1 minute read

Mônica Monnerat

Mônica Monnerat Santos/SP

Zé Cachaça (HAIBUN)

Advertisement

Zé Cachaça levava uma vidinha difícil naquela terrinha esquecida por Deus. Ia à missa aos domingos, e roubava as moedinhas na sacristia. Depois ia no boteco do Nhô Chicão e gastava os trocados com pinga, daquela bem ardida. À noite vagava sob a luz das estrelas com seu cão. Dormia na calçada de barro, coberto com a manta furada doada por dona Veva. Um dia, alguém lhe disse pra tentar a vida na cidade grande, pois teria mais oportunidades. Zé Cachaça partiu. Em São Paulo passava fome, não conseguia serviço... Dez anos depois, encontrou um conhecido da terrinha. Ele lhe contou que sua cidade estava muito bonita, moderna... E Zé Cachaça voltou. Estava de fato, muito bonita sua cidade... A igrejinha era agora um shopping center. O boteco virou uma Smart Fit da vida. E nas ruas asfaltadas, dezenas de carros... Zé Cachaça sentou no gramado da praça e chorou. — Diabo leve quem deixou bonita a minha terra!!!

Sobre o capim novo, o afago inesperado O seu velho cão...