LiteraLivre Vl. 6 - nº 33 – Mai./Jun de 2022
Giulianno Liberalli Nova Iguaçu/RJ
Refetindo A Verdade Nobisvaldo
era
a
felicidade
em
pessoa.
Acabara
de
comprar
seu
apartamento e fez a mudança, saiu todo cheio de si da casa dos pais para morar sozinho. Não seria mais o “filhinho da mamãe” e ela também estava feliz pela conquista de independência dele. Enquanto mobiliava a casa se deu conta de que não tinha um espelho no quarto, foi até uma loja muito bonita que ficava no outro quarteirão que se chamava A MELHOR IMAGEM. Achou engraçado o nome do lugar, ao entrar se deparou com uma enorme variedade de espelhos, com vários tamanhos, formatos e molduras. Ficava até complicado escolher um, como seria para o seu quarto optou por um retangular, quase da sua altura e com detalhes bem trabalhados na madeira da moldura, um espetáculo. — Uma bela escolha, senhor. — disse-lhe o vendedor Aurelisberto. Pendurou o novo espelho na parede do quarto, entre a cama e o armário, perfeito para se admirar depois de se arrumar. Era noite de sábado, tomou um banho e se vestiu para encontrar a galera, parou diante do espelho para ver se estava tudo certo e, de repente, uma voz veio do espelho: — Rapaz! Que camisa é essa? Nobisvaldo levou um susto, não esperava um comentário vindo do seu espelho novo, estava acostumado com o da casa dos pais, mais velho e menos falante, só respondia se fosse questionado. — Minha camisa? O que tem ela? — Tudo, meu querido. Essa cor de salmão degradê, pelo amor do guarda, parece que está fugindo do Zé Colmeia.
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