Em Família | Marista Arquidiocesano

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Jovens 1º Semestre • 2014 | 13ª edição

pesquisadores

incentivo a novos conhecimentos reflete em filhos mais críticos e com uma visão mais ampla

DIA A DIA

Saiba como uma viagem missionária pode contribuir nesse processo de amadurecimento da família.

COMO FAZER

Quando a questão é o uso da internet, os filhos precisam de acompanhamento. Entenda o papel dos pais e como lidar melhor com a situação.


Um amplo conceito de Educação, para alunos, famílias, professores e escolas crescerem juntos.

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Ampliando Futuros


Combinação única de bons valores e excelência.

O Grupo Marista conta com milhares de pessoas que, diariamente, vivenciam e disseminam importantes valores humanos e cristãos com o compromisso de promover e defender os direitos das crianças e dos jovens. Faz parte do jeito Marista a busca constante por excelência. Na área da

educação, da escola à universidade, formamos pessoas e trazemos resultados comprovados. Em atividades nas áreas de saúde e comunicação, levamos sempre a melhor qualidade para públicos de diferentes condições e necessidades. Em todas essas áreas, a ação social está presente

BRASÍLIA Colégio Marista de Brasília - Ensino Fundamental SGAS 609 CONJ A - Bairro Asa Sul - Brasília-DF CEP 70200-690 | (61) 3442-9400

Superior Provincial Ir. Joaquim Sperandio Presidente do Grupo Marista Ir. Delcio Afonso Balestrin Superintendente Executivo do Grupo Marista Paulo Serino Diretor da Rede de Colégios Ir. Vanderlei Siqueira dos Santos Diretor de Marketing E COMUNICAÇÃO Stephan Younes

Rua Imaculada Conceição, 1155, Prado Velho Curitiba-PR | Prédio Administrativo PUCPR 8º andar - CEP: 80215-901 | Tel.: (41)3271-6500

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Colégio Marista de Brasília - Ensino Médio SGAS 615 CONJ C - Bairro Asa Sul - Brasília-DF CEP 70200-750 | (61) 3445-6900 Colégio Maristinha Pio XII - Educação Infantil e 1º Ano do Ensino Fundamental SGAS 609, Módulo C - Bairro Asa Sul - Brasília-DF CEP 70200-690 | (61) 3442-9400 SÃO PAULO Colégio Marista de Ribeirão Preto Rua Bernardino de Campos, 550 - Higienopólis Ribeirão Preto-SP - CEP 14015-130 | (16) 3977-1400 Colégio Marista Arquidiocesano Rua Domingos de Moraes, 2565 - Vila Mariana São Paulo-SP - CEP 04035-000 | (11) 5081-8444 Colégio Marista Nossa Senhora da Glória Rua Justo Azambuja, 267 - Cambuci - São Paulo-SP CEP 01518-000 | (11) 3207-5866 PARANÁ Colégio Marista Paranaense Rua Bispo Dom José, 2674 - Seminário - Curitiba-PR (41) 3016-2552 Colégio Marista Santa Maria Rua Prof. Joaquim de M. Barreto, 98 - São Lourenço Curitiba-PR CEP 82200-210 | (41) 3074-2500

13ª Edição | 1º Semestre 2014 Periodicidade Semestral EDIÇÃO Diretoria de Marketing e Comunicação do Grupo Marista Eduardo Correa e Vivian Lemos REDAÇÃO Jornalista responsável: Rulian Maftum / DRT Nº 4646 Supervisão: Maria Fernanda Rocha (Lumen Comunicação) Edição de arte: Julyana Werneck PROJETO GRÁFICO Estúdio Sem Dublê | semduble.com

com iniciativas alinhadas ao posicionamento institucional, mas também atuamos diretamente, por meio de uma ampla rede de solidariedade. Bons valores e excelência. Nossa missão é proporcionar essa combinação única para a construção de um mundo melhor.

Colégio Marista de Cascavel Rua Paraná, 2680 - Centro - Cascavel-PR CEP 85812-011 | (45) 3036-6000 Colégio Marista de Londrina Rua Maringá, 78 - Jardim dos Bancários - Londrina-PR CEP 86060-000 | (43) 3374-3600 Colégio Marista de Maringá Rua São Marcelino Champagnat, 130 - Centro Maringá-PR - CEP 87010-430 | (44) 3220-4224 Colégio Marista Pio XII Rua Rodrigues Alves, 701 - Jardim Carvalho Ponta Grossa-PR - CEP 84015-440 | (42) 3224-0374 SANTA CATARINA Colégio Marista São Francisco Rua Marechal F. Peixoto, 550L - Chapecó- SC CEP 89801-500 | (49) 3322-3332 Colégio Marista de Criciúma Rua Antonio de Lucca, 334 - Criciúma-SC CEP 88811-503 | (48) 3437-9122 Colégio Marista São Luís Rua Mal. Deodoro da Fonseca, 520 - Centro Jaraguá do Sul-SC - CEP 89251-700 | (47) 3371-0313 Colégio Marista Frei Rogério Rua Frei Rogério, 596 - Joaçaba-SC - CEP 89600-000 (49) 3522-1144 GOIÂNIA Colégio Marista de Goiânia Avenida Oitenta e Cinco, 1440 - Santa Marista Goiânia-GO - CEP 74.160-010 | (62) 4009-5875

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Capa Arthur Gabriel Fauth,

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FOTO DE CAPA Gilberto do Rosário

estudante do Colégio Marista Pio XII, de Ponta Grossa (PR), e seu pai Marco Túlio Fauth.

© Todos os direitos reservados. Todas as opiniões são de responsabilidade dos respectivos autores.

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índice

capa

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Saiba de que forma o incentivo dos pais à curiosidade do jovem contribui na formação do conhecimento, estimulando o desenvolvimento de um olhar crítico sobre o mundo.

1ª impressão

dia a dia

entrevista

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Ir. Vanderlei Siqueira, diretorexecutivo da rede Marista de Colégios, traz uma reflexão sobre a curiosidade, fator que contribui para a evolução do mundo, e como ela é despertada em sala de aula.

Uma hora, os filhos criam asas e voam para longe do ninho. Uma viagem missionária pode contribuir para esse processo de amadurecimento dos jovens e dos pais.

essência

solidariedade

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Irmãos Maristas comentam sobre os desafios da educação na contemporaneidade.

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Conheça as histórias da Dona Salete, do menino Geverson, do Seu Benjamin. Cidadãos de uma das localidades que recebeu, no começo deste ano, a Missão Solidária Marista.

índice

como fazer

compartilhar

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diversão

olhar

curiosidade

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Saiba de que forma auxiliar os filhos a encontrar o equilíbrio quando a questão é o uso da internet.

Já sabe o que fazer nas férias? Veja alguns programas para serem feitos em família.

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Democratização de conteúdo educacional em plataforma digital é o assunto da entrevista com Caroline Serqueira, analista educacional do Grupo Marista.

Confira dicas de sites, livros e programas de TV indicadas pelos professores dos Colégios Maristas.

O escritor e psicólogo Marcos Meier lembra que pais também já foram adolescentes e que é preciso relembrar alguns caminhos já percorridos para entender os filhos.

seu colégio

Confira as matérias elaboradas exclusivamente para o seu Colégio.

Você sabe como lidar com os medos dos seus filhos? Entenda mais sobre essa forma de reação e como ajudar crianças e adolescentes.


1ª impressão

A curiosidade nos move os porquês do universo, não teríamos alcançado o desenvolvimento das ciências e suas tecnologias; tampouco gozaríamos das facilidades e do conforto do estágio atual. Se a curiosidade e o encantamento constituírem as condições primordiais do desvelamento e do conhecimento da natureza pelo homem, também vão possibilitar e potenciar a educação do futuro; eis porque devem fazer parte da estratégia educacional. O entendimento de como é factível estimular crianças e jovens para o desenvolvimento da curiosidade constitui resiliente preocupação das famílias Maristas, que escolheram, por meio de votação, o tema pesquisa para ser destaque na nossa revista Em Família deste semestre. Para melhor entender esse tema em um contexto de complexidade, é necessário problematizar o seu significado, pois ultrapassa o senso comum, que o identifica com o simples uso do laboratório ou a realização de determinada experiência investigativa. Seu significado está em como as experiências e as práticas pedagógicas são exploradas pelos sujeitos-mores da educação: alunos e professores. A aprendizagem entendida na perspectiva da pesquisa rompe com uma organização do ambiente de aprendizagem centrada na transmissão de conhecimentos pela figura do professor ou por meio de exercícios repetitivos. Redefinir esse ambiente em comunidade permite às crianças uma participação legítima em práticas de superior aprendizagem, com crescente grau de liberdade para tentar, errar, corrigir e

escolher onde, quando, como e em quem investir sua curiosidade, inteligência e emoção. A pesquisa é facilmente relacionada ao Ensino Superior; no entanto, é prática que pode e deve ser estimulada desde os primeiros anos da vida escolar. As teorias científicas evidenciam que as crianças são cognitivamente competentes, intelectualmente ativas e socialmente comprometidas. O planejamento espaço-temporal com vistas à pesquisa propicia momentos para o fascínio e o despertar da curiosidade, além de corroborar e potenciar o empenho da criança no uso de sua habilidade de investigação. O trabalho realizado em sala de aula também pode ser complementado em casa. Estimular nossas crianças para o desenvolvimento da curiosidade sobre coisas simples, que estão à sua volta, e questões do dia a dia, eis uma boa e proficiente prática. O envolvimento das crianças, desde tenra idade, na discussão bem dosada de problemáticas sociais, políticas e ecológicas, por exemplo, é preciosa oportunidade de educação para um futuro mais sustentável; prepara-as para lidar com situações rotineiras, pensando global e criticamente e agindo local e pessoalmente.

ir. vanderlei Siqueira dos Santos diretor-executivo da Rede Marista de Colégios

© Foto: João Borges

Você já se viu diante de situações em que o excesso de informações ou a ausência delas o deixaram confuso sobre o que fazer? Ao contar sua experiência, a professora Isabel Alarcão argumenta sobre a razão de tal conflito: “Cheguei ao hotel, vinda do aeroporto. Eram duas e meia da tarde. Situado no característico nordeste brasileiro, o hotel era o exemplo bem acabado da globalização. Pela ausência, quase total, de marcas da civilização local, podia situar-se em qualquer parte do mundo”. Servimo-nos do relato para pensar e problematizar a necessária função da escola de educar para a vida, alicerçada no despertar da curiosidade e do encantamento, como estratégias para a leitura de mundo e o desenvolver da Ciência. Não é novidade que a escola moderna, transmissora dos conhecimentos acumulados, também se tornou distante da vida, porque pouco contribui para a interação crítica do ser humano com o mundo. Há inadequação cada vez mais ampla entre os saberes fragmentados e os desafios cada vez mais planetários. De fato, a estreiteza do olhar nos impede de ver o global, bem como o essencial. Além disso, todos os problemas particulares só podem ser enquadrados e pensados corretamente em seus contextos e circunstâncias; o próprio contexto desses problemas, por sua vez, deve enquadrar-se, cada vez mais, no universo planetário, como defende, entre outros, o sociólogo francês dos “problemas da cultura”, Edgar Morin. Por natureza, o ser humano é curioso. Sem essa vontade de querer entender

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© Foto: Michele Bravos

dia a dia

Com as

próprias asas Uma viagem missionária pode ser o ponto de partida para cortar o cordão umbilical com o filho e ainda incentivar o jovem a ter um amadurecimento mais profundo Por Michele Bravos

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Enquanto o filho adolescente Jackson Bortolotti, 17 anos, aluno do Colégio Marista São Francisco, de Chapecó (SC), fazia as malas para embarcar em uma experiência longe de casa por uma semana, a mãe, Neiva Bortolotti, 45 anos, assistia à cena ansiosa e com o coração apertado, mas com a consciência de que é preciso deixar ir. Em janeiro deste ano, Jackson subiu em uma Kombi e foi para Ponte Serrada, no oeste catarinense, para participar, junto com outros 100 jovens, da Missão Solidária Marista 2014. Ouve-se por aí que filho se cria para o mundo. Quando esse clichê bate à porta, os pais são desafiados a balancear seus sentimentos e pensamentos. De um lado, o instinto protetor, envolto por muitas preocupações decorrentes do mundo atual; de outro, um lado mais racional que en-


tende que a saída do filho contribuirá para seu amadurecimento. Ter como ponto de partida uma viagem missionária é um desafio positivo, afinal, além de o filho estar fora do ninho, em uma missão, ele se deparará com situações e pessoas muito diferentes do convívio habitual. Jackson conta que teve a oportunidade de conhecer pessoas com costumes e realidades diferentes. “Conhecemos alguns católicos, outros evangélicos, outros ateus. Ouvimos críticas, reclamações, agradecimentos. Escutamos sobre a falta de médicos treinados, de infraestrutura, de emprego, e a ida dos candidatos políticos aos bairros pobres somente para a compra de votos”. Para Neiva, são justamente essas diferenças que tornam uma saída como essa tão enriquecedora e necessária para os filhos. “O maior desafio dos pais é o entendimento do quanto uma missão vem a agregar positivamente na formação de um jovem. No momento em que o Jackson saiu, temporariamente, de casa para uma viagem missionária, eu, particularmente, fiquei feliz, pois sabia que ele estava na companhia de pessoas especiais, por uma missão”, diz. Na opinião da mãe, é na adolescência, quando o filho está gritando por independência, que esse cenário se faz mais presente. “Não podemos negar que na adolescência há um afastamento natural dos filhos. Eles estão buscando autonomia. Os pais, principalmente as mães, sofrem com essa fase. Para nós, eles ainda precisam e sempre precisarão de proteção e amparo”. Apesar desse sentimento protetor, Neiva acredita que para a construção da identidade, anseio que é muito forte nessa faixa etária, deixar com que o filho voe com suas próprias asas é fundamental. Emocionalmente, a pessoa só cresce quando assume a própria caminhada. “Minha vida mudou drasticamente. Passei a olhá-la de forma

diferente. Estou mais crítico e atento às outras realidades, e não só à minha ou de meus amigos”, conta Jackson. Neiva percebe que a convivência na semana das missões com famílias “estranhas” proporcionou ao filho um amadurecimento imensurável. “A realidade do Jackson, e que acre-

dito ser de outros tantos jovens, é de conforto e vida cômoda, ou seja, roupa lavada, comida pronta e, mesmo assim, às vezes até reclamam de tudo. O desafio de se organizar para ficar responsável pelos seus atos durante esse período o tornou uma pessoa melhor, com certeza”.

Na opinião deles Proporcional à ansiedade dos pais é a expectativa dos filhos. Saiba o que os jovens pensam e sentem diante do desafio de sair de casa para uma viagem missionária. Jackson Bortolotti, 17 anos Colégio Marista São Francisco, de Chapecó (SC) Nos dias que antecederam a Missão Solidária Marista, estive muito ansioso. Até pensei se poderia ser assaltado enquanto andasse pelas ruas de Ponte Serrada. Pensava também na minha mãe. Como ela ficaria sem mim? Finalmente, de malas prontas, pensei: “É agora!”. Já no primeiro dia lá, veio o choque. Não estávamos lá para mudar Ponte Serrada, mas para sermos mudados pela cidade e pelo povo dali. Com a MSM, acordei. Voltei de lá pensando em cuidar mais no resto do mundo, do meu prédio, da Pastoral da Juventude Marista, de alguém que está nas ruas. Letícia Pereira Zancanaro, 16 anos Colégio Marista Frei Rogério, de Joaçaba (SC) Durante as visitas aos bairros vulneráveis, fiquei pensando como aquelas famílias conseguiam viver daquela forma. Vendo as crianças brincarem na sujeira, fiquei inconformada com a prefeitura, que não dava importância. Em compensação, eu via nos olhos delas como estavam felizes com a nossa presença. Por mais que todos falassem da violência nessas comunidades, em momento nenhum eu senti medo. Sair do nosso conforto acende a chama da missão em nós. Sempre que eu me deparar com alguma situação precária, meu instinto missionário irá falar mais alto e eu irei ajudar a melhorá-la. Hercules Vinicius de Moraes, 17 anos Ex-aluno do Centro Social Marista Itapejara, em Itapejara D’Oeste (PR) Eu comecei a trabalhar uma semana antes da Missão Solidária Marista (MSM). Então, fiquei meio sem jeito de perguntar para meu chefe se ele me dispensaria, mas daí eu pensei que trabalho eu terei por muito tempo e a MSM, não. E ela ficará marcada para sempre. Eu participo da PJM há sete anos. Minha família admira o trabalho. Mas a primeira vez que fui para uma viagem missionária, eles ficaram meio indecisos sobre a minha ida. No entanto, quando voltei para casa e mostrei vídeos e fotos, eles ficaram impressionados. Este ano, eles me deixaram ir sem nenhuma preocupação. Uma das experiências que mais me marcou em Ponte Serrada foi ter conhecido uma senhora de 116 anos que estava sendo cuidada por sua filha. Foi marcante para mim ter ouvido que o genro dessa senhora havia pedido para que a filha escolhesse entre ele ou a mãe. A filha optou pela mãe. Vi ali cuidado e amor. Ana Cássia Ribeiro, 16 anos Colégio Marista de Cascavel (PR) Durante essa Missão, foi muito marcante para mim uma visita que fizemos ao bairro Cohab, um lugar bastante vulnerável em Ponte Serrada. Lá, a gente pôde observar a realidade das famílias. Eram pessoas muito simples e com pouquíssimas condições financeiras. Precisamos ter mais empatia pelos outros. Temos que nos colocar no lugar do próximo para perceber do que as pessoas necessitam. Saí de lá com sensação de que desperdiçamos demais. Temos tudo em nossa casa e, ainda assim, muitas vezes não damos a devida importância. Estando perto de realidades como essas, acho que a gente também consegue dar mais valor à vida que temos.

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capa

Curiosidade © Fotos: Gilberto do Rosário

que transforma

O incentivo dos pais à curiosidade e à pesquisa contribui na formação de filhos ativos na construção do próprio conhecimento. Benefício que reflete durante toda a caminhada deles como estudantes e estimula o desenvolvimento de um olhar crítico sobre o mundo Por Julio Glodzienski

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Ser curioso é um processo comum da descoberta e construção da própria identidade. É importante incentivar crianças e jovens a essa curiosidade, pois com ela surge um potencial de construção do conhecimento que pode, e deve, ser explorado. Falar em incentivo à pesquisa é, a princípio, apoiar o desenvolvimento do instinto curioso dos filhos. Na família Fauth,, a curiosidade faz parte do dia a dia. Arthur Gabriel Fauth, estudante do 2º ano do Ensino Médio no Colégio Marista Pio XII, de Ponta Grossa (PR), é interessado em novas tecnologias, hábitos e culturas. “Já participei de campeonatos de robótica e do Projeto Grupo de Pesquisa Avançada (GPA), uma oportunidade em que você se confronta com realidades diversas e, depois de um tempo, você enxerga as coisas de uma maneira diferente”, completa. Conta o pai, o bancário Marco Túlio Fauth, que ele próprio também gosta de robótica e, juntos, procuram peças, informações sobre protótipos, para colocar em prática as ideias de Arthur. “Em uma viagem ao exterior, toda a família se engajou na busca e depois na negociação de um artigo para o protótipo”. Na opinião de Arthur, a pesqui-

desenvolve-se a habilidade de trabalhar em grupo, e os estudantes percebem que suas teorias são temporárias, porque estão em constante processo de negociação e de reflexão. Claudia Kochhann de Lima, Coordenadora psicopedagógica do Colégio Marista Criciúma (SC)

sa é também um meio pelo qual se estreitam laços de relacionamento. A potencialização do instinto curioso dos filhos está muito atrelada ao estímulo à pesquisa, o que também contribui e reflete em toda a caminhada deles como estudantes. Arthur confirma: “Ter curiosidade em pesquisar faz com que eu tenha mais facilidade nos meus estudos”. A pesquisa deve ser levada como um princípio do trajeto educativo, em que ocorre a produção dos saberes por meio de participação ativa e reflexiva. A assessora de área de Ciências da Natureza da Província Marista Rio Grande do Sul (PMRS), Porto Alegre (RS), Lisandra Catalan do Amaral, aponta que pesquisar – de assuntos mais corriqueiros a temáticas complexas – estimula a curiosidade, a autonomia e o desenvolvimento de atividades relacionadas com os objetos que estão sendo estudados. É também o que defende a coordenadora psicopedagógica da Educação Infantil e Ensino Fundamental I, Claudia Kochhann de Lima, do Colégio Marista de Criciúma (SC). “Pesquisar demanda capacidade de análise crítica dos problemas do mundo, formulação de perguntas e proposição de respostas, em um processo problematizador sempre passível de confirmação, revisão, modificação e reconstrução”, reforça. Arthur, além de se interessar por assuntos relacionados à tecnologia, também gosta de pesquisar sobre a árvore genealógica da família. O

pai se orgulha do fato: “Foi graças a esse espírito curioso do Arthur que a gente descobriu o registro de um antepassado nosso em um cartório lá na Itália”. Lisandra reforça que o gosto pela pesquisa pode começar pelas percepções intuitivas de cada um até chegar a níveis mais complexos de questionamentos. A exemplo da família Fauth, uma busca pela história dos antepassados pode ser uma boa forma de estimular a curiosidade e a pesquisa, além de integrar pais e filhos. Lisandra ainda complementa que é dessa intuição que decorrem inúmeras vantagens, como a possibilidade de resolução de problemas; o desenvolvimento de habilidades, potencialidades, pensamento lógico e raciocínio. Os filhos, ao serem incentivados a realizar pesquisas a partir de suas curiosidades, ganham um diferencial para toda a vida. O diretor geral do Colégio Marista de Brasília de Ensino Médio (DF), José Leão da Cunha Filho, observa que estimular é fundamental para a construção da cidadania em tempos de globalização, gerando “um olhar crítico sobre o mundo, uma autonomia intelectual, criticidade e espírito de inovação”. Ao se tornarem protagonistas do próprio conhecimento, “desenvolve-se a habilidade de trabalhar em grupo, e os estudantes percebem que suas teorias são temporárias, porque estão em constante processo de negociação e de reflexão”, completa Claudia.

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capa viSando o FUTUro O bancário Fauth vê nesse incentivo à pesquisa agora uma boa forma de inserção no mercado de trabalho amanhã. Por isso, ele defende a importância do apoio familiar. “O acompanhamento dos pais é fundamental, pois contribui na solidificação do conhecimento. Então, buscamos incentivar a curiosidade do Arthur e que ele corra atrás das respostas”. O diretor Cunha define que, “os pais devem estar presentes de duas maneiras: sendo exemplo de olhar científico sobre as coisas e escolhendo escolas que favoreçam a formação do espírito científico”. Para o pai de Arthur, na prática, o incentivo acontece com o estímulo a novas leituras, no interesse dos pais em saber o que os filhos estão aprendendo, de modo a incentivá-los a aprimorar seus conhecimentos. A coordenadora Cláudia completa, ao descrever o ambiente ideal de incentivo. "Deve-se criar um espaço de diálogo, de escuta na família, deve haver a busca em valorizar os questionamentos e reflexões dos filhos”, define. “Por meio das pesquisas, o jovem se sente valorizado, pois é um agente indutor dos estudos, e que contribui de forma expressiva para seu crescimento e amadurecimento”, explica Fauth.

© Foto: Acervo pessoal

LiÇÃo de CaSa Sabendo que é na prática que o jovem vai descobrir que aprender é prazeroso, a estudante Isadora Arlaque Flores,, do 4º ano do Colégio Marista Assunção, de Porto Alegre (RS), é orientada pelos pais para que descubra respostas lendo e pesquisando em diferentes materiais. É a proposta da professora Simone Arlaque Flores, mãe da Isadora: “Aqui em casa, o que a Escola solicita é prioridade, sempre acompanhamos e participamos das tarefas de casa e dos eventos no Colégio. O processo da pesquisa é muito

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FaMÍLia da CiÊnCia interessante. Mesmo que tenha sido uma solicitação do professor, a busca das respostas gera descobertas importantes”, aponta. Isadora é apaixonada pelo desconhecido e por isso virou pesquisadora, a partir do incentivo dos pais e da Escola. “É muito importante, a criança aprende muito e vai levar o conhecimento para a vida toda. Tudo o que pesquisamos e aprendemos com as nossas descobertas é inesquecível”, aponta a pequena curiosa, que vê a pesquisa como uma forma de desenvolvimento escolar. E foi a partir de uma dinâmica em grupo que surgiu o projeto de pesquisa de Isadora. “Eu, Felipe Moscon Salvo, Lucca Do Conto Almada, Octávio Kliar Araújo da Silva e Sérgio Eduardo dos Santos Becker éramos a equipe, e foi daí que saiu a pergunta: 'Professora, como o coração bate?'”, diz a estudante. Foi então que deram início às pesquisas para entender o funcionamento do órgão. A equipe de pequenos pesquisadores conquistou o destaque no Salão de Iniciação Científica da UFRGS, em 2013. “Após essa conquista, vi o quanto é bom ser pesquisador, com o trabalho e as descobertas que fizemos. Ver o reconhecimento das pessoas que aprenderam conosco é um grande incentivo”, completa Isadora.

É sendo valorizado e incentivado que Gabriel Philippini Ferreira Borges da Silva, de 14 anos, estudante do 9º ano do Colégio Marista Pio XII, de Ponta Grossa (PR), sabe a importância de ser pesquisador desde cedo. O apoio dos pais é fundamental, por isso Jeremias Borges da Silva, professor de Física na Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), pai do Gabriel, dá todo o suporte. “Não é só observar a qualidade do ensino que a escola proporciona, mas também incentivar, apoiar e educar para que ele tenha compromisso e responsabilidade para com sua formação”, explica o professor. No caso da família Silva, o exemplo extrapola a teoria e Gabriel coloca a mão na massa atuando, por exemplo, como organizador de duas feiras de ciências regionais, tendo contribuição na avaliação do uso do método científico pelos estudantes no evento. Além disso, já participou da Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica, organizada pela Sociedade Astronômica Brasileira, o que lhe rendeu uma medalha de ouro pelo bom desempenho na avaliação de inscrição do evento, em 2013. Saber pesquisar é explorar novos campos e obter conhecimentos diferenciados: “Por meio das pesquisas, independentemente da facilidade que eu tenha em determinada área, sempre vou aprender algo a mais”, explica Gabriel. Por isso, Silva faz com que o filho se sinta à vontade em pesquisar, incentivando, mas sem pressão: “Procuro sempre destacar a importância da ciência para a evolução do ser humano. Acredito que conhecer a ciência e seus modos de evoluir dará a ele uma probabilidade maior de realização profissional”, completa o pesquisador.

SaLa de aULa: aMBienTe de


inveSTiGaÇÃo

O especialista em Metodologia, Jorge Santos Martins, em seu livro o Trabalho com projetos de pesquisa: do ensino fundamental ao ensino médio, define pesquisa como “um instrumento pedagógico destinado a melhorar a qualidade da aprendizagem [...], a romper a monotonia do enfadonho blábláblá diário e a tornar a sala de aula um espaço dinâmico, no qual os alunos sejam participantes ativos da sua própria formação” (2005, p. 75).

veJa aLGUnS ProJeToS de inCenTivo À PeSqUiSa ProMovidoS PeLoS CoLéGioS MariSTaS:

nhecer e de se relacionar”. Dar condições ao professor para trabalhar é imprescindível, como explica o diretor Cunha. “Sabemos que é fundamental investir na formação para a pesquisa no ensino, por isso oferecemos a eles condições de trabalho adequadas a essa prática”. A estudante Isadora defende o papel da escola. “É importante que a escola tenha todos os materiais para que as crianças aprendam e façam cada vez mais pesquisas, como salas de informática equipadas, laboratórios de ciências e uma biblioteca com livros atualizados”. © Foto: Tamíris Domingos

Para que a criança ou o adolescente pegue gosto pelo pesquisar e aprender, é preciso que o benefício seja significativo, com orientação de professores com escutas apuradas e atentas. "Ao assumir a pesquisa na escola, assume-se um perfil de estudante diferenciado que observa, pensa, elabora conceitos e estabelece comparações", explica Lisandra. A escola é o local no qual a pesquisa se consolida como oportunidade para a produção dos saberes. “Ela é fundamental para incentivar, promover e assumir uma proposta pedagógica que contemple a pesquisa. Muitas vezes, é o único espaço onde o estudante tem a oportunidade de experimentar”, conta Lisandra. Ela também defende que é missão do professor ser incentivador. “Cabe ao professor desencadear ações problematizadoras, incentivando o conflito cognitivo para, assim, ocorrer a argumentação, a interpretação, até a resolução do problema". No fazer pedagógico Marista, os estudantes são estimulados a realizar pesquisas, como aponta a coordenadora psicopedagógica Cláudia. “São criados ambientes de aprendizagem nos quais o aluno possa se expressar em diversas linguagens e, para estimular a pesquisa, é preciso construir um espaço de diversidade favorável aos modos de pensar, de ser, de co-

é importante que a escola tenha todos os materiais para que as crianças aprendam e façam cada vez mais pesquisas, como salas de informática equipadas, laboratórios de ciências e uma biblioteca com livros atualizados. Isadora Arlaque Flores, 4º ano, no Colégio Marista Assunção – Porto Alegre (RS)

Alunos do Colégio Marista de Criciúma (SC) presenciando resultados de pesquisa.

O desenvolvimento de ações didáticas possibilita o contato e a vivência das crianças com situações que ampliam seus conhecimentos sobre determinados temas que as rodeiam no dia a dia. Faz parte de projetos com esse objetivo, por exemplo, o projeto Como nasce o pinto?, desenvolvido com os alunos da Educação Infantil do Colégio Marista de Criciúma (SC). O objetivo era responder ao questionamento que surgiu em sala de aula, em um momento de contação de histórias. Foi quando as professoras identificaram a curiosidade, levantaram com as crianças as hipóteses de resposta ao questionamento e, então, acompanharam o processo do ovo em laboratório, trabalhando com histórias, viagens de estudos e várias outras ações. Depois de concluída a pesquisa, além de os alunos descobrirem como se desenvolve e nasce um pintinho, ainda organizaram uma exposição para toda a comunidade escolar.

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capa

acredito que conhecer a ciência e seus modos de evoluir dará a ele uma probabilidade maior de realização profissional.

© Foto: João Borges

Jeremias Borges da Silva, professor de Física na Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), pai de Gabriel Philippini Ferreira Borges da Silva, estudante do 9º ano do Colégio Marista Pio XII, de Ponta Grossa (PR)

Com o objetivo de estimular o interesse pela pesquisa, incentivando os jovens a desenvolver projetos com o uso de métodos científicos e oferecer a possibilidade de integração com colegas de outras instituições de ensino, de modo a ampliar suas relações e sua visão, o Colégio Marista Pio XII, de Novo Hamburgo (RS), criou a PioTeC – Mostra de Projetos de Tecnologia e Ciências. A partir do projeto, os estudantes têm a oportunidade de se familiarizar com os processos investigativos por meio de categorias de pesquisa como Ciência da Computação, Matemática, Física, Ciências Especiais e Terrestres, Engenharia, Mecânica, Medicina, Meio Ambiente e reciclagem. E é sabendo da importância para a formação das crianças e dos jovens que o projeto é voltado para a difusão e a promoção da investigação e da pesquisa científica em todos os níveis de ensino.

Alunos do Colégio Marista de Brasília de Ensino Médio (DF) em debate promovido pelo Programa Maristão Faz Ciência.

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Participação dos estudantes do Colégio Marista Pio XII (RS) na PioTeC – Mostra de Projetos de Tecnologia e Ciências.

© Foto: Acervo Colégio Marista Pio XII (RS)

Fazer iniciação científica ainda na escola é preparar os estudantes para o Ensino Superior e para o aproveitamento de programas governamentais de estímulo à pesquisa e inovação. Por isso, o Programa Maristão Faz Ciência, do Colégio Marista de Brasília de Ensino Médio (DF), tem como objetivos fortalecer o ideal de formação de pesquisadores, estimular e produzir trabalhos científicos compatíveis com as possibilidades de estudantes do Ensino Médio, por exemplo. O incentivo acontece no âmbito de uma linha de pesquisa ou de um observatório, como também nas variadas interfaces, dependendo do objeto da curiosidade dos alunos. Entre os 143 estudantes envolvidos, desde quando o projeto foi criado em 2011, surgiram 28 produções acadêmicas e dez publicações, mostrando o resultado do projeto de incentivo que pretende ampliar o interesse pela pesquisa em consonância com o Projeto Educativo Marista, que enfatiza a pesquisa como um dos pilares de sua proposta pedagógica.


Quando um aluno levou uma bola para a sala de aula, começaram a surgir vários questionamentos sobre sua cor, sua forma, de que material era feita, entre outros. Durante as pesquisas, os alunos mostraram o interesse pela Copa do Mundo. Foi quando deram início ao projeto A Copa do Mundo é Nossa, e uma investigação, com a interação dos pais, começou no Colégio Marista Pio XII, em Ponta Grossa (PR). Para enriquecer a pesquisa, os alunos trouxeram bandeiras, reportagens, fotos, chuteiras, uniformes da seleção, mapas e objetos de torcida. A sala de aula já não conseguia conter tanta informação e vontade de descobrir mais. Os alunos realizaram uma experiência na qual visitaram o estádio da cidade, Germano Kruger, e pôde-se perceber o quanto o projeto foi significativo, pois os pequenos demonstraram muita curiosidade durante o processo. A pesquisa proporcionou aos alunos a oportunidade de serem protagonistas da construção de novos conhecimentos.

© Foto: Acervo Colégio Marista Assunção (RS)

Alunos do Colégio Marista Assunção, de Porto Alegre (RS), são estimulados a desenvolver pesquisas científicas.

© Foto: Gilberto do Rosário

Com o objetivo de trabalhar com a construção do conhecimento a partir do questionamento, da argumentação, do aprofundamento de informações e da coleta de dados, os alunos do Colégio Marista Assunção, de Porto Alegre (RS), participaram de um projeto de iniciação científica. Os estudantes dos anos finais do Ensino Fundamental e do Ensino Médio foram divididos em grupos e escolheram as linhas de pesquisa para realizarem o trabalho. Ética, consumo, diversidade, qualidade de vida e movimentos sociais foram algumas das temáticas propostas. Além de três encontros de orientação e dos plantões de dúvidas ao longo do 1º e do 2º trimestres, os grupos participaram da banca de defesa do projeto e da Mostra de Iniciação Científica. Encerrando o projeto, no 3º trimestre, os jovens elaborarão o relatório final. Os estudantes ainda terão a possibilidade de apresentar suas pesquisas em universidades como PUCRS e UFRGS. Um dos diferenciais da iniciativa é que cada grupo tem um professor orientador que acompanha o trabalho ao longo do ano. A iniciativa não se restringe à área das ciências da natureza, mas se destaca provocando reflexões atuais e ampliando os conhecimentos adquiridos em sala de aula.

Alunos do Colégio Marista Pio XII, de Ponta Grossa (PR), recebem visita dos jogadores do time da cidade.

Por meio das pesquisas, o jovem se sente valorizado, pois é um agente indutor dos estudos, e que contribui de forma expressiva para seu crescimento e amadurecimento. Marco Túlio Fauth, bancário, pai de Arthur Gabriel Fauth, estudante do 2º ano do Ensino Médio no Colégio Marista Pio XII, de Ponta Grossa (PR).

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© Fotos: Gilberto do Rosário

entrevista

Revolução do ensino Com nova plataforma, alunos, pais e professores da Rede de Colégios Maristas ganham uma nova possibilidade de democratizar os mais variados conteúdos e levar os debates para fora da sala de aula com a ajuda da internet Por Mahani Siqueira

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Não é segredo para ninguém que os livros digitais – que podem ser lidos em smartphones, tablets e computadores – são uma tendência irreversível do mercado editorial e ganham cada vez mais adeptos. As páginas em papel continuam insubstituíveis para muitos leitores, mas a tecnologia é uma aliada da leitura que não pode ser ignorada e que, se bem aproveitada, pode ser fundamental para incen-

O que é exatamente o iTunes U?

Para quem a plataforma está disponível?

tivar o hábito de ler e (por que não?) auxiliar estudantes de todo o mundo. Ciente da revolução digital dos livros, a Rede de Colégios do Grupo Marista colocou em prática um projeto que já é usado em algumas das maiores universidades do mundo. O iTunes U, plataforma virtual criada pela Apple, disponibiliza na internet uma variedade imensa de conteúdos didáticos e oferece uma experiência

Trata-se de uma plataforma criada pela Apple que disponibiliza recursos de aprendizagem e é utilizada pelas maiores instituições de ensino do mundo, como as universidades de Harvard, Yale e Stanford, nos Estados Unidos, e Oxford, na Inglaterra. As instituições distribuem conteúdo digital em seus canais gratuitamente. São palestras, vídeos, cursos, artigos, entre outros. A Apple apoiou o processo de implementação em todos os momentos, esclarecendo dúvidas sobre a plataforma.

O iTunes é um aplicativo que pode ser baixado gratuitamente, em equipamentos com sistema operacional iOS ou Windows. Qualquer pessoa que acesse o iTunes pode ir até o canal “Colégios Maristas” e baixar todos os materiais disponíveis. O canal exclusivo dos Colégios do Grupo Marista oferece conteúdo de qualidade para uso não só dos nossos alunos, mas de todos. Estão disponíveis cursos completos com e-books, vídeo-aulas, podcasts, artigos inéditos e aplicativos desenvolvidos para auxiliar a aprendizagem.

sem precedentes na democratização de informação para alunos, pais e educadores. Em entrevista para a revista Em Família Marista, a analista educacional do Grupo Marista, Caroline Costa Serqueira, uma das responsáveis pela implantação do projeto, falou sobre o funcionamento do iTunes U e todos os benefícios que a iniciativa vai garantir aos envolvidos.

Quais os principais benefícios que alunos terão com o acesso ao iTunes U?

Qualquer canal que disponibilize conteúdo aberto é uma vantagem para todos nós. O iTunes reúne instituições de ensino do mundo todo que validam os materiais publicados, isso é, o canal passa a ser uma fonte segura de acesso à informação.

Como é o processo de elaboração dos materiais?

A partir da experiência com os livros de história, em que uma equipe trabalhou para construir os primeiros materiais, passamos a ter diversas experiências com livros digitais na rede de Colégios, sendo que cada unidade conduz o trabalho do seu jeito: o que melhor se adequa à sua realidade e principalmente às suas necessidades. Os livros estão partindo das necessidades de cada Colégio, que acabam encontrando uma nova forma de produzir seu próprio material.

O canal exclusivo dos Colégios do Grupo Marista oferece conteúdo de qualidade para uso não só dos nossos alunos, mas de todos.

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entrevista Os professores tiveram formação para a aplicação desses livros em sala de aula?

Estamos em um momento de descobertas e não vemos nos livros digitais uma solução ou sobreposição de práticas. Isso tem que acontecer naturalmente e precisa fazer sentido nos contextos, contribuindo para que os alunos aprendam cada vez mais e com mais significados. Não existe fórmula para que isso aconteça. Os professores procuram por formações e informações e essa escuta é a mais valiosa, pois a partir dela nasceram as experiências que estamos vivenciando. As formações acontecem de acordo com as necessidades.

Os professores procuram por formações e informações e essa escuta é a mais valiosa, pois a partir dela nasceram as experiências que estamos vivenciando.

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Quais foram os conteúdos mais acessados e bemsucedidos desde o início da utilização da plataforma?

Os primeiros livros, de História, idealizados por professores do Colégio Marista Arquidiocesano, certamente são os que tiveram mais visibilidade. Esse material teve mais de 22 mil downloads em menos de um ano, sendo 80% de usuários do Brasil e os outros 20% em outros países, como EUA, Espanha, Portugal, França e Alemanha Temos também releituras criadas pelos próprios alunos, histórias criadas por professores, reunião de materiais sobre algum tema específico, que não consta em materiais didáticos. As experiências estão acontecendo em todas as esferas.

Qual a importância desse tipo de projeto para o aprendizado dos alunos?

Em tempos em que as tecnologias nos trazem dúvidas e desafios impostos diariamente devido à sua rápida e constante evolução, sua apropriação nas escolas e por seus sujeitos passa a ter importância quando forem compreendidas como meios para um fazer pedagógico que problematiza, intervém, acompanha e contribui para mudanças, qualificando a formação integral.


índice

POR yoLanda drUMon

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alunos construíram e lançaram foguetes confeccionados a partir de garrafas pet na vii Mostra Brasileira de Foguetes. Saiba como foi.

destaque

com a palavra

ed. infantil

ens. fundamental

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Crianças da Educação Infantil aprendem conteúdos interdisciplinares com auxílio da tecnologia.

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Em suas práticas pedagógicas o Colégio incorpora uma dobradinha infalível: conteúdo + tecnologia. Saiba mais sobre o Literacia.

ens. médio

diz aí

caleidoscópio

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O que pensa a DiretoriaGeral.

Projeto Órbitas Urbanas proporciona aos alunos conhecimento e vivência das grandes metrópoles em seus aspectos estruturais e sociais.

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Pais e filhos dividem o mesmo espaço nas redes sociais. Saiba o que seu filho pensa sobre isso.

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você sabia?

gente nossa

ser melhor

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O legado de uma trajetória: saiba um pouco da história do Irmão Davide Pedri.

Cego de nascença, ex-aluno Mauricio Peixoto de Mattos Almeida trabalha no BTG Pactual, o principal banco de investimentos da América Latina.

Relembre os principais acontecimentos do Colégio.

Conheça algumas ações da Pastoral.


com a palavra

X

“Acho que não preciso usar” “Não consigo viver sem!”

Considerando esses cenários, o Arqui quer se tornar um grande centro de Letramento Informacional. O lançamento do iTunes U no Brasil com a participação do Colégio, o nosso projeto com os tablets, o trabalho com os Macintosh, robótica educacional... Tudo confirma a necessidade de tornar nossos educadores e estudantes mais autônomos e competentes na busca, seleção e construção do conhecimento. Esse Letramento (alguns falam de Literacia) é um projeto que envolve todos os educadores e que tem alterado a fisionomia de nosso trabalho em sala de aula, em todos os espaços educativos, dentro e fora do Colégio. Não acreditamos que as tecnologias educacionais se resumem aos dispositivos ligados à internet. Basta visitar o nosso Memorial e Museu Escolar para verificar, desde as origens do Arqui, o investimento consistente e persistente nas tecnologias mais adequadas para as aprendizagens. Queremos ferramentas para aprender mais e melhor, e as tecnologias digitais também ajudam o estudante do Arqui a se transformar em um pesquisador para a vida inteira.

Tudo confirma a necessidade de tornar nossos educadores e estudantes mais autônomos e competentes na busca, seleção e construção do conhecimento. ascânio João (Chico) Sedrez Diretor-Geral

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Colégio Marista Arquidiocesano

© Foto: School Picture

Um dos campos nos quais essa disputa está acontecendo é a escola. Parece já haver consenso, todavia, de que os movimentos nessa arena não são uniformes e, tampouco, previsíveis. Falamos de tecnologias usadas para qualificar o cotidiano das aprendizagens de nossos estudantes. Existem personagens na educação que olham para trás com saudades – “só piorou depois que criaram esta tal internet”. Analisam os malefícios de estar on-line. Advogam um papel preponderante para aquele professor que se posta à frente de uma classe como fonte de informações, dados e fatos. Uma escola quase que totalmente “sob controle”. Em outro extremo, há os felizes usuários de tudo o que a tecnologia disponibilizou para ler, brincar, entreter-se, informar-se... Em suma, para viver “plugado”. Virtualidade, para muitos, é a mais pura realidade. No meio dessas dúvidas, temos, por exemplo, a Finlândia, que se destaca por conciliar alta tecnologia na educação à valorização das pessoas, das diferenças, das diversificadas necessidades e possibilidades que todos têm na escola: professores excelentes e estudantes que buscam a excelência.


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© Foto: Marcela Fernandes

ed. infantil

A cada toque,

uma descoberta

Crianças da Educação Infantil aprendem conteúdos interdisciplinares com auxílio da tecnologia As crianças, cada vez mais espertas, não estão se contentando apenas com celulares e calculadoras de brinquedo. Avançando junto com a tecnologia, elas colocam para funcionar seus dedinhos em pinça sobre telas de tablets e smartphones e até mesmo em teclados de computadores, conquistando mais e mais seu território no mundo digital. Colocando-se a serviço da edu-

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cação, a tecnologia auxilia – e muito – o aprendizado das crianças. É por meio dessa inovação que elas se prendem ao conteúdo, sentindo-se próximas dele, querendo fazer parte do novo e imenso mundo de possibilidades que um aparelho eletrônico pode oferecer. Na Educação Infantil, a interação da pedagogia com a tecnologia pode gerar resultados muito inte-

Colégio Marista Arquidiocesano

ressantes; mais do que isso, pode ser essencial para a elaboração de projetos e atividades que prendam a atenção dos alunos e colaborem para seu desenvolvimento. No Colégio Marista Arquidiocesano, as crianças do Infantil 4 integram um projeto intitulado Uma Viagem ao Espaço, no qual visitas constantes ao planetário do Colégio são feitas com o intuito de enrique-


© Foto: Acervo do Colégio

© Foto: Natália Venâncio

cer o repertório dos alunos sobre o sol e a lua; o dia e a noite; e o sistema solar, por exemplo. Para esse fim, projeções de um céu estrelado, do trajeto do sol e da organização dos planetas são mostradas aos alunos, que se maravilham com a riqueza de detalhes que lhes é apresentada durante as aulas. “É natural que os resultados sejam mais interessantes e elaborados com a utilização desses recursos, pois a apresentação do tema, em si, já evoca seus sentidos, trabalhando com a visão, a audição e o tato ao mesmo tempo, tornando a experiência ainda mais enriquecedora”, afirma Cleusa Raquel de Paula Diniz, professora e coordenadora do Núcleo de Tecnologia Educacional do Arquidiocesano. Já no Infantil 5, o projeto trabalhado é o A Água na Vida e a Vida na Água que, além de contar com uma visita ao Aquário de São Paulo,

estimula os alunos a trabalhar com sites sobre os temas abordados, incluindo o endereço eletrônico do próprio Aquário. Eles utilizam os recursos eletrônicos para reconhecer e aprender sobre as diversas espécies de peixes, por exemplo. Em tal projeto, para dar o pontapé inicial, foi feita a exibição do filme “Procurando Nemo” no auditório do Colégio, para a familiarização com o ambiente marítimo através de um recurso lúdico e divertido. Segundo a coordenadora da Educação Infantil, Silvana Garutti, trabalhar com a curiosidade das crianças faz o envolvimento ficar cada vez maior, sendo este estimulado pela tecnologia que não para de influenciar as aulas. Há visitas, também, de ambas as turmas ao Laboratório de Informática do Colégio; lá, aplicativos e jogos são utilizados pelas crianças, trazendo à tona e aperfeiçoando sua capacidade motora de manusear diversos equipamentos e recursos, todos planejados para dar apoio ao seu crescimento pessoal e educacional. As crianças menores, do Infantil 2 e 3, vêm sendo adaptadas para também poderem usufruir dos recursos que o Colégio Marista Arquidiocesano tem a oferecer. “A coordenação motora, nessa faixa etária, ainda não está totalmente desenvolvida, mas a introdução é feita respeitando o tempo dos alunos, deixando que eles manejem e conheçam aos poucos o mecanismo de um tablet, por exemplo, familiarizando-se com o toque a partir de desenhos na tela ou de sons produzidos depois de um comando com os dedos”, explica Cleusa. Usando o fone de ouvido, elas desenvolvem a concentração e, como há mais de um aparelho para ser utilizado, há também o aproveitamento do tempo a partir da aprendizagem, deixando que cada criança desenvolva o conhecimento em seu próprio ritmo.

Outros ganhos Os recursos digitais não estão a favor apenas dos alunos: os pais também são beneficiados, já que os resultados que os filhos produzem digitalmente podem ser impressos ou disponibilizados para que eles acompanhem sua evolução e seu aproveitamento. Outro fator bastante positivo e produtivo é a linha da interdisciplinaridade, já que, com os recursos disponíveis nos dias atuais, podem-se trabalhar vários temas a partir de um mesmo projeto. Os alunos do 1º ano do Ensino Fundamental, por exemplo, durante as aulas de robótica, construíram uma batedeira – e com ela, em seguida, embasados pelas aulas de culinária e pelos conhecimentos matemáticos, químicos e lógicos que estas envolvem (como a dosagem e mistura de ingredientes), bateram um delicioso milk-shake, o qual foi degustado por todos depois de sua elaboração. O feedback, nesse caso, não poderia ser melhor... Há quem saiu da sala dizendo que foi “a melhor aula do mundo!”

A coordenação motora, nessa faixa etária, ainda não está totalmente desenvolvida, mas a introdução é feita respeitando o tempo dos alunos. Cleusa Raquel P. Diniz Professora e coordenadora do Núcleo de Tecnologia Educacional do Arquidiocesano

Colégio Marista Arquidiocesano

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ens. fundamental

Estimulando o

papel social do estudante

© Fotos: Acervo do Colégio

Segundo o Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), 70% dos jovens entre nove e 16 anos têm perfis em redes sociais e 68% usam a internet para navegar por essas redes. As atividades mais realizadas pelas crianças e pelos adolescentes na internet são: realização de trabalhos escolares (82%), visita às redes sociais (68%), acompanhamento de vídeos no YouTube (66%) e jogos on-line (54%). Os dados mostram um cenário no qual a internet está difundida no país, trazendo à tona a questão da inclusão digital de crianças e adolescentes a partir de ferramentas como notebooks, celulares, tablets, entre outras. A escola – como parte integrante da sociedade – tenta compreender os desafios dessa nova re-

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Colégio Marista Arquidiocesano

alidade, bem como identificar oportunidades de aprendizagem, participação, criatividade e comunicação. O Colégio Marista Arquidiocesano, por exemplo, incorpora em suas práticas pedagógicas uma dobradinha infalível: conteúdo + tecnologia. Existe um projeto que ilustra bem esse direcionamento, o Letramento Informacional, também conhecido como Literacia, o qual, a partir de uma realidade hiperconectada, dá novo sentido à biblioteca como espaço de experimentação da informação com a convergência de materiais variados – DVDs, livros, internet – para dar suporte à aprendizagem. Não é nada fácil, afinal, gerenciar a enxurrada de conteúdo a que temos acesso. Para


se ter uma ideia, a edição dominical do jornal The New York Times possui mais informações do que um homem do século XVII recebia durante a vida. Cientes da transformação, os educadores Maristas estão envolvidos no programa, o qual é responsável por alterar a dinâmica com os estudantes. A capacitação informacional deste século incorpora competências múltiplas, incluindo a digital, a visual, a textual e a tecnológica. “O objetivo é ajudar o aluno a fazer escolhas de modo embasado. Já temos resultados notáveis do Letramento, estamos formando jovens pesquisadores. Os professores estão envolvidos no processo, indicando, de modo casado, sites, livros, DVDs e mapas de parede para a elaboração dos trabalhos. Não é só o digital que é válido, tem que mesclar. Tecnologia educacional também é o impresso”, explica Ricardo Tomasiello Pedro, bibliotecário do Colégio Marista Arquidiocesano. Questões como “o estudante possui as competências adequadas para explorar mais a fundo um assunto?”, “o estudante está propenso a um nível mais elevado de pensamento e ativamente envolvido com o pensamento crítico para buscar e compartilhar conhecimento?”, e “o estudante é capaz de reconhecer seus pontos fortes e fracos e, com o tempo, tornar-se um aprendiz cada vez mais forte e independente?” são fortemente trabalhadas no Literacia.

Na sala de aula Segundo Alessandro Bartel Garcia, professor de Geografia do 7° ano do Ensino Fundamental do Colégio Marista Arquidiocesano, tal matéria requer muitos recursos visuais e a tecnologia ajuda, principalmente, a partir da diversificação de imagens e da dinamização dos processos. Porém, ele esclarece que a prática pedagógica não mudou muito, há aspectos a serem melhorados. Outro ponto mencionado por ele refere-se ao co-

nhecimento que os estudantes têm acerca da tecnologia: “O aluno tem um domínio aparente do ‘digital’. Nós, professores, temos que prepará-los. Muitos estudantes usam a Wikipédia como fonte única e oficial dos trabalhos e é necessário explicar a importância da qualidade das fontes; o Excel também gera muitas dúvidas”, diz o professor, que está fazendo especialização em Educomunicação na Escola de Comunicação e Artes da USP (ECA).

Estrutura e projetos diferenciados O Colégio Marista Arquidiocesano tem uma estrutura diferenciada em termos de tecnologia e conta com rede WiFi, lousa digital, computadores fixos e uma boa equipe de informática. “Gosto da estrutura do Arquidiocesano, mas tenho em mente que a tecnologia não pode ser usada como uma extensão do caderno, ela tem que ser utilizada com requinte”, acrescenta o professor. Garcia toca um projeto no 7° ano do Ensino Fundamental cuja tônica é o desenvolvimento dos programas com liberdade. De acordo com ele, a produção de conhecimentos, levando em conta a exposição de ideias, é uma excelente oportunidade de o adolescente ser “ele mesmo”, mostrando suas eventuais angústias. A utilização de tecnologia ganha significado. Os meninos “experimentam” a técnica de animação fotograma, também conhecida como stop motion. Para tal, são necessários máquina de filmar, máquina fotográfica ou computador, recursos audiovisuais, de filmagem, edição de vídeo, etc. No entanto, as técnicas manuais não são simplesmente abandonadas, mas coexistem de maneira harmônica com as tecnológicas; desenho, massinha e Lego também são formas de expressão. A arte também ganha viés tecnológico. O professor Edenilson Luiz Sant’Anna propõe aos alunos do 4°

ano do Ensino Fundamental a atividade Mistério na Sala de Arte, na qual há utilização da plataforma Google Art Project, que permite visitas virtuais a museus do mundo todo. A atividade funciona da seguinte forma: assim que os alunos voltam de férias, um dos quadros da sala de artes – uma réplica – desaparece e os estudantes precisam encontrar o quadro original em museus a partir da ferramenta. Nos 2°, 3° e 4° anos do Ensino Fundamental, as pesquisas através de tablets assumem papel de destaque. No 2° ano, por exemplo, há um projeto sobre índios e, de novo, uma forte parceria entre a área pedagógica e a robótica. Há inúmeros projetos que se utilizam dos recursos tecnológicos para ajudar a fomentar o papel social do estudante.

Colégio Marista Arquidiocesano

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ens. médio

Inovação. É com essa palavra que podemos definir a grade curricular do Ensino Médio do Colégio Marista Arquidiocesano, e um grande exemplo é o Projeto Escolha – Estímulo à Construção de Livres Habilidades e Aprendizagens, dirigido a alunos de 1ª e 2ª séries do Ensino Médio. A partir do programa, o estudante tem a possibilidade de organizar sua grade curricular – seguindo de certa forma a ideia das escolas norte-americanas – com atividades interdisciplinares que atendam às demandas de um sistema educacional dinâmico e abrangente a partir de cursos pontuais e convergentes às matrizes de referência dos Parâmetros Curriculares Nacionais. A tecnologia, nesse caso, está presente o tempo todo, seja nas palestras ou na interação com tablets e com múltiplos recursos audiovisuais. “No Projeto Escolha, vou fazer uma palestra com o tema: ‘Aprendendo a Aprender e a Ensinar a Partir de Práticas Audiovisuais’, na qual os alunos vão montar uma aula teórica, material didático, conteúdo aberto educativo, além de produzir um vídeo de cinco minutos”, declara Alessandro Bartel Garcia, professor de Geografia do 1° ano do Ensino Médio. Segundo ele, essa é uma ocasião de “liberdade”, ideal para tratar de temas sociais, sendo possível, inclusive, transmitir mensagens educativas aprofundadas. Outro ponto importante trabalhado no programa diz respeito às implicações do uso dos recursos tecnológicos: “Não se trata de censura, mas de explicar que a tecnologia pressupõe responsabilidade, até pela questão autoral. A escola educa, inclusive, sobre crimes virtuais, e, assim, promovemos um debate construtivo”, diz Garcia.

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o CenTro de SÃo PaULo CoM indUMenTÁria HI-TECH Conhecer a cidade em seus detalhes e sensibilizar-se com seus aspectos estruturais e sociais são objetivos do Órbitas Urbanas, um estudo de meio dedicado a estudantes da 2ª série do Ensino Médio do Arqui. Em um trekking urbano, alunos saem pela região central de São Paulo para analisar, por meio de pesquisa de campo, aspectos políticos, econômicos, sociais, culturais e estéticos. Um passeio ciclístico foi recentemente incorporado ao Órbitas para que os estudantes tivessem a possibilidade de vivenciar a questão da mobilidade urbana e observar a megalópole sobre duas rodas. Após a observação e a vivência, os grupos expressam o que foi captado a partir de manifestações artísticas, regadas a tecnologia, tais como crônicas, croquis, nuvens de palavras, ensaios fotográficos e manifestos. O projeto, inclusive, conta com uma página em uma rede social, na qual há publicações de discussões e curiosidades – sobre personagens da cidade, por exemplo. Alguns manifestos escolhidos são encaminhados a figuras públicas. Na edição de 2013, o projeto recebeu o Voto de Congratulação da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. O requerimento, feito pelo deputado estadual Carlos Giannasi (PSOL), em novembro, justificou-se pela importância cultural e pedagógica do Órbitas Urbanas, que proporciona aos alunos conhecimento e vivência da metrópole em seus aspectos estruturais e sociais, passando por suas dinâmicas e contradições, a fim de transformar São Paulo no lugar em que todos querem viver.

Colégio Marista Arquidiocesano

© Fotos: Marcela Fernandes

Várias faces da tecnologia



diz aí

o que você pensa

dos seus pais

{ou parentes mais próximos}

? © Fotos: Paulo Adolfo

estarem nas redes sociais

viToria MiLeo GarCia FeSTa 3° D 16 anos

MaTHeUS vindonSCky SoareS 3° A 16 anos

aManda CaSSeB reiS raMoS 3° A 16 anos

“Acho legal, a comunicação fica mais rápida. Minha mãe costuma comentar as fotos que posto e, às vezes, ensino-a a fazer alguns efeitos, além de inserir imagens para ela nas redes sociais.”

“Acho divertido observar as interações dos meus pais nas redes sociais. Noto que eles usam emoticons para tudo, e não é um só, são vários! Detalhe: não costumo ver a página deles, mas eles observam a minha.”

“Meus pais estão em TODAS as redes sociais! Acho bom porque do mesmo jeito que a tecnologia nos acompanha, tem que acompanhá-los também, assim eles ficam com a ‘cabeça aberta’. Até a minha avó está em uma delas!”

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Colégio Marista Arquidiocesano


Pedro Rivellino l. Moreira 3° C 16 anos

João Paulo dos Santos Marçal 2° B 16 anos

Taynara Sanchez Veturiano 3° E 16 anos

“Meus pais utilizam as redes, algo que considero interessante. Além de conversar com eles, também interajo com os pais dos meus amigos. Quando estava no intercâmbio, meus colegas me marcavam nas fotos deles e minha família comentava em TODAS elas...”

“Não me incomodo com o fato de os meus pais estarem nas redes sociais, mas noto que eles estão no ambiente virtual para verificar o que eu faço, para ter mais segurança sobre o meu desenvolvimento.”

“As redes sociais promovem união, juntam pessoas que se conhecem há tempos, mas que perderam o contato ou que estão distantes, em outros países. Meus pais encontraram amigos antigos nessas redes, e isso é legal”.

Apenas uma “espiadinha” “Em se tratando de redes sociais, os pais devem entender que os filhos estão lá para estabelecer comunicação com os amigos, e não com eles. Os adultos devem respeitar o espaço dos jovens”, afirma Cleusa de Paula Diniz, pedagoga e coordenadora de tecnologia educacional do Arquidiocesano. Segundo ela, é possível aproveitar as redes para saber como os jovens socializam, além de entender qual é o “ambiente virtual” no qual estão inseridos. Há, no entanto, um código tácito que consiste em não interferir muito. “Nada de comentar em todas as fotos do filho ou expô-lo”, adverte a profissional.

Cleusa informa que há uma parcela de jovens que se incomoda com o fato de os pais frequentarem as mesmas redes sociais visitadas por eles. Isso acontece porque os progenitores não estão familiarizados com a “etiqueta da internet”, utilizando, por exemplo, expressões exageradas. “A presença física é muito mais importante do que nas redes sociais, mas vale dar uma ‘espiadinha’”, finaliza.

Cleusa Raquel de Paula Diniz Pedagoga e coordenadora de tecnologia educacional do Arquidiocesano.

Colégio Marista Arquidiocesano

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caleidoscópio

2014

© Fotos: Paulo Adolfo

Gincana realizada por professores e alunos da Educação Infantil 4 e 5, a qual visa o desenvolvimento no esporte infantil. É uma atividade que contribui para o desenvolvimento físico, motor e social da criança. Alunos de quatro, cinco e seis anos treinaram as habilidades motoras a partir de atividades bem divertidas, tais como corridas, saltos, arremessos – em uma colorida “boca do palhaço” – e rolamentos, e até deram umas voltas com motoquinhas.

OLIMAR

CIRCUITO LÚDICO

© Fotos: School Picture

Evento esportivo que reúne todos os Colégios Maristas a cada dois anos para celebrar o esporte. No ano de 2013, foi sediado pelos Colégios Arquidiocesano e Nossa Senhora da Glória, em São Paulo, e contou com aproximadamente 1.500 participantes. A Olimpíada tem como objetivo fortalecer a amizade, a integração, a solidariedade e a sociabilidade entre os alunos e colaboradores dos Colégios da Província Marista Brasil CentroSul através da competição esportiva, coletiva e individual e, ainda, incentivar jovens de outros colégios a gostar de esporte.

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Colégio Marista Arquidiocesano


Evento esportivo promovido pelo Colégio Marista Arquidiocesano que reúne 4 mil atletas de 46 colégios de São Paulo. Trata-se de uma das maiores olimpíadas escolares do Brasil. Tem como objetivo despertar e estimular o gosto pelo esporte. Em 2013, o evento contou com aproximadamente 7 mil participantes (jogadores, equipe técnica e público) e cerca de 370 jogos nas modalidades coletivas – futsal, handebol, basquete e voleibol –, além de atividades individuais, tais como ginástica artística, xadrez, judô e natação.

NOVIDADE

© Fotos: Marcela Fernandes

abril

Colégio Marista Arquidiocesano

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destaque

espaço

© Fotos: Marcela Fernandes

Conquistando o

A equipe do Colégio Marista Arquidiocesano foi uma das campeãs da VII Mostra Brasileira de Foguetes (MOBFOG), realizada de 28 a 31 de outubro de 2013 no Hotel Fazenda Ribeirão, na cidade de Barra do Piraí (Rio de Janeiro). O evento contemplou alunos do 1º ano do Ensino Fundamental à 3ª série do Ensino Médio de escolas públicas e privadas de todo o Brasil. O principal objetivo da Mostra foi avaliar a capacidade dos alunos de pesquisar, construir e de lançar – o mais distante possível – foguetes confeccionados a partir de garrafas pet. Instalada em um amplo salão, a Mostra contou ainda com pista de pouso de pequenos aviões, ideal para “experimentos” desse porte. Houve, também, uma competen-

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te banca examinadora, cuja função foi avaliar cada foguete e a base de lançamento apresentada por cada equipe. Os itens observados foram: acabamentos do foguete e da base, segurança (aspectos gerais) e apresentação da equipe. Mas como explicar o excelente desempenho dos estudantes na “exploração do espaço”? “A disciplina de Física tem um trabalho abrangente, mas a Mostra de Foguetes foi, sem dúvida, uma oportunidade de vincular o ensino dessa matéria à prática extraclasse”, afirma Henrique Giannini, professor de Física do Arquidiocesano. O projeto dos foguetes teve início em 2011 e contou com a liderança de uma dupla sinérgica: os professores de Física Henrique Giannini e

Colégio Marista Arquidiocesano

Fábio Moraes. Eles idealizaram um formato de “treino” com reuniões semanais no Laboratório de Física. Uma particularidade chama atenção: alunos mais experientes auxiliaram os mais novos, ajudando-os a captar conceitos básicos, com a orientação dos docentes. A organização foi essencial para o êxito: “Antes de tudo, elaboramos um calendário no qual incluímos metas como, por exemplo, elaboração da base de lançamento dos foguetes, sua confecção e testes de propelentes, além das datas dos testes dos lançamentos”, diz Giannini. “A preparação ocorreu o ano todo, foi bem longa – desde março, mais ou menos –, com muitos estudos e testes. O grupo virou como uma família, já que nos encontrávamos


toda sexta-feira, foi bem divertido. Logo depois da edição de 2012, já estávamos cheios de ideias”, acrescenta o ex-aluno Matheus Pedroso Cardoso. Foi por meio das redes sociais que alunos e professores estabeleceram uma comunicação intensa. Matheus Pedroso Cardoso criou um site – http://pedmac123.wix.com/ fogueteiros-smgr – para divulgar o desempenho e a evolução da equipe ao longo do tempo. “Todos os dias eu tentava fazer algo novo para o site dos ‘fogueteiros’”, conta. E, de fato, o estudante conseguiu. Na página da internet, há vídeos com imagens dos meninos soltando os foguetes, dos bastidores do trabalho no laboratório, dicas de como obter bons resultados (base e mecanismo, por exemplo), entre outros. “É muito legal participar desse projeto, já que não é um trabalho imposto pelo Colégio, é algo por que eu me interesso e quis fazer por vontade própria. Nós estamos sempre tentando espalhar a informação sobre esse evento, tentamos pegar

pessoas que gostam de ciências em geral, porque apesar de envolver bastante física e química, não é só isso, estudamos muitas coisas, é realmente um projeto completo dessa área”, acrescenta Cardoso.

do Livro Para o CéU Conceitos como as Leis de Newton (Lei da Inércia, Princípio da Dinâmica e Ação e Reação) são fundamentais para explicar como o foguete se movimenta. Os alunos estudaram os conceitos de trajetória, movimento, força, momento e energia. “Na natureza, não conseguimos separar um conceito do outro, tudo se encontra em harmonia e ocorre da maneira mais natural possível. Nosso papel é mostrar que todos os parâmetros envolvidos podem ser estudados e pensados para um melhor desempenho nos lançamentos”, explica Giannini. Além da Física, estão presentes no estudo aspectos importantes de Matemática, a partir dos cálculos envolvidos, e de Química, com suas reações para o combustível.

Condecoração A premiação no evento consiste em condecorar um grupo como equipe campeã e os outros 20 melhores lançamentos como menção honrosa. “O objetivo da organização não é estimular a disputa, por mais que ela exista, mas divulgar conhecimento”, declara o professor Giannini. Cerca de 60 mil estudantes participaram do evento em 2013 e o Colégio Marista Arquidiocesano foi classificado entre os 90 finalistas – resultado considerado surpreendente. Após o feito, o Arqui ficou entre os 30 campeões em uma olimpíada nacional.

A preparação ocorreu o ano todo, foi bem longa – desde março, mais ou menos –, com muitos estudos e testes. O grupo virou como uma família, já que nos encontrávamos toda sexta-feira, foi bem divertido. Matheus Pedroso Cardoso, Ex-aluno Marista Arquidiocesano Colégio Marista Arquidiocesano

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você sabia?

irmão davide Pedri

o legado de uma trajetória

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maneceu até 2000, com um intervalo de seis anos (período em que foi Superior Provincial). Assim, Irmão Davide passou boa parte de sua vida apostólica Marista no Arquidiocesano.

CoM aÇÚCar, CoM aFeTo Muito afetuoso, Irmão Davide sempre fez questão de estar perto das crianças e essa convivência rendeu histórias pitorescas. “Certa ocasião, pediram para eu ser o Papai Noel da Escola. Uma equipe procurou ocultar a minha aparência e, escondido na minha indumentária, entrei nas salas da antiga pré-escola para saudar os pequeninos. Assim que entrava nas salas, eu dizia que estava de passagem e que havia pedido a meu motorista para parar o veículo a fim de interagir com os alunos daquele belo colégio. Em uma das salas, uma criança perguntou, prontamente: ‘Mas o senhor não veio de trenó?’. Em um outro momento, uma menina me surpreendeu com a seguinte afirmação: ‘O senhor é o Irmão Davide, sei pelos sapatos...’”, conta, com entusiasmo. As lições de vida são muitas, mas há uma capaz de traduzir o que há na alma de uma pessoa iluminada: “Lamento que muitos não percebam lições que somente são captadas pelos olhos do coração. São portadores de um tipo de cegueira que os priva de extraordinárias experiências de vida. Creio que uma das aprendizagens seria a de cultivarmos a visão do coração. Sempre me vem à mente uma frase do escritor russo Dostoiévski: ‘Quem quiser ver Deus face a face não o procure no vazio da mente, mas sim no amor humano’”, ensina nosso mestre. Precisa acrescentar algo?

Colégio Marista Arquidiocesano

© Fotos: Paulo Adolfo

Ser presença Marista e desempenhar o papel de “avô” dos alunos do Colégio Marista Arquidiocesano. Essas são as missões atuais do Irmão Davide Pedri, cuja história de vida emociona e nos convida à reflexão. Mas como tudo começou? Oriundo do município de Jaraguá do Sul, em Santa Catarina, com apenas dez anos o menino Davide ingressou no Centro de Formação Marista de Curitiba e, aos 21, começou sua vida apostólica lecionando no Colégio Nossa Senhora da Glória. “Posso afirmar que foram tempos memoráveis e que me marcaram profundamente. Trabalhar com crianças é sempre gratificante e enriquecedor em aprendizagens”, afirma o religioso. Após quatro anos na Instituição, foi para a Universidade Católica do Paraná, hoje PUCPR, onde se formou em Biologia Geral. O ano de 1967 marcou uma fase importante da trajetória apostólica do Irmão. “Fui nomeado para a comunidade do Arquidiocesano como professor de Biologia e Ensino Religioso, atuando com alunos do Ensino Médio. Conservo recordações profundas do período em que fui apenas professor, pois tive a felicidade de ser confidente de muitos de meus alunos”, declara o Marista. Em 1976, o Irmão Davide foi nomeado diretor do Arqui e continuou sendo amigo dos alunos, empenhado em incutir os valores do Evangelho, tendo o amor como premissa de seus relacionamentos. Os traços de simplicidade, alegria e delicadeza manifestaram-se com bastante vigor nos corredores da tradicional Instituição de Ensino. No Colégio, situado no bairro da Vila Mariana, em São Paulo, ele per-



gente nossa

“Tecnologia acessível é sinônimo de inclusão.” A história do Colégio Marista Arquidiocesano pode ser compreendida antes e depois de Mauricio Peixoto de Mattos Almeida. Com apenas 19 anos, cego de nascença, o nosso ex-aluno trabalha no Departamento de Tecnologia da Informação do BTG Pactual, o principal banco de investimentos da América Latina, com desenvolvimento de sistemas, e reflete a seguir sobre o papel da tecnologia na vida das pessoas com deficiência. Mauricio, de que forma a tecnologia está presente em sua vida e desde quando ela foi incorporada? A tecnologia esteve presente em minha vida sem interrupções desde 2005, quando meu pai me apresentou, pela primeira vez, um computador com softwares acessíveis. Hoje, ela é parte do meu trabalho, instrumento fundamental para a minha comunicação com o mundo e minha paixão profissional. Muito tem se discutido sobre a importância de as empresas investirem em soluções que melhorem a acessibilidade atitudinal. Tecnologia é sinônimo de inclusão? E como o Brasil está nesse sentido? Tecnologia acessível é sinônimo de inclusão. Destaco esse ponto porque o simples fato de algo ser tecnológico não garante a sua acessibilidade. O Brasil não acompanhou a evolução da tecnologia atual – no passado, tínhamos um certo “pioneirismo tecnológico”. Há um movimento de retomada, mas temos que melhorar esses investimentos. Por outro lado, há empresas que estão empregando e proporcionando equipamentos necessários para o deficiente visual produzir bem. O BTG Pactual, banco no qual trabalho, é excelente nesse sentido: incorporou a política da meritocracia, o que acaba beneficiando muitas pessoas. É preciso estar atento a tudo que existe em termos de tecnologia e dos benefícios que ela pode nos oferecer para que possamos ver a empresa como uma parceira que quer nos ampliar, e não uma inimiga que quer nos excluir. O segredo para o deficiente, como para qualquer outra pessoa, é se tornar um funcionário indispensável.

© Foto: Acervo AACD

Como foi sua experiência nos Estados Unidos? Durante um ano letivo, vivi nos Estados Unidos (East Lansing, Michigan) sozinho, em ambiente universitário. Acho injusto comparar a vida lá e aqui, simplesmente porque existem muitos fatores envolvidos – na cidade americana, eu estava inserido em um ambiente de faculdade e, aqui, estou na maior cidade do país. Há diferenças de condições de acessibilidade. No geral, a estrutura lá é mais favorável e há mais padrões para lidar com pessoas com deficiência, além de haver uma fiscalização maior para o cumprimento da legislação apropriada. No entanto, brasileiros são pessoas mais flexíveis e adaptáveis ao aluno, os americanos têm muita dificuldade em sair de seus manuais pré-programados.

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Colégio Marista Arquidiocesano



© Fotos: Acervo da Pastoral

ser melhor

Se o mundo precisa, o Marista forma! A 3ª série do Ensino Médio é conhecida pela preparação intensa para o vestibular, porém o Colégio Marista Arquidiocesano pensa – além, é claro, de oferecer excelente formação acadêmica – em fomentar a construção de uma sociedade mais justa e solidária a partir de alunos críticos e comprometidos. Mas, em termos práticos, de que forma isso acontece? Uma ferramenta importante de consciência estudantil é o Projeto Ética, Política e Cidadania, ligado às disciplinas de Sociologia, Filosofia e Ensino Religioso, cujo objetivo é possibilitar instrumentos e metodologias que ajudem os alunos a fazer uma leitura complexa do mundo contemporâneo, suas demandas, seus desafios e suas possibilidades. “No olhar cristão e Marista, o projeto pode ser considerado como prática cristã. O sujeito, portador de uma ‘esperança cristã’, que pode ser traduzida por ideologia, pela crença

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em um mundo melhor, mais igualitário, por um modelo de sociedade etc., vê a realidade – excludente – e cria uma indignação. A partir daí, surge um movimento, um compromisso, uma ação”, explica Rafael Parente, agente pastoral do Colégio Marista Arquidiocesano. Segundo Parente, o processo citado – ideologia, observação da realidade injusta, indignação, movimento, compromisso e ação – foi vivido por Jesus e por Marcelino Champagnat. “Eles tinham fé, um ideal de mundo e, a partir do contato com o real, tiveram sonhos e planejaram ações para combater e transformar a realidade”, acrescenta o pastorialista.

éTiCa, PoLÍTiCa e Cidadania na PrÁTiCa Os alunos do Arquidiocesano, por meio do projeto, fazem um aprofundamento em assuntos que envolvem a cidade de São Paulo para além dos

Colégio Marista Arquidiocesano

problemas sociais; eles debatem e refletem sobre meios e estratégias de intervenções na sociedade. Ao longo de 2013, por exemplo, estudantes discutiram a ditadura militar e a questão dos presos políticos, passando pelo combate à tortura. Outro ponto interessante girou em torno da “segunda reforma política”. Na ocasião, houve um debate das propostas para a reforma política brasileira por meio de perspectivas diversas – CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e imprensa, considerados atores sociais dessa luta. Os professores procuram também divulgar, nas aulas, importantes instrumentos de cidadania, como os abaixo-assinados e petições on-line. A campanha Ficha Limpa foi bastante citada para mostrar a eficácia da obtenção de assinaturas on-line. Tudo isso para ajudar na construção de seres transformadores!

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O FTD Digital Arena é a primeira plataforma tecnológica de imersão multicultural do Brasil, que reúne características de um planetário digital e uma sala de projeção com tecnologia 3D de alta definição. Um espaço tecnológico e multidisciplinar inédito que oferece propostas educacionais, culturais e entretenimento às escolas, universidades e público em geral. Confira a programação completa no site.

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essência

© Fotos: Acervo pessoal

ir. virgílio Balestro Irmão Marista Colégio Marista Paranaense, de Curitiba (PR)

O desafio e a provocação

no ensino atual “A tua convicção é que te impele, porque escolha prepara escolha”, reitera o filósofo Epicteto (50-130). Se a falha está na vontade, cabe à inteligência apontar o caminho; quando é a inteligência que desconhece o caminho, cumpre haver alguma força externa que aponte a via e a solução. Zeferino Vaz ceifou o canavial, em Campinas, e implantou a Unicamp, a mais austera e competente das nossas universidades. Perguntado sobre a sua prioridade, respondeu que era o professor, e o repetiu três vezes. A sua prioridade constitui o trio do pódio: primeiro, segundo e terceiro lugares. Antes, porém, preveniu-se e preveniu as autoridades: se a política entra pela porta, a ciência foge pela janela. Há, acima do mestre, o comando, o diretor, o reitor, o dirigente, o coach. O comando precisa de liderança, cultura, responsabilidade e proficiência. Precisa de QI, mas nunca QI de “quem indica”. Mudando o que cumpre mudar, as ideias de Zeferino Vaz e Epicteto valem tanto para a escola pública quanto para a escola particular. Por quê? Justamente porque a corrida e o jogo substancialmente dependem

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de criteriosas escolhas sempre, com o seguinte dramático adendo: os alunos fazem o principal e o decisivo em sumo grau, e eles não pertencem propriamente ao exterior do comando e da escolha. Alunos são pessoas; são moral e intelectivamente atletas profissionais. Precisam mais de disciplina que os demais atletas pelo peso imenso da transformação que devem produzir em si próprios; na conta do bom resultado, só aprende quem quer; todos a todos educam; todo o bom ensino educa e toda a boa educação ensina. Se na escola Y nenhum mestre, nenhum funcionário e nenhum aluno atira papelucho no chão sagrado da escola e do pátio por um ano inteiro, o visitante sabe que aquela escola é excelente. Há países cujas escolas fazem literalmente isso: aí as escolas são excelentes e as poucas nações que lograram a proeza estão na primeira fila. Cumpre responder bem ao desafio revolucionário: “A quem vamos entregar a inteligência, a mente e o coração dos 50 milhões de crianças e jovens se não for aos 2% do melhor alunado em liderança, notas e habilidades escolares, tudo criteriosamente comprovado?”,

que Gustavo Ioschpe, que sabe tudo da educação do Brasil e do mundo, colocou na capa do livro “Que Quer o Brasil Quando Crescer?”. O leitor sabido percebe que não faltam peritos que conhecem a realidade profunda e apontam a solução. Nenhum deles prioriza o mero aumento do salário, sempre importante, mas nunca decisivo. Mais que profissão, o magistério é missão e apostolado.


As mudanças na educação

© Foto: Sxc.hu

Vivemos a pós-modernidade e, com ela, seus desafios. O fundador do Instituto Marista, São Marcelino Champagnat, tinha como um dos seus lemas que, para bem educarmos uma criança, é preciso, antes de tudo, amá-la! Esta máxima faz muito sentido nos dias de hoje. Somente amamos verdadeiramente aquilo que conhecemos, portanto, o papel de educar é conhecer o seu interlocutor, seu estudante!

Essa frase nunca me fez tanto sentido como agora que trabalhamos e convivemos com essas novas gerações. Para bem educarmos, é preciso conhecer a subjetividade do nosso estudante, sua historicidade e seus anseios e sonhos, para que, assim, em um processo diário de ambiente escolar, consigamos, apoiados por ferramentas pedagógicas, estimular o conhecimento das ciências peculiares à educação. Poderíamos parafrasear esse conceito com o universo tecnológico em que vivemos, onde nossas crianças e nossos jovens são nativos digitais e têm pouco presentes os conceitos nos quais seus atuais educadores foram educados e ensinados. Todo esse histórico no universo escolar faz com que nos adaptemos diariamente ao novo que chega. Contudo, nós, adultos e educadores, não nos esqueçamos de que nossos estudantes estão vivenciando um processo educativo, no qual a escola é um “laboratório”, permitindo acertos e erros, fazendo com que os ajudemos a serem melhores quando estiverem no mundo do trabalho e na vida adulta. Para reforçar o que temos trabalhado, vou me valer de um dos grandes pensadores brasileiros da área educacional, Paulo Freire, que afirmou: “Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção”. Portanto, meus caros, para cativar é preciso conhecer, ir a fundo e ser apaixonado por aquilo que se faz, caso

contrário, se tornaria rotina e uma mera necessidade. O educador tem o papel de mediador e estimulador, contudo, o artífice e o protagonista é o estudante! Içami Tiba, nos seus vários escritos, nos fala da parceria que devemos ter entre família e escola, usando a metáfora das seis mãos: as da família, as do estudante e as da escola. Assim sendo, faremos um processo de construção no qual todos compreenderão o que é educativo e que temos um papel a cumprir.

Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção. Paulo Freire

ir. Gérson dresch Diretor do Colégio Marista Assunção, de Porto Alegre (RS)

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Legado de uma missão Durante uma Missão Solidária Marista, os papéis de doador e receptor se intercalam o tempo todo. Para a população que recebe a missão, fica uma semente de transformação para ser cuidada e poder continuar agindo na vida de cada um Por Michele Bravos

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© Fotos: Michele Bravos

solidariedade

No começo deste ano, cinco cidades brasileiras em situação de vulnerabilidade social receberam a Missão Solidária Marista. O evento é anual e tem como objetivo promover a vivência de valores e a transformação pessoal de jovens Maristas e dos cidadãos. Segundo o Ir. Joaquim Sperandio, superior provincial do Grupo Marista, o Grupo investe nisso porque acredita que os jovens – Maristas e não – precisam mudar individualmente. “É claro que vamos contribuir para melhorias físicas na cidade, mas, ao final de tudo, a transformação deve ser pessoal e interior”. Durante a MSM, missionários e comunidade local trabalham juntos o tempo todo. De um lado, os jovens propondo se doar à cidade, em visitas missionárias, fazendo melhorias concretas, como pintura de muros, restauração de praças, colônia de férias para as crianças, entre outras atividades. Do outro, a população aceitando receber essas ações, acolhendo os jovens missionários em suas casas, participando de uma procissão pela cidade. Os jovens Maristas não apenas saem de lá transformados (confira os depoimentos na pág. 7 desta edição), mas também deixam um legado para a população. Conheça alguns moradores de Ponte Serrada, uma das cidades que recebeu a MSM neste ano, e o que a passagem dos jovens por lá significou para eles. Eduardo Coppini é prefeito de Ponte Serrada e ex-integrante do grupo de jovens Eu me identifico muito com esse evento. Quando mais novo, eu fiz parte do grupo de jovens de Ponte Serrada, na época, comandado pela D. Maria de Almeida, a Mariazinha. Fazíamos trabalhos próximos a esses que estão sendo realizados aqui no município. Para a nossa cidade, esse é um evento que só tem a somar. Ele proporciona que os jovens da nossa cidade despertem cada vez mais para a importância que é de fazer o bem para o próxi-


A escolha das cidades mo e se envolver com causas sociais. Um evento como esse provoca até um despertar para a política. Essa é uma área que precisa de ideias novas, de pessoas que tragam consigo, nos seus corações, valores atrelados à solidariedade, para que se tenham resultados favoráveis para a população. Ilma Vicensi, 61 anos, é moradora da região de São Lourenço e vive da aposentadoria e da fabricação de vassouras Desde que nos mudamos para cá, já nos envolvemos com a igreja local. No começo, eu tinha vergonha, insegurança até mesmo de fazer uma leitura para todos durante a missa. Não achava que tinha instrução suficiente. Aos poucos, isso foi mudando. Fui me sentindo mais confiante. Quando o padre disse que nossa comunidade iria receber missionários, eu fiquei feliz, mas fiquei pensando se saberia receber alguém na minha casa. Então, tomei coragem e aceitei esse desafio. Para mim, receber um missionário foi um ato de coragem, que me ajudou a trabalhar questões pessoais. Salete Costa, 51 anos, abriu as portas de sua casa para acolher um missionário Eu sempre vi a minha mãe recebendo missionários em nossa casa. Era uma forma que tínhamos de contribuir para a missão. Para mim, é uma honra poder receber um jovem na minha casa. A gente cria um carinho por eles. É uma companhia diferente naquela semana. É como um filho. Eu não queria que ele fosse embora. João de Almeida, 46 anos, é pai de Isabela de Almeida, 5 anos, participante da colônia de férias da MSM no bairro COHAB Muitas crianças aqui não têm com o que brincar. Quando tem essas

atividades, elas podem participar e todo mundo se diverte. Os pais também ficam contentes. É uma alegria ver os missionários de fora da cidade trazerem felicidade para os nossos filhos. Ações assim são muito bonitas. É disso que nossa cidade precisa. Geverson Dave, 16 anos, é um jovem de Ponte Serrada e participa da Pastoral da Juventude Mesmo eu sendo morador de Ponte Serrada, vi situações na MSM que nunca tinha visto antes. Em um dos dias, fizemos uma caminhada pelo bairro Cohab, onde eu moro. Fiquei muito chocado quando passamos por uma rua em que as casas eram apenas uma barraca de lona. Eu mesmo nunca tinha andando por essa região do bairro, nem visto essa realidade. Ao me deparar com essa situação, eu repensei a forma como tenho valorizado o que tenho. Às vezes, reclamamos muito e deixamos de buscar o melhor.

Normalmente, as cidades que recebem uma Missão Marista possuem algum vínculo Marista, o que facilita a organização do evento. Em geral, há um diálogo entre o Setor de Pastoral e a Diretoria Executiva de Ação Social (DEAS). São eles que apontam sugestões de cidades e decidem os locais, levando em consideração diversos contextos sociais (metrópole, médio porte e cidades de interior) e de diferentes localizações geográficas. Esse foi o caso de Ponte Serrada neste ano. Em 2013, os jovens da Pastoral da Juventude contaram com um grande apoio da população para irem à Jornada Mundial da Juventude, no Rio de Janeiro. Como forma de retribuição a tudo o que a população fez por eles, surgiu a ideia de trazer uma Missão Solidária Marista para a região. Em contato com o Ir. Alison Hufu, natural da cidade, mas que atualmente mora em Dourados (MS), a missão começou a ser construída.

Susineia Bassani é presidente da Pastoral da Juventude de Ponte Serrada No começo, achávamos que não seríamos capazes de ter uma obra tão grande, um momento de missão tão intenso, mas fomos assumindo e dizendo os nossos sins. A intenção de tudo isso era agradecer a nossa comunidade e tornar o rosto de Deus mais conhecido ainda. Agradecemos a todos pelo o que vivemos nessa semana. Momentos de intensa vivência com os jovens, com as famílias que os receberam – tanto nas visitas missionárias, quanto nas hospedagens. Nessa semana, uma semente foi plantada em nossa comunidade. Tanto pelos jovens daqui como de outras regiões. O desejo que fica é para que sejamos transformadores da nossa história, protagonistas em nossa essência. Que sejamos participativos.

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© Foto: Renata Salles

como fazer

acompanhamento é diferente de intromissão

As redes sociais já fazem parte da rotina dos adolescentes, mas todo esse universo de postagens, fotos e muito bate-papo deve ser acompanhado pelos pais. A tarefa não é fácil, mas a revista Em Família traz algumas dicas para que os pais consigam monitorar as interações dos filhos sem que pareça intromissão Por Elizangela Jubanski

As redes sociais tomaram conta da rotina dos adolescentes. Em casa, no celular ou na escola, acessar perfis on-line tornou-se “febre” entre esses internautas, que muitas vezes precisam de certo direcionamento no mundo virtual. E cabe aos pais executar essa empreitada com muita conversa e acompanhamento. O que deve acontecer – sem medo de parecer intruso – é um monitoramento mesmo. Ficar atento a postagens do filho, fotos, amizades recentes e até mesmo à superexposição na rede. Afinal, ninguém conhece tão bem a rotina desses internautas quanto os próprios pais. A advogada e pedagoga Cristina Sleiman é especialista em Direito Digital e alerta que os pais devem conversar com os filhos sobre a maneira de se comportar nas redes sociais. “Essa verificação nos perfis não deve

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ser negligenciada de forma alguma. É preciso explicar aos filhos que qualquer rede social deve ser entendida como a extensão da vida presencial, ou seja, nada de outro mundo ou coisa parecida. Tudo que se faz em uma rede social deve ser pensado e analisado exatamente como acontece em uma relação interpessoal na escola, por exemplo”. É exatamente assim que a família Magalhães media as publicações nas redes sociais. A escritora Cláudia Magalhães, mãe dos adolescentes João Pedro, 14 anos, 9º ano, e Alice, 12, 7º ano, ambos do Colégio Marista Paranaense, acredita que confiança e supervisão são elementos indispensáveis nessa relação. “Nada deve acontecer de maneira que sufoque a confiança que a gente deposita neles, mas, mesmo assim, pode ter certa inocência nas postagens e nossa

outra visão é que deve auxiliar nisso”, garante. Os irmãos adoram redes sociais. Embora, para eles, o Facebook já não seja tão acessado assim, outras redes como Instagram, Twitter e WhatsApp continuam fazendo parte das atividades do dia a dia. “Eles levam o celular para a escola, mas fica desligado: isso é regra. Em casa, Alice acessa mais pelo celular, já o João Pedro gosta mais do computador para jogos online”. Para as postagens, algumas recomendações da mãe. "A roupa tem que estar legal, nada muito chamativo, fotos de viagens só algumas, nada de ficar postando tudo que faz no dia”, esclarece. Cláudia não tem perfil em rede social e mesmo assim acompanha as postagens. Outra regra – na verdade chamada de “combinado” na família Magalhães – é quanto ao horário dedicado na


O pais precisam ficar atentos com o excesso de exposição e manter os perfis dos filhos de um modo restrito, para que apenas os conhecidos tenham acesso a fotos ou informações.

Quem responde?

rede. “Eles já têm horários com aulas em diversos dias da semana, acaba sobrando pouco tempo para fazer nada, mas, mesmo assim, hora de rede social é quando eles já fizeram tudo que tinham para fazer, ou pelo menos parte”, destaca. Na visão dos adolescentes, a preocupação é válida. João Pedro conta que esporadicamente aparecem pessoas de fora para interagir nas redes sociais. “A gente conversa bastante sobre isso e até mostro os vídeos que recebo para minha mãe, mas às vezes aparecem umas pessoas que eu nunca vi na vida”, reclama. Já Alice diz que também não se incomodar com as “investidas” da mãe. “Como eu já sei que ela gosta de ver e dar uns palpites, já mostro a foto que quero compartilhar e pronto”, brinca. Esses “combinados” que acontecem na família Magalhães são atitudes com as quais a especialista Cristina concor-

da. “O pais precisam ficar atentos com o excesso de exposição e manter os perfis dos filhos de um modo restrito, para que apenas os conhecidos tenham acesso a fotos ou informações”, alerta. O mesmo olhar atento, segundo ela, deve ser transferido quanto a postagens de viagens e tudo que possa chamar a atenção de pessoas que estão fora do contexto da família ou dos amigos. “A gente nunca sabe quem está por trás de um computador vendo fotos da nossa família”, diz a advogada. O pai dos adolescentes, o engenheiro José Magalhães, concorda com a especialista e acredita que a internet, assim como as rede sociais, tem muito a agregar, mas com regras. “A tecnologia tem que vir a nosso favor. Como tudo em excesso faz mal, assim é com as redes sociais. Não adianta proibir, principalmente porque, hoje, elas também são uma boa ferramenta para se informar”, defende.

O que os pais não podem esquecer é que qualquer postagem que tenha cunho ofensivo ou que fira a integridade de alguém pode ser levada à justiça. “É primordial entender que as leis regulamentam nossa conduta independentemente do meio, portanto, crimes contra a honra, por exemplo, independem do meio utilizado para sua configuração”, explica a advogada e pedagoga Cristina. Nesses casos, os adolescentes (menores de 18 anos) podem até mesmo cumprir medidas socioeducativas, enquanto os pais respondem processo civil. “Cada caso é analisado de maneira diferente, mas uma simples brincadeira, se mal interpretada, pode causar muita dor de cabeça e prejuízo financeiro”.

Na prática Poucas e boas atitudes já fazem a diferença: l Monitorar as postagens (textos, imagens e outros compartilhamentos). l Ver de que grupo de conversas o filho participa. l Ficar atentos aos horários que ele está online. l Estipular períodos de acesso às redes sociais.

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compartilhar

SeM FronTeiraS A minha sugestão de programa para alunos do Ensino Médio, especialmente para o terceirão, é o Sem Fronteiras, da Globonews. Esse programa traz discussões de temas polêmicos atuais, nacionais ou internacionais, no qual alguns especialistas são consultados acerca da temática. Favorece quem quer ter óticas de análise sobre a conjuntura atual. Maria dôres Makowski, professora do Ensino Médio no Colégio Marista Frei Rogério, em Joaçaba (SC).

PorTaL UniCaMP Gosto e indico o site http://m3.ime.unicamp.br/portal/ porque nele há a possibilidade de encontrar vídeos, simuladores e atividades ligadas à matemática. Os vídeos têm duração média de 10 minutos e abordam assuntos ligados ao cotidiano sem perder o foco na parte acadêmica. Vale a pena conferir. eder Miotto, professor do Ensino Médio no Colégio Marista Santa Maria, em Curitiba.

qUaL é a TUa oBra?

O livro qual é a Tua obra? inquietações Propositivas Sobre Gestão, Liderança e ética, de Mario Sergio Cortella, apresenta uma convocação a refletirmos a respeito de nossa verdadeira existência, uma motivação a compreendermos que nossa obra é muito maior que qualquer atividade por nós já realizada. Esse livro é um presente a todos que sentem as inquietações no processo de formação de liderança e que acreditam que o seu maior compromisso é a solidariedade e a alteridade. Carla klein, professora do Ensino Fundamental no Colégio Marista Cascavel (PR).

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HiSTÓria diGiTaL O História Digital foi criado pelo professor Michel Goulart com a intenção de divulgar o uso das mídias digitais na educação, assim como experiências criativas em sala de aula. Em pouco tempo, seu conteúdo se tornou referência no aprendizado de história, do Ensino Fundamental ao pré-vestibular. Considerado o melhor blog de história no país em 2012, o Guia do Estudante indicou os perfis da página no Twitter e no Facebook entre os melhores para estudar nas redes sociais. http://www.historiadigital.org Michel Goulart, professor do Ensino Fundamental e Médio no Colégio Marista Criciúma.

SoBrevivi Para ConTar

© Fotos: Divulgação

O livro trata de um depoimento de Immaculée Ilibagiza durante o genocídio que destruiu Ruanda em 1994. Ao longo da obra, ela conta como conseguiu sobreviver emocionalmente ao massacre de sua família e aos momentos aterrorizantes por que passou. É uma história comovente e que deixa aos leitores uma mensagem de amor e muita fé à vida. rute kuhn knaut, professora do Ensino Fundamental no Colégio Marista Pio XII, de Ponta Grossa

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diversão

E aí,

o que fazer? Por Elizangela Jubanski

Com a chegada das férias escolares é preciso progra- desse cronograma tão apertado que os filhos possuem mação e, acima de tudo, manter os filhos envolvidos e nas horas vagas. Que tal propor alguns passeios além de ativos. Eles querem ir a todos os lugares possíveis, ex- shoppings e compras? perimentar um pouco de tudo, e cabe aos pais cuidar

GoiÂnia Quem passa na Rodovia dos Romeiros fica impressionado com a grandiosidade dos Painéis da Via Sacra, que possuem 16 quilômetros de extensão, a maior galeria a céu aberto do mundo. O artista plástico Omar Souto buscou retratar os principais momentos da Paixão de Cristo. Dando continuidade ao passeio, o Museu de Arte Contemporânea possui um acervo de 500 obras, com desenhos, gravuras, esculturas, pinturas e reproduções. E para os mais curiosos, o Museu Estadual Professor Zoroastro é uma boa pedida. Fundado em 1946, ele guarda documentos históricos, artefatos indígenas, arte sacra e popular, objetos da Revolução Industrial, folclore e muitas outras atrações. Vale a pena tornar as férias um programa cultural!

Que tal conhecer um pouco mais do lado cultural de Brasília? A Catedral Metropolitana, na Esplanada dos Ministérios, foi projetada em 1967 por Oscar Niemeyer e possui obras de Di Cavalcanti. Além de serem ligados por pontos claros, os vitrais coloridos mudam conforme a luz do sol, nos arcos de 18 metros de altura, no Santuário de Dom Bosco. Outra dica é conhecer o Memorial JK, local em que está enterrado o corpo do presidente Juscelino Kubitscheck e onde há uma exposição permanente de documentos e fotos que contam a história da construção da capital, além da biblioteca com mais de 3 mil exemplares. Conhecer o Museu de Valores do Banco Central é roteiro obrigatório, lá está a maior pepita de ouro encontrada no Brasil, em Serra Pelada, de 62 Kg, além de um total de 125 mil peças de moedas e cédulas nacionais e estrangeiras. Aliada a isso, o local abriga a maior coleção do mundo das obras de Portinari. Fica a dica!

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© Fotos: Divulgação

BraSÍLia


SÃO PAULO São Paulo reserva ótimas atrações para quem quer conhecer um pouco mais de história e cultura. O Museu de Arte Moderna, um presente de Oscar Niemeyer para os paulistanos, marcou e agitou a cultura brasileira e guarda ótimas exposições para quem é apaixonado ou curioso por arte nacional e internacional, contando no seu acervo com obras de Tarsila do Amaral, Di Cavalcanti e Portinari, por exemplo. Que tal conhecer a arquitetura europeia do Museu do Ipiranga? O local possui um valioso acervo com peças da república e do império, uma boa aula de história que pode ser completa com uma visita à biblioteca que tem mais de 100 mil volumes. Para encerrar esse breve roteiro, a Estação da Luz é perfeita! Construída em 1901, projetada em estilo vitoriano e com material para sua construção trazido da Inglaterra, o local encanta até mesmo que mora em Sampa. Que tal essa aula de história e cultura com os pequenos?

SANTA CATARINA Santa Catarina também reserva ótimas visitas culturais. O Museu de Arte de Santa Catarina, fundado em 1949, instalado no Centro Integrado de Cultura e reserva um acervo que conta, além de outras coisas, a história do Estado, possui em seu acervo artistas como Di Cavalcanti, Portinari, Djanira, Emeric Marcier, Volpi, Tarsila do Amaral e outros, contabilizando aproximadamente 1775 obras. A Casa da Alfândega é um local que visa resgatar e dar continuidade ao artesanato do Estado, um recorte de história é guardado no local. Outra boa pedida é o Museu Nacional do Mar – Embarcações Brasileiras, onde estão disponíveis para visitação mais de 91 barcos em tamanho natural, cerca de 150 peças de modelismo e artesanato naval e a Coleção Alves Câmara, do século XXI. O local reserva, ainda, muitas outras atrações. Vale a pena a visita durante as férias ou em um fim de semana em família.

PARANÁ No estado do Paraná, conhecer o Museu Oscar Niemeyer é uma boa aula de arte, arquitetura, urbanismo e design. São 17 mil metros de área expositiva, considerada a maior da América Latina, que, além de expositora, realiza cursos e oficinas abertos ao público. Para quem gosta de saber como era o passado, o Museu Histórico Padre Carlos Weiss, que ocupa o belo prédio da antiga Estação Ferroviária de Londrina é ideal. Lá estão preservadas as memórias dos bons tempos da cafeicultura da região. Outra dica é a visita à Catedral de Nossa Senhora da Glória, em Maringá, que tem 114 metros de altura e tem um mirante com vista panorâmica. Para os aventureiros que queiram a experiência, é preciso subir 482 degraus pra chegar lá em cima. Com toda certeza, as férias deles estão garantidas com essas aulas de cultura e história!

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© Foto: Estúdio Cafeína

olhar

Você já teve

a minha idade

“Calma, isso vai passar! Já tive sua idade”. Quem nunca ouviu isso? Não era fácil ouvir, dava uma sensação de que a gente era incompetente, ingênuo, uma verdadeira “anta”. Mas o que ninguém dizia era que, exatamente por passar pela situação, nos tornaríamos mais maduros e experientes. Faz parte do crescimento. Como diria o Rei Leão, é “o interminável ciclo da vida”. Na opinião dos nossos filhos adolescentes, nós somos muito chatos e exigimos demais. Não compreendemos que é difícil desligar o celular na hora do jantar, que é quase impossível ir dormir na hora certa e deixar de lado aquelas conversas superimportantes, que é uma experiência de quase-morte não poder ir àquela festa sei lá onde com sei lá quem. Somos realmente insuportáveis. Talvez queiram nos dizer: “Se você já teve minha idade, por que não me compreende?”. É verdade. Já fomos adolescentes e já esquecemos as dores de cabeça que demos aos nossos pais. Só que, aos olhos maternos e paternos, nenhum dos nossos pecados era tão grande e nossas chatices eram “normais”, pois a “corujice” só consegue ver a “maravilha” na qual nos tornamos. Entretanto, não podemos deixar de lado nossa “pegação no pé”, pois as intermináveis orientações e correções de rumo são necessárias. Certa vez, uma adolescente me disse: “Minha mãe devia me proibir de ir àquela fes-

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ta, pois vou perder aula no dia seguinte e depois vou me ferrar estudando sozinha”. Admirado com a reação, perguntei por que ela iria à festa mesmo sabendo das consequências. A resposta me fez lembrar das aulas de psicologia do adolescente: “É que eu não posso dizer aos meus amigos que eu não vou pra ficar estudando. Você não entende. Eu sei que era isso que eu deveria fazer, mas eu ia ficar mal com a galera”. Os amigos são mais importantes que a escola. Além disso, o futuro profissional está longe demais para ser alvo de preocupação agora. O tempo corre diferente para eles. O que fazer? Vamos parar de sofrer com as inconstâncias e ser totalmente compreensivos? Não. Esse não é o caminho. Temos que sempre apontar as contradições e tudo aquilo que pode trazer perigo a eles, pois o sentimento de onipotência é próprio da fase. Afastar as figuras de autoridade, incluindo pai e mãe, com discussões, teimosia e outras posturas imaturas é próprio de quem está descobrindo um jeito particular de ser. Cópias são desnecessárias, cada um tem que assumir seu jeito especial de existir no mundo. E isso só ocorre com os confrontos entre pais e filhos. Resumindo tudo na linguagem adolescente: “É melhor ser chato agora e realizado depois, do que ser ‘legalzão’ agora e arrependido depois”.

Marcos Meier é psicólogo, escritor e palestrante. Seu próximo lançamento, “Desligue Isso e Vá Estudar – Orientações Práticas para Pais” traz orientações preciosas sobre educação de crianças e adolescentes.

Temos que sempre apontar as contradições e tudo aquilo que pode trazer perigo a eles, pois o sentimento de onipotência é próprio da fase.


Com crianças e jovens na promoção de um mundo com direitos.

A Rede Marista de Solidariedade atua na promoção e defesa dos direitos da infância e juventude nas quatro áreas de atuação do Grupo Marista. Com esse objetivo, realiza o atendimento contínuo a crianças, jovens e famílias por meio de projetos socioeducativos; desenvolve estratégias de incidência política e fomenta ações de educação para a solidariedade em todo o Grupo Marista. Conheça mais sobre a solidariedade no Grupo Marista. Acesse solmarista.org.br ou facebook.com/solmarista


antes de tudo, é preciso entender: o que é medo? Medo significa uma espécie de perturbação diante da ideia de que se está exposto a algum tipo de perigo, que pode ser real ou não. Pode-se entender, ainda, o medo enquanto um estado de apreensão, de atenção, esperando que algo ruim vá acontecer. Ele interfere no modo de viver, pois causa reações quando estamos em estado de alerta.

e será que ele é de todo ruim? O medo é uma reação de alerta muito importante para a sobrevivência dos seres humanos, por isso pode ser considerado bom. Em muitos casos, faz com que as pessoas tenham cautela, pensem antes de agir. Uma pessoa que não tem medo de nada muitas vezes passa por situações que colocam sua vida em risco. Portanto, sentir medo pode ser algo positivo, quando gera reflexão, planejamento antes da tomada de qualquer atitude, protege vidas e evita consequências trágicas.

Já nascemos com medo? Não necessariamente, mas toda e qualquer emoção ou sentimento são construídos desde o instante da concepção, então, tudo aquilo que é vivenciado pela mãe durante a gestação afeta o bebê de algum modo, mesmo que inconscientemente.

Por que o medo do desconhecido? Todos os medos e traumas da mãe devem ser levados em consideração, mas lugares, sons e pessoas diferentes podem causar medo à criança, justamente como uma reação do organismo de alerta a possíveis situações de ameaça. Por isso, é comum a criança pequena ter medo de pessoas fantasiadas e de lugares barulhentos.

até que momento o medo é saudável? O medo só pode ser considerado tolerável quando ele não modifica a rotina do indivíduo. Há situações em que a pessoa, diante daquilo que a ameaça, paralisa, perde as condições de reagir, por exemplo. Pode-se chamar isso de fobia ou trauma. Nesses casos, a solução é procurar ajuda psicoterapêutica para tratamento, para que a pessoa possa falar e pensar sobre o assunto, além de, em alguns casos, vivenciar simulações com o objetivo de aumentar o enfrentamento diante da dificuldade.

o que fazer ao identificar que a criança ou o jovem tem determinado medo? Na família, sempre que a criança sente medo ou está assustada por alguma razão, é necessário acolher a criança e o seu medo, fazendo com que ela se sinta segura. Na escola, os professores devem tomar conhecimento de casos em que a criança tenha medo de algo e tentar amenizar, pois ele pode gerar insegurança e desestabilizar a criança, que deixará de ter foco na aprendizagem. Mas o acompanhamento de um profissional, quando o medo se torna excessivo, é fundamental, para que, desse modo, se evite que ele se intensifique e evolua para outros quadros.


Encontre a MPB na internet.

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www.lumenfm.com.br


Algumas coisas não têm preço. A LIBERDADE é uma delas. O tema da Campanha da Fraternidade de 2014 é Fraternidade e Tráfico Humano. E a FTD entende que é fundamental ler, conversar e conscientizar os alunos sobre este tema tão importante, que infelizmente faz parte da nossa sociedade.

Confira as opções de leitura que oferecemos para você discutir este assunto na escola: Sumiço no Estádio Quando jogava bola, Dedê não prestava atenção em mais nada. Em uma tarde, enquanto acompanhava o pai, vendedor de pipocas na porta de um estádio, o garoto recebe um convite e... desaparece... O desfecho você fica sabendo em Estádio. Sumiço no Estádio Recomendado para o Ensino Fundamental I

0800 772 2300

De Olho no Tráfico Humano Ao ler este livro desafiador, o leitor conhece mais sobre o que é tráfico humano e por que muitos jovens, especialmente mulheres, caem nessa terrível cilada.

Recomendado para o Ensino Fundamental II

www.ftd.com.br


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