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Guilherme Hernandez Filho

Guilherme Hernandez Filho Santos/SP

Homofonia

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Tudo começou naquela manhã, que deveria ser um dia normal, não fosse pela chuva pesada que caía. Já era quase horário do almoço. Minha vontade era ficar em casa, não pôr a cara na rua. O telefone tocou para mim, ela queria saber se eu iria. Não quis dizer que não, mas também não pegaria bem se eu concordasse e não aparecesse. Acabei aceitando. Tive tempo de dar um cochilo, tomei um banho e troquei de roupa. Assim mesmo fui. Saí com folga. Estava marcado para as 19 h e preferi ir de condução. Como sempre tomaríamos algumas bebidas e com a lei seca não quero correr riscos. Estas reuniões de “happy hour” são prazerosas: encontramos os amigos, bebericamos, comemos alguns beliscos e jogamos conversa fora. Um gostoso passatempo. Melhor quando você já está no trabalho e faz hora para voltar, mas naquele dia eu não tinha ido trabalhar. Peguei um táxi até o metrô e segui em frente. Não conhecia aquele bar, segundo ela muito recomendado e com boa música. Estávamos com pouca sorte. O equipamento de som estava quebrado, mas já tinham chamado um técnico para consertar. O pessoal ia chegando e se arranjando em torno das mesas. Lá pelas tantas, com a falta do conjunto alguém perguntou: ─ E o homem do conserto, não vem? Aí recebi aquela pérola, partida da jovem mocinha do outro lado da mesa: ─ Ainda bem que não está funcionando, pois detesto música clássica.