LiteraLivre Vl. 4 - nº 23 – Set./Out. de 2020
Edweine Loureiro Saitama – Japão
Formas de Amar Jogou a mochila no sofá e, vendo-a na cozinha, correu para dar-lhe as boas novas. ― Mãe, mãe! Tirei um dez em… Mas Dona Júlia, ao celular, fez sinal para que Tiago se calasse. ― Só um minuto, Lucy! ― E para o filho: ― Tiago, estou ocupada agora! Está aí na mesa o lanche. Come e depois você me diz o que tem para dizer, filho! ― E retornando ao celular: ― Pois é, prima, se você pudesse me fazer esse favor… Tiago, no entanto, perdera o apetite. E, tomando apenas o suco de laranja servido com o sanduíche, subiu para o quarto, entristecido; enquanto Dona Júlia gritava-lhe da cozinha: ― E não vai comer o sanduíche que tive tanto trabalho para preparar? * Somente quando escutou a voz do pai na sala foi que Tiago animou-se a descer. Além do mais, tinha fome e já estava na hora do jantar. ― O Tiago chegou hoje emburrado! Nem quis comer o sanduíche que preparei com tanto carinho… ― escutou logo de dona Júlia, enquanto pedia a benção do pai para sentar-se à mesa. ― O que você tem, filho? Está doente? ― perguntou-lhe o doutor Pacheco, com aquela voz mansa que sempre acalmava a Tiago. Ao contrário da mãe, sempre tão rigorosa e fria ― e quem, no raras vezes, dava ao filho a impressão de não se lembrar sequer se este existia. Mas com o pai era diferente. Tiago sabia que neste, a qualquer hora, podia encontrar um amigo. De modo que não perdeu tempo para contar-lhe a novidade, a que a mãe se recusara a ouvir naquela tarde:
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