Em Família | Marista Criciúma

Page 1

1º Semestre • 2015 | 15ª edição

Corrente do bem

Em todo tempo, somos convidados a praticar atos de solidariedade e fazer parte dessa corrente do bem. Mas, será que ser solidário é algo que se aprende?

SOLIDARIEDADE

Unidade Propulsão, uma proposta Marista inovadora, acolhe jovens que fazem uso abusivo de álcool e outras drogas.

DIA A DIA

Já pensou em receber um intercambista em casa? Confira dicas e embarque nessa aventura cultural.



Combinação única de bons valores e excelência.

O Grupo Marista conta com milhares de pessoas que, diariamente, vivenciam e disseminam importantes valores humanos e cristãos com o compromisso de promover e defender os direitos das crianças e dos jovens. Faz parte do jeito Marista a busca constante por excelência. Na área da

educação, da escola à universidade, formamos pessoas e trazemos resultados comprovados. Em atividades nas áreas de saúde e comunicação, levamos sempre a melhor qualidade para públicos de diferentes condições e necessidades. Em todas essas áreas, a ação social está presente

BRASÍLIA Colégio Marista de Brasília - Ensino Fundamental SGAS 609 CONJ A - Bairro Asa Sul - Brasília-DF CEP 70200-690 | (61) 3442-9400

Superior Provincial Ir. Joaquim Sperandio Presidente do Grupo Marista Ir. Delcio Afonso Balestrin Superintendente Executivo do Grupo Marista Paulo Serino Diretor da Rede de Colégios Ir. Vanderlei Siqueira dos Santos Diretor de Marketing E COMUNICAÇÃO Stephan Younes

Rua Imaculada Conceição, 1155, Prado Velho Curitiba-PR | Prédio Administrativo PUCPR 8º andar - CEP: 80215-901 | Tel.: (41)3271-6500

www.colegiosmaristas.com.br

Colégio Marista de Brasília - Ensino Médio SGAS 615 CONJ C - Bairro Asa Sul - Brasília-DF CEP 70200-750 | (61) 3445-6900 Colégio Maristinha Pio XII - Educação Infantil e 1º Ano do Ensino Fundamental SGAS 609, Módulo C - Bairro Asa Sul - Brasília-DF CEP 70200-690 | (61) 3442-9400 SÃO PAULO Colégio Marista de Ribeirão Preto Rua Bernardino de Campos, 550 - Higienopólis Ribeirão Preto-SP - CEP 14015-130 | (16) 3977-1400 Colégio Marista Arquidiocesano Rua Domingos de Moraes, 2565 - Vila Mariana São Paulo-SP - CEP 04035-000 | (11) 5081-8444 Colégio Marista Nossa Senhora da Glória Rua Justo Azambuja, 267 - Cambuci - São Paulo-SP CEP 01518-000 | (11) 3207-5866 PARANÁ Colégio Marista Paranaense Rua Bispo Dom José, 2674 - Seminário - Curitiba-PR (41) 3016-2552 Colégio Marista Santa Maria Rua Prof. Joaquim de M. Barreto, 98 - São Lourenço Curitiba-PR CEP 82200-210 | (41) 3074-2500

15ª Edição | 1º Semestre 2015 Periodicidade Semestral

com iniciativas alinhadas ao posicionamento institucional, mas também atuamos diretamente, por meio de uma ampla rede de solidariedade. Bons valores e excelência. Nossa missão é proporcionar essa combinação única para a construção de um mundo melhor.

Colégio Marista de Cascavel Rua Paraná, 2680 - Centro - Cascavel-PR CEP 85812-011 | (45) 3036-6000 Colégio Marista de Londrina Rua Maringá, 78 - Jardim dos Bancários - Londrina-PR CEP 86060-000 | (43) 3374-3600 Colégio Marista de Maringá Rua São Marcelino Champagnat, 130 - Centro Maringá-PR - CEP 87010-430 | (44) 3220-4224 Colégio Marista Pio XII Rua Rodrigues Alves, 701 - Jardim Carvalho Ponta Grossa-PR - CEP 84015-440 | (42) 3224-0374 SANTA CATARINA Colégio Marista São Francisco Rua Marechal F. Peixoto, 550L - Chapecó- SC CEP 89801-500 | (49) 3322-3332 Colégio Marista de Criciúma Rua Antonio de Lucca, 334 - Criciúma-SC CEP 88811-503 | (48) 3437-9122 Colégio Marista São Luís Rua Mal. Deodoro da Fonseca, 520 - Centro Jaraguá do Sul-SC - CEP 89251-700 | (47) 3371-0313 Colégio Marista Frei Rogério Rua Frei Rogério, 596 - Joaçaba-SC - CEP 89600-000 (49) 3522-1144 GOIÂNIA Colégio Marista de Goiânia Avenida Oitenta e Cinco, 1440 - Santa Marista Goiânia-GO - CEP 74.160-010 | (62) 4009-5875

Revisão Lumos | Bureau de Traduções

EDIÇÃO Diretoria de Marketing e Comunicação do Grupo Marista Eduardo Correa e Vivian Lemos

Envie comentários, críticas e sugestões sobre a revista para o email conteudo@grupomarista.org.br

REDAÇÃO

PUBLICIDADE R. Amauri Lange Silvério, 270 Pilarzinho Curitiba-PR – CEP: 82120-000 Para anunciar, ligue: (41) 3271-4700 www.grupolumen.com.br

Jornalista responsável: Rulian Maftum / DRT Nº 4646 Supervisão: Maria Fernanda Rocha (Lumen Comunicação) Edição de arte: Julyana Werneck PROJETO GRÁFICO Estúdio Sem Dublê | semduble.com

Capa Fernando Pereira,

estudante do Colégio Marista Santa Maria, de Curitiba (PR), sua mãe Patrícia, Goivana Ohta, do 3º ano, e o monitor de alunos Luciano Silva.

FOTO DE CAPA Gilberto do Rosário © Todos os direitos reservados. Todas as opiniões são de responsabilidade dos respectivos autores.

3


índice

capa

8

Que fatores influenciam na prática da solidariedade? Afinal, ser solidário é algo que se aprende?

1ª impressão

dia a dia

entrevista

5

6

14

A história do Instituto Marista nasce de um ato de solidariedade, o qual, até hoje, é um convite a sociedade para agir com compaixão.

Acolher um intercambista em casa é uma experiência enriquecedora. Confira dicas de uma boa convivência e conheça a história da família Javorski, que está recebendo o neo-zeolandês Jacob Pritchard.

essência

solidariedade

38

40

O Irmão Alvanei Finamor relembra os primórdios do Instituto Marista e reforça a importância de se doar ao próximo nos dias atuais.

Conheça a Unidade Propulsão, uma proposta que contribui para que adolescentes que fazem uso abusivo de álcool e outras drogas ressignifiquem suas vidas.

como fazer

compartilhar

42

44

diversão

olhar

curiosidade

46

48

50

Veja de que forma a juventude Marista se organiza e defende suas ideias por meio das Comissões da Juventude.

Conhecer mais de perto a cultura indígena é se aproximar da nossa origem. Descubra roteiros em aldeias e reservas que, além de divertidos, são uma verdadeira aula de História.

4

César Ribeiro, coordenador de Pastoral do Colégio Marista de Maringá (PR), traz uma reflexão sobre os fatores que influenciam as práticas de solidariedade e os novos posicionamentos Maristas sobre o tema.

Confira dicas de livros, filmes e aplicativos indicados pelos professores dos Colégios Maristas.

O sociólogo Eurico Cursino, da Universidade de Brasília, comenta sobre fatores que podem levar jovens a se envolver em lutas radicais, como as propostas pelo Estado Islâmico.

índice

seu colégio

17

Confira as matérias elaboradas exclusivamente para o seu Colégio.

Pesquisa internacional traça panorama de solidariedade no mundo. Confira o ranking de países mais solidários.


P

1ª impressão

or uma compreensão mais ampla da solidariedade apostólico é bicentenário nas suas realizações por muitos países do mundo. No Brasil, ele começou em 1897, em Minas Gerais. Em 2017, o Instituto Marista completa 200 anos. O Ir. Emile Turú, Superior Geral, comenta, na carta Montagne, a importância dessa missão: hoje, há tantos jovens que vivem sem a força, sem a luz e sem o conhecimento aprofundado de Jesus Cristo – conhecimento que leva ao consolo e à amizade de Jesus – que importa comprometermo-nos como apóstolos, catequistas e educadores. Diante de uma sociedade de pouca fé, sem o correto sentido da existência, não se pode ficar indiferente. São os novos e numerosos Montagnes de hoje, cuja realidade nos provoca e nos convida a sermos generosos. Montagne tem, hoje, milhares de rostos diferentes e vive em realidades que reclamam generosa compreensão e pronta ajuda. O Irmão Turú alarga o entendimento do desafio, na perspectiva a que o Papa Francisco se refere quando nos convida a sair de nós mesmos para as periferias existenciais, entrando em contato com a vida concreta dos muitos outros empobrecidos e expostos a tantos perigos. A solidariedade volta-se à promoção e à defesa dos direitos de crianças, adolescentes e jovens e à para a nova evangelização e inclusão social. A solidariedade pode e deve ser aprendida e desenvolvida; o seu itinerário abrange processos e práticas que visam à caridade em obras e ações de verdadeiro melhoramento da pessoa e do grupo desajustado e empobrecido. Visa-se, pois, a melhores níveis de interação e ao oportuno

comprometimento apostólico, dentro das suas circunstâncias e realidades. Ser solidário implica grande compaixão, mas, acima de tudo, o reconhecimento do outro como pessoa necessitada. Champagnat não foi visitar o jovem Montagne para julgá-lo. Foi ao encontro de alguém que tinha a sua identidade e a sua história. Por isso, os dois saíram modificados. Champagnat ensinou-lhe, na urgência do momento, as coisas de Deus e, do seu lado, entendeu que não há mais tempo para perder. O convite é feito a mim e a você, atual leitor desta edição da revista Em Família. Devemos cultivar um coração solidário na nossa vida pessoal, familiar, social e eclesial. Que significa, então, para cada um de nós, o contexto em que a solidariedade é citada como a grande virtude do nosso tempo? Por certo significa colocar-nos na posição de partida, como interpela o Papa Francisco. Cumpre entender bem o sentido da expressão periferias existenciais. Todos somos chamados a uma conversão pastoral e missionária, porque as coisas não podem ficar como estão (EG 25). A que tipo de conversão me sinto convidado? A resposta constitui o atendimento da nossa consciência e do nosso coração solidário e comprometido.

Ir. Vanderlei Siqueira dos Santos diretor-executivo da Rede Marista de Colégios

© Foto: João Borges

Em 1816, o Pe. Champagnat foi chamado para atender a um jovem carpinteiro de 17 anos, gravemente enfermo, em uma aldeia próxima a Le Bessat, no sul da França. Após ouvi-lo em confissão e prepará-lo para a morte, o padre regressou a La Valla, pensativo. O encontro com o jovem Montagne marcou profundamente a vida de Marcelino Champagnat; nesse acontecimento, percebeu o chamado interior da graça de Deus. Ele iria fundar um instituto dedicado à educação cristã de crianças, adolescentes e jovens, em especial das vilas e dos povoados pobres. Ele levaria a bom termo tal empreendimento. O entendimento de que essa missão era obra de Deus foi basilar para a sua perseverança no projeto da fundação de uma congregação de religiosos dedicados à educação cristã e ao ensino básico da França de então. Nenhuma dificuldade bloquearia o seu projeto. Esta edição da revista Em Família estuda, em particular, a solidariedade. Esse termo evoca as mais diferentes emoções, interpretações e questionamentos. O encontro de Champagnat com Montagne nos revela que a Instituição Marista nasceu de uma experiência de solidariedade em relação de óbvia e grave necessidade. Apresenta-nos alguns referenciais, como a atenção que cumpre dar à realidade e à situação dolorosa do outro, isto é, o nosso próximo. A convicção profunda desperta não apenas a compaixão e a indignação; mas o essencial é a ação para minorar o sofrimento e o estado de abandono dos empobrecidos, sem a luz do bom ensino e, especialmente, sem a luz espiritual da instrução religiosa e cristã. Esse curso e discurso

5


dia a dia

© Foto: Fabio Melo

Um intercambista

em minha

casa

Acolher o intercambista como um filho e deixar claras as regras da casa são fundamentais para uma experiência bem sucedida. Ser uma família hospedeira é culturalmente enriquecedor Por Michele Bravos

6

Já pensou em adotar um filho estrangeiro? Calma, a gente explica. É comum e bastante incentivado por agências de intercâmbio que os adolescentes intercambistas se hospedem em casas de família para que a imersão na cultura do país para onde estão indo seja mais intensa e significativa. Abrir as portas de casa para um intercambista é como adotar um filho – mesmo que temporariamente. Para Celso Javorski, acolher o jovem Jacob Pritchard, 17 anos, da Nova Zelândia e que está estudando no Colégio Marista de Ribeirão Preto (SP), está sendo uma experiência enriquecedora. “É a primeira vez que estamos recebendo um intercambista e a troca cultural é muito rica. Temos dois filhos e um deles está fora do país, em intercâmbio também. Então, o Jacob, literalmente, está sendo tratado como um filho”. Para Guilherme Reischl, diretor comercial da Egali Intercâmbio, a consideração mais importante de um programa de intercâmbio em casa de família é que a família hospedeira acolha o estrangeiro como um membro da família. “O intercambista tem que usufruir da mesma estrutura de um filho. Ele tem que se sentir integrado, acolhido. As atividades diárias têm que ser realizadas com o intercambista. No começo,


isso pode significar sair da rotina – e a família precisa estar ciente disso –, mas, aos poucos, todos se adaptam”. Jacob afirma que um ponto positivo dessa experiência tem sido passar tempo com sua família brasileira. “Eles são pessoas muito legais, que fazem eu me sentir bem-vindo na casa deles”. Uma boa adaptação depende bastante de regras claras. Reischl lembra que toda casa tem normas que, naturalmente, são cumpridas pelos membros da família. O intercambista precisa ser inserido nesse contexto também. “Ele precisa saber o que pode fazer na cozinha, o que deve fazer com as roupas sujas – se ele irá lavá-las ou se alguém fará isso para ele –, se existe um horário para o banho, se o secador é de uso comum...”. O diretor comercial complementa que isso tudo deve ficar claro já no primeiro dia. “Assim que o intercambista chegar, dê as boas-vindas, faça ele se sentir em casa. Em seguida, de forma gentil, apresente as regras do lar”. Javorski conta que Jacob respeita inclusive as normas de comportamento – por exemplo, com relação a sair para festas e dar satisfação quanto a para onde está indo e com quem. “Tínhamos muita expectativa com relação a essa convivência. É também nossa responsabilidade zelar pela segurança dele”.

Integrando Integrar não quer dizer fazer as vontades do intercambista. Ele precisa conhecer e se adaptar aos costumes do país em que está. Uma boa forma de integrar o jovem à cultura e à nova família é na hora das refeições. “O momento das refeições é muito importante para a integração. Por isso, pelo menos algumas devem ser feitas com a família reunida”. Javorski afirma que os hábitos alimentares certamente são muito diferentes e isso sempre rende bastante conversa. Outra forma de integrar é convidar o intercambista para passear. “É importante que a família esteja prepara-

da para fazer 'programas de turista', mesmo na sua cidade natal. É preciso lembrar que o intercambista também está interessado em conhecer lugares típicos e diferentes dos que ele está habituado a ver”.

Comunicação Na casa da família Javorski, apenas a filha fala inglês. Então, foi preciso desenvolver formas de comunicação até Jacob estar mais fluente no português. “Às vezes, o Google tradutor nos ajuda. A gente acaba tendo que ser criativo”, diz Javorski. Reischl aponta que é ideal que pelo menos um membro da família compartilhe de um idioma em comum com o intercambista. “Caso contrário, a comunicação fica nula e pode gerar desconfortos, como prejudicar a compreensão das regras da casa. Uma família monoglota poderia ser um problema”. As barreiras de comunicação na casa de Javorski têm sido vencidas com bom humor. “Nós falamos português e inglês em casa. Eu imagino que deve ser um quebra-cabeça para eles entenderem o que eu falo, às vezes, mas nós rimos disso”, diz Jacob. O quesito “comunicação” também deve se estender para a família no exterior, pois isso gera maior confiança para o intercambista. “A família que está recebendo deve fazer contato com a família do outro país, mesmo que não falem a mesma língua. Por meio de uma conversa por chamada de voz e vídeo, as famílias podem se ver, sorrir uns para os outros e dar um ‘tchauzinho’. Isso já faz diferença”, afirma Reischl.

Atenção! Não existe idade limite para os membros de uma família receberem alguém. No entanto, recomenda-se que a pessoa que vai ser acolhida seja adolescente ou jovem. Segundo Guilherme Reischl, diretor comercial da Egali Intercâmbio, depois dos 25 anos, a pessoa já tem uma independência que poderia dificultar a interação. A família hospedeira deve avaliar isso.

dicas Seguindo essas dicas, a família hospedeira terá uma grande experiência de vida recebendo um intercambista. l Tenha certeza de que sua casa tem condições de receber mais um membro. Pode ser que ele tenha que dividir o quarto com os seus filhos, mas é importante que o intercambista tenha um espaço que ele sabe que é dele. l Conheça o intercambista antes de ele chegar à sua casa. Pode ser por e-mail, por chamada de voz e vídeo, etc. l Trate-o como um filho, tanto para as coisas legais, como passear em família, quanto para as regras. l Apresente as regras da casa. Elas precisam estar claras para o intercambista. l Pergunte o que ele gosta de fazer ou o que tem curiosidade em conhecer. Seja solícito, simpático, mas não extrapole, impondo a sua programação. l Tenha disposição para conviver com as diferenças – elas são enriquecedoras – e dialogue sempre!

Na foto: Maria Eduarda, Jacob, Anaisa e Celso Javorski.

7


© Foto: Gilberto do Rosário

capa

Atitudes solidárias podem aparecer em diversos contextos. Mas elas são aprendidas ou as pessoas nascem assim? Por Michele Bravos

8


Solidariedade se aprende? Falar de solidariedade no Brasil atual é um desafio, diante de tantos fatos de corrupção, de violência gratuita, de discriminação. Mas, para Viviane Silva, assessora da Rede Marista de Solidariedade (RMS), o desafio não é impossível. "Há um provérbio popular que explica bem o ensino da solidariedade: se a palavra convence, o exemplo arrasta. Portanto, é preciso bons pais, bons educadores, bons exemplos inspiradores do que é viver em sociedade". Ela complementa que é importante transmitir a ideia de "eu preciso do outro para viver". Dessa forma, tem-se uma melhor compreensão de senso de justiça e solidariedade. Entendendo a solidariedade como uma virtude, a pedagoga Luciene Tognetta, doutora em Psicologia Escolar pela Universidade de São Paulo (USP) e Universidade de Genebra, acredita que ela precisa ser vivida para ser assimilada. “Eu entendo virtude como uma disposição para fazer o bem, como afirma Comte-Sponville, e o bem não é para se contemplar, é para ser feito. Em momentos de crise, por exemplo, podemos indagar crianças e adolescentes sobre os sentimentos do outro. Só assim eles podem construir instrumentos psicológicos que os tornam capazes de solidarizar”. Na família de Fernando Pereira, 17 anos, aluno da 2ª série do Ensino Médio do Colégio Marista Santa Maria, de Curitiba (PR), as práticas solidárias estão presentes nas pequenas atitudes, como conta sua mãe, Patrícia Pereira. “Uma atitude solidária pode ser dar ouvidos a alguém que está precisando desabafar. Pode ser ajudar alguém a empurrar um carro na rua – coisa que eu já fiz, inclusive. É importante que a família dê esse exemplo e incentivo aos filhos”. Patrícia ainda afirma a importância de as ideias da família estarem alinhadas com as ideias do colégio. “Quando estava buscando uma escola para o Fernando, eu priorizei os valores que a instituição passaria, pois é isso que será lembrado para sempre”. Luciene lembra que a solidariedade é um valor que precisa ser buscado como outros valores morais. "Não nascemos solidários, mas nos tornamos solidários quando conseguimos reconhecer nossas próprias dores, quando temos a experiência de compartilhar as dores dos outros. Pessoas solidárias o são porque desejam ser”, diz. Fernando conta que vive essa constante busca para ser uma pessoa solidária e que tem aprendido a valorizar o que realmente importa. “Desde que comecei a participar da Pastoral da Juventude Marista (PJM), eu me tornei uma pessoa diferente. Sou mais calmo e me preocupo mais com a minha família e meus amigos. Na PJM, não aprendemos só a ser solidários, mas a ser pessoas melhores para o mundo, aprendemos a respeitar mais as diferenças, a dispor do nosso tempo para o outro – como nas missões Maristas – e a ter autonomia”. A pedagoga destaca que a solidariedade se faz presente já na infância. “Do ponto de vista psicológico, a solidariedade é uma das primeiras virtudes que as crianças apresentam e o fazem espontaneamente porque independe de uma construção cognitiva mais evoluída. Depende, na verdade, da sensibilidade com o outro, coisa que criança desenvolve desde bem cedo pela empatia”.

9


© Fotos: João Borges

capa

Curiosidade

Patrícia complementa, expondo que, por vezes, percebe que os adultos não são solidários por medo: “Eles têm medo de ajudar um estranho e ele ser um ladrão, por exemplo. Mas acredito que o medo está relacionado à ausência de fé e as pessoas precisam crer mais, pois penso que, naturalmente, o ser humano é, sim, solidário”.

Ressignificando Por muito tempo, a ideia de assistencialismo, de dependência, esteve associada à solidariedade.

10

No livro “O Ensaio sobre a Dádiva”, do sociólogo Marcel Mauss, o autor conta a história do Rei Artur e sua Távola Redonda para concluir seus pensamentos sobre os conceitos de dar, receber e retribuir – presentes ao longo do material: “Sobre a história do Rei Artur e a Távola Redonda. Disse o carpinteiro a Artur: ‘Far-te-ei uma mesa muito bela, onde poderão sentar-se seiscentos e mais, e andar em volta, e de onde ninguém será excluído... Nenhum cavaleiro poderá travar combate, pois ali o de maior destaque estará no mesmo nível que o de menor destaque’. Não mais houve lugar de honra e, por conseguinte, não mais houve querelas. “Os povos podem enriquecer, mas só serão felizes quando souberem sentar-se, tal como cavaleiros, à volta da riqueza comum. É inútil ir procurar longe o bem e a felicidade, pois ele está ali, na paz imposta, no trabalho bem ritmado, comum e solitário alternativamente, na riqueza acumulada e depois redistribuída no respeito mútuo e na generosidade recíproca que a educação ensina”.

Entre os povos ditos primitivos já se faziam presentes atos de dar, receber e retribuir como formas necessárias para uma vida em comunidade, mesmo que, muito atreladas a relações de poder. De acordo com o que explica o sociólogo Marcel Mauss, em seu livro “O Ensaio Sobre a Dádiva”, para que um rei pudesse continuar sendo superior, ele precisava ofertar aos pobres, colocando-os em uma

posição de inferioridade. Mas, recusar não era possível, pois esse ato era o mesmo que dizer que se tinha medo de retribuir. “Ao aceitar uma dádiva, aceita-se um desafio e ele pode ser aceito porque se tem a certeza de retribuir, de provar que não se é desigual”, expõe o autor. Diante disso, existe a necessidade de ressignificar conceitos. Viviane afirma que é preciso um ou-


tro modelo de sociedade, colocando a solidariedade na contramão da visão assistencialista que marcou a história. "Necessitamos de uma sociedade em que o direito seja garantido para todos, sem exceção, onde nenhum tipo de privilégio é aceito, já que fere o princípio comum de justiça. Nesse sentido, o que se discute é uma sociedade onde se aprende, desde criança, a não levar vantagem, nem dar o jeitinho brasileiro, mas que há regras e responsabilidades a serem cumpridas. Essa é uma nova forma de entender solidariedade. Essa posição coloca em relevo a defesa de direitos humanos e a justiça social que precisam ser assumidos por todos".

Relações solidárias hoje Os caminhos da solidariedade são uma trama entre a existência de cada indivíduo e as relações em que se encontram. É preciso se perceber além de si para ser solidário. “Gosto de uma expressão de uma escritora de livros infantis, Adriana Falcão: ‘Solidariedade é quando a gente se empresta pro outro’”, diz Luciene. Fernando relata que uma das experiências mais marcantes que teve na vida foi ter participado da Missão Solidária Marista 2015, em Pouso Redondo (SC), cuja premissa era justamente o contato com o próximo. “Nós ficamos hospedados na casa de pessoas que nem conhecíamos, fazíamos visitas a famílias mais vulneráveis e estávamos o tempo todo em contato com a população durante as atividades. Para mim, isso foi exercer a solidariedade na prática”. Para Patrícia, pensar em solidariedade é pensar em “dispor o seu tempo para o outro”. “Se nos perguntarmos qual o contrário de solidariedade eu diria ‘individualidade’. Acho que, assim, esse conceito fica mais claro”, diz.

As atuais formas de comunicação, sobretudo as que se efetivam em redes, podem incentivar a construção de comunidades e, consequentemente, a prática da solidariedade, pois partem dos princípios de reconhecimento e aceitação do outro como membro da rede, bem como do desenvolvimento de respeito mútuo e de interesse pelo próximo.

dos princípios de reconhecimento e aceitação do outro como membro da rede, bem como do desenvolvimento de respeito mútuo e de interesse pelo próximo”. Viviane complementa: "Podemos entender que a solidariedade está nessas relações com o outro que nos completa, que nos constitui. O contrário disso nos desumaniza, segrega e isola. Por gerar um comportamento coletivo de corresponsabilidade, é um dos principais valores que temos". Para Danielle, a possibilidade de constituição de comunidades nesses espaços virtuais intensifica as práticas solidárias. Ela frisa que o ponto mais importante nesse contexto é o conteúdo gerado pelos membros das redes. “As tecnologias e as redes sociais não promovem solidariedade por si só, mas pelo referencial de valores que os membros dessa comunidade possuem e que se revelam nas suas relações.

Danielle Pamplona Professora da Universidade de Brasília (UnB)

O estabelecimento dessas relações de responsabilidade recíproca está diretamente ligado à comunicação, possibilitando a interação e a colaboração. Traçando um pensamento para o contexto atual, em que o mundo virtual está muito presente, a professora Danielle Pamplona, da Universidade de Brasília (UnB), afirma que “as atuais formas de comunicação, sobretudo as que se efetivam em redes, podem incentivar a construção de comunidades e, consequentemente, a prática da solidariedade, pois partem

11


capa

O campo fértil para a solidariedade é regado por valores de amor ao próximo, respeito às diferenças, justiça e ética. Cabe, portanto, aos membros dessas redes incentivar práticas que levem à formação de indivíduos comprometidos com o outro, que priorizem a dimensão humana, a valorização do outro e o fortalecimento dos laços solidários”.

Solidariedade x classes sociais Tendo esse conceito como norte, a solidariedade pode se fazer presente inclusive em ambientes menos favorecidos. "Ainda que o meio seja desfavorável, as dificuldades vividas podem ser superadas. Aliás, é de ambientes vulneráveis que surgem bons exemplos de partilha e solidariedade", diz Luciene. Viviane vivencia isso na prática por meio da RMS, que atua na criação de uma nova mentalidade nos contextos em que está presente. "Não fazemos atos pontuais de generosidade

Não nascemos solidários, mas nos tornamos solidários quando conseguimos reconhecer nossas próprias dores, quando temos a experiência de compartilhar as dores dos outros. Pessoas solidárias o são porque desejam ser. Luciene Tognetta Pedagoga e doutora em Psicologia Escolar pela Universidade de São Paulo (USP) e Universidade de Genebra

nos locais vulneráveis em que estamos, mas temos a solidariedade como valor e comprometimento em defesa da vida em todas suas formas, contribuindo assim para a superação da pobreza e da desigualdade, e pela defesa e promoção dos direitos das crianças e jovens". Conheça o Projeto Propulsão, na editoria Solidariedade desta edição, e saiba como a solidariedade é desenvolvida com

12

jovens em situação de vulnerabilidade social.

Por que se faz o bem? Para alguns, ser solidário e fazer o bem são sinônimos. Já, para Viviane, entendendo solidariedade como uma oposição ao individualismo, ela considera que ser solidário é mais que fazer o bem. "A solidariedade supera a busca individual, levando-nos a uma busca

coletiva para encontrarmos soluções para problemas comuns". No fim, praticar a solidariedade e fazer o bem têm como finalidade promover algo de bom, em que todos, tanto quem ajudou, quanto quem foi ajudado, saem ganhando. Luciene afirma que esse jogo de interesse existe – mesmo que no âmbito psicológico – uma vez que “o desejo de ser reconhecido como alguém do bem é o que leva


© Fotos: João Borges

© Foto: Gilberto do Rosário

Fernando Pereira, 17 anos, aluno da 2ª série do Ensino Médio do Colégio Marista Santa Maria, de Curitiba (PR), e sua mãe Patrícia Pereira.

Da comunidade para a comunidade A origem atrelada a espaços populares motivou um grupo de pesquisadores a criar o Observatório de Favelas, “uma organização social de pesquisa, consultoria e ação pública dedicada à produção do conhecimento e de proposições políticas sobre as favelas e fenômenos urbanos”, como a própria organização se define. O Observatório existe desde 2001 e conta com atividades em diversas áreas de atuação: educação, políticas urbanas, comunicação, cultura, direitos humanos. Por meio das ações realizadas, a comunidade é instigada a se conhecer, a se desenvolver pessoalmente e a voltar o seu olhar e atenção para o meio em que estão, assim como para as pessoas ao seu redor. Para mais informações, acesse o site através do link: observatoriodefavelas.org.br

uma pessoa a agir bem. Queremos nos ver como solidários e detestamos nos ver como egoístas”. Fernando conclui que, independente do que move as pessoas a fazerem o bem, ser solidário contagia quem está ao redor e isso gera um efeito de causa e consequência positivo. “Quando você quer ser mais solidário e faz isso, você está servindo de exemplo para as pessoas e, consequentemente, influencia a todos”.

A solidariedade supera a busca individual, levando-nos a uma busca coletiva para encontrarmos soluções para problemas comuns. Viviane Silva Assessora da Rede Marista de Solidariedade (RMS)

13


© Fotos: Acervo do Colégio

entrevista

Todos podem ser solidários O despertar da solidariedade é possível e depende de um compilado de fatores externos e pessoais. Apostas do Grupo Marista nessa área visam promover uma consciência crítica sobre o tema Por Michele Bravos

14


A expressão da solidariedade se dá de formas distintas em cada meio e para cada pessoa. Para refletir sobre o assunto e apresentar de que forma o Grupo Marista pretende potencializar o despertar dessa prática nos Colégios, César Augusto Ribeiro é o entrevis-

Sem ignorar o fato de que a solidariedade pode ser ensinada e aprendida, na sua opinião, há pessoas que simplesmente nascem solidárias?

É uma questão difícil. Do ponto de vista biológico, há instintos de preservação que podem ser vistos como solidários – como, por exemplo, uma mulher que acolhe e cuida de uma criança em situação de risco de vida. Porém, entendendo a solidariedade como algo mais dinâmico, que ganha níveis e significados distintos ao longo do tempo e na diversidade de culturas, é difícil concluir que alguém já nasça solidário. É preferível afirmar que todos nascem com a possibilidade de desenvolver esse valor.

A solidariedade está na essência Marista. Por que investir no desenvolvimento de um ser humano mais solidário?

A educação Marista se pauta em vários princípios que apontam para a solidariedade como uma das virtudes de nosso tempo: a formação integral, o desenvolvimento da alteridade e da paz, o protagonismo das infâncias e juventudes, a cidadania planetária e outros que emanam da ética cristã.

Entendendo a solidariedade como algo mais dinâmico, que ganha níveis e significados distintos ao longo do tempo e na diversidade de culturas, é difícil concluir que alguém já nasça solidário.

tado desta edição da Em Família. Ribeiro tem uma longa caminhada no Grupo Marista, já tendo colaborado diretamente com a Rede de Solidariedade Marista. Atualmente, ele é coordenador de Pastoral do Colégio Marista de Maringá (PR).

Quais as apostas para este ano nas unidades pastorais dos Colégios?

A missão Marista no mundo é a educação de crianças e jovens, com um grande foco na defesa e na promoção da vida. Já há algum tempo, as Diretrizes da Ação Evangelizadora do Grupo Marista apontam para a solidariedade socioambiental como um elemento inculturador do Evangelho. A Rede Marista de Solidariedade avançou muito e tem um belíssimo trabalho no campo da defesa e da promoção dos direitos das infâncias e juventudes em situação de vulnerabilidade, pois amplia a ação social em rede, participa de espaços de construção e controle social das políticas públicas e motiva o Grupo Marista a avançar na educação para a solidariedade. Em sintonia com essa caminhada, em 2015, a Pastoral da Rede de Colégios assumiu a promoção e a defesa das infâncias e juventudes como um de seus eixos de análise e estruturação. O objetivo desse eixo é consolidar o posicionamento da comunidade educativa frente à defesa e à promoção dos direitos das infâncias e juventudes em sintonia com os direcionamentos da Rede Marista de Solidariedade (boas práticas de gestão, projetos de solidariedade, mobilização e comunicação) para que a vivência da fraternidade e da caridade cristã abra caminhos e estabeleça pontes para uma cidadania solidária. A aposta está em programas, projetos e ações estratégicos e inovadores que colaborem para que os diversos interlocutores – alunos, famílias, educadores, colaboradores, parceiros – desenvolvam a consciência crítica, ampliem seu olhar sobre a solidariedade, atribuam novos sentidos e colaborem para a transformação positiva do mundo.

15


entrevista Para algumas pessoas, solidarizar-se com o outro, colaborar para essa transformação positiva é um verdadeiro exercício. Por que, às vezes, pode parecer difícil se doar ao próximo?

Não é fácil controlar os instintos egoístas e a tendência à acomodação. Nesse sentido, é difícil superar paradigmas anacrônicos, estruturas obsoletas e preconceitos em favor do bem comum. Dá trabalho sair de si, estimular a consciência crítica, reconhecer incoerências pessoais, desenvolver a alteridade, buscar coletivamente soluções assertivas com foco no grupo. Porém, a maior parte dos que começaram a desenvolver sua dimensão solidária encontrou um caminho de realização, ampliou o sentido de sua existência e tornou sua vida mais dinâmica.

Dá trabalho sair de si, estimular a consciência crítica, reconhecer incoerências pessoais, desenvolver a alteridade, buscar coletivamente soluções assertivas com foco no grupo.

16

Ser solidário e fazer o bem são a mesma coisa?

Há diferentes níveis de solidariedade. De maneira simplificada, poderíamos destacar três. O primeiro é o assistencialismo. Muitas pessoas se comovem com o sofrimento alheio e se dispõem a ajudar, mas não necessariamente colaboram para que as raízes do sofrimento sejam superadas. O segundo é a fraternidade. Há pessoas que se dispõem a superar preconceitos e conviver com quem sofre. Aprendem que a solidariedade é um “caminho de mão dupla”, de interlocução que promove o crescimento de todos os envolvidos. O terceiro é a defesa e a promoção dos direitos e a emancipação dos sujeitos. Quem está nesse nível assume direta e indiretamente o acompanhamento das políticas públicas que incidem na vida de todos e o apoio às iniciativas que buscam superar as causas da vulnerabilidade social e econômica. Pensando assim, podemos afirmar que ser solidário e fazer o bem podem ser sinônimos, mas têm formas e impactos distintos. César Augusto Ribeiro, coordenador de Pastoral do Colégio Marista de Maringá (PR).


índice

Por Kelly Erdemann

destaque

30

Projetos desenvolvidos no Marista Criciúma ensinam às crianças a importância do pensamento sustentável.

com a palavra

ed. infantil

ens. fundamental

18

20

22

O que pensa a Diretoria-Geral.

Com atividades, carinho e atenção, crianças se acostumam mais facilmente à rotina escolar.

Desafios envolvem crianças, famílias e escola, que devem se unir em prol do conhecimento.

ens. médio

diz aí

caleidoscópio

24

26

28

você sabia?

gente nossa

ser melhor

32

34

36

Dúvidas sobre como escolher a universidade ideal invadem os pensamentos de alunos do Ensino Médio.

Projeto Miniempresa aguça o espírito empreendedor de alunos do Ensino Médio.

Qual a universidade dos seus sonhos? Por quê?

Projeto de natação descobre talentos, diverte e dá contrapartida social à população de Criciúma.

Relembre os principais acontecimentos do Colégio.

Conheça algumas ações da Pastoral.


com a palavra

Colégio Marista um ambiente familiar e seguro

18

Colégio Marista Criciúma

controle de acesso. As duas portarias do Marista estão equipadas com catracas eletrônicas, garantindo a entrada somente às pessoas autorizadas. Os portões do estacionamento, que dão acesso ao Colégio, também estão equipados com sistema eletrônico, permitindo a entrada somente de funcionários e fornecedores autorizados. A direção do Colégio relembra que a eficiência do sistema depende do comprometimento dos usuários, que, além de respeitar as orientações, devem ajudar na fiscalização do processo como um todo. Os usuários que porventura extraviarem ou perderem seus cartões devem entrar em contato com a secretaria imediatamente. Paralelamente ao controle de acesso, o Colégio possui 48 câmeras de segurança instaladas com o objetivo de monitorar o fluxo de pessoas nos ambientes internos e arredores. Porém, vale lembrar que as medidas anunciadas, se praticadas de forma isolada, não passam apenas de uma sensação de segurança. É importante que toda a comunidade educativa, pais, estudantes e educadores, envolvam-se em um debate permanente e tomem medidas em conjunto.

Pais e gestores devem pensar e trabalhar em parceria para que os riscos sejam minimizados. Garantir a segurança longe da escola está fora do alcance dos gestores; no entanto, não se pode cruzar os braços.

Valentin Fernandes Diretor-Geral

© Foto: Acervo do Colégio

Você já deve ter ouvido, em algum momento, que o Colégio Marista é um centro de aprendizagem, de vida e de evangelização. Seguindo sua missão educativa, a Escola leva os educandos a aprender a aprender, a fazer, a conviver e, principalmente, a ser. Ao acessar as dependências do Marista, já se percebe que os ambientes também auxiliam no processo educativo. Tanto dentro da sala como fora dela, tudo é pensado para que os elementos se comuniquem e auxiliem no processo, facilitando o aprendizado e a convivência entre a comunidade educativa. Diferentemente do passado, as crianças passam cada vez mais tempo na escola. Além do curricular, o Colégio oferece uma gama de atividades, possibilitando que grande parte do tempo seja ocupada com atividades esportivas e culturais que contribuem para a formação integral dos educandos. Além de o ambiente ser espaçoso, aconchegante e amplo, é necessário que estudantes, familiares e educadores levem em consideração as normas de convivência, o que facilita a organização diária e evita pequenos conflitos, em suma, entre as crianças. É bom lembrar, nesse sentido, que os responsáveis pela gestão desse espaço escolar são os educadores da Instituição, representados pelo Serviço de Assistência ao Aluno (SAA). Pais e responsáveis que circulam pelas dependências devem procurar apoio do Colégio, evitando resolver o conflito por conta própria. Mesmo que o Colégio disponha de ambiente adequado para as distintas faixas etárias, conflitos podem surgir – afinal, correr e brincar fazem parte do desenvolvimento. Ninguém está livre de riscos, perigos ou perdas. Pais e gestores perdem o sono pela preocupação com a vulnerabilidade das crianças e jovens no Colégio, principalmente na rotina de ida e volta. E hoje em dia não se pode pensar que problemas com segurança acontecem apenas em colégios situados em áreas de risco. Pais e gestores devem pensar e trabalhar em parceria para que os riscos sejam minimizados. Garantir a segurança longe da escola está fora do alcance dos gestores; no entanto, não se pode cruzar os braços. Orientações e ações com o objetivo de amenizar os riscos foram desencadeadas, contando sempre com o apoio dos pais, alunos e – se for o caso – da Polícia Militar. Outro ponto que merece atenção é o acesso ao Colégio. Depois de ouvir a comunidade educativa, a Instituição intensifica os cuidados, implantando um sistema de



© Foto: Tamiris Brígido

ed. infantil

De braços abertos para acolher a todos Com atividades, carinho e atenção, crianças da Educação Infantil se acostumam mais facilmente à rotina escolar

20

Os primeiros dias de aula são sempre desafiadores, principalmente para as crianças matriculadas na Educação Infantil. Acostumadas com a companhia da família, elas sentem falta da segurança, dos abraços e da atenção dos pais e irmãos. Para deixar esse processo de adaptação mais tranquilo, o Colégio Marista Criciúma estende a toda equipe educacional a preocupação com a acolhida dos alunos. Segundo Jacqueline Teixeira, assistente psicopedagógica, é necessário conquistar a confiança dos pequenos estudantes e também dos responsáveis, pois a insegurança costuma acometer tanto os pais quanto os filhos. “Os sentimentos manifestados pela família ao deixar a criança no Colégio interferem diretamente no resultado do processo de adaptação”, explica. Além dessa conscientização, o Marista Criciúma se preocupa em apresentar diferentes atividades às novas turmas. Segun-

Colégio Marista Criciúma

do Jacqueline, os professores da Educação Infantil estão sempre atentos a novidades que possam facilitar a acomodação. Um dos mecanismos iniciais utilizados com as turmas de crianças menores é a divisão do grupo em dois. Assim, o primeiro deles entra na Escola no início da tarde e fica até a chegada do segundo. Essa subdivisão permanece ativa por duas semanas e facilita a acolhida já que, com um número pequeno de alunos, cada um deles pode receber ainda mais atenção e carinho. Outra iniciativa primordial diz respeito aos pais. Nos primeiros encontros, eles são convidados a permanecer em sala de aula para interagir com a turma. Além disso, diariamente, os professores divertem os estudantes com pequenas surpresas, como caixas sensoriais, objetos sonoros, bolas coloridas e de sabão. “Assim, explorando as brincadeiras, a turma se envolve, esquece temporariamente da falta dos familiares e


passa a se sentir segura na companhia das professoras”, complementa Jacqueline Teixeira. Nos grupos de crianças maiores, a partir do Infantil 3, o ambiente é preparado e reorganizado constantemente para que fique harmonioso, agradável e interessante. Na Educação Infantil do Marista Criciúma, todas as salas de aula e o hall do prédio possuem espaços temáticos (da fantasia, da casinha, do escritório, da natureza, da leitura) sugeridos, construídos e cuidados pelas turmas. Para Jacqueline Teixeira, essa forma de organização dos ambientes contribui para o desenvolvimento das crianças, pois oferece diferentes possibilidades de brincadeira e diálogos para um mesmo grupo, tornando a permanência na Escola prazerosa, acolhedora e eficaz. Um dos pontos mais atraentes, logicamente, é o parque, que sempre agrada a todos. No caso do Colégio, vai além dos brinquedos tradicionais, pois possui uma casinha de bonecas sustentável, com captação da água da chuva. O início das aulas de maneira escalonada é outra iniciativa que facilita a acolhida dos alunos que já frequentaram o Marista Criciúma. Dessa forma, explica Jacqueline, as crianças são recepcionadas por suas professoras do ano anterior, que passam esses primeiros momentos de retorno na companhia dos alunos, desenvolvendo atividades e brincadeiras juntamente com as professoras atuais, tornando a passagem de série um processo menos doloroso para os pequenos. Entretanto, isso é tão valioso para os pequenos estudantes quanto o comprometimento de toda a equipe educacional. “Os primeiros contatos devem acontecer de maneira tranquila e carinhosa. É importante recebê-los com um caloroso abraço e o comentário do quanto se está feliz naquela situação. Isso, quando dito de maneira sincera e olhando nos olhos da criança, trará maior

segurança e confiança ao relacionamento que se inicia”, enfatiza a assistente psicopedagógica.

A Dimensão da Acolhida e Relações Solidárias são preocupações constantes da equipe do Marista Criciúma. Jacqueline Teixeira Assistente psicopedagógica

Ela esclarece que, para a equipe Marista, é de suma importância se colocar no lugar do aluno e imaginar o quão difícil pode ser a despedida dos pais e a entrada na escola. “O principal receio da criança é de que

a família não retornará para buscá-la, principalmente no caso das que nunca haviam frequentado o Colégio. Para os maiores, o medo é de não serem aceitos pelos colegas”, comenta. Porém, ao prestar atenção a esses temores, os professores conseguem dimensionar os sentimentos que, em situações assim, tomam conta das crianças e incitam choros e tristezas. “Isso ajuda na elaboração de estratégias de mediação que confortam os pequenos de maneira mais rápida e eficaz, estabelecendo vínculos de afeto e deixando-os felizes ao virem para a Escola”, explica. Para dar ainda mais força a essas ações, nos grupos de crianças menores, muitas vezes, as professoras formam duplas por meio da análise de características específicas complementares. Então, a partir daquele dia, ao saírem da sala para algum passeio ou atividade, elas caminham de mãos dadas com a finalidade de cuidar uma da outra. A dinâmica recebe o nome de Anjo Amigo e tem como objetivo despertar a preocupação e a necessidade do cuidado, ampliando vínculos afetivos. “A Dimensão da Acolhida e Relações Solidárias são preocupações constantes da equipe do Marista”, completa Jacqueline Teixeira.

A recepção dos alunos da Educação Infantil conta com estratégias diversas para amenizar a saudade da família e o receio das crianças de ficarem na Escola.

Colégio Marista Criciúma

21


Letramento e alfabetização: portas abertas para o mundo!

Brincar, criar, explorar, imaginar, investigar e descobrir são práticas educativas que devem fazer parte do dia a dia das crianças.

Desafios envolvem crianças, famílias e Escola, que devem se unir em prol do conhecimento

22

Ler, escrever e compreender o mundo ao redor. Essas são necessidades latentes na vida de cada ser humano e, por isso, merecem atenção especial na infância, quando ainda lançam desafios diários a todos. No caso das crianças, os símbolos que se apresentam como uma grande novidade podem gerar confusões, e decifrá-los e codificá-los nem sempre são tarefa fácil. Já com relação aos adultos, a problemática principal é compreender o tempo de aprendizado dos pequenos e aceitar as diferenças impostas pela individualidade. Cooperando com esse processo, a escola deve oferecer aos alunos meios de conhecer o mundo, incentivando a comunicação e a expressão. “A criança se alfabetiza quando descobre que o seu universo é feito de coisas que pode pegar, cheirar, apertar, morder. Coisas que também podem ser representadas na imitação, na dramatização, na música, na dança, no desenho e na palavra escrita”, explica Claudia Kochhann de Lima, coordenadora psi-

Colégio Marista Criciúma


© Fotos: Tamiris Brígido

copedagógica da Educação Infantil e Fundamental I do Marista Criciúma. Segundo a profissional, há diferenças importantes entre a alfabetização e o letramento. O primeiro caso só é possível ao se ter domínio do código grafema/fonema, ou seja, quando se aprende a ler e a escrever. Porém, o segundo requer a constituição da capacidade de usar a leitura e a escrita nas práticas sociais. “Elas estão presentes desde a entrada das crianças na Educação Infantil e o letramento inicia antes do acesso à escola”, completa, afirmando que é preciso investir nos dois ao mesmo tempo, pois a capacidade e os conhecimentos adquiridos em uma área contribuem para o desenvolvimento na outra. Tendo isso em mente, cabe à família estimular os estudantes, proporcionando a eles as mais variadas atividades. Porém, também é indicado que os pais controlem a própria ansiedade nesse período de descobertas. Para a coordenadora, comparações são prejudiciais e devem ser evitadas. Isso porque a alfabetização requer um conjunto de competências e habilidades que independem apenas da vontade do aluno. “É fundamental que a família autorize a criança a aprender, pois aprender a ler e a escrever significa crescer e depende da família essa autorização. Muitos pais, inconscientemente, temem dar autonomia e perder a criança pequena que, até então, está totalmente sob seu controle”, destaca. Paralelamente, é de suma importância valorizar o saber e, em ações cotidianas, demonstrar aos estudantes o quanto aprender pode ser prazeroso e necessário à vida. De acordo com Claudia, famílias que estimulam o aprendizado também costumam respeitar a escola e a envolvem na rotina. Além disso, geralmente elencam como prioridade a organização dos horários das crian-

[As práticas sociais] estão presentes desde a entrada das crianças na Educação Infantil e o letramento inicia antes do acesso à escola. Claudia Kochhann de Lima Coordenadora Psicopedagógica da Educação Infantil e Fundamental I

ças referentes à alimentação, lazer, sono, hábitos de higiene e estudo. Para a Escola, porém, os desafios giram em torno do atendimento à diversidade das famílias e de cada pessoa, conhecendo as particularidades e oportunizando atividades significativas e prazerosas com foco na alfabetização. A coordenadora ressalta que o relacionamento entre professor e aluno deve ser de confiança, de acolhimento e de responsabilidade. Valorizar cada conquista e ser incansável nas ações para o alcance dos

objetivos são iniciativas primordiais. “Muito importante é o professor deixar as crianças seguras quanto aos seus erros, pois são eles também que efetivam as aprendizagens. Cabe ao professor dar espaço para as tentativas e para as hipóteses levantadas pelos estudantes”, ressalta. Ela enfatiza, ainda, que é compromisso da educação Marista oferecer ambientes significativos de aprendizagem e experiências solidárias, abrindo espaços para o exercício constante do desafio, da comunicação e da investigação: “Brincar, criar, explorar, imaginar, investigar e descobrir permeiam as práticas educativas no segmento das infâncias”. Constantemente convidados a refletir sobre a diversidade cultural, as identidades dos sujeitos da escola, o respeito ao outro e o exercício do diálogo, os alunos do Marista Criciúma são estimulados a se tornar pessoas solidárias, pesquisadoras e prontas para se expressar e se posicionar diante do mundo.

Colégio Marista Criciúma

23


© Fotos: Tamíris Brígido

Para auxiliar os estudantes na tomada de decisões profissionais, o Marista Criciúma desenvolve diversas atividades, como Seminário de Profissões, orientação profissional e acompanhamento com a Direção Educacional.

futuro De olho no Dúvidas sobre como escolher a universidade ideal invadem os pensamentos de alunos do Ensino Médio Os anos dedicados ao Ensino Médio são sempre pautados por dúvidas e decisões importantes. É durante esse período que os jovens precisam direcionar o futuro. Mas certas escolhas, como qual profissão seguir, o melhor curso de formação e a faculdade ideal, são tarefas difíceis e repletas de incógnitas. Ex-aluno do Marista Criciúma, Henrique Teixeira sabe bem como é passar por esse momento. “Acredito que a maior dificuldade é a definição de curso devido à falta de maturidade e conhecimento sobre a área na qual iremos atuar, porque, afinal, é o que faremos pelo resto da vida”, comenta. Para tentar ultrapassar esse processo de forma mais tranquila, enquanto frequentava as aulas da 3ª série do Ensino Médio, ele assistiu a diversas palestras sobre diferentes profissões no Colégio. Ao longo de 2014, o estudante ouviu os relatos de diferentes profissionais, bem como participou do já tradicional Seminário de Profissões promovido pela Instituição. Além disso, o ex-aluno lembra que o Marista Criciúma oferece suporte para os interessados em cursos concorridos, ajudando-os a traçar objetivos claros e seguros em um ano de tantas dúvidas. Com tudo isso, o calouro Henrique conseguiu tomar decisões importantes. “Eu, por exemplo, na hora de escolher a universidade, levei em conta o renome e a história do curso, posição nos rankings e localização próxima de possíveis estágios e empresas da área”, explica. De acordo com diretora educacional do Marista Criciúma, Ingrid Martins, nesse período que antecede o vestibular,

24

Colégio Marista Criciúma

o autoconhecimento é fundamental. Ela esclarece que todas as atividades desenvolvidas pela escola devem ter como base a integralidade do aluno. “Já a família precisa apoiar as escolhas feitas e incentivá-los a acreditar nos seus sonhos”, complementa. Para ela, mesmo antes de se alcançar o Ensino Médio, as atividades cotidianas são oportunidades de reflexão sobre habilidades e dificuldades. Entretanto, vários outros critérios tendem a ditar a tomada de decisão quanto ao futuro profissional. “É preciso refletir sobre os interesses do aluno, suas habilidades, mercado de trabalho e retorno financeiro. Não há como entrar em uma profissão tendo como objetivo apenas um desses aspectos”, enfatiza. Na opinião dela, o trabalho é parte integrante da vida e, sendo assim, jamais deveria ser encarado como um fardo. Com o objetivo de elucidar todas essas situações presentes no imaginário dos alunos, o Marista Criciúma inclui diversas atividades em sua rotina. Paralelamente ao Seminário de Profissões, ainda ocorrem orientação profissional, para o estudante se conhecer melhor, e apoio da Direção Educacional em relação a universidades e possibilidades de ingresso.

C

M

Y

CM

MY

CY

CMY

K



diz aí

?

Qual a universidade dos seus

Luiza Mazon Freitas EM2BM 15 anos

Giácomo Lemos SÔnego EM3BM 17 anos

Carlos Eduardo Medeiros EM3BM 17 anos

“Não sonho com nenhuma universidade específica, mas tenho como objetivo alcançar uma bolsa para estudar fora do Brasil, por meio de um esporte, como o tênis. Pretendo cursar Administração no exterior, pois imagino que será uma experiência que pode me tornar mais madura por precisar lidar com uma cultura diferente e a saudade da família e dos amigos.”

“Ainda não sei ao certo o curso que quero fazer. Mas a universidade dos meus sonhos é a PUCRS por ser muito moderna, com um dos câmpus mais bonitos que já vi e que foca na solidariedade dentro da filosofia de Marcelino Champagnat.”

"A UFSC, pois completando seus 50 anos é a única universidade federal de Santa Catarina e tem cursos renomados no mundo todo. Outro atrativo é a localização do seu campus principal, em Florianópolis uma das melhores cidades do país para se viver."

26

Colégio Marista Criciúma

© Fotos: Tamiris Brígido

SONHOS


Joana Gomes Benedet EM3CM 17 anos

Ana Flávia da Rosa Souza EM3CM 17 anos

Maria Julia Constantino EM2AM 15 anos

“Desde pequena, já sentia uma atração diferente pela moda. Não sei ao certo se eram as cores, as texturas...O tempo foi passando e fui descobrindo que esse era o meu mundo. Nada me encanta mais do que o universo da moda. Por isso, pretendo ingressar na Udesc, onde tem um dos melhores cursos de Moda do país. Posso parecer nova para tomar uma decisão sobre meu futuro profissional, mas sei que se não trabalharmos com algo que realmente amamos pode acabar virando apenas uma obrigação.”

"Não tenho o sonho por uma universidade específica, mas pretendo cursar Odontologia. Por enquanto, penso em fazer o curso na Unesc por ficar próxima à família, tendo assim mais apoio do que se eu fosse estudar longe de casa."

“Hoje, meu sonho de universidade é a USP, pois pretendo prestar vestibular para Medicina. O ensino é considerado um dos melhores do Brasil, por isso o nível de concorrência é muito alto. Penso que esse curso trará muitas oportunidades profissionais para mim.”

palavra da educadora “Alguns de nossos jovens ainda chegam ao final do Ensino Médio sem definir o futuro profissional. É importante que a escola, durante o Ensino Médio, ofereça seminários sobre profissões, palestras com profissionais de diversas áreas e visitas às universidades para que a escolha seja a mais segura e consciente dos desejos de cada educando. A escolha de uma boa universidade fará diferença na qualidade do aprendizado e na boa apreciação do currí-

culo pelo mercado de trabalho. Na hora de decidir, o jovem deve conhecer o câmpus e as instalações, observar a qualificação profissional dos professores, conferir se o currículo é de qualidade e constatar a eficiência das pesquisas desenvolvidas. Observando esses aspectos, a escolha pode ser a certa!”

Karin Patricia Reis Coordenadora psicopedagógica do EF II e EM

Colégio Marista Criciúma

27


caleidoscópio

2014

© Fotos: Acervo do Colégio

Exposição fotográfica Os alunos do 2º ano realizaram uma incrível exposição fotográfica chamada “Como é bom brincar”.

Mostra de arte Com a tradicional parceria com o Museu de Zoologia da Unesc, aconteceu mais uma edição da Mostra de Arte animal com as crianças do 1º ano do Fundamental.

Projeto Minha Cidade Como é bom conhecer a história da nossa cidade. As crianças do 3º ano do EF I descobriram muitas coisas com o Projeto Minha Cidade.

EVENTOS Mundo da poesia O tempo passa, mas os momentos especiais e conhecimentos adquiridos pelas crianças do 4º ano permanecerão para sempre em suas lembranças.

Auto de Natal Um belo espetáculo que encantou e emocionou a todos. A alegria do Menino Jesus que chega a todos os corações.

Noite do Soninho A noite mais esperada pelas crianças foi cheia de surpresas e diversão.

28

Colégio Marista Criciúma

Projeto Infância Ser criança é bom demais! Os alunos do 5º ano pesquisaram e refletiram sobre os direitos e deveres da criança em nossa sociedade.


Orgulho Marista Os nossos alunos sempre preparados para todas as provas da vida.

Terceirão 2015 O ano promete para os alunos. Esta é a meta: muita dedicação e esforço para deixar sua marca no mundo e se eternizar.

2015

Lava-pés As crianças, por meio desta atividade, aprendem sobre os valores ensinados por Jesus no gesto do lava-pés.

EVENTOS

Intervalo diferente O Terceirão 2015 aproveita cada minuto do seu último ano no Colégio.

Estátua de Champagnat A novidade no pátio nos faz lembrar da referência de educação e amor de Marcelino Champagnat.

Encontro do Terceirão 2014 Nossos ex-alunos voltaram ao Colégio para celebrar sua aprovação no vestibular e matar a saudade dos professores e amigos.

Colégio Marista Criciúma

29


© Foto: Acervo do Colégio

destaque

Conscientização,

conhecimento e diversão

Projetos desenvolvidos no Marista Criciúma ensinam às crianças a importância do pensamento sustentável

30

O tema sustentabilidade é, ano após ano, uma necessidade a ser discutida e aprendida. Com a consciência de cuidado com o planeta ainda mais latente ao longo do tempo, o assunto ganha nas crianças importantes anfitriões e defensores. Então nada mais plausível do que incentivar nelas as mudanças de hábitos e a construção de novas maneiras de encarar a relação entre o ser humano e a natureza ao seu redor. No Colégio Marista Criciúma, essa preocupação ganhou corpo por meio dos projetos Minhoeco e Chuva de Ideias. Segundo Claudia Kochhann de Lima, coordenadora psicopedagógica da Educação Infantil e do Ensino Fundamental I, a inspiração foi o próprio currículo escolar, que abrange a dimensão da consciência planetária. “Os projetos surgiram da necessidade de desenvolver

Colégio Marista Criciúma

ações didáticas que dessem significado às aprendizagens sobre sustentabilidade e foram realizados em parceria com a empresa de engenharia e consultoria ambiental ECO Jr., do curso de Engenharia Ambiental da Unesc [Universidade do Extremo Sul Catarinense]”, completa. Na prática, o Minhoeco levou os alunos à construção de uma composteira, utilizando apenas resíduos orgânicos produzidos por eles mesmos durante o horário do lanche. Posteriormente, o composto resultante, chamado de húmus, foi repassado à horta do Colégio, estimulando a produção de alface. As crianças, dessa maneira, compreenderam que, muitas vezes, o que é descartado como lixo pode beneficiar a própria alimentação. No decorrer do projeto, as crianças envolvidas adicionaram minhocas à


A horta contou com húmus de composteira e foi regada com água captada da chuva por meio de um sistema instalado na casa de bonecas. © Fotos: Acervo do Colégio | Tamiris Brígido

composteira. Assim, perceberam o quão importante esse ser é para a formação do húmus. “Isso permitiu a construção do conhecimento de que cada ser vivo possui sua importância no ambiente em que vivemos e que devemos respeitá-los”, afirma a laboratorista Maiuli Neves Antunes Benincá. Paralelamente ao Minhoeco, os estudantes também participaram do projeto Chuva de Ideias. O objetivo foi complementar o aprendizado tratando da reutilização dos recursos naturais. Para tanto, os alunos acompanharam a construção de um sistema de captação de água instalado na casa de bonecas, ao lado da horta da Educação Infantil. A iniciativa promoveu entendimento acerca do uso alternativo da água em atividades rotineiras, como regar as plantas do Minhoeco e lavar as calçadas do parque. O principal desafio dos projetos foi despertar nas crianças o interesse pela investigação. “Temos como meta formar cidadãos comunicadores, solidários e pesquisadores, e acreditamos que essas habilidades devem ser desenvolvidas desde a primeira infância”, destaca Jacqueline Teixeira, assistente de Educação Infantil. Por isso, ensinar a pesquisar, a trabalhar em grupo e a pensar em múltiplas soluções que podem ser testadas e comparadas também faz parte da rotina do Marista Criciúma. Para Maiuli, é visível que os projetos conscientizaram as turmas participantes. Além das discussões em sala de aula, as crianças levaram as informações aprendidas para as famílias, contribuindo para a socialização da iniciativa. Levando tudo isso em consideração, em 2015, o Michoeco e o Chuva de Ideias novamente pautarão o cotidiano do Colégio. “As crianças do atual Infantil 5 repassaram, por meio de uma palestra, o projeto para o Infantil 4 deste ano”, enfatiza. O efetivo recomeço, que depende da fabricação do composto, terá

como foco o plantio de mudas de chá e de cenoura. A produção será mantida pelos estudantes com a captação da água da chuva. Em 2014, inicialmente, o Minhoeco contou com envolvimento das turmas do Infantil 4 e suas professoras, pois a meta era integrar ideias sustentáveis ao dia a dia. Os colaboradores da manutenção do Colégio Marista Criciúma também participaram, fornecendo suporte à composteira, com a aeração e a limpeza do local. Em um segundo momento, foi percebida a motivação dos funcionários da cozinha da Educação Infantil, que contribuíam com resíduos orgânicos de outras turmas. Por fim, os alunos do 4º ano do Fundamental I participaram de uma socialização do Projeto Minhoeco, no qual houve troca de conhecimentos adquiridos durante todo o processo. Já no Chuva de Ideias, as atividades foram desenvolvidas pelas crianças do 1º ano do Fundamental I, pois, de

acordo com a professora, pensou-se em integrar os conteúdos abordados com a prática sustentável.

Os projetos surgiram da necessidade de desenvolver ações didáticas que dessem significado às aprendizagens sobre sustentabilidade. Claudia Kochhann de Lima Coordenadora psicopedagógica da Educação Infantil e Ensino Fundamental I

Colégio Marista Criciúma

31


você sabia?

Economia e negócios,

aí vamos nós!

© Fotos: Acervo do Colégio

Projeto Miniempresa aguça o espírito empreendedor de alunos do Ensino Médio

É na adolescência que a maioria das pessoas começa a definir o futuro profissional. Em meio a todas as opções que o mercado de trabalho oferece, muitas são as dúvidas a serem esclarecidas antes da tomada de qualquer decisão. Mas, aos que têm mínimo interesse pelo empreendedorismo, o Marista Criciúma oferece ensinamentos importantes. Com o projeto Miniempresa, o programa da Junior Achievement proporciona aos alunos do 2ª série do Ensino Médio a chance de vivenciar o segmento de economia e negócios. Trata-se de uma associação educativa sem fins lucrativos, mantida pela iniciativa privada, cujo objetivo é despertar o espírito empreendedor nos jovens. Para a coordenadora do projeto e gerente administrativa do Colégio Giselle dos Passos Vieira, a iniciativa tem como objetivo despertar o espírito

32

empreendedor nos jovens, além de estimular o desenvolvimento pessoal, proporcionar visão clara do mundo dos negócios e facilitar o acesso ao mercado de trabalho.

dade empresarial e os fundamentos da economia de mercado por meio do método aprender-fazendo, em que cada participante se converte em um miniempresário.

A miniempresa

Sensibilização

Durante 15 semanas, os estudantes, chamados de achievers (empreendedores), aprendem conceitos de livre-iniciativa, mercado, comercialização e produção. As atividades são desenvolvidas na própria escola e em jornadas semanais.

Antes de participar do projeto da miniempresa, é preciso assistir a uma palestra de sensibilização. Depois, os alunos interessados devem se inscrever e, então, passar por uma seleção organizada pela Junior Achievement, com apoio da equipe educacional do Colégio Marista Criciúma.

Advisers As atividades da miniempresa são acompanhadas por quatro profissionais voluntários. Chamados de advisers (conselheiros), eles são especialistas das áreas de marketing, finanças, recursos humanos e produção. Durante os encontros, os alunos tomam conhecimento sobre a ativi-

Colégio Marista Criciúma

De acordo com Giselle, os principais desafios da iniciativa são conseguir transformar alunos em uma equipe de miniempresários e manter as jornadas atrativas para eles. “Nosso esforço é para que consigam fazer uma conexão entre o aprender e o fazer”, destaca.


Todos ganhamos! Campanha Defenda-se ĂŠ reconhecida pelo PrĂŞmio Neide Castanha.

defenda-se.com | fb.com/solmarista

Centro Marista de Defesa da Infância


gente nossa

Como peixe dentro

Projeto de natação descobre talentos, diverte e dá contrapartida social à população de Criciúma

© Foto: João Borges

D´ÁGUA

Estar dentro d’água é uma das atividades que mais divertem as crianças. Por isso, o Colégio Marista Criciúma possui um grande trunfo educacional e social ao oferecer aulas de natação a estudantes de instituições públicas da cidade. Desde 2007, a iniciativa já teve a participação de 1,6 mil crianças. De acordo com Daniel Schilling, responsável pela associação Natação Marista, o projeto Natação na Escola cumpre duas missões: “A primeira é a contrapartida social, uma vez que a Natação Marista tem contratos com a Prefeitura Municipal de Criciúma envolvendo transporte da equipe para as competições. A segunda é dar uma resposta à necessidade de sempre ter novos talentos entrando para equipe”. Como público-alvo, as atividades têm crianças de 9 a 11 anos que, aprendendo a nadar, acabam integrando um projeto familiar, no qual pais e responsáveis são convidados a participar de todas as etapas. De acordo com Daniel, o projeto também possibilita o envolvimento de diversas entidades tendo como foco a natação. Além do Marista, que abre a piscina ao projeto, também participam a Fundação Municipal de Esportes, responsável por ceder estagiários, e a Secretaria de Saúde, que disponibiliza atendimento médico gratuito para as escolas e exames básicos para as crianças.

34

Colégio Marista Criciúma

Como resultado positivo, o coordenador comenta que, atualmente, a equipe juvenil de natação conta com 80% de integrantes vindos do projeto. “O projeto abre as portas para os alunos que desejam estudar no Colégio, além de contribuir com a missão Marista de dar oportunidade às crianças de estudar em uma escola de qualidade, com bolsa parcial ou integral”, explica o diretor-geral Valentin Fernandes. Já o professor Carlos H. C. Fernandes, autor e coordenador do projeto, destaca o benefício das camadas menos privilegiadas economicamente, que não têm acesso à prática da natação na região. Ele também ressalta que a metodologia incentiva a segurança e habilidades aquáticas, o desenvolvimento físico da criança e a formação de sua personalidade e inteligência. Em 2015, o projeto Natação na Escola deve ter o envolvimento de um número maior de crianças. As aulas ocorrem aos sábados pela manhã para que os pais acompanhem as atividades e a consequente evolução dos filhos. Neste ano, o coordenador explica que quatro escolas já estão cadastradas para participação. “Entre as metas está a de ensinar a natação a mais de 250 alunos, superando, assim, a média de anos anteriores, que ficou em torno de 200 crianças”, finaliza.


Patrocínio:

Além de mobilizar diversos projetos que promovem a música, o teatro e a gastronomia, a Lumen FM dedica boa parte de seus programas à cultura. Como o Lumenoso, que dá dicas diárias do Circuito Cultural de Curitiba, e o Arte na Mesa, que revela receitas e dicas culinárias do renomado chef Celso Freire. Então aproveite, ouça e descubra um universo de cultura na Lumen FM. Acesse www.lumenfm.com.br e confira a programação completa.

Onde a música encontra a CULTURA. música. cultura. informação.


ser melhor

Marista:

© Foto: Tamiris Brígido

espaço de acolhimento e fraternidade Pais, alunos e colaboradores são convidados a participar dos projetos evangelizadores do Colégio Marista

A prática do diálogo ecumênico e inter-religioso está sempre presente na rotina escolar do Marista Criciúma.

Encarar as diferenças com um olhar acolhedor e de respeito. É isso que permeia as ações diárias de professores, diretoria e demais educadores do Colégio Marista Criciúma. Sempre visando a um diálogo fraterno, a comunidade educativa busca autenticidade nos relacionamentos, o que tem sido facilmente percebido no cotidiano escolar. Tal postura também cabe às crenças religiosas. De acordo com Maikel Fernandes Ronqui, agente de Pastoral da Instituição, todos os projetos apresentados aos alunos são pensados para o favorecimento do ser humano em sua totalidade, independentemente da religião. “Como cristãos católicos, não temos como objetivo fazer proselitismo religioso, pelo contrário, queremos que todos amem a Deus e aos Irmãos, não importa sua escolha religiosa”, explica. Com isso, é possível deixar do lado de fora do Colégio qualquer tipo de segregação. E, nesse âmbito,

36

a prática do diálogo ecumênico e inter-religioso ganha espaço na rotina escolar, possibilitando, assim, a formação de cidadãos mais compreensivos, respeitosos e fraternos. Segundo o agente de Pastoral, a heterogeneidade religiosa, presente em toda sociedade e também no ambiente escolar, favorece e permite vivências distintas e enriquecedoras. “Dessa forma, aprendemos a aceitar os outros, na sua diferente maneira de ser, de pensar e de se exprimir. Assim, podemos assumir, juntos, o dever de servir à justiça e à paz”, destaca. Tendo em vista um enfoque contínuo, a prática do diálogo ecumênico está presente em todo o período letivo, ano após ano. “Como Instituição, estamos vivenciando a preparação para o bicentenário Marista. São 200 anos de diálogo e trabalho em prol de nossas crianças e jovens”, complementa Maikel Fernandes Ronqui, que também enfatiza o fato de o Instituto ter sido criado a par-

Colégio Marista Criciúma

tir do diálogo de Champagnat com Montaigne, um jovem que não conhecia Deus. Inspirado por tudo isso, neste ano, o Marista Criciúma rememora tal encontro. “Queremos continuar a missão de São Marcelino, de amar a todos, independentemente de cor da pele ou religião. Desejamos que, por meio da nossa vida e missão, Jesus Cristo se torne conhecido e amado”, finaliza.

Como Instituição, estamos vivenciando a preparação para o bicentenário Marista. São 200 anos de diálogo e trabalho em prol de nossas crianças e jovens. Maikel Fernandes Ronqui Agente de Pastoral do Colégio Marista de Criciúma


www.colegiosmaristas.com.br

NA OLIMAR TEM UMA COISA QUE TODOS VÃO COMEMORAR: A AMIZADE.

A Olimar é um evento que celebra o espírito esportivo e a amizade entre os alunos dos Colégios Maristas. Venha participar. De 4 a 8 de setembro, no Colégio Marista de Londrina. VINÍCIUS SAMPAIO | ISABELA GOMES Atletas de futsal da 3ª e 2ª Série Acesse fb.com/olimpiadamarista e saiba mais.

Colégios Maristas. Preparação para todas as provas da vida.


© Foto: João Borges

essência

Ir. Alvanei Finamor Diretor Interino da Diretoria Executiva de Ação Social (DEAS)

O Instituto Marista nasceu de uma experiência de solidariedade na prática e prática da solidariedade! Quem conhece a história bem sabe. Marcelino Champagnat, ao visitar o jovem Montagne – doente, analfabeto e completamente alheio sobre quem era Deus –, teve ali o impulso que faltava para iniciar um movimento de transformação da sociedade da sua época: a fundação do Instituto Marista, com a missão de educar e evangelizar crianças e jovens, inicialmente no interior da França e, hoje, em mais de 80 países pelo mundo. “A solidariedade é o sentimento que melhor expressa o respeito pela dignidade humana”, disse Franz Kafka, escritor tcheco de língua alemã – um dos principais nomes da literatura. Para o Instituto Marista, a educação, a evangelização, a solidariedade e o voluntariado são valores evangélicos e instâncias que ajudam as pessoas na sensibilização para com as necessidades e mazelas do outro, diante de situações que precisam ser assumidas nos âmbitos pessoal, fraternal, coletivo e social por todos nós, enquanto cidadãos e membros da Igreja. "Criamos oportunidades para projetos de convivência, de solidariedade e de voluntariado entre crianças, jovens e adultos de diferentes classes sociais, culturais e estilos de vida. Assim, desenvolvemos sua abertura de espírito e os iniciamos no hábito de partilhar tempo, talentos e habilidades no serviço do próximo", como citado no documento Missão Educativa Marista.

38

Solidariedade na prática e prática da solidariedade Na esteira de São Marcelino Champagnat, a vida Marista tem me oportunizado trilhar caminhos de solidariedade na prática e prática da solidariedade. No fundo, a gente acaba fazendo a experiência de se tornar um ser humano cada vez melhor ao interagir com tanta diversidade e beleza, mas também ao lidar com um universo de contradições sociais e adversidades mil por esse mundo de Deus. Isso me faz lembrar de José Saramago, escritor e gajo poeta, que afirmou: "Mesmo que a rota da minha vida me conduza a uma estrela, nem por isso fui dispensado de percorrer os caminhos do mundo” e de tantas pessoas que Deus tem colocado na estrada da minha vida. E, de fato, as experiências profundamente humanas são "realidades que exigem de nós a capacidade de ir além das aparências para atingir a essência e adquirir posturas sempre novas: ver o invisível, escutar o silêncio, adivinhar a angústia e sondar o mistério", como afirmou, sábia e profeticamente, Dom Helder Câmara. “Não são os pobres que devem compartilhar a nossa esperança; nós é que devemos compartilhar a deles. Eu aprendi muito com aqueles que são chamados pobres, mas que são ricos do espírito do Senhor”, disse o saudoso pastor. Ele avançou ao dizer que "quando os problemas se tornam absurdos, os desafios se tornam apaixonantes", e recomendou: "Se as pessoas são pesadas demais para serem levadas nos ombros, leve-as no coração".

Solidariedade na prática e prática da solidariedade requer estar atento, sentir a injustiça do ser humano e reagir, trabalhando, partilhando e criando soluções para que se viva em paz e com dignidade. Dessa forma, ela se torna o eixo que orienta toda a vida, as opções e ações de cada um. O meio mais adequado para se percorrer o caminho até Deus é o amor e as formas mais coerentes de amor no plano social são o exercício e o aprendizado da solidariedade. De fato, não existe outra via para a solidariedade humana senão a procura e o respeito pela dignidade de cada pessoa. “Eu não acredito em caridade. Eu acredito em solidariedade. Caridade é tão vertical: vai de cima para baixo. Solidariedade é horizontal: respeita a outra pessoa e aprende com o outro. A maioria de nós tem muito o que aprender com as outras pessoas”, asseverou Eduardo Galeano, escritor uruguaio.

CHAMPAGNAT

ensina a Montagne

as coisas de Deus

E MONTAGNE lhe ensina que não

HÁ MAIS TEMPO A PERDER.


O Ã ç O PROM O N R E V N I E D . e r o t s a c u Ed D ES CON TOS D E AtÉ 5 0 %0 15 . 2 / 6 / 0 3 é t a o d n a r p com

WWW.EDUCASTORE .com.b r Frete grátis para compras acima de R$ 150,00. Pronto. Em breve você receberá os produtos com segurança no conforto da sua casa.

cidade escola série

Acesse: www.educastore.com.br

Selecione sua cidade, instituição e série do seu filho.

Escolha os itens do uniforme, siga as instruções e finalize a compra.

Dúvidas, ligue 41 3271 6301 ou envie para atendimento@educastore.com.br


© Ilustração: Rabisko

solidariedade

Ressignificando a liberdade Proposta inovadora Marista contribui para que adolescentes que fazem uso abusivo de álcool e outras drogas criem novos repertórios para suas vidas e construam seus espaços na sociedade Por Michele Bravos

40

Ela buscava liberdade quando passou a consumir drogas frequentemente. A procura não foi bem sucedida e Carolina Machado, então com 16 anos, precisou de ajuda para sair do uso abusivo. “Eu morava com meu pai e não tínhamos uma boa relação. Eu queria fugir, ter liberdade e experimentar algo novo”, relata Carolina durante uma conversa na varanda do espaço onde está localizado o Centro Social Marista Propulsão, um projeto inovador no Brasil dedicado à inserção social de adolescentes em tratamento devido ao consumo abusivo de álcool e outras drogas. É nesse local que histórias como a de Carolina são ressignificadas pelos próprios jovens, com o auxílio de uma equipe multidisciplinar – que conta, atualmente, com um coordenador pedagógico, três educadores sociais, um assistente social e um psicólogo. Em comum acordo, jovens e profissionais desenvolvem atividades que promovem a criação de novos repertórios aos atendidos. De acordo com Altieres Frei, diretor do Centro Social, para que isso seja possível, o Propulsão se dedica de forma singular aos adolescentes. “Estamos pensando em qualidade, por isso, temos apenas 24 vagas. Quando o adolescente adere ao atendimento, sugerimos que ele proponha uma atividade para que possamos ajudá-lo a desenvolver. Nós perguntamos a ele: ‘O que você quer fazer?’”. Tanta liberdade foi vista até com estranheza por Carolina, em um primeiro momento. “Isso era muito diferente dos lugares que eu conhecia. O modo como sou tratada é acolhedor”. Apontando para algumas redes instaladas no gramado, ela continua: “Está vendo ali, aqueles adolescentes conversando com um educador? É assim sempre. Comigo também era assim. Às vezes, eu chegava e só queria ficar ali, conversando, batendo um papo cabeça”.


© Fotos: Gilberto do Rosário

As paredes grafitadas, a cozinha bem espaçosa e convidativa, o barulhinho baixo de um filme passando na sala mostram que são muitas as atividades que acontecem no Propulsão. O coordenador pedagógico Rudinei Nicola explica que todas elas possuem um propósito. “Após uma sessão de cinema, por exemplo, os adolescentes conversam e discutem sobre a temática vista na tela. Nas atividades na cozinha, trabalhamos os vínculos. Uma vez por semana, nós almoçamos juntos e são eles mesmos que cozinham. Em geral, uma receita da família de algum deles. Chamamos isso de ‘ocupação afetiva da cozinha’”. Além das atividades internas, os adolescentes também são convidados a ocupar outros territórios, como museus, cinemas, ruas e ciclovias. “Quando vamos a algum lugar, vamos de bicicleta ou de transporte público. Isso também proporciona uma inserção na cidade”, diz o coordenador.

Ocupando os espaços O diretor do Propulsão ressalta que pensar em inserção social é buscar a redução de danos. O termo, utilizado pela Política Nacional de Atenção Integral ao Usuário de Álcool e Outras Drogas, do Ministério da Saúde, designa um método em que o sujeito vá gradativamente se distanciando das drogas – tanto do uso, quanto dos rótulos que esse envolvimento lhe conferiu. “É por isso que, quando percebemos que é propício, incentivamos o adolescente a participar de atividades externas, como aulas de teatro”. Isso contribui para que ele deixe de ser visto como 'o ex-usuário de cocaína' e passe a ser percebido como 'o jovem que faz teatro'”. Dentre as muitas definições de Carolina, hoje ela também é re-

conhecida como jovem aprendiz. “Conforme foram fazendo tanta coisa por mim, eu fui tendo vontade de ser diferente e fazer algo. Hoje, eu também quero ajudar os outros”. Cabe ao Propulsão fornecer subsídios para que o jovem busque essas possibilidades. “Propomos que o adolescente procure o que o município ou outras instituições oferecem para ele de forma acessível em termos de profissionalização, atividades culturais e esportivas. Lembramos que ele é cidadão tanto quanto qualquer outro, por isso, pode – e deve – usufruir de propostas públicas. Em caso de atividades específicas, intervimos, buscando parcerias privadas, mas isso são exceções”, explica Frei. Conforme as percepções de mundo vão se transformando, os adolescentes vão aprendendo a ressignificar, de fato, a si próprios e tudo ao seu redor. “Minha definição de liberdade mudou. Antes, eu achava que liberdade era sair da realidade, fazer alguma coisa errada. Hoje, eu sei que liberdade é poder expressar as minhas ideias. Essa liberdade que eu achei é muito melhor do que a que eu estava buscando”, conclui Carolina.

© Estêncil: Carolina Machado

Atividades diferenciadas

As três etapas do Propulsão O atendimento no Propulsão se dá em três níveis. Saiba quais são eles: T1 – Este é o momento da adesão, em que o adolescente precisa criar vínculos com o projeto, para que o atendimento seja efetivo. T2 – Nesta fase, o jovem tem condições de desenvolver atividades dentro e fora do Centro Social, fazendo cursos com o acompanhamento da equipe, por exemplo. T3 – Esta etapa se refere ao momento em que o jovem está apto para a inserção de fato, assumindo um trabalho, por exemplo. Ainda assim, segue com o acompanhamento do projeto.

O que define o uso abusivo?

Isso era muito diferente dos lugares que eu conhecia. O modo como sou tratada é acolhedor. Carolina Machado

Segundo informações da Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas, o uso abusivo ou nocivo define o consumo de álcool e outras drogas que colocam a pessoa em uma situação vulnerável. De acordo com Altieres Frei, diretor do Centro Social Marista Propulsão, o termo “uso abusivo ou nocivo” não está necessariamente vinculado à dependência química, mas aos riscos a que a pessoa está exposta. Por exemplo, um adolescente que compra fiado alguma droga, está em risco – está, portanto, fazendo uso abusivo ou nocivo.

41


© Foto: Renata Salles

como fazer

Eles são a voz da juventude Marista Integrantes das Comissões de Juventude levam à frente ideias dos jovens Maristas, mostrando o protagonismo juvenil Por Michele Bravos

Diante de um conflito entre alunos e gestão escolar, por exemplo, os integrantes da Comissão da Juventude têm o papel de mediar a situação e defender aquilo que os alunos estão apontando como importante. Lançando um olhar ampliado sobre esse contexto, entende-se que as Comissões de Juventude permitem que os alunos desenvolvam uma responsabilidade sobre direitos e deveres do cidadão. Para Francine dos Santos, 22 anos, participante da Comissão Provincial de Juventude, integrar essa equipe é defender não somente a própria opinião, mas a de toda juventude Marista. “Temos que ter uma visão estratégica, lembrando

42

sempre que estamos representando todas as juventudes presentes nos espaços Maristas”. Segundo o setor de Solidariedade do Grupo Marista, as Comissões de Juventude – presentes, atualmente, em 40 espaços Maristas que trabalham com jovens – “têm como principal desejo contribuir com a ação evangelizadora Marista nas dimensões eclesiais, sociais, políticas, culturais e institucionais”, representando os diferentes grupos juvenis Maristas (alunos dos Colégios, das unidades sociais e dos ensinos universitário e técnico). A coordenadora de Pastoral do Colégio Marista de Brasília (DF) Flaviane Leite destaca que o aluno, ao

participar da Comissão, tem envolvimento, inclusive, com questões relacionadas a políticas públicas. “O aluno precisa dialogar e argumentar em defesa dos demais alunos, por exemplo. Ele também vivencia a luta pelo protagonismo juvenil”. Francine considera que, de certa forma, o que os jovens desenvolvem no universo Marista reflete na sociedade. “Sinto-me útil quando vejo que a minha opinião é importante e que pode mudar o rumo de uma conversa. Acredito que, dentro da sociedade em que vivemos, esses espaços são muito importantes, pois nos incentivam a ser pessoas melhores e a pensar mais no todo”.


© Foto: Acervo Comissão da Juventude

que participam, além de proporem atividades; consultiva, à medida que a unidade ou níveis superiores vão até esses jovens para consultá-los; colaborativa, pois, também, ajudam nos eventos Maristas como equipes de organização; e representativa, uma vez que representam todos os jovens Maristas”. Entenda como essas Comissões se organizam e atuam.

Encontrando tempo

Futuramente, esse engajamento continuará gerando impactos positivos, por exemplo, na vida profissional do aluno, uma vez que na rotina da Comissão, o jovem desenvolve a liderança, o trabalho em equipe, a solidariedade e a capacidade de servir em favor do outro. “Esse trabalho bem realizado hoje o preparará para o mercado de trabalho, com uma visão mais humanizada da sociedade diante de seus desafios”, afirma Flaviane.

Formas de trabalho As Comissões da Juventude estão firmadas em quatro atribuições que guiam suas atividades. Bruno Socher e Ana Dias, do setor de Solidariedade do Grupo Marista, explicam cada uma: “Propositiva, pois as comissões levam os anseios dos jovens que representam às instâncias de

Mesmo com uma rotina atribulada, Francine faz questão de participar da Comissão. “Tenho que admitir que nem sempre é fácil. Curso Agronomia em tempo integral, faço estágio, entre outras atividades. Mas acredito que a vontade de ser Marista como Champagnat é o que me move a cada dia”. Nesse cenário de agenda lotada, Flaviane aponta para a importância de pais e professores apoiarem o envolvimento dos filhos e alunos nesse trabalho. “É preciso existir uma parceria diante da caminhada realizada, proporcionando ao aluno a segurança de que ele está desenvolvendo um trabalho sério”.

Temos que ter uma visão estratégica, lembrando sempre que estamos representando todas as juventudes presentes nos espaços Maristas. Francine dos Santos 22 anos, participante da Comissão Provincial de Juventude

Organização das Comissões de Juventude As Comissões de Juventude se organizam em dois níveis de atuação: provincial e local.

Comissão Provincial Formada por jovens Maristas eleitos em assembleia, com a participação de representantes das Comissões Locais. Sua vigência é de dois anos. Responsabilidades - Estabelecer diálogos com as Comissões Locais, pastoralistas, Irmãos e outras lideranças juvenis, realizando uma escuta atenta. - Elaborar, junto ao Setor de Pastoral, reflexões, andamento de projetos, metodologias e linguagens que o Grupo Marista empreende no trabalho com as juventudes de todas as unidades. - Participar de diálogos externos ao Grupo Marista, representando os jovens da Instituição.

Comissão Local Formada por jovens Maristas que sejam atuantes no âmbito local, ou seja, nos Colégios, nas unidades sociais e nos ensinos universitário e técnico. Sua vigência também é de dois anos. Responsabilidades - Garantir que as atribuições estabelecidas em nível provincial sejam efetivas nas unidades em que atuam. - Agir de forma democrática, sempre em diálogo com os jovens, os pastoralistas e os gestores locais.

Para mais informações sobre como integrar esses grupos, faça uma visita ao seu Núcleo de Pastoral.

43


compartilhar

“Virunga” Indicado ao Oscar 2015 na categoria de Melhor Documentário, “Virunga” conta a história de pessoas que lutam pela vida de gorilas quase em extinção e pela preservação do Parque Nacional de Virunga, na República Democrática do Congo. Os ativistas retratados são o diretor do parque, um guardaflorestal, um cuidador dos gorilas e uma jornalista francesa. A união dos esforços individuais em prol de uma causa comum reforça a ideia de que o bem se constrói em rede. O filme está disponível no serviço on-line Netflix. Redação Em Família Marista

IOS: goo.gl/MWhRdj ANDROID: goo.gl/h6Ggfo

Internet para ajudar O aplicativo Chance, disponível na Apple Store e na Play Store, tem como objetivo incentivar a prática da solidariedade. O usuário, ao se conectar, divulga seu pedido de ajuda. Aquele que pode auxiliá-lo responde. Em seguida, eles combinam como isso será feito. Algumas ajudas que podem ser solicitadas são: revisão de conteúdo de uma matéria, passeio com cachorro, indicação de uma vaga de emprego, entre outras. Felipe da Rocha, Coordenador de Pastoral do Colégio Marista Santa Maria (PR).

A solidariedade de Papa Francisco Neste livro, um diálogo entre o Papa Francisco, o rabino Abraham Skorka e o membro da Igreja Presbiteriana Marcelo Figueroa conduz a uma reflexão sobre a prática da solidariedade no dia a dia, transpondo a religião. O livro deixa claro que é preciso ter cuidado com falsas ideologias que podem levar para o lado oposto ao da solidariedade. Colégio Pio XII, de Ponta Grossa (PR)

44


Como estrelas na Terra Essa produção indiana, dirigida por Aamir Khan, retrata a vida de Ishaan Awasthi, uma criança de nove anos que tem dislexia. O filme mostra como o desconhecimento dessa dificuldade, por parte da família e da escola, pode trazer grandes sofrimentos à criança. A vida do garoto é transformada quando ele encontra um professor que passou pelo mesmo problema em sua infância. É possível assistir no YouTube. Flávio Sandi, diretor executivo da Rede de Colégios

O FAZEDOR DE VELHOS

© Imagens: Divulgação

de Rodrigo Lacerda Na trajetória para o amadurecimento, Pedro irá encontrar pessoas que o farão perceber o sentido de sua existência. O professor Nabuco é peçachave para auxiliar o jovem na tarefa de se colocar no mundo. Colégio Marista Glória, de São Paulo (SP)

45


diversão

Dia de índio

Vivenciar a cultura indígena pode ser um momento divertido em família e também de aprendizado e valorização da história do Brasil

© Fotos: Divulgação | Pataxó Turismo

Por Michele Bravos

Já houve um tempo em que os povos indígenas eram os únicos por este gigante território brasileiro. Hoje, eles são menos de 1% da população total do país, cerca de 820 mil indivíduos, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Mesmo com a miscigenação étnica, todo brasileiro tem, em alguma instância, um vínculo com os nativos desta terra. Para que a cultura indígena seja difundida, espaços de preservação ambiental e reservas indígenas, que ainda são morada para os índios, recebem visitantes. A ideia é manter viva a história do Brasil.

46

Em Santa Catarina, por exemplo, a Reserva Volta Velha, um espaço de preservação ambiental, proporciona aos interessados visita a uma oca, oficina de arco e flecha, caminhada pela Mata Atlântica, canoagem e o mais interessante: uma vivência com o índio Yawaritsawa Trumai Waurá, o Yawa. Seu povo é do Alto Xingu, mas, atualmente, ele é diretor cultural da Reserva Volta Velha. “Todo diálogo com um verdadeiro nativo é de extrema importância para que se corrijam alguns erros cometidos durante a colonização, em que a história é contada de um lado só”, diz Yawa.

Para aqueles que estão dispostos a imergir a fundo na cultura, é possível percorrer cinco das 29 aldeias do povo Pataxó, localizadas no sul da Bahia, na Costa do Descobrimento. O roteiro é organizado pela Pataxó Turismo. Em qualquer uma delas a conversa com um representante indígena é um ponto alto do passeio, pois apresenta ao público a verdadeira cultura indígena. Na Reserva Volta Velha, Yawa gosta de contar sobre as histórias do seu povo e o dia a dia no Alto Xingu, ensinar as danças tradicionais e algumas palavras na sua língua. “Conhecer e entender o outro lado faz com que as pessoas pen-


sem e reflitam antes julgar um índio e sua cultura. Existem muitos conflitos entre homem branco e índio, por um não conhecer a realidade e o costume do outro. Acredito que, nas escolas, não se discuta ou estude a verdadeira raiz e quem de fato construiu a primeira história dessa terra, antes da descoberta pelos portugueses”, afirma Yawa.

Ponto alto É em semanas de lua cheia ou lua nova que as expedições para as aldeias Pataxós partem. A saída é de Porto Seguro, em direção ao sul. Dormir em redes, dentro de uma oca, faz parte da aventura – assim como comer bem. Durante os dias de percurso pelas aldeias, os visitantes degustam as comidas típicas da culinária Pataxó, como peixe na folha de patioba (uma espécie de palmeira) com farinha de puba (derivada da mandioca). Já na Reserva Volta Velha, Yawa afirma, convicto, que um dos momentos mais emblemáticos para os visitantes é quando todos estão na oca e ele se veste com enfeites indígenas, pinta-se com urucum e começa a falar na língua de seu povo. Apesar de toda a experiência que se oferece para os visitantes e da importância que isso tem, Yawa garante que ele também aprende com a vivência. “Aprendemos com nossos avós que os não índios vinham apenas para destruir e matar. Poucos para ajudar. Com esses encontros culturais, isso também muda”.

Agenda Tanto a visita à Reserva Volta Velha quanto o circuito pelas aldeais Pataxós precisam ser agendados com antecedência. Na Reserva Volta Velha, a vivência de um dia acontece de segunda a sexta, entre março e outubro, para grupos de 20 pessoas. Está tudo detalhado aqui: www.reservavoltavelha.com. br, na aba “Ecoturismo”. A rota das aldeias deve ser programada com 30 dias de antecedência e acontece o ano todo, em grupos pequenos. Mais informações no site: www.pataxoturismo.com.br.

Para saber mais sobre a cultura dos nativos do nosso país, acesse Povos Indígenas no Brasil: migre.me/pckLc

47


olhar

Crise de sentido em um mar de

© Fotos: Shutterstock | Acervo do Colégio

{des}informação

O crescente envolvimento de jovens ocidentais em movimentos radicais gera questionamentos sobre qual o propósito de vida da atual juventude 48

Em março deste ano, o governo brasileiro detectou intervenções do Estado Islâmico (EI) para aliciar jovens brasileiros à causa, por exemplo. Também, neste semestre, presenciou-se expressões de radicalismos por parte de jovens cristãos diante de fatos considerados por eles uma afronta às Escrituras Sagradas. Para refletir sobre o que leva um jovem a acreditar que vale a pena se envolver em um movimento radical, que, por vezes, propaga morte e destruição, o doutor em Sociologia Eurico Gonzalez propõe uma discussão sobre o sentido da vida nos dias de hoje.


Nosso tema é complexo, ou seja, tem muitas causas simultâneas, de modo que podemos nos concentrar apenas em algumas delas. Sugiro que reflitamos sobre duas coisas: o império da inteligência eletrônica e a crise de sentido pela qual passa hoje o Ocidente, em geral, e o Brasil, em particular. O que chamo de “império da inteligência eletrônica” significa o fato de que as ideias que hoje estão à disposição na sociedade não possuem critérios institucionalizados de filtragem, mas deveriam ter. Quando Lutero traduziu a Bíblia, no século XVI, ocorreu algo semelhante: de uma hora para outra, um acervo completamente novo de pensamentos se distribuiu horizontalmente pela sociedade, podendo suas verdades ser interpretadas por cada um livremente, gerando, no curto prazo, crise de ordem e, no longo, ideias novas que originaram a modernidade. Vivemos, hoje, uma situação semelhante. Há enorme afluência de adventícios à sociedade e a internet faz com que cada um tenha o direito de dizer como acha que o mundo deve ser. Acrescente a isso o poder de sedução da publicidade, que produz e inculca ideias afirmativas sobre o mundo, nas quais, secretamente, a sociedade não acredita, pois sabe que sua finalidade é a de apenas seduzir a mente para que adquira esse ou aquele bem. Assim, temos uma situação cultural em que as ideias antigas são desacreditadas e novas não surgem com autoridade, muito menos por consenso. Além disso, como uma miríade de vozes – umas roucas, outras possantes –, cada um tenta resolver sozinho (inclusive por solidão de sentido) os difíceis problemas da vida. Não devemos ficar apreensivos demais. O número dos que seguem procurando uma vida normal ainda é amplamente majoritário, mas as exceções de que tratamos aqui apontam para direções potencial-

mente perigosas que, se não forem contrabalanceadas com inteligência e amor, podem aumentar. A sociologia sabe que a consciência do sujeito é produzida pela sociedade – e sabe, então, que quando a sociedade se desorganiza, a consciência individual se ressente paralelamente, em uma relação causal forte. Como especificidade de nossa época, porém, há a crise de sentido que mencionei anteriormente. Os principais referenciais coletivos de sentido estão dessacralizados em nossa sociedade: religião, ideais morais e políticos, ideais estéticos ligados à beleza e o próprio e prosaico valor da vida. Nada mais deixa de poder se submeter ao cálculo dos prazeres e das vantagens, está livre o caminho para que os humanos adorem as coisas materiais. Mas quem dera a vida fosse assim fácil de resolver... O cálculo dos prazeres e das vantagens ignora o problema do sentido interior da vida de cada um – mas este não deixa de existir. Impedida publicamente de se manifestar, a demanda por sentido da vida segue pulsando, vindo a se manifestar de formas bizarras e, frequentemente, destrutivas. Na medida em que a sociedade tomou por saber o que era, na verdade, sua ignorância e omissão quanto ao problema do sentido, foram se desenvolvendo

Facilmente vê-se na destruição alguma espécie de prenúncio do novo e do bom [...], quando não se espera mais nada do mundo real, quando não se sabe gostar da vida real, presente.

respostas cegas, raivosas (pudera!), ilhadas e não compartilhadas ao problema do sentido interior. Assim, chegamos a algum lugar: se somarmos o império da inteligência eletrônica à crise de sentido, perceberemos que as respostas às mais difíceis questões, que dizem respeito a todos os seres humanos, estão sendo dadas de modo confuso e fraco, incapaz de fazer face à imensidão dos problemas da interioridade. Quando se tem condições excelentes, já é muito difícil atinar uma resposta às grandes questões; quando se fazem tais perguntas à internet, obtém-se como resposta algo que não é uma resposta, mas uma incrível zoeira. Alguns jovens estão se deixando seduzir pela violência porque ela gera certo simulacro de sentido. Facilmente vê-se na destruição alguma espécie de prenúncio do novo e do bom (como as ideias sacrificiais sugerem), quando não se espera mais nada do mundo real, quando não se sabe gostar da vida real, presente. Essa é uma síntese do que penso sobre as condições interiores da vida da juventude hodierna. Para um exame completo do assunto, que não pode ser feito aqui, deveríamos observar também as “condições exteriores” da adesão de jovens ao terrorismo internacional – facilidades de trânsito de pessoas e de informações, etc. Eurico Gonzalez Cursino é doutor em Sociologia pela Universidade de Brasília e consultor legislativo do Senado Federal, onde responde pela área de Direitos Humanos e Cidadania. Cursino também tem realizado estudos em sociologia da religião e em sociologia política e do direito, bem como na intersecção desses temas.

49


© Foto: Sxc.hu

Voluntários da pátria Tempo dedicado ao voluntariado no Brasil cresceu no último ano e isso nos coloca entre os top 10 países nessa prática. Em todo o mundo, ser voluntário e ajudar um estranho figuram como ações mais recorrentes Por Michele Bravos

Ainda que fatores políticos, econômicos e sociais estejam abalando o país, o Brasil mostra que atitudes solidárias são necessárias – principalmente nesses momentos. Segundo a ONG Charities Aid Foundation, o Brasil figura entre os top 10 países no quesito “doação de tempo”, considerando o número de voluntários. Junto com o Brasil, Rússia, Índia e China tiveram um aumento na quantidade de tempo dedicada a ações voluntárias. Apesar de essa ser uma boa notícia, a ONG aponta que também é esperada desses países – considerados economias prósperas – uma maior contribuição financeira, ainda que tenha ocorrido uma diminuição de doações em dinheiro no mundo todo. Esses aspectos apontados acima – tempo dedicado ao voluntariado e doações financeiras – são dois dos fatores avaliados pela Charities Aid Foundation para identificar o índice de solidariedade dos países, o qual vem sendo medido desde 2008. Outro fator analisado é o ato de ajudar um estranho, o qual se faz muito presente em países abalados por desastres naturais ou conflitos civis. A exemplo, o Iraque. O país tem sofrido com violências brutais e isso desperta nas pessoas a necessidade de ajudar o ou-

tro. Isso fez com que o país saísse da 90ª posição nesse quesito no relatório da ONG de 2013 para a segunda no último relatório.

Invertendo a ajuda O crescimento do índice de solidariedade da Ásia vem aumentando e isso faz com que a ONG afirme que o mundo deve repensar o modelo de solidariedade conhecido, o qual consiste “em uma transação que flui do Ocidente para o Oriente e do Norte para o Sul”. O relatório Future World Giving, da mesma ONG, afirma que há mais milionários no sul da Ásia (18 mil) do que no norte da América (17 mil) ou na Europa Ocidental (14 mil). A ONG aponta que é necessário que os novos-super-ricos sejam encorajados a serem solidários e, no caso deles, ajudem financeiramente – inclusive outros países. Paralelamente, apesar do potencial dessa parcela da população mundial, o grande pedido da Charities Aid Foundation para que a filantropia cresça no mundo e mais pessoas possam ser ajudadas – e aí a ONG coloca como meta a erradicação da extrema pobreza (pessoas que vivem com menos de US$ 1,25 por dia, segundo o Banco Mundial) – é para que a classe média seja convocada a ajudar.

Os relatórios podem ser lidos na íntegra nos seguintes links: l www.cafonline.org/pdf/CAF_WGI2014_Report_1555AWEBFinal.pdf l www.cafonline.org/pdf/Future_World_Giving_Report_250212.pdf. Ambos disponíveis em inglês.

50

O número de pessoas consideradas de classe média deve crescer 165% até 2030, de acordo com dados da OECD (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico). Considerando que a maior concentração está nos países em desenvolvimento. Estima-se que se a classe média doar 0,4% de sua renda, eles podem contribuir com US$ 224 bilhões por ano. Segundo Jeffrey Sachs, autor do livro “O fim da pobreza”, US$ 175 bilhões anuais seriam suficientes para acabar com a pobreza extrema. A ONG alerta para que os governos de economias emergentes criem e apliquem desde já medidas que incentivem a filantropia, assim como a cultura da doação, apresentando novas formas de exercer esse ato na sociedade. Os meios de comunicação são apontados como fundamentais nesse processo que envolve mudança de pensamento.

Igualdade entre gêneros Homens e mulheres exercem a solidariedade de forma igual, não havendo diferenças significativas mundialmente. Apenas quando se observa a realidade de cada país isso se faz mais perceptível. Por exemplo, no Canadá, 75% das mulheres doaram dinheiro para caridade, contra 53% dos homens. Já no Afeganistão, 42% dos homens afirmam ter essa prática, enquanto apenas 24% das mulheres dizem o mesmo. Nesse exemplo de análise por país, fica claro o quanto as diferenças culturais influenciam nos resultados.



Há 113 anos, a FTD entrega muito mais do que livros. Sempre ao lado do professor e da escola, uma de suas marcas é o comprometimento com a evolução do ensino e com sua própria evolução, oferecendo soluções completas em Educação. O que já era a nossa marca registrada passou a ser nossa nova marca oficial. Somos agora a FTD Educação.

0800 772 2300

www.ftd.com.br


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.