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Clarice de Assis Rosa

Clarice de Assis Rosa Ituiutaba/MG

Não mais que sorrateiramentee

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Em teu olhar eu me perdi desde o instante em que, sorrateiramente, eu cedi. Abusado destino que zombou da minha força, e riu do meu desatino. Eu, que sempre fui senhora das minhas emoções, me perdi no descontrole de pensamentos invasores, não guiados pelas minhas razões Quando dei por mim, não consegui reassumir o manejo do meu barco. Optei por suprimir qualquer desejo inusitado, mas não saiu como esperado. Uma voz dizia: “Você não tem mais autonomia!” Enquanto outra respondia: “Ah, menina, não tente controlar seus passos. A vida é um laço, não a transforme em nó Não seja refém de si mesma, tenha leveza e se deixe levar com destreza. O passado não é relevante e nem deve influenciar o presente, que segue junto ao que você sente, não ao que você pensa”

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Entao eu sorri e compreendi, que não tenho o poder de dominação e que posso perder o controle por decisão. Mesmo q o destino caia em meio ao vão, preciso acreditar que o seu sorriso pode me levar ao delírio, mas não pode tirar o meu chão. Malicionamente, lembrei-me das palavras de Vinícius de Moraes: "E a coisa mais divina que há no mundo é viver cada segundo como nunca mais", Entendi que a intensidade não é um problema, vive-se uma eternidade em um minuto, a tristeza é ansiar que esse minuto não acabe, fazendo do momento um dilema. Entreguei minha bagagem ao vento e me animei. Os momentos que vivi, dentro da minha infinitude, transformaram-se na imensidão do paraíso que senti cada vez que você me tocava e sorria. Compreendi que o que eu sentia me deu asas, mas o que eu dizia me fez cair, Sorri, porque na vastidão que eu me encontrei, você não pôde me alcançar, tampouco compreender, mas eu alcei voos e hoje sigo plena, consciente de que vale a pena insistir na intensidade. Desde que ela nos guie para o aprendizado.

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Ninguém está fadado ao sofrimento, nem mesmo à felicidade. Mas o instante existe para que tornemos mágico tudo aquilo que tocamos. Seja com as mãos, ou com a alma. Deixei-me levar e assim as lembranças ruins foram se esvaindo. Veio a leveza de que não existe culpado, apenas a alegria de ser lançada ao inesperado, guiada pelo doce fado do seu abraço, que foi curto, mas que eu posso, sem compunção, transformar em memórias inacabadas, que serão felizes enquanto eu puder acreditar Não no poder do acontecimento, mas em memórias eternas, presentes em cada momento.

C.A.R