a tomada
DARCY | julho a dezembro 2017
Ar q u e o l o g i a d e u m a i d e i a
Se parar para observar, você vai perceber que praticamente não vive sem energia elétrica. Inúmeras atividades do dia a dia são facilitadas pelo encaixe de tomada mais próximo. Das primeiras conexões até o atual modelo brasileiro de três pinos, conheça a evolução dos plugues que sempre deixaram a humanidade mais ligada.
Renan Apuk
No fim do século XIX, as pesquisas em torno da eletricidade começaram a ter aplicações práticas para a sociedade. Em 1880, uma lâmpada era muito mais desejada que uma tomada, já que iluminar ruas e casas era a principal finalidade da energia elétrica.
Embora alguns historiadores, como o inglês John Mellanby (1960), mencionem registros de protótipos semelhantes a tomadas anteriores a 1890 e o catálogo da General Electric de Londres da mesma década apresentasse um modelo rudimentar dessa adaptação, uma das principais e pioneiras invenções práticas neste sentido foi patenteada pelo norte-americano Harvey Hubbell, em 1904.
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“A minha invenção tem como objetivo fornecer um plugue de fixação assegurável, no qual o custo de construção deve ser reduzido ao mínimo e que deve acabar com a possibilidade de arco ou incêndio na conexão, de modo que a energia elétrica em edifícios possa ser utilizada por pessoas que não possuem conhecimentos ou habilidades elétricas”, escreveu Hubbell no registro de sua patente.
O intuito do modelo é proporcionar segurança aos usuários, impedindo o contato acidental com o material condutor de energia: por meio do afundamento das tomadas, o chamado rebaixo, ou de uma moldura saliente no encaixe, conhecido como colarinho.
O atual padrão brasileiro para uso doméstico (NBR 14136), de três pinos – ou bipolar com contato de aterramento, como sugere a nomenclatura técnica 2P+T – não foi ideia tupiniquim. O formato é importado e consiste em um aperfeiçoamento do modelo proposto pela Comissão Eletrotécnica Internacional (IEC) em 1986. Apesar disso, até hoje, apenas três países no mundo o utilizam, além do Brasil: África do Sul, Liechtenstein e Suíça.
Além disso, o terceiro pino cumpre a função de aterramento. Mas, atenção! Esse ganho só acontece se a instalação elétrica predial tiver sido feita corretamente. De nada adianta o terceiro pino se a construção não possuir aterramento.
Durante todo o século XX, esses modelos iniciais foram refinados e até superados por novos projetos. A partir daí, começaram a surgir as variações de conexão, redundando inclusive no formato de tomada de parede que é tão natural para nós.
Ilustrações: Gabriel Pereira/Secom UnB
Quando os primeiros aparelhos elétricos fizeram surgir a necessidade de conectar cabos à rede, a solução prática foi retirar as lâmpadas de seus encaixes – conhecidos como soquetes – e ligar os utensílios ali mesmo, por meio de adaptadores.
Em uma extremidade do adaptador de Hubbell, chamado de plug separável, havia um bocal de lâmpada para rosquear ao soquete. Na outra, o cabo flexível. Dentro dessa estrutura já estavam os dois pinos para conduzir a carga, tal qual o padrão bipolar de tomadas que conhecemos bem.
Saiba mais Padronização de plugues e tomadas: primeiros produtos chegam ao mercado (Revista Eletricidade Moderna, 2003) Cartilha Padrão Brasileiro de Plugues e Tomadas (Inmetro, 2011) http://www.inmetro.gov.br
Sempre motivadas pelas peculiaridades históricas de cada país e pelo interesse econômico dos fabricantes, que lucravam não apenas com os aparelhos, mas também com adaptadores, as tomadas fugiram de uma padronização universal ao longo dos anos. Hoje, há no mundo inteiro cerca de 15 variações de tomadas.
Pequenas coisas esquecidas, Fred E. H. Schroeder (Revista Brasileira de Design AGITPROP, 2011) http://www.agitprop.com.br Fonte: Alcides Leandro, professor do Departamento de Engenharia Elétrica (ENE/UnB) Comentários para o colunista: renanapuk@unb.br
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