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Ensaio Fotográfico
A Umbanda está no meu sangue, minha mãe diz que quando eu escutava o tambor eu pulava na barriga dela e meu pai dizia que o barulho estava me incomodando, mas não, eu estava feliz de escutar aquele barulho todo, ele comando as batidas do meu coração, eu sempre fui feliz na Umbanda porque ela é isso, né? É felicidade, é amor, é respeito, é tolerância, é humildade e muito mais. Hoje eu sou grato por poder louvar os orixás com na Escola Pública o som do tambor, estou sempre procurando aprender coisas novas e eu agradeço a Umbanda por guiar minha vida e fazer dela um completo mar de alegrias.

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João Silvério - 14 anos

Diversidade Religiosa






















































A minha busca constante enquanto professor é a de exercer o papel de ponte entre o aluno e o conhecimento transformador, e é necessário que seja transformador. Se a minha prática não colaborar para um mundo onde todos possam viver com dignidade, independentemente do que sejam ou das opções que façam, não terá valido a pena. A Expo Newton 2019 foi a finalização de um processo que fez valer a pena cada minuto de sono perdido, cada momento de angústia e incerteza que são naturais nos seres humanos, mas vêm com doses gigantescas neste professor de História. Estudamos o processo que gerou uma das maiores monstruosidades da História, o nazismo alemão. Depois partimos para o planejamento do que seria a sala, Campo de Conscientização, fazendo uma alusão aos campos de concentração nazistas, só que com objetivos totalmente contrários a eles. A sala foi pensada de forma coletiva, cada ideia foi discutida e avaliada democraticamente, algumas foram descartadas e, no final, a nossa sala conseguiu passar a mensagem aos visitantes de que a irracionalidade desumana pode nos levar a manipulação, ao preconceito e à morte. Como aconteceu na Alemanha nazista e em outras realidades mais próximas de nós. Aqui eu faço a conexão entre o trabalho na Expo Newton e a revista Empoderar, ambos estão a serviço da luta contra qualquer forma de preconceito. Ao montarem a sala, os alunos mergulharam naquela realidade pesada em que os prisioneiros viveram. A construção da câmara de gás, do forno crematório, das maquetes, dos locais de trabalho, de refeição e a entrada do campo de Auschwitz, as crianças sentiram um pouco do drama causado pelo preconceito na sua forma mais cruel, irracional, desumana… Outra importante etapa do trabalho foi a de “ressuscitar” a Anne Frank. A aluna Mayara Ferraz, representou a menina que morreu aos quinze anos, vítima do grau supremo da insensatez humana, mas que não perdeu a chance de escrever em seu diário, mensagens de esperança e de otimismo para todas as gerações, foi sensacional. Tenho certeza de que a Anne Frank teria muito orgulho se soubesse que foi representada pela aluna do Newton. Em resumo, esse projeto foi a realização de um sonho, por isso agradeço aos















professores que ajudaram a realizá-lo. Esse sonho transformou para melhor todos os envolvidos no projeto. Tudo valeu a pena! Eu aprendi e continuarei a aprender muito com essas crianças incríveis. Finalizo com as sábias palavras do mestre Paulo Freire: “Ninguém ignora tudo. Ninguém sabe tudo. Todos nós sabemos alguma coisa. Todos nós ignoramos alguma coisa. Por isso aprendemos sempre”.






Professor Maurício da Silva Araújo










Empoderamento Feminino


Professora Daniela Carnauba Benedito nino, já que este abrange questões tão amplas, como: Os estudos pautaram-se em pesquisas para do o resultado socializado em uma roda de conversa.

Depoimentos

Minha av� Empoderada



“Dona Genice, minha avó, veio para SP muito jovem, quando tinha 18 anos, aqui começou a batalhar Em 08 de março, comemoramos o Dia Inter- ria o homem da vida dela, aos 22 anos ela engravidou, nacional da Mulher, ocasião para lembrarmos de to- só que a pessoa não assumiu a paternidade. Quando das as mulheres que dedicaram suas vidas por uma viu que tinha que batalhar para cuidar de sua lha, ela sociedade mais justa e igualitária. entrou em uma empresa e foi lá que disputou a um Nesse contexto, sendo a escola um espaço de- cargo com um rapaz e acabou ganhando, minha avó mocrático, múltiplo e heterogêneo, não podemos dei- trabalhou por 5 anos nessa empresa, depois de achar xar de abordar os temas que envolvem as mulheres e que a ferida estava cicatrizada, ela encontrou outra fomentam tantas discussões na sociedade: a Lei Maria pessoa e teve 3 lhos, novamente estava enganada, e da Penha, Lei do Feminicídio, Feminismo, Empodera- teve que criá-los sozinha, desde então, percebeu que mento Feminino e Mercado de Trabalho. deveria lutar sempre. Depois continuou batalhando Assim, a m de conscientizarmos os estudan- por igualdade e hoje aos 66 anos ela perdeu a visão, e tes do 7º ano sobre o impacto feminino nos espaços mesmo assim continuou cuidando de mim e dos meus sociais, tivemos como foco o Empoderamento Femi- primos. Eu tenho muito orgulho dela!” religião, raça, cor, sexualidade e educação. Carla Cristina – 7º ano C que os educandos se familiarizassem com o tema, sen- Mulher n�o � escrava sozinha. Ela conheceu uma pessoa e pensou que seNessa roda, os alunos puderam expor suas impressões “O nome da minha mãe é Carina Soto, ela tem pessoais, as descobertas e depoimentos pessoais de si- 39 anos é casada e tem três lhos, meus dois irmãos e tuações em que perceberam a discriminação social ou eu. a importância da mulher conhecer seus direitos e ser Eu e meus irmãos sempre ajudamos nas tarefas reconhecida, não como “sexo frágil”, mas como aquela de casa, como: lavar louça, lavar roupa etc. que tem escolhas e é dona de seu destino. Ela nos ensinou que a mulher não é escrava do Para nalizar a atividade, os alunos buscaram lar e que as tarefas domésticas cabem a todos que resiem mulheres próximas de sua vivência, depoimentos dem numa casa, que contribuem para cuidar daquele que relatassem acontecimentos ou situações de empo- espaço que é coletivo e que isso não é um fardo, mas deramento. O resultado são relatos que revelam uma faz parte da vida. mídia que dita regras de beleza e comportamento; um Por isso, os serviços de casa são divididos, cada desejo de liberdade, respeito e reconhecimento; a ne- um faz uma parte, para que quando meus irmãos crescessidade de se investir em educação para reduzir o cerem sempre ajudarem suas futuras esposas, para que machismo e o preconceito. não que todo o serviço para elas. E ensinou também que eles não devem bater nas mulheres e que eles não devem ser machistas”.





MARIA CLARA SOTO – 7º ano C





Ela precisava se empoderar! “Para mim, minha avó sempre foi um bom exemplo. Minha vó era uma faxineira, mas depois se tornou dona de casa. Ela fazia de tudo e meu avô, nada. Ele só cava no quarto, qualquer coisa que pedisse ela fazia. Minha mãe fazia compras para eles, o máximo que ele fazia era ir ao mercado de vez em quando. Meu depoimento não é exatamente uma situação de empo Eles brigavam muito, meu avô gritava com ela e não tinha motivo algum, mas mesmo assim ela continuava a fazer tudo que ele pedia, como se ela fosse menos que um homem. Sempre a vi como uma mulher muito forte, mas infelizmente ela se foi sem se empoderar. Vendo tudo isso, eu aprendi que não posso ser rebaixada por um homem, somos todos iguais e devemos ter os mesmos direitos”. deramento feminino, mas sim uma situação em que precisava dele.



Coletivo feminista na escola sim!

Professora Daniela



A escola sempre foi um dos pilares de sustentação do Estado patriarcal e do sistema capitalista. Cada vez mais se educa para o mercado de trabalho e cada vez menos educamos para o pensamento crítico. Basta lembrar da retirada dos temas de diversidade sexual dos planos nacionais, estaduais e municipais de educação. As relações escolares estão repletas por conceitos e atitudes machistas que são replicadas diariamente, assim como em qualquer relação cotidiana. Pode se manifestar na relação entre colegas de classe, entre o corpo docente ou entre alunos e professores, o patriarcado se manifesta de várias formas e desde muito cedo as meninas percebem certos privilégios dados aos meninos e passam a se sentirem incomodadas, isso tudo muito antes de se intitularem feministas ou de reconhecerem o sexismo de certas atitudes. Em maior ou menor grau todas as mulheres, já foram objetos do machismo, ou, pelo menos, já presenciamos: assédio, discriminação, silenciamento e tantas outras situações pelo fato de sermos mulheres. Por esse motivo, precisamos ocupar o espaço acadêmico. Uma das formas de ocupação desse espaço é com coletivos feministas nas escolas como meio de organização política e de acolhimento. O coletivo gera um espaço de empoderamento e fortalecimento das mulheres. As Mulheres encontram um lugar de fala onde podem ter voz política, tomando decisões referentes às demandas por igualdade, especialmente de gênero e raça. O ideal é que na escola meninos e meninas aprendessem sobre igualdade e representações de gênero, soubessem lidar com as estatísticas de violência doméstica e refl etissem sobre a visibilidade feminina nas mais diversas áreas. As reais mudanças sociais só acontecem através da educação, seja em casa ou dentro das escolas, transmitir esses ideais para crianças seria extremamente benéfi co para todos. Às meninas seria passada a segurança e o conforto que residem nesse movimento e conceitos como ”sororidade”: o pacto entre todas as mulheres que se reconhecem como irmãs no âmbito político e social. Aos meninos seriam transmitidas formas de apoiarem essa causa, sem fazerem do apoio uma busca por assumir o protagonismo. Todos seriam ensinados lutarem por um mundo melhor, além de entenderem a urgência da mudança de seus comportamentos.





Professora Márcia Mendes
