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Homeopatia a nosso favor

Homeopatia, os olhos e o olhar

Enquanto a medicina tradicional se baseia no tratamento de patologias através de medicamentos que têm ação específica nos sintomas, e que que por sua vez dependem da linha de atuação do profissional que os prescreve, o tratamento homeopático leva em consideração o indivíduo como um ser completo, o que resulta numa abordagem que, além dos sintomas manifestados, analisa características fisiológicas e histórico emocional. Para exemplificar a integralidade da Homeopatia, conversamos com especialistas envolvidos no tratamento de doenças oculares a respeito da manutenção da saúde dos olhos e também sobre como a saúde emocional, ou seja, nosso olhar sobre as adversidades, podem afetar quadros de saúde.

Segundo o psicólogo Ivanildo de Andrade, 51 anos, especialista em saúde pública atuante na área de psicologia clínica há 15 anos, é definida como transtorno ou problema emocional toda condição que afeta o bem-estar emocional e mental de uma pessoa:

“É um padrão de sintomas que ocorre quando um indivíduo experimenta medo extremo, tristeza ou desamparo, interferindo na capacidade de lidar com a vida cotidiana e de funcionar de forma saudável e produtiva”, aponta. “Esses transtornos podem ser causados por uma variedade de fatores, incluindo eventos traumáticos, estresse, genética, experiências de vida, desequilíbrios químicos no cérebro ou uma combinação desses fatores”.

Ainda de acordo com Andrade, alguns exemplos de transtornos emocionais são ansiedade, depressão, transtornos de personalidade, transtornos humor e transtornos relacionados ao estresse:

“Os sintomas associados a essas condições variam, dependendo do distúrbio, mas geralmente incluem uso habitual e excessivo de substâncias como alimentos e bebidas, acessos episódicos de raiva, mudanças frequentes de humor, pensamentos e ações fora do comum para a idade do indivíduo, e automutilação. Além do mais, os distúrbios emocionais podem gerar a dissociação cognitiva que é identificada quando um padrão de sentimentos, comportamentais ou mentais, ou respostas desadaptativas são desproporcionais à situação real de um indivíduo, podendo ter graus leve, moderado e grave no comprometimento da saúde mental das pessoas. [...]

A psicologia procura entender a natureza e as causas desses transtornos, bem como desenvolver tratamentos eficazes para ajudar as pessoas a lidar com estas disfuncionalidades. [...] Você sente que suas emoções estão tomando conta da sua vida? Se assim for, pode ser hora de buscar ajuda profissional”, complementa o psicólogo.

Segundo a terapeuta homeopata Perônica de Souza Pires, 60 anos, formada pelo instituto Homeobrás em parceria com a Faculdade Inspirar, a Homeopatia define doenças emocionais como “todas as distorções decorrentes do mal pensar, do mal sentir e, por fim, do mal agir”. Ao ser perguntada sobre a efetividade de tratamentos homeopáticos de doenças emocionais, ela afirma:

“Todos os problemas emocionais podem ser tratados com Homeopatia, mesmo porque ela irá buscar a causa do distúrbio, considerando o indivíduo na sua totalidade e assim devolver-lhe o equilíbrio”, observa. “A Homeopatia trata o lado emocional da pessoa considerando o todo do indivíduo, investigando a causa de suas perturbações, utilizando medicamentos homeopáticos que se assemelham e cubram a maior parte dos sintomas relatados, e este procedimento é o que difere a Homeopatia das demais terapias. Já a medicina tradicional trata o indivíduo de forma fragmentada, visando tratar apenas os sintomas que o perturbam naquele momento”.

Seja tratando quadros emocionais ou distúrbios fisiológicos, o tempo de tratamento homeopático pode ser mais curto ou mais longo por diferentes razões.

“É imprevisível [o tempo de tratamento], pois depende de vários fatores, como o grau de adoecimento, a indicação da medicação correta, e o quanto o cliente está disposto a se envolver com o tratamento e todas as orientações pertinentes ao tratamento”, explica Pires. “A natureza humana é muito complexa e o que vale para um indivíduo, pode não valer para outro”.

Em relação às expectativas dos clientes quanto a cura total do tratamento homeopático, a terapeuta homeopata é assertiva:

“Pode-se esperar tanto a cura quanto a melhora na qualidade de vida, desde que alguns critérios sejam cumpridos. O terapeuta deve ser assertivo na indicação do medicamento e o cliente deve demonstrar interesse real em aderir ao tratamento, e também deve estar disposto a adotar hábitos que favoreçam a higiene mental”, analisa.

Migrando do olhar para os olhos, a aplicação da Homeopatia na manutenção da saúde ocular é uma prática comum, mesmo que pouco conhecida entre seus simpatizantes. Estudos publicados por homeopatas e acadêmicos de diferentes países relatam o uso de preparados homeopáticos no tratamento de catarata, ceratoconjuntivite primaveril, olho seco e úlcera de córnea, por exemplo.

Para o optometrista WIlson Cardoso, 59 anos, formado pela Universidade do Contestado, instituição comunitária de educação superior do estado de Santa Catarina, a maioria das pessoas demora a procurar tratamento para doenças oculares, fazendo com que os prognósticos não sejam tão positivos quanto poderiam quando há acompanhamento preventivo.

“Dependendo do tipo de problema [visual ou ocular], os sintomas podem ser ausentes em algumas variedades de alterações, como por exemplo na baixa hipermetropia ou no glaucoma de pressão normal, podendo surgir como intolerância à luz nas feridas que afetam a córnea [ceratites]. Nestes casos, o percentual de visão é diminuído. Já nas doenças que afetam a retina, pode ocorrer a percepção visual de manchas ou ainda de falha na resolução das imagens, quando faltam partes do objeto visualizado”, explica Cardoso. “A orientação é que, preventivamente, o indivíduo se consulte com um optometrista e, caso seja observada qualquer anomalia, este profissional orientará a especialidade que o paciente deve procurar para dar continuidade ao tratamento”. ção espacial, a convergência, a acomodação do cristalino e a noção cromática, contraste, enfim, a visão tem importante papel na relação do indivíduo com o universo e não pode ser relegada a segundo plano”.

De acordo com a terapeuta homeopata Sheila da Costa Oliveira, 63 anos, formada pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), os aspectos psicossomáticos são muito importantes na abordagem homeopática, considerando, inclusive, traumas emocionais e traços específicos da personalidade como parte do quebra-cabeças que se monta para entender por que a pessoa adoeceu e como levá-la de volta à saúde:

Vale lembrar que nem toda alteração da visão está associada a doenças oculares.

“Na Optometria, as alterações visuais não são doenças e sim alterações do sistema visual, entre eles, os erros refrativos, popularmente conhecidos como grau, que variam em tipos,sendo que alguns têm potencial para desencadear problemas graves, como estrabismo, descolamento de retina/vítreo e/ou cegueira”, esclarece Cardoso. “Além dos problemas refrativos, temos as alterações no ajuste do foco dos olhos e da convergência, eventos que geram muitos sintomas que, ao serem analisados por um profissional da saúde que não seja o optometrista, podem ser confundidos com doenças, [...] e ocasionar condutas profissionais equivocadas, quase sempre prescrevendo medicamentos que só pioram o problema. Também temos disfunções complexas feito a ambliopia, que afetam a propriocepção, a no -

“Para a Homeopatia, é igualmente importante que a saúde do que se vê – órgãos visualmente perceptíveis – venha do que não se vê – o interior do corpo, ou, como se diz comumente, ‘de dentro para fora’. Não se busca, somente, suprimir sintomas, mas tratar as causas, e por isso as recidivas são reduzidas ou deixam de acontecer”, ressalta. “Observa-se a evolução dos sintomas e do comportamento da pessoa em tratamento, como um todo. Se o nível mental-emocional melhora, a cura está se processando de dentro para fora. Então, muitas vezes pode-se ver uma pessoa que fica menos impaciente e, por isso, tem menos alergias e coça menos os olhos. A partir de um sintoma físico, o homeopata vai buscando a fonte desse sintoma, e chega, muitas e muitas vezes, a traumas antigos e situações estressantes que acabaram gerando padrões de adoecimento, e isso leva mais tempo para tratar. Por isso, não há um tempo específico. O homeopata vai tratando em camadas as situações que se apresentam, até que todas estejam em equilíbrio. Daí a importância de se conversar a respeito de um ‘tratamento’ e não de uma consulta única, da qual já se deseja sair curado. O caminho até o adoecimento é trilhado, muitas vezes, por anos, e é preciso um investimento proporcional na direção da cura, o que é especialmente válido para as doenças crônicas. Se a pessoa é tratada homeopaticamente des - de o início do incômodo, a probabilidade de se curar rapidamente e não ter recidiva é bem alta. Se os problemas se cronificam, é mais trabalhoso”, destaca.

Ainda segundo Oliveira, o preparado homeopático ideal para agir no tratamento de problemas oculares é o “medicamento da pessoa”, ou simillimum na nomenclatura homeopática:

“É o melhor para equilibrar o indivíduo como um todo”, garante. “Quando se encontra essa ‘chave de ouro’, praticamente tudo pode ser trabalhado por meio dele. No entanto, como nem sempre se encontra isso com facilidade, principalmente em emergências, buscamos então os remédios por ‘tropismo’, isto é, pelo local do corpo em que agem mais. Existem, então, Olho total (organoterápico), Physostigma, Paulinea sorbilis, Ruta graveolens, Iris versicolor, Thuya, Cineraria marítima, e Euphrasia, entre outros. Os dois últimos, inclusive, são usados em forma de colírio homeopático há mais de um século, no Brasil, para tratamento de secura ocular, conjuntivites e até catarata. Os demais agem no equilíbrio vascular, das mucosas, no balanço hídrico e, por isso, são excelentes para manter a saúde dos olhos”, assinala.

Confirmando a fala de Oliveira, o psicólogo Ivanildo de Andrade diz que aspectos emocionais podem, sim, influenciar na recuperação ou no agravamento de problemas fisiológicos de saúde.

“O campo da psicossomática, que estuda a relação entre corpo e mente, tem mostrado que existe uma conexão íntima entre o estado emocional e a saúde física. [...] O estresse crônico pode afetar negativamente o sistema imunológico, tornando-o menos eficaz na luta contra infecções e doenças. Além disso, o estresse excessivo está associado a uma série de problemas de saúde, como doenças cardíacas, hipertensão e distúrbios digestivos”, exemplifica o especialista. “Também é fato que o estado psicológico de uma pessoa pode afetar sua motivação e capacidade de aderir ao tratamento médico. Se alguém está deprimido, ansioso ou desmotivado, pode ser mais difícil seguir as recomendações médicas, como tomar medicamentos regularmente, fazer exercícios físicos ou adotar uma dieta saudável. Isso pode retardar a recuperação ou até mesmo agravar a condição física.”

Ainda de acordo com Andrade, a resiliência emocional pode desempenhar um papel importante na recuperação física:

“Pessoas que possuem uma mentalidade positiva, habilidades de enfrentamento saudáveis e uma rede de apoio social sólida têm mais probabilidade de se recuperarem mais rapidamente de doenças físicas. O estado psicológico pode influenciar a percepção dos sintomas e a resposta ao tratamento levando em consideração que a mente tem um poderoso efeito sobre o corpo e assim sendo, o efeito placebo ocorre quando uma pessoa experimenta melhorias na saúde devido à crença no tratamento, mesmo que o tratamento em si não tenha propriedades terapêuticas. Por outro lado, o efeito nocebo ocorre quando uma pessoa experimenta efeitos colaterais ou piora dos sintomas devido à crença negativa em relação ao tratamento”, pondera. “É importante ressaltar que a relação entre o estado psicológico e a recuperação física é complexa e multifacetada. Cada pessoa é única e pode responder de maneira diferente. No entanto, reconhecer a importância do estado psicológico na recuperação física e buscar apoio psicológico adequado pode ser benéfico para promover uma recuperação mais completa e saudável”, conclui.

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