Revista Condomínio. Edição 65

Page 1

cipa.com.br

Todo síndico lê!

65 ABR_MAI_JUN 2015

ANO 19

Inovadores, eles estão sempre em busca de soluções e melhorias para o condomínio que administram




E agora, nesta grande crise, como ficam os brasileiros? São apenas três meses de governo e a desaprovação da presidente é a maior já vista em nossa história. Quase 3 milhões de pessoas saíram às ruas para protestar, se sentindo traídas pelas promessas não cumpridas, que chamam de estelionato eleitoral. Os preços sobem, os juros sobem, o custo dos financiamentos aumenta, o desemprego é grave e milhares de trabalhadores são demitidos por conta da roubalheira do Petrolão. Será que esse governo vai chegar ao fim? Dos quatro anos só se passaram três meses... O governo está sem rumo, e a presidente não reconhece que errou. Desesperadamente chama uma equipe econômica, que seria a do outro candidato derrotado, para tentar consertar o que foi malfeito em seu governo anterior. Até agora não conseguiu a sustentação política necessária para governar, e os aliados do próprio partido começam a debandar. Em 2014, o crescimento foi praticamente zero e, este ano, não será melhor, como é a opinião geral dos economistas. Vamos pontuar alguns acontecimentos que entendemos como bons nesse turbilhão de fatos negativos que aparecem a cada dia. O andamento das investigações da Polícia Federal e do Ministério Público e a atuação firme do juiz Sérgio Moro estão desvendando uma máquina sofisticada criada para roubar que atuava há mais de dez anos na Petrobras. A evidência do uso de cargos de direção, ocupados por apadrinhados de políticos, com fins escusos, se torna mais difícil de acontecer. A prisão de donos de grandes empresas, atravessadores, lobistas e outros corruptos e corruptores que nunca, em tempo algum, imaginávamos que poderia acontecer. Hoje estão na cadeia já caminhando para o quinto mês, sem privilégios. O espaço que vem sendo aberto, pela disputa de poder entre o Legislativo e o Executivo, o que pode facilitar uma reforma política e até fiscal. Também não há como não admitir 4

www.condominioetc.com.br

a desoneração dos custos da máquina do governo, inclusive com a redução de 39 ministérios para 20, o que todos sabem ser o ideal. Esses ministérios foram criados para atender a acordos espúrios, sem nenhum benefício administrativo de gestão. Com a necessidade imperiosa de aprovar o ajuste fiscal, agora defendido com unhas e dentes pela presidente, que não admite o grande erro de não o ter feito antes, certamente poderemos, a partir do segundo semestre de 2016, assistir ao início de um círculo virtuoso, como afirmam todos os analistas internacionais. Nesse novo cenário, investidores externos e internos teriam apetite para investir em nosso país, e certamente conquistaríamos o lugar de destaque que já tivemos e que tanto desejamos. As agências internacionais de classificação de risco, o chamado rating, que analisam as condições de estabilidade econômica do país, se mostram preocupadas com o Brasil. Se formos rebaixados e considerados um país não seguro para investir, isso, sem dúvida, será um desastre difícil de ser reparado. Por aí se vê a gravidade da crise criada pela presidente Dilma e por seus partidos aliados. Veja como a situação é séria, pois dependemos de um acordo político, quando os próprios aliados do governo não têm mais confiança em sua capacidade de gerenciar a crise e muito menos compor com suas bases. Porém, apesar desse panorama sombrio, continuo otimista e acho que conseguiremos vencer a crise e que melhores caminhos surgirão. Com esse otimismo, não posso deixar de ressaltar a data 23 de abril, em que se comemora o Dia do Síndico, quem parabenizamos com carinho. Nessa mesma data, nossa CIPA completa 61 anos de vida, com pujança, equilíbrio e solidez, e isso graças a todos os nossos queridos clientes, que são a base de nosso sucesso. NEWTON MENDONÇA Presidente da CIPA

8

[capa] Síndicos de ouro Inovadores, eles estão sempre em busca de soluções e melhorias para o condomínio que administram. Conheça alguns deles aqui nesta matéria, que faz questão de homenageá-los na edição de aniversário da CIPA, data em que também se comemora o Dia do Síndico!

Uma publicação:

Rua México, 41 - 2o andar CEP 20031-905 Centro - Rio de Janeiro Tel.: [21] 2196-5000 Fax: [21] 2533-2449


20

[Condomínio] Economia de água nos condomínios, sim!

66

Os anos passaram e as construções que chamavam a atenção por sua estética vanguardista se tornaram obsoletas e degradadas. O que fazer para se reciclar? Saiba com esta matéria como repaginar seu prédio com o que há de mais moderno no mercado.

A chuva voltou a cair, no entanto, ainda não temos motivos para comemorar e é preciso que unam forças para traçar metas de economia e chegar a resultados reais. Leia o texto e entenda o por quê.

32

[Condomínio] Fugindo às convenções

74

Muitas convenções, redigidas há décadas, vão ficando obsoletas com o passar dos anos. Como adaptá-las aos novos tempos? É isso que a Condomínio etc. vai mostrar nesta reportagem.

60

[Condomínio] Mais carros, menos espaço. Como resolver essa equação?

Presidente NEWTON MENDONÇA Vice-presidente MÁRIO MENDONÇA Diretora da Unidade de Negócio e Condomínio DEBORAH O’DENA MENDONÇA Diretora de Locação, Seguros e Novos Negócios MARIA TERESA MENDONÇA DIAS Redação e Edição VIVIEN BEZERRA DE MELLO (MTb: 18731) redacao@cipa.com.br

[Condomínio] Melhorias feitas com base em uma boa gestão Um síndico atuante pode fazer transformações incríveis, afinal, ele é o responsável pela organização e manutenção do condomínio. Um case de sucesso é o Condomínio Colibris. Leia a matéria e conheça esta história.

77

[Paisagismo] Sempre verdes Saiba nesta matéria como deixar as plantas do condomínio sempre limpas e saudáveis, independentemente de poluição atmosférica, escapamento de veículos, gordura da churrasqueira, tinta e cimento de obras, crianças correndo de um lado para o outro...

Motivo de briga entre moradores e dor de cabeça para os síndicos, as vagas de garagem estão entre os maiores problemas dentro dos condomínios. Leia um pouco mais sobre esse assunto nesta reportagem.

DIRETORIA

[REFORMAS] De volta ao glamour perdido

Revisão ANDREA BIVAR

Conceitos e opiniões em artigos assinados são de inteira responsabilidade dos autores. A reprodução parcial ou total de qualquer parte desta publicação é permitida desde que seja citada a fonte e previamente autorizada, por escrito, pela editora. A empresa reserva-se ao direito de não aceitar publicidade sem fundamentar motivação de recusa.

Fotografia Ariel Subirá Marketing e Publicidade SAMY GRUBMAN marketing@cipa.com.br Colaboraram neste número Alessandra CEROY Jeniffer Martins Lia Rangel renata Fernandes STELLA MARIS C. MENDONÇA VITOR COELHO

16 mil exemplares PARA ANUNCIAR LIGUE

2196-5176

www.condominioetc.com.br revista@condominioetc.com.br

A Revista Condomínio etc. esclarece que: - Não se responsabiliza por qualquer dano, direto ou indireto, sofrido por usuários ou terceiros, advindos da exibição e/ ou conteúdo dos anúncios publicados pelos anunciantes, incluindo a divulgação de dados, preços e imagens. - Não atesta, verifica ou inspeciona os serviços e produtos dos anunciantes, nem é responsável por qualquer dano, direto ou indireto, que o contratante possa sofrer ao realizar uma negociação com os anunciantes. Esta publicação está em conformidade com o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, aprovado pelo Decreto Legislativo nº 54, de 18 de abril de 1995, e em vigor desde 1º de janeiro de 2009.

ABR_MAI_JUN 2015

5


informe

Porteiro Amigo do Idoso capacita 30 profissionais em Copacabana Trinta porteiros do bairro de Copacabana participaram, no final de março, no Senac do bairro, do projeto Porteiro Amigo do Idoso. A iniciativa, criada pela Bradesco Seguros, busca capacitar os profissionais para que eles possam atender, da melhor maneira, os moradores em suas rotinas diárias, principalmente os idosos. Porteiro há oito anos e participante da primeira turma, Francisco Cleiton Silva acredita que o programa também ajuda a classe a se valorizar como profissional. “É uma profissão que ainda sofre muito pre-

conceito, mas estamos aqui para, além de nossa rotina, cuidar das pessoas.” O curso, que dura três dias e tem carga horária de 12 horas, ainda deve chegar aos bairros da Tijuca, do Flamengo e de Botafogo. As próximas aulas acontecem entre os dias 5 e 7 de maio, também em Copacabana. A oficina promoveu uma vivência em que os alunos colocaram óculos para dificultar a visão e pesos nos pés, a fim de que sentissem as limitações que os idosos possuem por causa da idade avançada. A iniciativa tem o apoio do Secovi Rio.

Dia do Síndico e aniversário da CIPA em 23 de abril O dia 23 de abril é de múltiplas comemorações para a CIPA. Além de a empresa completar 61 anos de atividades bem-sucedidas, é também o Dia do Síndico. E é ele que nós parabenizamos e agradecemos sua confiança em nossos serviços! A CIPA reafirma, nessa data, seu compromisso com os clientes e parceiros, disponibilizando todos os subsídios necessários para uma administração de sucesso.

6

www.condominioetc.com.br

Piso salarial passa a ter novos valores no Rio de Janeiro O governador Luiz Fernando Pezão sancionou a Lei nº 6.983, de 31 de março de 2015, que estabelece os novos valores para o piso regional do estado do Rio de Janeiro. O referido piso é devido unicamente aos empregados que não tenham piso salarial definido em lei federal, convenção ou acordo coletivo. No que diz respeito aos empregados em condomínios, o piso regional é devido exclusivamente aos empregados dos municípios de Maricá, Araruama, Saquarema, Campos, Macaé, Itaperuna, São João da Barra e São Fidélis, tendo em vista a ausência de Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) firmada. De acordo com a Lei nº 6.983/15, os salários desses empregados, a partir de 1º de janeiro, são os seguintes: a) servente, faxineiro, auxiliar de serviços gerais – R$ 953,47 (novecentos e cinquenta e três reais e quarenta e sete centavos); b) cabineiros de elevador – R$ 1.023,70 (mil e vinte e três reais e setenta centavos); c) porteiro noturno e zelador de edifícios e condomínios – R$ 1.058,89 (mil e cinquenta e oito reais e oitenta e nove centavos); d) guardião de piscina – R$ 1.090,97 (mil e noventa reais e noventa e sete centavos). Nos demais municípios do estado do Rio de Janeiro, prevalecem os valores estabelecidos na CCT de cada categoria.


Mercado de aluguel apresenta valorização próxima à inflação A crise econômica do país conseguiu fazer com o mercado imobiliário o que até ele mesmo duvidava, oito meses depois da Copa do Mundo: baixar os preços dos aluguéis na sempre cara capital carioca. Com o setor parado desde a euforia pós-mundial, alguns donos de imóveis tiveram que reduzir os valores, na tentativa de fechar contratos. Se para o proprietário é o difícil momento de baixar a bola, para os inquilinos, ao contrário, é hora de pesquisar com calma e encontrar um apartamento mais barato. Um levantamento do Sindicato da Habitação do Rio (Secovi Rio) já mostra esse cenário. O Centro foi o bairro que mais reduziu o valor dos aluguéis no mês passado: queda de 9,68%, na comparação com fevereiro. Em relação a março de 2014, a baixa foi de 4,47%. Gávea, Ilha do Governador, Jardim Botânico e Laranjeiras são outros pontos que tiveram redução de preço no mês passado, segundo o estudo. Presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis do Rio (Creci-RJ), Manoel da Silveira Maia admite que a situação econômica tem mesmo contribuído para a desaceleração e a queda dos preços. Mas, apesar do cenário, ele afirma que março foi um bom mês na quantidade de negócios fechados na locação.

“Acredito que o carioca deixe tudo para depois do carnaval, porque houve um incremento de 25% no volume de imóveis alugados em minha empresa. Então, a expectativa é que, a partir de abril, os imóveis já valorizem, ou seja, fiquem mais caros”, explica Manoel. Quanto à valorização de algumas regiões, o vice-presidente de locações do Secovi Rio, Antônio Paulo Monnerat, ameniza os resultados: “A gente tem acompanhado a evolução dos preços e (ela) está mais ou menos de acordo com a inflação. Em alguns bairros um pouco mais e em outros, um pouco menos.” Entre os mais caros em março, Jacarepaguá, Flamengo e Méier encabeçam a lista, com 8,10%, 7,12% e 6,14%, respectivamente, na comparação com 2014.

Rio anuncia investimento de R$ 500 milhões para despoluir a Baía de Guanabara No final de março, o governador do estado do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, anunciou investimentos de R$ 500 milhões destinados à despoluição da Baía de Guanabara. As obras ajudarão a cidade a atingir a meta de tratar 80% da água até os Jogos Olímpicos de 2016. Os recursos cedidos pelo governo federal terão como destino a ampliação da Estação de Tratamento de Esgoto de Alegria, o saneamento do Complexo da Maré e a execução do tronco coletor Faria Timbó, que também vai beneficiar Manguinhos e o Complexo do Alemão. “Os Ministérios das Cidades e do Planejamento liberaram esses recursos.

A gente quer seguir fazendo o dever de casa para alcançar os 80%. Só os Jogos Olímpicos nos permitiram avançar dessa maneira”, afirmou Pezão. O anúncio dos investimentos foi realizado durante a celebração dos 500 dias para o início das Olímpiadas. Após empresas demonstrarem interesse, o estado vai lançar uma parceria público-privada para o tratamento de esgoto na Baixada Fluminense e em São Gonçalo. Segundo o governador, o Rio de Janeiro dispõe de R$ 1,2 bilhão do BID, dos quais R$ 900 milhões ainda serão licitados para projetos para tratar o esgoto lançado na Baía de Guanabara. ABR_MAI_JUN 2015

7


capa por Lia Rangel e investem tempo e boa vontade pelo bem comum do condomínio que administram e, com a ajuda de uma boa administradora, conseguem alcançar resultados surpreendentes, e isso é admirável. Seria impossível falar sobre a determinação de cada síndico que conhecemos e admiramos, por isso, reunimos o perfil de três síndicos que encaram o desafio de tornar seus condomínios cada vez melhores, com iniciativas distintas, mas igualmente merecedoras de destaque.

O condomínio onde as crianças terão vez e voz

Inovadores, eles estão sempre em busca de soluções e melhorias para o condomínio que administram No Rio de Janeiro, o Dia do Síndico é comemorado em 23 de abril e todas as homenagens são poucas para esses profissionais tão dedicados e cheios de função. A revista Condomínio etc., disponibilizada para os síndicos da CIPA e do Rio de Janeiro há 18 anos, já contou a história de muitos deles. É comum que os síndicos acumulem funções. São psicólogos, administradores, engenheiros, arquitetos,

8

www.condominioetc.com.br

economistas, urbanistas, sanitaristas, conciliadores, artistas, enfermeiros e, muitas vezes, são todos esses perfis em um só. Sim, é possível. Muitos síndicos exercem todas essas funções sem ter a qualificação oficializada por um diploma. Eles são empreendedores e têm em comum a vontade de fazer o melhor, sempre. Eles aprendem na marra, no dia a dia, com a experiência, dê ela certo ou errado. Eles metem a cara

A síndica profissional Gabriele Santos está à frente do Condomínio Palace, localizado na Zona Oeste da cidade, há 12 anos. Nesse período, ela implantou grandes projetos e o mais recente é o Síndico Mirim. O plano visa à socialização das crianças para um novo modelo de moradia e tem como pilar a educação ambiental como motivação para a consciência do convívio em grupo. “Os principais objetivos consistem em estimular as crianças a participarem mais ativamente da rotina da administração do condomínio, ajudando em sua preservação; criar um clima mais harmonioso entre os moradores e a administração; proporcionar a conscientização a respeito da preservação do condomínio, suas áreas comuns, de modo que elas colaborem com a implantação de novas normas; dar voz às crianças em questões de relevância e buscar soluções interessantes; evitar vandalismo; diminuir conflitos entre crianças e adultos; dar responsabilidade a elas e incentivar e premiar posturas e sugestões que venham a contribuir com o desenvolvimento do condomínio”, afirma.


Hélio Breder é o síndico do Condomínio Cezanne; Com baixo investimento, a estação de captação de água chega a economizar cerca de R$ 15 mil ao ano

Serão eleitos um síndico mirim, um subsíndico, três conselheiros fiscais e três conselheiros consultivos. Para se candidatar aos cargos e/ou votar, a criança deve estar atualizada com as atividades escolares, ter de 8 a 12 anos, ser moradora do condomínio, filha de proprietário ou inquilino e os pais devem estar em dia com suas responsabilidades condominiais. “O mandato do síndico mirim pode ser de até dois anos e as reuniões serão feitas no salão de festas do condomínio. As remunerações serão decididas com base em propostas enviadas pelos candidatos e aprovadas pelo síndico e pelo conselho”, explica.

Segundo Gabriele, o projeto pretende trazer as crianças para mais perto dos adultos, de forma inteligente e democrática. “O intuito é gerar responsabilidade brincando. É muito importante ouvir as crianças, olhar o universo delas, entender suas necessidades e prioridades, fazer com que percebam que o patrimônio será herdado por elas, logo, precisam contribuir para a valorização dele, jamais a depreciação. A participação das crianças fortalecerá as relações, evitando conflitos de interesses, já que todos terão um só objetivo e compromisso, o bem comum”, afirma.

Sustentabilidade em vista A onda de sustentabilidade já chegou a diversos condomínios do país inteiro há algum tempo, e a tendência é que os conceitos sustentáveis sejam disseminados e, cada vez mais, incorporados no dia a dia de todos. As campanhas para que as pessoas fechem a torneira enquanto escovam os dentes, juntem muitas peças de roupa para lavar de uma vez e procurem vazamentos pela unidade já não são mais a prioridade dos síndicos. As inovações tecnológicas que visam economizar dinheiro e recursos naturais estão em alta. Há quatro anos, Hélio Breder é o sín-

dico do Condomínio Cezanne, localizado na Zona Norte do Rio. O síndico profissional conta que seu condomínio tem um programa de sustentabilidade que trata das questões da economia de água e de energia elétrica e do manejo do lixo. Em 2012, Breder decidiu construir uma estação de captação de água. Engenheiro de formação, o síndico sabia que o projeto traria economia para o condomínio. “A ideia surgiu, em primeiro lugar, pela minha formação profissional em engenharia, que é voltada para a preservação dos recursos naturais, e depois pelo fato de representar redução ABR_MAI_JUN 2015

9


A síndica Gabriele Santos pretende aproximar adultos e crianças por meio do projeto Síndico Mirim

de despesa para o condomínio”, conta. E a economia foi grande mesmo. O condomínio fez um investimento de R$ 3.200 e chega a economizar quase R$ 15 mil por ano. A estação funciona da seguinte maneira: foram instalados, no térreo, dois reservatórios com capacidade para armazenar 3 mil litros de água cada um, totalizando 6 mil litros. O sistema é interligado por um ponto de captação de água principal e ou-

10

www.condominioetc.com.br

tros secundários, que recebem água do play, da ducha e da aspiração do fundo da piscina. Quando as caixas estão cheias, as boias fazem a contenção do excesso de água, evitando o transbordamento. “A água coletada pela estação – que levou quatro semanas para ser construída – é utilizada para a limpeza das áreas comuns do prédio e rega de uma ampla área de jardins. Eu aconselho outros síndicos a desenvolverem projetos como esse, sobretudo para reduzir o consumo de água potável, mas é importante, inicialmente, fazer um planejamento para saber que necessidade de água de reúso será demandada, para dimensionar o tamanho da estação. Nossa estação, além de captar água da chuva, capta também água das piscinas, oriunda da lavagem do filtro e da aspiração. Essa característica é importante porque, mesmo em época de estiagem, a estação continua funcionando”, explica. O sucesso do projeto e a economia de água potável alcançada tiveram um coadjuvante importante, outro programa, implantado junto com a estação de captação de água, o Vazamento Zero. “Nele, o condomínio efetua a troca ou faz o reparo gratuitamente de válvulas de descargas,

torneiras e registros das unidades. Além disso, instalamos reguladores de fluxo de vazão nas áreas comuns e torneiras com fechamento automático temporizado na área do play, evitando a perda de água por vazamentos”, conta. Mas se engana quem pensa que as atitudes verdes do síndico pararam por aí. Para reduzir o consumo de energia elétrica, Breder automatizou o tratamento da água da piscina, substituiu 23 lâmpadas incandescentes de 100w por eletrônicas de 15w, trocou 72 reatores e lâmpadas de 20w por eletrônicas de 15w, reprogramou os elevadores para evitar viagens vazias, instalou sensores de presença em garagens, corredores e elevadores e instalou lâmpadas LED nas escadarias e nos jardins. Tudo isso gerou uma economia de cerca de R$ 15 mil ao ano. O síndico também implantou a coleta seletiva, outra iniciativa sustentável que merece ser replicada por outros condomínios pelo país. O lixo molhado é separado do seco e é reciclado; o tão temido óleo de cozinha também é coletado e destinado à reciclagem; pilhas, baterias, lâmpadas e lixo eletrônico são mandados para os locais corretos para descarte.


ABR_MAI_JUN 2015

11


Boa gestão, bons resultados Uma boa gestão é capaz de proporcionar mudanças incríveis em um condomínio. Uma prova disso é o que Henriette Krutman, que foi síndica do Condomínio Cantinho, na Zona Sul da cidade, fez. A advogada, que também é administradora, não é síndica profissional, mas levou sua experiência em gestão para seu condomínio e implantou uma série de ações que deram outra cara ao prédio. Ao assumir como síndica, Henriette encontrou um cenário nada animador. Além de uma dívida de R$ 42 mil, alguns funcionários, como seguranças e piscineiros, trabalhavam sem registro, o que poderia gerar ações trabalhistas. A primeira ação da síndica foi demitir esses funcionários e fazer um acordo com eles. Segundo Henriette, apenas com essa mudança eles evitaram um gasto de cerca de R$ 200 mil. Outras ações que merecem destaque são as que beneficiaram os funcionários do condomínio. A síndica disponibilizou plano de saúde, com opção para dependentes, e um espaço exclusivo para realizar as refeições, assistir à TV e relaxar durante os horários de almoço e de lanche. Além disso, Henriette também investiu na capacitação deles, que fizeram uma série de cursos, entre eles combate a incêndio, de porteiro e o Porteiro Amigo do Idoso, tudo isso em busca de melhorias no relacionamento entre os funcionários e os moradores. A síndica também investiu em acessibilidade, garantindo o bem-estar e a melhoria na qualidade de vida de idosos e portadores de necessidades especiais que, segundo ela, somam 18% dos moradores do condomínio. Os elevadores possuem

12

www.condominioetc.com.br

Nos oito anos em que foi síndica, Henriette investiu em acessibilidade para idosos e pessoas com deficiência

botões em braile, para os deficientes visuais; existe uma cadeira de rodas do próprio edifício na portaria; os banheiros das áreas comuns do condomínio são equipados com barras auxiliares para deficientes físicos e adaptados para crianças. O prédio foi todo ajustado para facilitar a locomoção de pessoas com necessidades especiais, desde o subsolo até a cobertura. Além disso, Krutman elaborou um cadastro para emergências médicas e uma planilha para o monitoramento de moradores que vivem sozinhos, entre outras ações. Sustentabilidade, com certeza, foi uma palavra que marcou a gestão da síndica Henriette Krutman. Ela implementou uma

série de ações verdes que conferiu ao condomínio, além de economia, a satisfação dos moradores. A coleta seletiva do lixo é algo que já faz parte do dia a dia do condomínio desde o início da gestão da síndica. Os moradores descartam o lixo orgânico, separam o que pode ser reciclado – jornais, latas, vidros, garrafas pet e os recipientes com óleo de cozinha – na própria lixeira do andar e os faxineiros recolhem esse lixo três vezes ao dia. No subsolo os recicláveis são separados, as latas são vendidas – a renda vai para os faxineiros –, o óleo é recolhido por uma cooperativa e todo o restante é recolhido pelo caminhão da coleta seletiva da Comlurb.


Quando se fala em energia solar, a maioria das pessoas pensa que se trata de projetos que só acontecerão daqui a alguns anos, mas no condomínio de Henriette isso já é realidade há muito tempo. O condomínio utilizava caldeiras movidas a gás para o aquecimento da água de todo o prédio. No início de sua gestão, as contas de gás chegavam a R$ 15 mil mensais, por isso, a síndica buscou soluções que pudessem gerar economia e encontrou os painéis solares, que utilizam o calor do sol para o aquecimento da água. Foram instaladas 40 placas ao todo e, para os dias de pouca incidência solar, foram inseridas bombas de calor auxiliares. “Quando não há energia solar disponível para o aquecimento (durante a noite, em dias chuvosos etc.) entram em funcionamento as bombas de calor, que mantêm a água aquecida no reservatório para suprir a demanda. A água é bombeada da cisterna (no subsolo) até a cobertura, passando pelo filtro central antes de entrar na caixa de água fria. De lá, ela passa a circular pelos painéis solares para ser aquecida. Quando atinge a temperatura ideal, é armazenada na caixa térmica (de água quente)”, explica Henriette. Desde agosto de 2008, quando as placas de aquecimento solar e as bombas de calor substituíram as caldeiras a gás, até junho de 2014, a média do consumo de energia elétrica pelas bombas de calor foi de R$ 3.500 por mês, que deixaram longe aqueles R$ 15 mil gastos com gás e promoveram uma economia de cerca de R$ 11.500 mensais nas contas do

condomínio. Além de tudo isso, toda a água consumida no prédio passa antes por um filtro central, que tem capacidade para filtrar quase 6 mil litros de água por hora. Com isso, todos os pontos de água do condomínio têm água filtrada. “Implantei uma gestão voltada para a qualidade e a sustentabilidade. O conceito de sustentabilidade está vinculado à responsabilidade social. É um conjunto integrado de ações que visa à preservação dos recursos naturais, à saúde e qualidade de vida dos moradores e funcionários e busca da eficácia nos resultados. A conduta ética e transparente deve permear as ações. Incluem-se aí: acessibilidade e segurança; vida saudável; sociabilidade; comunicação interna (como mediação de conflitos); política de RH e equilíbrio financeiro. O condomínio ideal é aquele em que gestores e moradores agem em consonância com esses princípios. O sucesso no desempenho do cargo depende muito da capacidade de gestão do síndico, mas também de características pessoais como flexibilidade e habilidade para apaziguar ânimos e buscar o consenso; ao mesmo tempo, é preciso ter pulso, ser incisivo na defesa das regras da convenção e do regulamento interno ”, diz. Henriette Krutman não é mais síndica do condomínio desde o início de 2015, mas todas as suas ações, nos oito anos em que foi síndica do Condomínio Cantinho, servem como inspiração para todos os síndicos que desejam fazer um bom trabalho, pautado na dedicação, na sustentabilidade e na boa vontade.

Aniversário da CIPA A CIPA completará 61 anos no próximo dia 23 de abril, junto com a data em que se comemora o Dia do Síndico no Rio de Janeiro. Em todos esses anos, a administradora acolheu e orientou síndicos e esteve ao lado deles nas horas difíceis e na comemoração de conquistas. A CIPA agradece sua confiança e reafirma, nessa data, o compromisso com os clientes e parceiros, disponibilizando todos os subsídios necessários para uma administração de sucesso. ABR_MAI_JUN 2015

13


Cidade por Lia Rangel

O metrô e os síndicos As obras da Linha 4 estão interferindo na vida dos moradores?

Uma obra pequena incomoda muita gente. Uma obra grandona, sem previsão de término, que influencia milhares de moradores, incomoda, incomoda, incomoda muito mais! Qualquer tipo de obra gera desconforto, por menor que seja e por maior que seja a boa vontade de quem precisa executá-la. Às vezes, pequenas obras no condomínio, ou mesmo no vizinho, causam transtorno por conta do barulho, do entra e sai de pessoas, da poeira, dos cheiros fortes, enfim, se existem, nessas pequenas intervenções, muitos motivos para incomodar os demais condôminos, imagine em uma obra que mexe com vários bairros, centenas de condomínios e a vida de milhares de pessoas? Pois este é o cenário atual de alguns bairros do Rio de Janeiro. A Linha 4 do Metrô vai ligar a Barra da Tijuca a Ipanema, passando por seis estações: Nossa Senhora da Paz, em Ipanema; Jardim de Alah e Antero de Quental, no Leblon; Gávea; São Conrado e Jardim Oceânico, na Barra. Todo o projeto, incluindo a localização de cada estação, foi definido com base em estudos técnicos que levaram em conta critérios de engenharia, segurança, comodidade para os usuários e sustentabilidade. O governo do estado do Rio de Janeiro é o responsável pelas obras de toda a Linha 4 do Metrô do Rio de Janeiro, e a construção é executada por dois consórcios: o Linha 4 Sul, responsável pela obra entre Ipanema e Gávea, e o Rio Barra, que constrói o trecho entre a Gávea, incluindo a estação, e o Jardim Oceânico, na Barra da Tijuca. O projeto foi licitado em 1998, as obras, iniciadas em 2010 e a previsão atual é que, no primeiro semestre de 2016, a nova linha já esteja em opera14

www.condominioetc.com.br

ção, com capacidade para transportar mais de 300 mil pessoas por dia, com o trajeto entre Barra e Ipanema estimado em cerca de 13 minutos. Assim como acontece com as Linhas 1 e 2, o passageiro poderá utilizar todo o sistema metroviário da cidade com uma única tarifa. Mas para que tudo isso aconteça e beneficie a população carioca, os moradores dessas regiões estão passando por muitos problemas. Como será que os síndicos estão administrando tudo isso? Paulo José dos Santos, síndico designado pela CIPA para atender o Condomínio Albuquerque, na Zona Sul da cidade, conta que, apesar da movimentação das obras e do consequente incômodo vindo delas, os síndicos estão sendo muito bem atendidos pelos representantes do governo e das concessionárias construtoras: “A gerência geral da Linha 4 nos apresentou o planejamento estratégico de impacto na vizinhança, que envolve todos os condomínios diretamente ligados à obra. No nosso condomínio foram feitos, no início das obras, um levantamento de toda a estrutura, logística dos moradores e mapeamento do statu quo e entregue um laudo técnico de vistoria. Além disso, é medido, diariamente, o impacto geológico no terreno e nas bases do prédio. Interagimos diretamente com eles no caso do surgimento de algum problema em que haja a possibilidade de vínculo direto ou indireto com a obra. O condomínio tem recebido todo o suporte necessário em tempo real.” O Consórcio Linha 4 Sul (CL4S), responsável pelas obras entre Ipanema e Gávea, afirma que o diálogo é permanente desde o início das obras. “Há reuniões frequentes entre os representantes do governo do estado e dos consórcios construtores com morado-


O síndico Paulo José dos Santos afirma que, apesar de todo o transtorno causado pelas obras, o condomínio está sendo bem assistido pelas concessionárias e o governo do estado

res, síndicos e associações comerciais e de moradores. A Linha 4 do Metrô também abre as portas para visitas guiadas e recebe moradores interessados em conhecer os canteiros. É por causa dessa relação de transparência que os profissionais estão sempre próximos aos moradores do entorno das obras e da população em geral. Antes de qualquer serviço extraordinário ou intervenção viária, por exemplo, é feita uma comunicação direcionada à população, por meio de panfletos informativos. E, a cada dois meses, é divulgado o Informe Linha 4, publicação destinada à comunidade. Os exemplares são distribuídos nos bairros onde ocorrem as intervenções”, afirma a assessoria do CL4S.

Transtornos, sim, apoio também Apesar de todo o apoio recebido, Paulo José dos Santos demonstra preocupação com as obras no entorno do prédio. “Nosso condomínio está em frente a um dos canteiros de obra com funcionamento diário, trânsito de caminhões e pessoas e perfuração de solo. A maior preocupação como síndico são os abalos sísmicos, decorrentes da obra, no solo do condomínio e seu impacto na estrutura de sustentação do prédio. Por isso busquei, em reunião com a gerência do Metrô, entender o desenvolvimento do projeto, seus riscos e a dinâmica da obra e suas fases. Recentemente, fomos notificados sobre a interrupção de acesso

de carros para a garagem por 90 dias. O Metrô apresentou um plano de contingência, alegando estar chegando à fase de perfuração e do uso do Tatuzão, que escava e perfura rocha. O plano contempla um suporte logístico com manobristas 24 horas, que transferem os carros para uma área de estacionamento em frente ao condomínio. Busquei entender o problema para levar informações aos moradores. Também conseguimos que parentes em permanência no condomínio sejam contemplados com as vagas”, afirma. Para um comerciante cuja loja está bem no meio das obras e que prefere não se identificar, está tudo muito organizado, mas as obras prejudicaram demais o comércio local. “Todos os lojistas estão recebendo ajuda de custo para pagar o aluguel, mas nem mesmo isso compensa o prejuízo que estamos tendo. Desde que a obra começou, o movimento diminuiu demais e, mesmo com toda a sinalização, não conseguimos recuperar nossos clientes. Para ter uma ideia, nos últimos meses, várias lojas baixaram as portas, pois apenas a ajuda para o pagamento do aluguel não é suficiente. Precisamos arcar com os salários dos funcionários, além do pagamento de outras contas, e, com o movimento baixo do jeito que está, não há como manter tudo isso. Os clientes não querem se meter no meio das obras para comprar alguma coisa. Quem ainda não fechou está arcando com muitos prejuízos. Estamos loucos para que essas obras terminem e possamos voltar a lucrar”, desabafa o empresário. Segundo o CL4S, o Programa de Negociação e Compensação está previsto no Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e ratificado no Projeto Básico Ambiental da Linha

ABR_MAI_JUN 2015

15


4 do Metrô do Rio de Janeiro. O programa prevê medidas compensatórias aos comerciantes frontalmente impactados e aos que estão na área de influência direta das obras, objetivando atenuar os efeitos das obras e suas interdições. Dentre essas medidas, está o ressarcimento de 30% a 60% do valor do aluguel, pago mensalmente. “O Consórcio Linha 4 Sul, responsável pelas obras entre Ipanema e Gávea, mantém uma equipe em contato permanente com os comerciantes da região afetada pelas intervenções, para acompanhar os casos e levá-los ao governo do estado para avaliar as solicitações de apoio, conforme critérios preestabelecidos”, afirma o porta-voz dos consórcios construtores. Ainda segundo o mesmo porta-voz, a Linha 4 do Metrô do Rio de Janeiro é a maior obra de infraestrutura urbana em execução na América Latina e emprega mais de 9 mil funcionários na construção de 16 quilômetros de túneis e seis estações. “Os consórcios construtores sempre buscam gerar o menor impacto para os moradores e comerciantes do entorno dos canteiros. Para minimizar o dano das obras no entorno, a Linha 4 do Metrô mantém diálogo permanente com a comunidade, a fim de entender suas necessidades e encontrar formas de atendê-las sempre que possível”, afirma. O Consórcio Linha 4 Sul colocou sinalização especial nas áreas próximas aos canteiros de obra no Leblon e em Ipanema, para indicar a localização de todas as lojas e orientar a população. Em vários pontos dos tapumes, foram instaladas iluminação reforçada e câmeras de segurança. Além disso, os tapumes costumam ser enfeitados de acordo com a época do ano. Em

16

www.condominioetc.com.br

borarem para reduzir o nível de barulho da obra, por meio de conversas em tom de voz baixo e da não utilização de aparelhos de som durante o serviço. Esforços vêm sendo feitos na tentativa de diminuir ao máximo os transtornos causados. É importante que o síndico ou os moradores que se sintam prejudicados procurem as concessionárias responsáveis, de acordo com a região em que o condomínio esteja localizado, e tentem o diálogo para solucionar qualquer contratempo ocasionado pelas obras da Linha 4 do Metrô. Apesar do apoio recebido, os comerciantes estão amargando uma queda muito grande no movimento

dezembro, por exemplo, o entorno dos canteiros de obra da Antero de Quental, do Jardim de Alah e da Igarapava recebeu decoração natalina. Nas passagens de pedestre, em frente às lojas do Leblon, havia iluminação festiva, vasos com plantas e até um tapete vermelho. As calçadas e marquises no entorno dos canteiros também estão sendo revitalizadas. A iniciativa do Consórcio Linha 4 Sul faz parte do compromisso de apoiar os comerciantes do Leblon. Com o objetivo de reduzir o incômodo, o consórcio também instalou proteção acústica para os geradores de energia, para diminuir o ruído, equipou os caminhões com sinais de ré luminosos para que, durante a noite, possam desligar o alarme sonoro dos veículos, e utiliza equipamentos novos, que emitem menos ruído, além de realizar manutenção permanente neles. Além disso, nos canteiros do consórcio, foi instituída a Campanha Antirruído, que promove, a cada dois meses, palestras para conscientizar os trabalhadores a cola-

Dúvidas? Informações? Para dúvidas ou informações, moradores podem ligar para 0800-0210620. A ligação é gratuita e o atendimento é realizado de segunda a sexta-feira, das 7h30 às 17h30, e aos sábados, das 9h às 13h. O Consórcio Construtor Rio Barra (CCRB), responsável pelas obras entre a Barra da Tijuca e a Gávea, também presta esclarecimentos à população por e-mail: atendimento.ccrb@ccrblinha4.com.br Na Zona Sul, próximo aos canteiros de obra, há centrais de atendimento à população, que funcionam de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h, e aos sábados, das 9h às 16h. Para facilitar e agilizar o atendimento aos moradores, uma central de atendimento móvel (trailer) acompanha, na superfície, o trajeto do Tunnel Boring Machine (TBM), o Tatuzão. A população também pode se informar pelos canais digitais da Linha 4 do Metrô (Barra da Tijuca–Ipanema) no Twitter (twitter.com/metrolinha4) e o blog oficial (www.metrolinha4.com.br).


ABR_MAI_JUN 2015

17


18

www.condominioetc.com.br


NOTA

Financiamento da casa própria volta ao custo de 2011 O aumento dos juros no financiamento imobiliário já fez com que as taxas cobradas na compra da casa própria voltassem ao valor registrado no segundo semestre de 2011, quando o governo federal concentrou seus esforços na redução dos juros do sistema bancário para, assim, estimular o consumo. O movimento foi iniciado pela Caixa Econômica Federal, em janeiro, e acompanhado pelos bancos privados em fevereiro. Hoje, o Banco Central vai divulgar a taxa média referente a fevereiro. Em agosto de 2011, quando o Banco Central começou reduzir a Selic, a taxa média do crédito imobiliário estava em torno de 9,5% ao ano, segundo dados do próprio BC. Foi caindo gradualmente até chegar à mínima de 6,84% em fevereiro do ano passado. Essa taxa é válida para empréstimos do Sistema Financeiro da Habitação (SFH), que usa recursos da poupança, tem juro máximo de 12% ao ano e vale para imóveis de até R$ 750 mil. Em 2014, o movimento de queda da Selic foi encerrado, e o juro básico voltou a subir. As taxas do crédito imobiliário também ficaram mais altas. De acordo com o Banco Central (BC), em janeiro deste ano, a média de juros nessa modalidade estava em 8,8%, ante os 8,4% de dezembro de 2014. Fevereiro

será o primeiro mês completo depois do anúncio da Caixa – cujos juros passaram de 8,75% para 9% – e já vai incorporar também a alta dos bancos privados. No Bradesco, o juro foi elevado de 9,2%, no final do ano passado, para 9,6% atualmente, além da variação da TR (taxa referencial) nas operações do SFH. Segundo o diretor de crédito imobiliário da instituição, Cláudio Borges, essa é a taxa base, embora alguns clientes consigam negociar taxas melhores, dependendo do relacionamento que têm com o banco. O Bradesco, assim como outras instituições, aumentou os juros depois da Caixa, que fez a elevação em 15 de janeiro. É o banco público, com cerca de 70% desse mercado, que costuma ditar a tendência das taxas para o restante do sistema. Por meio de nota, a instituição avisou que não estuda novos aumentos. O banco informa ainda que deve repetir, este ano, o volume de empréstimos de 2014, R$ 128,83 bilhões. Outra instituição que seguiu a Caixa foi a CrediPronto, parceria entre o Itaú Unibanco e a Lopes, administradora de imóveis. A instituição fez um ajuste de meio ponto percentual, com as taxas oscilando entre 9,2% e 9,6% ao ano. (O Globo) ABR_MAI_JUN 2015

19


CONDOMÍNIO POR Lia Rangel

Economia de água nos condomínios, sim! Todas as ações que resultem na redução do consumo desse recurso são válidas

A chuva voltou a cair no Sudeste e o volume de água nos reservatórios voltou a subir. No entanto, ainda não temos motivos para comemorar e é preciso que todos colaborem para a economia desse recurso, tão necessário à vida. Os síndicos precisam unir forças com os funcionários e os condôminos para traçar metas de economia e chegar a resultados reais. Muito se fala sobre a necessidade de o síndico precisar submeter tudo à aprovação dos moradores, em conselho, e o tempo que se perde com a burocracia para realizar grandes obras, mas pequenas atitudes podem ser tomadas pelo síndico na luta pela economia de água. A conscientização, estimulada por campanhas e informativos permanentes, pode ser um bom começo, mas é preciso ir além e buscar a economia, principalmente, onde há muito desperdício. José Carlos Peleteiro, diretor comercial da Economize Soluções Sustentáveis, empresa que comercializa e instala medidores individuais, acredita que ações simples podem gerar grandes resultados. “Com a crise hídrica que estamos vivendo, várias atitudes precisam ser adotadas. Na

20

www.condominioetc.com.br

limpeza das áreas comuns, por exemplo, é possível utilizar produtos que requerem menor quantidade de água para fazer a higienização. A aspiração da piscina – situação em que, muitas vezes, a água é jogada no esgoto – pode significar economia, ao fazer com que a água passe por um filtro antes de retornar. Também é im-

portante ver a possibilidade de implantar, no condomínio, um sistema de captação de águas pluviais”, explica. Para Bruno Pereira, gerente do setor de micromedição da empresa Hidromet, especializada em individualização por meio de obra de adequação em prédios antigos, instalação de medidores em prédios novos, gestão e leitura de medidores, autovistoria predial, planta baixa do sistema de emergência e captação de água de chuva, é preciso implementar mudanças radicais para gerar economia: “É importante não deixar que os moradores lavem seus carros, mesmo com balde. Também é necessário adequar a vazão de chuveiros e torneiras, com a diminuição de litros por minuto, estar com a manutenção das caixas acopladas em dia (vale trocar as caixas convencionais pelas que utilizam três litros para líquido e seis litros para sólido). Não deixar o responsável pela manutenção da piscina drenar a água é outra dica valiosa – ele pode tratar a água apenas com produtos que existem, como é o caso do cloro. Outra coisa que ajuda bastante é limpar as áreas comuns do condomínio com água de reúso”, diz. Há quase três anos, Paulo Sérgio Pires


Paulo Sérgio Pires, síndico do Condomínio Felice, já implantou muitas mudanças que geraram economia financeira e hídrica

é síndico do Condomínio Felice, localizado na Zona Oeste da cidade. Ele já implantou muitas mudanças, que geraram economia financeira e hídrica. “Quando assumi, a conta de água era altíssima, em média R$ 60 mil. Como as finanças do condomínio não estavam muito bem, sabíamos que era preciso atacar as despesas mais relevantes para equilibrar as contas. A primeira medida tomada foi a contratação de uma empresa especializada para fazer a monitoração de vazamentos e todos os reparos e manutenção necessários. Atualmente, o morador tem a manutenção gratuita, incluindo troca de rabicho, válvula de descarga, carrapeta etc., o que incentiva o condômino a chamar a manutenção imediatamente após perceber um problema ou vazamento. Para o investimento necessário para alcançar a economia de água, firmamos um contrato com uma empresa que aceitou ser remunerada pelo êxito, quando recebe um percentual da economia atingida. A própria empresa se paga e ainda sobra bastante para os demais investimentos. Tudo que foi gasto no projeto foi custeado pela própria economia gerada. Não cobramos nenhuma cota extra ou utilizamos verbas de fundo de reserva. Temos um total de 667 banheiros no prédio, e para aumentar a economia de água, todas as caixas de descarga foram reguladas para receber menos água e os sistemas de descarga estão sendo trocados por válvulas de dois fluxos. Outra medida fundamental foi que todos os

banheiros, cozinhas e áreas de serviço tiveram as saídas de água reguladas com redução de vazão, que foi medida individualmente. Assim, em um prédio de 23 andares como o nosso, em que a pressão da água varia muito, pudemos controlar a vazão e acabamos com aqueles casos em que quando se abria a torneira do tanque a água saía com tanta força que molhava toda a área, causando desperdício”, conta. O síndico estava certo. Segundo os especialistas, a maior parte do desperdício de água nos condomínios está nos pequenos vazamentos nas unidades, aqueles imperceptíveis, mas que trazem um prejuízo bem grande. José Carlos Peleteiro, da Economize Soluções Sustentáveis, conta que existem vários vilões que impedem a economia de água. “Eu destaco a falta de manutenção dos componentes das descargas, os vazamentos nas cisternas e a falta de manutenção da rede enterrada (hidrantes) no sistema de incêndio”, diz. Para Bruno Pereira, da Hidromet, os grandes responsáveis pelo desperdício de água nos condomínios são os vazamentos dentro das unidades, principalmente nas descargas de caixa acoplada “O vazamento se dá pelo ladrão; é causado pela desregulagem das boias e não aparece na bacia sanitária. O obturador também costuma dar problema, pois, com o tempo, ele se deforma e dá passagem à água que deveria ficar na caixa para abastecer a bacia sanitária. Em casos extremos, esse

ABR_MAI_JUN 2015

21


obturador trava na posição aberta, o que faz gerar um consumo altíssimo. Nas áreas comuns do condomínio é mais comum haver problemas na cisterna, por causa da desregulagem da boia, que gera um vazamento entre a tampa e as paredes da cisterna. Esse vazamento é praticamente invisível em cisternas subterrâneas, pois a água segue para o subsolo”, afirma. Paulo Sérgio Pires conta que o resultado financeiro é tão bom que, com a economia de água, associada à economia de luz e gás, eles conseguem, há três anos, não aumentar a cota condominial e ainda investiram na construção de uma fantástica academia de ginástica e spa com sauna seca e a vapor. “Entre fevereiro e julho de 2013, conseguimos economizar cerca de 437.700 litros de água, ou seja, aproximadamente uma economia de mais de R$ 26 mil mensais”, afirma.

O síndico Paulo Sérgio Pires conseguiu construir uma academia com a redução dos custos de água, luz e gás

A individualização dos hidrômetros traz economia no consumo de água? Muitas pessoas ainda têm dúvida com relação às vantagens de fazer a individualização dos hidrômetros, mas, segundo nossos entrevistados, as vantagens são muitas e a economia é real. O síndico Paulo Sérgio Pires reduziu muito o consumo de água de seu condomínio, mas não acredita que a economia será impactante no caso da instalação dos hidrômetros individuais. “Não fizemos a instalação de hidrômetros individuais por entendermos que o aparelho não tem a finalidade de economizar água, e sim de apropriar a despesa com o consumo para quem efetivamente gastou a água. Isso

22

www.condominioetc.com.br

não resulta, necessariamente, em economia. Se o condômino suportar bem, em suas finanças pessoais, o custo da conta atribuída a ele, pode simplesmente continuar gastando ou até aumentar o consumo usando o bordão da personagem caricata da televisão ‘Eu tô pagando!’. Para se ter uma abordagem que vise, realmente, à sustentabilidade, acreditamos que o investimento realizado em medidas de redução de consumo é melhor e dá mais resultado do que o gasto com individualização de hidrômetros e contas”, diz. A síndica do Condomínio Rodrigues, na Zona Norte, Maria Auxiliadora, é muito

conhecida por todos os seus feitos relacionados à sustentabilidade e, principalmente, à economia de água. Além de instalar bicas temporizadas nos banheiros do salão de festas do condomínio e redutores de pressão nas torneiras do salão, ela optou pela individualização do hidrômetro e garante que a economia foi muito grande. “Antes da individualização, nossa conta de água correspondia a cerca de 51% do orçamento do condomínio. Assim que fizemos a instalação dos hidrômetros individuais, fizemos uma leitura teste, só para saber quais eram os moradores que estavam consumindo mais água. Essa leitura apontou que apenas uma moradora teria que pagar mais de R$700, daí constatamos que ela tinha vazamento. É muito fácil localizar o vazamento, pois é só fechar o hidrômetro na parte da noite, quando ninguém consome; se ele ficar rodando é porque existe vazamento. Além disso, essa moradora tinha uma empregada que não colaborava muito e consumia muita água, ligando a máquina de lavar, por exemplo, para lavar poucas peças de roupa. Após cartas e avisos, a moradora conseguiu estabilizar sua conta de água”, conta. Maria Auxiliadora aconselha essa obra, mas avisa que dá trabalho. “Eu indico a individualização dos hidrômetros, sim. Dá muito trabalho, não é fácil, são meses e meses acompanhando as obras, pedindo autorização para entrar nos apartamentos, mas compensa. Eu, por exemplo, que moro sozinha, antes da individualização, pagava cerca de R$ 190 de conta de água; atualmente, minha despesa não passa de R$ 40. É justo, o morador paga o que consome”, explica a síndica, que não parou de economizar e, por conta da necessidade


A síndica Maria Auxiliadora defende a individualização dos hidrômetros como fundamental para a economia de água

de racionar, entrou na guerra contra o desperdício de água com mais força ainda. “Por conta da crise hídrica, diminuímos muito o consumo de janeiro para fevereiro deste ano. Em vez de lavar as áreas comuns com mangueira, passamos a usar balde de água e pano molhado. A rega das plantas, que era feita duas vezes ao dia, passou para uma vez ao dia, e, só nessas pequenas coisas, a conta, que em janeiro veio R$ 16 mil, em fevereiro veio R$ 9 mil, sinal de que vale a pena economizar”, conta, orgulhosa, a síndica. Bruno Pereira explica que existem muitas vantagens por trás dessa obra: “A cobrança justa do consumo das unidades, a fácil detecção de vazamentos nos apartamentos, a autonomia das unidades em qualquer tipo de reforma – sem comprometer os outros apartamentos – e, principalmente, a diminuição na conta de água. Nos últimos três meses, por causa da crise hídrica, houve um aumento muito grande na procura por orçamento desse serviço”, diz. O gerente destaca ainda a importância de procurar uma empresa especializada e idônea. “O síndico que optar pela obra deve procurar empresas que tenham um responsável técnico e que estejam registrados no CAU/RJ ou no CREA/RJ”, completa.

Para José Carlos Peleteiro, o pagamento justo pelo que é consumido é a principal vantagem da individualização. “Além de pagar pelo que o morador usou de fato, a diminuição do consumo geral e, consequentemente, o ganho ambiental também valem ser destacados, pois conseguimos, com essa obra, reduzir o consumo de 40% a 50%”, afirma o diretor comercial, que também aponta o crescimento da procura do serviço nos últimos meses. Seja com pequenas ações de conscientização ou com grandes obras que mexem com todo o condomínio, é preciso ter em mente a necessidade de buscar alternativas que diminuam o consumo, não apenas pelo retorno financeiro, mas porque, a qualquer momento, poderemos viver crises cada vez mais graves. Se cada um fizer sua parte, poderemos evitar um grande colapso.

Serviço Hidromet Instalações e Manutenção Predial Eireli www.hydromet.com.br Economize Soluções Sustentáveis www.economizesolucoes.com.br

ABR_MAI_JUN 2015

23


COndomínio por Mário Boechat

Perigos da dedetização amadora

O síndico José Machado mostra os locais que poderiam ser alvo propício das pragas urbanas em seu condomínio

24

www.condominioetc.com.br

O aumento populacional nas grandes cidades brasileiras tem criado um fenômeno bem peculiar: o incremento do número de conjuntos habitacionais. Com eles, vêm locais com grandes áreas comuns, com o intuito de garantir o lazer dos moradores. Mas esse espaço para diversão e socialização deve ser muito bem cuidado, uma vez que recebe um grande volume de pessoas e animais domésticos e pode abrigar produtos e material de uso comum. A circulação de pessoas por esses locais aumenta as chances de acúmulo de lixo e detritos, e se não forem bem limpos e arejados, podem ser um prato cheio para

o crescimento de vizinhos nada agradáveis. As chamadas pragas urbanas – como ratos, baratas, cupins, traças e formigas – esperam apenas um descuido para se instalarem e virarem um problema para os condôminos. Os administradores prediais ou os síndicos têm que estar em alerta máximo para evitar que essas pragas se alastrem para outras áreas. E uma forma eficaz para acabar com elas é a dedetização. Esse método de combate às pragas também tem seus riscos, já que venenos são utilizados para eliminar esses moradores indesejáveis. E o mau uso desses pesticidas pode trazer muitos problemas para


os condôminos e para seus animais de estimação. Por isso, não é recomendável que pessoas que não tenham o preparo adequado façam o serviço. De acordo com o consultor técnico da Sani System, Caian Maestrelli, há uma série de fatores de riscos, mas o principal deles é a intoxicação. “O principal problema é, sem dúvida, a intoxicação, e o maior agravante é a pessoa não receber os primeiros socorros de maneira adequada. Muitas vezes, as pessoas estão manipulando produtos químicos cujo princípio ativo é desconhecido, o que impossibilita receber o antídoto adequado no caso de intoxicação”, diz o especialista. “Existem alguns equívocos que acontecem com muita frequência, baseados em crenças e mito populares, como é o caso do uso do leite como antídoto de intoxicações provenientes de produtos químicos. Em alguns casos o leite tem o efeito inverso, em vez de atrasar o processo de intoxicação, ele age como um catalisador, acelerando a reação química, diminuindo ainda mais o tempo que a pessoa teria para receber atendimento médico.” Os especialistas recomendam que a dedetização fique a cargo de empresas do segmento, que já têm o conhecimento das técnicas e do uso dos venenos. Além disso, dispõem de material e equipamento necessários para evitar danos às pessoas e ao ambiente. Segundo o diretor executivo da Imuni Service, Marcus Pires, deixar o trabalho para um porteiro ou zelador, por exemplo, é sinônimo de problemas futuros. “A pessoa não qualificada desconhece a praga que está combatendo e

os produtos que usa. É recorrente a utilização de misturas inapropriadas, superdosagens e exposição desnecessária a pesticidas, o que causa intoxicações e envenenamentos, principalmente em crianças e animais domésticos”, atesta. As dedetizações devem ser realizadas em um intervalo de, no máximo, 90 dias, para que o trabalho seja sempre renovado e os ambientes fiquem protegidos. No entanto, é importante que cada caso seja avaliado individualmente, pelo tamanho do condomínio e do número de pessoas que lá moram. E o tipo de praga também faz variar o tempo mínimo exigido para a reaplicação de pesticidas. “As principais pragas urbanas são cupins, baratas, formigas, traças, brocas, roedores e mosquitos. Para cada uma delas há um produto específico e uma maneira de aplicação própria, sempre levando em conta a biologia da praga em questão. Por isso é de extrema importância que os serviços de combate e controle sejam feitos por empresas especializadas e capacitadas para tal”, diz Caian. O síndico José Machado, do Condomínio Ana Luíza II, na Zona Norte – que possui cerca de 50 moradores e é administrado pela CIPA –, já viveu os dois lados da moeda. Quando ainda não tinha experiência na função de comandar um prédio, ele chegou a apostar em um funcionário para fazer a dedetização. Na época, acreditou ser uma economia para o condomínio, mas logo percebeu que tinha feito a escolha errada. “Com o passar do tempo, percebi que, além de não ser econômico, o empregado não tinha qualificação profissional para executar a ABR_MAI_JUN 2015

25


26

www.condominioetc.com.br


tarefa. O funcionário poderia sofrer danos à saúde por não saber manusear adequadamente o equipamento. O condomínio também estava correndo o risco de sofrer uma ação trabalhista por parte do empregado, por desvio de função”, atesta. José Machado conta que, muitas vezes, precisou refazer a dedetização porque não havia sido bem-feita. Era nítido que o material utilizado não era o adequado ou a própria aplicação havia sido um desastre. O síndico contou um episódio em que o serviço afetou diretamente a saúde dos moradores. “Em uma ocasião, fiz a dedetização com um profissional recomendado. Logo que começou o serviço nos andares, os moradores começaram a me ligar reclamando do cheiro forte do produto que estava sendo aplicado. Havia condôminos que estavam se sentindo mal por serem alérgicos. Tive que interromper imediatamente o trabalho para não ter maiores consequências. Mandei lavar o local para evitar as ameaças dos moradores de entrarem na Justiça contra o condomínio.”

Moradores podem acionar a Justiça E o síndico José Machado não estava errado em suas preocupações. Os condôminos que se sentirem lesados por um mau serviço ou até mesmo por doenças que venham a enfrentar ao longo do processo de utilização de pesticidas podem entrar com ação na Justiça contra o síndico e o condomínio. E até mesmo contra as pessoas que realizaram a aplicação. Segundo o advogado Anderson Lima Sampaio, coordenador da área imobiliária do Escritório SAAD Advogados, o síndico pode ser colocado na ação como o único responsável, principalmente se tomar a decisão de usar pessoas não capacitadas para fazer a dedetização, pois assume o risco do dano. No entanto, ele pode ser enquadrado como pessoa física se a dedetização amadora tiver sido objeto de aprovação em assembleia do condomínio.

Anderson Lima Sampaio, da Saad Advogados: condôminos podem acionar a Justiça

“Poderão ser intentadas ações indenizatórias de danos morais e materiais, dependendo das reverberações da eventual intoxicação. Ações de obrigação de não fazer também poderão ser propostas contra o condomínio, de modo a evitar que essas dedetizações amadoras voltem a ocorrer, sob pena de multa”, explica o advogado.

ABR_MAI_JUN 2015

27


Saúde dos condôminos em jogo

"No caso de intoxicação provocada por veneno, os sintomas podem surgir no mesmo dia da aplicação do produto." Dra Fátima Cardoso

28

www.condominioetc.com.br

Mas não é apenas na esfera jurídica que o síndico precisa ter cuidado com a dedetização das áreas comuns do condomínio. A saúde dos moradores e dos animais de estimação estará em jogo e por conta do administrador. De acordo com Fátima Cardoso, clínica geral e nutróloga, os riscos e sintomas são diversos: “No caso de intoxicação provocada por veneno, os sintomas podem surgir no mesmo dia da aplicação do produto e consistem em náusea e vômitos, muitas vezes intensos, cólica abdominal e diarreia aguda. Quando ocorrem reações alérgicas, que, em geral, são do âmbito respiratório – com espirro, tosse irritativa, irritação de garganta e olhos e até crise asmática –, dores de cabeça e musculares, além de coceira na pele e conjuntivite alérgica, podem surgir”, enumera a médica. Fátima Cardoso elucida ainda a necessidade de procurar atendimento de emergência em casos de intoxicação humana. Segundo ela, é importante que as pessoas não tentem tratamentos paliativos, que podem vir a agravar o quadro clínico.

Recomendações A prevenção é das maiores aliadas no combate às pragas urbanas. Para obter sucesso e se livrar dos moradores indesejáveis, não basta apenas a aplicação de pesticidas, mas limpeza e controle do ambiente, segundo Marcus Pires, da Imuni Service. “Um controle de pragas bem executado requer preparação prévia do ambiente, que deve ser limpo e organi-

zado. Um funcionário deve ser escalado para acompanhar os operadores técnicos. Essa pessoa será responsável também por informar sobre a incidência de pragas e os locais críticos – passagem e abrigo – existentes na edificação. O tratamento contra pragas deve ser precedido por um informativo aos condôminos, com a data e a hora do serviço”, explica. O síndico José Machado concorda com a necessidade de deixar o ambiente sempre limpo e arejado, o que favorece a erradicação das pestes urbanas dos condomínios. “Para que haja sucesso no combate aos insetos, o fator fundamental é a limpeza. O lixo deve ser separado em embalagens bem amarradas e colocado em lugares apropriados. A prevenção é fundamental para o sucesso de todos em um condomínio.” Serviço Imuni Service dedetizadoraimuniservice.com.br Sani System www.sanisystem.com.br


informe

Estatísticas de Imóveis Ofertados Por Tipo Imóvel Aluguel 8% 10% 18%

Por Tipo Imóvel Venda

27%

36%

21%

20% 10% 11% 11%

28% sala

1.376

Apartamento (3 quartos)

1.395

Apartamento (2 quartos)

1.068

Apartamento (2 quartos)

1.344

Apartamento (3 quartos)

718

Apartamento (4 quartos)

758

Apartamento (1 quarto)

375

cobertura

747

loja

304

casa

OUTROS

1.345

667 1.784

outros

total 6.695

TOTAL 5.186

Por Bairro Imóvel Aluguel

Por Bairro Imóvel Venda

Por Finalidade 1% 0%

44%

34%

38%

33% 43%

3%

6%

barra da tijuca recreio dos bandeirantes ipanema outros

1.786 344

centro copacabana

7% 6%

292 284 179 2.297

total 5.182

4%

5%

56%

11% 9% 2.204

barra da tijuca recreio dos bandeirantes

710

venda

6.695

copacabana

569

aluguel

5.186

IPANEMA

322

temporada

leblon

301

LANÇAMENTO

outros

2.565

103 15 total 11.999

total 6.671

fonte: abadi.

ABR_MAI_JUN 2015

29


notas

A Comissão de Turismo da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) e a Secretaria de Estado de Turismo incentivam moradores e turistas a visitarem o interior do estado, por intermédio do projeto Cidades Maravilhosas. A proposta é fazer com que os cariocas permaneçam no Rio de Janeiro, bem como incentivar o fluxo de turistas brasileiros e estrangeiros para nossas cidades. Para isso, a ideia é fomentar o projeto Cidades Maravilhosas, do governo fluminense, que consiste em divulgar roteiros turísticos que estejam até três horas de distância da capital. O objetivo do programa é difundir, em conjunto, o potencial turístico de duas cidades no interior, uma próxima ao mar e a outra na Região Serrana. Assim, o turista pode escolher a opção que mais lhe agrada. O projeto ainda conta com a difusão das peculiaridades dos locais contemplados, incluindo sugestão de roteiros, hotelaria, gastronomia, cultura e lazer. De acordo com o secretário de Estado de Turismo, Nilo Sérgio, é preciso estimular o setor. “O turismo de curtas distâncias vem crescendo muito em diversas partes do mundo. Vamos explorar essa modalidade aqui em nosso estado, divulgando o potencial turístico de cidades próximas à capital. Em trajetos de até três horas é possível explorar dezenas de praias ao sul e ao norte do estado, conhecer a beleza das fazendas históricas do Vale do Café ou passear por cidades da Região Serrana”, explica.

30

www.condominioetc.com.br

www.sxc.hu

Projeto Cidades Maravilhosas incentiva turismo no interior

Para o deputado doutor Sadinoel, o turismo no interior tem tudo para gerar mais arrecadação e estimular a economia do estado: “Durante minha gestão, a ‘menina dos olhos’ será destaque na grande diversidade de regiões litorâneas e serranas, com ênfase nos municípios que ainda não tiveram esse potencial explorado como deveria. A ideia é ajudar a divulgar – por meio de folhetos para os visitantes – as peculiaridades de cada município, com sugestões de roteiro, hotelaria, gastronomia, cultura e lazer. Umas das medidas, que será de muita importância, é treinar a mão de obra local para atuar no setor”, diz. Segundo o deputado Comte Bittencourt, o projeto é uma boa iniciativa para estimular o turismo no interior do estado. “O estado do Rio de Janeiro tem um potencial turístico incrível e é considerado a grande porta de entrada no país para o turismo nacional e internacional. Sabemos

da importância desse projeto para o interior e temos que aproveitar todo o poder atrativo que os municípios podem oferecer”, afirma. “Como a Copa do Mundo em 2014 não deixou um legado físico para o interior, se incentivarmos esse novo projeto, haverá maior circulação de turistas não só do Rio, mas de outros locais do Brasil durante as Olimpíadas de 2016”, conclui o deputado. Para que o programa tenha sucesso, a Secretaria de Estado de Turismo terá que traçar um plano publicitário para melhorar a sinalização turística nas vias de entrada do Rio, em aeroportos e nas rodoviárias da cidade. Outros recursos que também podem ser utilizados, além das redes sociais, são os sites e a distribuição de encartes e folhetos em pontos turísticos do Rio de Janeiro. Niterói também está incluída nesse projeto, assim como os municípios que compõem a Região Metropolitana. De acordo com o presidente da empresa Niterói Empresa de Lazer e Turismo (Neltur), Paulo Freitas, Niterói tem se destacado nas ações de promoção turística no estado do Rio de Janeiro por meio do projeto Cidades Maravilhosas. “Nossa localização próxima e privilegiada e nossos atrativos turísticos, com destaque para o MAC e a Fortaleza de Santa Cruz, têm sido um diferencial no aumento do fluxo de turistas de todo o mundo, que se encantam com nossas belezas naturais, nossa arquitetura, cultura e hospitalidade”, comenta. (O Fluminense)


ABR_MAI_JUN 2015

31


Condomínios

Fugindo às convenções Instrumento que define as normas nos condomínios, a convenção não precisa ficar parada no tempo Costuma-se dizer que a convenção é a “constituição” do condomínio, um documento importante que contém todas as regras internas relacionadas a administração, finalidade das unidades, pagamento das contribuições dos condôminos e sanções, entre outros assuntos que, no final das contas, normatizam a convivência entre os usuários. Sem dúvida, funciona como um estatuto. Mas muitas convenções, redigidas há décadas, vão ficando obsoletas com o passar dos anos. Como adaptá-las aos novos tempos? É isso que a Condomínio etc. vai mostrar nesta reportagem. A primeira dúvida dos síndicos que pretendem alterar o documento é: custa caro? Bem, de acordo com advogados especializados, depende do cartório onde deverá ser feito o registro da nova convenção e do número de unidades do condomínio, isso porque, quanto maior o número de apartamentos, mais tempo levará a conferência referente às informações de cada proprietário que assina a convenção. Pela complexidade e importância desse documento, recomenda-se também a contratação de um advogado especializado em direito imobiliário, que ficará responsável pela redação, em conformidade com o Código Civil (Lei nº 10.406/2002).

32

www.condominioetc.com.br

De acordo com a advogada Waleska Coelho, da Abadi, na convenção devem constar as disposições para a melhor utilização das partes comuns e rotina condominial, com proibições e aplicação de penalidades, se for o caso

Antes de pensar no preço, porém, o síndico precisa avaliar se conseguirá a aprovação de dois terços dos proprietários, já que na nova convenção deve constar a assinatura deles. Para a advogada Waleska Fraga Coelho, do Departamento Jurídico da Associação Brasileira das Administradoras de Imóveis (Abadi), é importante que os gestores dos condomínios deixem claro que os moradores não devem respeitar apenas as regras do regulamento interno, mas

também a convenção. “Nesses instrumentos deverão constar as disposições para a melhor utilização das partes comuns e rotina condominial, com proibições e aplicação de penalidades, se for o caso”, ratifica. A especialista completa: “Tendo em vista mudanças na cultura e nos hábitos de comportamento, situação que altera os padrões de exigência para uma adequada convivência gregária, alguns síndicos, por uma questão de gestão ou impossibilidade financeira do condomínio, preferem adequar os novos tempos através de assembleias, não alterando toda a convenção.” Ela lembra que a legislação é omissa sobre muitas situações recentes nos relacionamentos entre condôminos e dependerá de casos concretos a solução dos impasses que possam vir a surgir, através da avaliação do modo de convívio de cada comunidade edilícia. “A jurisprudência já se manifestou sobre alguns casos, definindo, por exemplo, que animais de pequeno porte que não causem transtorno aos condôminos podem ser aceitos no condomínio, mesmo quando houver vedação da convenção. Assim, o importante é que, independentemente do dispositivo convencional e da jurisprudência, sempre prevaleça o bom


No edifício da síndica Maria Helena, na zona norte, a Convenção é de 1973: “Somos felizes porque o documento tem um excelente conteúdo, apesar de antigo”

senso entre as partes, privilegiando o respeito ao direito em prol da coletividade”, completa a advogada. Em outras palavras, isso quer dizer que, ainda que a convenção não seja alterada, o Judiciário poderá deliberar em favor dos condôminos que se sentirem lesados, se o documento violar um direito. A advogada Corina Costa, do Departamento Jurídico do Secovi Rio,

explica: “O fato de existir uma norma inserida no documento não quer dizer que ela não seja questionável ou não tenha infringido algum princípio ou direito, ou seja, pode não ter caráter absoluto. Quando constatada a violação do direito, o Judiciário, apreciando o caso concreto, pode mitigar a aplicação da norma convencional ou mesmo declarar sua nulidade.”

Problemas dos novos tempos: piscina e playground Já falamos de um problema comum, a presença de animais, que acabam gerando modificações na convenção. Mas existem outras questões complexas dos tempos modernos que precisam ser pacificadas. Uma delas diz respeito ao uso da piscina, problema que não existia em décadas passadas, já que os condomínios não possuíam espaços de lazer tão incrementados. O imbróglio se dá quando há a proibição, pela convenção, de que convidados dos condôminos usufruam da área de lazer. Segundo o Secovi Rio, o tema é recorrente em jurisprudências relacionadas à vida em condomínio. “Nesse caso, consideramos que a proibição total possa ser questionada, por impor uma limitação muito grande ao uso da coisa. A limitação do número de pessoas por unidade pode ser uma saída para

contornar a situação”, esclarece Corina, complementando: “As áreas comuns do condomínio são uma extensão da unidade, da casa de cada condômino, e proibir que, eventualmente, possa socializar com um amigo ou parentes próximos como filhos, por exemplo, pode ser considerada uma limitação exagerada ao uso da coisa.” Por outro lado, esclarece a advogada, na falta de limitação do uso da piscina, que foi construída para comportar determinado número de pessoas, pode ficar prejudicado o uso do espaço pelos condôminos que arcam com as despesas de manutenção. Como se vê, o assunto deve ser tratado com razoabilidade e proporcionalidade. Outro assunto que deixa síndicos de cabelo em pé é a farra da garotada no playground. O uso da bicicleta, ABR_MAI_JUN 2015

33


Como alterar a convenção?

Síndica Maria Helena Rodrigues Tavares: A convenção é um documento valioso porque contém as normas que deverão ser seguidas para manter a ordem e o bem-estar para as gerações futuras

por exemplo, vem gerando conflitos. O Departamento Jurídico do Secovi Rio recomenda que o assunto seja tratado caso a caso. “Sendo um espaço amplo, em que a atividade pode ser realizada sem risco às demais crianças, proibir a utilização seria um exagero, posto que eventual questão de incômodo, como o barulho, pode ser reprimido ou reduzido através de campanhas educativas”, recomenda Corina. “Entretanto, permitir o uso de bicicletas num espaço exíguo gera insegurança tanto para as crianças que usam a bicicleta quanto para outras que circulam pelo local, além de potencializar o ruído, incomodando os moradores de unidades mais próximas”, pondera.

34

www.condominioetc.com.br

Para alterar a convenção é necessária a convocação de uma assembleia com item específico na ordem do dia, e o assunto deve ser aprovado por dois terços de todos os condôminos, conforme o art. 1.351 do Código Civil: “Depende da aprovação de 2/3 (dois terços) dos votos dos condôminos a alteração da Convenção; a mudança da destinação do edifício, ou da unidade imobiliária, depende da aprovação pela unanimidade dos condôminos (redação dada pela Lei nº 10.931, de 2004).” Caso haja interesse dos condôminos em discutir sobre eventual alteração da convenção e não sendo a assembleia convocada pelo síndico, aqueles podem convocá-la, desde que reúnam assinatura de um quarto dos condôminos (art. 1.450, § único, e art. 1.355). Segundo levantamento informal do Departamento Jurídico do Secovi, os temas mais comuns de convenções em desconformidade com os tempos modernos são: percentual de multa superior ao determinado pelo Código Civil; quórum para aprovação de obras; valor de penalidade imposta ainda em BTN, ORTN etc.; falta de registro da própria convenção, o que pode impedir o cumprimento de determinadas obrigações legais. No Condomínio Balassiano, na Zona Norte, a Convenção é de 1985, mas o texto continua relativamente atual, de acordo com o síndico Lauro Gracílio de Oliveira, que cuida do condomínio há 10 anos. No prédio de quatro andares e 16 apartamentos, administrado pela CIPA, o documento já permitia, por exemplo, a presença de animais de pequeno porte. “A convenção é moderna, tem pouquíssima coisa para

atualizar”, diz o gestor de 65 anos, reforçando que as modificações no texto ainda dependem de consulta de preços para o serviço de consultoria jurídica. “Ainda não mexemos, mas a ideia é apenas atualizar de acordo com o Código Civil, principalmente no que diz respeito à multa por infração a certas regras, baseada no salário mínimo. A sugestão seria que a penalidade fosse proporcional à cota condominial, atualmente em R$ 659, assim o texto fica atemporal”, comenta Oliveira. “De qualquer forma, a multa será sempre nosso último recurso porque privilegiamos o diálogo. Não queremos ganhar dinheiro, e sim educar.” No Condomínio Picasso, também na Zona Norte, a síndica Maria Helena Rodrigues Tavares, que é advogada, também elogia a convenção, de 1973: “Somos felizes porque o documento tem um excelente conteúdo, apesar de antigo. Revisamos apenas coisas básicas e importantes”, comenta ela, que resolveu dar uma olhada mais minuciosa no texto logo que assumiu a função, em 2014. “Levei o assunto para a reunião da assembleia e mostrei que era importante a adequação ao Código Civil. A convenção é um documento valioso porque contém as normas que deverão ser seguidas para manter a ordem e o bem-estar para as gerações futuras. Minha gestão vai acabar, mas o condomínio continua. O clima agradável em que vivemos hoje, sem conflitos, pode não ser o mesmo no futuro. Por isso a importância de deixar as regras bem claras e calçadas na lei”, pondera a síndica, que conta com a ajuda da CIPA na administração do condomínio com 13 andares e 26 apartamentos.


Uma das modificações, segundo a gestora, diz respeito à lixeira. “Antigamente o lixo produzido nos apartamentos era queimado em local especificamente destinado para essa finalidade. Com o fim da prática, foi necessário excluir o item da convenção”, explica. Até o fechamento desta edição, a nova convenção do Picasso ainda estava em fase de revisão para posterior registro em cartório. A síndica espera que, no primeiro semestre, o novo documento já esteja vigente.

O que deve estar contido na convenção do condomínio? • A discriminação e individualização das unidades de propriedade exclusiva, estremadas uma das outras e das partes comuns. • A determinação da fração ideal atribuída a cada unidade, relativamente ao terreno e às partes comuns. • O fim a que as unidades se destinam.

• A quota proporcional e o modo de pagamento das contribuições dos condôminos para atender às despesas ordinárias e extraordinárias do condomínio, inclusive o fundo de reserva, que se encaixa entre as últimas. • Sua forma de administração. • A competência das assembleias, a forma de sua convocação e o quórum exigido para as deliberações. • As sanções a que estão sujeitos os condôminos ou possuidores. • Para mudanças posteriores em seu texto, é preciso aprovação de titulares de dois terços das frações ideais, em assembleia.

Passo a passo: como alterar a convenção? • Elabore uma minuta para que todos apresentem sugestões de alteração da convenção (com prazo para respostas). • Faça uma segunda minuta com as devidas alterações e repasse-a para os inte-

ressados antes da assembleia. • Se possível colha procurações específicas para aprovar a nova convenção após todos se certificarem do teor do acordo a ser aprovado. • Marque a assembleia após ter os dois terços de procurações por meio de edital preciso. • Finalmente aprove a nova convenção (rerratificação).

Registro das alterações Para tornar as alterações da convenção válidas para terceiros (não condôminos), elas devem ser averbadas no cartório de Registro de Imóveis (artigo 1.333), onde a convenção original está registrada. Esse recurso garante a publicidade do ato. Serviço

Abadi – 2533-2858 Secovi – 2272-8000

ABR_MAI_JUN 2015

35


Mercado

Dez entre 18 bairros registraram queda no aluguel em março, diz Secovi Rio Uma pesquisa do Sindicato da Habitação do Rio de Janeiro (Secovi Rio) mostrou que 10 entre os 18 bairros analisados apresentaram queda no aluguel em março, em comparação com fevereiro. Em relação ao mesmo mês no ano anterior, a queda ocorreu em oito locais. Segundo o vice-presidente do Secovi Rio, Leonardo Schneider, o mercado de imóveis no Rio de Janeiro vive um momento de transição e reajuste. A análise tem como base apartamentos padrão de um a quatro quartos. “A gente teve uma valorização muito forte nos últimos anos, e isso está mudando um pouco, principalmente porque tem muito mais oferta no mercado e a demanda está retraída. Tivemos mais imóveis entrando no mercado”, afirmou o vice-presidente. Segundo o Secovi Rio, em março de 2015, ingressaram 5.870 imóveis para aluguel. Em fevereiro, 6.086. O especialista acredita também que muitas pessoas que estavam vindo para o Rio e que queriam um imóvel para alugar desistiram por causa da retração econômica. “Muitos compraram imóvel para investir; então, colocaram esse bem para alugar para ter uma renda. E, ao mesmo tempo, do lado da demanda, houve retração. O preço, com certeza, deve ter influenciado, além da questão econômica; não só preço, mas renda, o próprio momento de incerteza, acabam retraindo um pouco”, completou Schneider.

36

www.condominioetc.com.br

Centro e Gávea: maior queda O Centro do Rio foi o local que apresentou a maior queda em março, na comparação com o mês imediatamente anterior, com um recuo de 9,68%. Em relação ao ano passado, no entanto, a Gávea, na Zona Sul, registrou retrocesso de 6,81%. “Ali você vê que tinha sido valorizado nos últimos anos. A Gávea subiu porque tem a expectativa de metrô e é uma alternativa interessante aos altos preços da Zona Sul, como Leblon e Ipanema. E, agora, de um ano para cá, é como se fosse uma onda.”

Recreio cresce Na contramão desse cenário de queda, o Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste, foi o bairro que teve a maior procura, apresentando a maior alta, 2,64%, em comparação com fevereiro deste ano. “O Recreio é um bairro no qual você tem muita opção. Enquanto na Barra [da Tijuca] os preços são mais altos, as pessoas que não compraram na Barra buscam o Recreio como alternativa. E todos aqueles investimentos na região da Salvador Allende acabam impactando positivamente, geram essas ondas. E acabam refletindo no preço do aluguel”, ressaltou. Em relação a março de 2014, o Flamengo, na Zona Sul do Rio, foi o bairro que apresentou a maior alta no aluguel, com

7,12%. “É um bairro nobre, perto do Centro, tem comércio, escola e metrô. E comparado com Botafogo, Lagoa e Ipanema, apresenta valor mais acessível”, justificou.

Centro também tem queda na venda O Centro da cidade também foi o bairro que apresentou o maior recuo nas vendas, em relação a fevereiro de 2015, -1,26%. Na comparação anual, a Lagoa, na Zona Sul, registrou a maior queda, -1,44%. “O preço [de venda no Centro] teve momentos de ajuste um pouco mais fortes. De retração, mais tempo para você vender o imóvel. A Lagoa não é o topo [de procura], como Ipanema e Leblon. Ela acaba sendo um bairro de alto luxo, mas é a opção B do cara que quer morar em Ipanema, Leblon. Na Lagoa, o cara sente essa retração”, afirmou. Apesar de não ter apresentado um número mínimo no aluguel, Bangu foi o bairro que registrou a maior alta em relação a março de 2014, 29,25%, seguido do Centro da cidade, com 8,16%. Recreio foi o bairro com maior procura em comparação a fevereiro, 5,5%. “Bangu é aquele efeito cascata, mas porque, na verdade, acaba; enquanto outros bairros estão desvalorizando, lá está valorizando, até subir o preço, já tem esse evento cascata. É muito mais barato É o cascata”, concluiu. Fonte: G1.


ABR_MAI_JUN 2015

37


NOTAS

Fórum ABADI da Água O ano de 2014 foi o mais quente registrado no planeta, de acordo com a Organização Meteorológica Mundial (OMM), órgão especializado das Nações Unidas. Já no Brasil, o país vive uma das piores crises hídricas de sua história. Por isso, cuidar bem da água e usá-la com sabedoria é uma necessidade urgente. Afinal, esse insumo tão precioso está cada vez mais escasso e pode representar uma conta vultosa nas despesas do condomínio. No entanto, é preciso a colaboração de todos para que esse recurso seja utilizado de maneira eficaz e consciente. Ciente de que a água representa uma das maiores despesas nas contas dos condomínios, a Abadi realiza, em 8 de maio de 2015, das 13h às 18h, no Auditório da Bolsa de Valores do Rio, o Fórum ABADI da Água. Um evento pensado para contribuir

38

www.condominioetc.com.br

com ações que visem reduzir o consumo de condomínios e administradoras de imóveis em momentos de crise. Existe uma razão para a crise hídrica no país? Quais as ações que geram economia de água? É possível usar água da chuva no condomínio? Essas e outras questões serão abordadas por especialistas como Adilson Roque dos Santos, arquiteto urbanista, paisagista e doutor em ecologia urbana

pela UERJ, e Mário Moscatelli, biológo e mestre em ecologia pela UFRJ. Inscrições abertas a partir do dia 30 de março em www.abadi.com.br ou pela ficha de inscrição da mala direta. Mais informações pelo telefone (21) 2217-6950. Ingresso solidário: leve um quilo de alimento não perecível, que será doado a instituições de caridade. E lembre-se: menos de 1% da água de todo o planeta é doce e está disponível para o consumo humano. Faça a sua parte!

Serviço

Data: 8 de maio 2015 Horário: das 13h às 18h Local: Auditório da Bolsa de Valores Praça XV, nº 20 – Centro do Rio


ABR_MAI_JUN 2015

39


40

www.condominioetc.com.br


ABR_MAI_JUN 2015

41


Atualidade por RENATA FERNANDES

Carrinhos e bicicletas elétricos vieram para ficar Além de conforto para os moradores, esses meios de transporte são econômicos e sustentáveis São apenas alguns metros de caminhada, mas só quem precisa cumprir o trajeto sabe o que é ter que andar com o sol do verão na cabeça e as altas temperaturas escaldando a pele. São só 10 minutos, mas, no verão carioca, isso pode significar um desgaste físico considerável para idosos e crianças. Foi por isso e pensando no conforto, na saúde e no bem-estar dos condôminos que alguns síndicos resolveram adotar transportes internos. No Condomínio Life, por exemplo, carrinhos (como aqueles que percorrem campos de golfe) transportam os moradores do prédio até a balsa, que atravessa um canal e leva todos à praia nos fins de semana. O mesmo transporte garante um tranquilo passeio da porta de casa até o shopping mais próximo e leva as crianças às escolas da vizinhança. Outros condomínios seguem a mesma tendência. Porque conforto (é claro!) é bom e todo mundo gosta. Sérgio Pitanga, síndico do Condomínio Sunshine, está rindo de orelha a orelha. É que sua atuação anda superfestejada pelos moradores de lá. No último verão, ele contratou, de forma experimental, um serviço de transporte interno. “Meu condomínio tem uma balsa que leva os moradores até a praia, mas, para chegar a ela, há uma cami-

42

www.condominioetc.com.br

Paulo Piniel, diretor da eBike Store, vende e aluga bicicletas elétricas. “O tempo de carregamento total das baterias varia de quatro a seis horas. Importante mencionar que, nesses tempos de energia cara, uma recarga representa em média R$ 1 na conta de luz

nhada de uns 10 minutos. Com esse sol, é muito quente fazer esse trajeto”, explica o síndico. Os idosos comemoraram. Mas não apenas eles. Jovens, crianças e moradores em peso adoraram a medida. O resultado é que Pitanga estendeu o contrato para o ano todo.

O carrinho fica parado em um ponto específico e, quando algum morador o solicita, ele faz um dos três trajetos estipulados (balsa, shopping ou colégio). Isso tudo diariamente, das 7h às 19h, com só uma hora de parada para o almoço do motorista. É para amar mesmo tanto conforto,


Os carrinhos elétricos viraram sensação nos condomínios da Barra da Tijuca. Eles têm multifunções. Podem ser usados para recolher lixo, transportar carga, animais, fazer serviços de jardinagem ou de estocagem de produtos

não? “O pessoal adorou e não quer que eu tire mais”, afirma o síndico. Pitanga fez todas as contas e planejamento para que o carrinho não pesasse no bolso do morador. “O motorista é o que sairia caro, já que o aluguel do carrinho por um ano sai por R$ 1.600 por mês. Peguei dois funcionários e os coloquei como motorista. Se quisermos estender a história, posso treinar alguém e contratar só para isso”, conta. Alexandre Estrela, diretor da empresa Car Station, especializada em aluguel de carrinhos, explica que o transporte é dos mais econômicos. “O contrato com o condomínio pode ser mensal, semestral ou anual. Toda a manutenção fica por conta da empresa, só não incluímos mau uso. O carro não faz barulho, é ecologicamente correto, não necessita de habilitação para dirigir, a velocidade vai até, no máximo, 30 km/h e gasta menos que uma geladeira”, afirma o diretor, lembrando que, como o

transporte é elétrico, pode ser carregado na tomada. São oito horas de carga para cada oito horas de uso. Estrela atesta que o transporte virou sensação nos condomínios da Barra da Tijuca. E o carro tem multifunções. Pode ser usado para recolher lixo, transportar carga, animais, fazer serviços de jardinagem ou de estocagem de produtos. Para cada uso é possível fazer uma customização diferente. “Você pode personalizar, customizar. O carrinho funciona como um Lego”, diz. O custo mensal, segundo o diretor da Car Station, pode variar de R$ 1.600 a R$ 2.200, dependendo da customização. No Condomínio Life, o síndico Sullivan Rodrigues garante que a solicitação do transporte interno partiu dos próprios moradores. “Serve para a locomoção das pessoas mais idosas e dos convidados”, exemplifica. Por lá, há três carrinhos circulando. Um deles atende às demandas de manutenção e conservação do condo-

O carro não faz barulho, é ecologicamente correto, não necessita de habilitação para dirigir, a velocidade vai até, no máximo, 30 km/h e gasta menos que uma geladeira

ABR_MAI_JUN 2015

43


44

www.condominioetc.com.br


Sérgio Pitanga: o carrinho elétrico foi contratado inicialmente de forma experimental, mas o sucesso foi tanto que já faz parte do dia a dia do Condomínio Sunshine

mínio, os outros estão reservados para o transporte de moradores e visitantes. “Hoje utilizamos o carro por demanda, todos os nossos moradores já sabem que temos o serviço e interfonam para a portaria para solicitá-lo”, diz. Por lá o serviço já está estabelecido e os condôminos nem pensam em abrir mão do conforto. “Os moradores usam bastante. O condomínio é muito grande e temos chamadas constantemente para a utilização dos carrinhos”, conta o síndico. Os carros como os usados nos campos de golfe são os mais populares para o transporte interno e acomodam, em média, seis pessoas, dependendo do modelo escolhido. Mas existem outras opções. Paulo Piniel, diretor da eBike Store, aluga bicicletas elétricas. O serviço é comum em hotéis e clubes, mas também pode ser utilizado em condomínios. A lógica é a mesma dos carrinhos: um valor fixo mensal e a manutenção por conta da empresa, exceto quebras e produtos danificados por mau uso, que são cobrados à parte. O valor varia muito, dependendo da quantidade de bicicletas contratadas,

o modelo solicitado e até o perfil do usuário. O melhor, então, é traçar um planejamento entre cliente e empresa. “A quantidade de bicicletas contratadas vai variar de acordo com a necessidade de cada condomínio. O ideal a meu ver seria medir essa necessidade aos poucos, começar com um número reduzido e ver a aceitação e a satisfação das pessoas”, aconselha Piniel. O gasto com o uso é mínimo, já que as bicicletas são elétricas. “O tempo de carregamento total das baterias varia de quatro a seis horas, em voltagem de 110 a 220. Importante mencionar que, nesses tempos de energia cara, uma recarga representa em média R$ 1 na conta de luz. É um gasto muito baixo para o rendimento que pode proporcionar”, afirma. Pitanga e Sullivan comemoram a satisfação que a medida vem proporcionando aos moradores. O transporte interno virou sinônimo de conforto e qualidade de vida. Depois dos ônibus privados, que levam para diferentes locais da cidade, os carrinhos são a alternativa para que os moradores de grandes condomínios circulem com tranquilidade pela comunidade. ABR_MAI_JUN 2015

45


Sullivan Rodrigues, do Condomínio Life: os carrinhos elétricos são usados para o transporte de moradores e para demandas do condomínio

Transporte que não pesa no bolso, mas agrada em cheio Contratar um transporte interno para amenizar as caminhadas dos moradores dentro do próprio condomínio pode não representar um aumento no custo mensal ou gastos extras. O serviço costuma ser contratado por pacote. É possível escolher o aluguel mensal, semestral ou anual. Quanto mais tempo, mais barato vai ficando o pacote. Faça uma pesquisa para definir a melhor empresa ou veículo para atender às necessidades do condomínio. Outra dica é contratar um serviço que se encaixe exatamente às necessidades do condomínio. Os carrinhos podem ser customizados. Se a intenção é levar os surfistas, por exemplo, é possível deixar espaço para a prancha. Se há muitos idosos com necessidades especiais, há espaço para a cadeira de rodas. Se os veículos vão levar crianças para alguma escola próxima, tem local para a mochila. E se a intenção é apenas levar passageiros, o ideal é um veículo que acomode mais pessoas de forma confortável. Geralmente, um só carrinho já atende, mas isso depende do tamanho do condomínio. Ele pode ficar circulando pelos trajetos escolhidos de acordo com a demanda de passageiros. Outra opção econômica é, em vez de contratar motorista, designar alguém do próprio condomínio para a 46

www.condominioetc.com.br

tarefa. Se o serviço for permanente, aí vale pensar em contratar alguém, o que pode sair mais econômico do que incluir o gasto do profissional no pacote de aluguel. Os veículos elétricos, tanto os carros de golfe quanto as bicicletas, não costumam ultrapassar a velocidade de 30 km/h, o que facilita o manuseio. Como os veículos são elétricos, o custo de combustível costuma ser pequeno. Segundo Paulo Piniel, para a recarga de uma bicicleta elétrica, o gasto é equivalente a R$ 1 cada seis horas ligada à tomada. Já os carrinhos precisam de oito horas conectados à tomada para que circulem pelo mesmo espaço de tempo. Os veículos podem ganhar a logomarca do condomínio ou o nome do prédio, por exemplo. Defina também trajetos fechados, para que o veículo circule sempre pelos mesmos espaços, o que pode deixar o serviço mais eficiente. Depois de tudo pronto, é só aproveitar o trajeto. Os moradores comemoram e agradecem. Serviço Car Station carstation.com.br | tel.: 3878-4000 eBike Store tel.: 2523-4315


Jurisprudências 0014037-23.2007.8.19.0021 APELAÇÃO. 1ª Ementa. DES. RICARDO COUTO – Julgamento: 3/10/2012 7a CÂMARA CÍVEL. Apelação cível. Remoção de magistrado, inexistência de vinculação. Condomínio. Queda de pastilhas. Danos material e moral. I - Remoção do juiz que presidiu a AIJ que caracteriza “afastamento por qualquer motivo”, exceção ao princípio da identidade física do juiz mencionada no art. 132 do CPC. Inexistência de vinculação. II - Assinatura eletrônica na forma da Lei 11.419/06, a afastar a irregularidade da sentença alegada pela ausência de assinatura de próprio punho. III - Responsabilidade pelo fato da coisa. O condomínio é responsável pelo dano causado pela queda de pastilhas da fachada do prédio, quando a rede colocada se mostra ineficaz como medida de proteção ao transeunte. IV Dever de reparar o dano material limitado ao valor não impugnado. Dano moral configurado e fixado consoante os princípios da proporcionalidade e da razoabilidade. V - Parcial provimento do primeiro recurso e desprovimento do segundo. 0358495-10.2010.8.19.0001 APELAÇÃO. REEXAME NECESSÁRIO 1ª Ementa. DES. RICARDO COUTO – Julgamento: 29/8/2013 – 7a CÂMARA CÍVEL. Administrativo – instalação de cortina de vidro retrátil – desnecessidade de licença. Instalação de cortina de vidro retrátil em varanda que, além de não importar em alteração da forma e da cor da fachada, das partes e esquadrias externas (art. 1.336, do Código Civil), foi devidamente autorizada pelo condomínio. Desnecessidade de li-

cença do Poder Público por não se tratar de verdadeira obra e tampouco importar em aumento na ATE (área total edificada), guardando similitude com a colocação de redes de proteção nas janelas de unidade residencial. Inexigibilidade da multa, bem como do desfazimento da modificação implementada. Sentença que se confirma. A lei não pode conferir ao administrador um poder de polícia edilício arbitrário que não guarde relação com o interesse público, mas que traga apenas entrave burocrático. Recurso a que se nega seguimento, nos termos do art. 557, do CPC. 0114581-40.2011.8.19.0001 APELAÇÃO . 1ª Ementa. DES. SIRLEY ABREU BIONDI – Julgamento: 26/3/2014 – 10a TERCEIRA CÂMARA CÍVEL. Ação de obrigação de fazer. Instalação de cortinas de vidro na varanda. Sentença de procedência, favorável ao condomínio autor. Inconformismo dos réus. Inexiste alteração da fachada do edifício ou qualquer comprometimento do embelezamento do prédio. Introdução de cortina de vidro retrátil que não altera a harmonia arquitetônica da fachada. A concordância de retirada da cortina de vidro na assembleia não é uma confissão, ou seja, não quer dizer que não possa ser alvo de arrependimento, até porque não se trata de deliberação que dependa de aprovação dos demais condôminos. O sistema utilizado pelos réus permite sua abertura ou fechamento exatamente como uma cortina ou um toldo, não se tratando de um fechamento definitivo, este sim vedado inclusive pelo município. Aplicação do disposto no art. 5º da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro. Inocorrência

de violação à cláusula da convenção, que menciona expressamente o fechamento da varanda, o que não se confunde com instalação de cortina de vidro, que corresponde à rede de proteção para crianças e animais, persianas, painéis, cortinas de pano e não altera a fachada. Precedentes deste sodalício. Inversão dos ônus de sucumbência. Provimento do recurso para julgar improcedentes os pedidos. 0150451-54.2008.8.19.0001 APELAÇÃO . 1ª Ementa DES. FERDINALDO DO NASCIMENTO – Julgamento: 19/10/2011 – 19a CÂMARA CÍVEL. Choque elétrico em parque infantil. Dano moral configurado. Inquestionável a obrigatoriedade da concessionária em adotar as providências necessárias no sentido de garantir a segurança das pessoas, fiscalizando rotineiramente o serviço prestado à coletividade, de modo a evitar eventos como os narrados na petição inicial. Manutenção da sentença. 0002194-80.2006.8.19.0026 APELAÇÃO. 1ª Ementa DES. GUARACI DE CAMPOS VIANNA – Julgamento: 5/4/2011 – 19a CÂMARA CÍVEL. Apelação cível. Acidente ocorrido nas dependências de clube social. Alegação de ilegitimidade passiva em razão de estar o local alugado a terceiros. Responsabilidade solidária. Manutenção de parque infantil sem a devida segurança. Mutilação de parte do dedo da criança. Responsabilidade configurada. Dano moral e material. Recurso desprovido.

ABR_MAI_JUN 2015

47


Condomínio POR Lia Rangel

Qual o limite da estética? Redes de proteção e fachadas de vidro já são realidade no Rio de Janeiro, mas há limite na escolha desses itens

Vanessa Leal pesquisou muito antes de instalar a fachada de vidro em seu condomínio

48

www.condominioetc.com.br

Muito se fala sobre a necessidade de condomínios acompanharem as tendências de embelezamento e segurança que fazem sucesso no setor e, assim, implementarem mudanças que mexam com a estética do condomínio. Mas até onde isso é possível? Para fazer qualquer obra que impacte a estrutura do condomínio é importante que o síndico verifique a viabilidade estrutural e financeira dela. E para estar com as contas em dia, o apoio de uma boa administradora é fundamental nesses momentos de transformação. De acordo com o Código Civil, são proibidas alterações na fachada ou nas áreas comuns, mas existe a possibilidade de incluir a alteração na


convenção do condomínio e, assim, validá-la. No entanto, muitos condomínios permitem algumas alterações depois de aprovadas em assembleia. É importante que, antes de iniciar esse tipo de obra, o síndico esteja ciente sobre o que a convenção diz a respeito da alteração que se pretende fazer. Se quem dita a moda feminina, atualmente, são as chamadas it girls – personalidades que transformam tudo que consomem em moda –, os “it síndicos” estão aí para provar que, além de dar uma nova roupagem ao condomínio, conseguem o mais importante nos dias de hoje: aliar segurança a isso. É o caso de Vanessa Leal, que foi síndica do Condomínio Fonseca, na Zona Sul da cidade, por seis anos. O condomínio, de um único prédio, foi construído nos anos 1970 e sua estrutura acompanhava o que havia sido projetado inicialmente. A ex-síndica conta que trocou as grades de ferro que cercavam o condomínio por uma fachada de vidro, que é a nova tendência em construções e reformas. “A obra foi realizada no início de 2013, e o que nos motivou foram questões estéticas e de segurança. As grades, muito antigas, enferrujavam e davam muito trabalho. Além disso, nossa rua é bem escura, e o jardim do condomínio tinha plantas muito altas, isso até dificultava a visão dos porteiros. O vidro é mais clean e permite que os porteiros tenham melhor visão da rua e de quem está entrando e saindo do condomínio”, explica. Os muros ou fachadas de vidro consistem em painéis de vidro instalados em estruturas de alumínio, alvenaria ou madeira que substituem os tradicionais muros de concreto ou as grades de ferro ou alumínio que cercam o condomínio. Os vidros podem ser laminados ou temperados, de acordo com Valter Lima, sócio da Vidraçaria Nova Ebenézer, que atende todo o Rio de Janeiro e presta todos os serviços referentes a vidraçaria. “Essa fachada pode ser feita tanto de vidro laminado quanto temperado. No laminado, a segurança é maior, pois, se acontecer de ele ser atingido por alguma coisa, ele não se espalha pelo

ambiente, apenas estilhaça, enquanto o temperado desmonta. Essa tendência começou a pegar, no Rio, há uns oito anos, mas se intensificou há cerca de quatro anos, e os lugares onde mais fazemos esse tipo de instalação são na Barra e na Zona Sul”, explica. Vanessa conta que aprovou a substituição em assembleia para não ter problemas. “Tivemos uma única moradora que não concordava com a troca, pois achava que o prédio chamaria mais atenção e seria alvo de assaltos, mas, antes de levar a proposta para os moradores, pesquisei sobre o assunto, fui a outros condomínios para saber se o vidro era muito frágil e quebrava com facilidade, se dava trabalho, se chamava mais atenção; mas nos quatro prédios que visitei para tirar dúvidas, eles foram unânimes em dizer que se sentiam mais seguros e que estavam satisfeitos com a substituição”, conta. Segundo Valter, existem três cores de vidro utilizadas com mais frequência, o transparente, o fumê e o esverdeado. Ainda segundo o sócio da vidraçaria Ebenézer, a manutenção desse tipo de fachada é outro ponto positivo. “Bastam água e sabão para os vidros ficarem limpos, mas é aconselhável que se use um pano para secar, após a limpeza”, explica. Vanessa concorda com Valter e comenta que a substituição ainda trouxe economia com a conservação. “A manutenção do tubo de alumínio é feita basicamente com vaselina líquida, e a limpeza dos vidros, com produtos de limpeza. Antes, a cada dois anos, era preciso raspar toda a estrutura, tirar a ferrugem, passar zarcão e pintar novamente; agora é só limpar”, diz a síndica, que acabou influenciando outros condomínios em sua região. “Essa substituição repercutiu muito positivamente, tanto que o síndico de um condomínio que fica na frente do nosso veio agradecer, pois eles estavam se sentindo mais seguros, já que também colocamos pontos de LED intercalados em metade dos painéis. Cerca de seis meses depois, eles também substituíram suas grades por fachada de vidro”, conta orgulhosa.

ABR_MAI_JUN 2015

49


No condomínio do síndico Saulo Moura, as redes seguem o padrão da cor das esquadrias

Redes de proteção. Afinal de contas, pode ou não pode? Muito se discute sobre a instalação de redes de proteção nas janelas dos apartamentos. Pais de crianças pequenas e donos de animais, como gatos e cachorros, são quase unânimes em querer a proteção, mas nem todos os condomínios aceitam a instalação com facilidade. Isso acontece porque muitas pessoas entendem que a instalação das redes configura alteração de fachada. Quem vence essa, a proteção ou a estética? Os juristas há muito já entendem a utilização das redes como uma questão de segurança. O que o condomínio pode e deve padronizar é o formato e a cor que podem ser usados, para não haver discrepâncias. Segundo Luís Cláudio dos Santos Terra, sócio da empresa Acquaredes, que atende o Rio de Janeiro, prédios novos já vêm com as redes de proteção instaladas.

50

www.condominioetc.com.br

“Hoje a maioria dos prédios novos já vem com a cor padrão definida antes mesmo da eleição do síndico, escolhida pelos arquitetos do empreendimento. Eles levam em consideração a cor que vai afetar menos a fachada, se tornando, assim, uma proteção invisível e sem impacto na fachada do prédio. Existem cinco cores disponíveis. Entretanto, a mais usada ainda é a cristal (branca), seguida da areia (bege), marrom, preta e cinza (prata). A cor geralmente depende da fachada do prédio. Atualmente se leva muito em consideração a cor da esquadria de alumínio ou do revestimento usado”, diz. As redes de proteção são formadas por um conjunto de malhas não metálicas entrelaçadas e sua função é evitar que crianças, animais e objetos de pequeno porte caiam ou sejam lançados do apartamento.

As redes também conferem maior segurança às pessoas que circulam perto do prédio, pois, dessa maneira, elas não são atingidas por algo que caia acidentalmente de alguma unidade. “As principais vantagens das redes são a segurança que proporcionam a crianças, idosos e animais domésticos, a tranquilidade para os responsáveis, já que evitam situações desagradáveis e possíveis acidentes”, explica Luís Cláudio. Saulo Moura, síndico do Condomínio Concorde II, localizado na Zona Sul do Rio de Janeiro, conta que, no condomínio que administra há cerca de um ano, as redes não têm uma cor definida, mas, normalmente, seguem o padrão da cor das esquadrias. “O bom senso foi utilizado por parte dos moradores na escolha da cor (marrom), que atendeu à harmonia da cor da fachada”, diz. Segundo Saulo, é aconselhável que os condomínios façam constar do regulamento interno a cor de redes que desejam que seja utilizada. “E isso é muito simples. Numa assembleia, pode ser decidido pela maioria presente. Esse procedimento é interessante para evitar discrepâncias na escolha das cores”, explica.

E a Justiça, o que diz? O síndico Saulo Moura explica que o Código Civil não esclarece com exatidão, nem enumera as hipóteses do que se pode compreender como alteração de fachada. “Todavia, a instalação de telas/grades de proteção em janelas e sacadas de edifícios tornou-se uma prática comum, pois cumpre, de forma eficaz, a função protetiva, a baixo custo e sem alterar muito a fachada dos edifícios ou agredir o estilo arquitetônico das construções, ainda que fixada


externamente. A disposição do art. 1.336, inciso III, do Código Civil, não deve ser interpretada literalmente, mas segundo seu fim, que é preservar a harmonia arquitetônica e a estética do prédio. Com efeito, os procedimentos anteriores são muito mais nítidos e acentuados como modificativos de uma fachada do que a instalação de telas, que visam à proteção de pessoas e animais, e, mesmo assim, têm sido aceitos pela maioria dos doutrinadores e pela jurisprudência, apesar de não ser pacífico o entendimento. Deve-se colocar em destaque o fator segurança, que tem que prevalecer sobre a beleza de um conjunto arquitetônico, até porque, em tese, telas de proteção, ainda que sejam instaladas na parte externa da janela, na minha opinião, não parecem comprometer a fachada do edifício”, explica. Segundo especialistas, a Justiça tem entendido que a preservação da vida se sobrepõe à proibição de alteração de fachada, mas, mesmo com a finalidade de proteção, as redes podem, e devem, ser padronizadas para evitar que a fachada fique comprometida esteticamente.

Quando a estética ameaça à vida Em dezembro do ano passado, cerca de 200 periquitos verdes de asa branca foram encontrados mortos nas proximidades de um condomínio na Zona Centro-Sul de Manaus. A suspeita é que, para afastar os pássaros e proteger as árvores, tenham colocado veneno nas redes que cobriam as copas das palmeiras localizadas dentro do condomínio. As redes haviam sido instaladas em 2012, sob a alegação de que os periquitos estavam prejudicando a copa das palmeiras imperiais do condomínio, pois elas ficariam deformadas já que os animais dormiam ali. A ideia era que as redes permanecessem no local apenas por dois meses, mas, após dois anos, ainda estavam lá. Além de prejudicar os animais, as próprias palmeiras estavam maltratadas, com a folhagem escurecida, pois as redes atrapalhavam a fotossíntese plena da planta.

Uma ação dos bombeiros resgatou as aves que estavam presas nas redes e retirou, por ordem do Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam), todas as redes instaladas. Segundo Luís Cláudio, da Acquaredes, o uso de redes com esse propósito não é comum no Rio de Janeiro. “Aqui no estado não se utilizam redes com esse objetivo. Além das redes de proteção nos apartamentos, já instalamos muitas em estacionamentos, escolas e pátios, para proteger carros, telhados ou pessoas de frutos que venham a cair de árvores. Nós instalamos as redes para proteger sempre”, explica. Serviço

Acquaredes – tel.: 3276-8853 Vidraçaria Nova Ebenézer – tel.: 3272-5863

ABR_MAI_JUN 2015

51


Manutenção por Renata Fernandes

No colégio Bahiense Educação Infantil, as crianças adoraram o novo tom

Nos tons do arco-íris Ainda causa estranheza. Em praças, escola, condomínios e clubes os parquinhos vêm ganhando um visual ainda mais colorido. É que os responsáveis pelos locais estão escutando o conselho de especialistas e, em vez de trocar a areia tradicional pela grama sintética, têm mantido o tanque de areia para que as brincadeiras com baldes, fôrmas e pás não caiam em extinção. Mas os grãos não são mais como os de antes. A areia ganhou cores distintas: azul, verde, coral. Uma gama enorme de tons. E, segundo os fabricantes, é hipoalergênica, tratada e muito mais fácil de limpar. Os pais ficaram mais tranquilos com a notícia e as crianças comemoram com muitas brincadeiras. O arquiteto Marcello Magdaleno observou de perto a mudança que a areia colorida, que vem sendo usada nos parquinhos da cidade, provocou na vida das crianças do condomínio de seus pais na Barra da Tijuca. Todos os fins de semana ele leva os filhos para brincar no local, que conta com dois parquinhos, um no clube e um no bosque. Os dois tinham a área toda coberta por areia e seus filhos sempre brincavam com pouquíssimas crianças, quando não eram os únicos. Há cerca de um

52

www.condominioetc.com.br

ano, os parquinhos entraram em reforma. Ganharam brinquedos novos, é verdade, mas a maior diferença ficou por conta do revestimento. Nos dois espaços saiu a areia toda, entrou uma grama sintética cobrindo boa parte da área, mas permaneceu um tanque de areia para os pequenos brincarem com pás e baldes, só que ela é azul! O impacto nos moradores? “Agora os parquinhos vivem lotados. Conversando com outros pais, notei que eles não deixavam seus filhos brincarem no local com medo das fezes dos bichos que vivem por perto, como os gatos da região. Agora, todo mundo sabe que ela é tratada e não causa alergia”, conta Marcello, que viu seus filhos fazerem muita amizade dentro do condomínio. “Pela primeira vez, eles têm amiguinhos. Estão todos frequentando. Batemos ponto todo fim de semana e acho que os pais aprovaram em peso”, comemora. Cada vez mais os parquinhos da cidade ganham areias coloridas. Clubes, escolas e condomínios estão aderindo à novidade. É o caso da escola Bahiense Educação Infantil, na Barra da Tijuca. No ano passado, a direção resolveu modernizar e reformar todo o parquinho e, no tanque de areia, optou

pelos grãos cor de turquesa. A cor atrativa agradou os pequenos alunos em cheio. “As crianças ficaram encantadas na inauguração. É verdade que, ao término do uso, os pezinhos também saem coloridos, mas nada que uma rápida limpeza não resolva”, afirma a psicóloga da escola Esther Fialho. Segundo Esther, o colégio nunca cogitou a hipótese de retirar o tanque de areia do local de diversão. Isso porque há benefícios em sua manipulação. Brincando com a areia os pequenos desenvolvem uma série de habilidades. “Sempre tivemos o tanque de areia na escola por acreditarmos no prazer que seu manejo oferece às crianças e em sua importância para o desenvolvimento psicomotor delas. Ao brincar e sentir a textura da areia, elas exercitam várias habilidades, como o controle de bracinhos, mãos e dedos; desenvolvem conceitos como cheio e vazio; dentro e fora; muito e pouco e conceitos como conservação de quantidade. Além disso, os estudantes são estimulados socialmente pela necessidade de dividir os brinquedos ou construir brincadeiras em cooperação”, explica. A pediatra Flávia Arana concorda. Segundo a médica, existe um lado muito be-


néfico nesse tipo de brincadeira que deve ser estimulado. “Brincar com areia é altamente recomendável do ponto de vista do crescimento e desenvolvimento infantis. Proporciona diferentes sensações (profundo e raso; seco e molhado; quente e frio; cheio e vazio); favorece a coordenação motora e a percepção corporal (enterrar os pés ou partes do corpo); estimula a criatividade e favorece a atividade em grupo (crianças se juntam para criar ‘projetos’: bolos, estradas, castelos etc.)”, conta. Até mesmo quando a criança se sente incomodada com a areia, ela está aprendendo, já que é uma forma de ela saber como lidar com adversidades. O problema é quando o parquinho não conta com a higiene adequada ou é constantemente visitado por gatos e cachorros, que querem fazer da área seu banheiro. “Se não for protegida do acesso de animais, a areia pode ser contaminada com fezes de gatos e cachorros, assim como urina de ratos. Esses animais são responsáveis pela transmissão de doenças, como toxoplasmose, larva migrans (bicho geográfico) e leptospirose. A contaminação por fungos também pode ocorrer, causando micoses nas crianças. As mães devem se informar a respeito da manutenção e limpeza da areia onde seus filhos brincam”, aconselha a médica. No local onde mora, os parquinhos também receberam a areia colorida. E preocupada com a qualidade do produto, a médica foi se informar sobre

suas propriedades. Por enquanto, ela aprova a mudança. “Em relação à areia colorida, existem algumas vantagens. Além de ser visualmente atrativa, seus grãos possuem superfície arredondada, reduzindo o incômodo ao pisar e a chance de ocorrência de lesões nos pés. Segundo os fabricantes, a areia pode ser lavada, não desbota, é feita de material atóxico e antialérgico e recebe proteção antifungo. Porém, vale lembrar que ela deve ter a mesma atenção no que se refere à limpeza e manutenção do que a tradicional”, diz. Segundo Bianca Ribeiro, da Fábrica de Textura, empresa que comercializa a areia colorida, o grande diferencial está no tratamento do material. “A pigmentação é hipoalergênica e recebe um processo no qual é lavada e vai ao forno em alta temperatura, para eliminar fungos e todo tipo de bactérias”, afirma. As cores são variadas e as mais comuns são azul, roxo e coral. Os tons mais vibrantes ainda têm a função de afastar os animais. A manutenção? “É simples. É preciso somente uma lona para cobrir essa areia, que protege contra os efeitos do sol e da chuva e de animais que possam sujar o local”, ensina. A principal vantagem da areia colorida é fazer com que as tradicionais brincadeiras infantis não acabem com a mudança do revestimento para simplesmente grama sintética. Vida longa aos kits de praia. Eles vão continuar visitando os parquinhos da cidade!

Como manter o areal limpo A pediatra Flávia Arana fez uma lista de tratamentos para que o espaço de brincadeiras das crianças permaneça sempre saudável. Atenção para os detalhes. É seguir as instruções e aproveitar as (muitas) brincadeiras! • O local deve possuir um sistema de drenagem para que a água da chuva não fique acumulada. • A areia deve ser mexida de tempos em tempos, alternando a parte mais profunda com a mais rasa e a ensolarada com a que permanece na sombra. • Periodicamente, a areia deve ser peneirada para a retirada de resíduos que podem machucar as crianças. • Principalmente no período noturno,

a areia deve ser coberta com manta impermeável e resistente, que impeça o acúmulo de umidade e o acesso de animais. Se a cobertura com manta não for possível, o local deve ser isolado com tela. • O exame parasitológico da areia deve ser feito, pelo menos, semestralmente. • A limpeza com solução de hipoclorito também deve ser feita, mas é necessária a interdição do espaço pelo risco de reação alérgica e intoxicação. Serviço

Fábrica de Textura (21) 3245-1305/3583-2412

ABR_MAI_JUN 2015

53


comportamento por JENIFFER MARTINS

Festas juninas nos condomínios Confraternizações são capazes de integrar famílias e fortalecer laços de amizade

Festa junina é garantia de diversão em todas as regiões do Brasil. E você sabe por que o festejo tem esse nome? A revista Condomínio etc. explica: uma das versões que esclarecem a origem da festa junina é que o tradicional evento da Igreja católica surgiu da homenagem a três santos, no mês de junho: Santo Antônio, dia 13; São João, 24; e São Pedro, 29. Por isso, festa “junina”. Outra explicação diz que a festa teve origem em países católicos da Europa e, portanto, seria em homenagem a São

54

www.condominioetc.com.br

João. No princípio, a festa era chamada de “joanina”. De acordo com historiadores, essa festividade foi trazida para o Brasil pelos portugueses ainda durante o período colonial, época em que o Brasil foi governado por Portugal. Nessa época, havia uma grande influência de elementos culturais franceses, chineses, portugueses e espanhóis: da França veio a dança marcada, característica típica das danças nobres e que, no Brasil, influenciou muito as quadrilhas; já

a tradição de soltar fogos de artifício veio da China, região de onde teria surgido a manipulação da pólvora para a fabricação de fogos; da Península Ibérica teria vindo a dança de fitas, muito comum em Portugal e na Espanha. Todos esses elementos culturais foram, com o passar do tempo, se misturando aos aspectos culturais dos brasileiros (indígenas, afro-brasileiros e europeus), nas diversas regiões do país, dando características particulares a cada um deles.


A moradora Marisa Barbosa e as comissárias de festas Ana Cristina Teixeira e Lucia Imbrosio adoram qualquer tipo de evento, principalmente festas

Hoje as tradições que fazem parte das comemorações juninas muitas vezes se estendem até o mês de agosto. As festas populares na Região Sudeste são marcadas pela realização de quermesses, que são organizadas por igrejas, colégios, sindicatos, empresas e condomínios residenciais. A fim de chamar todo mundo para um bate-papo, aproximar e animar as pessoas, cada vez mais condomínios de diversos portes vêm realizando festas juninas. Seja para confraternizar ou como alternativa para arrecadar fundos, os moradores se organizam com a administração do condomínio – às vezes por meio de comissões de eventos – para promover o arrasta-pé, que está cada vez mais popular em condomínios residenciais. A comodidade em ter na própria residência um arraial particular, com toda a segurança e infraestrutura de que os condomínios fechados dispõem, tem sido a escolha de muitas famílias para celebrar a data, além de ser uma boa oportunidade de integrar vizinhos e formar novas amizades. No Condomínio Portais do Méier, na Zona Norte do Rio de Janeiro, o arraial é famoso pela organização e animação da festa, que acontece desde 2010. O síndico Alexandre Galvão conta que foi

criada uma comissão para organizar todos os detalhes do tão aguardado evento. “A maioria dos moradores aqui do condomínio gosta de manter laços com os vizinhos, tendo em vista que nossa festa junina tem participação presencial de 90% dos condôminos.” A comissão é encarregada de programar as brincadeiras, como pescaria, boca do palhaço e pula-pula, as preferidas de crianças e adultos, e organizar as comidas típicas e bebidas, que não podem faltar. A interação entre os vizinhos do Portais é visível. O síndico conta que, no condomínio, tem uma cantina na qual diversos moradores se reúnem para um bate-papo. “Percebo que muitas amizades são formadas aqui, não só nas festas, como também no dia a dia”, diz o síndico. Mas para que a festa junina “não pipoque”, é preciso seguir algumas regras e contar com o empenho dos moradores. Selecionamos aqui algumas dicas para que seu arraial seja um sucesso. Antes de tudo, proponha uma reunião para decidir quais unidades têm interesse em participar. Lembre-se de que a festa não poderá ser realizada com recursos do condomínio, a não ser que já exista uma reserva predestinada para essas ocasiões. Aprove em assembleia uma alteração do regulamento interno para reABR_MAI_JUN 2015

55


servar certas datas do ano para comemorações específicas do condomínio. Nesses dias o salão de festas não pode ser destinado a mais ninguém. É importante que o condomínio crie uma comissão de moradores que fique responsável pela realização da festa junina, para evitar, por exemplo, que, durante a festa, as crianças consumam as bebidas alcoólicas destinadas aos adultos. Veja a possibilidade de disponibilizar barracas para instituições de responsabilidade social. Dessa forma, todos saem ganhando: o condomínio, que tem uma festa completa, e a instituição, que consegue uma verba extra. E que tal arrecadar prendas? Elas podem até valer pontos em uma gincana para a garotada. Outra dica importante para a segurança de todos é em relação aos balões e à prática de acender fogueiras e soltar fogos de artifício. Todos são muito bonitos, porém, perigosos, pois precisam do fogo. Soltar balões está cada vez mais raro, por causa das leis que proíbem essa prática, em função dos riscos de incêndio que representa. E de acordo com a major Joyce Kelly Pereira, do Quartel Central dos Bombeiros, a lei sobre soltar balões, conhecida como Lei de Crimes Ambientais, proíbe a fabricação, a venda, o transporte e a soltura de balões que possam provocar incêndios e prevê pena de até três anos. A confecção de fogueiras e a soltura de fogos de artifício devem ser realizadas por pessoas que tenham conhecimento sobre a prática e devem ser feitas em local apropriado, longe do público, de produtos inflamáveis e de fiação elétrica. “Não se deve

56

www.condominioetc.com.br

Alexandre Galvão, síndico do Portais do Méier, conta que foi criada uma comissão de festa junina para organizar todos os detalhes do festejo

O síndico Abrahão Mendonça, do Parque Lourdes, explica que as festas juninas no condomínio foram suspensas temporariamente

tentar reacender fogos que tenham falhado nem segurá-los. Explosivos e fogos de artifício oferecem grande possibilidade de dano à integridade física das pessoas. Além de queimaduras de primeiro, segundo e até terceiro graus, esses materiais podem provocar surdez, amputações e até a morte”, orienta a major. Quanto à queima de fogos em condomínios residenciais, a major Joyce explica que as normas referentes a esses artefatos

que balizam as ações do Corpo de Bombeiros seguem o Código de Segurança contra Incêndio e Pânico (Coscip) e a Lei 5.390, de 2009, que tratam sobre segurança contra incêndio e pânico das edificações e dos locais de queima de fogos. “A prática deve ser autorizada pelo Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro (CBMERJ) para que se dê com segurança.” E, por falar em segurança, é necessário prestar atenção em quem será convidado


para a festa. Alguns condomínios abrem exceções para que não moradores façam parte da confraternização, mas, infelizmente, a desordem dos visitantes pode estragar a alegria dos moradores. Foi o que aconteceu no Residencial Lourdes, que fica na Zona Norte do Rio. Há muitos anos, o condomínio – que abriga quase 300 unidades – realizava festas juninas abertas ao público em conjunto com o calendário festivo do bairro. O síndico Abrahão Mendonça conta que, neste ano, o evento não ocorrerá por motivos de segurança. “A proposta da festa era fortificar os laços de amizade e vizinhança do residencial, mas as festas ficaram famosas e o público se tornou cada vez maior pelo fato de serem oferecidos ingressos a visitantes. Aí começou a confusão – a quantidade de pessoas passou a preocupar a segurança contratada pelo condomínio”, diz Abrahão. Embora aconteçam festas juninas menores no salão do condomínio, o residencial estuda a possibilidade de voltar a realizar esses eventos somente para os moradores. “Paramos com as festas porque perdemos o controle. Agora a ideia é que elas sejam restritas aos moradores,

pois muitos condôminos pedem para que a festa volte a acontecer.” É o caso da moradora Marisa Barbosa, que há 17 anos mora no prédio e sempre frequentou as festas do condomínio. Ela, que já fez parte da comissão de festas, diz que o evento era muito animado e que as pessoas de outras ruas comentavam e esperavam ansiosamente o festejo. Atualmente, são oferecidos festejos juninos bem menores no salão de eventos, que são organizados pelas moradoras Ana Cristina Teixeira e Lucia Imbrosio, dupla responsável pela comissão de festas do Lourdes. “No modelo antigo, o arraial tinha muitas barracas em que os próprios moradores vendiam produtos feitos por eles mesmos com muito carinho.” A moradora conta que um conjunto de forró animava a festa, assim como uma quadrilha ensaiada pelos moradores, adultos e crianças. “Acho que essa tradição não pode acabar. O que deve ser feito é colocar mais limites e a grandiosa festa ser só para os moradores. Acredito que pode haver exceções, mas com muita vigilância”, declara a moradora Marisa, que cultiva muitos amigos no Lourdes.

ABR_MAI_JUN 2015

57


58

www.condominioetc.com.br


ABR_MAI_JUN 2015

59


CONDOMÍNIO por ALESSANDRA CEROY

Motivo de briga entre moradores e dor de cabeça para os síndicos, as vagas de garagem estão entre os maiores problemas dentro dos condomínios

Mais carros, menos espaço. Como resolver essa equação?

60

www.condominioetc.com.br


Todos os anos é a mesma situação nas reuniões de condomínio para discutir a próxima gestão: como serão divididas as vagas para carros nas garagens; quem tem direito ou não; quem ficará com as mais acessíveis etc. Esquecidas por muitos donos de imóveis de prédios antigos quando adquiriram seus bens, já que, até alguns anos atrás, não era normal ter carros, atualmente, elas são fundamentais para a valorização dos imóveis, a segurança dos moradores e, por que não dizer, o alívio dos síndicos. A cidade do Rio de Janeiro tem algumas áreas, como a Barra da Tijuca e o Recreio, onde novas construções ainda podem ser erguidas e, consequentemente, já com um número maior de vagas na garagem – inclusive destinadas a visitantes. Entretanto, essa não é a situação de grande parte dos prédios da cidade. Esse é o caso de um condomínio localizado na Zona Sul, erguido nos anos 1950. Com 34 unidades e 85 moradores em média, a síndica, que prefere não ser identificada, conta que o local tem 12 vagas no térreo que pertencem ao condomínio e são alugadas para os moradores por período indeterminado. Além dessas, o subsolo conta com outras vagas às quais as unidades têm direito em escritura. Claro que essa situação não é confortável para a grande maioria dos moradores e é claro também que gera muitos problemas... No Conjunto Residencial Maria José, com dois blocos de 60 unidades cada um, na Zona Norte, a situação se repete quanto ao número menor de vagas. O síndico Manoel Honorato Neto conta que o condomínio possui 61 vagas para as 120 unidades e que elas são sorteadas entre os condôminos anualmente. “Conseguimos aumentar recentemente a quantidade de vagas, estamos com mais nove. Aqui, elas são propriedade do condomínio. Esse assunto é sempre um problema para nós, síndicos. Procuramos acomodar os carros maiores em espaços que não atrapalhem a entrada e saída de outros veículos e isso nem sempre agrada ao dono do carro. Mas se é para o bem de todos, não tem jeito”, analisou Honorato. Waleska Fraga Coelho, advogada da Associação Bra-

sileira das Administradoras de Imóveis (Abadi), lembra que se nem todos têm vagas, a solução do impasse dependerá da convenção condominial ou, na sua falta, de deliberação em assembleia por meio de regulamento próprio. “Como o espaço pertence ao condomínio, o critério de ocupação deverá ser decidido pelos condôminos por meio de pronunciamento em assembleia”, exemplifica. Já no Condomínio do Edifício Andréa, na Zona Oeste, a situação é mais confortável. Com 50 moradores distribuídos por 16 unidades, lá há o mesmo número de vagas de garagem que de apartamentos. Gilsoneide Batista Costa, síndica do local e conhecida como Neide, explica que existe uma vaga para cada unidade, por direito de escritura. “Todos têm um automóvel ou mais. Alguns moradores com mais de um veículo passam a ocupar uma das quatro vagas extras, acordadas por assembleia, que são sorteadas a cada seis meses.” Entretanto, como a área da garagem a que cada um tem direito não é marcada na escritura, o problema por lá acontece por causa das “melhores” vagas. “Todos têm a sua, proprietários ou inquilinos. Porém, como é comum em muitos estacionamentos existirem vagas de difícil acesso, havia unidades que ficavam com as melhores, porque alguns moradores chegavam mais cedo em casa e outros ficavam com as vagas mais difíceis para estacionar – são 13 vagas cobertas e três descobertas. Para evitar o que estava acontecendo, ficou aprovado em assembleia que seria feito um rodízio todo mês. Assim, todas as unidades passaram a trocar de vagas – numeradas sequencialmente de 1 a 16 – no dia primeiro de cada mês, passando por todas durante o ano, inclusive as que ficam ao relento”, complementa. E esses casos são quase perfeitos perto de outros problemas que as garagens em condomínios podem causar. Além da falta de espaço já comentada, síndicos precisam lidar com condôminos que literalmente invadem a vaga de outro apartamento, outros que estacionam fora da vaga e aqueles que teimam em colocar mais de um veículo por vaga, ainda que, notoriamente, se perceba que não existe espaço.

ABR_MAI_JUN 2015

61


Quando um elevador pode resolver tudo No edifício Leopoldina, na Zona Norte, embora exista espaço para todos os apartamentos e as vagas sejam demarcadas com validade indeterminada, alguns moradores já pensaram em como poderiam usufruir melhor do local. Esse foi o caso da moradora Alessandra Santos, que deixou de comprar mais um carro para a família por não ter como abrigá-lo se não fosse na rua. Ela sugeriu, em uma reunião de condomínio, a instalação de elevadores para colocar um carro em cima do outro, o que seria, teoricamente, uma solução. “Como hoje em dia as pessoas procuram cada vez mais apartamentos com mais de uma vaga na garagem, pensei nesse tipo de solução depois de assistir a um programa na TV que falava sobre isso, sobre como as cidades estão resolvendo o problema de estacionamento em locais muito cheios, como o Centro da cidade e outros bairros. Cheguei a pesquisar sobre o mecanismo, mas, para a instalação, são necessários alguns elementos, como espaço mínimo de largura e altura, entre outras questões”, disse Alessandra. E ela tem razão. Embora otimizem o espaço, esses projetos especificam o mínimo de altura do pé-direito e de largura da vaga. As leis que regulam as dimensões das vagas são regidas pela Prefeitura e devem ser analisadas e atendidas pelo profissional que vai elaborar o projeto. “Há edifícios que aumentam a capacidade da garagem com o uso de duplicadores de vagas e elevadores automotivos, que possibilitam a colocação de um carro em cima do outro,

62

www.condominioetc.com.br

com o custo de R$ 30 mil em média por vaga. Na cidade do Rio de Janeiro há legislação específica que regula a instalação e o uso desses equipamentos, o Decreto nº 28.485, de setembro de 2007. Segundo o código de obras da cidade, as vagas devem possuir dimensões de 2,50 x 5,50m ou área mínima de 12,5 m2, e pé-direito mínimo de 2,30m”, explica Orlando Sodré, engenheiro civil especializado em estruturas e consultor do Sindicato da Habitação (Secovi Rio). Sodré comenta que é possível encontrar uma solução para a ampliação e/ou adequação de mais vagas em garagens, muitas vezes, inclusive, a mera modificação na demarcação da pintura no chão da garagem já é o suficiente. Entretanto, o custo de um projeto ou planejamento de adaptação ou ampliação de vagas de garagens pode variar entre R$ 20 mil e R$ 200 mil. Ou seja, valoriza o imóvel? Sim, mas custa caro. E esse valor é somente o do projeto, fora a execução. Mas vale lembrar que esse tipo de mecanismo é diferente dos chamados elevadores verticais, comuns em edifícios-garagens. Caracterizado por um sistema de condução dos veículos totalmente automatizado, os usuários não têm acesso ao interior, onde os carros são guardados, já que são direcionados para as vagas por meio de equipamentos totalmente robotizados. Já o chamado duplicador de estacionamento pode ser instalado em garagens que obedeçam a alguns parâmetros, independentemente de serem residenciais ou comerciais.

No condomínio de Manoel Honorato, os carros ficam distribuídos de forma a não atrapalhar a passagem de todos


E o aspecto legal da mudança? É sabido que ampliar o número de vagas ou redistribuí-las de forma a conseguir um aumento quantitativo e qualitativo para os usuários é precioso para um condomínio, já que valoriza o imóvel e dá mais conforto para os moradores. Entretanto, alerta Orlando Sodré, a ampliação ou redistribuição de vagas não é algo muito fácil de conseguir. “É complicada e demanda uma série de intervenções jurídicas complexas e diversas alterações em documentos, como autorização da Prefeitura e mudança do memorial de incorporação do empreendimento, da escritura e da convenção do condomínio, além da atualização da fração ideal em cada matrícula. Tudo isso, é lógico, após a aprovação em assembleia do condomínio, mediante votação significativa, se possível 100% de aprovação no quórum de condôminos, com eles cientes do impacto financeiro nas despesas condominiais”, complementa Sodré. Ou seja, pode-se deduzir que a parte mais fácil de todo esse processo será

a viabilidade técnica da obra ou a reforma propriamente dita. Para Waleska Fraga Coelho, advogada da Abadi, há a necessidade de uma análise no ambiente físico da edificação e suas respectivas áreas comuns. Havendo a possibilidade de aproveitamento de uma área para acomodação de veículos, deverá a administração convocar uma assembleia para deliberar sobre o uso do espaço como abrigo para automóveis, por meio de quórum mínimo de dois terços dos condôminos. “Nesse momento, caberá à convenção condominial ou ao regulamento próprio estipular as regras para uso das vagas, podendo ser adotado o critério de rodízio ou locação de espaço”, comenta Waleska. Ela explica, ainda, que, no caso de obras para aumentar o número de vagas, o síndico deverá contratar um engenheiro ou arquiteto para elaborar um projeto que busque aumentar o número de vagas de garagem. Uma opção é diminuir o tamanho das vagas demarcadas, obedecendo ao que

O engenheiro Orlando Sodré explica que, muitas vezes, é possível encontrar uma solução para criar mais vagas em garagens

determina o código de obras. Porém, para os prédios novos, existe legislação específica que estabelece o tamanho da garagem em relação ao número de vagas exigidas. Para que as vagas criadas tenham status de propriedade, o condomínio deverá aprovar o projeto de criação na Prefeitura.

ABR_MAI_JUN 2015

63


Se estivéssemos em guerra...

A síndica Neide, como é conhecida pelos moradores, conta que em seu condomínio o número de vagas é o mesmo que o de apartamentos

Outra solução possível para o aumento da quantidade de vagas é a utilização daquelas destinadas a visitantes. “Se a convenção condominial for alterada para converter as vagas de visitantes para condôminos, não há impedimento”, sinaliza Waleska. Síndicos sempre estarão na “linha de fogo” na hora da briga por vagas e assuntos relacionados aos espaços da garagem. Seja para resolver problemas como roubos e riscos indevidos em carros, seja para administrar brigas na escolha pela melhor ou pior vaga ou quem tem ou não direitos, instale câmeras, aja rigorosamente de acordo com o estatuto do condomínio e, sobretudo, mantenha a calma. Afinal, se precaver, seguindo as regras, ainda é a melhor maneira de evitar problemas.

64

www.condominioetc.com.br

Os prédios do Rio de Janeiro que foram lançados na época da Segunda Guerra Mundial, entre 1942 e 1945, têm muita história para contar. Com medo de retaliação por conta de um grupo de soldados da Força Expedicionária Brasileira (FEB) que desembarcou em território italiano para lutar contra o nazi-fascismo, diversas construções brasileiras edificaram abrigos antiaéreos para proteger os moradores de possíveis ataques inimigos. O tempo passou, a guerra acabou, mas esses espaços, localizados no subsolo dos prédios, foram utilizados de diversas maneiras. Com estrutura extremamente resistente, alguns condomínios optaram por transformar o local em novos apartamentos ou área de lazer. E há aqueles que o converteu em garagem, construindo rampas e marcações. Waleska Fraga Coelho explica que os denominados abrigos antiaéreos geralmente acabaram se transformando em espaços para alojamento de automóveis, cabendo ao condomínio, por deliberação mínima de dois terços dos condôminos, estabelecer a forma de uso e o modo de distribuição.

Mas vale lembrar que é fundamental o estudo do local por um engenheiro, já que, por ser um assunto não muito divulgado – algumas pessoas nunca ouviram falar disso –, poucos sabem as especificações do local, inclusive sobre a questão do peso dos carros, da estrutura do prédio para suportar esse estacionamento etc.

Entenda a distribuição de vagas As vagas – com exceção dos edifícios-garagens – situadas nos condomínios destinados a residências, comércio etc. poderão ser identificadas como uma unidade autônoma, com fração ideal específica no terreno, mantendo sua individualidade, ou ficar vinculadas à unidade condominial. Outra hipótese é serem especificadas como simples acessório da unidade condominial, sem

a participação na fração ideal, propiciando simplesmente o direito ao estacionamento no local destinado a tal mister. Elas poderão, ainda, ser individualizadas e demarcadas para uso privativo do titular da unidade habitacional à qual se vinculam. Assim, a natureza jurídica da vaga de garagem deverá ser definida no instrumento de instituição e especificação do condomínio.


Aluguel de vagas Alugar uma vaga nos condomínios sempre foi uma das soluções encontradas por moradores de prédios com pouco espaço para guardar carros ou para aqueles que têm mais de um veículo e precisam de mais uma vaga. Prática comum entre os condôminos – e negociada entre eles –, o aluguel de vaga se torna um assunto mais sério quando é negociado com pessoas de fora do condomínio. A advogada da Abadi Waleska Fraga Coelho explica que as vagas individuais seguirão o critério de locação para condôminos ou estranhos, conforme o caso. Já as vagas de propriedade do condomínio podem ser sorteadas ou alugadas de acordo com o que está determinado na convenção ou no regimento interno. Ela comenta que pessoas de fora do prédio podem alugar vagas do condomínio também, mas sempre com cautela e obedecendo à convenção interna do condomínio. “O artigo 1.338 do Código Civil permite a locação de vagas, seja qual for a espécie (vaga autônoma ou fração ideal), estabelecendo a necessidade

de se atribuir preferência aos condôminos. Dessa forma, a aplicação do artigo 1.338 do Código Civil, no tocante à locação de vagas de garagem para estranhos nos condomínios instituída após o início da vigência da Lei 12.607/2012 (legislação que alterou a redação do artigo 1.331, § 1º, do Código Civil), dependerá de expressa autorização da convenção. Caso a convenção seja omissa sobre a locação de vagas de garagens a estranhos, recomendamos cautela sobre tal prática, pois, além de o arti-

go 1.338 do Código Civil determinar que se dê preferência aos condôminos no caso de locação, essa questão deverá ser discutida em assembleia a fim de evitar pessoas estranhas dentro do condomínio, situação que envolve riscos e afeta a segurança dos moradores”, exemplifica Waleska.

Serviço

Abadi – abadi.com.br (21) 2217-6950

ABR_MAI_JUN 2015

65


REFORMAS Alessandra Ceroy

No caso do prédio de Flávia Codeco, a fachada não foi alterada, mas a pintura nova garantiu a conservação do edifício

De volta ao glamour perdido

Os anos passaram e as construções que chamavam a atenção por sua estética vanguardista se tornaram obsoletas e degradadas. O que fazer para se reciclar? Saiba como repaginar seu prédio com o que há de mais moderno no mercado

66

www.condominioetc.com.br

Construções nada mais são que aglomerado de cimento, tijolo, prego, criatividade e medição perfeita. Entretanto, além disso, o que torna esse conjunto de material, ideias e cálculos atraente é exatamente o trabalho dado pelo arquiteto que vai, digamos, embelezar o que está sendo erguido. E aí, dá-lhe novas texturas nas paredes, porcelanatos de última geração etc. Condomínios mais novos já “nascem” com essa parte estética mais moderna. Para isso, basta observar a orla da Barra,

com prédios praticamente novos em relação às áreas mais antigas da cidade. Porém, é possível, sim, deixar uma construção antiga com ares mais modernos, que pode ser por meio de uma reforma total em toda a estrutura externa do prédio ou uma simples pintura para dar uma nova cara. Esse último é o caso do Condomínio Montanha, na Zona Norte da cidade. Lançado nos anos 1950, seguia o que ditavam os padrões da época. Entretanto, com o tempo e a deterioração natural, se tornou


feio e antiquado. Flávia Codeco, síndica do local, conta que a construção passou recentemente por muitas reformas: no elevador, na casa de máquinas, de bombas de água e de esgoto, na rede elétrica, no interfone e na câmera de segurança. Mas com relação à parte estética, apenas a fachada foi alterada, preservando as características da construção, mas de forma mais “limpa”. “O prédio é antigo e, durante muitos anos, existia um zelador que morava no edifício e resolvia tudo. Ou seja, ninguém cuidava de nada, estava um caos. Com o que fizemos, além de melhorar visualmente o lugar onde moramos, destacamos nosso bem. É evidente que os valores de hoje seguem a especulação imobiliária, mas, ainda assim, tivemos uma boa valorização do imóvel com essas mudanças”, explica. Ela comenta ainda que, durante o processo, fez muitos orçamentos, e as diferenças de preço de material e mão de obra eram absurdas. “Conversamos com síndicos de outros condomínios, pesquisamos em revistas e sites sobre o assunto e detalhamos tudo em uma tabela de preços. Recebi orçamentos absurdos para os mesmos ser-

A síndica Lúcia Helena mostra as mudanças que fez no playground do prédio e explica: “Qualquer detalhe pode valorizar nosso bem”

viços. Queria preço bom e qualidade, mas foi muito difícil. Nada foi barato, a mão de obra e o material estão muito caros. Mas no fim deu tudo certo e conseguimos realizar o que queríamos dentro de nosso orçamento, que não é grande”, conclui. Lúcia Helena Oliveira, do Condomínio Leopoldina, também na Zona Norte, já começou seu primeiro mandato com muitos pedidos a serem atendidos. Com a

necessidade de mudar não apenas a parte estrutural, mas melhorar o quesito beleza, conseguiu a adesão de todos os moradores para o que deve ser feito no primeiro ano. “Temos uma média de 60 moradores distribuídos em 20 unidades. Embora o prédio tenha uma aparência não tão antiga, já tem 30 anos e, nesse período, pouca coisa foi feita além das obras emergenciais. Queremos mudar tudo, desde o playground,

ABR_MAI_JUN 2015

67


sem graça e sem nenhum brinquedo, até os corredores. Isso falando apenas da parte de embelezamento. Temos, ainda, o objetivo de finalizar, em 2015, as recomendações da Prefeitura com relação à autovistoria. Ou seja, muita coisa a ser feita. Mas com o apoio que tenho recebido dos proprietários, vamos concluir tudo o mais rápido possível”, conta. Até agora, ela já conseguiu pintar o hall de entrada e fez algumas modificações na ornamentação; mudou o play; colocou algumas plantas, um deque, um chuveiro e algumas espreguiçadeiras com mesinhas de apoio, além de fazer as obras requeridas pela Prefeitura.

A importância dos profissionais corretos Existe uma máxima que diz que não adianta ter o material mais caro se os profissionais envolvidos não estiverem à altura. Por isso, antes de comprar o material, é fundamental consultar as pessoas corretas para o trabalho. Ângelo Lopes e Cristiane Gomes, arquitetos e sócios da Átrio Arquitetura e Construções, são responsáveis por todo tipo de reforma referente à construção civil e arquitetura, como projetos de casas, lojas, academias, clínicas, reformas e decoração. Ângelo explica que, na hora de contratar uma empresa e/ou profissional para fazer uma obra, o síndico deve verificar se eles têm registro no Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA) ou Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU) e visitar obras anteriores para ver a qualidade do serviço prestado e o prazo de entrega. Ele diz, ainda, que o arquiteto pode orientar esses

68

www.condominioetc.com.br

síndicos dependendo de qual tipo de serviço será prestado, para que se evite a retirada de vigas ou pilares e para que instalações elétricas e hidráulicas não sejam danificadas. Além da estrutura do prédio, é importante que o profissional contratado para acompanhar a obra oriente sobre que tipo de material será mais adequado para cada ambiente, como é possível melhorar a ventilação e iluminação do local para que haja mais conforto térmico e oriente como agir com o pessoal contratado para fazer a reforma, para que ela não atrase, o que geraria mais custo ao condomínio, se distanciando do orçamento inicial previsto. É importante salientar que, além do arquiteto, outros especialistas e órgãos devem ser consultados antes de iniciar qualquer obra, como engenheiros elétrico, civil (para a estrutura predial) e mecânico (caso tenha elevador no prédio), CREA, CAU e as secretarias de urbanismo de cada município, para saber a legislação de cada localidade. Seguir essas orientações é extremamente importante. Afinal, se algo não for realizado de acordo com o que é devido, tudo pode dar errado. Foi o caso de uma reforma para ampliação de uma guarita de condomínio. O responsável não deu entrada em toda a documentação e a obra foi notificada pelo CREA. Felizmente, nesse caso, depois de tudo regularizado, a obra seguiu sem maiores problemas. Entretanto, não foi o que aconteceu com o prédio ao lado do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, que passou por uma reforma interna malfeita e sem a orientação dos profissionais adequados. Resultado? O prédio foi abaixo, matando e ferindo pessoas. Marcelo Machado, sócio-diretor da Renove Solução Predial, empresa do ramo

da construção civil que presta serviços de reformas em geral e é especializada em fachadas, conta que se um síndico solicita algo que não está certo ou que não ficará bom, é de suma importância informá-lo sobre a maneira certa e as especificações técnicas e, se preciso, participar de uma reunião do condomínio para que todos do conselho fiscal sejam informados. “Não podemos executar um serviço de forma errada. Não faremos algo que não esteja dentro das normas, pois a responsabilidade será da empresa”, explica.


Na Zona Oeste, especialmente na Barra, os prédios já seguem um padrão mais atual

Seguindo as regras

Como dito anteriormente, não é apenas com a contratação dos profissionais para realizar as reformas que os síndicos devem se preocupar. Quando se resolve mudar algo na parte estética do prédio ou fazer alguma melhoria não necessária na infraestrutura, o administrador do condomínio, como mandatário legal, deve cumprir as regras existentes na legislação e na convenção do condomínio. Logo, as obras que vão modificar a estética do edifício deverão ser objeto de aprovação assemblear, com o quórum previsto na convenção. Na falta desta, é preciso seguir o artigo 1.341, caput, incisos I e II do Código Civil, que trata das benfeitorias voluptuárias, que são as que tornam mais bonito ou agradável o bem comum, e das benfeitorias úteis, definidas no artigo 96, parágrafo segundo do Código Civil. Além disso, caso haja ampliação da edificação, a Prefeitura tem que ser informada. “Nem sempre o poder público

leva em consideração o direito de vizinhança e a convenção condominial, tomando como base apenas dados técnicos para liberar a obra. Por causa desse erro de autorização, muitas vezes, a pessoa que está construindo possui o alvará para realizar a edificação, mas depois a obra será embargada judicialmente por algum vizinho que tenha se sentido prejudicado com aquela alteração”, explica Andréa Müller, consultora jurídica da Associação Brasileira dos Administradores de Imóveis (Abadi), do Rio de Janeiro. Ela complementa informando que o síndico, ao apresentar as propostas das empresas para a aprovação da assembleia, deverá verificar, anteriormente, se elas são idôneas no mercado e se o gestor tem a referência de outras obras realizadas pelas firmas em outros condomínios. “A idoneidade consiste na apuração da existência física da empresa, do contrato social e de referências no mercado”, exemplifica.

Tudo novo de novo

“Caso haja ampliação das edificações, a Prefeitura tem que ser informada”, avisa Andréa Müller, consultora jurídica

Independentemente do período em que foi construído e do estilo adotado na época, cada condomínio tem uma estética particular. Alguns seguem a linha mais moderna, outros são mais clássicos e assim por diante. Entretanto, ainda que cada um tenha um estilo, todos sabem que uma fachada bonita e bem conservada valoriza e muito a construção. Seja ela totalmente modificada no decorrer dos anos ou apenas preservada para que não perca a identidade Marcelo Machado, da Renove, lembra que, além da importância da aparência e

conservação do imóvel, os síndicos se preocupam muito com a segurança. Sobre a questão estética, ele conta que, geralmente, a modernização é na fachada e na portaria para os edifícios de menor porte. Já para os maiores, além dessas áreas, se enquadra também a modernização de garagem, play etc. “Atualmente, o que mais se vê é a instalação de muros de blindex e paisagismo, entre outras atualizações”, comenta. Ele lembra que, no caso das fachadas, em que o revestimento normalmente é de cerâmica ou pastilha, quando é neces-

ABR_MAI_JUN 2015

69


sária a substituição de parte do material, é possível que se encontre diferença na tonalidade. Por isso, muitas vezes, informam ao cliente que o melhor procedimento é retirar todo o revestimento e fazer um novo. “É nosso dever informar sempre a relação custo-benefício”, complementa. Para Fábio França, diretor de negócios da Persitec Decorações, empresa especializada em gesso e drywall (tecnologia de edificação de gesso, que é mais leve e substitui paredes, tetos e revestimentos), os síndicos normalmente os consultam para realizar divisórias de ambientes, rebaixamento de forro, colocação de nichos e reparos em geral de gesso e drywall. Ele explica que o serviço que prestam, além de rápido e de fácil execução, é extremamente limpo e com valores acessíveis até mesmo para os condomínios de menor porte. Antônio Carlos Fagundes, diretor da Anfa Engenharia Ltda., especializada em toda a área de construção civil, com ênfase em obras prediais, ratifica que as solicitações mais comuns dos síndicos em relação a reformas estéticas são na fachada. Sobre o que os síndicos mais pedem, ele conta

70

www.condominioetc.com.br

explica que é dever de todos os profissionais se posicionar sobre isso. “Temos que dar nossa posição sobre o assunto, técnica e financeiramente. E caso afete a segurança do imóvel e/ou de pessoas, preferimos declinar do serviço”, finaliza. Seja qual for a ideia do síndico em relação às mudanças que devem ser feitas, o primeiro conselho está dado: consulte especialistas para que a reforma de hoje não se torne o problema de amanhã

Além da beleza exterior

que o mercado de obras de condomínios é muito tradicional. “A preferência é manter a arquitetura preservada”, explica. Mas e quando um síndico quer algo que não pode ser feito ou não vai ficar de acordo com o imaginado? Bem, embora seja uma situação delicada, a maioria das empresas não aceita fazer o trabalho ou estabelece uma cláusula contratual especificando tal opinião. Antônio Fagundes

Obras de embelezamento são mais que importantes, pois fazem parte da manutenção dos prédios e valorizam os imóveis. Entretanto, alguns síndicos, muitas vezes, esquecem a parte de infraestrutura, tão fundamental quanto a fachada e os detalhes arquitetônicos e de decoração. No caso do Edifício Montanha, Flávia também realizou obras no esgoto do prédio (que serve a dois apartamentos de subsolo) e trocou portões e caixas de energia, entre outras mudanças. “Temos essa preocupação constante aqui. Embora


tenhamos poucos apartamentos, e aí um orçamento mais restrito, não deixamos nada de lado. Imagine terminar uma obra de fachada e, de repente, ser pego de surpresa com um vazamento, uma infiltração ou paredes com rachadura? É fundamental dar prioridade ao que é emergencial e, apenas depois, pensar na valorização como um todo”, exemplifica Flávia. Já no prédio onde Lúcia Helena é síndica, além da parte estética, foram realizadas pintura da fachada lateral do prédio; troca de mangueira de incêndio; recarga de extintores; troca de bombas de pressurização; troca do cano de água para incêndio; troca da boia e outras pequenas coisas. “Tudo conforme orientação da Prefeitura”, complementa. Mas o objetivo não é apenas atender ao que é exigido pelos órgãos governamentais. “Faço questão de atender também às solicitações dos condôminos, do que eles acham importante para eles, como colocar borracha nas colunas da garagem. No futuro, pretendemos construir uma caixa-d’água vertical para armazenar água da chuva e utilizar plataformas para captar energia solar”, finaliza.

O que existe de novo – e almejado – por aí Quando o assunto é reforma, além da qualidade, que é fundamental, a beleza também conta muito na hora da escolha. Prova disso é que o mercado da construção não para de lançar novidades em pisos, revestimentos, tintas etc. Para a parte de iluminação, embora não exatamente novas, as luzes do tipo LED continuam sendo as mais almejadas. No processo de renovação (retrofit) para construções antigas, são indicadas tintas com ímã e as superlaváveis, coberturas com isolamento mais eficiente e estruturas leves para fechamento de paredes – como o Steel Frame, um sistema construtivo com estrutura composta por perfis leves de aço que, em conjunto com placas estruturais, formam painéis capazes de resistir às cargas verticais (telhados e pavimentos), perpendiculares (ventos) e de corte”, explica Cristiane Gomes, da Átrio Arquitetura e Construções. Já sobre a questão da sustentabilidade, essencial para todos, o reaproveitamento da água da chuva e o uso da energia solar

estão entre as atualizações mais procuradas por síndicos. No quesito pintura, uma enorme quantidade de tinta está disponível no mercado. Ana Almeida, supervisora comercial da Palmeira Tintas, conta que os funcionários orientam sobre a melhor escolha de produtos para cada situação que o cliente apresenta. Entre as solicitações mais pedidas, estão as texturas e os efeitos em paredes. Mas um desejo é comum a todos os síndicos: tintas com durabilidade e proteção. Serviço

Anfa Engenharia www.anfaengenharia.com.br Abadi www.abadi.com.br Átrio RJ Arquitetura e Construção www.atriorj.com.br Palmeira Tintas www.palmeiratintas.com. Persitec Decorações www.facebook.com Renove Solução Predial www.renovepredial.yolasite.com

ABR_MAI_JUN 2015

71


Mercado

Calmaria no mercado imobiliário Panorama do Mercado Imobiliário do Rio de Janeiro revela acomodação nos preços dos imóveis em 2014 Em 2014 os preços dos imóveis continuaram em processo de acomodação, com valorizações próximas aos índices da inflação, o que pode ser justificado pelas incertezas na economia, pelo aumento dos juros dos financiamentos, pelo crescimento do endividamento das famílias, entre outros fatores que acabam reduzindo a procura e aumentando o tempo das transações imobiliárias. Os dados que comprovam este momento de calmaria podem ser vistos na quinta edição do Panorama do Mercado Imobiliário do Rio de Janeiro, pesquisa elaborada pelo Secovi Rio com informações sobre compra, venda, locação, administração de condomínios e dados socioeconômicos aferidos no período de janeiro a dezembro de 2014, que foi lançada no dia 24 de março, no Porcão Rio’s, com a presença do governador do Estado do Rio, Luiz Fernando Pezão, que prefaciou a publicação. A pesquisa aponta, por exemplo, que na Zona Norte, em transformação por conta dos investimentos em infraestrutura, transporte, comércio, lazer e habitação –, o bairro em que se registrou a maior valorização do metro quadrado para venda foi Inhaúma, onde os imóveis de 2 quartos tiveram variação de 23,5%, com o preço subindo de R$ 3.022 para R$ 3.731. Irajá teve a segunda maior valorização da região, para imóveis de 2 dormitórios: 19,3%, com o valor indo de R$ 3.718 para R$ 4.435.

72

www.condominioetc.com.br

A Zona Central, onde a procura por moradia é crescente, seja pela mobilidade, pela boa oferta de transporte, de espaços culturais e lazer, ou ainda pelo preço, bem menos salgado que os da Zona Sul, foi a única da cidade cujo metro quadrado geral da locação valorizou mais que no ano anterior: 8,6%, ante 1,2%. Destaque para os imóveis de 1 quarto, que tiveram valorização do metro quadrado de 15,2%, passando de R$ 35,47 para R$ 40,87, apesar do aumento da oferta ao longo do ano.

Perfil dos condomínios Ao analisar de perto os condomínios, o Panorama do Mercado Imobiliário do Rio de Janeiro apurou que, dentre os 20.138 cadastrados no município do Rio com especificação de tipo (residencial, comercial ou misto), 90,5% têm finalidade residencial e apenas 9,5% são utilizados para fins comerciais. Quanto à profissionalização da gestão, que pode ser medida, entre outros fatores, pelo reconhecimento da importância da contratação de uma empresa de administração de condomínios, nota-se que 45,6% já usufruem desse serviço especializado. Nesta edição, não foram deixados de lado assuntos relevantes como: quantidade de imóveis lançados em 2014, o volume de financiamentos, o grau de endividamento no mercado imobiliário, o tamanho

médio dos imóveis na cidade, os preços da locação por temporada, entre outras análises especialmente preparadas. O capítulo “Análises Especiais”, aponta que em 2014 os lançamentos imobiliários no Rio com características de sustentabilidade correspondiam a cerca de 30% das edificações, bem mais que os 8% de 2010. Ao elaborar a publicação, o Secovi Rio – sindicato com 72 anos de fundação, que representa legalmente 33 mil condomínios e as 5 mil imobiliárias e administradoras de imóveis fluminenses – conta com a colaboração já consagrada de entidades públicas e privadas que compartilharam dados estatísticos: Associação Brasileira das Administradoras de Imóveis (Abadi), Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi-RJ), Banco Central do Brasil, Federação do Comércio do Estado do Rio (Fecomércio-RJ), Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro.


ABR_MAI_JUN 2015

73


COndomínio por Lia Rangel

Melhorias feitas com base em uma boa gestão O síndico pode fazer transformações incríveis O síndico é o principal articulador de uma boa gestão, pois ele é o responsável pela organização e manutenção do condomínio. Mas nem todo condomínio tem a sorte de ter, em seu comando, uma figura proativa, que esteja sempre em busca de melhorias e inovações que beneficiem os condôminos. Já por outro lado, o Código Civil, em seu artigo 1.348, atribui muitas obrigações aos síndicos, entre as principais estão elaborar orçamento da receita e da despesa de cada ano; cobrar dos condôminos as devidas taxas para a manutenção do condomínio; representar, cumprir e fazer com que os condôminos cumpram a convenção. Mas apenas executar essas obrigações não garante uma boa gestão. Para conseguir implantar projetos de sucesso e levar melhorias para seus condomínios, os síndicos precisam ir além do básico e buscar alternativas, sejam elas físicas, financeiras ou estruturais, que permitam as mudanças. Um case de sucesso é o Condomínio Colibris, localizado na Zona Sul do Rio de Janeiro e administrado pela CIPA. Há quatro anos, Diana Quaresma assumiu o condomínio e fez mudanças incríveis. Diana, que é síndica profissional, conta que, quando chegou ao condomínio, muitas

74

www.condominioetc.com.br

áreas precisavam de obras. “Junto com meu conselho consultivo e a administração interna, realizamos um planejamento e, ao longo desses quatro anos, reformamos o parquinho infantil, a academia, o salão de festas, os elevadores, a sauna, as piscinas e os banheiros da área das piscinas. No andar onde fica o parquinho infantil, havia uma infiltração decorrente da falta de escoamento de água de chuva e, como o revestimento era feito com grama sintética, sempre que chovia, a grama ficava encharcada, ocasionando o acúmulo de água e a proliferação de insetos, o que causava transtorno para as crianças que ali brincavam”, explica. A síndica ainda conta que as paredes da academia estavam infiltradas por causa de um problema na parte hidráulica dos banheiros conexos a elas, todos originais da construção do prédio, há mais de 20 anos. Os aparelhos de musculação também já estavam ultrapassados e desgastados, o que poderia gerar transtorno para a saúde dos usuários. Segundo Diana, no salão de festas, a área da cozinha também foi reformada. “Trocamos toda a parte elétrica e aumentamos a amperagem, o que permitiu que mais aparelhos fossem utilizados.

Disponibilizamos um fogão elétrico e novo freezer para os usuários e tiramos o revestimento antigo das paredes e utilizamos tinta e textura para dar um ar mais clean, elegante e fácil de manter sempre em bom estado”, diz. Mas o prédio ainda precisava de muitas mudanças, e a síndica não mediu esforços para concluí-las. “No caso dos elevadores, procedemos à reforma elétrica, à modernização dos quadros de comando e ao embelezamento das cabines. Além disso, reformamos a sauna, pois, igualmente, em virtude do desgaste natural do tempo, nossos aparelhos estavam danificados, o que ocasionava um consumo excessivo de energia. Os revestimentos das paredes e do piso, também originais da época da construção do prédio, estavam soltando e, sendo assim, aproveitamos para trocar a iluminação por lâmpadas de LED, que são mais modernas e consomem menos energia e, com isso, criamos um ambiente aconchegante para a sala de repouso”, conta a síndica. A maior obra que a síndica realizou no condomínio Colibris, que tem cerca de 500 moradores, foi das piscinas. “Essa foi a mais complexa porque foi a maior


A maior obra que a síndica Diana Quaresma realizou no condomínio Colibris foi das piscinas. “Essa foi a mais complexa porque foi a maior e também a que oferecia maiores riscos aos que passavam”

e também a que oferecia maiores riscos aos que passavam. Ocorre que detectamos deterioração na manta asfáltica, que era ainda a original do prédio, e, com isso, começaram a surgir vazamentos para o andar de baixo, o pavimento da garagem. Ao fazer a ronda ordinária pelo prédio, notamos que havia, além das infiltrações já instaladas no teto, pedaços de reboco que estavam se soltando, o que poderia danificar algum veículo ou até mesmo machucar um morador. Assim, convidei uma empresa especializada em piscinas, a ES2 Serviços de Manutenção e Instalações, para avaliar a situação, fornecer um parecer sobre a gravidade do assunto e emitir um memorial descritivo para tal obra. O responsável pela empresa, En-

ric Sesplugues Sentis, é um catalão que possui mais de 10 anos de experiência na Europa nessa área e, desde que chegou ao Brasil, tem assumido um lugar diferenciado nesse mercado. Além de sua expertise, Enric Sesplugues é um homem incansável, que busca a solução do problema até encontrá-la, e se tornou um grande parceiro de trabalho nosso. A consultoria da ES2 foi primordial para nos orientar sobre qual caminho deveríamos seguir e, assim, juntos, traçamos um planejamento e priorizamos as áreas mais degradadas, para evitar riscos aos moradores. Uma vez sanados tais problemas emergenciais, novamente decidimos quais revestimentos usar para então modernizar a parte estética, bem como discutir sobre como po-

deríamos melhorar a acessibilidade para todos os usuários”, diz. A obra das piscinas foi emergencial, pois, segundo Diana, foram detectados vários vazamentos para o pavimento da garagem. “Em virtude do perigo para moradores e funcionários, tivemos que interditar as piscinas de imediato para sanar os vazamentos. Por se tratar de uma obra de maior porte, aproveitamos a ocasião para trocar o revestimento e investir em algumas melhorias: incluímos uma rampa de acesso para cadeirantes; escolhemos um piso atérmico em substituição às antigas pedras São Tomé; retiramos a piscina infantil, que era de vinil, e construímos uma de alvenaria; trocamos as escadas de alumínio de acesso à piscina de adultos por uma de alvenaria, com degraus em espaçamento correto para idosos, gestantes e obesos; optamos por uma borda boleada peito de pomba em toda a extensão das piscinas, a fim de evitar a entrada da água de chuva; retiramos as quinas, criando um acabamento boleado em forma de meia lua, com a intenção de facilitar limpeza e manutenção e evitar a proliferação de algas e fungos nesses locais. Ainda com relação às piscinas, criamos um sistema de automação das bombas, o que permite programar a hora em que elas serão ligadas e desligadas, de forma automática, evitando, assim, o perigo da exposição à sucção nos ralos. Também criamos bancos de alvenaria e jatos de hidromassagem para maior conforto dos adultos. A pedido de alguns moradores, inserimos iluminação de LED RGB para gerar um ambiente mais agradável para o banho noturno. Tenho certeza de que nossas piscinas hoje servirão de exemplo para muitos condomínios”, orgulha-se.

ABR_MAI_JUN 2015

75


Planejamento + Comunicação = Sucesso A síndica Diana Quaresma é, sem dúvida, exemplo de que, com uma boa gestão, é possível fazer coisas incríveis em qualquer condomínio. Por meio de sua empresa, especializada em serviços de administração e gerenciamento predial, Diana já resolveu os principais problemas do condomínio que administra e, segundo ela, o segredo está na junção de planejamento e comunicação. “Sempre acreditei que um bom planejamento e uma boa comunicação resolvem 80% dos problemas. Sem organização e prévio conhecimento das necessidades do ‘empreendimento’ (condomínio, moradores, usuários...) não se chega a lugar nenhum. Além disso, é necessário desenvolver um bom trabalho de equipe. Costumo dizer que, sozinhos, podemos ir até mais rápido, porém, com uma equipe, vamos mais longe. Eu não tomo decisões importantes sozinha; aprendi, ao longo de mais de 14 anos de profissão, a ouvir as pessoas, e isso é fundamental para alcançar grandes realizações. Dentro disso, gostaria de agradecer ao meu conselho consultivo, sempre muito participativo e operante. Cito os nomes Christiane Ziemer, Jordana Sacks e Heloísa Vilella com muita satisfação, pois posso contar com elas. Além de minha subsíndica, Renata Bernardes, e minha assistente, Renata Dias, que conhece os moradores melhor do que eu e sempre busca a melhor solução para os conflitos que se apresentam diariamente.” E continua: “Ainda sobre o trabalho de equipe, como já falei anteriormente, ter encontrado uma empresa como a ES2, cujo dono segue uma linha de raciocínio muito semelhante a minha, foi

76

www.condominioetc.com.br

um presente para dar seguimento a tudo que eu já planejava fazer no prédio. Atualmente, é muito difícil achar uma empresa responsável e diligente. Já passaram várias empreiteiras pelo Colibris e tivemos problemas com a maioria. Felizmente, agora, acertamos e pudemos dar continuidade ao nosso planejamento inicial.” Para os síndicos que pretendem começar a implantar melhorias em seus condomínios, Diana dá algumas dicas. “Em primeiro lugar, sente-se com seu conselho consultivo e membros da administração interna. Avaliem a estrutura do prédio, fazendo um checklist em todos os pavimentos, elencando as prioridades. Depois disso, façam um estudo do orçamento e montem um planejamento. Não importa quanto tempo leve para concluir tudo, o fundamental é dar o primeiro passo. Todas as obras realizadas no Colibris nesses quatro anos foram feitas sem nenhuma

cota extra, justamente porque planejamos anualmente como realizá-las. Também é importante colher três orçamentos, com empresas diferentes, para que se encontre um preço justo e adequado. Infelizmente, há muita disparidade no mercado da construção civil; já recebi orçamentos para a mesma obra com valores completamente diferentes, por exemplo, um de R$ 80 mil e o outro de R$ 30 mil. Por tal motivo, é necessário, muitas vezes, criar um memorial descritivo e apresentar o mesmo documento para todas as empresas. Mais vale arcar com os custos da elaboração de um memorial e cotar ‘maçã com maçã’ do que solicitar um orçamento mais aberto e, no fim, receber propostas que não são equalizadas (maçã com banana)”, explica. O apoio de uma boa administradora também é muito importante para a realização de grandes feitos. “A CIPA sempre foi uma excelente parceira do Colibris; atenta ao efetuar os pagamentos corretamente, descontando os tributos devidos e mantendo a contabilidade do condomínio em dia. É importante, para qualquer gestão, ter uma empresa que trabalhe lado a lado com o síndico e que conheça a fundo as necessidades de cada condomínio”, diz. Estar atento às necessidades do condomínio é um dever do síndico, e buscar soluções que atendam a essas demandas e valorizem o patrimônio coletivo é um diferencial importante que influencia diretamente e positivamente a administração. Serviço

ES2 Serviços de Manutenção e Instalações Tel.: (21) 2552-0647


Paisagismo

Sempre verdes

Como deixar as plantas do condomínio limpas e saudáveis o ano todo

Elas sofrem todo tipo de agressão no dia a dia, dos mais variados agentes: poluição atmosférica e escapamento de veículos, gordura da churrasqueira, tinta e cimento de obras, crianças correndo de um lado para o outro... As plantas precisam transpor uma série de obstáculos para permanecerem bonitas e, mais que isso, saudáveis. Para os condomínios com jardins próximos a ruas movimentadas, o trabalho de limpeza precisa ser ainda mais frequente. Mas fique tranquilo, não é um bicho de sete cabeças. E uma boa notícia: você pode escolher plantas mais resistentes, modernas e adequadas para ambientes com essas características. O perito ambiental e especialista em manutenção de jardins Maurício Cotta, diretor da empresa Rio Jardins, reforça que o monóxido de carbono provenien-

te da combustão nos escapamentos de motores de veículos automóveis, assim como a poeira da rua, prejudica a respiração das plantas. “Para as de maior porte, como bananeiras ou palmeiras, recomendo fazer a higienização das folhas com pano úmido uma vez ao mês se houver depósito de poeira”, explica. De maneira geral, o condomínio que não tiver um especialista para cuidar dos jardins e canteiros deve orientar o zelador para que não molhe somente a terra, mas lave também as folhas, a fim de retirar o excesso de fuligem. Quanto à regra, o especialista derruba o mito de que as plantas não podem ser molhadas em horários muito ensolarados. “Elas são como nós, que bebemos água a qualquer momento, quando sentimos sede. Podem ser regadas de dia, com o sol a pino ou não, ou

Serviço

ES2 Serviços de Manutenção e Instalações – tel.: (21) 2552-0647

ABR_MAI_JUN 2015

77


No condomínio do síndico Domingos Filho, na zona oeste, não existe apenas um jardim, mas um grande bosque com diversas espécies, cujo custo de manutenção chega a R$ 1,5 mil mensais

de noite, de madrugada, no horário que for possível”, reforça Cotta, complementando que a frequência ideal é de três vezes por semana, durante o verão, e duas vezes durante o inverno. Para evitar que seu jardim fique com aquele aspecto de maltratado, o perito ambiental indica espécies mais resistentes, como cactos mandacaru. As suculentas, entre elas as sanseviérias e as trifasciatas, também resistem bem às agressões e, melhor, estão na moda. Outra planta guerreira que pode ser utilizada é a espada-de-são-jorge. E se você pensa que ela é menos nobre, está enganado. “As espadas-de-são-jorge são exóticas e estão muito na moda na Europa. Na Avenida Champs Élysée, a mais famosa de Paris, diversas lojas estão utilizando a espécie para embelezar as fachadas”, diz. Cotta chama a atenção para outra planta que tem feito sucesso: a sanseviéria prata, que causa uma ilusão de ótica como se estivesse reluzindo. “Além de bonita,

Dicas para rega As orientações do paisagista ou do vendedor da planta são fundamentais para definir quantas vezes ela deve ser regada. Confira essas dicas: • as plantas expostas ao sol podem ser regadas de uma a duas vezes por semana, mas sempre com bom senso. É importante observar a reação da planta para, com o tempo, regá-la mais ou menos; • vasos internos normalmente não exigem tanta água como as plantas que ficam no sol; • as jardineiras que ficam em locais mais altos ou com grande circulação de vento precisam de mais atenção, já que, normalmente, necessitam de mais água para não ficarem secas; • no verão, na primavera e em períodos mais quentes, as plantas devem ser regadas em dias alternados. Já nas estações mais frias, elas devem ser regadas com menos frequência.

78

www.condominioetc.com.br

ela resiste bem ao calor, ao frio, à poluição e à baixa luminosidade.” Para dar um ar mais nobre ao jardim, ele recomenda, em vez dos canteiros de cimento, que podem causar infiltração em outras áreas do condomínio, utilizar vasos de porcelana ou vietnamitas, que vieram para ficar. Cinco unidades ficam em torno de R$ 1,5 mil e já dão outra cara ao jardim.

E na hora de comprar? Cada espécie de planta exige cuidados específicos, por isso, quando for comprar uma, não se esqueça de esclarecer se: • a planta prefere sol ou sombra; • quantas vezes por dia ela deve ser regada; • qual a melhor maneira de plantá-la; • a planta é perene ou tem fases; • evite comprar sementes, elas demoram muito para germinar e as outras plantas acabam crescendo mais rápido e ocupando seu espaço; • na hora de escolher uma muda, prefira as que estão mais floridas e com as folhas mais vigorosas e sem manchas. Não se esqueça de verificar se alguma dela carrega insetos que podem contaminar outras plantas e causar problemas.


Churrasqueira e playground: áreas de risco Se os seres humanos se sentem incomodados com a fumaça e a sujeira provenientes das churrasqueiras, imagine as plantas, que são indefesas... Para as áreas de convivência do condomínio, Cotta recomenda a instalação de um jardim gourmet, com alecrim, hortelã, manjericão, orégano e outras ervas que possam ser utilizadas pelos moradores nos eventos e replantadas constantemente. “É uma ótima ideia porque custa pouco, todo mundo gosta e são fáceis de cuidar”, reforça. O preço para a montagem de um jardim como esse fica em torno de R$ 200. Agora, se você quer escolher plantas realmente resistentes, mas com estilo, prefira as palmeiras. Elas são o último grito em paisagismo e têm feito bastante sucesso nos Estados Unidos. A mais barata, do tipo veitchia, custa em torno de R$ 150 a unidade. Já a rabo-de-raposa, que dá um ar mais nobre, fica em torno de R$ 450 cada uma. Mas se a intenção é causar inveja no vizinho, opte pela poderosa palmeira-laca, que, além de linda, tem o caule vermelho. A unidade pode custar R$ 1 mil. Importante ressaltar que nem todas as espécies são adequadas para jardins. De acordo com a Associação Nacional de Paisagismo (ANP), árvores grandes como flamboyant e mangueira, por exemplo, devem ser evitadas por conta das raízes, que podem acabar danificando o terreno. Para vasos, algumas espécies têm manutenção simples e seus arbustos podem ser moldados com uma poda rápida: buxinhos, fícus para vaso e eugênias. Uma boa opção para

quem tem pouco espaço, mas quer estilo são árvores frutíferas de pequeno porte, como acerola, pitanga e romã. Flores são sempre uma boa opção para os locais pequenos, já que suas raízes não precisam de muito espaço. Outra dica bacana da ANP é ter um jardim sempre florido com pés de diversas plantas, mas que floresçam em diferentes épocas do ano. Na hora de escolher a espécie, evite as que têm espinhos e que são venenosas, como espirradeiras e comigo-ninguém-pode. As que soltam um líquido quando a folha se quebra também não devem ser usadas, especialmente nos playgrounds, já que podem causar queimaduras. No Condomínio Filippo, na Zona Oeste, o síndico Domingos Filho, no cargo desde

2010, conta com o serviço de uma empresa especializada para cuidar das plantas. Também pudera: o prédio – com 22 andares e 264 apartamentos – não tem apenas um pequeno jardim, mas um grande bosque que fica na parte de trás da edificação. “Ocupa um quarteirão e tem diversas espécies de plantas e flores, inclusive árvores frutíferas que eu mesmo plantei”, alegra-se o gestor, que se orgulha da horta comunitária do bosque, cujas verduras podem ser colhidas por qualquer morador. Domingos revela que a prestadora de serviço mantém um funcionário de segunda a sábado no condomínio para fazer rega, poda, novos plantios e toda a limpeza necessária, ao custo de R$ 1,5 mil mensais. No que diz respeito à poluição da rua, o bosque está seguro: “Não temos tanta interferência porque o terreno é todo cercado por árvores de grande porte que acabam formando uma barreira natural”, conta o síndico, que ainda teve a ideia de instalar no bosque um sistema de coleta de água da chuva com capacidade para 140 mil litros. “Mesmo com a crise hídrica, não ficamos sem água. Utilizamos o que captamos para a rega no próprio bosque e a limpeza de veículos e áreas comuns.” A economia chega a 20% e as plantas agradecem! Serviço

Associação Nacional de Paisagismo (ANP) (11) 3875-4545 Rio Jardins (21) 2554-8832

ABR_MAI_JUN 2015

79


Comportamento por Stella Maris Mendonça (smarismendonca@gmail.com)

Diana Kinch sonha e adota Durante anos moramos num espaço enorme em Santa Teresa, com compartimentos geminados e casinhas integradas a pés de sapoti, manga, cajá, abiu, café, laranja, abacate. Um dia, decidi vender a casa e, numa entrevista de trabalho com a jornalista Diana Kinch, então presidente da Associação de Correspondentes Estrangeiros no Rio de Janeiro, falei sobre o assunto e, no dia seguinte, Diana comprou a casa e a povoou com seus oito filhos adotados. O resto da história ela, que está na Inglaterra, conta a seguir. Condomínio etc. – Diana, como foi o processo de adoção de cada um de seus filhos? Diana Kinch – Tinha dois filhos quando comprei a casa em Santa Teresa porque gastava muito com aluguel, e o processo de adoção do Raoul e Daniel demorou tanto para sair (três anos e meio) que pensei que moraria no Brasil definitivamente. Também queria que meus filhos tivessem a experiência de crescer numa casa com espaço, como eu tivera. Planejava adotar mais filhos e, quando vi sua casa pela pri-

80

www.condominioetc.com.br

meira vez, foi amor à primeira visita: parecia tão latino-americana, era exatamente o tipo de moradia que tinha sonhado em ter, grande e meio selvagem, cheia de possibilidades e surpresas. Meus filhos se chamam Raoul (25), Daniel (23), Joseph (19), Simon (17), Beatrice (16), Alice (9), Gabriela (5) e Raquel (4). Adotei quatro deles ainda recém-nascidos, com idades entre 2 dias e 5 semanas. Dois tinham 7 meses e 1 ano e 7 meses (nos processos de adoção, crianças de até 2 anos são recém-nascidos). E dois eram um pouco maiores: 2 anos e 2 meses e 4 anos e meio. Cetc. – Que diferenças há entre adotar um bebê, uma criança e um adolescente? DK – Adotar uma criança maior foi uma das coisas mais difíceis que já fiz na vida. Com 4 anos e meio, a criança já tem conceitos formados. Joseph teve uma alimentação ruim e falta de cuidados médicos e psicológicos. Por não ter tido mãe presente, ele achava que não precisava de uma, que já era livre para fazer qualquer coisa, mas sua falta de estrutura, de pessoa para obedecer, imitar ou amar era evidente. Por

isso teve dificuldade em me aceitar como mãe durante muitos anos. Adotar um bebê é muito mais fácil, tanto para a criança como para a mãe. Um bebê, por não ter lembrança dos pais biológicos, forma rapidamente vínculo afetivo com a mãe adotiva, além de não ter preconceitos. Não vou adotar mais crianças porque cheguei à idade limite (60 anos) para a adoção no Brasil e acho que não é justo para a criança pequena ter mãe idosa (tenho 56 anos a mais que minha filha caçula, Raquel). Quero ter uma família, e não ser uma instituição. Cetc. – Uma mulher solteira pode adotar crianças aqui e na Inglaterra? DK – Fiz todas as adoções como mãe solteira. Nenhum dos três companheiros que tive entrou nos processos, embora tenham participado bastante. Assumi sozinha meu projeto de vida. Meu companheiro Antônio se tornou um “papaizinho” e nos visita com frequência quando estou no Brasil. Meus filhos têm várias figuras paternas. O importante é poderem aprender lições da vida com qualquer pessoa que queira ensinar. Acho que sempre consegui lhes dar


estabilidade básica e sentido de lar. A lei brasileira não discrimina entre solteiros ou casados. O que importa é a estabilidade. Na adoção de Raoul e Daniel, eu estava casada com um inglês, Phil, que morava na Inglaterra e não queria mudar para o Brasil, o que seria um impedimento para as adoções. A gente se divorciou quando o processo de adoção ainda estava em curso. Depois morei com o Euvaldo, o Baiano, por um ano e meio. O Raoul gostava muito dele, chorou e ficou agitado quando nos separamos, mas por pouco tempo, porque ainda era bem pequeno. Depois morei com o Antônio durante 10 anos, mas entre ele e meus filhos homens houve certos atritos e essa foi a razão principal de nossa separação. Comecei a me dar melhor com meus filhos depois da separação – ficou mais fácil tomar decisões e também tinha mais tempo para eles. Desde então, estou solteira e não sinto a falta da “figura pai” em casa. Acho que meus filhos também não a sentem. Cetc. – Você disse, na matéria para a revista de O Globo, que fez “tudo errado” nas primeiras adoções. Por quê?

DK – Errei nas primeiras duas adoções porque peguei os nenéns e só depois entrei com o processo de adoção, em vez de primeiro me apresentar ao juizado de menores para me habilitar para a adoção, o que envolve entrevistas, atestados, certidões etc. No início não sabia qual era a forma certa de me habilitar – em 1989, as pessoas pouco usavam a internet para pesquisa. Só depois de adotar Raoul e Daniel (e sofrer um processo legal que durou três anos e meio) é que me orientaram a ir ao juizado de menores no Rio para me cadastrar para a adoção de mais bebês. Queria adotar uma menina, e eles aceitaram minha inscrição, mas me falaram que já tinha dois filhos adotivos e poderia esperar anos para adotar outro, já que a lista de espera no Rio era grande. Eu me cadastrei em comarcas no sul do país onde o processo pode ser mais ágil. (isso foi antes da introdução do cadastro nacional de adoção no Brasil). Viajei para o sul com Raoul e Daniel, que tinham 8 e 7 anos, respectivamente (queria envolvê-los nas adoções), e me cadastrei em três comarcas no Paraná: Irati, Prudentópolis e Rebouças. Aos pou-

cos, meu nome chegou ao topo da lista em todas elas e fiz adoções em Irati e Prudentópolis. Pouco tempo depois, recebi um telefonema do juizado de menores no Rio informando que havia chegado uma menininha que talvez me interessasse: uma mestiça cardiopata de cinco semanas de vida que tinha que ser colocada num lar naquele mesmo dia porque acabara de sair do hospital. Na experiência dos funcionários do juizado, as estrangeiras costumam pegar com mais facilidade os nenéns de raça mista ou com problemas de saúde congênitos. As enfermeiras lhe deram o nome de Beatriz do Céu. Alguns dias antes eu havia sonhado que tinha adotado uma neném com o nome Beatrice. Então, pensei: isso só pode ser meu destino mesmo. Amigas brasileiras e meu companheiro na época ficaram surpresos quando adotei Beatrice, que é mestiça – parece que eles só viram a cor, coisa que não vi. Deixei o trabalho de lado, comprei fraldas e mamadeiras (de novo) e fui ao juizado pegá-la. Cetc. – Teve alguma orientação espiritual na escolha do caminho da adoção?

ABR_MAI_JUN 2015

81


DK – Várias das adoções eu previra em sonhos e aprendi a reconhecer o tipo de sonho que viraria realidade. Senti que o destino me levava a fazer mais adoções, que era minha vocação. No caso da adoção do Joseph e do Simon, que são filhos de uma indígena do interior do Paraná e que viviam em estado de pobreza absoluta, debaixo de um plástico no meio da floresta, perto de um rio, eu os havia visto num sonho algumas semanas antes de conhecê-los, agachados numa escada quebrada de pedra próximo a um rio, comendo com as mãos restos de um peixe cru que tinha sido jogado na lama, e eles estavam barrentos, pequenos e medrosos. Reconheci os meninos no orfanato próximo a Prudentópolis. Por causa do sonho, dei ao menor o nome de Simon, um pescador da Bíblia; o irmão maior já tinha nome, José Carlos, e os assistentes sociais me orientaram a não trocá-lo para evitar possível crise de identidade. Decidi traduzir o nome dele para o inglês – Joseph Charles, nome de que ele gosta muito, além de Charles ser o nome do meu pai, que faleceu no mesmo ano em que Joseph nasceu (1995). Tudo fazia sentido! Vários dos meus filhos têm sofrido com doenças congênitas e problemas físicos ou mentais. Isso é muito comum em crianças adotadas – os pais biológicos às vezes têm problemas de saúde congênitos e acham mais difícil lidar com os filhos, que acabam sendo rejeitados porque são, em certa medida, “defeituosos”. Eu não vi esses problemas como impedimento, mas como dever. O Raoul sofre de deficit de atenção e hiperatividade; Beatrice fez

82

www.condominioetc.com.br

cirurgia, com 2 anos e meio, para corrigir um buraquinho no coração e ainda tem válvulas que causam refluxo; Daniel ficou em tratamento de câncer na mandíbula entre 10 e 16 anos, mas está curado; Joseph bebia demais e tinha problemas com a polícia; e Gabriela nasceu prematura, com a síndrome tricorrinofalangeana, que retarda a aprendizagem.

com qualquer um. Eles são muito tranquilos quanto a isso. Joseph sabia que era adotado porque já tinha 4 anos e meio, por isso perguntei muito sobre sua vida, para ajudá-lo a colocar tudo em contexto e entender o máximo possível. Cada vez que perguntava ele saía com histórias diferentes, contraditórias, fantásticas... Estava tentando me impressionar!

Cetc. – Quais os momentos mais felizes e os mais difíceis? DK – A coisa mais difícil tem sido a rivalidade entre alguns de meus filhos. Mas isso pode acontecer em qualquer família. Momentos de orgulho: a entrada de Daniel na faculdade de administração, no Rio, e quando os seis mais jovens conquistaram os lugares que queríamos nos colégios e colleges aqui na Inglaterra. Estou orgulhosa de ter conseguido cidadania britânica para eles (todos têm dupla nacionalidade) e ter trazido os mais jovens para a Inglaterra, onde estão progredindo e, depois das várias doenças, crescem saudáveis e felizes. Um dia, Joseph disse que me amava e que devia tudo o que tinha a mim, uma atitude bonita e surpreendente. Apesar de certas rivalidades, a gente tem estrutura familiar. Fico muito feliz com meus filhos por perto ou passeando com eles, como fazíamos em Paquetá.

Cetc. – Um(a) estrangeiro(a) que more fora do Brasil pode adotar crianças brasileiras? DK – Pode, mas a adoção chamada internacional está sujeita a restrições e geralmente envolve advogados, mas eu só precisei deles nos dois processos mais complicados. Em 1997, quando pesquisava comarcas em Santa Catarina, estrangeiros só podiam adotar crianças grandes, com 6 anos ou mais.

Cetc. – As crianças conhecem suas histórias antes de serem adotadas? DK – Comecei a contar para eles suas histórias aos 3 anos, quando são capazes de entender o conceito. Queria que vissem a adoção como algo que pode acontecer

Cetc. – A perda de vínculo com a cultura brasileira mexeu com as crianças quando vocês voltaram para Londres? DK – No início foi muito difícil. Levei os seis mais jovens em dezembro de 2012 porque tinha que achar colégio e ocupação. Gabriela e Raquel ainda estavam em processo de adoção. Estava previsto que o juiz aprovaria a adoção, mas, um pouco antes da data marcada para viajar, a mãe biológica das meninas reapareceu, querendo-as de volta. Isso acrescentou mais um ano no processo. Gabriela e Raquel só podiam ficar cinco semanas na Inglaterra, antes de serem chamadas pelo juiz para voltar para o Brasil. Eu as levei (tinham 2 e 3 anos, respectivamente) em fevereiro de


2013 e deixei os outros quatro na casa da minha irmã, em Liverpool. O processo da Gabriela e da Raquel não sairia nas quase três semanas que fiquei no Brasil, então as deixei em minha casa no Rio, aos cuidados de Raoul e Daniel, com 23 e 22 anos, respectivamente. Eles cuidaram muito bem delas por cinco meses, até que toda a família voltou para o Rio, em julho de 2013. O processo delas saiu em agosto de 2013 e consegui trazê-las de volta para a Inglaterra em setembro. Nesse período, Joseph e Simon (na época com 18 e 16 anos, respectivamente) admitiram que não aguentavam mais a Inglaterra. Joseph queria entrar no Exército no Brasil, onde também tinha uma namorada, e Simon dizia que odiava a Inglaterra, que eu queria negar a brasilidade deles... Eles, então, voltaram para ficar na casa no Rio. Na ocasião, os inscrevi num colégio público, na Praça da Bandeira, porque me recusava a pagar mais mensalidades escolares, e voltei de novo, com as quatro meninas, para Londres. No meio disso tudo, perdi meu trabalho de redatora na agência Dow Jones e tinha muitos gastos. Depois de meses, Joseph e Simon pararam de estudar no Rio, depois de várias greves de professores, e resolveram voltar para a Inglaterra, em agosto de 2014. Agora estão estudando em colleges em Londres. A Beatrice, que está com 16 anos, está muito feliz no curso profissionalizante de chef; as três meninas estão indo muito bem no colégio primário e falam bem o inglês. Estou com um novo trabalho de redatora em outra empresa. As coisas se acalmaram bastante. Cetc. – Que comparações pode fazer entre o processo de adoção no Brasil e na Inglaterra ou em outro país? DK – Na época em que fui morar no Brasil (1987) os requisitos para ser mãe ou pai adotivo eram mais rigorosos no Reino Unido do que no Brasil. Na Inglaterra, tinha que ser casal, ter casa própria etc., porque havia poucas crianças disponíveis para adoção, já que a taxa de natalidade é relativamente baixa aqui. Não sei se esses requisitos valem hoje. A lei de adoção no Brasil me pa-

recia liberal – mãe solteira podia adotar, não precisava ser dona de casa etc., apesar do fato de que tinha que comprovar estabilidade mental, financeira, ter saúde e produzir um monte de documentos. Os filhos adotivos e biológicos têm os mesmo direitos, tanto na Inglaterra como no Brasil. Cetc. – Que sentimentos tem pelas mães biológicas de seus filhos? DK – Quando a mãe biológica da Gabriela e da Raquel apareceu para pedi-las de volta, admirei seu espírito. Era muito determinada e sabia se defender, apesar do passado complicado (cresceu no mesmo orfanato onde adotei suas filhas), a falta de estudos e de oportunidades. A última coisa que queria era brigar com uma mãe pela custódia de suas filhas, mas, como elas já tinham sido abandonadas e estavam em processo, o juiz deu preferência a mim. A mãe biológica já tem outro neném e novo marido, e eu lhe desejo sorte. Ela teria orgulho de ver a Gabriela e a Raquel lidando tão bem com o inglês e com duas culturas. Com as demais mães e pais biológicos, nunca tive contato direto. Sei um pouco sobre algumas das mães e contei o que sabia para meus filhos, mas eles nunca mostraram muito interesse em achá-las ou saber mais sobre elas. Não tenho nada contra elas por isso, a vida pode ser assim mesmo...

ABR_MAI_JUN 2015

83


BEM DITA! – a coluna de boas notícias por Stella Maris Mendonça (smarismendonca@gmail.com)

Juca Ferreira, ministro da Cultura, revê critérios da Lei Rouanet O ministro da Cultura está atento à política unilateral de financiamento da cultura no país. “Sou bem crítico à Lei Rouanet e formei minha opinião com base nos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). A lei criou uma ilusão de que haveria uma parceria público-privada financiando a cultura. Não é verdade.” Como 80% dos recursos da Lei Rouanet ficam nos estados de São Paulo e do Rio de Janeiro (60% vão para as cidades de São Paulo e Rio de Janeiro e 3% dos proponentes recebem 50% das verbas incentivadas), houve reação por parte de produtores e profissionais da cultura. Mas o problema não é apenas a concentração dos recursos incentivados. Em 18 anos de Lei Rouanet, dos R$ 8 bilhões acionados, só R$ 1 bilhão veio de empresas, muitas delas estatais. Esses recursos, públicos em sua quase totalidade, passaram a depender da deliberação das empresas e seus departamentos de marketing. Por isso, Juca Ferreira classificou as leis como “ovo da serpente neoliberal”. As leis de incentivo não estão universalizando o fomento à cultura. Elas tendem a apoiar atrações de apelo mercantil e/ou eventos de visibilidade, excluindo criadores, manifestações e produtos culturais que não se submetam a tais critérios. Há um abismo no país entre as políticas de financiamento, centradas nas leis de incentivo, e as políticas

84

www.condominioetc.com.br

de diversidade cultural. Desde o governo Lula e seus ministros Gilberto Gil e Juca Ferreira, o Brasil adotou políticas de diversidade cultural sintonizadas com a cena internacional contemporânea e comprometidas com a diversidade cultural brasileira. Como as leis de incentivo não estão respondendo a esse requisito, a centralidade dessas leis nas atuais políticas de financiamento comprometem as possibilidades de desenvolvimento das políticas de diversidade cultural. Para sua plena realização, elas demandam novas políticas de financiamento atentas à complexidade da cultura brasileira. Com a atenção dada ao problema pelo ministro da Cultura, cabe apoiarmos mudanças tão necessárias ao país.

José Mujica, presidente do Uruguai, indicado para o Prêmio Nobel da Paz, diz: “Estão loucos. Que prêmio da paz, nem prêmio de nada. Se me derem um prêmio desses seria uma honra para os humildes do Uruguai para conseguirem uns pesos a mais para fazer casinhas... No Uruguai temos muitas mulheres sozinhas com 4, 5 filhos porque os homens as abandonaram, e lutamos para que possam ter um teto digno. Para isso teria sentido. Mas a paz se leva dentro. E o prêmio eu já tenho. O prêmio está nas ruas do meu país. No abraço dos meus companheiros, nas casas humildes, nos bares, nas pessoas comuns. No

meu país eu caminho pela rua e vou comer em qualquer bar sem essa parafernália de gente de Estado.”

Empossada a Comissão Nacional da Verdade da Escravidão Negra A Comissão Nacional da Verdade da Escravidão Negra foi empossada na sede do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), em Brasília. O grupo de trabalho tem o objetivo de fazer o resgate histórico do período e a aferição de responsabilidades, além de demonstrar a importância das ações afirmativas como método de reparação ao povo negro. Na ocasião, também foi assinado termo de cooperação entre a OAB e o Instituto Afro-brasileiro de Ensino Superior da Faculdade Zumbi dos Palmares, no âmbito da comissão. O grupo recebe ainda o apoio de entidades como o Instituto de Pesquisa e Estudos Afro-brasileiros (Ipeafro) e o Instituto Nzinga Mulher Negra. Os membros da comissão são: Humberto Adami Santos Júnior; Carlos Alberto de Souza e Silva Júnior; Eunice Aparecida de Jesus Prudente; Jorge Lopes de Farias; Jorge Luís Terra da Silva; José Vicente; Laura Taddei Alves Pereira Pinto Berquó; Marco Antônio Zito Alvarenga; Maria da Penha Santos Lopes Guimarães; Raimunda Luzia de Brito; Samuel Santana Vida; Sandra Cristina Machado; Sílvio Luiz de


www.sxc.hu

Almeida; Vera Lúcia Santana Araújo; André Ricardo Cruz Fontes; Antônio Gomes da Costa Neto; Carlos Alberto Caó Oliveira dos Santos; Carlos Nobre Cruz; Cláudia Reina; Eduardo Araújo de Souza; Elisa Larkin; Elzimar Maria Domingues; Evandro Piza Duarte; Flávia Helena de Lima; Guaraci de Campos Vianna; Hebe Maria da Costa Mattos Gomes de Castro; Helena do Socorro Campos da Rocha; Ivete Alves do Sacramento; João Jorge Santos Rodrigues; Jorge da Silva; José Antônio Ventura; Júlio César de Tavares; Marcelo Dias; Maria das Graças Santos; Neivaldo de Lima Virgílio; Nilson Bruno; Nívea Mônica da Silva; Noelia Castro de Sampaio e Wilson Prudente. Segundo números divulgados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) nos últimos anos, há indicadores socioeconômicos bem menores para a população afro-brasileira. De acordo com os índices, crianças brancas são as que têm mais acesso a creches; 60% dos presidiários são negros; a média de estudos

da população afrodescendente é de quase dois anos menor quando comparada à da branca, entre outros exemplos. Que chegue a vez dos índios e dos ciganos.

Aprovado projeto que regulamenta profissão de artesão Com toda a riqueza da arte popular brasileira, o país tem hoje 9 milhões de artesãos sem o reconhecimento de sua profissão. Muitas técnicas têm se perdido ao longo dos anos por falta de incentivo e por não haver políticas públicas que garantam que os mestres passem seu conhecimento aos mais jovens. Para garantir direitos a esses cidadãos que lutam há anos pela causa, a Comissão de Cultura aprovou, por unanimidade, o relatório da deputada Luciana Santos (PCdoB-PE) ao projeto do Senado

Federal, que regulamenta a profissão de artesão. O projeto também estabelece diretrizes para as políticas públicas de fomento ao artesanato, institui a carteira profissional da categoria e autoriza o Executivo a criar a Escola Técnica Federal do Artesanato. Para construir seu parecer, a deputada buscou entidades ligadas ao artesanato e realizou audiência pública para conhecer a demanda do setor. Segundo ela, a aprovação da matéria é mais um passo de um processo para garantir o reconhecimento do artesão como profissional e as condições necessárias para que a atividade seja fortalecida. A matéria segue para apreciação nas Comissões de Trabalho e de Administração e Serviço Público. A sociedade deve acompanhar.

ABR_MAI_JUN 2015

85


Gostaria de compartilhar com você algo maravilhoso que tomo diariamente e que pode ser comprado facilmente em lojas de produtos naturais – a Chlorella pyrenoidosa. A Chlorella, em condições com muita luz solar e em água doce fresca, se reproduz por divisão celular à razão de quatro novas células a cada 17/24 horas. Em ou perto dos corpos de água em nosso planeta existem 25 mil espécies de algas, que são plantas elementares sem raízes, caule e folhas. Elas habitualmente possuem clorofila, sendo as algas verdes os organismos mais simples. Quando possuem clorofila, como as plantas, as algas convertem elementos químicos inorgânicos em matéria orgânica usando a luz solar. O nome Chlorella provém do grego chloros, verde; e do sufixo diminutivo latino ella, pequeno. Ela é rica fonte alimentar – tem cerca de 45% de proteínas, 20% de gorduras, 20% de carboidratos, 5% de fibras, 10% de minerais e vitaminas. A clorofila e seus derivados estimulam a formação de glóbulos vermelhos, afetam a nutrição e influenciam o metabolismo e a respiração. As vitaminas, cobertas por aminoácidos, são assimiladas rapidamente. A Chlorella possui 18 aminoácidos, incluindo os oito aminoácidos essenciais, e importantes enzimas digestivas, frequentemente utilizadas em tratamentos de câncer. Desde que é conhecida, a Chorella p. incrementa o conteúdo das células brancas do corpo e pode se revelar como ajuda durante e após a quimioterapia.

86

www.condominioetc.com.br

www.sxc.hu

Boa notícia para a saúde: a Chlorella

Depois de pesquisa feita por Waladkhani e Clemens, em 1990 (sobre os efeitos de fitoquímicos dietéticos no desenvolvimento do câncer), tem aumentado o interesse nos benefícios da clorofila em geral no processo de combate ao câncer de colo de útero e de mama. A Chlorella p. é particularmente um bom agente desintoxicante, pode ajudar na desintoxicação de metais pesados, como o mercúrio, e na desintoxicação de pesticidas. Finalmente, existe alguma indicação que ela aumenta a multiplicação de lactobacilos, ajudando na digestão, e é utilizada como agente oxigenante do sangue, em que tem possibilidades interessantes contra células cancerígenas, que normalmente expandem-se a menos que exista um bom oxigenamento. É rica em ácidos nucléicos – bons para o crescimento e para combater o envelhecimento (estudos concluíram originalmente que a sardinha tinha a maior concentração de ácidos nucléicos, mas a Chlorella p. possui dez vezes mais ácidos nucléicos que esse peixe) –, tem dez vezes mais betacaroteno que a cenoura e é rica em vitaminas do complexo B, mais especificamente em vitamina B12, por isso, é excelente para os vegetarianos.

A primeira Chlorella foi identificada por volta de 1900, mas elas existem na Terra há mais de 2,5 bilhões de anos. Entretanto, até 1890, suas células não tinham sido identificadas por olhos humanos sob um microscópio. Elas cresceram de forma natural primeiramente na Holanda, no final de 1800. No início de 1900, cientistas de várias nações, especialmente da Alemanha, começaram a se interessar pela ideia de utilizar a Chlorella como alimento. Embora a pesquisa tenha sido interrompida pelas duas guerras mundiais na Europa, o entusiasmo pela Chlorella continuou. O bioquímico alemão Otto Heinrich Warburg recebeu o Prêmio Nobel em Fisiologia e Medicina, em 1931, por seu estudo da fotossíntese na Chlorella. Em 1961, Melvin Calvin, da Universidade da Califórnia, recebeu o Prêmio Nobel de Química por seu estudo sobre os caminhos da assimilação do CO2 em plantas usando a Chlorella. Em 1948, um estudo piloto do Instituto de Pesquisa de Stanford sobre o crescimento da Chlorella foi bem-sucedido, mas teve de ser interrompido por causa de problemas financeiros. Em 1950, pesquisadores do Instituto Carnegie perceberam que a Chlorella podia crescer em escala comercial e ser a solução para a fome no mundo. O inicial interesse na Chlorella como fonte de alimento partiu, no período pós-guerra, do Japão, que possuía sério problema de deficiência em alimento. Em 1951, a Fundação Rockefeller e o governo japonês apoiaram os estudos do Dr. Hiroshi Tamiya, no Instituto Biológico Tokugawa. O Dr. Tamiya foi pioneiro no desenvolvendo da tecnologia


de crescimento da Chlorella em larga escala. Em 1957, a organização chamada Japão Chlorella fundou um centro de pesquisa, e a maior piscina de Chlorella do mundo foi construída. Então, outra organização, Japão Chlorella Associações, foi estabelecida com a assistência financeira governamental. O objetivo foi comercializar a Chlorella como alimento. Mas os planos foram adiados por dois anos porque o arroz tinha ficado disponível em maior quantidade e a Chlorella não poderia competir com ele por causa de seu maior custo. Outro motivo pelo qual a Chlorella não poderia ser comercializada como alimento era sua baixa digestibilidade, que ainda deveria ser melhorada. E isso aconteceu. O problema de digestibilidade foi resolvido em 1975, quando uma patente descobriu que a quebra de sua parede celular rendia uma digestibilidade de mais de 80%. Por ter tantas propriedades importantes, não é de admirar que a Chlorella tenha sido usada como suplemento alimentar pelos astronautas da NASA em suas viagens espaciais. Por isso, ela também é conhecida como “pílula do astronauta”.

Projeto Rede do Saber é ampliado e pode ser inspiração para o Rio A Secretaria de Políticas para Crianças, Adolescentes e Juventude vai ampliar o projeto Rede do Saber, em funcionamento desde abril de 2014, na Unidade de Internação de Santa Maria (UISM). A ideia é que sejam inauguradas bibliotecas nas demais 26 unidades de internação no Distrito Federal em 2 de abril – Dia Internacional do Livro Infanto-juvenil. Para viabilizar a ampliação, a secretaria começou a se reunir com iniciativas privadas e com a Vara da Infância e da Juventude do DF. A rede foi criada como oportunidade de entretenimento para os 165 adolescentes da Unidade de Internação de Santa Maria. Lá existe apenas um aparelho de televisão, em uma sala de convivência, onde os internos permanecem em horários estabelecidos. O programa reúne cerca de 1,5 mil exemplares, catalogados pelo estilo literário e pela complexidade. A maior parte fica na biblioteca e, diariamente, Abdallah

Antun, que trabalha desde 2006 no sistema socioeducativo e é responsável pela parte operacional do projeto, percorre os corredores com um carrinho para entregar exemplares e buscar devoluções. “Procuro esquecer o que cada um fez lá fora. Quando passo, eles ficam gritando meu nome, pedindo livro. É uma festa.” Para participar da Rede do Saber, os interessados fazem um cadastro, que serve de controle para Antun sobre conservação das obras e assiduidade. Os adolescentes devem também entregar uma redação sobre o que leram. O texto, anexado ao processo dos internos, lhes rende alguns benefícios, como ligação telefônica para a família. Antun lembra que a quantidade de adeptos – no início, 70% – hoje equivale a 90% dos adolescentes que cumprem medida socioeducativa na unidade, ou seja, 165 jovens em conflito com a lei leem até três livros por semana.

ABR_MAI_JUN 2015

87


LEGISLAÇÃO

Adequações da autovistoria

por Jeniffer Martins

Depois de passar pela autovistoria é hora de se organizar com as obras

Adilson Luiz da Silva, síndico do Recanto, conta que, para realizar a autovistoria do prédio, selecionou uma das melhores empresas do ramo

88

www.condominioetc.com.br

Não só no Rio de Janeiro, mas no país em que vivemos a manutenção de prédios e residências só é fator de preocupação depois que acontecem incidentes ou até mesmo acidentes. Isso se deve a inúmeras razões, sejam elas culturais, falta de recursos ou até mesmo desconhecimento do assunto. Geralmente, poucos de nós percebemos os benefícios da manutenção e da realização de vistorias técnicas periódicas. Para muitos, essas ações estão associadas apenas a mais despesas, contratempos ou aborrecimentos. Entretanto, os benefícios são maiores que os fatores negativos, mas, na maioria das vezes, não nos damos conta disso. Agora, no


A síndica Eliana da Terra, do Condomínio Denise, explica que, em outubro de 2013, o condomínio passou pela autovistoria predial e foi reprovado em todos os quesitos

entanto, a obrigação de realizar vistorias técnicas periódicas é lei. De acordo com a Lei Estadual nº 6.400, de 5 de março de 2013, a Prefeitura obriga os condomínios a realizarem as autovistorias. A lei determina que os responsáveis pelas edificações existentes no município do Rio de Janeiro, inclusive as tombadas, preservadas e tuteladas, realizem autovistoria periódica, com intervalo máximo de cinco anos, para verificar as condições do imóvel e, quando necessário, a execução das medidas reparadoras. Segundo Antônio Carlos Fagundes, engenheiro civil da Anfa Engenharia, as partes a serem vistoriadas são as visíveis, ou seja, aquelas que podem ser enxergadas. “É uma vistoria, e não uma inspeção para realizar testes.” A autovistoria refere-se a três itens: estabilidade da estrutura, que visa verificar principalmente se existem ferragens expostas, fissuras, trincas ou rachaduras; conservação de fachadas, que tem por objetivo verificar o estado de revestimentos, garagens e áreas comuns; e segurança nas redes de hidrantes, extintores e revestimentos soltos nas fachadas. A realização da autovistoria periódica é obrigatória em todos os imóveis da cidade, exceto nos primeiros cinco anos após o “habite-se” de edificações, em prédios com até dois pavimentos e área construída inferior a 1.000m², em residências unifamiliares (destinadas ao uso residencial permanente,

constituídas por uma única unidade) e bifamiliares (destinadas ao uso residencial permanente, constituídas por duas unidades justapostas ou superpostas). É indispensável também em todas as fachadas de qualquer prédio com projeção de marquise ou varanda sobre o passeio público. Com a obrigatoriedade da autovistoria se espera que surja uma nova cultura de manutenção predial para que síndicos, moradores e proprietários fiquem atentos à estrutura do imóvel e respeitem as normas técnicas de segurança. Sendo assim, os cuidados com as edificações estarão sempre em dia, evitando sustos e diminuindo a necessidade de obras emergenciais. Para a realização da vistoria, o responsável pelo imóvel deverá contratar um profissional (engenheiro ou arquiteto) legalmente habilitado nos conselhos profissionais CREA ou CAU para elaborar o laudo técnico, a fim de atestar as condições do imóvel. “O síndico deve contratar uma empresa de engenharia idônea que tenha o registro no CREA. E, em seguida, deve enviar à Prefeitura o Comunicado de Realização da Autovistoria, que indica a adaptação da edificação ou a necessidade de prazo para a realização das obras de reparo”, ressalta o engenheiro da Anfa. Pelo comunicado, também deverão ser informadas descrição e localização do prédio e identificação do responsável pela edificação e pela

ABR_MAI_JUN 2015

89


Síndico Adilson Luiz da Silva, do Condomínio Recanto: “Para realizar a autovistoria foi selecionada uma das melhores empresas do ramo. A contratada nos apresentou um histórico que comprova suas credenciais legais, assim como sua boa reputação com os clientes a que presta esse tipo de serviço

elaboração do laudo técnico. O responsável também deverá comunicar o teor do laudo aos condôminos e arquivá-lo pelo período de 20 anos. Esse profissional atua como uma espécie de inspetor predial, fazendo um diagnóstico geral e recomendando, quando for o caso, exames complementares que poderão envolver outras especializações ou a realização de obras quando detectadas falhas ou deficiências. Basicamente, a autovistoria se divide em três fases: realização da vistoria técnica predial; elaboração de laudo técnico e comunicação à Prefeitura do Rio de Janeiro. Caso seja necessária a execução de obras de reparos, elas deverão ser identificadas, bem como o prazo para sua execução. Foi o que aconteceu no Condomínio Recanto, situado na Zona Norte do Rio de Janeiro. O síndico Adilson Luiz da Silva

90

www.condominioetc.com.br

conta que, para realizar a autovistoria do prédio de apenas um bloco, foi selecionada uma das melhores empresas do ramo. “A contratada nos apresentou um histórico que comprova suas credenciais legais, assim como sua boa reputação com os clientes a que presta esse tipo de serviço.” A autovistoria do Recanto aconteceu no final de setembro de 2014. Lá o planejamento para a execução das alterações nas paredes internas e na sala de máquinas do elevador e de consertos elétricos de bombas da cisterna começou com a busca de informações relacionadas com as normas exigidas por lei para se adequar às exigências da Prefeitura mediante o cumprimento da autovistoria. “Para que os ajustes da vistoria fossem cumpridos no prazo dos 90 dias exigidos, foi necessário selecionar uma empresa com profis-

sionais habilitados para executar as obras com as comprovações de responsabilidade técnica”, esclarece Adilson. O laudo é também uma forma de o síndico dividir a responsabilidade caso, de repente, aconteça algo de inesperado com a edificação. Assim, o responsável pelo condomínio tem mais segurança para afirmar se a estrutura do prédio está realmente correta. Se houver necessidade de obra no imóvel, o responsável deverá comunicar o prazo para a realização do reparo à Prefeitura e providenciar sua execução. “É importante que o síndico se prepare para o início das obras. Para tanto, deve convocar uma reunião de condomínio, apresentar o laudo e, posteriormente, acionar as construtoras para orçar os serviços a que o prédio deverá se submeter”, aconselha o engenheiro Antônio Fagundes.


ABR_MAI_JUN 2015

91


Medição individualizada de água e gás

Com a ista você economiza recursos naturais e dinheiro com a individualização.

Suas vantagens Redução de custo de, em média, 30% no primeiro ano da individualização Sistema de leitura remota - não é necessário entrar na residência Instalação em condomínios novos e antigos (Retrofit) Produtos de 1 linha, homologados pela INMETRO e Anatel Serviço de relatórios de consumo mensais e serviços de manutenção

Sobre a ista Empresa especializada em medição individualizada Líder mundial no mercado de individualização Mais de 100 anos de experiência Presença em 26 países

SP: (11) 3285-6040 RJ: (21) 4040-4600 E-mail: comercial@ista.com.br Site: www.ista.com.br

92

www.condominioetc.com.br

A síndica do Condomínio Denise, Eliana da Terra, conta que o condomínio foi reprovado em todos os quesitos. Já iniciaram as obras, mas vão precisar de mais tempo para terminar as reparações, por isso foi pedida, pela empresa de engenharia contratada, uma prorrogação à Prefeitura

A síndica do Condomínio Denise, Eliana da Terra, conta que assim que a lei entrou em vigor a CIPA enviou uma carta com orientações que poderiam ajudá-la, pois, em outubro de 2013, o condomínio passou pela autovistoria predial e foi reprovado em todos os quesitos. A síndica – que há dois anos está à frente do Denise – diz que no ano de 2014 fez obras nas áreas interna e externa do edifício, mas que ainda faltam reparos. “Ainda não terminamos as obras, pois, agora, começamos a fazer o PC da luz.” Ela relata que o prazo normalmente é de seis meses para que as melhorias sejam feitas e o edifício possa se adaptar, mas como precisaram de mais tempo para terminar as reparações, foi pedida, pela empresa de engenharia contratada, uma prorrogação à Prefeitura. Em se tratando de condomínios que optaram por não fazer a autovistoria, o engenheiro da Anfa diz que, inicialmente, eles serão notificados pela Prefeitura. Se após 30 dias da notificação não tiverem apresentado o laudo, a Prefeitura executará as multas, como também os processos advindos de acidentes decorrentes da falta de manutenção. Além disso, o responsável pelo imóvel estará sujeito aos procedimentos de fiscalização previstos na legislação, podendo ser aplicadas multas no valor de cinco VR (Valor Unitário Padrão Residencial) ou cinco VC (Valor Unitário Padrão Não

Residencial). As multas serão aplicadas enquanto não forem cumpridas as obrigações do responsável, até atingir o limite do valor venal do imóvel. E como toda obra requer um custo, o esperado é que haja impacto nas taxas condominiais, principalmente nos condomínios mais antigos. Afinal, são eles que demandam mais cuidado na parte da manutenção. Mas, a longo prazo, é possível que haja diminuição do valor médio da cobrança, já que a edificação estará sempre em dia, o que evita sustos e diminui a necessidade de elaboração de obras emergenciais. Foi o que aconteceu no Edifício Denise. O impacto nas contas foi inevitável. Uma vez que o saldo do condomínio não daria conta dos custos, foi cobrada uma cota extra de R$ 285 na taxa condominial. “Tudo foi resolvido em assembleia, ou seja, fizemos uma cotação de mercado e escolhemos uma empresa que não sobrecarregasse os custos do condomínio”, finaliza a síndica Eliana. Para obter mais informações e orientações relativas à autovistoria, o síndico deverá entrar em contato com Central de Atendimento ao Cidadão, pelo número 1746, com os conselhos profissionais ou com as entidades ligadas a síndicos, condomínios e construtoras, como Secovi (entidade sindical do setor da habitação) e Abadi (Associação Brasileira das Administradoras de Imóveis).


ABR_MAI_JUN 2015

93


HISTÓRIA por MILTON TEIXEIRA

A cidade e seu lixo

No fatídico mês de abril de 2010, a cidade e o estado do Rio de Janeiro foram flagelados por chuvas torrenciais, o que ocasionou, em Niterói, na comunidade do Morro do Bumba, um enorme desmoronamento que deixou um grande número de mortos e feridos e muitas famílias desabrigadas. Verificou-se que essa comunidade fora erguida sobre um depósito de lixo desativado em 1980. Vale a pena recordar como o lixo era tratado no passado e saber quantos bairros foram literalmente edificados sobre depósitos de entulhos. Durante o período colonial e até em época bem tardia do século XIX, o lixo doméstico era recolhido pelos escravos e jogado nas praias, junto com o esgoto. No século XVIII, a região correspondente à Cidade Nova – que hoje vai do Campo de Santana até a Praça da Bandeira – foi utilizada como vazadouro de lixo. O objetivo dos vice-reis era aterrar a grande área pantanosa e cheia de charnecas que corresponde hoje ao Canal do Mangue. Quando a corte portuguesa chegou aqui, em 1808, teve de conviver com esse depósito de lixo em sua rota até São Cristóvão, mas, afora algumas melhorias nos caminhos e na iluminação no trajeto da carruagem real, até que os nobres não reclamaram muito e as mudanças efetivas foram poucas. Mas foi apenas em 1633 que os autos de correção dos ouvidores, expedidos pelo ouvidor-mor, determinaram que os cariocas mantivessem as ruas e valas limpas, sob fiscalização dos juízes almotacés da Câmara dos Vereadores. Por incrível que pareça, somente quase dois séculos depois, em 1826, após a Independência, é que surgiram algumas efetivas operações de limpe-

94

www.condominioetc.com.br

za e coleta de matéria fecal realizadas pela municipalidade. Não existia varredura e eram muitas as reclamações. Em 1831, a Câmara Municipal passou a coordenar oficialmente a limpeza urbana. Os vereadores contratavam terceiros para fazer a limpeza e fiscais vigiavam o serviço e a desinfecção de ruas, valas,

praças e praias. Usavam-se prisioneiros para isso, que eram popularmente conhecidos como “galés”. Vários contratos para recolher o lixo se sucederam. José Francisco de Cerqueira e Silva obteve, em 1838, o contrato para a limpeza de toda a cidade por um ano, mas desistiu dele


uma semana após a assinatura. No ano seguinte, Carlos José Coelho constituiu uma empresa e ofereceu seus serviços, usando método regular de limpeza das casas, mas sua pretensão foi indeferida pela Câmara. Outras tentativas de prestação de serviços de saneamento foram indeferidas, como a de João Francisco Gravaser, que disporia de uma companhia de limpeza para efetuar a coleta de lixo das casas em carros abertos, incluindo um sistema de barris fechados, que seriam substituídos por outros limpos, colocados junto às portas das casas. Em 1844, surgiram os arrematantes da limpeza da cidade por freguesia, que se incumbiam da coleta de resíduos e do transporte. Com a Empresa Galvani foi lavrado o Decreto Imperial de 17 de setembro de 1846, que determinava que fosse feita a separação do lixo da matéria fecal e de águas sujas e gordurosas. Como o sistema não funcionou,

retornaram, em 1853, os arrematantes da limpeza por freguesia. Um anúncio do Jornal do Commercio solicitava a limpeza de praias. Várias propostas foram apresentadas, mas nada de concreto saiu de imediato. A única mudança ocorrida é que a limpeza urbana saiu em 1854 das mãos dos vereadores e passou a ser encargo do Governo Imperial, que concederia, a partir de então, o privilégio da limpeza da cidade a uma empresa que assim se propusesse, mas não apareceram propostas. O Decreto Imperial nº 2.357, de 16 de fevereiro de 1859, autorizou a realização de um contrato com Antônio Nunes de Souza e Cia., para a limpeza de ruas, praças e praias da cidade. A companhia perdeu o contrato por incompetência, ficando, porém, como cessionária, cedendo os encargos a outros, até fevereiro de 1874. Júlio Richard, em 8 de abril de 1874, assinou um contrato para limpar as praias e o 5º Distrito. Surgiram várias propostas para a limpeza da cidade, porém, por distrito. Em sessão na Câmara, a 2 de setembro de 1874, foi deferido o requerimento de uma companhia de limpeza das praias, na qual se concedeu também licença para aproveitar os “pegões” que existiam na Praia do Caju, perto de uma antiga ponte, a fim de construir um depósito para o recebimento do lixo, por uma quantia de 3.000$rs, paga à Biblioteca Municipal. Somente então é que a Cidade Nova deixou de ser o vazadouro de lixo do Rio de Janeiro. Finalmente, em 10 de outubro de 1876, foi assinado o mais completo contrato de limpeza da cidade, entre o Ministério do Império e o comerciante Aleixo Gary, para a execução dos serviços de limpeza e irrigação da cidade do Rio de Janeiro. O contrato apresentava 36 condições e, embora de acordo com a condição 29 devesse “durar pelo tempo de dez anos, contados da data de sua aprovação pelo Poder Legislativo”, o contrato foi reafirmado em 1880 com prazo até 1892. ABR_MAI_JUN 2015

95


"Finalmente, em 10 de outubro de 1876, foi assinado o mais completo contrato de limpeza da cidade, entre o Ministério do Império e o comerciante Aleixo Gary..." Com o decreto de D. Pedro II, que aprovou o contrato da Corte Imperial com Aleixo Gary, o serviço de limpeza pública do Rio de Janeiro sofreu diversas modificações, com a adoção de novos métodos, veículos e equipamentos, a fim de acompanhar a evolução industrial que vem produzindo novos bens de consumo. Com a República, a limpeza da Capital Federal foi retomada pela municipalidade, em 1892, sendo o serviço reassumido pelo prefeito Cândido Barata Ribeiro e, no ano seguinte, o prefeito Henrique Valadares criou a Inspetoria Pública e Particular, que se tornou a primeira instituição a operar um serviço especial para coleta, transporte e destino de lixo. Três anos depois, em 1896, o prefeito dr. Francisco Furquim Werneck de Almeida passou a inspetoria para a nova Diretoria Geral de Higiene e Assistência Pública. Em 1899, a Câmara de Vereadores autorizou o prefeito dr. José Cesário de Faria Alvim a criar a Superintendência de Serviço de Limpeza Pública, que só foi estruturada em 1892 pelo prefeito dr. Joaquim Xavier da Silveira. Com exceção de Henrique Valadares, que era engenheiro, todos os outros prefeitos eram médicos. Na administração do prefeito Francisco Pereira Passos muito se fez pelo saneamento da cidade, surgindo, em 96

www.condominioetc.com.br

25 de abril de 1903, a taxa sanitária, ou taxa de benefício, por serviços prestados pela municipalidade a seus contribuintes. No ano seguinte, a cidade foi dividida em cinco distritos ou estações de limpeza. Em 1915, o prefeito Rivadávia Correia criou os postos de limpeza urbana de Cascadura, Mercado, na Praça XV, Encantado, Ramos, Realengo, Ilha de Sapucaia e Fazenda de Guaratiba; e, em 1918, o prefeito Amaro Cavalcanti criou os postos de Campo Grande, Bangu e Deodoro. Pelo Decreto nº 4.396, de 1934, o prefeito Pedro Ernesto Batista transformou a Superintendência de Limpeza em diretoria e, logo depois, em diretoria geral, mas, em 1935, pelo Decreto 17, retornou ao nível de diretoria, integrada à Secretaria de Viação, Trabalho e Obras Públicas. O Decreto nº 6.641, de 14 de março de 1940, transformou a Diretoria de Limpeza Pública e Particular em Departamento de Limpeza Urbana (DLU), quando passou a cuidar do destino dos dejetos, sendo também criado o Serviço do Destino do Lixo. Em 28 de setembro de 1957, a DLU foi incorporada à Superintendência de Urbanização e Saneamento (Sursan). Em 1973, a DLU virou Celurb e, após a fusão, finalmente, pelo Decreto-lei nº 102, de 15 de maio de 1975, surgiu a Comlurb.


ABR_MAI_JUN 2015

97


98

www.condominioetc.com.br




Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.