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Edweine Loureiro

Edweine Loureiro Saitama, Japão

O futuro chegou! No outro dia, em Kameido, bairro de Tóquio, parei em uma loja de conveniência para comprar uma garrafa de água. Distraído como só um escritor pode ser, fui até o freezer, peguei a garrafa e dirigi-me ao caixa. Mas qual não foi minha surpresa quando, chegando ao local do pagamento, não vi ninguém! Nesse instante, olhando ao redor, gritei um “sumimasen” (algo como “desculpe, mas ninguém vai me atender?!”). A resposta, porém, não veio. E foi aí me dei conta: diante de mim, no caixa, havia uma máquina na qual o cliente poderia fazer o pagamento por sua conta e levar o produto. Ainda desconfiado, olhei mais uma vez para os quatro cantos da loja: até que finalmente entendendo o processo, efetuei o pagamento e saí correndo daquele lugar frio e medonho. Sim, acreditem: a experiência pode ser assustadora. Entrar em um local e ter de lidar apenas com uma máquina, sem nenhuma interação humana, parece um prenúncio do fim de nossa espécie ― algo do tipo “O Exterminador do Futuro”. Sei que muitos podem contra-argumentar: é melhor isso do que receber na cara as grosserias próprias de muitos atendentes de lojas. De fato, não vou discordar: tem essa vantagem. Mas mesmo esse aspecto torna-se preocupante; pois uma palavra amarga, pelo menos, ainda tem um quê de calor humano. Estou exagerando? As máquinas podem também ser amigas da humanidade? Claro que podem. E podem, inclusive, salvar nossas vidas. É o caso das cirurgias que hoje são uma realidade graças à ajuda da tecnologia robótica (li isso em algum lugar... teria sido num livro de Isaac Asimov?). De todos os modos, os robôs estão aí e já começam a dividir conosco várias tarefas. E o Japão,

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naturalmente, tem sido mais uma vez referência nesse campo. Há um mês, levei meu filho a uma dessas exposições realizadas por universidades de tecnologia locais. O pequeno obviamente ficou fascinado com os movimentos dos robôs. E eu também. Havia, por exemplo, um deles, gigantesco, creio que uns três ou quatro metros de altura, que levantava objetos pesados ― era este um robô programado para ajudar em construções e afins. Confesso que, enquanto observava tal gigante, fiquei imaginando se algo do tipo caísse em mãos erradas. Um perigo que, infelizmente, sempre há. Pois sim, para o bem ou para o mal, o fato é que a chamada inteligência artificial já domina as nossas vidas. Mas ainda é cedo para saber se vamos precisar da ajuda de Schwarzenegger. Por enquanto, no Japão, ainda há lojas de conveniência com sorrisos humanos ao balcão... Esperem. Aquela atendente japonesa não sorri jamais e, toda vez que um cliente vai pagar, ela repete automaticamente a mesma frase. O seu colega, ao lado, a mesma coisa. Seriam androides? Na dúvida, vou pagar logo e dar o fora daqui!...

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