Revista Em Cotia - 124 - Novembro 2011

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ESPECIAL

Acervo Jornal D’aqui

Jardim da Glória: da fazenda ao bairro

João Paulo Ablas

Casa-sede, construída em 1938

Yukio Suzuki (esq.) e amigos na Av. João Paulo Ablas, em 1965

14 Novembro

Quando começa a história de uma localidade? Quem foram seus primeiros moradores, seus primeiros habitantes? Como surgiram as residências, comércio, escolas? No caso do Jardim da Glória, o nome de seu fundador se destaca. Impossível circular pelo bairro sem observar e mencionar o nome de sua avenida mais importante, a João Paulo Ablas. Em 1993, a jornalista Ângela Miranda foi atrás das origens do Jardim da Glória. O resultado de suas pesquisas foi publicado no Jornal D´Aqui em edição de 1993. Na matéria ela conta que segundo Dona Catarina Lopes Ablas, já falecida, parte da história do bairro começa no final do século XIX, quando seu pai, o fazendeiro João Paulo Ablas, comprou uma área de 54 alqueires na região denominada Fazendinha. Com o falecimento de João Paulo Ablas, em 1924, a viúva dona Adozinha Lopes Ablas assumiu o controle da fazenda e a educação dos sete filhos. Uma das primeiras decisões de dona Adozinha foi arrendar parte das terras para famílias de japoneses e portugueses. Ainda segundo a matéria de Ângela Miranda, na casa-sede funcionava a primeira escola rural da região, a Escola Mixta da Fazendinha. Naquela época a Raposo Tavares era de terra e apenas 3 ônibus faziam por dia o percurso até São Paulo. Após a morte de dona Adozinha, no ano de 1938, a fazenda foi dividida em 7 partes. Com o passar dos anos, na localidade onde antes se comia apenas o que se plantava e criava, um incipiente comércio começou a se instalar nas ruas do bairro. Em 1962, quando João Paulo, filho do fazendeiro, loteou a sua parte das terras, formando o Jardim da Glória, muitos dos antigos arrendatários compraram lotes e deram início à ocupação. Um desses antigos compradores foi o pai de Roberto Guimarães, conforme reportagem realizada pela revista Em Cotia (edição 30) no ano de 2002. ‘Meu pai, Manoel Roberto Guimarães, que faleceu com 91 anos em 2001, comprou um terreno do João Paulo Ablas em 1956. Era uma bela chácara onde tínhamos vacas holandesas. Depois, fomos vendendo, inclusive para os proprietários da tradicional Panificadora Nova Glória.’ Maria Amélia Veiga, uma das donas da panificadora, entrevistada na mesma época, contou para a revista Em Cotia, que eles compraram o terreno em 1982 e em 1984 abriram as portas, oferecendo o pão fresquinho a toda hora. Era o Jardim da Glória dando seus primeiros passos. Nas duas últimas décadas do século XX o bairro ganhou novo perfil. Começaram a se instalar: restaurantes, pizzarias, salões de beleza, farmácias, escolas, papelarias, loja de moda e acessórios, academia, autoescola, kartódromo, imobiliárias. Antes mesmo de iniciar o período de maior movimento e ocupação dos espaços, o conhecido Colégio Rio Branco foi construído em ampla área, assim como o Residencial Jardim da Glória. Na sequência, novos loteamentos residenciais, empresas e comércio davam novo colorido ao bairro que passou a atrair moradores em busca de tranquilidade e contato com a natureza. O Kartódromo Granja Viana, da família Giaffone, inaugurado em 1996, em uma área de 48 mil m², passou a ganhar destaque em função de sua infraestrutura e da importância das provas ali realizadas. Como reconhecimento, a FIA conferiu-lhe o título de Internacional. A partir de 2000, o Jardim da Glória apresentou uma gradual modificação em seu perfil. O bairro que registrava uma convivência de residências, comércio e núcleo industrial, passou a receber empreendimentos que trouxeram uma nova dinâmica ancorada no eixo da Av. João Paulo Ablas e suas discretas transversais. No início do século XXI, o município de Cotia recebe uma das primeiras faculdades, instalada na R. Acheson A. Júnior – a Europan, atual Estácio Campus Europan. Nos anos de 2003 e 2005 o espaço da faculdade recebeu um evento pioneiro na área da educação: a Expo-Educação, realizada em parceria com a A9 Editora. Nos anos recentes, o bairro registrou uma considerável expansão, especialmente com os empreendimentos residenciais, que não apenas trouxeram um efetivo adensamento populacional, como também apontam para uma possível renovação de sua paisagem e necessidades. 124


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