YouTube, já o single Fadinha de Frimes lançado no dia contra a lgbtfobia possui mais de 230 mil visualizações.

Como inspirações no cenário atual LGBTQ+, a LUDO os procurou para falar sobre atualidade, indústria musical e dificuldades que encontram constantemente em suas carreiras.

Butantan & Only Fuego LUDO: Qual são as maiores influências neste mundo que vocês têm para vida?

ONLY FUEGO: Em comum são as coisas mais baseadas na nossa infância e adolescência, tipo Rouge, RBD. Além disso, tem aquelas referências do ano 2000: Britney, Beyonce, Cristina Aguileira, essas cantoras que possuem músicas bem nostálgicas.

LUDO: Atualmente o cenário musical maranhense tem campos e diversos ramos.

Como transformista, o que você acha que está ganhando espaço no mercado tanto musical quanto cultural maranhense e o que espera daqui para o futuro?

BUTATAN: Quando comecei eu não pensava que ia ter a visibilidade que tenho hoje, de certa forma tem muita gente grande e influente de outros estados que estão de olho na gente, seguem o que a gente faz, estão sempre atentas e isso significa que o mercado está crescendo. Assim como o Lucas disse na estreia de “Fadinha”, não estamos focando só no regional, estamos mostrando para o mundo, queremos conquistar o mundo, é do Maranhão para o mundo e graças a Deus, ou qualquer outra força

LUDO: E vocês estão gravando EP, vão lançar música nova em junho, qual as expectativas para o futuro, pretendem ter colaborações, parcerias, lançamento de algo novo?

BUTATAN: Esses últimos meses a gente tem trabalhado bastante em planejar direitinho tudo que a gente quer fazer, estamos no estúdio toda semana, quase todo dia. Tentando finalizar as músicas, decidir as melhores datas e tirar foto, ou seja, tentando fazer tudo que engloba o trabalho, porque se fosse só fazer e lançar seria fácil demais.

ONLY FUEGO: Eu tava nessa de lançar sem planejamento algum, porque ficamos ansiosas pra ver os resultados.

Já faz um tempinho que estamos gravando e eu preciso me controlar porque penso “nossa eu gostei tanto dessa musica, vamo lançar logo”, mas logo penso, “não Fuega, vamos planejar vamos fazer tudo direitinho, porque tem a divulgação que é super importante”.

BUTANTAN: E depois de 6 meses que lançamos o videoclipe de “Boy”, estamos prontos para lançar material novo no período do nosso aniversario – junho -, uma semana de diferença, a gente pretende lançar nessa época, tudo mais especial ainda.

LUDO: Entrando na criação de clipe, também?

BUTANTAN: Sim, estamos tentando terminar, porque essa é uma parte totalmente diferente, até porque escolher uma música dá trabalho ONLY FUEGO: O fato que estamos tentando trabalhar é esse, de gravar o material todo e escolher as músicas de trabalho .

LUDO: Já tem nome do próximo single?

ONLY FUEGO: Ainda não, estamos terminando de gravar o material.

BUTANTAN: Temos várias músicas, mas não uma de trabalho decisivo, o carro-chefe ainda não.

LUDO: Aproveitando que estamos aqui no lançamento de fadinha, quando é que vai sair uma colaboração de vocês com a Frimes?

FUEGA: Ahh, estamos trabalhando juntas, a 85

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Butatan e Only Fuego / Foto: Divulgação

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Além do que havia dito, ser artista independente é muito complicado e viver de arte em um país que encara a arte como hobbie é ainda mais difícil. Acredito que nos falta empatia, maior acolhimento.

LUDO: Quais são suas maiores inspirações como artista?

Frimes: Tudo me inspira: uma cor, um sorriso, um contatinho, uma situação. Uso tudo ao meu favor. Sempre tentando transformar sombra em luz e luz em arte. Mas acho que o amor será sempre minha maior inspiração. E claro, pra gente ir mais longe nós precisamos subir em ombros de gigantes, me inspiro muito nos meus ídolos também.

FRIMES LUDO: Quando e como você decidiu que queria seguir profissionalmente no ramo musical como drag queen?

FRIMES: Eu comecei na música antes mesmo de começar a ser dragqueen! Eu aprendi a produzir música eletrônica em 2012, e fazia algo bem experimental e alternativo. Com o tempo fui desenvolvendo uma estética e tive um primeiro projeto de música chamado “Pornografairy”. Mas foi só em 2017 que comecei o projeto de música como FRIMES. Nesse momento já sabia que não tinha mais como separar as artes que eu estava fazendo minha vida toda: teatro, dança, música e drag. É como se eu estivesse me preparando.

LUDO: Quais foram as maiores dificuldades encontradas durante sua carreira?

FRIMES: As maiores dificuldades sempre foi adentrar a mídia e conseguir algum tipo de apoio. Ser artista independente é muito complicado. Desde o material necessário, que de fato não chega a ser um problema porque isso aguça mais a minha criatividade, de como posso improvisar. As pessoas ainda estão relutantes com o novo. Até porque a Frimes não é exatamente o tipo de drag queen que a mídia tem mostrado atualmente.

LUDO: Na sua opinião, o que ainda falta superar nesse meio artístico?

FRIMES: O meio artístico as vezes consegue ser bem tóxico. As pessoas conseguem ser bem cruéis sem conhecer absolutamente nada da sua história. Além do que havia dito, ser artista independente é muito complicado e viver de arte em um país que encara a arte como hobbie é ainda mais difícil. Acredito que nos falta empatia, maior acolhimento.

LUDO: Quais são suas maiores inspirações como artista?

FRIMES: Tudo me inspira: uma cor, um sorriso, um contatinho, uma situação. Uso tudo ao meu favor. Sempre tentando transformar sombra em luz e luz em arte. Mas acho que o amor será sempre minha maior inspiração. E claro, pra gente ir mais longe nós precisamos subir em ombros de gigantes, me inspiro muito nos meus ídolos também.

LUDO: Como influência nesse meio, qual conselho você daria para quem quer seguir nesse ramo?

FRIMES: Durma muito bem, beba bastante água, alimente seu corpo e sua alma. Tenha paciência e nunca acredite 100% nas pessoas. Não se deixe influenciar pelos comentários negativos e nunca deixe subir a cabeça os comentários positivos. Treine sua arte, aperfeiçoe ela, mas não para causar sucesso porque isso é consequência, mas porque somos seres que estamos a todo momento evoluindo e isso reflete no que produzimos.

LUDO: O clipe foi lançado no dia contra a homofobia, porém o youtube removeu o clipe horas após seu lançamento e isso já aconteceu com outras artistas como Lia Clark por exemplo. Segunda (21), você lançou novamente o clipe, intitulado como 2.0 onde vemos que teve que censurar algumas partes do clipe original.

Trazendo à tona o questionamento “Até quando?”. Qual a sua opinião sobre isso?

FRIMES: Foi muito estressante ter tido que lidar com isso tudo. A primeiro momento deixei a situação me afetar de forma negativa, chorei e me perguntei “porque”, e então o universo me mostrou o real motivo de tudo ter acontecido. Ainda estamos engatinhando em muitas questões no nosso país, as coisas tem evoluí87

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e regredido na mesma velocidade. É muito ridículo uma plataforma tão grande e tão diversa ainda estar presa a diretrizes tão preconceituosas. O vídeo clipe acabou se tornando outra coisa, ganhou um teor político e crítico.

E pode até mostrar mais minha visão como artista sobre o mundo. E esse “até quando” só vai existir enquanto nos calarmos diante dessas situações, não confrontarmos, algo que felizmente não aconteceu! Fizemos barulho sim e fomos notados por grande artista da mídia que apoiaram e deram força ao nosso trabalho.

Foto: Divulgação

“A arte nos muda e nós m u d a m os o mundo” - FRIMES “A arte nos muda e nós mudamos o mundo”.

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Fotos: Eduardo Aguiar

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A marca que carrega as cores, dancas e ritmos de São Luís.

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essência de toda a cadeia produtiva do empreendedorismo criativo está nas ideias, foi pensando nisso que a designer de moda, Tamara Marques, uma das participantes do documentário “mulheres que transformam a ilha”, criou a ‘Cadê Beltrano?’. A marca tem como slogan “cada beltrano carrega sua história” e surgiu da cultura popular ludovicense.

De acordo com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), a economia criativa é o conjunto de negócios baseados no capital intelectual, cultural e na criatividade que gera valor econômico. A marca ‘Cadê Beltrano?’ ainda vai além, agindo no social e colocando as pessoas em primeiro lugar, diz a criadora.

O projeto exigiu um trabalho intenso e foi erguido com capital semente. Mas um dos desejos da empreendedora sempre foi trabalhar o social.

“A ‘Cadê Beltrano?’, não tem o objetivo de trabalhar por trabalhar, ela trabalha para transformar”, declara Tamara.

Tamara é natural de Brasília e mudou-se para São Luís há dez anos por causa dos pais maranhenses.

Dois anos depois, os pais retornaram para a capital do Brasil e por amor ao Maranhão, ela decidiu permanecer na Ilha do Amor.

Foi funcionária da Secretaria de Cultura durante um ano e começou a cursar Moda na Universidade Ceuma, na qual, teve como tema de conclusão de curso, o bordado do Bumba Meu Boi da Floresta. “Eu descobri que eles possuem uma identidade própria, os desenhistas e os bordadores são da comunidade. Eles fazem muitas flores, animais e as cores são vivas”, explica.

Trabalhar com a comunidade do bairro da Liberdade foi a proposta inicial de Tamara Marques e Fernanda Monteiro (ex-sócia da marca). Elas foram capacitadas na parte administrativa, financeira, de gestão e marketing pelo projeto Agir Criativo, desenvolvido pela Fundação Vale que tinha como proposta incluir a ‘Cadê Beltrano?’. No entanto, o “Bordando na Floresta” acabou ficando para um plano futuro.

Fotos: Eduardo Aguiar

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Fotos: Eduardo Aguiar

Fotos: Eduardo Aguiar

Ateliê composto de diversos itens culturais da ilha, feitos manualmente, como o cazumbá e o chapéu do ‘Boi da Floresta’.

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indo uma relação de união.

Tamara ainda une a ‘Cadê Beltrano?’ com um outro talento: o de contar histórias. Sua personagem Chicorina Catirico, nome motivado pelos personagens do bumba-meu-boi, Catirina e Pai Francisco, narra histórias do livro “CriaçõesMitos Tenetehara”, do autor maranhense, Wilson Marques. A ideia é instigar pessoas de diferentes faixas etárias a fazer bolsas com as estampas da marca.

Mulheres que Transformam a Ilha é um documentário maranhense a partir de histórias reais, que busca refletir sobre o papel do empreendedorismo social e da mulher.

Produção: Su Casa, Mi Causa Realização: Sobre o Tatame, Arroz de Cuxá Direção: Monique Moraes Disponível no YouTube.

O IMPACTO SOCIAL Foi no bairro Anjo da Guarda que a marca fez a diferença. O primeiro contato contou com a presença de 12 mulheres, sendo elas costureiras da comunidade. Através de uma parceria, foi iniciado o processo do projeto “Agir Criativo”. “A vontade delas era começar, já que mesmo com cursos de costura, modelagem e pintura, elas não tinham oportunidade”, explica a empreendedora.

Ana, Elza e Vânia, foram as três que estão até hoje e resolveram encarar o processo de fazer as bolsas totalmente artesanais e criativas. “A Cadê Beltrano é o nosso grito de Liberdade que nos mostrou várias possibilidades”, contam.

Para a empreendedora, o que faz a marca são as situações e a dinâmica que trabalham. As mulheres envolvidas foram impactadas de maneira positiva, incrementaram sua renda e vivem um ‘empreendedorismo conversado’, sentem o quanto suas vidas foram modificadas e pensam em outras pessoas da comunidade. Segundo a gestora da marca, quando a demanda de costura é grande, elas chamam outras mulheres da própria comunidade para ajudar no trabalho, constru-

INSPIRAÇÃO Hoje na ‘Cadê Beltrano?’, Tamara Marques, está sozinha na gestão, foi ela quem teve a ideia e convidou mais três sócios.

Mas ao longo do tempo permaneceu sozinha na idealização do seu projeto.

Tamara também faz parte da equipe de profissionais do Curso Técnico Produção de Moda, onde é professora de Laboratório Criativo e busca despertar habilidades inibidas nos seus alunos.

Unir o empreendedorismo feminino, social e a criatividade, foi o que a brasiliense com o coração ludovicense conseguiu.

“Eu estou no lugar que eu sempre quis sem saber”, afirma.

Mesmo que seu maior desafio psicológico seja administrar tantas mulheres enquanto se administrar como mulher, ela segue servindo de inspiração para muitas mulheres que necessitam de um incentivo para empreender. Dessa forma, resolveu dar palestras e em 2017, participou do documentário “Mulheres que transformam a Ilha”.

NOVO LOCAL O ateliê da marca que era localizada na rua do Alecrim, agora se encontra no Espaço Colaborativo GALPÃO SÃO LUÍS que integra o acervo patrimonial e arquitetônico do Centro Histórico. O galpão se localiza na Rua do Giz, 167, na Praia Grande.

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O projeto independente que se tornou referência na cidade.

Por: Nicolly Vaz Fotos: Eduardo Aguiar

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uem já foi no centro histórico em uma segunda-feira à noite, mais precisamente na praça Nauro Machado, com certeza já notou esse grupo que nunca deixa de transmitir energia positiva por onde passa. Eles estão sempre treinando e compartilhando práticas da arte circense, ensinando para qualquer pessoa que tenha interesse.

O grupo nasceu no dia 22 de julho de 2013 e de lá para cá tem alcançado muito mais espaço do que os integrantes inicialmente imaginavam. “Começou como desdobramento de outro projeto, que era em uma escola de arte onde eu me juntei com alguns professores pra criar um projeto social dentro da escola, que pudesse oferecer oportunidade para jovens de baixa renda”, explica Donny dos Santos, coordenador do projeto.

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A ideia é justamente esta. não é para ser uma oficina formal, você vem fazer o que você quiser.

Com o fechamento da escola de arte, a primeira ideia não foi para frente, mas Donny decidiu continuar com a parte de circo. Hoje o projeto consegue se manter de forma totalmente independente, sem nenhum patrocínio privado ou ajuda do poder público, realizando trabalhos institucionais ou particulares como aniversários, casamentos, ou mesmo em eventos do calendário cultural da cidade: as mostras de arte, teatro, dança.

Quanto aos integrantes, muitos já fazem parte do trabalho profissionalmente, usam a camisa padronizada do projeto, participam de atividades como as ações sociais e apresentações. Além de prestarem serviços na área, eles já conseguem fazer renda a partir do que aprenderam com O Circo Tá na Rua. Isto sem contar com os colaboradores indiretos, aqueles que estão presentes toda segunda-feira e as pessoas que participam a qualquer momento.

“E a ideia é justamente essa, não é para ser uma oficina formal, você vem fazer o que você quiser. O treino de circo é mais uma oportunidade de entretenimento, de lazer que a gente tá colocando na praça para comunidade”, complementa o coordenador, que já tem o circo como uma paixão de vários anos.

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A mesma paixão que fez com que Andressa Passos participasse do grupo. Ela conta que a maioria dos integrantes são jovens e estudantes das mais diversas áreas da UFMA. “Já estou há quatro anos no circo. Como faço teatro na UFMA e uma amiga minha era do circo, ela me convidava. Eu sempre me interessei em projetos assim, O Circo Tá na Rua é um dos poucos lugares que trabalham a arte circense em São Luís”, conta a estudante.

Já com a estudante Alicia Lamenha, o envolvimento com o circo aconteceu de forma muito surpreendente. Ela já está há 3 anos no grupo e vê a experiencia como uma forma de crescimento pessoal.

“Durante o ensino médio eu participei de uma gincana na escola e queria apresentar uma coisa diferente, uma dança puxada para a arte circense. Então me falaram sobre esse circo, comecei a frequentar toda segunda e não parei mais. Para mim, O Circo Tá na Rua é muito importante em todos os aspectos, eu aprendi muito, tive outra visão de mundo.

Quando comecei a frequentar, comecei a me sentir mais livre e mais feliz”, conta.

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Quando comecei a frequentar, comecei a me sentir mais livre e mais feliz

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FLORESTA

O projeto social desenvolvido pelo Boi da Floresta no bairro da Liberdade ajuda milhares de jovens.

Por: Maria Luiza Oliveira / Fotos: Eduardo Aguiar

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A CRIATIVA A

sede do Boi da Floresta é localizada no bairro da Liberdade que esse ano completa 100 anos de fundação. O local é uma referência cultural e tradicional em São Luís e foi onde viveu dois grandes mestres da cultura popular: Mestre Leonardo, fundador do Boi da Liberdade e o Mestre Apolônio, fundador do Boi da Floresta.

O “Floresta Criativa” é um projeto reconhecido pelo Ministério da Cultura, criado pelo Boi da Floresta em 2007, com a função de desenvolver trabalhos sociais voltados para a comunidade.

A iniciativa funciona no próprio barracão do boi, que foi reconhecido pelo IBRAM (Instituto Brasileiro de Museus) por realizar atividades de preservação da memória do grupo. Onde são oferecidas oficinas de confecção de caretas dos personagens, bordado com miçangas e canutilhos em peças de veludo usadas no bumba meu boi tradicional, produção de indumentárias, além de oferecer um centro de informática e acervo de livros culturais, para apoiar as pesquisas dos moradores da comunidade.

Nadir Olga Cruz, coordenadora do Boi da Floresta e viúva de Apolônio, está há 38 anos no grupo e se refere a cultura popular como uma alternativa de mudança de vida. “Dentro desse mundo da cultura popular nós podemos iniciar várias vertentes de trabalho, tanto na geração de renda, quanto para trabalhar a autoestima e utilizar o aprendizado para o resto da vida”, relata a idealizadora do projeto.

O principal motivo para a criação do “Floresta Criativa” foi a visão de futuro de Apolônio. “Aos 90 anos ele viu que o bumba-meu-boi estava composto de pessoas de bastante idade. Então, ele pensou que o boi daqui um tempo poderia acabar, pois onde não tem crianças e jovens não tem continuidade. Ele chamou eu e outras pessoas e pediu que a gente fizesse uma revolução”, relata a viúva do Mestre.

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O grupo ajuda seus colaboradores financeiramente diante das dificuldades e destina o dinheiro em caixa para bolsas de estudos e fardamentos, além de parcerias para promover o reconhecimento de suas produções. Em 2014, a estilista Lizziane Aire participou da edição do Dragon Fashion, em Fortaleza, com as primeiras peças bordadas pela equipe do Boi da Floresta.

Entre os jovens que participam da equipe do Bumba meu boi, destaca-se Rodrigo de 19 anos, sobrinho-neto do mestre Apolônio, que está no grupo desde criança. “Eu sempre tive muita curiosidade em aprender a bordar e depois que aprendi, bordo minhas roupas e ajudo a bordar as das outras pessoas, ainda sou cacique no boi”, exclama o brincante.

Já Neto, de 18 anos, começou a fazer parte do projeto do bumba-meu -boi através de um anúncio. “Graças ao projeto, fiz o curso de informática que hoje em dia é necessário no mercado de trabalho, aprendi percussão e virei brincante”, relata.

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Neto chegou a tocar em um grupo de jazz, hoje se considera um percursionista e toca às vezes nas festividades do bumba-meu-boi.

Apaixonado pela dança no grupo, começou sendo Cazumbá e atualmente é Cacique (ambos são personagens presentes no sotaque “da baixada”).

No período que antecede o São João, as produções das indumentárias dos brincantes acontecem a todo vapor no barracão, a equipe borda animada e cheia de expectativa. Josenilson, conhecido como “Biúdo” vive essa experiência há mais de 10 anos. “O que eu mais gostei daqui do Boi da Floresta foi a receptividade e a união”, completa.

Para Nadir, os projetos desenvolvidos pelo Boi da Floresta na comunidade funcionam como os braços e as pernas dentro da periferia.

“A maior gratificação de incentivar a cultura aos jovens está em agir como alternativa para que eles não escolham o caminho das drogas.

Os jovens que participam do projeto estão crescendo e melhorando a cada dia. Estão aprendendo a ser um cidadão bom para a sociedade. O bumba meu boi age como agente social positivo para as pessoas do bairro da Liberdade”, finaliza.

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OS JOVENS QUE PARTICIPAM DO PROJETO ESTÃO CRESCENDO E MELHORANDO A CADA DIA

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O grande poder do

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Em entrevista cedida a Revista Ludo, a digital influencer Thaynara OG conta um pouco sobre sua trajetรณria de sucesso.

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Foto: RIOC2

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Foto: Reprodução / O Dia Com Estilo

os 26 anos, Thaynara OG é reconhecida como o fenômeno do Snapchat, além de carregar consigo o título da primeira brasileira popular na plataforma estadunidense. Tornou-se famosa através de vídeos descontraídos e dessa forma atraiu pessoas de todo o Brasil. Formada em direito pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA), afirma nunca ter imaginado que sua vida fosse dar um giro de 360 graus. “A Thaynara antes de tudo isso era bem mais tímida, nunca imaginava ter uma vida de outro jeito, sempre tive planos de seguir a mesma carreira da minha família que era o direito. Sempre me dediquei muito para conseguir isso, então a vida me proporcionou essa surpresa, hoje em dia eu me sinto mais feliz e realizada com o que faço”, conta.

Começando inicialmente no Snapchat na época de “concurseira guerreira”, tornou-se conhecida nacionalmente nos anos de 2015 e 2016. Thaynara dedicava-se apenas em passar no concurso da Defensoria Pública da União e teve a rotina mudada a medida que o sucesso foi aumentando. No decorrer dos anos, ela migrou para outras plataformas levando consigo o sotaque e os costumes maranhenses pouco conhecidos, a gíria “kiu” tornou-se a marca registrada da digital influencer.

‘demorou a cair a ficha’

Thaynara diz que no início demorou a cair a ficha, principalmente por não morar em um lugar tão conhecido e não possuir uma preparação necessária para gravar vídeos. Ela lembra que os primeiros seguidores de outros estados que começaram a interagir foram importantes para que ela percebesse o poder que possuía na internet. “Quando os primeiros famosos foram descobrindo e divulgando eu também fiquei muito surpresa, não caía a ficha por se tratar de pessoas que eu sou fã, admiro o trabalho e cresci os acompanhando, é espantoso saber que em algum momento alguém reconhece aquilo que você faz. Tudo demora muito cair a ficha, sabe? Foi uma grande surpresa e graças a isso hoje eu tenho a real noção do quão forte é a internet e que o alcance é gigante, atinge o mundo inteiro” comenta Thaynara.

A advogada maranhense não ficou restrita apenas na internet, ela conseguiu levar sua fama adiante e atualmente participa de programas de televisão, é muito requisitada em eventos além de ser amiga de vários famosos. De acordo com ela, a internet é muito dinâmica e é necessário estar se reinventando sempre. “Com a experiência que já tenho na internet, sei que preciso estar presente em todas as plataformas, então já fui para o YouTube, Twitter, Facebook, Instagram e na TV também. Muita gente da internet tem receio de participar de programas de televisão porque acham que vai engessar e que na internet tem mais liberdade, mas eu sou muito satisfeita com os conteúdos que faço no cash para a GNT e para o programa Daqui que passa na Globo do Maranhão, o jeito que me comunico com os seguidores é o mesmo que apresento os programas”.

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Foto: Divulgação

São João da Thay

Além de produzir conteúdos divertidos, Thaynara e sua equipe deram início ao projeto “São João da Thay” no ano de 2017. O evento acontece uma vez por ano e é considerado diferenciado por ter muitas pessoas de outros estados que ainda não conhecem o bumba-meu-boi, tambor de crioula, cacuriá, entre outras danças típicas do São João do Maranhão.

De acordo com a digital influencer, o São João da Thay possui vários objetivos, um deles é enaltecer a cultura maranhense e levar isso ao conhecimento de quem não conhece. O segundo objetivo é que a cada ano o dinheiro recebido no evento serve para prestigiar alguma instituição maranhense que precisa de ajuda. “Acho que todo maranhense fica muito triste quando vê na TV notícias do Maranhão sempre relacionadas a tragédia, pobreza e eu acho que como sou maranhense e tenho esse alcance na internet, tenho como dever enaltecer o que há de melhor no meu estado. Ainda mais em um período que todo maranhense é apaixonado, que é o São João. O São João da Thay é uma festa linda que mostra tudo que o Maranhão tem de melhor e ao mesmo tempo ajuda alguma instituição que ajuda tantos maranhenses, no ano passado nós ajudamos a Fundação Antônio Bruno e nesse ano vamos ajudar a APAE daqui de São Luís que precisa dessa força para começar com o projeto de ampliação da escolinha. Felizmente é um projeto que tem dado muito certo e que se tornou minha grande paixão durante a minha trajetória, sou apaixonada pelo que o São João faz e no que o evento é capaz de proporcionar para as pessoas”, ressalta.

Thaynara explica que a vontade de enaltecer o Maranhão não foi algo que despertou quando começou a fazer sucesso na internet , e sim, por fazer parte da personalidade dela.

Depois que surgiu como símbolo maranhense para o resto do Brasil, a expansão da cultura foi notável, sempre que falam do Maranhão, a imagem da advogada é associada. “Hoje é muito difícil um seguidor não saber que eu sou do Maranhão, isso pra mim é muito gratificante. Por exemplo, há pouco tempo as pessoas foram ao cinema assistir Guerra Infinita que teve uma cena que foi gravada nos lençóis maranhenses, muita gente interagiu comigo pra comentar sobre isso. É o feedback que eu mais gosto de receber quando eu vejo que a pessoa foi influenciada a conhecer o lugar que eu moro e que eu amo”.

Ela conta que em todas as viagens, faz questão de contar sobre a cidade natal e que os famosos sempre inserem o Maranhão nas conversas. Sempre que pode, a digital influencer se disponibiliza para levar os seguidores e amigos de outros estados para conhecer o centro histórico de São Luís e contar um pouco da história ludovicense.

Thaynara chama atenção a desvalorização da cultura pelo próprio maranhense. “O nosso estado é um lugar tão rico, eu acho um absurdo o bumba-meu-boi não ser estudado nas escolas de ensino fundamental. Por isso eu tendo esse alcance na internet, faço o possível para divulgar o projeto do São João porque é o nosso período de expressão cultural mais forte e que todo maranhense se orgulha muito. Eu acho muito triste saber que muitos brasileiros não conhecem nossa cultura, nosso Maranhão e não sabem o que a gente tem de bom, por isso eu sempre tenho essa missão comigo independente de ter esse destaque na internet ou não, acho que todo mundo tem que divulgar seu estado e de uma forma positiva”, finaliza.

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IMPACTO SOCIAL

Éguas!

Empreendendo e resgatando as memórias da cultura ludovicense através de bonecos de papel.

Por: Maria Luiza

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empresa “Éguas! Paper toy” fica localizada no bairro Cohama em São Luís. Desde 2013 é gerida pelos empreendedores João Manoel Santos, formado em Design e Arquitetura e Urbanismo, e sua esposa Roouse de Jesus, formada em Administração. Fascinados pela arte e pela cultura maranhense, criaram o projeto “Diz a Lenda-Educação e Cultura nas Escolas” com o objetivo de transformar as lendas em bonecos criativos.

A coleção de “paper toys”, conhecidos como brinquedos de papel, é a personificação em miniaturas 3D de personagens das lendas maranhenses; composto por seis histórias populares em todo o estado: Pai Francisco e Catirina, A Gangue da Bota Preta, A Serpente Encantada, O Rei Touro Dom Sebastião, A Manguda e a Carruagem de Ana Jansen.

rar impacto social.

O Guia do Empreendedor Criativo, desenvolvido pelo SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), destaca que o empreendedor cultural tem apresentado um desenvolvimento significativo na cadeia produtiva de todo o território nacional. Visto que, ele vem ganhando força como mobilizador de recursos econômicos e assumindo a dinâmica produtiva do campo da economia/administração e o campo da cultura.

Além da qualificação, Roouse Santos destaca como a cultura inspirou a produção dos paper toys. “Como maranhense, sempre vi elementos da nossa cultura em festas populares, nos prédios antigos do centro histórico, no bumba-meu-boi e nas histórias que ouvia dos meus pais.

Algumas davam até medo, porém a riqueza nas cores, fantasias e detalhes me encantavam”, explica a empreendedora.

As lendas são a representação de um conjunto de estórias narradas pelo povo e transmitidas de geração em geração, tornando viva a cultura que ali permeia.

De acordo com o fundador, João Manoel, o estopim para a criação do projeto foi uma capacitação do programa chamado “Agir Criativo”. O programa de iniciativa da Fundação Vale foi executado no ano de 2016 com o propósito de impulsionar empreendimentos culturais no Maranhão para geIMPACTO SOCIAL

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Carruagem da Ana Jansen (Foto: Divulgação)

O “Diz a Lenda” em sua primeira edição contemplou mais de 14 escolas, entre elas, a Escola de Cegos do Maranhão - ESCEMA e a Biblioteca Pública do Estado – Biblioteca Benedito Leite, com a realização de 28 oficinas de montagens e contos de histórias. Foram distribuídos gratuitamente, 6000 paper toys e 200 livros-braile de fonte ampliada, com o patrocínio do Governo do Estado do Maranhão e Cemar, por meio da Lei de Incentivo à Cultura Estadual.

João Manoel contou que além das parcerias, teve apoio da família e amigos para executar o projeto.

“Desde as pesquisas das lendas, desenvolvimento dos bonecos, busca de fornecedores e de patrocinadores, todos tiveram um papel essencial para o Diz a Lenda sair do papel, literalmente’’, relembra.

Foto: Arquivo pessoal

Já pensando na segunda edição, os empreendedores inscreveram o projeto no edital de patrocínio da Cemar novamente e estão buscando novos patrocínios para expandir o projeto para o interior do Maranhão. O objetivo principal é fazer com que os alunos desfrutem da cultura local e aprendam a confeccionar os brinquedos de papel.

Os alunos do curso de Design da Universidade Ceuma também foram privilegiados com a visita do designer João, para acompanhar a produção de paper toys com temas maranhenses. “A proposta deles é muito inteligente, pois os bonecos de papel atraem a atenção da maioria das pessoas por serem produtos que ao mesmo tempo são feitos de um material simples e que proporcionam um resultado interessante. As pessoas se divertem montando os personagens da nossa cultura e ainda aprendem de uma forma bem descontraída”, comenta o universitário, Gabriel Coutinho.

“Trabalhar com aquilo que se gosta dá enorme satisfação, é um privilégio de poucos hoje em dia.

Eu diria que seguir seu coração e persistir muito é a chave do sucesso. Mas não fique comparando com o sucesso dos outros, encontre o seu próprio sucesso”, aconselha João Manoel, para aqueles que desejam investir no ramo do empreendimento cultural.

Foto: Arquivo Pessoal 107

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