Em Família | Marista Arquidiocesano

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2º Semestre • 2013 | 12ª edição

ENTREVISTA

Hélio Mattar fala sobre a urgência da mudança para um mundo sustentável

COMO FAZER

Férias: bom momento para os filhos aprenderem o valor do dinheiro

o exemplo vem de casa

Atitudes diárias praticadas pelos pais contribuem para a formação dos filhos sobre o consumo consciente


Um amplo conceito de educação para alunos, famílias, professores e escolas crescerem juntos.

AMPLIANDO FUTUROS O FTD Sistema de Ensino trabalha para ampliar as perspectivas do futuro para todos os envolvidos no processo ensino-aprendizagem, oferecendo soluções educacionais inovadoras e diferenciadas: • Plano de ação em gestão escolar. • Avaliação e diagnóstico educacional e institucional. • Consultoria educacional e formação continuada – PUC. • Conteúdo impresso e digital integrado e disponível em multiplataforma (PC, notebook, tablet etc.). • Material didático com abordagem metodológica totalmente alinhada – da Educação Infantil ao Ensino Médio. • Plataforma digital que integra usuários e disponibiliza ferramentas e conteúdos específicos para alunos, família, professores, coordenadores e direção. Para conhecer os diferenciais e soluções do FTD Sistema de Ensino, solicite a visita de um consultor comercial:

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Ampliando Futuros


Combinação única de bons valores e excelência.

O Grupo Marista conta com milhares de pessoas que, diariamente, vivenciam e disseminam importantes valores humanos e cristãos com o compromisso de promover e defender os direitos das crianças e dos jovens. Faz parte do jeito Marista a busca constante por excelência. Na área da

Presidente do grupo marista Ir. Délcio Afonso Balestrin Superior Provincial Ir. Joaquim Sperandio Superintendente Executivo do grupo marista Marco Antônio B. Cândido Superintendente Executivo da Área de Educação Paulo Serino Diretor-executivo da Rede de Colégios Ir. Paulinho Vogel Assessoria de Comunicação Camila Matta, Danielle Sasaki, Fabiana Ferreira, Fernanda Jacometti, Irene Simões, Karen Fukushima, Leandro Martins e Vivian Lemos Comunicação e Marketing Colégios Ana Carolina J. Ranocchi, Camilla Stivelberg, Carlos Eduardo Cruz, Elaine dos Santos Cezaro, Eziquiel M. Ramos, Fábio S. Aparício, Fernando C. Domanski, Guilherme F. Neto, Keila R. D. de Castro, Kely C. de Souza, Luiza B. Fleury, Mayara A. Haudicho, Mayara Gutjahr, Natália S. C. Raso, Natália V. de Souza, Raquel A. Bortoloso, Tamiris Domingos, Tatiane Pereira, Yolanda Drumon, Washington M. Silva. Rua Imaculada Conceição, 1155, Prado Velho Curitiba-PR | Prédio Administrativo PUCPR 8º andar - CEP: 80215-901 | Tel.: (41)3271-6500

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educação, da escola à universidade, formamos pessoas e trazemos resultados comprovados. Em atividades nas áreas de saúde e comunicação, levamos sempre a melhor qualidade para públicos de diferentes condições e necessidades. Em todas essas áreas, a ação social está presente

BRASÍLIA Colégio Marista de Brasília - Ensino Fundamental SGAS 609 CONJ A - Bairro Asa Sul - Brasília-DF CEP 70200-690 | (61) 3442-9400 Colégio Marista de Brasília - Ensino Médio SGAS 615 CONJ C - Bairro Asa Sul - Brasília-DF CEP 70200-750 | (61) 3445-6900 Colégio Maristinha Pio XII - Educação Infantil e 1º Ano do Ensino Fundamental SGAS 609, Módulo C - Bairro Asa Sul - Brasília-DF CEP 70200-690 | (61) 3442-9400 SÃO PAULO Colégio Marista de Ribeirão Preto Rua Bernardino de Campos, 550 - Higienopólis Ribeirão Preto-SP - CEP 14015-130 | (16) 3977-1400 Colégio Marista Arquidiocesano Rua Domingos de Moraes, 2565 - Vila Mariana São Paulo-SP - CEP 04035-000 | (11) 5081-8444 Colégio Marista Nossa Senhora da Glória Rua Justo Azambuja, 267 - Cambuci - São Paulo-SP CEP 01518-000 | (11) 3207-5866 PARANÁ Colégio Marista Paranaense Rua Bispo Dom José, 2674 - Seminário - Curitiba-PR (41) 3016-2552 Colégio Marista Santa Maria Rua Prof. Joaquim de M. Barreto, 98 - São Lourenço Curitiba-PR CEP 82200-210 | (41) 3074-2500

com iniciativas alinhadas ao posicionamento institucional, mas também atuamos diretamente, por meio de uma ampla rede de solidariedade. Bons valores e excelência. Nossa missão é proporcionar essa combinação única para a construção de um mundo melhor.

Colégio Marista de Cascavel Rua Paraná, 2680 - Centro - Cascavel-PR CEP 85812-011 | (45) 3036-6000 Colégio Marista de Londrina Rua Maringá, 78 - Jardim dos Bancários - Londrina-PR CEP 86060-000 | (43) 3374-3600 Colégio Marista de Maringá Rua São Marcelino Champagnat, 130 - Centro Maringá-PR - CEP 87010-430 | (44) 3220-4224 Colégio Marista Pio XII Rua Rodrigues Alves, 701 - Jardim Carvalho Ponta Grossa-PR - CEP 84015-440 | (42) 3224-0374 SANTA CATARINA Colégio Marista São Francisco Rua Marechal F. Peixoto, 550L - Chapecó- SC CEP 89801-500 | (49) 3322-3332 Colégio Marista de Criciúma Rua Antonio de Lucca, 334 - Criciúma-SC CEP 88811-503 | (48) 3437-9122 Colégio Marista São Luís Rua Mal. Deodoro da Fonseca, 520 - Centro Jaraguá do Sul-SC - CEP 89251-700 | (47) 3371-0313 Colégio Marista Frei Rogério Rua Frei Rogério, 596 - Joaçaba-SC - CEP 89600-000 (49) 3522-1144 GOIÂNIA Colégio Marista de Goiânia Avenida Oitenta e Cinco, 1440 - Santa Marista Goiânia-GO - CEP 74.160-010 | (62) 4009-5875

Projeto gráfico Estúdio Sem Dublê DIAGRAMAÇÃO Julyana Werneck Foto DE CAPA Letícia Akemi 12ª Edição | 2º Semestre 2013 Periodicidade Semestral

Revisão Lumos | Bureau de Traduções

Jornalista Responsável Rulian Maftum / DRT Nº 4646 Supervisão Danielle Sasaki (Grupo Marista) e Maria Fernanda Rocha (Lumen Comunicação) Redação rede Michele Bravos, Julio Cesar Glodzienski, Elizangela Jubanski Redação Local Aline Andres (Joaçaba), Andressa Ferreira (Goiânia), Camilla Stivelberg (Brasília), Daniela Nogueira (São Paulo e Ribeirão Preto), Erika Gonçalves (Cascavel, Londrina e Maringá), Janaína Mônego (Chapecó), Kelly Erdmann (Jaraguá do Sul e Criciúma), Mahani Siqueira (Curitiba e Ponta Grossa), Yolanda Drumon (Colégio Marista Arquidiocesano).

R. Amauri Lange Silvério, 270 Pilarzinho Curitiba-PR – CEP: 82120-000 Tel.: (41) 3271-4700

Capa Márcia Yamada e Camila

Ayumi Honda do Colégio Marista Assunção, de Porto Alegre (RS)

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Locação Hotel Deville

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© Todos os direitos reservados. Todas as opiniões são de responsabilidade dos respectivos autores.

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índice

capa

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educação vem de casa. quando o assunto é consumismo, os pequenos seguem os passos dos pais.

1ª impressão

dia a dia

entrevista

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Baseada nos princípios e valores herdados por Marcelino Champagnat, a Rede Marista de Colégios propõe aos seus alunos uma existência que não seja pautada pelo ritmo ou poder de consumo.

Afim de evitar o desperdício de alimentos, Colégios Maristas investem na formação dos pequenos como agentes disseminadores do consumo consciente.

essência

solidariedade

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Irmãos Maristas falam sobre o voto de pobreza e a presença Marista entre os indígenas.

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Saiba como as Unidades Sociais Maristas aderem a práticas mais conscientes de consumo.

índice

como fazer

compartilhar

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diversão

olhar

curiosidade

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Férias é sinônimo de lazer e experiências de valor. Com uma programação bem feita, é possível fazer sobrar diversão e não faltar dinheiro.

Reúna toda a família e relembrem antigas brincadeiras. Para se divertir, basta imaginação!

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A preocupação com o futuro do planeta começa agora. Em entrevista, Hélio Mattar, diretorpresidente do Instituto Akatu, fala sobre as mudanças necessárias no modo de vida das pessoas.

Alunos e professores dão dicas de livros, músicas, sites, programas de TV, entre outros, relacionada ao tema central desta edição.

Ademar Batista Pereira traz uma reflexão sobre hábitos consumistas que vão contra a sustentabilidade.

seu colégio

Confira as matérias elaboradas exclusivamente para o seu Colégio.

Mito ou verdade? Descubra se comprar alivia ou não o estresse do dia a dia.


Consumo,

1ª impressão

logo existo! A edição da Em Família deste semestre aborda o tema do consumismo – aquele ato desenfreado que, sem necessidade, nos leva a querer cada vez mais e cada vez melhor, em busca do preenchimento de uma lacuna. Sabemos quão difícil é a tarefa de saciar essa sede. Somemos a isso os milhões de seres que compõem o planeta. Quanto isso representa em termos de meio ambiente, da destruição que causa, do insuficiente poder de reposição da natureza frente ao ritmo, quase que incontrolável, de retirada de recursos do seu meio?! A educação, segundo os princípios e valores Maristas, herdados de Champagnat, que compõem a proposta pedagógica e educacional dos Colégios Maristas, assim como das demais instituições que fazem parte do Grupo Marista, propõe que a existência das pessoas não está pautada pelo ritmo ou pelo poder com que consomem. Fazemos, portanto, o possível para que os alunos Maristas e suas famílias encontrem em nossos espaços educativos as condições e os princípios que os fazem “existir”, não a partir do que consomem, mas a partir de valores sólidos, capazes de lhes preencher as lacunas existenciais inerentes a todos os seres humanos. Oxalá tenhamos em nossa sociedade, em nosso país, em nossa cidade pessoas cada vez mais livres e conscientes de sua cidadania, pautadas por valores humanos e cristãos para respaldar suas ações e preencher a lacuna de seus corações. Quem sabe não venhamos a ter uma sociedade constituída de pessoas que trabalham, amam, sejam felizes e, logo, existam.

Deixo ao leitor, na liberdade de sua consciência e de sua cidadania, a tarefa de concluir a frase: só faço parte da existência pelo fato de estar...

A educação, segundo os princípios e valores Maristas, herdados de Champagnat, que compõem a proposta pedagógica e educacional dos Colégios Maristas, assim como das demais instituições que fazem parte do Grupo Marista, propõe que a existência das pessoas não está pautada pelo ritmo ou pelo poder com que consomem.

ir. Paulinho vogel Diretor-Executivo da Rede Marista de Colégios

© Foto: João Borges

Quem ler o título acima certamente se lembrará da célebre frase “penso, logo existo”, do filósofo francês René Descartes (1569-1650), ao estabelecer o primeiro princípio de sua filosofia. Descartes cunhou sua curta oração quando, ao imaginar que tudo era ilusão e, ao mesmo tempo, perceber que ele próprio existia enquanto matéria, então ele mesmo não era ilusão e, uma vez que estava pensando em tudo isso, concluiu que existia, daí: penso, logo existo. Para Descartes, pensar é condição para existir. Fazer parte da existência material é consequência da sua faculdade humana de pensar, estar incluído, sentir-se membro de uma comunidade de seres pensantes. Assim, conclui-se: só faço parte da existência pelo fato de estar pensando. Outro dia, andando pelo shopping center, vi quantas coisas existem das quais não preciso para ser feliz. Fiquei contente por isso. Ainda andando pelo mesmo espaço, vi como foi difícil para uma mãe convencer o filho sobre algo de que ele não precisava. Mas me assustei também quando percebi o quanto nos identificamos com os outros a partir daquilo que consumimos. Parece que se não o fizermos, não nos sentiremos incluídos. Vestir a marca X, Y ou Z nos permite sentir que existimos. Talvez seja isso. O ato de consumir nos preenche uma lacuna importante da vida, fazendo-nos sentir pertencentes, incluídos, membros, enfim, existentes. É um círculo vicioso ao qual nos prendemos. Assim, conclui-se: só faço parte da existência pelo fato de estar consumindo.

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© Foto: Sxc.hu

dia a dia

Muito além do

prato de

comida Preocupados com o desperdício de alimentos e cientes da necessidade de desenvolver ações para a conscientização do consumo adequado de alimentos, os Colégios Maristas desenvolvem várias ações para trabalhar com os pequenos Por Julio Glodzienski

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Um rejeito no café da manhã ou no almoço, no lanche ou no jantar e o desperdício de alimentos acaba se tornando uma rotina no dia a dia. Segundo a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO), um terço dos alimentos produzidos é desperdiçado por ano no mundo todo. Isso significa que 1,3 bilhão de toneladas de comida têm como destino a lixeira. Pode-se dizer que esse comportamento tornou-se um hábito que passa despercebido aos nossos olhos. Peguemos como exemplo um pacote de bolacha. Por qual motivo você jogaria um terço desse pacote no lixo? A coordenadora psicopedagógica da Educação Infantil e do Ensino Fundamental I do Colégio Marista Cascavel (PR), Marcia Ionara Eichstadt Piovezani, explica que o desperdício “é questão de educação alimentar, tem a ver com excesso de compra, má gestão dos alimentos em casa e não aproveitamento integral de talos, cascas, entre outros”. Desenvolver com as crianças uma cultura de reaproveitamento as torna professores e agentes de incentivo à importância do melhor aproveitamento de alimentos. Ações que representam um mundo saudável e mais comprometido. “É através de atitudes como essas que elas passam a orientar suas famílias sobre os cuidados para um consumo consciente”, explica Ana Paula Teixeira da Rosa, educadora de culinária e de letramento do Centro Social Marista (Cesmar) do Rio Grande do Sul. É pensando nesse mundo mais consciente que os Colégios Maristas estão comprometidos e preocupados com o desenvolvimento desse pensamento nos seus alunos. Para isso, promovem, com as crianças e os adolescentes, atividades capazes de desenvolver a consciência dos alunos em relação ao consumo.


© Fotos: Acervo dos Colégios

De olho no cardápio

Cultivando o próprio alimento

Pequenos cozinheiros

Um exemplo das ações dos Colégios Maristas é o trabalho desenvolvido no Colégio Maristinha Pio XII, de Brasília (DF), como conta a assistente psicopedagógica Sara Cristina da Costa: “Temos trabalhado a consciência no momento do lanche e estimulado o consumo de frutas, além de repassar mensalmente às famílias um cardápio com sugestão de lanches saudáveis elaborados por uma nutricionista.” No Ateliê do Gosto, um espaço dentro do Colégio, as crianças, juntamente com os professores, criam receitas saudáveis que incluem o reaproveitamento de folhas e cascas dos alimentos – muitos produzidos na própria horta. Depois, os alunos são convidados a experimentar a receita, comprovando essa divertida experiência. “Entendemos que, quando a criança faz parte e se sente inserida no processo, ela demonstra facilidade para provar o que elabora junto com os colegas”, completa Sara. São nessas pequenas ações que as crianças começam a perceber que existem outras soluções para aqueles alimentos que não agradam tanto e também aprendem a utilizar o que tem disponível nos armários de casa. Esse é um trabalho contínuo. “Quando falamos da formação das crianças, entendemos que, a cada dia, temos que fortalecer os conceitos que queremos que levem como aprendizado. Eles são a ponte entre escola e família. Por meio do que aprendem aqui, entendemos que relatam e cobram posturas de seus pais e familiares”, analisa a assistente.

O Colégio Marista de Cascavel (PR) promove atividades de culinária em que trabalham com as crianças os processos de produção dos alimentos, bem como o uso de alimentos naturais e industrializados. As crianças cultivam nos canteiros, participando desde a preparação do solo, semeadura, transplantes das mudas e colheita até a utilização dos alimentos ali cultivados na realização de receitas. “Os alunos podem perceber, mediante essas atividades, a importância de consumir alimentos nutritivos e naturais, em detrimento dos industrializados”, conta Marcia Ionara, coordenadora psicopedagógica. É por meio dessas ações que as crianças percebem todo o processo de cultivo do alimento até que ele chegue à mesa ou às prateleiras dos supermercados. “Os alunos passam a relacionar um planeta sustentável com a diminuição do consumo de alimentos industrializados, que possuem embalagens que irão poluir o meio ambiente”, completa a coordenadora. Os projetos pedagógicos, destinados a cada faixa etária, buscam estimular o consumo adequado. “Sempre que possível, as crianças são incentivadas a consumir alimentos nutritivos essenciais para manter a saúde do corpo”, diz Marcia.

Com a ideia de estimular o consumo consciente e fomentar uma mudança na postura das pessoas, ainda que por pequenos gestos, o Centro Social Marista (Cesmar), do Rio Grande do Sul, desenvolve um projeto de culinária. Para Ana Paula Teixeira da Rosa, educadora de culinária e de letramento, as pessoas, por vezes, não se dão conta do desperdício que realizam. “Acredito no efeito multiplicador. Se cada um dos receptores adotar uma pequena mudança em seu cotidiano para reduzir o desperdício ou estimular sua família e seus amigos nessa linha, haverá uma grande diferença”, explica. Na cozinha, eles aprendem a ser criativos e a buscar alternativas alimentares, além de aprender inúmeras formas para preparar e consumir um mesmo alimento. “Esse projeto tem como objetivo conscientizar as pessoas sobre a importância do reaproveitamento de alimentos que geralmente são descartados – e, junto a eles, vários nutrientes essenciais para o bom desenvolvimento do organismo humano”, completa Ana. As hortas, de onde os alunos colhem os alimentos para a produção das receitas, também foram criadas para promover qualidade de vida. O foco está em estimular boas práticas ambientais e mostrar aos alunos algo muito além de valores nutricionais.

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capa

Pais que dão

exemplo responsável

Atitudes diárias podem auxiliar os filhos na prática do consumo consciente. São exemplos corriqueiros que tornam o ‘ter’ uma atitude responsável

© Foto: Letícia Akemi

Por Elizangela Jubanski

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A rotina da casa é naturalmente absorvida pelas crianças. O que os pais consomem, como gastam e de que forma descartam são ações que integram o dia a dia da família. Essas atitudes acabam se tornando perceptíveis aos pequenos, que incorporam cada detalhe e costume da família. Nessa perspectiva, é cada vez mais importante discutir a real necessidade do consumo e, além disso, como fazê-lo de forma consciente. Em época de tecnologia de ponta e acesso ao crédito fácil, consumir demasiadamente é quase um convite irrecusável. Saber mediar e decidir o que realmente se embrulha para levar para casa é o mais sensato quando se tem crianças observando toda atitude dos pais. A educadora e professora Ana Cristina Malacrida, do Colégio Marista Maringá (PR), acredita que a prática do bom exemplo é o método mais eficaz para orientar os filhos. “Levar os filhos, quando crianças, para comprar roupas e permitir que participem de todo o processo de procurar pelo artigo de melhor qualidade, antes de simplesmente sair comprando, cria a cultura de consumo responsável. Não ceder a todo e qualquer desejo material dos filhos também contribui para essa mesma formação, contrariando o consumo impulsivo”, descreve a educadora, que ainda defende que o valor dos brinquedos e de qualquer objeto devem ser colocado em xeque a cada oportunidade. “Não se deve repor, de pronto, artigos estragados por falta de zelo dos filhos. Isso reforça a importância de valorizar e cuidar do que se tem, já que a tendência entre as crianças e os jovens é de descaso com suas posses, justamente por não as terem adquirido com o salário do próprio trabalho”, reforça.

Exemplos, sim Camila Ayumi Honda, 7 anos, estuda no Colégio Marista Assunção, de Porto Alegre (RS), e sabe bem o que são exemplos do dia a dia. A família mora em uma casa com regras de consumo responsável e reaproveitamento de recursos. Os pais da estudante acreditam que a forma de-

sencanada que Camila tem com relação às compras é reflexo da educação com limites financeiros. “Ela tem consciência do que é esbanjar alguma coisa. Não pode ver uma torneira pingando que sai correndo para fechar. Ela não se interessa pelas roupas e calçados da moda, ela é muito tranquila quanto a isso”, revela a mãe, Márcia Yamada, 37 anos, que é engenheira agrônoma. Sem problemas com pedidos de "eu quero" em passeios, a mãe recorda um episódio na aula de patinação em que outras garotas estavam com calças e blusas especiais para o momento. “Não vi problema algum em levar Camila com uniforme e camiseta da escola. Não acredito que esse consumismo seja essencial durante essa fase da vida”, completa. No entanto, a mãe enxerga que na adolescência a filha pode querer desfrutar de algum tipo de exagero. “Pode até ser normal nessa fase. Ir a uma festa e querer um vestido novo, por exemplo. Não vejo problemas, mas aí entra a questão da política. Você está merecendo? Está tendo um bom comportamento? Espero que ela continue aceitando essa forma que nossa família tem e valorize cada conquista”, aponta Márcia.

Não ceder a todo e qualquer desejo material dos filhos também contribui para essa mesma formação, contrariando o consumo impulsivo. Ana Cristina Malacrida, professora do Colégio Marista Maringá (PR)

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© Foto: Arquivo pessoal

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família grochowicz: quatro filhos e muito diálogo.

faMÍlia honda na PrátiCa As lâmpadas da casa foram totalmente substituídas por fluorescentes. “Duram mais e consomem menos”, defende a mãe. Três recipientes de lixo fazem a separação: o reciclável, o convencional e os restos de comida. O último vai para as galinhas. “Temos cachorros, galinhas, árvores e muito verde. Pensamos que estar próximo à natureza é dar qualidade de vida à família”, conta Márcia. Outro recurso importante para a consciência do que se consome é a cisterna construída no terraço da casa. “Toda a água da chuva vai para essa cisterna. A gente usa a água para molhar a horta e as outras árvores frutíferas”, finaliza.

PartiCiPantes do ProCesso Para criar o vínculo sobre a importância do que se compra, o médico veterinário Eduardo Grochowicz, pai de quatro alunos do Colégio Marista Pio XII, de Ponta Grossa (PR), acostumou a prole a participar do processo de compra. “Nas compras do dia a dia, em supermercados e shoppings, eles sempre estão presentes e são muito conscientes

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com aquilo que nos pedem. Aqueles itens que nós consideramos supérfluos, deixamos que eles comprem com seu próprio dinheiro, ganhado com afazeres domésticos ou de presentes dos tios e avós”. Os trigêmeos Guilherme, Giovana e Gabriela têm 10 anos e, segundo o pai, acostumaram-se com o revezamento de brinquedos, roupas e até mesmo com o tempo que os pais se dedicam a eles. Já a mais nova, Luiza, que está com 6 anos, precisa de um "empurrãozinho" dos pais na hora da partilha. “Por ter nascido anos depois, tivemos que trabalhar mais nessas questões de ter e compartilhar. Mas sempre procuramos dar aos quatro aquilo que é razoável, sem exageros e sempre de maneira equilibrada para todos”, conta Eduardo.

a faMÍlia groChoWiCz na PrátiCa Mesmo com muito diálogo, Eduardo e a esposa Fernanda sabem que, o que vale mesmo são exemplos práticos dentro de casa. “Valorizamos as coisas, não deixamos nada pelo chão e, depois de usar, guardamos. Com os brinquedos,

pedimos que façam igual. Quando estamos com roupas novas, procuramos não nos sujar, para que percebam o cuidado com objetos que acabaram de ser comprados. Também ensinamos o valor do trabalho e de quanto dinheiro é necessário para termos aquilo de que precisamos”, detalha Eduardo. Para os pais, o conceito mais importante é que eles valorizem as pessoas pelo que são e nunca pelo que possuem.

Ensinamos o valor do trabalho e de quanto dinheiro é necessário para termos aquilo que precisamos. Eduardo Grochowicz, pai de Guilherme, Giovana, Gabriela e Luiza.


o papel da escola

A prática do consumo consciente é um assunto sempre em pauta dentro das salas de aula. O diretor-educacional da Rede de Colégios Maristas, Flávio Sandi, alerta para as inúmeras frentes em que esse tema pode ser trabalhado. “Podem ser realizadas oficinas para reflexão e prática do reaproveitamento de materiais para criação de brinquedos, fantasias e produções artísticas. Também há possibilidade de os alunos calcularem a quantidade de folhas que gastam por dia e criação de soluções para combater o uso excessivo de papéis; medição da água utilizada nos banheiros e proposição de estratégias para evitar desperdício da água; comemoração dos aniversários com simplicidade, substituindo presentes de pela presença significativa na vida do aniversariante; debates em aula a respeito de propagandas que veiculadas na mídia; além de projetos que nascem dos próprios estudantes, imprimindo o sentido de buscar nos caminhos da ação, a criação da cultura do consumo consciente”. O diretor-educacional também evidencia que essa educação deve acontecer em parceria entre escola e família. “A relação entre escola e família é importante para práticas educativas de qualquer natureza. Exemplos que testemunhem consciência planetária, provenientes tanto da escola como da família, correspondem ao modo mais coerente de educar”, finaliza Sandi.

Abastecer a despensa está mais caro, este ano, no Brasil. Com a alta da inflação, os brasileiros estão mais responsáveis na hora de consumir. É o que aponta a pesquisa nacional Consumo Consciente, elaborada pela Federação do Comércio do Estado do Rio de Janeiro (Fecomércio-RJ) em parceria com o Instituto Ipsos, em junho desse ano. Na maioria das questões levantadas pela pesquisa – preservação do meio ambiente, uso de sobras nas refeições, análise do produto antes de comprar e uso de sacolas plásticas –, o percentual de importância desses aspectos cresceu, pelo menos, 2%. Ainda que historicamente privados de uma série de bens de consumo, produtos de ponta e supérfluos, os brasileiros estão se tornando cada vez mais responsáveis na hora de adquirir.

sumaya viveu no país do consumo e soube administrar a compra consciente.

É o caso de Sumaya Costa, 40 anos, fonoaudióloga e mãe das alunas Laura e Ana Luiza, do Colégio Marista Santa Maria, em Curitiba (PR), que morou durante cinco anos nos Estados Unidos para acompanhar o doutorado do marido. Ela não se deixou levar pelo consumo desenfreado dos norte-americanos e aproveitou a estadia na terra do Tio Sam para descobrir a importância do consumo consciente. “Lá, eles induzem a compra em quantidade, nos dando a falsa impressão de que quanto mais você comprasse daquele produto, mais você economizaria. Mas, na prática, isso não era verdade. Quanto mais você tinha em casa, mais rapidamente você consumia o produto e logo precisava comprá-lo novamente”, lembra.

© Foto: Arquivo pessoal

© Foto: Sxc.hu

a gente ConsoMe?


capa a faMÍlia Costa na PrátiCa “Em casa, nós só descartamos produtos como eletrodomésticos e móveis se não existir conserto ou se for muito ultrapassado. Quanto a brinquedos e roupas, tudo que não é usado é doado. Se for necessário reutilizar ou reaproveitar alguma coisa, isso é feito sem dificuldades. Nós sempre primamos por qualidade, entendendo que o mais caro não é sempre o melhor ou o necessário”, descreve Sumaya.

a influÊnCia da ProPaganda

das, de uma maneira geral, refletem um cenário de magia, felicidade e prazer que nem sempre se torna real após a aquisição dos produtos que foram anunciados. As crianças esperam ter o que viram no comercial. Por sua vez, brinquedos que se movem sozinhos inibem o jogo simbólico, tão importante para as crianças”, acredita Sabrina. Pensar sobre o consumo é pensar sobre os valores que organizam a família e a sociedade em que se vive. “Podemos refletir acerca do tema, concluir que o consumo exacerbado é prejudicial para a formação de indivíduos mais solidários e fraternos, mas se não praticarmos o exercício da escolha e da necessidade, não teremos argumentos e exemplos para que as crianças se inspirem e possam replicar”, finaliza a educadora.

© Fotos: Letícia Akemi

Até mesmo em canais direcionados às crianças, com programação especial e infantil, as propagandas fazem parte da grade de exibição. Sempre muito coloridas, elas soam como um convite irrecusável à compra. O que acontece é que os pequenos ainda não possuem discernimento

com atos de manipulação e, principalmente, midiática. Eles acabam seduzidos pelo consumo, sem fazer ideia de como avaliar a informação recebida por meio da propaganda. Para a pedagoga Sabrina Souza, professora do Colégio Marista Rosário, de Porto Alegre (RS), os pais devem auxiliar a criança a ter discernimento sobre propagandas e mensagens publicitárias. “Não há como promover uma reflexão sem o diálogo e o acompanhamento dos responsáveis, principalmente se esse for um fator de preocupação. É necessário coerência entre o discurso e a prática de consumo da família”, explica. Outro fator que a pedagoga aponta é justamente a magia que esses anúncios publicitários levam aos olhos dos pequenos. “As propagan-

A vida de publicitário e o exemplo como pai: guilherme e Betina.


eM Casa, é outra Coisa O publicitário Guilherme Gomide é um dos fundadores da Agência Casa, uma das maiores agências de publicidade de Curitiba (PR). Responsável por traçar boas estratégias para que propagandas ganhem destaques nas programações, Gomide é pai de duas crianças e se vê entre dois fatores importantes: a influência capitalista que a profissão traz e a responsabilidade de ensinar o consumo consciente. Com 3 anos de idade, Betina – a primogênita do publicitário – passa mais tempo vendo vídeos direcionados em canais na internet do que na televisão. “Ironicamente, ela passa mais tempo no You Tube. Mas quando está na sala ou em qualquer ambiente que tenha televisão, me preocupo com o que está vendo e que programação é aquela”, afirma

Gomide. O mais novo, Lorenzo, com três meses, ainda é isento do mundo da publicidade. Apesar disso, Betina adora um vestido novo. “Ela é extremamente vaidosa, gosta de maquiagem e quando vamos ao shopping é um terror. Tenho um lado consumista pelo meio em que vivo e quando saímos acabo extrapolando. Ainda bem que minha esposa faz um ótimo contrapeso”, explica.

não é consumista e é adepta ao "viver mais e comprar menos". “Pouco antes do nascimento de Lorenzo, comprei uma fantasia e um daqueles estojos enormes de lápis de cor, giz de cera, canetinhas e tudo mais. Ela me fez guardar o kit de cores para entregá-lo somente quando comemorássemos outra coisa. Está guardado ainda. Ela põe o freio lá em casa”, conta.

a faMÍlia goMide na PrátiCa Para que exista equilíbrio na família Gomide o papel da mãe é fundamental, segundo o publicitário. “Esse gosto por compras que a Betina tem é impacto da minha profissão e do ambiente, porque o exemplo da mãe é bastante consciente”. De acordo com Gomide, a esposa

CoMeCe hoJe MesMo

Atitudes simples e responsáveis podem ajudar as crianças a ter uma visão mais reaproveitável dos objetos e menos deslumbrada do mundo consumista. reutilize Nem sempre aquilo que quebrou ou estragou deve ser jogado fora. Explique que há outras funcionalidades e até mesmo o conserto para determinados objetos. desperdício Comidas, água, luz, entre outros. Esbanjar alguns recursos faz com que a criança não dê valor às facilidades que tem em casa. Mostre o quanto são importantes e o porquê de não desperdiçá-los.

As propagandas, de uma maneira geral, refletem um cenário de magia, felicidade e prazer que nem sempre se torna real após a aquisição dos produtos que foram anunciados. Sabrina Souza, professora do Colégio Marista Rosário, em Porto Alegre (RS)

Preço No mercado, no shopping, na feira. Pesquise preço e pergunte quanto custa. É importante a criança ter a noção do dinheiro e quanto determinadas coisas custam. roupas Não ceda de imediato a um pedido de roupa nova. Argumente e pergunte a necessidade daquela peça para o momento. Doe roupas antigas e evite o acúmulo desnecessário. lixo A separação do lixo reciclável é uma das formas mais importantes de mostrar à criança para onde vão os descartes de casa, o que pode ser reaproveitado e o que farão com o lixo convencional. Planejamento É importante que as crianças entendam que há um planejamento financeiro com os gastos da família. Qualquer aquisição de bens materiais deve ser explicada à criança com justificativas orçamentárias.

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© Fotos: Bio Barreira

entrevista

Por uma sociedade do

bem-estar Menos trabalho e mais tempo com a família. Celulares atualizados, mas sem ser preciso adquirir um novo aparelho. As medidas podem parecer utópicas, mas fazem parte de um novo modelo de civilização – o nosso, em breve. Confira o que Hélio Mattar, diretorpresidente do Instituto Akatu pelo Consumo Consciente, tem a dizer sobre esse futuro Por Michele Bravos

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Para que daqui a 40 anos exista um planeta Terra que supra as necessidades dos seus futuros 9 bilhões de habitantes, é preciso que as mudanças comecem já. Em entrevista à revista Em Família, o diretor-presidente do

O que o brasileiro faz que, na sua opinião, figura na lista de práticas de consumo irresponsáveis?

Levantar a bandeira do anti-consumismo não é a saída. Como encontrar o equilíbrio adequado para quem produz e para quem consome?

Os brasileiros não são diferentes de outras populações deste mundo fortemente consumista. Genericamente, o brasileiro peca no desperdício: de alimentos, de roupas e de tecnologia. Desperdiçamos cerca de 50% dos alimentos perecíveis e parte disso se dá porque se uma fruta ou verdura está um pouco machucada, a gente não considera alimento. Se há uma pequena sobra de um almoço ou de um jantar, ela não é utilizada em outra refeição. Não usamos os talos, as cascas e as sementes como parte das nossas receitas. As pessoas tendem a ter mais roupas do que elas precisam, subutilizando-as. No Brasil, há também um grande descarte de telefones celulares. Esses rejeitos vão para o lixão, causando poluição. Mais importante do que isso é as pessoas se perguntarem se precisam de todas as funcionalidades de um novo aparelho.

Em primeiro lugar, é importante dizer que consumo consciente não é deixar de consumir. A causa do consumo consciente é a favor de um consumo diferente, em que os impactos sociais, ambientais, econômicos e individuais sejam menores. Hoje, se todos os habitantes do planeta viessem a consumir dentro do modelo de produção e consumo atual, precisaríamos de cinco planetas Terra. É preciso sair de um modelo de produção de alta obsolescência e ir na direção de produtos mais duráveis. Aí entra a questão econômica. É preciso passar de uma economia fortemente industrial para uma de serviços. Desmaterializar é central em um novo modelo de consumo.

Instituto Akatu pelo Consumo Consciente, Hélio Mattar, fala sobre medidas necessárias para a conscientização da população, a urgência da mudança e como seria esse novo modo de viver.

Que medidas são necessárias para que a prática do consumo consciente seja implantada em um Brasil em que “poder comprar” está associado ao desenvolvimento econômico do país?

Precisamos de uma educação que forme crianças e jovens dentro de valores civilizacionais diferentes dos de hoje. Os impactos gerados pelo consumo precisam ser colocados como um elemento importante na tomada de decisão sobre o que comprar, como usar e como descartar. Nessa formação de novos hábitos, as empresas desempenham papel importante. Se a empresa não oferecer outro conjunto de produtos e serviços menos demandantes de recursos naturais, não teremos a possibilidade de seguir na direção de uma sociedade do bem-estar – mesmo que os consumidores tenham consciência de que isso é preciso. Mas as empresas não farão isso sozinhas. Aí é essencial que o governo tenha uma atuação forte, na direção de campanhas de conscientização para os consumidores (crianças e adultos).

Por vezes, o processo de conscientização ocorre lentamente. Quando falamos em consumismo e suas interferências globais, há tempo hábil para essa mudança gradativa?

A nova sociedade precisará mais de cooperação que de competição para atender ao tempo curto que temos pela frente para mudar de um sistema insustentável para um sustentável. Se começássemos hoje, precisaríamos de uma geração para fazer essa mudança completamente. Mas mais importante que fazer a mudança rapidamente é fazer a mudança seguramente. É mudar a tendência do sistema, fazer com que consumidores e produtores passem a trabalhar para essa sociedade sustentável.

Precisamos de uma educação que forme crianças e jovens dentro de valores civilizacionais diferentes dos de hoje.

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entrevista Para acelerar esse processo, algumas condições são essenciais. A principal condição é que os formadores de opinião passem a mostrar, publicamente, qual é esse novo modelo de consumo e de produção. Temos também que sair de uma publicidade consumista e ir para uma publicidade mais sustentável. Nesse processo de mudança de consciência, é importante que todas as mídias sejam intensamente utilizadas. Aí vem o otimismo do Akatu com relação às mudanças que vão acontecer. Nunca, em nenhum outro momento da história, as pessoas tiveram tanta possibilidade de se comunicar e de serem impactadas pela mídia. Quando falo em mídia, falo em televisão, rádio, jornal, revista e redes sociais.

De que forma o Akatu pretende superar esse desafio?

Nas redes sociais, podemos ganhar maior velocidade para essa mudança. Os grupos que se formam nas redes sociais podem não apenas criar novos valores, mas criar referências para as pessoas. Essas referências podem fortalecer novos valores, que passarão a ser reconhecidos pela sociedade. As pessoas só vão manter os novos hábitos se eles forem reconhecidos pela sociedade como um modelo que todos valorizam e reconhecem. O ser humano é suscetível a esse reconhecimento, especialmente porque o consumo faz parte da forma como as pessoas estabelecem a sua identidade. Isso desde sempre. A mídia tem o papel de fortalecer esse novo modelo de consumo a tal ponto que todos queiram fazer e se sentir parte da nova sociedade.

Falamos aqui de uma mudança na forma como consumimos, o que geraria uma mudança na civilização. Na prática, como seria essa nova civilização?

Os grupos que se formam nas redes sociais podem não apenas criar novos valores, mas criar referências para as pessoas.

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As pessoas pensam que, nesse novo modelo, serão chamadas a se sacrificar. Elas precisam entender que, na nova sociedade, as pessoas não vivem para trabalhar, mas trabalham para viver. As relações, os afetos, as amizades e os amores são centrais na vida de cada um. Atualmente, dos 25 aos 65 anos, as pessoas estão integralmente devotadas ao trabalho. Trabalhando menos, haveria mais empregos, por exemplo. No novo modelo, saímos da sociedade do desperdício, do descartável e de uma produção fortemente globalizada e vamos para a sociedade do aproveitamento integral, do durável e de uma produção mais local. Os produtos serão totalmente diferentes. O produto material passa a ser virtual, como já tem acontecido com a música e a literatura, que chegam sem o uso de recursos naturais. O foco sai do tangível e vai para a experiência, para a emoção. O produto durável é um produto que vai precisar de assistência técnica, no caso de um eletroeletrônico ou automóvel, para funcionar durante anos e ser atualizado seguindo as últimas tecnologias disponíveis. Na sociedade sustentável, o uso de costureiras e brechós vai se multiplicar, assim como a doação e as trocas de roupas, em que eu disponibilizo o que não estou mais usando e recebo aquilo que está mais de acordo com o que quero no momento. Medidas que promovem bem-estar sem desperdício de recursos naturais.

© Foto: Bio Barreira

De que forma essa conscientização pode ser mais acelerada, com mais impacto na população e repercussão efetiva?


índice

destaque

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Conheça o projeto quanto vale o Mínimo, que integra a grade curricular na disciplina de Matemática e que ensina, na prática, o valor do dinheiro. veja o que alguns alunos pensam a respeito da educação financeira e do consumo, consciente.

com a palavra

ed. infantil

ens. fundamental

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Os desafios de educar as crianças dentro de uma sociedade de consumo de modo que prevaleçam valores, companheirismo e olhar crítico.

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Saiba quais são as impressões dos alunos a respeito do consumismo e a importância dos pais nesta fase.

ens. médio

diz aí

caleidoscópio

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O que pensa a DiretoriaGeral.

Educadores fazem uso das tecnologias para que os estudantes aprendam em meio à cultura na qual estão inseridos – a cultura digital.

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Um motivo para não ser consumista? Veja o que pensam os alunos e o educador.

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você sabia?

gente nossa

ser melhor

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Conheça algumas curiosidades a respeito do Colégio.

À frente da AACD, ex-aluno fala sobre o valor das pessoas e como lá são tratadas pelo que são e não pelo que consomem.

Relembre os principais acontecimentos do Colégio.

Conheça algumas ações da Pastoral.


com a palavra

Valemos mais ... muito mais

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conhecimento singelo de que papéis, posições e funções são sempre menos importantes que pessoas e valores humanos. A espiritualidade e a proposta Marista de educação, fundadas no sonho de Marcelino Champagnat (1789 – 1840), constituem-se ferramentas para transformar esse contexto que insiste em ver o valor das pessoas em aspectos absolutamente acessórios. Nesse sentido, é importante destacar como o Papa Francisco tem apontado para a simplicidade, para a descomplicação, para o serviço, para a alegria de viver, para um Evangelho percebido e proposto como instrumento de construção de mais vida para o mundo. Quando se fala de exemplos, de referências para as infâncias e juventudes, surge esta liderança que, na proximidade com as pessoas e com suas realidades, se torna um ícone de que menos é mais, de que o maior é o que mais serve, de que valemos por termos sido amados por um Amor maior. Que as ações já feitas e ainda por fazer, que os projetos da escola e da vida, que tudo seja recheado de muita paz, vibração, sentidos novos e plenos de esperança. Que Deus e seus amigos especiais Maria e Champagnat iluminem nossos esforços em busca de vida plena para todas e todos.

Colégio Marista Arquidiocesano

No dia a dia de sala de aula, o desafio é garantir relações educativas pautadas no respeito, na ajuda mútua, no reconhecimento singelo de que papéis, posições e funções são sempre menos importantes que pessoas e valores humanos.

ascânio João (Chico) sedrez Diretor-Geral

© Foto: School Picture

Alguém poderia dizer que é nadar contra a corrente; outros até dirão que não convém, pois poderia diminuir a pujança de nossa economia... Mas ao contrário dos que ainda não perceberam, nós buscamos resgatar o valor das pessoas, mostrar – de várias formas e em várias frentes – que o mais importante é o que as pessoas são. Não são aditivos, adereços, penduricalhos (ou a falta deles) que importam nas nossas relações: somos o que somos e o resto é, de fato, importante, mas não essencial. As entrevistas, os depoimentos, as conversas e os relatos de projetos que são apresentados como frutos lindos do trabalho educativo no nosso Marista Arquidiocesano buscam apontar brechas possíveis, atalhos e frestas que nos surgem como libertadores, que nos permitem pensar em alternativas para ser e conviver. Quem aposta em educação como caminho de felicidade sabe que as pessoas valem muito, valem sempre e valem a nossa vida dedicada e transformada por este cuidado educativo cotidiano. Temos muito ainda por fazer. No dia a dia de sala de aula, o desafio é garantir relações educativas pautadas no respeito, na ajuda mútua, no re-



© Foto: Marcela Fernandes

ed. infantil

Consumo inteligente desde a infância É indiscutível que, na era contemporânea, as crianças estão no centro do consumo. Mal começam a se expressar e já têm acesso às telas touchscreen e, como consequência, a uma enxurrada de informações. A grande questão é como educá-las dentro de uma sociedade de consumo de modo que prevaleçam valores, companheirismo e olhar crítico. De novo, a parceria família-escola pode ser o antídoto capaz de neutralizar os efeitos da realidade. O Colégio Marista Arquidiocesano, por exemplo, adota uma série de medidas desde a Educação

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Infantil para minimizar situações delicadas. A festa de aniversário pode ser um dos pontos sensíveis se não for bem cuidada. “Para evitar a competição entre os alunos, estabelecemos o seguinte padrão: as crianças podem trazer apenas bolo (simples) e suco. Não permitimos lembrancinhas, pois temos que valorizar a celebração em si”, explica Silvana Garutti, coordenadora da Educação Infantil do Colégio. “Fiquei muito aliviada quando soube das regras para envio de bolo nos aniversários. Conter o anseio das mães em enviar bolos ‘pirotécnicos’ não deve ser fácil, mas,

Colégio Marista Arquidiocesano

na minha opinião, o esforço vale a pena. O que é importante no Arqui é o afeto, o abraço dos amigos, o carinho da professora, o parabéns do grupo que comemora o aniversário do amiguinho, expressando sua importância pelo que ele é e não pelo que ele tem”, afirma Flávia Cintra, repórter do Fantástico (TV Globo), mãe dos gêmeos Mateus Campillo Conradino e Mariana Campillo Conradino, ambos no Infantil 5 do Colégio Marista Arquidiocesano. Segundo Silvana, o retorno dos pais sobre os aniversários tem sido muito positivo, principalmente por provocar reflexões sobre consumis-


© Foto: Natália Venâncio

mo, e o benefício extra é que economiza o tempo dos parentes que têm uma rotina atribulada. Outro momento que exige atenção refere-se ao Dia do Brinquedo. A recomendação é clara: os pequenos devem trazer brinquedos sociáveis, de preferência usados e resistentes, para evitar avarias.

Flávia Cintra, repórter do Fantástico (TV Globo), com os gêmeos Mateus Campillo Conradino e Mariana Campillo Conradino.

Quebrando paradigmas, o material no Colégio Marista Arquidiocesano é coletivo, ou seja, nada de tesouras maravilhosas ou aquarelas importadas. A justificativa da Silvana convence: “Nem sempre o que é bonito é mais atraente do ponto de vista pedagógico.” Flávia elogia a ação: “O uso coletivo de materiais é sensacional, pois além de evitar desperdício, trabalha na criança o exercício de compartilhar, cuidar do que é de todo mundo, esperar a sua vez de usar. Tem cidadania nessa prática, é

muito mais do que parece”, declara a mãe dos gêmeos.

Crianças mais “maduras” O tema do consumismo também invade as salas de aula. Na aula de Ciências do 4° ano do Ensino Fundamental, os alunos – em uma fase mais madura de compreensão – estudam o “lixo”, passando por questões como o que acontece quando ele é descartado e quais são os prejuízos causados ao meio ambiente quando ele não é encaminhado de maneira correta – o impacto do chorume infiltrado no solo, a poluição do ar causada pelos gases liberados nos lixões, entre outros. Rosangela Hanssen, professora de Ciências do 4° ano do Ensino Fundamental, explica que uma boa estratégia de ensino tem sido a relação entre temas. Além de associar o excesso de consumo à questão do lixo, há outros tópicos abordados, tais como a saúde. “Os alunos assistem a vídeos que mostram animais marinhos morrendo sufocados com sacos plásticos ou mesmo sufocados pela ingestão de lixos”, esclarece Rosangela. Ainda nesse estudo, as crianças pesquisam sobre os materiais de que são feitos produtos e embalagens consumidos pela sociedade e concluem que ao descartar o plástico, estamos desperdiçando petróleo, que é um recurso natural. Reciclagem, preservação dos recursos naturais, reutilização de produtos e máximo aproveitamento dos alimentos são temas do projeto. “Ao final dele, os alunos fazem um amigo secreto, cujo presente é feito com materiais reutilizáveis”, diz a professora.

Mãe, eu quero! Apesar de todos os cuidados no Colégio, o ideal é que os pais reforcem as diretrizes em casa. A tarefa não é fácil, mas vale o investimento. Flávia enxerga a mudança de comportamento dos meninos e tem uma postura muito afinada com a linha pedagógica da Escola. “Vejo meus

filhos cada vez mais preocupados em evitar desperdícios, em apagar as luzes quando saem de um ambiente, fechar logo a torneira porque ‘senão vai acabar a água do planeta’”, afirma, contente, Flávia. Quando indagada sobre quais as dicas para que as crianças aprendam desde cedo a lidar com as diferenças de poder aquisitivo, a jornalista explica que tem usado muito a noção de desperdício, prioridades e escolhas com seus filhos, sempre explicando que não dá para comprar tudo. Flávia também frequenta eventos beneficentes, estimulando a doação de brinquedos e roupas e os informa de que o dinheiro que os mantém é fruto de muito trabalho. “Nós, que somos pais e mães, queremos tanto ver os filhos felizes que corremos o risco de cair na armadilha de pecar por excesso. Amamos tanto que queremos dar tudo o que não tivemos, realizar seus sonhos, protegê-los de qualquer decepção. Mas a vida não vai poupá-los e eles receberão muitos nãos. Para continuarem seguros e equilibrados, precisam saber lidar com as frustrações. Dói dizer não, mas é necessário”, conclui sabiamente a repórter do Fantástico.

Nós, que somos pais e mães, queremos tanto ver os filhos felizes que corremos o risco de cair na armadilha de pecar por excesso. Flávia Cintra, repórter do Fantástico

Colégio Marista Arquidiocesano

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!

ens. fundamental

© Foto: Marcela Fernandes

garoto FALA,

O jovem de hoje é mais consumista que o jovem da década de 1970. Uma das explicações talvez esteja na oferta de produtos, com destaque para os tecnológicos. Mas como os jovens enxergam essa questão? Qual a real perspectiva deles por eles mesmos? Promovemos um bate-papo nas dependências do Colégio Marista Arquidiocesano com alunos do Ensino Fundamental a fim de entender algumas questões. Os alunos chegam aos poucos. O ambiente da Portaria Central torna-se ainda mais espaçoso pela timidez dos meninos. Sentam-se no sofá e o tema é introduzido: consumismo. Aos poucos, eles começam a definir o termo.

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Nicolas Eduardo Machado Fernando, aluno do 9° D, começa: “Consumismo é o ato de consumir algo de forma demasiadamente exagerada, sem que haja necessidade. Muitas vezes, a motivação são os meios midiáticos ou mesmo a sociedade.” Bom começo. De repente, uma chuva de ideias: “Consumismo é em excesso, consumo é o que precisamos. Vivemos em uma sociedade consumista. As pessoas compram mais por status”, afirma Eduardo Maroja, estudante do 8° C. Percebe-se um viés crítico nos alunos. Quando questionados sobre a existência de “tribos de consumo”, os meninos respondem quase em

Colégio Marista Arquidiocesano

consenso que há um grupo que se destaca, o dos que têm mais amigos (os “populares”), cujos integrantes usam as mesmas coisas – relógios, tênis, acessórios de modo geral. Mariana de Moraes Ferreira, do 8° C, analisa a questão, dizendo que as pessoas compram as mesmas coisas para serem diferentes e acabam sendo iguais. “Você olha uma massa homogênea”, arremata.

oPinião de esPeCialista Segundo o neuropsicólogo Fabio Roesler, em se tratando de homogeneidade, o jovem é consumista, mas é claro que existem exceções. “O processo cognitivo do jovem não concebe


háBitos de ConsuMo A maioria dos entrevistados raramente faz compras sem os pais. Quando estão com os progenitores, utilizam cheques e cartões de crédito. Quando estão desacompanhados, usam dinheiro. Ana Luiza S. C. Uitiello, aluna do 8° F, gosta de comprar, bem como

sua mãe. Segundo ela, seu irmão não compra nada e seu pai não gosta de ir ao shopping. A garota prefere roupas e maquiagem e revela que as amigas são suas principais influenciadoras na hora de consumir. “Eu gosto de comprar, principalmente quando viajo – além de ser mais barato, tem muito mais variedade”, acrescenta. Georgia Assanuma Dutra, aluna do 7° C, gosta de adquirir acessórios novos, tais como relógios e pulseiras, além das roupas, é claro. Já Eduardo Maroja compra livros, jogos de videogame (em sua maioria, de futebol), roupas e tênis. Mariana de Moraes Ferreira, do 8° C, foge à regra, principalmente por ser menina: “Não é muito comum eu comprar por hobby. Só compro quando preciso. Não tenho muita paciência, às vezes minha mãe tem que brigar para eu comprar roupa. Quando a gente viaja, observo o custo-benefício. Não gosto de shopping”, diz a jovem. Nicolas Eduardo Machado Fernando ganha mesada e junta para comprar o que deseja. Se falta dinheiro, o pai não acrescenta. Ele compra à vista os produtos que deseja.

© Foto: Sxc.hu

tão bem algo etéreo como o faz com o concretismo do consumo”, explica. O papel dos pais, no sentido de orientar, também é extremamente importante nessa fase. Porém, muitas vezes, os próprios pais são assediados pelo excesso de produtos e serviços. “Nossos desejos são sempre o desejo do outro com quem nos identificamos, ou seja, nossos modelos. Como um pai ou uma mãe que gasta tanto em roupas, celulares, tablets e, depois de pouco tempo, diz que já precisa ‘trocar’ os produtos por outros mais novos pode querer que seus filhos não sejam assim? Naturalmente, existem casos diferentes, nos quais os pais não ancoram seu existir na alienação de si, aí há uma identificação consumista que surge a posteriori, posta em prática por associação com amigos e colegas”, esclarece o especialista.

teorias que aJudaM na forMação “No consumismo, não adquirimos pela utilidade do produto, mas pela aparência, pelo conjunto. Algumas vezes, as pessoas são discriminadas por não aderirem ao esquema”, afirma Nicolas. O garoto explica que aprendeu teorias muito importantes sobre o desgaste “proposital” das mercadorias, o que obriga os consumidores a comprar um produto novo muito rapidamente. Mônica Fogaça, coordenadora e professora de Ciências do 9° ano do Ensino Fundamental do Colégio Marista Arquidiocesano, confirma os ensinamentos: “Trata-se da teoria da obsolescência programada que surgiu na década de 1950 como uma proposta para o crescimento econômico dos Estados Unidos e de outros países no final da 2ª Grande Guerra.” Sobre o retorno dos ensinamentos em sala de aula, Mônica explica que a utilização de vídeos do Greenpeace, incluindo associações do consumo com os impactos ambientais, costuma suscitar discussões interessantes. O projeto didático trabalha também efeitos sociais do consumismo e, para tal, há utilização de trechos de filmes que tratam de questões mais dramáticas da sociedade. Há, ainda, um projeto, intitulado de repente 9°, destinado aos alunos do último ano do Ensino Fundamental e cujo mote é refletir sobre a identidade dos estudantes. Cada disciplina colabora a partir de conteúdos e objetivos próprios. Especificamente tratando da disciplina de Ciências, os alunos estudam a segunda pele – ornamentos, vestuário – com apoio do texto de Rita de Cassia de Oliveira, pesquisadora de culturas juvenis da PUC-SP – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Em um segundo momento, a reflexão é ampliada e há uma investigação dos efeitos da produção dos ornamentos e vestuário e das causas do desejo de consumi-los. O resultado fica nítido na conversa com os meninos: conhecimento e consciência.

Colégio Marista Arquidiocesano

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© Fotos: Marcela Fernandes

ens. médio

Tecnologia a favor

As tecnologias colocam em movimento as informações, as pessoas, as mercadorias, as ideias, enfim, as formas de ser e estar no mundo

do ensino

A história da humanidade é marcada pela busca de tecnologias. O homem sempre esteve à procura de recursos para obter mais conforto e qualidade de vida. Porém, é necessário ficar atento às vantagens e desvantagens do contexto digital. O primeiro aspecto a discutir é como os colégios podem utilizar os artefatos tecnológicos de maneira consciente. O Colégio Marista Arquidiocesano, por exemplo, é uma caixa de ressonância da sociedade e, portanto, utiliza equipamentos que auxiliam na aprendizagem. São eles: computadores, notebooks, lousas interativas, lupas digitais, TVs, DVDs, aparelhos específicos para experimentos nos laboratórios de Física, Química e Biologia, kits de robótica, máquinas fotográficas e filmadoras digitais, além de possuir uma estação meteorológica e um planetário móvel. A cada três anos, o parque de computadores é atualizado. “Não temos uma política de aquisição de equipamentos para fazer marketing. Acreditamos que a escola deve estar muito atenta às inovações tecnológicas e pesquisar se a sua utilização traz algum benefício para o processo de ensino”, esclarece Cleusa Raquel de Paula Diniz, professora e Coordenadora de Tecnologia Educacional do Arquidiocesano. De fato, o Marista Arquidiocesano não dá ênfase a marcas e à renovação de modelos de equipamentos. Há recursos que são utilizados há mais de dez anos – o pla-

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Colégio Marista Arquidiocesano

netário é um deles – e que atendem plenamente às necessidades e objetivos de aprendizagem. Os alunos são educados pelo exemplo, o que significa que a tecnologia deve trazer ganhos reais e não ser incorporada por modismo. Os professores discutem questões de sustentabilidade, incluindo a durabilidade dos equipamentos, dentro da grade curricular. Tratam a questão do lixo e da necessidade de preservar, economizar e reciclar os recursos. “Os educadores devem utilizar as tecnologias para que os estudantes aprendam, em meio à cultura na qual estão inseridos – a cultura digital –, e sejam usuários conscientes”, diz Cleusa.

estudantes e o uso da teCnologia Dispositivos móveis, tais como smarthphones e tablets, fazem parte da realidade da maioria dos alunos do Arquidiocesano. No entanto, os equipamentos próprios têm restrições de uso durante as aulas. Segundo a Coordenadora de Tecnologia Educacional do Arqui, em algumas atividades os estudantes podem usar os dispositivos de acordo com as orientações do professor. “O uso não é obrigatório. Quando solicitado, o educador permite que os estudantes partilhem as informações. No caso das atividades individuais do Colégio, usamos os iPads da escola, assegurando equipamentos para todos”, finaliza Cleusa.



diz aí

Um motivo para NÃO ser

? © Fotos: Marcela Fernandes

consumista

liz thoMPson 7° A

helena isaBella P. figueroa 7° A

rafael arini 7° F

“Consumismo é dinheiro jogado fora. As pessoas acabam exagerando nas compras e, muitas vezes, nem usam o que compram. Muitas compras são feitas pelas marcas e não pela qualidade do produto. Com as marcas de roupas, por exemplo, as pessoas se esquecem de que são diferentes.”

“Queremos comprar mais e mais e mais, porém não valorizamos o que já temos. Quem tem um monte de coisas não é necessariamente melhor do que quem não tem. Eu consumo ‘mais ou menos’, quando vejo uma pessoa usando uma bolsa bonita, por exemplo, quero ficar igual a ela.”

“Um bom motivo para eu não comprar tanto é que já tenho muitas coisas. E se eu levar em conta as outras pessoas, eu tenho muito mais do que elas. O ideal é aprender a valorizar aquilo que possuo e não cair na onda de querer sempre mais.”

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Colégio Marista Arquidiocesano


Guilherme Albuquerque 8° E

Pedro Pagliusi 9° G

Pedro Galeti 9° F

“Uma boa razão para não consumir exageradamente é a preservação do meio ambiente. Muitos produtos industrializados usam matéria-prima que vem da natureza, portanto o consumismo contribui para a degradação da natureza.”

“Hoje em dia, a sociedade está repleta de novas tecnologias, estamos acostumados a comprar e a partir do momento em que têm algo novo, as pessoas gostam de ‘se mostrar’ para a sociedade. Na hora de consumir, temos que fazer o exercício de pensar se aquele produto vai servir. Fora que tem a questão do descarte dos produtos.”

“Para mim, consumismo é desperdício. Você não precisa da coisa, gasta o dinheiro e compra algo igual ou semelhante. É um peso a mais. Por um lado, o consumismo move a economia e, por outro, a destrói. A minha geração é mais consumista que a dos meus pais deveria ser porque hoje em dia tudo está se renovando muito rapidamente.”

Ter para ser ou ser para ter? "O conceito de 'pessoa humana' tem sofrido muitas alterações ao longo da história. Começamos nos destacando de outros mamíferos pela postura ereta. Passamos, então, a ver o mundo de outra forma e a transformar a realidade: o ser humano que faz. Como as razões são decisivas para qualificar o ato da pessoa, pensamos, e aí, de fato, existimos. Usando a inteligência e a tecnologia, veio a possibilidade da multiplicação dos bens, o uso desenfreado dos recursos naturais como matéria-prima e surgiu a extrema urgência de criar consumidores. Publicidade, marketing... Convencer

alguém sobre necessidades nunca dantes imaginadas. Se consumo, existo. Se consumo esse determinado produto, existo melhor, destaco-me na multidão, sou reconhecido. Há os que se tornam vítimas desse esquema e os que conseguem consumir com moderação. Queremos ter as coisas para viver com dignidade. Não existimos para consumir..."

Ascânio João (Chico) Sedrez

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caleidoscópio

festival ChaMPagnat 2013

© Fotos: School Picture

Diversão, criatividade e solidariedade marcaram as múltiplas atividades do festival.

festa Junina

2013

Animação foi a palavra que definiu a concorrida festa junina do Arqui.

ESPIRITUALIDADE © Fotos: Marcela Fernandes

COMEMORAÇÕES

festa dos aProvados Festa dos aprovados 2012. O Colégio parabeniza o esforço e a dedicação de todos!

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DIA DA FAMÍLIA

© Fotos: School Picture | Marcela Fernandes | Natália Venâncio

Diversão conjunta e interação com a escola.

Drive-Thru Domingos de Morais Inaugurado o segundo drive-thru do Colégio, com desembarque na Rua Domingos de Morais. Mais uma opção de conforto e segurança.

abril

NOVIDADE

Sala PJM Inauguração da sala PJM, um “espaçotempo destinado à nossa obrigação de sonhar!”

© Fotos: Acervo da Pastoral

Pré-Jornada Mundial da Juventude O Arqui foi palco da Pré-Jornada Mundial da Juventude dos Colégios Católicos. A Santa Missa foi presidida por Dom Odilo Scherer, Cardeal Arcebispo de São Paulo.

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destaque

© Foto: Depositphotos

Efeito multiplicador nas finanças

O envolvimento de alunos do 6° ano do Ensino Fundamental com a temática da educação financeira é apenas um exemplo do potencial das crianças e dos adolescentes no engajamento com o consumo consciente, gerando um efeito multiplicador positivo à sociedade. Por meio do projeto Quanto Vale o Mínimo, que integra a grade curricular na disciplina de Matemática, Rodrigo Giorjão, de 11 anos, e Helena Figueiredo, também de 11, aprenderam na prática o valor do dinheiro que grande parte da população brasileira recebe para sobreviver. Quando indagados sobre o valor do salário mínimo, os dois responderam prontamente: “R$ 678”. Sensação de dever cumprido para os educadores. Porém, muito mais do que captar o valor, o desafio era fazê-los entender para que ele existe e qual

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o seu poder de compra, algo novo para os meninos: “O salário mínimo é o que o governo determina para que a pessoa possa se sustentar. Não é muito dinheiro, é preciso pensar bem em como gastá-lo”, diz Rodrigo Giorjão. Um dos pontos principais da ação pedagógica refere-se à cesta básica, cujo valor na cidade de São Paulo está em torno de R$ 380. Quantos itens a compõem e quanto custa cada um deles foram alguns dos pontos discutidos em sala de aula. Quando os alunos entendem que “comida não pode faltar, nem transporte e roupa, e também tem que pagar as contas e os impostos” – segundo as palavras do desenvolto Rodrigo Giorjão –, eles aguçam a percepção e transportam a educação financeira para a vida: “Outro dia, eu estava passeando no shopping, olhando as vitrines e vi um

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casaco que custava um salário mínimo!”, afirma Helena. Está em tramitação no Congresso Nacional um projeto de lei – identificado no Senado como PLC 171/09 – para incluir oficialmente a educação financeira no currículo escolar nos Ensinos Fundamental e Médio.

A menina também comenta que, a partir das lições recebidas em sala de aula, passou a prestar mais atenção sobre os hábitos de consumo em casa, principalmente sobre o que não precisa comprar, os supérfluos. Sobre o hábito de poupar, o velho porquinho não faz mais parte da realidade da “geração digital”. Rodrigo tem um cofre para guardar o dinheiro que sobra de sua mesada. O fato de ser filho de economistas o ajudou a compreender a importância do ato


semelhantes foi: dá para viver bem com a renda de um salário mínimo? João Pedro Nunes, de 10 anos, do 6° I, disse: “Eu não viveria bem, precisaria me acostumar. Enquanto uma pessoa come um prato de arroz com feijão, nós temos opções como macarrão com molho quatro queijos, suco com canudinho, superlegal. Também tem gente que toma líquido no copo de plástico ou mesmo usa a mão em forma de conchinha.” Priscila Passerotti Vaciski Barbosa, de 11 anos, estudante do 7° G, acrescenta: “Não conseguiria viver com R$ 678 porque nasci em uma família que pode pagar pelo que preciso e o que quero, mas sei que tem muita gente que nem sequer consegue arcar com uma boa escola”, reflete. O depoimento de Taís Carneiro Defaveri, 11 anos, 7° F, mostra muito bem a capacidade de reflexão dos jovens e como incorporam conceitos de educação financeira: “Os outros olham para a gente e pensam que a gente não entende nada. Meu pai me dá dinheiro toda semana e eu penso sobre isso. Com essa educação, percebi que dinheiro não é só um papel que ganho fácil”.

Os outros olham para a gente e pensam que a gente não entende nada. Meu pai me dá dinheiro toda semana e eu penso sobre isso. Com essa educação, percebi que dinheiro não é só um papel que ganho fácil. Taís Carneiro Defaveri, 11 anos, 7° F

© Foto: Marcela Fernandes

de poupar. Amanda Picazio Toledo, de 12 anos, do 7° F, reduziu as despesas pessoais com o projeto. “Meus pais me dão R$ 50 por mês e agora fico pensando em como vou usá-lo, estou com noção de prioridade. Passei a pensar no que é importante gastar”, afirma a aluna. Dando continuidade à importância do consumo consciente como instrumento de contribuição para a sustentabilidade, Rodrigo virou uma espécie de disseminador de bons conceitos em casa: “Acho que devemos comprar açúcar orgânico e outros produtos desse tipo também. Eles são mais saudáveis, não têm aditivos químicos e não prejudicam o meio ambiente". Lição de pequeno para ser aprendida por muita gente grande. Miguel Velasques Abílio Piola Alves, de 11 anos, aluno do 6° J, aprendeu na prática quanto o dinheiro vale: “Por exemplo, fiz aniversário em junho e passei uma hora dentro de uma loja escolhendo um brinquedo Lego e o preço foi um dos itens observados por mim. É importante saber o valor do dinheiro”, ensina. Uma outra pergunta que foi feita aos alunos e gerou respostas muito

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você sabia?

Práticas sustentáveis Você sabia que computadores gastam bastante energia elétrica? Em uma infraestrutura complexa como a do Colégio Marista Arquidiocesano, a racionalização do consumo de energia significa promover economia e, principalmente, consciência coletiva. Confira algumas dicas de Fernanda Bossolani Pontes, analista de suporte pleno do Colégio, sobre o assunto. Quando os alunos ligam e desligam o computador continuamente, podem causar desgaste acelerado de alguns componentes da máquina, principalmente os coolers e discos rígidos, já que um dos principais motivos que provocam falhas no hardware é o desgaste dos circuitos provocados pela dilatação e contração causadas pelo calor. “Não há um tempo certo previsto para danificar os componentes, é um pouco relativo. Muitas vezes, a necessidade de upgrade da máquina é mais rápida do que o típico desgaste do ato de ligar e desligar”, explica Fernanda. Sobre a questão da importância de desligar o monitor para economizar energia quando ele entra em stand by, ou seja, quando o monitor apaga por interrupção do uso, Fernanda explica que ele não deixa de consumir energia, apenas diminui a quantidade despendida, gastando apenas a energia necessária para evitar o desligamento total do monitor. No laboratório de informática do Arquidiocesano, os alunos usam o computador por um curto espaço de

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Colégio Marista Arquidiocesano

tempo. “Os sistemas operacionais estão configurados de forma a economizar energia, hibernando depois de um certo período (15 minutos) de inatividade”, acrescenta a analista.

ti do Colégio arquidiocesano 480 micros 9 laboratórios de informática l 120 tablets l Rede wireless em ampliação l l

ConsCiÊnCia eM Casa Há alguns motivos para não manter o computador ligado por muitas horas sem interrupção. Ele também precisa descansar e um bom período é durante a noite: l O mecanismo dos discos rígidos não foi desenvolvido para trabalhar continuamente, com exceção dos HDs feitos especialmente para os servidores. l Computadores consomem energia. Assim, desligar a máquina é uma maneira de economizar na conta de luz. l O superaquecimento de um PC pode fazer com que os componentes queimem ou ocorra um curto-circuito.

© Foto: Acervo do Colégio

em TI


O FTD Digital Arena é a primeira plataforma tecnológica de imersão multicultural do Brasil, que reúne características de um planetário digital e uma sala de projeção com tecnologia 3D de alta definição. Um espaço tecnológico e multidisciplinar inédito que oferece propostas educacionais, culturais e entretenimento às escolas, universidades e público em geral. Confira a programação completa no site.

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O que importa é a

Hoje à frente da Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD) como Superintendente Geral e CEO, João Octaviano Machado Neto já esteve nas salas de aula do Colégio Marista Arquidiocesano. O tempo passou, mas seu trabalho atual mantém os ensinamentos de solidariedade – afinal, em uma associação destinada a portadores de necessidades especiais, as pessoas valem e são tratadas pelo que são e não pelo que consomem. Qual a sua relação com o Colégio Marista Arquidiocesano? Estudei no Colégio Marista Arquidiocesano de 1969 a 1976 e foi uma alegria. O Arqui é uma excelente recordação. Cheguei, inclusive, a dar aulas de Matemática e de Ensino Religioso no Colégio. Tive uma formação Marista, norteada por valores e princípios que carrego até hoje. Acredita que os valores de solidariedade captados durante a infância e adolescência o ajudam na condução da AACD? Os valores e princípios foram fundamentais para a minha vida e sem eles dificilmente entraria na AACD. Tudo o que aprendi na educação Marista serve de base para o trabalho de inclusão da Associação de Assistência à Criança Deficiente.

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Apesar da função de gerenciamento, já que o senhor atua como CEO da entidade, acredita ter um olhar mais aguçado para enxergar as potencialidades das pessoas com deficiência? A grande questão em relação à pessoa com deficiência é focar nela primeiro, levando em conta seus valores, suas crenças. A deficiência é apenas um jeito diferente de fazer as mesmas coisas. Todo ser humano tem sonhos, expectativas e potencial. O mundo do deficiente tem outra dimensão de tempo e a sociedade não está preparada para lidar com as diferenças. Não basta só olhar a acessibilidade, é necessário enxergar os sonhos, os projetos de vida e ter respeito. Caridade não deve ser a palavra de ordem, mas, sim, cidadania. Temos que dar condições para que o paciente seja um cidadão. Em um mundo altamente consumista, quais as lições que o senhor aprende nas dependências da AACD? Os assistidos nos mostram um mundo com mais significados? Nossa prioridade são os valores. Não importa a grife do tênis que o paciente usa, mas um passo que ele consegue dar. Focamos no exemplo de superação dos jovens e adultos, na força de superação. Trata-se de uma questão de fé, não importa mais

Colégio Marista Arquidiocesano

nada, apenas a “grife do coração”, superar o impossível. Quando observamos um menino sem braços e sem pernas andando de skate, visualizamos o valor real do que se produz na AACD: esperança. Qual o cenário brasileiro no que diz respeito ao atendimento de pessoas com deficiência? Não estamos preparados para as pessoas com deficiência. Não podemos nos esquecer de que eles também têm prazer em ir a shows, casas noturnas, restaurantes, entre outros. A sociedade tem uma dívida enorme para com a pessoa com deficiência. Muitas vezes, nos shoppings e supermercados as vagas para deficientes são ocupadas por quem não precisa delas. As pessoas não desenvolveram o respeito, temos poucas políticas públicas, mas, acima de tudo, queremos que a sociedade tenha acessibilidade no coração.

© Foto: Acervo AACD

© Foto: Acervo AACD

grife do coração



Somos todos filhos de Francisco

gruPo de Jovens a possibilidade de sonhar Seguindo o princípio do engajamento, da evangelização e do relacionamento com as pessoas, o Grupo de

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Jovens da Pastoral do Colégio Marista Arquidiocesano atua pensando no futuro da juventude, cuidando da integralidade do ser humano, reconhecendo a importância do outro e sempre ressaltando a questão do coletivo, da mística e da espiritualidade. Em termos práticos, o trabalho possibilita o surgimento de lideranças que se revelam nas responsabilidades pela vida em grupo em ações como coordenação, secretaria, tesouraria, auxílio na organização da igreja e responsabilidade pelos veículos de comunicação – Orkut, blog e Twitter. O trabalho comunitário que também é realizado faz o grupo ter uma vivência do Evangelho. A partir dessas ações, a sociedade caminha em transformação – não em um grupo fechado, mas em uma comunidade capaz de transitar e se relacionar com a sociedade. Quando se trata de consumismo e, em contraponto, da busca de simplicidade – como ensina o Papa Francisco –, o Grupo de Jovens da Pastoral Juvenil Marista (PJM) acaba sendo uma alternativa ao individualismo e serve para reforçar a importância de todos acreditarem na própria vida, buscando a felicidade verdadeira. E felicidade não faltou na inauguração da Sala da PJM, realizada no dia 10 de junho de 2013. “O espaço da PJM serve para organizar a juventude para que possamos ir além da sala, além dos muros do Colégio, fazer o bem e multiplicar nossas ideias e a visão de mundo em que acredita-

Colégio Marista Arquidiocesano

mos”, afirmou o jovem João Gabriel Sedrez, membro da Pastoral. A ocasião também contou com carta da Diretora Educacional do Arquidiocesano, Marisa Ester A. Rosseto, que mencionou o dever de sonhar e o poder transformador da arte: “A arte mexe com nossos sentimentos, emoções e criatividade. Dá-nos coragem de seguir sempre de forma diferente, irreverente como são vocês, os jovens!”

© Foto: Acervo da Pastoral

Jorge Mario Bergoglio, ex-arcebispo de Buenos Aires, tem comovido o mundo. Nitidamente atento aos aspectos pastorais de sua atividade, o atual Papa Francisco tem conseguido feitos inéditos – em dois meses na posição, tinha cerca de 6 milhões de seguidores no Twitter. Em um de seus inúmeros encontros, crianças fizeram perguntas a ele. Uma delas fez a seguinte indagação: “Por que o senhor renunciou a todas as riquezas a que tem direito, como um apartamento luxuoso ou um carro grande?” A resposta foi direta: “Creio que não é só uma questão de riqueza. Para mim, é um problema de personalidade. Tenho necessidade de viver com pessoas. Se eu vivesse sozinho, talvez demasiadamente isolado, isso não me faria bem”, afirmou a autoridade suprema da Igreja Católica. Com olhar fraternal, mirando diretamente a menina, o Pontífice disse: “E aquele apartamento não é tão luxuoso assim, fique tranquila. Mas não posso viver sozinho”. Em pouco tempo, diversas lições vêm sendo disseminadas pelo sábio Francisco. Segundo ele, o envolvimento com a política é uma obrigação de todo cristão porque é uma das formas mais altas de caridade, já que busca o bem comum.

© Foto: Marcela Fernandes

ser melhor



© Fotos: Arquivo pessoal

essência

ir. nilvo luiz favretto Irmão Marista da Província Rio Grande do Sul e pedagogo

Missão Marista

entre os indígenas Ao fundar o Instituto Marista, São Marcelino Champagnat deu prioridade à educação como espaço privilegiado de evangelização no ambiente escolar, fazendo a catequese e despertando a devoção à Maria e o amor a Jesus. Os povos indígenas também merecem a nossa atenção. Desde 2002, marcamos presença significativa entre os indígenas na tríplice fronteira Brasil, Colômbia e Peru. A educação escolar indígena tem um caráter peculiar e específico: deve valorizar sua cultura, seus mitos, suas crenças, sua tradição e sua língua – o que está garantido na Constituição Federal, no artigo 210. Por isso, catequizar esse povo passa a ser um desafio muito grande, pois devemos respeitar as suas peculiaridades. Em nossa região, existem muitos povos indígenas com diferentes línguas e costumes. Podemos citar Ticunas, Matis, Matsés, Marubo, Kanamary, Kulina, entre outros. A partir do contato com pessoas de fora, esses povos passaram a sentir a necessidade de ter acesso à educação para poder se relacionar com a sociedade, estabelecer um mínimo de igualdade de condições e não serem “enrolados” ou “enganados” pelos “brancos”. Atualmente, a nossa presença se dá no Vale do Javari por meio do acompanhamento pedagógico de professores indígenas, com visitas às

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comunidades-escolas. Acompanhamos de perto e in loco o trabalho educativo de cada professor, ajudando-os em suas dúvidas, necessidades e sua metodologia a fim de garantir uma educação diferenciada e de qualidade. Assim, surgiu a necessidade da construção do Projeto Político Pedagógico (PPP) de cada povo. A Secretaria Municipal criou uma Coordenação Pedagógica, da qual faço parte. O trabalho é desafiador. Considero que o mais difícil é “respeitar” a diversidade sem ferir os seus costumes. O tempo desses povos é bem diferente do nosso. Tem outra lógica, outro tempo.

Há etnias que já elaboraram o seu PPP com a assessoria de ONGs. Apesar de nem sempre se levar em conta a qualidade, as diferenças e as especificidades de cada povo e sua cultura são respeitadas – e muito. Acreditamos que para esse trabalho há sempre espaço para algum voluntário que se sinta chamado a colaborar conosco, tais como profissionais da área da Pedagogia, linguistas para estruturação da língua materna, elaboração de gramáticas, cartilhas, livros de literatura e dicionários. Juntos, podemos continuar o sonho de Champagnat e partir para a construção do bem-viver.


O voto de pobreza perante o

consumismo

do mundo atual regularmente das quantias postas a seu dispor. Tudo quanto o Irmão adquirir por seu trabalho ou por ser membro do Instituto, e o que receber a título de aposentadoria, subvenções, seguros, salários ou benefícios sociais, pertence ao Instituto” (C. 668, c).

nosso Modo de vida, nosso voto de PoBreza Uma das características da vida religiosa é a comunidade, na qual colocamos em comum tudo o que temos. Tudo o que existe na comunidade – moradia, móveis, bibliotecas, conduções, dinheiro, pertence à comunidade e está apenas a serviço dos Irmãos. Assim, podemos cumprir nossa missão: a santificação pessoal, da comunidade, e levar o bem ao povo de Deus – de modo especial às crianças e aos jovens menos favorecidos. Pessoalmente, cada Irmão não é dono de nada. Ao falecer, um Irmão pode deixar uma grande herança espiritual, mas nenhuma herança material para distribuir entre seus parentes.

CoMo se vive o voto de PoBreza? Há muitas demonstrações da vivência do voto: vestir-se bem, mas sem exibicionismo; alimentar-se bem, mas sem excessos; ter uma moradia simples da qual se cuida como se fosse sua; ter o necessário para bem cumprir a missão; ter um grande espírito de família; dar a contribuição do próprio trabalho, sem perder tempo. Os superiores

têm a obrigação de cuidar para que nada falte aos Irmãos de sua comunidade, como alojamento, alimentação, cuidados com a saúde, roupas, livros, meios didáticos, estudos, viagens, férias, e o que mais signifique de gastos indispensáveis. Nossa pobreza se reflete também nas nossas obras. Nelas nada deve faltar do que é necessário ao seu bom funcionamento. Essa é uma lição que aprendemos com Champagnat e os primeiros Irmãos: “Melhor não construir do que construir mal”. Naturalmente, quando nos encontramos com este nosso mundo do consumismo, nosso voto de pobreza e, sobretudo, o “espírito de pobreza” sofre sérios desafios. Por isso mesmo, somos chamados a prestar atenção sobre como viver a pobreza religiosa neste mundo. Todos os bens de que dispomos têm um modo de serem usados e têm uma finalidade: levar os ensinamentos de Deus para todo o mundo.

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“Perfectae Caritatis”= “A caridade perfeita”

(Documento do Concílio Vaticano II), 13, 2 2

c. 600

© Foto: Divulgação

A vida religiosa tem seu sentido profundo no seguimento de Cristo: pobre, casto e obediente. Ele nasceu pobre, em um presépio. Morreu na cruz, despojado de tudo. Recebeu sepultura em uma tumba emprestada por um amigo. Tendo essa história como exemplo, os Irmãos fazem o voto de pobreza, depois de 6 a 8 anos de formação, e se empenham em ter o coração desapegado dos bens deste mundo e entregá-lo unicamente a Deus e a serviço do próximo. Nosso espelho fundamental é Cristo, em sua pobreza e em sua confiança no Pai do Céu. Depois, Nossa Senhora, Champagnat e os primeiros Irmãos. A vivência de cada um se traduz em diversas manifestações que vão nos fazendo entender o que é ser "pobre", no sentido evangélico do termo. Não é um voto fácil de viver e, muitas vezes, ele corre o risco de ser tratado como um conjunto de palavras que traduzem uma mentira. Por isso mesmo, nós, Irmãos Maristas, estamos continuamente nos examinando a respeito das exigências desse voto. Todos esses e outros pensamentos vêm traduzidos para nós em nossas Constituições. O número 29 das Constituições do Instituto reza: “O conselho evangélico de pobreza implica uma vida pobre de fato e de espírito1. Renunciamos a dispor de qualquer dinheiro ou outro bem material de algum valor2, sem autorização. Para usar dinheiro, o Irmão age sob a dependência de seu superior imediato. Presta-lhe contas

ir. Cláudio girardi Irmão Marista do Grupo Marista

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© Fotos: Letícia Akemi

solidariedade

Dois pesos, duas medidas,

um mundo É dever de todos aderir a práticas mais conscientes de consumo, independentemente da classe social. Unidades Sociais Maristas também contribuem no diálogo por um mundo mais sustentável Por Michele Bravos

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As consequências negativas de um consumo desenfreado não escolhem classe social. No entanto, são as atitudes do coletivo – independente de sua condição social – que têm interferido no planeta e interferirão no futuro. Para a construção de um modelo civilizacional diferente do atual, em que as pessoas consumirão o necessário e valorizarão mais as relações interpessoais, é necessário que as transformações se iniciem nos níveis básicos da educação – tanto pública quanto particular. A coordenadora pedagógica Gillys Vieira da Silva, do Centro Social Marista Ecológica, localizado em Almirante Tamandaré (região metropolitana de Curitiba), afirma que “se os alunos aprendem boas práticas dentro da escola, eles levarão esses ensinamentos para a vida lá fora”. Práticas de consumo consciente estão no escopo da educação Marista, sendo aplicadas tanto nos Colégios como nas Unidades Sociais, espaços educativos que atendem


comunidades menos favorecidas socioeconomicamente. No Centro Social Marista Ecológica (PR), inúmeras ações são desempenhadas junto aos alunos, de modo a incentivá-los a práticas conscientes de consumo. Entre elas: assembleias, para discutir temas relacionados à cidadania: aulas de robótica, com reutilização de materiais eletrônicos e conscientização alimentar para uma alimentação saudável e evitar desperdícios. A aluna Dayane Choinski Nascimento, 13 anos, do 8º ano do Centro Social Marista Ecológica, afirma que a educação que tem recebido tem lhe ajudado a construir novos hábitos – mais sustentáveis. “O ensino aqui mudou a minha vida, a minha forma de pensar. Tenho mais consciência sobre o mundo.” Ela ainda conta que tem aderido a práticas que representam economias para o bolso dos pais. “Sou preocupada com o desperdício de água e de dinheiro. Tento reaproveitar o material escolar, pois é uma economia para a minha família e, assim, também ajudo a não gerar tanto lixo para o mundo.” No Centro-Oeste do país, os esforços também caminham na direção de um mundo mais consciente. É no Mato Grosso do Sul que o Centro Social de Dourados realiza o projeto Maristeca. “O projeto é desenvolvido junto aos educandos nas oficinas de educomunicação e educação ambiental e visa a abordagem do consumo consciente, trocas solidárias e criação de uma moeda social: a Maristeca”, explica Roselâine Godinho, assistente social da Unidade. A ideia tem como inspiração um modelo bem-sucedido da região, a moeda social Pira-Pirê, a qual tem contribuído para o fortalecimento da economia na comunidade.

BOAS IDEIAS Conheça mais sobre as práticas desenvolvidas no Centro Social Marista Ecológica Exercendo cidadania São momentos que ocorrem periodicamente, dentro da sala de aula e intermediados por um professor, em que os alunos são instruídos sobre algum tema relacionado à cidadania. Nessa ocasião, eles também são convidados a dialogar sobre os assuntos apresentados e buscar soluções viáveis para a realidade da comunidade. Consumismo já foi tema de conversa. Agora, estão na fase de sugerir o que fazer com os excessos. Peças antigas, novas funções É na aula de robótica que os alunos colocam a criatividade para funcionar e descobrem novas funções para chips, monitores de computador, placas de memórias e tantas outras peças. “Eu acho bom aprender a reutilizar esses materiais. Faço coisas que nem imaginava”, diz o aluno Paulo Henrique Assis, 13 anos, do 8º ano do Centro Social Marista Ecológica. O que nós queremos Para evitar o desperdício de alimentos, algumas práticas foram adotadas pelo Centro Social. A primeira foi realizar um diálogo sobre o cardápio disponível e as possibilidades de alteração, tendo em vista o custo e a questão nutricional. Paralelo a isso, também foi feito um trabalho de conscientização sobre o senso de coletivo, “assim prevalece um olhar do grupo e não para as necessidades individuais, fortalecendo a construção coletiva, explica Gillys. Ovelhas bem alimentadas Outra ação implantada foi a destinação das sobras de frutas, verduras e legumes para as ovelhas que fazem parte do espaçotempo da Unidade. Os alimentos deixaram de ser temperados na hora do preparo, pois, assim, suas sobras poderiam complementar a alimentação dos animais. Os alunos participam efetivamente, ajudando na pesagem dos restos e alimentando as ovelhas. Vale destacar que este ano houve uma redução no orçamento para compra de ração, sendo o recurso utilizado para o desenvolvimento de outras ações.

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© Foto: Divulgação - Turismo e Negócios

como fazer

Sobra

diversão e não falta dinheiro Vai chegando o período de férias e a criançada só pensa em uma coisa: qual será a programação? Por eles, não passam nem um dia em casa. A tarefa a ser empreendida pelos pais é conciliar lazer com gastos conscientes e experiências de valor. Para que o discurso do consumo sem exageros não vá embora no primeiro dia de férias, a psicóloga Renata Kreutz, mãe de Maria Eduarda, 11 anos, aluna do Colégio Marista Rosário, do Rio Grande do Sul (RS), conta que a conversa com os filhos é muito clara. “Férias é momento de curtir em família, de descobertas. Não significa poder gastar mais. Afinal, os compromissos financeiros continuam os mesmos na volta.” Explicar aos filhos o propósito do passeio ou viagem previamente também é eficaz. A psicopedagoga Adriana Torres, assessora pedagógica da agência de viagens Meeting Way, especializada em viagens focadas no enriquecimento cultural e nas experiências diferenciadas, explica que o segredo está muito mais na frequência com que essas práticas são vivenciadas pela família do que propriamente em uma organização pontual. “Uma simples saída para

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São Paulo guarda passeios enriquecedores, dentre eles: o Museu da Língua Portuguesa, o planetário do Parque Ibirapuera, o Aquário de São Paulo e o local onde Dom Pedro I deu o grito da independência.

Férias é sinônimo de lazer e experiências de valor. Deixe as compras para outra hora e aproveite o tempo em família Por Michele Bravos

um cinema tende a ser um sucesso, desde que planejada de uma forma calma e amistosa com foco no tema tratado e não na aquisição de brinquedos e pipoca.” A advogada Eliane Massari, mãe de Victoria, 15 anos, e Igor, 11, ambos alunos do Colégio Marista Nossa Senhora da Glória, de São Paulo (SP), exemplifica que se os pais focam a viagem para o consumo, as crianças, naturalmente, já saem de casa com a proposta clara de que “vamos viajar para comprar e gastar”. Além disso, ela reforça que a conduta dos pais precisa ser condizente com o que pregam. “Tudo depende do planejamento inicial da viagem. É preciso mostrar que a viagem por si trará valor ao conhecimento deles, pois cada local tem características valiosas que podem ficar esquecidas se a finalidade for só comprar.”

deCisÕes ConJuntas O planejamento da viagem pode e deve ser compartilhado com os filhos. Aos pais cabem as escolhas de período, local e realização da viagem, já os filhos podem decidir algumas opções do roteiro, como lugares para visitar ou almoçar. “Es-


sas decisões dentro do percurso são essenciais para que os filhos se sintam atuantes e participantes no contexto familiar”, diz Adriana. A psicopedagoga orienta que o diálogo com os filhos deve ser bem aberto, informando, inclusive quanto poderão gastar por dia. “O hábito do planejamento financeiro é uma dificuldade para muitos pais, mas compartilhá-lo com as crianças traz segurança, domínio e comprometimento com a situação.”

Mesada para viagem Se a mesada já faz parte da rotina dos filhos, essa é uma prática que pode ser mantida para a viagem. A quantia dada ao filho não deve ser muito além do que se dá normalmente e, em uma viagem, esse valor deve estar de acordo com o planejamento da família. Mas se a mesada não faz parte do dia a dia dos filhos, as férias não são um bom momento para iniciar essa ação. Pensando no consumo consciente nesse período, uma possibilidade é incentivar os pequenos a economizar para a viagem, por exemplo: “Em vez de comprar isto hoje, vamos guardar este tanto para você usar na viagem”, diz Adriana. Essa regra vale para viagens nacionais e internacionais. “Em uma viagem para o exterior, procuramos mos-

trar aos nossos filhos o valor da nossa moeda em relação à moeda de outros países. Eles entendem muito bem e fazem suas próprias conversões, porque também economizam as mesadas para comprar lembrancinhas”, conta Renata.

Compras que cabem na mala Viajar e não trazer nenhum souvenir do lugar visitado é quase impossível. “Sempre compramos algo que represente e simbolize nossa passagem pelo local. Algo que dure a vida toda, servindo de ícone e símbolo: toda vez que olharmos, vamos nos lembrar dos momentos vividos”, diz Eliane. E não há problema nisso. É importante que mesmo na hora das lembrancinhas os pais prefiram optar por presentes que valorizem os momentos vividos. O ponto chave é: atribuir significado à determinada compra. Eliane conta que, certa vez em uma viagem, uma colega, que vivia em um momento de economias apertadas, tirava fotos de tudo, até de objetos que não ia comprar. “Ela dizia: ‘Não comprei, mas estou levando a recordação de outro jeito. E esse jeito que levo vai ficar para sempre, pois vai ficar na minha lembrança’. Achei show o que ela falou e fez sentido para mim. São lembranças que não se estragam com o tempo.”

Dicas

Idade certa para viajar A partir de 3 anos Nessa fase, as crianças já adquirem um aproveitamento maior das aprendizagens. Começa a fazer sentido para elas a construção entre o pessoal e o meio, que deve ser valorizada. São indicadas atividades de percepções permanentes e descobertas enriquecedoras, em contato com a natureza, por exemplo. Vale ressaltar que a saída antes dos 3 anos também é funcional e possível, mas nem sempre adequada pela logística das necessidades desta faixa etária. A partir dos 5 anos A criança já tem certa autonomia. A proposta estende-se para locais que valorizem o desdobramento da ação individual em valorização das percepções do meio. As opções já são bem maiores, bem como o tempo e as intenções de cada proposta.

Em Minas Gerais, as crianças podem se encantar ao conhecer de perto as histórias aprendidas na escola, passeando pelas cidades de Tiradentes, Ouro Preto e Diamantina. O complexo Inhotim também pode fazer parte do roteiro, com mais de 500 obras de artes (na foto, a obra Troca-Troca, de Jarbas Borges), algumas expostas a céu aberto, envoltas por um Jardim Botânico de 97 hectares. Não vai faltar espaço para a criançada se divertir!

Pais, sejam menos ansiosos! Muitas vezes os pais querem rodar horas no shopping, ir ao cinema, fazer compras. Tudo no mesmo dia. Excesso de propostas desfoca o aproveitamento e a criança não consegue dar o devido valor ao passeio.

l Programa cultural na rotina das crianças. Uma boa opção é idealizar um teatro ou uma ida ao museu com uma conversação anterior sobre o tema da peça ou da exposição escolhida, seguida de um lanche posterior, em que todos se dispõem a verbalizar o que acharam e sentiram. É uma atitude que valoriza a saída, de forma focada e não consumista.

Mesada para as férias. Incentive os filhos a direcionarem as economias da mesada para as férias.

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l Lembrancinhas que cabem no bolso. Opte por lembranças que realmente tenham relação com a experiência vivida na viagem. Não precisam ser presentes caros. Fotos são sempre boas opções!

© Fotos: Divulgação

l Viagem programada em conjunto. Exponha para os filhos o propósito e o orçamento da viagem. Convide-os para tomar algumas decisões sobre as férias.

© Fotos: Divulgação

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compartilhar

Moda Para as meninas, a dica vai para a página do Facebook Cabide Novo. Lá, elas podem fazer trocas de peças de roupas que não usam mais ou até mesmo vender. Vale a pena, pois o preço é bem mais em conta. Na página, as pessoas combinam os valores, o que trocar, e depois compartilham para mostrar que deu certo. O grupo funciona bem e é importante contra o consumismo exagerado e o apego às coisas materiais. isadora iladi de liz, 10 anos, 6º ano do Ensino Fundamental do Colégio Marista Criciúma (SC)

Você já ouviu falar de consumo consciente? Nos tempos atuais, a humanidade sente na pele as consequências de centenas de anos de consumo desenfreado e irresponsável. Assim, é necessário pensar em uma nova forma de consumo, que não ignore o impacto ambiental e que tenha como objetivo o bem-estar social. Esses e outros aspectos são abordados no livro inteligência ecológica, de Daniel Goleman, lançado em 2009. Michel goulart, professor de História e Filosofia no Colégio Marista Criciúma (SC)

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© Fotos: Divulgação

livro


leitura Você sabia que o consumo exagerado acarreta em uma demanda muito grande de energia, minérios e água? Por isso, necessitamos de um modelo de desenvolvimento econômico, que não comprometa o meio ambiente e a sociedade. É como relata o pesquisador austríaco Gerard Gilnreiner, da Universidade de Cracóvia, em seu texto estratégias de minimização de lixo e reciclagem e suas chances de sucesso, publicado em 1992. A leitura vale a pena para despertar a reflexão. Beatriz santana, professora de Geografia no Colégio Marista de Goiânia (GO)

internet

livro O livro que indico é intitulado vida para consumo – a transformação das pessoas em mercadoria (2008), de Zygmunt Bauman. Neste livro, o sociólogo polonês analisa como a sociedade moderna de produtores foi gradualmente se transformando em uma sociedade de consumidores. Na nova organização social, os indivíduos se tornam, ao mesmo tempo, promotores de mercadorias e também as próprias mercadorias que promovem. Bauman examina o impacto das atitudes e dos padrões consumistas em diversos aspectos aparentemente desconexos da vida social, política e democrática, como estratificação e divisão social, comunidades e parcerias, construção de identidade, produção e uso de conhecimento, adoção e propagação de valores.

Uma boa dica para não exagerar no consumo de jogos eletrônicos, mas se divertir com algo novo, é a troca de games. No Facebook, há um grupo criado pela loja oops store para promover a troca de jogos que não são mais usados. A ideia funciona. Lá, o pessoal pode postar o que não quer mais. Quem se interessar, precisa ter algo em troca para dar. Então, é só combinar o escambo. Além disso, há também o Dia da Troca, que acontece na própria loja. Fica a dica para um reaproveitamento mais divertido. Acesse: www.facebook.com/oopsstorecco João victor santin Carraro, 15 anos, 1ª série do Ensino Médio do Colégio Marista São Francisco (SC)

liane Pascoali danieli, Diretora Educacional no Colégio Marista São Francisco (SC)

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diversão

NADA além da imaginação Por Elizangela Jubanski

Depois de reservar uma brecha diária para curtir os filhos em casa, é hora de aprender a brincar apenas com um elemento essencial: a família! Tão importante quanto compreender o que é ter responsabilidade de consumo é saber driblar os diversos brinquedos nada sustentáveis, coloridos, que piscam o todo tempo e deixam a garotada extasiada. Para isso, apresentamos (ou melhor, relembramos) brincadeiras muito divertidas que unem oportunidades

importantes: a percepção de que, na verdade, para brincar, a criança só precisa de imaginação. Para o filósofo francês Gilles Brougére, especialista em Educação Infantil, “a criança não brinca em uma ilha deserta, ela brinca com as substâncias materiais e imateriais que lhe são propostas. Ela brinca com o que tem na mão e com o que tem na cabeça”. Diante disso, prepare-se para uma imersão nas brincadeiras que nunca se desgastam.

Pedra, PaPel ou tesoura Pedra: mão fechada. Papel: mãe aberta. tesoura: dedo indicador e médio. Os participantes escondem as mãos atrás das costas e escolhem um deles. Ao dizer "pedra, papel ou tesoura", todos mostram a mão. Pedra ganha da tesoura; tesoura ganha do papel e papel ganha de pedra.

Todos formam um círculo. Na brincadeira, um escolhido para começar o "telefone sem fio" diz uma frase com pelo menos cinco palavras no ouvido de quem estiver sentado à sua direita. Esse que ouviu a frase deve repassar àquele ao lado, que deve dizer ao próximo e assim sucessivamente. O último conta, em voz alta, a frase que ouviu e todos comparam se ela chegou em sua forma original ao participante. Sai cada coisa, acredite!

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© Fotos: Letícia Akemi

telefone seM fio


Sombras chinesas

Essa brincadeira é imaginação pura. Consiste em compor figuras com as mãos diante de uma lâmpada, projetando a sombra na parede de forma que sejamos capazes de imitar os movimentos do animal ou do que quisermos.

Pique-esconde Uma pessoa é escolhida para vendar os olhos ou fechá-los para que não veja o restante das pessoas se esconder. Ela conta até o número 31 e depois sai pela casa ou quintal à procura dos que estão camuflados pelos esconderijos do local. Na medida em que encontra os participantes, aquele que está à procura de todos corre para o ponto inicial para "bater" a descoberta do participante. Não esqueça que o último participante que consegue se manter escondido pode apelar para o clássico: "31 salva todos".

Adoleta

Nessa brincadeira, a criatividade é a cantoria, já que nada, além das mãos, será preciso. Os participantes recitam ou cantam versos e seguem o que está proposto na letra: mãos para cima, mãos ao lado, tocam o amigo, imitam bichos, viram de costas e tudo mais o que o verso mandar. Para brincar, é preciso ao menos dois participantes, mas é possível bater palmas em grupo ou em rodas.

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O desperdício e a

sustentabilidade Por Ademar Batista Pereira, presidente da Federação dos Estabelecimentos Particulares de Ensino da Região Sul (Fepesul)

É preciso políticas concretas que levem a sociedade a repensar sobre o desperdício.

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O mundo em que vivemos está focado na produção e no comércio de produtos cada vez mais descartáveis e mais baratos, fabricados em maior escala – visando baixar o custo unitário. Com isso, acontece um consumo desenfreado de coisas supérfluas, como flores, perfumes, presentes e brinquedos – em sua maioria, pequenas coisas bem embaladas em frascos ou caixas bonitas e coloridas. Na hora da compra, o comércio também dá a "pitada" no pacote de presente com outra embalagem, que, para finalizar, coloca em outra bela sacola. Ou seja, compramos uma coisa supérflua para presentear, gastamos três ou quatros embalagens para embelezar ainda mais o presente ou apenas para mostrar que aquilo foi comprado na loja tal. Essas embalagens serão jogadas no lixo, em sua grande maioria. Algumas pessoas podem até amenizar e separar como resíduos sólidos para reciclagem na ideia de proteger o meio ambiente. No entanto, essa consciência também deveria ser ativada antes, já que para produzir essas embalagens são necessários muitos recursos naturais e químicos. Além de gerar uma grande quantidade de poluição no

seu processo de fabricação, quando separamos para reciclagem são necessários novos recursos para reciclar, como combustível, água, energia e mais poluição no processo de reciclagem. Em Curitiba (PR), o projeto Lixo Que Não É Lixo, que existe há mais de 20 anos com cooperativas de reciclados, separa apenas 20% dos resíduos sólidos. No Brasil, menos de 10% são reaproveitados. Mesmo que separássemos tudo e reciclássemos estaríamos fazendo pouco para a sustentabilidade. Precisamos urgentemente rever nossos hábitos, evitar comprar tantos supérfluos e, ao comprar, procurar adquirir coisas mais úteis e, principalmente, não utilizar tantas embalagens. É preciso políticas concretas que levem a sociedade a repensar sobre o desperdício. No Brasil, temos uma noção de que devemos taxar ou penalizar a indústria ou quem produz o resíduo, mas enquanto o consumidor não for levado a essa consciência do consumo exacerbado e de compras que destroem o mundo, penas também deveriam ser estudadas. Não teremos sustentabilidade e, sem uma vida mais sustentável os problemas que enfrentaremos serão imprevisíveis. Vale a reflexão.

© Foto: Arquivo pessoal

olhar


A história do seu filho merece cuidado.

Alunos do Colégio Marista Pio XII.

Atual desde sempre. Marista. Desde o início nos dedicamos a uma formação de valores. Ser ético, por exemplo, é algo fundamental ontem, hoje, amanhã e sempre. Nada mais atual do que ser tradicional. Assim pretendemos dar continuidade à formação integral do seu filho. Afinal, os valores que passamos aqui possuem propósitos. O que ele aprende no Marista interfere em sua vida e na sociedade.

Programe-se para o período de rematrículas dos Colégios Maristas.


curiosidade

Comprar

alivia o estresse?

Mito ou verdade? Será que as pessoas fazem compras como uma forma de aliviar o estresse? Por que ele pode ser um incentivador do consumismo? Diante das várias cobranças que recebemos de todos os lados, por vezes criamos mecanismos para aliviar a tensão, como comprar. o problema é que esse alívio imediato pode se tornar mais um motivo estressante. Por Julio Glodzienski

Sim, comprar alivia mesmo o estresse! Segundo a professora da PUCPR Fernanda Renata Mendonça, também consultora em psicologia organizacional e do trabalho, indo ao shopping ou ao mercado, a pessoa sai do ambiente e da situação que a estressa e distrai a mente com estímulos atrativos.

É nessa frustração que o consumidor compulsivo não se satisfaz com a compra de um objeto (bem ou serviço). Para a consultora, “ele tem um alívio pequeno na tensão, mas esta logo se eleva novamente, pois o estímulo não é percebido como suficiente. Assim, a pessoa volta a comprar um produto mais inovador ou outro produto, pois emerge uma nova necessidade.”

Outra questão que pode se apresentar é o sentimento de culpa que surge após adquirir algo. Isso ocorre porque a pessoa, ao realizar a comprar, sai da situação estressante e passa a analisar os fatos mais racionalmente, identificando que, por vezes, não havia necessidade de adquirir determinando produto/serviço. Além disso, há, ainda, a possibilidade de a pessoa se transformar em um consumidor compulsivo, comprando por impulso e deixando a razão de lado.

Comprar é bom. Quem não gosta de adquirir novidades que atire a primeira pedra! Mas consumir em excesso tem seus aspectos negativos. Quando as compras começam a exceder o orçamento financeiro pessoal, é hora de se monitorar, pois um novo estresse pode ser desenvolvido diante de resultados negativos no saldo bancário.

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O consumismo acaba se tornando uma “válvula de escape” para aliviar o estresse. O que se passa é que, ao consumir, tira-se o foco do problema e da tensão. A energia psíquica é deslocada para objetos de consumo, visando a uma satisfação imediata.

Mas, afinal, o que é estresse? Do inglês stress, o termo significa pressão, influência ou tensão. No dicionário, encontra-se a seguinte definição: “conjunto de reações do organismo a agressões de ordem física, psíquica e outras capazes de perturbar-lhe a homeostase (equilíbrio)”. Suas manifestações variam positiva ou negativamente de pessoa para pessoa.

Mas cuidado! Algumas vezes sua tensão pode não ser totalmente suprida após algumas compras, como afirma a professora Fernanda. Se o desejo continua não satisfeito, o indivíduo volta a consumir ou se frustra.

Busque outras formas de aliviar as tensões causadas pelo dia a dia. Praticar esportes, fazer massagens, ler, manter uma vida organizada e dormir bem são formas que podem melhorar a qualidade de vida. Dessa forma, você não estará sendo um consumista desenfreado, e, sim, consciente de suas necessidades. O planeta agradece!


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