Revista Dasartes Edição 46

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OUTRAS NOTAS

e 2017. “Os artistas produzirão obras tanto na residência quanto no período subsequente, isso depende de seu processo individual e da forma com que usarão seu tempo a bordo do navio”, diz ela. E se o mar foi escolhido para o projeto de Strauss, seu extremo oposto, o deserto, é o principal protagonista da Residência Artística Barda del Desierto, na Patagônia, que selecionou o projeto “Covas para um”, do brasileiro Marcel Diogo.

O artista investigou a história dos desaparecidos na ditadura argentina para promover uma reflexão sobre o tema. Marcel passou 23 dias na região, onde foram abertas 69 covas. Segundo ele, “o número foi menor que o previsto devido à dificuldade de trabalhar no local. Isso gerou reflexões ainda mais profundas. Escavar trezentas covas – número do projeto inicial – surge como tarefa dificílima para um artista, porém significa apenas 1% dos desaparecidos. E essa situação deixa claro que a barbárie é muito maior do que imaginamos”. Além de ser uma homenagem ao país, aos mortos e seus familiares, o artista também enxerga o projeto como uma possibilidade de reflexão sobre o período para que se possa evitar futuras violências. O projeto continua aberto para, em algum momento, alcançar as trezentas covas.


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