Jipe Ford VTE 24 VOLTS

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Utilitários Willys e a mecanização militar brasileira

Apresenta: Jipe Militar Brasileiro

VTE FORD 5224 1/4 TON 4X4 24 VOLTS

Pesquisa, Arte e Texto: ALISSON PAESE Colaboracao: ELVIS LUIS FRANCESCHINI PROF. JULIANO «JACARÉ»


jeepguerreiro.blogspot.com VTE FORD 5224 1/4 TON 4X4 24 VOLTS A derradeira e exclusiva versão do jipe CJ-5 brasileiro para as Forças Armadas

Indice Jipe Militar Brasileiro 1. PORQUÊ ELE É DIFERENTE 2. DETALHES

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3. A SIGLA QUE VIROU SINÔNIMO

14 5. PEÇAS DESTAQUE 15 6. FICHA TÉCNICA 16 4. INDO MAIS LONGE

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jeepguerreiro.blogspot.com 1. PORQUÊ ELE É DIFERENTE Mediante as especificações militares, a Ford do Brasil desenvolveu uma versão modificada do jipe militarizado já fornecido às Forças Armadas. Na verdade também estava de olho no mercado latino-americano de viaturas militares. Era a Viatura de Transporte Especializado (VTE) Ford 1/4 ton 4x4 24 Volts.

Além da fiação preparada, a a d o ç ã o d e u m a c h ave g e ra l distingue todo o sistema. Nos modelos iniciais 1980/81 uma chave seletora no interior do cofre do motor passou para uma instalada no painel, lado esquerdo, nos modelos 1982/83. Era um item adicional para evitar acidentes ou avarias no equipamento.

Com a mesma mecânica 4 cilindros dos demais, a parte elétrica entretanto, foi substancialmente modificada com a adoção de novo regulador de tensão e alternador 24 volts. A ignição (distribuidor com platinado), lâmpadas e faróis permaneceram 12 volts. Foi necessária ainda uma fiação compatível com a nova tensão e a adição de uma segunda bateria de 12V, formando um circuito ligado em série, obtendo assim, 24 volts. Esta bateria requereu um local especialmente adaptado, no canto esquerdo da parede corta-fogo. Para isso, uma dobra (saliência) teve de ser feita no para-lama esquerdo, a fim de encaixá-la. Curiosamente essa característica do para-lama permaneceu nos demais modelos tanto civis como militarizados dessa época. Provavelmente por questões de custo de produção.

Para maior segurança, por exemplo, era recomendado aos operadores que quando a antena não estivesse instalada na viatura não fosse ligado o equipamento de rádio-comunicação. Outra instrução dada nos cursos de Comunicações Militares era de não tocar na antena quando o rádio estivesse em operação, a fim de evitar descarga elétrica.

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jeepguerreiro.blogspot.com Para melhor monitorar o sistema, um novo painel de instrumentos adicional foi adotado no lado esquerdo, agrupado em uma placa parafusada, por isso facilmente desmontável, ao estilo série M americana. Contendo 04 marcadores : amperímetro, voltímetro, temperatura do motor e marcador do nível de combustível, também agrupa as luzes-piloto indicadoras de pressão do óleo abaixo do ideal e farol alto/baixo.

Esse conjunto de marcadores é um dos destaques dessa versão militarizada e um dos diferenciais. Mas outros recursos foram adicionados para melhor operar o jipe. Um deles foi o novo velocímetro, agora único no mesmo mostrador circular de antes, porém

com layout maior e distinto, adicionando um odômetro parcial ao conjunto. Este odômetro podia ser zerado mediante pressão em um botão localizado no painel, próximo ao tubo da coluna de direção e abaixo do botão do acelerador manual, que foi adicionado no lugar do tradicional afogador, que teve então sua localização deslocada para o lado esquerdo da coluna de direção.

Este acelerador manual, que havia deixado de equipar os jipes brasileiros desde a década de 1970, voltou no modelo militar 24 Volts. Em formato de T, semelhante à série M americana de veículos militares, proporcionava vários estágios de rotação do motor para controlar a carga que as baterias recebiam do alternador, durante por exemplo, a operação do rádio com a viatura estacionária. Na imagem ao lado ainda pode-se notar as novas pedaleiras suspensas adotadas em 1982. O farol alto no entanto, continuava sendo acionado «no pé».

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jeepguerreiro.blogspot.com O acionamento das luzes, antes mediante chave de 3 estágios e uma tecla localizada abaixo do painel para alternar o acionamento de luzes civil/miltar, agora tinha o regime selecionado por uma tecla centralizada no painel, logo atrás da coluna de direção. Com ela acionada para à esquerda, as luzes direcionais entravam em funcionamento normal, e quando acionada à direita, o regime de luzes militares. Os faróis continuavam a ser acionados mediante botão no local tradicional dos jipes. O miolo da chave de ignição também não sofreu alteração.

Outras diferenças marcantes eram a parte traseira, como o suporte exclusivo para rádiocomunicação instalado sobre a caixa de roda do para-lama traseiro esquerdo, os reforços internos nos para-lamas, em ambos os lados,

para suportar o peso e oscilação do sistema de antenas, pois alguns jipes podiam operar como uma estação retransmissora, necessitando de mais de uma antena.

Além destes, haviam reforços na parte externa, com uma chapa adicional entre o suporte de antena e a carroceria.

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jeepguerreiro.blogspot.com Ao contrário dos modelos civis do 5224 (CJ-5) nacional, que tiveram as caixas de roda rebaixadas no início dos anos 80, o jipe militarizado não sofreu tal modificação. Mas o reforço triangular nos cantos inferiores do painel e reforços no chassis foram incluídos.

O sistema elétrico possibilitava a operação de praticamente qualquer conjunto de equipamento rádiocomunicação militar (ERC). Os mais utilizados eram os ERC 201, 202, 203, 606 e americanos PRC 77.

Havia um banco traseiro para apenas um operador, instalado no lado direito. Na verdade era similar ao dianteiro do caroneiro. O motivo era, além de proporcionar conforto de operação, de que o suporte do rádio avançava pela lateral interna da caixa de roda esquerda. Isso impossibilitava o uso de um banco mais largo pois este não poderia ser escamoteado e facilmente removido.

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Jipe Ford 24 volts em foto tirada no início da década de 1990, quando o EB passou a adotar o novo padrão de pintura camuflada, verde floresta fosco e vermelho-terra.

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2. DETALHES

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A capota militar de 05 janelas era a mesma das anteriores.

Arruelas «T» nas rodas-livres automáticas.

Acionamento manual (a vácuo) dos limpadores de para-brisa. Equipado com dois acionadores, um para cada limpador.

Macaco do jipe militar. Igual ao civil.

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Uma VTE Ford 24 volts restaurada.

O oval da Ford preservado no para-brisas e na face superior da lâmina dianteira do feixe de molas.

Pá e machado com picareta eram equipamentos originais.

Detalhe Motorcraft na hélice do sistema de arrefecimento. Peça de plástico. Também encontrada em metal.

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jeepguerreiro.blogspot.com Apesar de em junho de 1982 a Ford do Brasil lançar como opcional o motor OHC 4 cilindros a álcool, não se tem notícia de versão militar do jipe Willys ou Ford 5224 (CJ-5) nacional, que não fosse movido originalmente a gasolina.

Quando a carroceria do tipo militar foi lançada em fins de 1961, quase dois anos após surgiu o manual do Jipe Militar brasileiro, ainda na época da Willys. Porém, desde a década de 70 os manuais utilizados eram os mesmos das versões civis.

A plaqueta de identificação foi deslocada da esquerda para o centro-direita da parede cortafogo, em razão da adição da bateria adicional.

Cofre do motor de uma VTE Ford 1982/83.

O último Manual do Jipe Ford, editado em setembro de 1982.

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jeepguerreiro.blogspot.com 3. A SIGLA QUE VIROU SINÔNIMO A plaqueta de identificação não fazia nenhuma distinção à versão militarizada 24 volts. O código 5224 de origem Willys foi mantido. Porém, a Ford adicionalmente adotava o código 24 para todos os modelos jipe CJ-5. No final da década de 70 a Ford do Brasil exportou seus jipes para o mercado latino-americano, especialmente o Chile. Para esses mercados tão somente eles eram conhecidos pela sigla *U-50 (designação norte-americana padrão Ford de Utilitário de 1/4 ton), que designava a capacidade de carga útil combinada aproximada, em libras. A sigla era adotada tanto para os modelos civis como para os militarizados. Estes, ainda eram denominados U-50 Ve r s ã o C a m p a g n a e e ra m disponíveis em 3 versões: Transporte, Canhoneiro (ambos 12 volts) e Rádio-Comunicação (24 volts).

No Brasil, porém, empiricamente ficou popularizada a sigla U-50 como sinônimo apenas para o jipe militar 24 volts brasileiro. * A Ford ainda hoje utiliza este método de identificação, F para picapes e U para utilitários, seguido da capacidade aproximada de carga útil combinada. Havia por exemplo, uma versão da Bronco denominada U-150, de 1/2 ton de capacidade. Assim seguia-se 250 para veículos 3/4 ton e 350 para 1 ton.

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jeepguerreiro.blogspot.com O jipe Ford do início da década de 1980 ganhou um filtro de ar tipo Heavy Duty especificado para serviços pesados. Nos modelos 1982/83 havia ainda uma distinção entre dois tipos de filtros Heavy Duty. Com entrada de ar curta e redonda e o que era utilizado no último jipe militarizado 24 volts, cuja entrada de ar era comprida e ovalada, similar ao da picape F100 4 cilindros. O Jipe Ford 1982 e 83 ainda recebeu cilindro-mestre maior e as pedaleiras suspensas para freio e embreagem. Modificações que foram adotadas também pelo modelo militar. Detalhes que distinguem ainda mais os últimos modelos 24 volts, pois os modelos 1981 ainda utilizavam as pedaleiras convencionais. Além disso, os primeiros 24 volts também não possuíam a chave geral no painel, como mencionamos, com pequenas diferenças na parte elétrica portanto. Nesses modelos, além das pedaleiras convencionais, uma pequena plaqueta apenas, fixada no painel, atrás do volante, alertava sobre a voltagem do sistema elétrico. Acima, visão interna de uma VTE Ford 24 volts 1981 da Polícia do Exército. Nos primeiros modelos as pedaleiras ainda eram as antigas e sistema elétrico menos elaborado.

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jeepguerreiro.blogspot.com 4. INDO MAIS LONGE No jipe militar brasileiro Ford do início da década de 1980, houve a adoção de um novo tanque de combustível, com capacidade de 50 litros, 10 a mais que o convencional. O banco do motorista não sofreu modificações nem mesmo na altura em relação ao assoalho, pois havia espaço para receber o novo tanque, mais alto.

MEDIDAS DO TANQUE DE 50L.: Altura:19 cm Largura parte inferior: 54 cm Largura total (parte central): 67 cm Comprimento: 45,5 cm

Entre o tanque normal de 40 litros e o banco do motorista, existe um espaço de 3 a 4 «dedos» que foi suficiente para encaixar o novo tanque, que ficou justinho, como nos M38A1 americanos por exemplo, que tinham a mesma capacidade. A modificação aumentou a autonomia da viatura.

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jeepguerreiro.blogspot.com 4. PEÇAS DESTAQUE

Detalhe do motor de partida (12 volts)

Alternador 24 volts

Regulador de tensão

Sistema de escapamento (igual ao jipe civil)

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jeepguerreiro.blogspot.com 5. FICHA TÉCNICA Jeep

VTE FORD 5224 1/4 TON 4X4 24 VOLTS 1982 MODELO 1983

ĈÄÇĆĨ Peso: Peso: Tara: 1.167 kg Tara: 1.167 kg Peso em ordem de marcha (com água, óleo e gasolina): aproximadamente 1.182 kg (sem equipamento de rádio) Peso em ordem de marcha (com água, óleo e gasolina): aprox. 1.182 kg (sem equipamento de rádio) Peso Pesocom comcarga cargamáxima: máxima:1.707kg 1.707 kg Capacidade Capacidadededecarga: carga: 519kgkg(540 (540kgkgtotal, total,com compassageiros) passageiros) 519 9,71m³ m³(volume (volumeaté atéaltura alturadadacapota) capota) 9,71 7,37 m³ (volume com quadro do para-brisasrebatido) reba do) 7,37 m³ (volume com quadro do para-brisas Nº de ocupantes: 1 motorista e 2 passageiros Nº de ocupantes: 1 motorista e 2 passageiros

Medidas: Medidas: Altura total do solo (com capota): 1,820 m Alturatotal totaldo dosolo solo(com (comcapota): o quadro do para-brisas reba do): 1,380 m Altura 1,820 m Vão livre: 204 mm Altura total do solo (com o quadro do para-brisas rebatido): 1,380 m Bitola: 1,230 m Vão livre: 204 mm Comprimento total: 3,509 m Bitola: 1,230m Largura total: 1,521 m Comprimento total: 3,509m Distância entre-eixos: 2,057 m Distância do centro da Largura total: 1,521 m roda ao centro de gravidade: 1,056 m Distância entre-eixos: 2,057m Pneus: do centro da roda ao Centro de Gravidade: 1,056m Distância 6.00 X 16 4 lonas Pirelli MT06 Pneus: 6.00x16 4 lonas Pirelli MT06 Pressão dos pneus: (kg/cm²) Dianteiros Em estrada Fora de estrada Lama/Areia

(1,62) 23 lb/pol (1,41) 20 lb/pol (1,05) 15 lb/pol

Traseiros (1,76) 25 lb/pol (1,41) 20 lb/pol (1,05) 15 lb/pol

Rodas: de ferro aro 16 Arvin Meritor (Fumagalli)

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Plaqueta de instruções do jipe militar Ford

Motor: 4 cilindros L-4 Ford OHC (Overhead Camsha ) a gasolina (73 a 82 octanas) Diâmetro dos cilindros: 96,04 mm Curso dos êmbolos: 79,40 mm Cilindrada: 2.300 cm³ Taxa de compressão: 7,8:1 Carburador: corpo simples SOLEX H40DEIS Potência máxima líquida: 91 cv (SAE) a 5.000 rpm / 82,9 cv (ABNT) a 2.600 rpm Torque máximo líquido: 17 mkgf (SAE) a 3.000 rpm / 16,1 mkgf (ABNT) a 2.600 rpm Ordem de ignição: 1 - 3 - 4 - 2 Marcha lenta: 750 rpm Desempenho: Velocidade máxima (em estrada): 125 km/h Sistema de ignição: Distribuidor: 12V avanço centrífugo automá co e corretor a vácuo Folga dos pla nados: 0,40 a 0,50 mm (distribuidor 12 V BOSCH) Avanço inicial (vácuo desconectado): 6° APMS a 750 rpm Velas de Ignição: Motorcra B-AGF32 de 14 mm de diâmetro Folga dos eletrodos: 0,7 a 0,8 mm Bobina: BOSCH K-12 (azul) número 9 220 081 054 26.000 volts e 16.000 centelhas (faíscas)por minuto. Alternador: 24 V 30 A ou 28 V 40 A (Wapsa Motorcra ) Motor de par da: 12 V (Wapsa Motorcra MW-B-14) Regulador de Tensão: 24 V Bosch código 9 190 085 000 Bateria: 2 baterias 12 V 60 h ligadas em série

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jeepguerreiro.blogspot.com Caixa de mudanças: 4 velocidades a frente e 1 ré, todas sincronizadas Relação de engrenagens: 1ª marcha: 3,57:1 2ª marcha: 2,38:1 3ª marcha: 1,53:1 4ª marcha: 1,00:1 Ré: 4,23:1 Caixa de transmissão/transferência múl pla (4X4): Reduções: Normal: 1,00:1 Reduzida:2,46:1 Eixo traseiro (relação do diferencial): 4,89:1 (44x9) - Dana 44 - »canela grossa» (3 polegadas=76,2 mm) Rodas-livres: dianteiras, AVM automá cas Suspensão: dianteira e traseira de eixos rígidos, feixe de molas semielíp cas e amortecedores telescópicos Freios: hidráulicos, a tambor na dianteira e traseira Capacidades: Sistema de arrefecimento: 9,7 litros Cárter do motor (com filtro): 4,7 litros Cárter do motor (sem filtro): 4,1 litros Caixa de mudanças: 1,5 litros Caixa de transmissão/transferência múl pla: 1,6 litros Diferenciais (2): 1,7 litros cada Reservatório de combus vel: 50 litros Autonomia es mada: 400 km (raio de ação sem uso do reservatório extra) Reservatório auxiliar de combus vel (camburão/galão): 20 litros

Fotos: Acervo blog jeepguerreiro Elvis Luis Franceschini Angelo Meliani Prof.Juliano Jacare-GPVMA-RS

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