Revista Condomínio. Edição 60

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Todo síndico lê!

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Piscina limpa: um bem precioso no verão Com temperaturas acima dos 40 graus no Rio, o espaço é uma bela opção para aliviar o calor Câmeras eletrônicas: segurança X privacidade




Ainda que ninguém acredite, os “mensaleiros” estão presos Foram seis anos de processo em que, publicamente, todos os brasileiros puderam ver, ao vivo, pela televisão, acusações baseadas em provas irrefutáveis, depoimentos, perícias e tudo o mais que deve constar de um processo tão importante. Tudo foi exaustivamente discutido, com total e amplo direito de defesa, mas os crimes cometidos pelos réus, que finalmente acabaram condenados, ficaram claramente demonstrados. Em 15 de novembro, Dia da Independência, foram expedidos mandados de prisão para que os réus começassem a cumprir suas penas e fossem devidamente encarcerados em prisões. Não importa se os condenados cumprirão as penas em regime fechado ou semiaberto, o importante é que estão presos e a Justiça foi, finalmente, aplicada aos poderosos do colarinho branco. Não havendo mais como se justificarem, os políticos condenados se dizem agora injustiçados e alegam não terem tido um julgamento justo e imparcial e o classificam de “julgamento político”. Ao entrarem na prisão, levantaram as mãos e, com os punhos cerrados, gesticularam para os fotógrafos como se fossem heróis, quando todos nós, brasileiros, sabemos que não passam de condenados por crimes de corrupção, peculato, formação de quadrilha e outros mais. Já na cadeia, continuam a usar sua influência para obter privilégios e logo gozam de visitas especiais, que os detentos comuns não conseguem. Eles estão acostumados a mordomias, se deslocam em jatinhos, frequentam hotéis de luxo, transitam entre os poderes constituídos para, com seus lobbies, tirar vantagens em benefício próprio e, como no caso do mensalão, se perpetuarem no poder.

Acho que o Brasil, com esse julgamento, inaugura uma nova fase, em que os poderes estão sendo questionados, fruto de uma consistente maturidade de nossa democracia. Nunca houve tantos VIPs ou políticos no banco dos réus, e dos 16 políticos condenados nos últimos 28 anos (1985) 10 são “mensaleiros”, o que mostra a importância desse processo. O quadro político mudou rapidamente, em função das manifestações populares ocorridas em todo o Brasil desde junho. E a situação cômoda da reeleição já não é tão certa. Até as eleições de 2014, muita coisa pode acontecer. A inflação está alta e ainda não se sabe se reduzirá à meta ideal, principalmente porque os preços administrados, que são fundamentais para contê-la – como gasolina, IPTU e transporte – estão contidos artificialmente. As privatizações foram realizadas com atraso, fazendo com que os efeitos só sejam sentidos em 2015. Apesar de todas as medidas necessárias para nosso desenvolvimento não terem sido tomadas na época e no tempo certo, por culpa dos partidos e dos interesses individuais dos políticos, nosso país tem uma capacidade surpreendente de desenvolvimento, demonstrada por nossos empresários, e, por isso, vem crescendo em diversas áreas de forma considerável, como no agronegócio. Que 2014 chegue com a esperança da mudança no comportamento dos dirigentes; que estes apresentem novas propostas em vez das velhas “atitudes de governo” e que sejam realmente transformadoras. Desejo a todos os nossos clientes um 2014 com muita paz e saúde, repleto de esperança, e que tenhamos uma expressiva renovação das lideranças políticas nas próximas eleições. NEWTON MENDONÇA

Presidente da CIPA

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[capa] Piscina limpa: um bem precioso no verão Com temperaturas acima dos 40 graus no Rio, o espaço é uma bela opção para aliviar o calor. Entretanto a piscina pode ser tornar um local perigoso e fonte de doenças. Leia a reportagem exclusiva da revista Condomínio etc. e garanta um verão tranquilo.

Uma publicação:

Rua México, 41 - 2o andar CEP 20031-905 Centro - Rio de Janeiro Tel.: [21] 2196-5000 Fax: [21] 2533-2449


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[Atualidade] Um bom negócio para todos Aproveitar a radiação solar pode gerar grandes benefícios ao condomínio e contribuir para a redução dos impactos ambientais. Leia a matéria e saiba como proceder para tornar seu condomínio mais econômico e sustentável.

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Festas de adolescentes em condomínios podem ser muito tranquilas, sim. Nesta matéria, jovens mostram que dá para fazer eventos sem maiores sustos. Confira e veja que a maioria deles é “gente boa”.

[Condomínio] Bicicletas, onde guardá-las? Em casa, na garagem ou no bicicletário? As cidades cedem cada vez mais espaço para o trânsito de bicicletas. Seu número vem crescendo radicalmente, mas muitos condomínios ainda não estão preparados para receber esta crescente demanda, aí surge a discussão: onde guardá-las?

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[MANUTENÇÃO] Impermeabilizar é preciso Com as chuvas de verão, síndicos não podem descuidar da impermeabilização. Na estação mais quente do ano, as chuvas, apesar de passageiras, podem causar danos permanentes nos condomínios, especialmente em áreas vizinhas a reservatórios de água. Por isso, é preciso ficar atento à impermeabilização.

DIRETORIA Presidente NEWTON MENDONÇA Vice-presidente MÁRIO MENDONÇA Diretora da Unidade de Negócio e Condomínio DEBORAH O’DENA MENDONÇA Diretora de Locação, Seguros e Novos Negócios MARIA TERESA MENDONÇA DIAS Redação e Edição VIVIEN BEZERRA DE MELLO (MTb: 18731) redacao@cipa.com.br

Revisão ANDREA BIVAR

[Condomínio] A nostalgia dos parquinhos de areia De uns anos para cá os parquinhos de areia cederam lugar aos de grama sintética. Há, porém, exceções. E quem resolveu manter o parquinho tradicional é preciso fazer limpezas periódicas, trocas de areia regulares e observar se há risco de contaminação do local por fezes de animais.

Conceitos e opiniões em artigos assinados são de inteira responsabilidade dos autores. A reprodução parcial ou total de qualquer parte desta publicação é permitida desde que seja citada a fonte e previamente autorizada, por escrito, pela editora. A empresa reserva-se ao direito de não aceitar publicidade sem fundamentar motivação de recusa.

Fotografia Ariel Subirá Marketing e Publicidade SAMY GRUBMAN marketing@cipa.com.br Colaboraram neste número ClÁudia Silveira Henrique Rodrigues Lia Rangel paulo ferreira renata Fernandes STELLA MARIS C. MENDONÇA Vicente Magno

[segurança] Câmeras eletrônicas: segurança X privacidade No Rio de Janeiro, 80% dos prédios já possuem equipamento de vigilância. Mas a questão é: que lugares podem ou não ser vigiados? O que pode ser considerado constrangedor?

[Comportamento] Ar-condicionado Para curtir o verão no fresquinho e sem confusão com os vizinhos é preciso verificar a instalação dos aparelhos de ar-condicionado e fazer sua correta manutenção, para evitar o famoso pinga-pinga.

[Comportamento] Em pauta: festas de adolescentes

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A Revista Condomínio etc. esclarece que: - Não se responsabiliza por qualquer dano, direto ou indireto, sofrido por usuários ou terceiros, advindos da exibição e/ ou conteúdo dos anúncios publicados pelos anunciantes, incluindo a divulgação de dados, preços e imagens. - Não atesta, verifica ou inspeciona os serviços e produtos dos anunciantes, nem é responsável por qualquer dano, direto ou indireto, que o contratante possa sofrer ao realizar uma negociação com os anunciantes. Esta publicação está em conformidade com o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, aprovado pelo Decreto Legislativo nº 54, de 18 de abril de 1995, e em vigor desde 1º de janeiro de 2009.

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Mais um ano se inicia e a CIPA continua incansável na busca de soluções para questões inerentes aos condomínios. Você que já é nosso cliente pode atestar nossos esforços nesse sentido. E os que ainda não são clientes, quem sabe, o início de um novo ano não seja o momento ideal para mudanças positivas? Para a CIPA, a satisfação total de seus clientes é uma prioridade, e seu bem-estar, uma meta constante.

Certificação digital Em abril de 2011, a Caixa Econômica Federal publicou no Diário Oficial duas circulares que informavam a obrigatoriedade de certificação digital para quem precisasse acessar o Conectividade Social, canal de transmissão de arquivos referentes ao INSS e ao FGTS, que também emite as chaves necessárias para rescisões e homologações. A partir de agora, o acesso ao canal passa a ser exclusivamente via web e conta com inúmeras facilidades em relação à versão que utilizava o certificado em disquete, que já foi extinto. Se você ainda tem alguma dúvida sobre esse assunto, leia a matéria exclusiva sobre isso na página 52 desta edição da revista Condomínio etc.


Pesquisa aponta eficiência de telhado verde na manutenção do clima Uma pesquisa feita pela Universidade de São Paulo (USP) apontou a eficiência no uso dos chamados “telhados verdes” na manutenção do clima em edifícios de São Paulo. O estudo foi feito em construções tradicionais da metrópole, como o Edifício Conde Matarazzo, que abriga a sede da Prefeitura, e o Edifício Mercantil Finasa, também no centro da capital paulista. Telhado verde é o uso de vegetação como gramíneas, arbustos e árvores no topo de telhados comuns ou em laje de concreto. Os resultados da pesquisa indicaram que o edifício com esse tipo de telhado chegou a ficar 5,3 graus Celsius (ºC) mais frio do que o de concreto; já a umidade relativa do ar foi 15,7% maior.

Os edifícios foram escolhidos por estarem sujeitos a condições atmosféricas e de insolação semelhantes. No topo foram instalados sensores. Os dados coletados em um edifício foram comparados com os do outro. A coleta das informações foi feita de 20 de março de 2012 até 31 de março de 2013. Foram analisados fatores como temperatura e umidade relativa do ar. De acordo com os responsáveis pela pesquisa, o concreto possui características que o fazem esquentar e irradiar muito quando o sol incide. Já as áreas verdes demoram mais para aquecer, retêm o calor por mais tempo e mantêm a umidade também por muito mais tempo. Fonte: Globo Rural.

Cinco por cento de novos contratos de imóveis na Caixa já são com teto maior do FGTS Desde 1º de outubro, quando foi elevado para até R$ 750 mil o valor do imóvel que pode ser comprado com o uso do saldo do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), 5% do total nos novos contratos firmados na Caixa Econômica Federal já foram enquadrados por causa da elevação dos novos limites. O valor subiu de R$ 500 mil para até R$ 750 mil para São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Distrito Federal. Para os demais estados, o limite é de até R$ 650 mil. O limite anterior, de R$ 500 mil, estava vigente desde 2009. De acordo com balanço feito pela Caixa a pedido do G1, de um total de 50.535 contratos firmados no Sistema Financeiro de Habitação (SFH), com recursos da caderneta de poupança, de 1º de outubro a 12 de dezembro, 2.518 foram enquadrados por causa da elevação dos limites. Em termos de valores, a fatia é maior: 10,7%, diz o banco. A maioria dos contratos imobiliários no país é firmada com a Caixa. A atual participação do banco é de 69%.

Valor do financiamento Segundo as novas regras para imóveis financiados pelo SFH, o limite do financiamento não poderá ser superior a 80% do valor de avaliação do imóvel. Para financiamentos que prevejam a utilização do Sistema de Amortização Constante (SAC), esse percentual poderá atingir 90% do valor de avaliação, informou o Banco Central. Pelas regras anteriores, segundo o Banco Central, o limite de financiamento era de 90% do valor de avaliação do imóvel tanto para a tabela Price quanto para o SAC. Com as mudanças, somente o SAC continuará com esse limite. No caso da tabela Price, o limite cairá para 80%. Nos financiamentos efetuados por meio do SAC, as prestações começam maiores e depois vão caindo, enquanto na tabela Price as prestações têm valor fixo. Fonte: G1.

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Piscina limpa: um bem precioso no verão Com temperaturas acima dos 40 graus no Rio, o espaço é uma bela opção para aliviar o calor Quando Fernanda Abreu, Fausto Fawcett e Carlos Laufer compuseram Rio 40 Graus talvez não imaginassem que, mais de 20 anos após a canção estourar nas paradas de sucesso, a temperatura média da cidade do Rio de Janeiro, pela escala Celsius, pudesse estar uns 10 graus acima dessa referência musical. Na primeira quinzena de novembro de 2013, a população do Rio sentiu literal-

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mente na pele e na cabeça um calor de 50 graus. Essa sensação térmica fez com que muitas pessoas corressem para se refrescar no mar ou na piscina. O mar é um bem natural que, às vezes, não é preservado pelo homem e fica sujo. Com a piscina não é diferente. Apesar de construída pelo ser humano e ser limitada a determinado número de usuários, esse

espaço de lazer que poderia ser agradável e saudável, em diversas ocasiões, se transforma em um local perigoso e fonte de doenças. Para passar um verão tranquilo, aproveitando ao máximo os benefícios do ambiente, a revista Condomínio etc. traz uma reportagem com dicas de especialistas que vão deixar qualquer um com a cabeça fria no verão 2013/2014.


Piscina: um reservatório de água que merece atenção Os termômetros subiram e os moradores dos condomínios aproveitam para dar umas braçadas enquanto minimizam o calor. Mas será que eles sabem como está a “saúde” da água onde mergulham? Além disso, quem se esbalda no azul da água doce sabe que precisa tomar uma série de cuidados? Mário Jorge Veloso, um dos sócios da Mavel Rio – Gerenciamento de Condomínios e Manutenção de Piscinas, afirma que, para a manutenção correta de piscinas de uso coletivo, o condomínio precisa ter um funcionário exclusivo (terceirizado ou não) para esse serviço, que deve ser feito diariamente, assim como a limpeza. Os equipamentos necessários, entre outros, são: filtros de água (bombas e filtros), rodo aspirador, mangote, flutuante e cata-folha.

“As piscinas mais comuns em condomínios são as maiores de 40 metros quadrados, de concreto, com revestimento de cerâmica (azulejos e pastilhas), e para que os moradores do condomínio aproveitem de maneira saudável esse espaço de lazer é importante que o síndico e os administradores tomem alguns cuidados, como manter a água da piscina em condições de balneabilidade, com a colocação correta de produtos químicos e fatores de cloro, pH e alcalinidade dentro do padrões orientados pelo INEA”, alerta Mário Jorge. Segundo o executivo da Mavel, o controle de pH e cloro, por exemplo, deve ser feito todo dia com o kit de testes específicos para essa função. O cloro deve ficar entre 1 e 3 PPM e o pH, entre 7 e 7,4 PPM.

A síndica Maria Luíza Rohrer, da Barra, se preocupa, sobretudo, com a higiene e a segurança nas piscinas do Masaccio, que tem até kit de salvamento

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Não só a água merece atenção, as bordas e a parte externa da piscina também precisam de cuidados. A manutenção de bordas deve ser feita com produtos próprios para limpeza, fabricados exclusivamente para esse fim e encontrados facilmente nas lojas que vendem produtos para piscinas. A área externa da piscina, como o piso do deque, necessita receber produtos de limpeza normais às áreas comuns, com a cautela para que não caiam na água da piscina. As piscinas com revestimento de cerâmica têm maior durabilidade e são de fácil limpeza e manutenção. Na parte externa, o ideal é piso antiderrapante. Com a limpeza e a manutenção de piscina não se pode inventar, substituir produtos, por exemplo. “Não se deve usar nas piscinas nenhum produto utilizado para as áreas comuns do condomínio, como sabão em pó, detergente e água sanitária, já que estes em contato com água e com os ba-

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nhistas podem causar irritação nos olhos e na pele”, frisou Mário Jorge Veloso. “É importante, para que a água esteja sadia e não cause nenhum transtorno a seus usuários, seguir a utilização de produtos de primeira linha fabricados especificamente para uso no tratamento de piscinas, como cloro granulado, algicidas (produto químico para eliminar algas), clarificantes e limpa-bordas. O manuseio desses produtos deve ser feito por profissionais habilitados. O responsável pelo condomínio não pode esquecer que a piscina é um dos locais de lazer mais procurados pelos moradores, principalmente no verão, e, portanto, merece atenção especial. A legislação pertinente a essa área tem que ser cumprida, assim como a obrigatoriedade da presença do guardião de piscina, no horário de funcionamento dela, e as condições de balneabilidade dentro dos padrões do INEA”, reafirmou o executivo da Mavel.


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Como evitar acidentes Não é raro tomarmos conhecimento de crianças, jovens e adultos que sofreram acidentes envolvendo o ralo de piscinas ou que se machucaram durante o banho de lazer. No verão, o número de afogamentos aumenta. Se por um lado incidentes podem ser evitados com a atenção dos pais e responsáveis das crianças e pela maior consciência de jovens e adultos, por outro, a manutenção de alguns equipamentos importantes, para um perfeito funcionamento das piscinas, é condição, como diz a expressão latina sine qua non (essencial, indispensável), para que incidentes não sejam registrados, inclusive, em condomínios. Para ajudar os síndicos e administradores de condomínios a conhecerem um pouco mais sobre o uso correto das bombas que alimentam as piscinas, Eduardo Pinho, principal executivo da empresa Rei das Bombas, esclarece alguns pontos imprescindíveis. Cetc. – Qual o tipo de bomba existente para piscinas localizadas em condomínios? Eduardo Pinho – As bombas para piscinas são as chamadas bombas com pré-filtro. Não confundir com o filtro de areia que fica junto à bomba. Esse pré-filtro faz parte da bomba e consiste em uma cestinha plástica na entrada da bomba para filtrar folhas e outras impurezas que normalmente são encontradas nas piscinas na hora da limpeza. Conforme o tamanho da piscina,

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Dispositivo de segurança para evitar acidentes com moradores de condomínios que frequentam as piscinas

Cetc. – Como são instaladas? EP – As bombas de piscina devem ser instaladas abaixo do nível da água para que recebam água por gravidade, facilitando o trabalho de iniciar a sucção na hora da operação. Caso contrário, o operador terá dificuldade em fazer a bomba iniciar a sucção.

retorna para a piscina. Para a aspiração do fundo, recomenda-se que a alavanca esteja na posição “drenar”. Nessa posição, a água da piscina vai direto para o esgoto e a sujeira grossa do fundo da piscina não sobrecarrega a areia. É recomendado, no entanto, que essa operação seja feita da forma mais rápida possível para que a perda de água seja mínima, pois terá que ser reposta.

Cetc. – Como funcionam? EP – A filtragem da água da piscina (bater a água) é feita mantendo a alavanca de operação do filtro de areia na posição “filtrar”. A bomba então puxa a água da piscina e a empurra para dentro do filtro. Em seguida, após passar pela areia, a água

Cetc. – Como fazer para reduzir o consumo de energia, no caso do verão, sem prejudicar o funcionamento das bombas? EP – O consumo de energia está diretamente ligado ao uso da piscina. Por conseguinte, no verão, as bombas trabalham mais e o consumo é maior.

escolhem-se a potência da bomba e o tamanho do filtro de areia.


Cetc. – Como deve ser feita a manutenção das bombas? EP – Verificação periódica para detectar vazamentos, barulhos estranhos, maus contatos nos painéis, lubrificação dos contatos etc. Com cuidado, pode-se aumentar a vida útil do equipamento. O indicado é fazer a manutenção semanalmente, por algum funcionário do próprio condomínio que tenha conhecimento adequado, ou mensalmente, por empresa contratada. Cetc. – No verão, a manutenção deve ser mais frequente? EP – No verão, a incidência de panes é maior por causa do aumento do uso e requer atenção maior na verificação periódica. Cetc. – E quando dá defeito, como o condomínio deve proceder? EP – Retirar o equipamento e enviar para reparo, caso tenha técnico e transporte próprio, ou chamar empresa de sua confiança que fará todo o serviço. Normalmente, os condomínios dão preferência aos contratos de manutenção, que dão agilidade ao processo de retirada, reparo e reinstalação. Quando a empresa contratada não cobra taxas extras na hora do reparo, a agilidade é ainda maior, pois livra o condomínio da

incômoda e demorada tarefa de fazer tomada de preços, já que na mensalidade do contrato já estão incluídos eventuais reparos. Cetc. – Quais são os perigos que a falta de manutenção correta pode acarretar? EP – Instalações elétricas sem manutenção sempre oferecem riscos ao operador, principalmente em piscinas, quando o chão e/ou o operador muitas vezes estão molhados. Outro risco aos banhistas ocorre quando a bomba está em atividade durante o uso da piscina, pois tem acontecido de crianças se ferirem ou ficarem presas pela sucção da bomba dentro da piscina. Cetc. – Quais os danos que podem ocorrer com a manipulação incorreta dos equipamentos? EP – Nunca manipule a alavanca do filtro de areia com a bomba ligada, pois ela pode quebrar. Atenção nas manobras de registros. Um erro clássico do operador, que causa pane no equipamento em menos de 15 minutos, é esquecer todos os registros fechados e ligar o aparelho. Dessa forma, a água, por não ter para onde ir, começa a aquecer dentro da bomba e, em pouco tempo, ferve e danifica todo o sistema.

O botão de parada de emergência ou botão de segurança precisa estar em perfeito estado de funcionamento

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O que diz a lei O uso coletivo de piscinas em condomínios tem regras que devem ser seguidas. Uma das mais importantes é a lei que trata da presença do guardião de piscina. Conforme a advogada do Departamento Jurídico do Secovi Rio Corina Costa, a Lei 3.728/01 obriga a presença de guardião nas piscinas. O artigo 1º diz que é obrigatória a permanência de guardião de piscina (nova redação dada pelo art. 1º da Lei nº 4.428/2004) em piscinas localizadas nos prédios residenciais, de dimensões superiores a 6m x 6m, em hotéis, clubes sociais e esportivos e nas academias de esportes e ginástica em território fluminense. “De acordo com informação obtida no 1º GMAR, órgão do Corpo de Bombeiros encarregado da fiscalização das piscinas, deve-se levar em consideração a metragem quadrada da piscina, ou seja, todas as piscinas com metragem igual ou superior a 36 metros quadrados deverão manter guardião de piscina. Existindo duas ou mais piscinas nas dependências do condomínio, deverão ser somadas as áreas de cada uma delas para a definição da obrigatoriedade de contratação do salva-vidas. Na hipótese de existência de duas ou mais piscinas, se a distância entre suas bordas for superior a 15 metros, deverá ser contratado mais de um guardião”, esclareceu a advogada. O condomínio que não cumprir a lei do guardião está sujeito à multa e advertência, na forma do art. 2º da Lei 3.728/01, que diz: “Os condomínios dos prédios cujos administradores não observarem esta Lei estarão sujeitos a pena, primeiramente de advertência e, 14

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Corina Costa, advogada do Secovi Rio, mostra que existem leis específicas para o uso coletivo em piscinas de condomínios

na reincidência, de multas de 1.000 (um mil) a 4.000 (quatro mil) UFIRs.” O condômino pode exigir a presença do guardião, desde que a piscina tenha a metragem exigida pela lei. “O próprio condomínio, em função da responsabilidade que assume, não deve deixar que frequentem a piscina sem a presença do guardião”, ressaltou a advogada do Secovi Rio. Além da lei sobre o guardião de piscina, há também a Lei nº 5.837, de 2010, sobre “dispositivos de interrupção do processo de sucção da água para filtragem”. De acordo com Corina Costa, em resumo, a legislação determina a instalação de equipamento que interrompa o processo de sucção nas piscinas já existentes e para as novas; além desse equipamento, o condomínio deve ainda instalar bombas de sucção que interrompam o processo caso o ralo esteja obstruído. Em caso de desobediência, multa poderá ser aplicada e a piscina poderá ser interditada. Já para casos de acidente com o sistema de sucção de piscina, a advogada explica que, se não for possível uma composição com o condomínio, a vítima, com base nos dispositivos atinentes à responsabilidade civil, pode pleitear a reparação que entender necessária (art. 927 do CC).


As leis Decreto estadual nº 4.447, de 14 de agosto de 1981

Normas sobre o controle e a fiscalização de piscinas

Lei nº 1.899, de 29 de novembro de 1991

Estabelece a obrigatoriedade das piscinas públicas coletivas, de hospedaria e residenciais coletivas, quanto à oferta de água de qualidade adequada para a garantia da saúde da população usuária (com referência à NBR)

Lei nº 1.968, de 17 de março de 1992

Proíbe a exigência de abreugrafia para a admissão em emprego ou cargo público de qualquer natureza e em banhos em piscinas no estado do Rio de Janeiro

Lei nº 3.728, de 13 de dezembro de 2001

Obriga a permanência de salva-vidas em piscinas localizadas em clubes e prédios residenciais e dá outras providências

Resolução SMG “n” nº 629, de 28 de janeiro de 2003

Implanta o programa de piscinas saudáveis e dá outras providências

Resolução nº 669, de 15 de dezembro de 2003

Estabelece o novo Regulamento de Piscinas do Município do Rio de Janeiro

Lei nº 5.837, de 11 de novembro de 2010

Dispõe sobre a obrigatoriedade de colocação de dispositivos para interromper o processo de sucção em piscinas e dá outras providências

Momento refresh Balzaquianas de 34 anos que fazem a alegria dos moradores dos 160 apartamentos do Condomínio Masaccio, localizado no Novo Leblon e administrado pela CIPA. Estamos falando das belas piscinas, adulto e infantil, que são tratadas com todo carinho e que durante todos esses anos não registraram um acidente sequer. A síndica do Masaccio, Maria Luíza Rohrer, trata os assuntos relacionados ao espaço de lazer com muita seriedade. Nada passa despercebido, desde o horário de funcionamento até o kit de salvamento. No verão, as piscinas funcionam das 10h às 19h e, uma hora antes de abrir, o guardião trabalha fazendo diariamente a limpeza e o tratamento da água enquanto

os outros funcionários do prédio efetuam a varredura do chão e o asseio de mesas, cadeiras e espreguiçadeiras. “O controle do cloro e PH no período do verão é feito de manhã e à tarde ou quando for necessário por causa do sol, da chuva e da quantidade de condôminos que frequentam as piscinas e que, consequentemente, alteram as condições da água”, frisou a síndica. Uma vez por semana não há mergulho ou diversão no espaço. É porque as piscinas são fechadas para limpeza geral e manutenção. Entre as checagens dos equipamentos está a do botão de parada de emergência ou botão de segurança, não importa o nome, mas o que está em ques-

tão é a segurança dos moradores e de seus convidados e, para isso, o dispositivo de segurança precisa estar em perfeito estado de funcionamento. Checagem também e sempre no kit de salvamento, composto por cilindro de oxigênio, equipamento portátil autoinflável, cânulas e máscaras, entre outros itens para casos de afogamento. Maria Luíza Rohrer explica que o guardião de piscina do condomínio é contratado por meio de empresa especializada e qualificado pelo Corpo de Bombeiros. “Enquanto a piscina está aberta, ele fica lá”, ressalta. Para evitar acidentes e deixar a piscina limpa, o condomínio toma outras providências, como só permitir o uso de comidas e bebidas em material descartável e nas mesas (nunca dentro da água) e proibir a utilização de bolas, pistolas de água e boias no interior das piscinas, assim como qualquer outro objeto que possa causar incidentes com os usuários. “Na piscina infantil, as crianças menores podem usar as boias de braço”, informa a síndica. A regra é clara no Condomínio Masaccio, se não for cumprida, o guardião tem o poder de advertir e, se for o caso e em última instância, interditar as piscinas. Como todos respeitam, não há problema. Sendo assim, com limpeza, manutenção e reforma geral realizada há dois anos, as piscinas de 34 anos vão continuar sendo um local de pura diversão e de momentos refresh dos moradores do Masaccio durante o calorão do Rio de Janeiro. Vai um mergulho, aí?! Serviço Mavel Rio www.mavelrio.com.br Rei das Bombas www.reidasbombas.com.br

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NOTAS

Para o morador • Escolha sempre um profissional qualificado para fazer a instalação do seu aquecedor.

Edifícios devem ficar atentos às instalações de gás Instalações incorretas de aquecedores podem deixar todos os vizinhos sem gás, prejudicando vários quarteirões, além de causar sérios danos ao equipamento. O alerta é da Companhia Distribuidora de Gás do Rio de Janeiro (CEG), que realiza uma força-tarefa para evitar as instalações de aquecedores invertidos nas residências onde há consumo de gás. Segundo a companhia, o número de incidentes desse tipo vem crescendo hoje e é causado principalmente por instalações incorretas entre conexões de gás e de água. O papel dos gestores de condomínios, garante a CEG, é fundamental na conscientização sobre esse tema. Confira e divulgue as orientações básicas para a instalação e manutenção dos equipamentos a gás:

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Muda perfil do endividamento no Brasil

• Com o aquecedor devidamente fixado, conecte os flexíveis nas conexões do aquecedor correspondentes.

É visível a melhora na qualidade do endividamento dos brasileiros. As famílias devem muito, mas os débitos estão crescentemente ligados a financiamentos de longo prazo a juros menores. A constatação está na Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor, que a Confederação Nacional do Comércio faz desde 2010. De lá para cá, é crescente a participação dos empréstimos habitacionais e do crédito consignada em detrimento do cheque especial, que paga juros maiores. Em 2010, segundo Marianne Hanson, economista da CNC, 3,2% das famílias pagavam financiamento da casa própria. A proporção chegou a 6,1 % este ano, quase o dobro. O crédito consignado, no mesmo período, saiu de 3,9% para 5,2%. "São linhas que também pagam juros menores, o que é mais saudável do ponto de vista financeiro", diz a economista. Já as dívidas no cheque especial saíram de 8,3% para 6,2% das famílias, no período 2010-2013. Também cai a proporção de lares endividados no cheque pré-datado e em parcelamentos com carne. A mudança de perfil do endividamento afasta riscos de explosão da inadimplência. Por outro lado, o prazo alongado reduz espaço para alta do consumo.

Fonte: Secovi Rio

Fonte: O Globo, Negócios & Cia

• Pode haver diferenças entre os equipamentos, portanto fique atento aos pontos de instalação: gás com gás, água fria com água fria e água quente com água quente. • Em caso de dano, feche imediatamente as entradas de água e gás de seu imóvel. Em seguida, ligue para 0800024 0197.

Para o instalador • Verifique, na parede de instalação, os pontos de saída de gás e água fria e a entrada de água quente. • Observe, no aquecedor, os pontos de entrada de gás e água fria e a saída de água quente, prestando atenção às etiquetas fixadas próximo às conexões do aquecedor. • Conecte os flexíveis correspondentes nos pontos de água e gás em espera (parede da instalação).


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atualidade

Um bom negócio para todos Aproveitar a radiação solar pode gerar grandes benefícios ao condomínio e contribuir para a redução do impacto ambiental por Henrique Rodrigues

Henriette Krutman, síndica do Condomínio do Edifício Augusto César Cantinho

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Não é segredo para ninguém que as despesas com energia elétrica e gás representam uma parcela significativa dos gastos de um condomínio. A utilização de energia solar pode ser uma excelente alternativa para reduzir essas contas e, ao mesmo tempo, contribuir para criarmos cidades mais sustentáveis. Isso porque o aproveitamento da radiação solar é uma matriz capaz de conjugar benefícios nos três principais pilares do desenvolvimento sustentável: ambiental, econômico e social. É uma fonte de energia limpa e inesgotável que está à disposição de todos e que pode gerar grande economia aos que a utilizam. As condições climáticas no Brasil são amplamente favoráveis aos projetos de aproveitamento da energia solar, sendo as duas principais aplicações o aquecimento de água por meio de coletores solares e a geração de energia elétrica a partir de placas fotovoltaicas. É claro que a viabilidade do projeto vai variar de acordo com as características do próprio condomínio. Mas deixar de avaliar se é possível utilizar a energia solar em seu condomínio pode ser um enorme desperdício.


Aquecimento solar térmico A principal aplicação da energia solar em condomínios e edificações é o sistema de aquecimento solar térmico. Ele utiliza coletores solares para transformar a radiação dos raios do sol em energia térmica para o aquecimento da água. Um dos principais estímulos para a utilização desse sistema é a perspectiva de economia nas contas vislumbrada pelos condomínios. Fernando Bacellar, diretor da Acquasol, empresa especializada em sistemas de aquecimento solar térmico, concorda que a possibilidade de redução das despesas é o que atrai a atenção em um primeiro momento, mas destaca que o maior benefício do sistema é a qualidade do aquecimento da água. “É claro que a economia e o fato de ser uma matriz energética sustentável são grandes diferenciais, mas considero a qualidade do aquecimento solar térmico como seu ponto mais forte. A pessoa provavelmente não vai elogiar quando tomar um bom banho com água quente, mas é certo que vai reclamar com o síndico quando o sistema de água quente não funcionar adequadamente”, ressalta Bacellar. Para atingir essa performance em relação à qualidade do aquecimento e à economia nos custos, é fundamental que seja feita uma avaliação precisa para determinar a viabilidade de instalação do sistema em determinado condomínio. São muitos os fatores que precisam ser levados em consideração: área quadrada para instalação dos coletores solares, rede hidráulica para a distribuição de água quente, distância entre os reservatórios térmicos e

os pontos de saída da água e até mesmo o perfil de consumo da água quente com seus picos e concentrações de uso. Falhas na concepção do projeto podem resultar em sistemas que não conseguem atingir os resultados esperados. “Existem casos por aí em que as pessoas dizem que o aquecimento solar térmico não funciona, mas o que acontece de fato é que elas estão tendo uma experiência negativa causada pelo dimensionamento errado do sistema.” Segundo ele, situação similar de desapontamento pode ocorrer quando não há a utilização do sistema híbrido, que conta com o apoio de equipamentos de aquecimento alimentados por energia elétrica ou por gás e que são acionados quando o aquecimento solar térmico não é capaz de suprir a demanda por água quente. “Em uma cidade como o Rio de Janeiro, ao longo do ano, teremos poucos dias em que as condições climáticas não serão

adequadas ao funcionamento do aquecimento por meio dos coletores solares. Nessas ocasiões ou quando houver um pico excessivo de consumo, o sistema de apoio entra em ação para manter o conforto da água quente em chuveiros e torneiras”, diz Fernando Bacellar.

Um caso de sucesso em Botafogo Quando assumiu a gestão do condomínio do Edifício Augusto César Cantinho, em janeiro de 2007, a síndica Henriette Krutman e sua equipe fizeram um diagnóstico inicial e identificaram o sistema central de aquecimento de água como um grande desafio a ser superado. O edifício, situado à Rua Marechal Ramon Castilla, em Botafogo, contava com um sistema de aquecimento de água que utilizava

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duas caldeiras alimentadas a gás para abastecer as 98 unidades do edifício. O equipamento operava desde a construção do prédio, em 1985, e seu tempo de vida útil já estava se esgotando. Isso fazia com que os custos de manutenção fossem cada vez mais elevados e a eficiência calorífica, decrescente, o que gerava maior consumo de gás natural. Além disso, havia o risco de que o sistema, que já tinha 23 anos de uso, entrasse em colapso e deixasse o condomínio sem abastecimento de água quente, caso não fosse providenciada a troca de componentes que custariam mais de R$ 80 mil. Ante essa situação, a síndica pesquisou novas alternativas e optou pela substituição do sistema a gás por uma solução de aquecimento central de água utilizando energia solar integrada a bombas de calor alimentadas por energia elétrica, equipamentos de apoio que suprem a demanda por água quente em períodos de tempo chuvoso ou nublado. O conjunto utilizado no condomínio é composto por 40 coletores de energia solar, com dimensões de 1,80 metro quadrado cada um, funcionando sinergicamente com duas bombas de calor de 120 mil BTUS que operam com lógica inversa à dos aparelhos de ar-condicionado. Na opinião de Henriette, a decisão foi totalmente acertada e os re-

sultados positivos são a comprovação. O condomínio evitou o gasto de mais de R$ 80 mil para revitalizar o sistema antigo e, ao mesmo tempo, passou a utilizar uma matriz energética mais sustentável e livre do risco de explosões e desastres inerente ao aquecimento a gás. O novo sistema permitiu ainda que fosse liberada uma área de 40 metros quadrados para uso comum dos condôminos. Esse espaço era anteriormente ocupado pelas caldeiras movidas a gás, instaladas em localização nobre próximo ao salão de festas do condomínio. Além, claro, do grande benefício financeiro obtido com a troca do sistema central de aquecimento de água. “Economizamos desde o início, pois o valor do leasing somado ao acréscimo que tivemos na conta de luz já era menor que o gasto que tínhamos com gás para alimentar o sistema de aquecimento antigo”, diz Henriette. Para uma noção mais precisa da economia que o aquecimento de água por meio de coletores solares proporcionou, basta comparar o gasto médio mensal com gás e manutenção que o condomínio tinha à época da substituição com os custos do novo sistema. Nos meses anteriores à implantação do novo sistema, o condomínio gastava, em média, R$ 14 mil com a conta de gás e a manutenção dos equipamentos. Imediatamente após a instalação

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da nova matriz energética, o condomínio eliminou a pesada conta de gás referente à alimentação do sistema antigo. E os custos totais já representaram uma economia logo no primeiro mês, já que a parcela do leasing era de aproximadamente R$ 9 mil e o acréscimo na conta de luz, por causa das bombas de calor, foi de R$ 2,5 mil. Atualmente, os benefícios financeiros são ainda maiores, pois o condomínio já terminou de pagar as parcelas do leasing, passando a ser o proprietário do sistema, que gera custos com manutenção e consumo de energia elétrica para alimentar bombas de calor muito menores do que seria gasto com gás e reparos do sistema antigo. A opção pelo novo sistema proporcionou ainda um alívio no desgaste que havia com os condôminos em virtude dos constantes problemas relacionados ao aquecimento de água. Foram trocados os dois reservatórios de 3 mil litros de água por uma caixa térmica com capacidade de 50 mil litros. Isso resultou na melhoria do aproveitamento da energia calorífica e gerou reflexos positivos até mesmo na gestão do condomínio. “Antes, eu passava a maior parte do tempo tentando resolver os problemas relacionados ao aquecimento de água. Com o sistema de aquecimento atual, foram pouquíssimas as intercorrências nesses cinco anos e com isso pude dedicar mais tempo a outras questões do condomínio”, ressalta Henriette. A troca do sistema central de aquecimento de água foi muito bem avaliada pelos condôminos e alcançou também reconhecimento externo. A iniciativa levou a síndica Henriette Krutman a conquistar o prêmio Destaque Secovi Rio no ano de 2009.

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Sugestões para quem deseja aproveitar a energia solar em seu condomínio • Solicitar a visita técnica de empresas especializadas para que seja realizada a análise da viabilidade de um projeto dessa natureza no condomínio. • Contatar síndicos que tenham adotado sistemas similares em seus condomínios e aprender com suas experiências. • Elaborar projeções financeiras contendo o investimento do novo sistema, as expectativas de redução de gastos mensais e o impacto nas contas do condomínio. • Colocar à disposição dos condôminos o maior número de informações sobre o sistema, seus cronogramas de obra, custos envolvidos e retorno esperado. Isso facilitará a condução do tema em assembleias. • Após a introdução do tema perante os condôminos, promover reuniões com, pelo menos, três fornecedores para debater o assunto. Essa ação proporcionará um entendimento melhor da iniciativa e aumentará a confiança do condomínio em investir em uma solução adequada e na contratação de determinado prestador de serviço.

Evolução tecnológica A evolução tecnológica é uma grande aliada para que um número cada vez maior de condomínios possa aproveitar os benefícios dessa fonte de energia limpa, gratuita e permanente. Na Europa e na China já são utilizados coletores verticais, que podem tornar possível o aquecimento solar térmico da água mesmo em edifícios que não tenham área quadrada plana suficiente para instalar os modelos tradicionais que precisam de determinada angulação. As boas perspectivas englobam também as placas fotovoltaicas, que transformam a radiação solar diretamente em energia elétrica. Nos últimos anos, esse sistema vem tendo seu custo de implantação reduzido. Essa evolução pode con-

tribuir para que um número considerável de condomínios possa utilizar a radiação solar como fonte para atender parte de sua demanda. A Acquasol, por exemplo, pretende, a partir do segundo semestre de 2014, entrar também nesse segmento: “É uma tecnologia que vem evoluindo e tendo seus custos reduzidos pela escala crescente de utilização. Acreditamos que essa será uma boa alternativa para suprir parte do consumo de energia elétrica e reduzir os custos com as contas mensais”, diz Bacellar. Serviço Acquasol – Tel.: (21) 2598-8000


NOTAS

Caixa reformula linha de refinanciamento de imóveis A Caixa Econômica Federal reformulou a linha de refinanciamento de imóveis. O Crédito Aporte Caixa passa a se chamar Crédito Imóvel Próprio Caixa. De acordo com a Caixa, seis meses após a contratação, o cliente terá direito a novas liberações de crédito caso não use o valor total aprovado. As novas liberações podem ser concedidas sem necessidade de novo registro em cartório. O Crédito Imóvel Próprio Caixa é uma linha de crédito para pessoa física, sem destinação específica, com garantia real de bem imóvel do próprio cliente. Essa linha de crédito é conhecida no mercado como home equity ou refinanciamento de imóveis. Segundo a Caixa, na primeira quinzena de novembro de 2013, a carteira do produto alcançou o valor recorde de R$ 6 bilhões

de saldo de operações contratadas. No mesmo período, o crescimento na quantidade de contratos foi 120,4%, passando de 38,234 mil para 53,599 mil contratos. Por essa linha, o financiamento pode chegar a até 60% do valor de avaliação do imóvel. Não há limite para o empréstimo ou do valor de imóvel. O prazo máximo é de até 300 meses e as taxas variam de 1,10% a 1,49% ao mês, mais Taxa Referencial. São aceitos como garantia da operação imóvel residencial, imóvel comercial ou terreno, além de imóvel rural que possa ser apresentado como garantia (alienação fiduciária). Para liberar o crédito, a Caixa faz uma avaliação do imóvel oferecido em garantia e a capacidade de pagamento do tomador. Fonte: Monitor Mercantil

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condomínio

Bicicletas,

onde guardá-las? Em casa, na garagem ou no bicicletário? por Lia Rangel

As cidades cedem cada vez mais espaço para o trânsito de bicicletas. Além de colaborar para desafogar o trânsito, existem os benefícios para a saúde na troca do automóvel pela bicicleta, nas atividades do dia a dia, inclusive no percurso de ida e volta do trabalho. O número de bicicletas vem crescendo radicalmente, mas muitos condomínios ainda não estão preparados para receber essa crescente demanda, aí surge a discussão: onde guardá-las?

Na garagem ou dentro de casa? Muitos consideram que o espaço que possuem nas garagens pode ser utilizado livremente pelo morador sem que cause nenhum transtorno ao condomínio de modo geral, mas, apesar de não parecer um tema complexo, o assunto vem causando acaloradas discussões, já que outro grupo alega que o espaço somente deveria

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ser ocupado por automóveis, visando à organização e aparência do local. As convenções de cada condomínio costumam disciplinar o uso da vaga de garagem, especificando se objetos como bicicletas também podem ser guardados na vaga destinada à unidade. Para Norma Maria Emílio, síndica do Condomínio Serra dos Montes Claros, localizado no Flamengo, é importante fazer valer a convenção. “É bom que isso esteja especificado na convenção, pois as pessoas querem fazer da vaga um depósito, e isso não é permitido”, diz. Se não pode ficar na vaga da garagem, onde colocar? As opiniões são as mais variadas: “Pendure a magrela na parede do apartamento”; “Eu gosto da minha bike sempre ao pé da cama, assim, ela é a última coisa que vejo antes de dormir e a primeira coisa que vejo quando acordo”; “Encha os pneus com hélio e deixe-a flutuando pelo condomínio”. Brincadeiras à parte, durante o verão, é um prazer especial

passear de bicicleta no fim de semana, mas ir para o trabalho de bicicleta é um costume que cresce a cada dia, principalmente nas grandes cidades, onde os congestionamentos quilométricos fazem qualquer um perder a paciência, mas o armazenamento da dita cuja não vem ao pensamento no momento em que vamos adquiri-la. Algumas pessoas preferem guardar suas bikes dentro de casa. Existe até quem defenda que gosta da sua pendurada na parede. “No prédio que eu morava antes existia uma área nos fundos reservada para as bicicletas e ninguém se importava, mas como aqui não existe nada definido, eu prefiro evitar aborrecimentos e ficar com ela perto de mim”, conta Andréa Nascimento, moradora do Flamengo. Muitos outros moradores, assim como Andréa, fazem questão de guardar suas bicicletas dentro de casa, mesmo que seja mais apertado. Em alguns condomínios, mesmo onde existe uma área específica para o armazenamento delas, os moradores têm se recusado a usar o benefí-


A síndica Norma Maria Emílio precisa de mais vagas em seu bicicletário

cio, alegando que algumas bicicletas têm valor muito alto e não querem vê-las roubadas ou danificadas. O furto é a maior motivação dos moradores que têm escolhido guardar suas bicicletas dentro dos apartamentos. Em blogs que discutem o assunto aparecem abordagens interessantes sobre as soluções encontradas pelos usuários para o armazenamento da magrela

do lado de dentro. Prateleiras nas paredes, bicicletas dobráveis, ganchos. Soluções das mais simples às mais exóticas. Os condomínios precisam estabelecer regras claras para que questões desse tipo não fiquem sem respostas. Os proprietários devem ser notificados de seus direitos e deveres para que sejam evitados os desgastes desnecessários com debates de opiniões.

Mais bicicletários, por favor! As cidades estão cada vez mais engajadas com a questão ambiental e muitas delas aumentam suas ciclovias constantemente, para incentivar os cidadãos a incluírem essa atividade em suas rotinas. Algumas cidades, inclusive, estão fazendo questão de ser conhecidas como bike-friendly (ou amiga das bicicletas, numa tradução livre), é o caso de New England, nos Estados Unidos, onde existem iniciativas que têm trazido a público a importância de os condomínios pensarem em soluções práticas para incentivar o uso de bicicletas, já que são claras as vantagens desse hábito para toda a cidade. Gisele Alves, da Soluwan, que revende bicicletários, conta que a empresa registrou alta na venda desses produtos.

“Tivemos um aumento de 50% na venda de bicicletários para condomínios do Rio de Janeiro nos últimos dois anos”, conta. Os prédios construídos recentemente já estão sendo projetados para atender essa nova geração, mas muitos condomínios ainda não comportam em seus bicicletários – quando eles existem – as bikes de todos os moradores. É o caso do bicicletário do Condomínio Serra dos Montes Claros, que tem 85 apartamentos e apenas 16 vagas no bicicletário. “É uma situação complicada, pois temos um número de bicicletas muito maior do que o número de vagas no bicicletário. Recentemente, propus a expansão dele, para conseguir atender mais moradores, mas a proposta foi vetada pela assembleia, pois eles acharam que não havia JAN_FEV_MAR 2014

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A síndica Marlene Almeida Magalhães ainda tem vagas disponíveis no bicicletário do seu condomínio

verba disponível para isso”, conta a síndica Norma Maria Emílio. Muitas vezes, o problema não está apenas na falta de verba, mas na falta de espaço. Os prédios estão com garagens cada vez menores, que nem sempre delimitam o espaço da vaga, justamente para

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caber mais veículos, com isso, o espaço para os bicicletários, que geralmente ficam ali, pode não resistir às pressões. Por isso é importante avaliar a necessidade do condomínio para, a partir daí, buscar soluções. Existem várias maneiras de instalar um bicicletário em um condomínio, são

enormes as possibilidades de modelos e de uso inteligente do espaço disponível para que se possa afirmar que não existem bicicletários por alguma dificuldade técnica. O bicicletário vertical é uma ótima opção para condomínios com pouco espaço. Utilizar uma parte do play também pode ser uma possibilidade. O importante é que assim que a falta de vagas para bicicletas for diagnosticada como um problema, os condomínios busquem soluções para abrigar esses objetos pertencentes aos moradores, antes que outras normas sejam descumpridas, como o “estacionamento” das bikes em outros locais, como corredores e sacadas, que normalmente é vetado para esse tipo de utilização, no regimento interno. Já o Condomínio Primavera não sofre com nenhum desses problemas, já que o condomínio, que tem 60 apartamentos, tem vaga para uma bicicleta por unidade. “O bicicletário foi feito na gestão anterior e foi bem pensado, pois temos 60 vagas, ou seja, uma para cada apartamento, e esse número atende às nossas necessidades”, conta Marlene Almeida Magalhães.


Estética e segurança Falar de ciclistas e condomínios significa falar de normas de segurança, estética e o problema dos furtos, principalmente em condomínios que não têm funcionários atuando como segurança ou onde não se tem um sistema de câmeras para inibir os problemas desse tipo. Os moradores não ficam satisfeitos com o uso indevido de corredores, escadas ou garagens para o armazenamento de bicicletas e alegam a questão estética como o principal motivo para impedir essa prática. A entrada nos elevadores com as bikes também causa algumas reclamações, principalmente entre os moradores mais idosos e menos pacientes, mas, dependendo do número de andares do prédio, fica inviável a circulação pelas escadas. Geralmente os condomínios não proíbem o uso de bicicletas, nem impedem que um morador guarde sua bicicleta no interior de seu apartamento, mas é preciso ficar atento ao que dizem a convenção e o regulamento interno, já que esta é uma questão inevitável. No caso de furto de bicicletas, o síndico também deve consultar o R.I. do condomínio para saber sua postura em relação ao ressarcimento ou não do objeto, já que não existe nenhuma lei que diga o que deve ser feito nesses casos. Não se deve guardar objetos na vaga de garagem também por esse motivo, porque a maioria dos condomínios não se responsabiliza por danos ou furtos de itens deixados nesses locais. Legalmente, o que prevalece é a não obrigação de ressarcimento, por parte do condomínio, a não ser que isso esteja previsto em algum documento interno, como a convenção, por exemplo. Há cerca de dois meses, o síndico de um condomínio no Flamengo, que prefere não se identificar, teve um caso de furto. Embora o edifício tenha câmera no local onde fica o bicicletário, o ladrão conseguiu não deixar muitas provas. “Na verdade, nós vimos que um dos moradores desligou as câmeras e, no mesmo dia, outro morador deu falta de sua bicicleta. Infelizmente, não posso acusar o morador que desligou as câmeras, pois não tenho provas concretas, e, além do mais, ele é uma pessoa violenta, com maus antecedentes e eu tenho uma filha

em casa. Achei melhor não levar adiante pela minha integridade física e pela segurança da minha família”, conta. A síndica Norma Maria Emílio conta que, embora não tenha câmeras na garagem, nunca teve problemas com furto de bicicletas. “Nunca tivemos problemas de furto porque nosso bicicletário é de grade com chave. Para colocar ou retirar a bicicleta, o morador precisa ir até o porteiro pegar a chave e, sendo assim, eles têm o controle de quem acessa o bicicletário. Não tem como haver furto”, diz. Já Marlene Almeida Magalhães conta com o auxílio de câmeras na segurança do prédio. “As câmeras são uma segurança a mais, mas nossos garagistas são os responsáveis pelo bicicletário”, afirma. Algumas cidades têm criado leis não somente para incentivar, mas proteger os ciclistas. Um modo saudável e “verde” de transporte, que deve ser valorizado por lei. Ciclovias devem ser construídas e locais devem ser criados para o armazenamento seguro das bicicletas. Condomínios também devem investir e reservar espaços para o estacionamento das bicicletas ou elaborar armários próprios para esse fim, além de as áreas centrais das cidades, que não devem deixar de ter bicicletários públicos. Enquanto aqui ainda não temos esses direitos garantidos por lei, devemos valorizar a discussão saudável e o bom senso para estimular essa prática, que traz benefícios para o corpo, a alma, a mente e a natureza. Quando se trata de área comum, a gestão precisa definir o que é aceitável e o que deve ser evitado. Um desafio crescente para um modo de vida mais saudável. Serviço Soluwan – Tel.: (21) 3860-7130 JAN_FEV_MAR 2014

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informe

Estatísticas de Imóveis Ofertados Por Tipo Imóvel Aluguel 8% 11%

Por Tipo Imóvel Venda

28%

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19%

9%

30%

23% 18%

11% 12%

sala

822

Apartamento (3 quartos)

1.129

Apartamento (2 quartos)

791

Apartamento (2 quartos)

935

Apartamento (3 quartos)

495

casa

603

Apartamento (1 quarto)

276

Apartamento (4 quartos)

545

casa

216

cobertura

OUTROS

964

outros

487 1.414 total 5.113

TOTAL 3.564

Por Bairro Imóvel Aluguel

Por Bairro Imóvel Venda

Por Finalidade 1% 0%

43%

3%

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36%

49% 7% 6%

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1.273

barra da tijuca recreio dos bandeirantes

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10% 7%

41% 58%

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970

copacabana

506

venda aluguel

CENTRO

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recreio dos bandeirantes

362

copacabana

181

IPANEMA

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temporada

botafogo

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LANÇAMENTO

IPANEMA outros

103 1.551 total 3.562

outros

2.650

5113 3.564 58 38 total 8.773

total 5.113

fonte: abadi

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ecodicas

Retrofitar

Revitalizar & atualizar, preservando

por Stella Maris Mendonça smarismendonca@gmail.com

De algum tempo para cá a palavra retrofit tem sido pronunciada com frequência por arquitetos, construtores e decoradores. No mundo da construção, a arte de retrofitar está aliada ao conceito de preservação da história. O termo em inglês retrofitting significa voltar ao estado de novo com a aparência original ou colocar o antigo em boa forma, valorizando as qualidades inerentes do bem retrofitado, atualizando-o.

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Um exemplo de retrofit é a modificação dos sistemas de refrigeração que ainda utilizam gás Freon 12, proibido pela agressão à camada de ozônio. Com isso, o retrofit desses equipamentos sugere a modificação de peças na adaptação para receber um novo tipo de gás, nesse caso o R134A, menos agressivo ao meio ambiente. No caso de elevadores, podem-se retrofitar, se necessário, algumas partes mecânicas e elétricas do equipamento, mantendo sua aparência original. Esse procedimento é muito utilizado para elevadores instalados em prédios

históricos e hotéis tradicionais, onde se quer manter a aparência e a vivência de uma época. O elevador é um equipamento ideal para transportar os viajantes, tanto entre andares como “no tempo”, desde que estejam com a aparência original, e o conforto e a segurança dos elevadores sejam dotados de comandos eletrônicos. O procedimento do retrofit não se limita a edifícios, mas pode atingir também grandes áreas urbanas, especialmente quando se aborda a questão da revitalização urbana e atualização de construções. A prática sur-


giu na Europa e foi desenvolvida lá, onde ocupa importância crescente por causa da enorme quantidade de edifícios antigos e históricos. Também é bastante usada nos Estados Unidos. A rígida legislação americana não permitiu que o acervo arquitetônico fosse substituído e abriu espaço para o surgimento dessa solução, que preserva o patrimônio histórico. O retrofit busca, com eficiência, dotar o edifício de atualidade tecnológica que possa traduzir-se em conforto, segurança e funcionalidade para o usuário, mas mantendo a viabilidade econômica para o investidor. Como exemplo temos o Edifício Dom Migual, mais conhecido, em São Paulo, como o prédio do restaurante Gigetto, tradicional ponto de encontro de artistas. Aos 35 anos, o edifício foi retrofitado e deixou de ser residencial para ser um empreendimento hoteleiro com serviços, piano bar, salas de eventos, fitness center, sauna e jacuzzi. No Rio de Janeiro, o prédio sede das secretarias de estado, projetado por Henrique Mindlin, deverá ser retrofitado.

O arquiteto Paulo Eduardo Vidal Leite Ribeiro, atual diretor do Instituto Estadual de Patrimônio Artístico e Cultural (Inepac), esclarece algumas dúvidas. Confira e mande suas perguntas. Condomínio etc. – Paulo Vidal, o que é retrofitar? Paulo Vidal – Segundo a literatura especializada: “Retrofit é um termo utilizado principalmente em engenharia para designar o processo de modernização de algum equipamento já considerado ultrapassado ou fora da norma. Outro exemplo de retrofit consiste na adaptação tecnológica de instalações elétricas, hidráulicas e dos principais equipamentos instalados nas áreas comuns dos edifícios, como elevadores, sistemas de iluminação e mobiliários, entre outros. Revitalizar e atualizar as construções para aumentar a vida útil do imóvel, através da incorporação de modernas tecnologias e materiais de qualidade avançada, é fundamental para reconquistar a valorização da unidade.

Não só em engenharia, mas em campos muito maiores, como a física ou a química, esse termo também é utilizado.” (Wikipédia) No entanto, podemos dizer que o retrofit, ou revitalização, é uma operação na qual são avaliadas as qualidades de uma edificação e as necessidades de se empreender a modernização de suas instalações para que ela retorne ao mercado, atendendo aos padrões contemporâneos de conforto e segurança, sem perder as eventuais qualidades estéticas que a caracterizam e a diferenciam de uma construção totalmente nova. Cetc. – Quando nasceu o retrofit? PV – Não tenho noção de quando ou quem cunhou o termo retrofit, mas é certo que a adaptação de construções para novos usos, ou sua modernização, é operação muito antiga. Como exemplo, lembro que antigas basílicas romanas foram adaptadas como igrejas no princípio da Idade Média. Temos que ter em mente que fazer uma edificação é uma das mais dispendiosas ações que o homem pode realizar, portanto, o aprovei-

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tamento de edificações existentes sempre foi uma opção vantajosa. Só não é proveitoso quando temos uma construção com estrutura fragilizada ou quando há a necessidade de grande acréscimo de área vertical. Cetc. – Que diferenças há entre retrofitar e reformar? PV – Não vejo uma diferença conceitual. Como é usual em diversas áreas, nós, brasileiros, usamos o termo em língua estrangeira para dar um ar de novidade ao que já se fazia. É uma questão de marketing das empresas. A reforma ficou uma coisa ligada a uma operação caseira: reforma da cozinha, do banheiro ou do apartamento. Quando se reforma um prédio inteiro, o termo retrofit pegou. Cetc. – Por que retrofitar em vez de fazer um prédio novo? Quais os benefícios? PV – Alguns especialistas falam em 40% de economia no tempo de execução da obra, visto que a estrutura já está pronta, portanto, é possível atacar todos os andares concomitantemente. Outra vantagem apontada é a economia de matéria-prima, gerando benefícios para o meio ambiente. Por fim, podemos afirmar que há vantagens, também, para a cidade, pela diminuição do tempo de transtornos decorrentes da construção. Cetc. – É possível diminuir ou extinguir a produção de entulho no retrofit de uma obra? PV – Sim, se estivermos falando da demolição de um prédio para a construção de um novo. O retrofit propriamente dito gera algum entulho, mas com controle de resíduos, é possível reciclar vários itens.

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Cetc. – Retrofitar é uma arte? PV – Podemos dizer que toda operação de restauro inclui um retrofit, visto que a modernização das instalações prediais é sempre incluída nas restaurações. No entanto, um retrofit não inclui necessariamente um restauro complexo ou a conservação de elementos artísticos ou arquitetônicos existentes na edificação original. Tudo dependerá das qualidades intrínsecas e do grau de proteção da edificação. O que importa, no entanto, é entender que arquitetura é arte, independentemente da época em que é realizada. Lúcio Costa falou certa vez que havia no Rio de Janeiro, mas também no Brasil, muita construção e pouca arquitetura. Vejamos o exemplo do novo Museu de Arte do Rio (MAR). Esse novo centro cultural localizado na Praça Mauá, no Centro

do Rio de Janeiro, é formado por dois prédios distintos que foram unidos por uma passarela e uma cobertura fluida. O prédio chamado D. João VI, que é tombado pela Prefeitura, teve sua fachada restaurada e seu interior, adaptado com toda a tecnologia necessária para receber salas de exposição de obras de arte. O outro prédio não era protegido, mas tinha uma estrutura modernista interessante, a despeito de suas fachadas simplórias, portanto, os projetistas aproveitaram a estrutura, removeram a “arquitetura de fachada e interiores” e deram ao prédio uma nova roupagem arquitetônica. Cetc. – De que maneira o cidadão comum/pedestre de uma grande cidade ou os funcionários de um edifício comer-


cial podem se beneficiar com a busca da identidade e a preservação da memória propostas pelo retrofit? PV – Na realidade, temos que cuidar para que todas as construções tenham qualidade para ser tituladas como arquitetura, independentemente da época em que foram edificadas. Cetc. – Poderia nos explicar como se dá o processo de retrofit na adaptação tecnológica de instalações elétricas e hidráulicas e dos principais equipamentos instalados nas áreas comuns dos edifícios, como elevadores, sistemas de iluminação e mobiliários? PV – Normalmente, no retrofit, essas instalações são totalmente remodeladas para atender ao novo padrão de uso. Cetc. – De que maneira os condomínios podem fazer o retrofit em suas unidades? Pequenas obras também podem ser retrofitadas? PV – As demandas contemporâneas exigem cada vez mais que as edificações estejam preparadas para atender às necessidades dos usuários. Redes elétricas, telefônicas, TV, informática, segurança, ar-condicionado, reuso de água etc. demandam uma avaliação do estado de conservação e um planejamento para sua substituição por soluções mais atuais. Em um condomínio residencial ou comercial, as obras podem ser realizadas pelas áreas comuns, ficando a responsabilidade das áreas privadas para os proprietários.

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reforma

Pisando em tecnologia Esqueça os tradicionais pisos de mármore e cerâmica, a onda agora são os vinílicos, os autonivelantes, os reciclados e até os líquidos

Eles estão por baixo, mas, ao mesmo tempo, nunca estiveram tão em alta quanto agora. Sim, os pisos estão cada vez mais interessantes e já não servem apenas para cobrir o chão. Para mostrar o que há de mais moderno e inovador, pesquisamos uma série de coberturas que vão desde os ecologicamente corretos aos autonivelantes, passando pelos autolimpantes e mistos. Está pensando em dar uma cara nova para o condomínio? Então conheça os pisos do futuro e mãos à obra! Por serem bastante silenciosos, os pisos vinílicos são a solução para os mais animados. Andar de salto, arrastar móveis e o

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corre-corre da criançada ficam bem mais suaves com esse tipo de produto. Outra vantagem é que são impermeáveis, portanto, podem ser lavados com água e sabão sem que a aparência seja prejudicada. Os vinílicos são indicados para quem tem crianças e animais, por serem resistentes ao tráfego intenso e possuir textura que previne escorregões. Referência nacional, a Revitech Pisos se destaca nessa tecnologia. Com base em um conceito sustentável, os pisos vinílicos Home Collection, da linha Natural Vision Wood, são produzidos com 70% de PVC reciclado. E não se trata apenas de fazer bem à natureza, o material também é muito bonito. Disponível em dez padrões de cores, tem espessura de

dois milímetros, fácil instalação e baixa manutenção de limpeza. O produto se ajusta facilmente e proporciona também uma cobertura resistente a riscos e manchas. Outra grande novidade da empresa é o Unique SK. Piso que possui uma superfície autodesinfetante – composta por duas linhas de defesa – que faz com que as bactérias sejam eliminadas sem o uso de produtos químicos. Além de autolimpante, o piso purifica o ar através de fotocatálise, ou seja, por aceleramento de uma reação com a luz natural ou artificial, eliminando assim os odores desagradáveis e material poluente do ar, como a nicotina. “Mais um diferencial do Unique SK é o combate à poluição sonora, pois possui


propriedades acústicas que reduzem o impacto equivalente a 17 decibéis”, afirma Hellen Gusmão, gerente de marketing da Revitech e da 1st Floor. “Com todas essas qualidades, o piso torna-se ideal para ambientes que necessitam estar sempre limpos e livres de bactérias, como hospitais, laboratórios e consultórios, sendo também recomendado para áreas de educação, recepções, entre outros”, completa.

Facilitando a vida Você já ouviu falar em piso autonivelante? À base de resina epóxi e outros minerais, é indicado para situações em que se deseja um terreno plano e acabamento mais limpo, uma vez que o revestimento literalmente se nivela sobre a superfície. Com espessura entre três a quatro milímetros, cai bem em residências, salas comerciais, laboratórios farmacêuticos e industriais, entre outros. Considerado um dos pisos com melhor acabamento, o autonivelante se destaca também pelo brilho e grande durabilidade. De acordo com arquitetos, pode ser uma boa opção para prédios comerciais, já que, por sua característica plana, permite movimentação de carrinhos e empilhadeiras, entre outros itens, com grande facilidade. A limpeza é outro ponto forte desse tipo de piso: basta um rodo com pano limpo para retirar a poeira superficial. Importante desta-

A síndica Norma Sueli Soares Pedroso está atenta quando o assunto é piso. No final de 2013, ela substituiu a grama sintética do play por um piso feito de pneu reciclado na cor verde

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divulgação

car que ele resiste à lavagem química e se mantém intacto por anos. E de piso líquido, você já ouviu falar? Pois existe. Também chamado de Resinfloor, é preparado com base em uma tecnologia holandesa. Trata-se de uma mistura líquida que, depois de seca, fica com espessura de três milímetros. O produto contém alguns elementos naturais, como quartzo, óleo de mamona e sintéticos. Depois de algumas horas de aplicação, obtém-se um piso brilhante e flexível que tem sido muito usado em academias e quartos de criança. O tipo mais fosco e mais rígido está em alta para grandes áreas como garagens, estacionamentos e até escritórios. O preço ainda é salgado: cerca de R$ 120 o metro quadrado.

Pisos reciclados Na onda do ecologicamente correto, os pisos feitos com material natural e reciclado estão dando o que falar. É o caso do GreenPad, um carpete que tem como matéria-prima o milho. Com excelente durabilidade e grande resistência a impacto, o produto da 1st Floor é composto de fibra sorona, material renovável extraído do milho extremamente resistente a manchas. “Desenvolvido com atributo de solidez e criado especificamente para espaços de alto tráfego, essa nova opção de piso vem para atender as novas necessidades do segmento, que tem investido em qualidade, tecnologia e sustentabilidade”, explica Hellen Gusmão.

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Além de autolimpante, o piso Unique SK, da Revitech, purifica o ar através de fotocatálise e, por isso, é bastante utilizado em recepções e consultórios

A manutenção é importante O engenheiro civil especializado em estruturas Orlando Sodré, consultor do Secovi Rio, explica que a presença de manchas de ordens diversas decorrentes de umidade ascendente (proveniente do solo) nos pisos é ocasionada principalmente pela deficiência da impermeabilização/drenagem das bases. “Os descolamentos de revestimentos podem estar relacionados à utilização de

material inadequado, mão de obra e fiscalização deficientes, bem como pela utilização de ferramentas e equipamentos impróprios, em desobediência às recomendações dos fabricantes e das normas”, esclarece Sodré. Podem estar relacionados, ainda, com problemas nas execuções das bases nas quais são aplicados e com a falta de procedimentos de limpeza, entre outros fatores. Os descolamentos podem ocorrer


divulgação

em função de formação de fissuras decorrentes de aspectos relacionados com estrutura, fundações etc. Em extensões grandes de pisos, poderão surgir descolamentos ou destacamentos por causa de problemas relacionados à falta ou deficiência nas juntas de trabalho do revestimento. Síndica há dois anos do condomínio Residencial Valqueire, com dois blocos e 96 apartamentos, em Vila Valqueire, Norma Sueli Soares Pedroso está atenta quando o assunto é piso. No final de 2013, ela substituiu a grama sintética do play por um piso feito de pneu reciclado na cor verde. O custo da obra foi de aproximadamente R$ 6,5 mil. “Tem muitas vantagens: é antimofo, lavável e seca bem mais rápido que a grama sintética. Além disso, é fácil substituir partes que possam sofrer algum tipo de dano, não é preciso retirar e reinstalar tudo”, elogia a síndica, que conta com o

auxílio da CIPA na administração. Para a portaria, com piso de granito bege, Norma tem cuidado especial. Afinal, essa área é um dos cartões de visita do condomínio. A limpeza é feita, segundo ela, apenas com água e sabão neutro, para não manchar, duas vezes ao dia (manhã e tarde). Para deixar granitos e mármores ainda mais bonitos, sem causar danos, Orlando Sodré recomenda utilizar ceras líquidas e incolores específicas para revestimentos rochosos. Nunca usar detergentes corrosivos, sapólios e similares, pois esses produtos atacam as superfícies e deterioram seu brilho. Outros cuidados importantes são evitar a queda de material pesado e pontiagudo que possam danificar as peças. Importante não utilizar vassouras de piaçava ou de outros tipos que possam danificar o rejuntamento e riscar as superfícies polidas.

Mais um diferencial do Unique SK é o combate à poluição sonora, uma vez que ele tem propriedades acústicas que reduzem o impacto equivalente a 17 decibéis

Serviço 1st Floor – http://1stfloor.com.br/site Secovi Rio – www.secovirio.com.br Revitech Pisos – www.revitechpisos.com.br

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CONDOMÍNIO

Ar-condicionado Curtindo o verão sem confusão com os vizinhos por Paulo Ferreira

O verão chega e a época pede: é hora de ligar os aparelhos de ar-condicionado para combater o calor que castiga os moradores do Rio de Janeiro. Família feliz com temperatura amena em casa, depois de conviver com o clima literalmente infernal das ruas é o mais desejado. Ao mesmo tempo as preocupações com o aumento no consumo de energia crescem. No entanto, a instalação correta é o primeiro passo para curtir o verão com temperatura moderada. Afinal, aparelhos barulhentos e o famoso pinga-pinga podem fazer o clima esquentar e, em alguns casos, ferver entre vizinhos. No caso do Condomínio Campos Elíseos, o síndico Eduardo Sampaio administrava vários conflitos até o início do ano: eram aparelhos que pingavam ou faziam muito barulho. A solução veio com a reforma da fachada. Ele avisou que a fachada do prédio seria pintada e a água excedente poderia prejudicar o serviço (e causar prejuízo ao investimento que os moradores fariam na pintura). Doeu no bolso... “Até então, muitos moradores não adaptavam o dreno no momento da instalação do ar-condicionado ao dreno que o prédio já tem, causando principalmente o famoso pinga-pinga. Hoje não há mais nenhum problema nesse sentido”, conta. Com o verão a todo vapor, o síndico Ademar José de Almeida, do Condomínio

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Dellos, põe em prática uma antiga tradição: ele manda uma carta a cada um dos moradores lembrando-os de fazer a manutenção elétrica do apartamento, principalmente ao que concerne à instalação de ar-condicionado, cujo consumo aumenta nessa época. “Mais que o pinga-pinga e o barulho, já tivemos sobrecarga na rede elétrica e o ar-condicionado era o principal vilão”, conta Ademar, destacando o perigo que essa sobrecarga pode provocar, como incêndios. Segundo Arilton Pereira, técnico da Plajet Personal Air, é necessário prestar atenção à instalação dos aparelhos de ar-condicionado. Ele disse que a questão do pinga-pinga, que tantos transtornos causa, é perfeitamente solucionável: “As edificações de hoje normalmente já vêm com o dreno. O usuário só precisa ligar o dreno de seu equipamento ao do prédio e evitar vazamentos e, consequentemente, o pinga-pinga.” Segundo lojistas, no verão, 70% dos

aparelhos comprados são ar de janela de, em média, 7.500 BTUs e 10% de 10.000 BTUs. O menos barulhentos são os Splits, que, pelas informações dos lojistas, estão próximos a 20% de utilização. Os Splits costumam ser indicados para áreas comuns de prédios. Para residências, os mais procurados, por questão de facilidade de instalação, preço e manutenção, é o ar de janela de 7.500 BTUs. Essas informações devem ser indicadas pela empresa contratada para instalação de aparelhos, seja nas unidades ou em áreas comuns do condomínio. “Na hora de instalar o ar-condicionado, deve-se verificar a idoneidade da empresa, o tempo de experiência no mercado, as referências, a capacitação dos profissionais, se respeita as normas de segurança e, mais que tudo, se entende sobre o tipo e a capacidade do aparelho de ar, calculando os metros cúbicos do ambiente”, aconselha Airton. Mas não basta ter bom senso. A corre-


O síndico Ademar José de Almeida: na véspera do verão, carta para todos os condôminos lembrando os cuidados com a instalação dos aparelhos de ar

ta instalação de aparelhos de ar-condicionado é lei, como lembra a advogada Alessandra Saad, da Saad Advogados. “Existem leis sobre o assunto. A mais recente é a Lei nº 5.598/13, que dispõe sobre a fixação de aparelhos de ar-condicionado do tipo Split, instalados em andares superiores. Essa lei é nova, de

junho de 2013, então, ainda necessita de regulamentação pela Prefeitura, como as especificações técnicas, como se dará a vistoria pela Rio Luz e a aplicação da multa”, diz. “Então, tudo isso será determinado em decreto da Prefeitura. Assim, o síndico pode, de posse da lei, acompanhar o trabalho dessas empresas, mas também necessita do decreto, pois a lei em si não se basta.” Sobre o pinga-pinga, no entanto, há lei mais antiga, que dispõe sobre as regras de instalação do dreno e outras providências para evitar que os vizinhos aumentem, por meio de brigas, ainda mais a temperatura no verão. “Com relação ao gotejamento, existe a Lei Municipal nº 2.749/99. Nela consta como deve ser feita a instalação para coibir o gotejamento, sob pena de multa, inclusive com solidariedade do síndico, ou seja, ele pode ser acionado a responder por omissão, caso não efetue a multa. A instalação deve ser feita de maneira correta, com uma bandeja coletora, dreno com direcionamento correto etc.”, explica Alessandra.

Fique de olho e saiba o que diz a lei de fixação e a do gotejamento A Lei 5.598/13, apesar de ainda não estar regulamentada, diz que os aparelhos de ar-condicionado do tipo Split que forem fixados no exterior de instalações comerciais ou residenciais em altura superior a um metro deverão possuir, na fixação da unidade externa que tem o compressor, uma mão-francesa de aço inoxidável capaz de receber o peso necessário do conjunto. Já a Lei 2.749/99 diz que os aparelhos de ar-condicionado projetados para o exterior das edificações devem dispor de acessório, em forma de calha coletora, para captar a água produzida e impedir o gotejamento na via pública. O descumprimento sujeitará o infrator à multa no valor de 125,04 UFIR. Se a irregularidade não for sanada no prazo de 30 dias após a primeira multa, o infrator estará sujeito a multas diárias no valor de 250,08 UFIR. Para os efeitos da lei, são considerados infratores o proprietário, o titular do domínio útil ou o possuidor do imóvel, conforme o caso. E o condomínio responderá solidariamente sempre que for constatada a irregularidade em edificações residenciais multifamiliares, comerciais e mistas.

E o Split?

O ar-condicionado do tipo Split ainda não domina o mercado, mas seu consumo tende a crescer pela maior acessibilidade de preço para o consumidor. Sua maior utilização demandou até mesmo a criação de uma lei que regule sua instalação. Apesar de ser considerado mais silencioso e econômico, sua instalação não é das mais fáceis, pois precisa de mais espaço por causa da instalação interna e externa e também de estrutura elétrica que suporte sua potência. O aparelho é constituído por dois equipamentos: a unidade evaporadora, que fica dentro da casa, e a unidade condensadora, que fica do lado de fora. Eles são unidos por tubulações de cobre que precisam passar pela parede. Na unidade interna, há um ponto de dreno para o escoamento da água. A instalação, por não ser simples, demanda a contratação de uma empresa especializada, que pode sair mais cara do que o bolso permite. JAN_FEV_MAR 2014

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manutenção

Impermeabilizar é preciso Com as chuvas de verão, síndicos não podem descuidar da impermeabilização É tempo de praia, passeios ao ar livre, brincadeira da criançada nas praças e parques, passeios de bicicleta em meio à natureza. Mas na estação mais quente do ano, as chuvas, apesar de passageiras, podem causar danos permanentes aos condomínios, especialmente em áreas vizinhas a reservatórios de água. Por isso, é preciso ficar atento à impermeabilização. Mas quais são as áreas mais vulneráveis? De acordo com especialistas, todas as lajes expostas ao intemperismo, ou seja, aquelas sujeitas às chuvas e à incidência direta dos raios solares, devem estar protegidas por meio de um sistema de impermeabilização. Síndicos devem ficar atentos a playground,

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Síndico em Ipanema, André precisou contratar o serviço de impermeabilização das lajes das quatro varandas do último andar dos dois prédios onde trabalha. “Já fizemos a autovistoria”, reforça

jardins, jardineiras e floreiras; quadras de esporte, áreas de circulação de pedestres e de veículos; áreas de estacionamento, mesmo

aquelas sob pilotis; deque das piscinas, áreas de lazer com churrasqueira etc. O engenheiro e consultor do Secovi Rio, Orlando Sodré, reforça que as lajes de cobertura e calhas, os terraços e as varandas, também por estarem expostos ao intemperismo, devem estar protegidos pela impermeabilização. Os prédios com subsolo precisam de cuidado extra. “A camada impermeável normalmente se encontra instalada nas paredes e lajes em contato com o solo, caso não tenha sido realizado um eficiente sistema de drenagem, o qual funciona contra a penetração e passagem de água pelo concreto das estruturas ou de contrapiso, quer por pressão, por causa da presença de um lençol freático, ou por simples contato com o solo úmido ou saturado (capilaridade)”, explica o engenheiro, acrescentando que o concreto armado das estruturas dos poços de elevadores e dos reservatórios d’água inferiores também deve ser impermeabilizado.


A síndica Clarisse Motta refez a impermeabilização das lajes e das caixas-d’água, que precisaram passar por reparos por conta de rachaduras e quedas de emboço. Ela contou com o apoio da subsíndica Marília Barreiros

De olhos abertos Síndico de dois condomínios administrados pela CIPA, o Acauã e o Porto Seguro, em Ipanema, André Castello Branco está em dia com as impermeabilizações. E esse cuidado garantiu não só a integridade da construção, como também gerou economia. “No Porto Seguro, a conta de água estava vindo em torno de R$ 2,5 mil mensais. Fizemos testes na caixa-d’água e descobrimos um vazamento. Após a impermeabilização, o gasto baixou para R$ 1,1 mil”, alegra-se o gestor. No Acauã, André precisou contratar o serviço de impermeabilização das lajes das quatro varandas do último andar, há três anos, obra que custou cerca de R$ 5 mil. “Nós atuamos de forma preventiva, inspecionando as áreas impermeabilizadas a cada cinco anos. Na Zona Sul, por causa da maresia e dos ventos, é preciso redobrar a atenção”, pontua. E os cuidados não ficam restritos às áreas expostas à umidade. Em conformidade com a Lei Municipal Complementar 126, publicada pelo prefeito Eduardo Paes em 12 de julho de 2013, o síndico realizou a vistoria em todas as áreas dos dois condomínios onde exerce a sindicatura. Foi um dos poucos que conseguiram cumprir a exigência antes da data limite, de 31 de dezembro. Até outubro, apenas 597 prédios haviam feito a autovistoria, num universo de 280 mil edificações. “Logo depois da queda dos prédios na Avenida

Treze de Maio, em 2012, eu contratei uma firma de engenharia para realizar uma inspeção minuciosa. Agora, com a lei municipal, fiz novas vistorias, ao custo total de R$ 5,4 mil, para me assegurar de que está tudo em ordem”, conta o síndico, que exerce a profissão de analista de sistemas. Síndica do Condomínio Barbacena, em Botafogo, Clarisse Motta também deu o bom exemplo: contratou o serviço de vistoria antes do prazo determinado pela Prefeitura. Para manter os dois prédios em ordem – cada um com 12 andares, totalizando 96 apartamentos –, ela refez a impermeabilização das lajes e das caixas-d’água, que precisaram passar por reparos por conta de rachaduras e quedas de emboço. O custo foi de cerca de R$ 25 mil. “Essas eram as prioridades, até porque o vazamento estava atingindo a casa de máquina dos elevadores. Agora precisamos pensar na impermeabilização de toda a área do playground, de 400 metros quadrados, porque, quando chove muito, ocorrem vazamentos na garagem. Como a obra vai ser cara, teremos um pouco mais de dificuldade na aprovação pela assembleia”, conta a síndica, que elogia a atuação da subsíndica Marília Barreiros para manter o prédio dentro dos conformes. “Ela é meu braço direito, e, quando não posso resolver alguma coisa, sabe exatamente o que fazer. Aqui é assim: gestão em parceria”, diz. JAN_FEV_MAR 2014

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BEM DITA! – a coluna de boas notícias por Stella Maris Mendonça (smarismendonca@gmail.com)

Esta coluna de boas notícias, a Bem Dita!, foi criada para dar ânimo a nossos corações tão bombardeados de manchetes nauseabundas; de artigos de conteúdo precário, impreciso, desnecessário; de programas e novelas que desrespeitam o tempo sagrado da vida; de escândalos que espalham o medo, a desesperança e o pessimismo. Recebemos o seguinte e-mail do leitor Luiz Fernando Lemos, coordenador administrativo da Biblioteca Parque da Rocinha, que comenta a entrevista, publicada em nossa edição passada, com Fernando Ermiro, historiador e morador da Rocinha:

“Olá Stella, abalho. FernanParabéns pelo tr s. preciosa para nó do é uma pedra , im to boa e a m A revista é mui m , como lido co particularmente resmuito me inte gestão predial, dahouver possibili sa. Sempre que . A ais exemplares de, envie-me m o!” mpleta. Obrigad revista é bem co

Cara de Cão – livro de Mia Malafaia aborda a violência sexual contra crianças e adolescentes Escondido em condomínios de luxo ou não, o abuso sexual é uma realidade covarde que assombra o mundo. A boa notícia é que o assunto está sendo enfrentado através de ações, debates e publicações. Como a de Mia Malafaia, Cara de cão. “Narrar a história de Alice foi uma experiência quase pessoal. Embora não se trate da minha história em si, muitos sentimentos foram compartilhados e colocados como verdadeiros. Procurei não usar clichês e, sim, ser fiel à realidade vivida pela personagem. A Alice, retratada em Cara de cão, foge do estereótipo das mocinhas e heroínas que estamos acostumados a ver. Aqui, uma menina pobre, feia e sem qualquer perspectiva de vida digna consegue dar a volta por cima. A mensagem principal do livro é a SUPERAÇÃO! Superar a miséria extrema, superar as diversas violências sofridas, o desgosto, a solidão... superar o insuperável!” Com esse depoimento, Mia Malafaia

apresenta seu livro, que procura mostrar como uma criança pode sofrer calada diante de atrocidades. A religiosidade exacerbada da mãe, o dia a dia extenuante, a culpabilidade atribuída a Deus – temas fortes que se encaixam e fazem com que o leitor pense que talvez conheça uma “Alice”... O livro é para ser pensado e discutido. Embora a personagem principal tenha sido retratada num ambiente hostil e miserável, sabemos que muitas Alices se encontram em locais bem mais aprazíveis. Alice é uma lição para cada um de nós e, se nos colocarmos em seu lugar, talvez possamos refletir sobre essa realidade que assola os lares do mundo inteiro e consigamos deixar de olhar para o problema como algo que não nos atinge. Radialista e militante da causa em defesa dos direitos da criança à felicidade, Mia Malafaia se dispõe a falar sobre o assunto onde for necessário. Os interessados em recebê-la podem escrever para esta coluna.

Casa das Palmeiras e Grupo de Estudos Carl Jung A Bem Dita! está sempre aberta à sua contribuição. Vamos espalhar o que é bom e merece divulgação. Também publicamos aqui desejos a que aspiramos. Finalmente vemos uma lei que pune quem suja as ruas. E as praias? E o mar? Precisamos de vigilância nesses espaços sagrados da vida carioca.

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O Grupo de Estudos Carl Gustav Jung, formado por pessoas e profissionais de várias áreas do conhecimento, se reúne para leitura e reflexão da obra de Jung em duas quartas-feiras por mês na Casa das Palmeiras. Se quiser mais informações e apoiar o excelente trabalho, visite o site que Martha Pires Ferreira nutre sobre a Casa e o G.E. - http://casadaspalmeiras.blogspot.com Endereço: Rua Sorocaba, 800, CEP 22271-100, Botafogo, Rio de Janeiro - tel. (21) 2266-6465.


O Carnaval Infantil, com Zé Zuca e a Banda de Brinquedo, é um inventivo bailezinho para crianças e famílias com as marchinhas de Braguinha, Lamartine Babo, João Roberto Kelly, Zé Keti, Palavra Cantada e Zé Zuca. E ainda: cantigas de roda em ritmo de carnaval, além de muitas brincadeiras com a plateia, utilizando adereços próprios do grupo. A banda formada por Zé Zuca (www.zezuca.com.br) – cantor, compositor e animador de auditórios – e mais seis músicos encanta com sua alegria e sonoridade moderna. Todo mundo se diverte com Mamãe eu quero, Pirata da perna de pau, Balancê; com as mais conhecidas cantigas de roda, como Pai Francisco, Fui no tororó, Fui na Espanha, Marcha soldado e Atirei o pau no gato, e com marchinhas da Palavra Cantada e do próprio Zé Zuca. Como esta coluna já noticiou, Zé Zuca, homenageado em 2011 com o Prêmio Zilka Salaberry, já lançou sete CDs de música, quatro livros e apresenta o programa de auditório Rádio Malu-

Stefano Figalo

Cultura brasileira para a diversão da garotada de todas as idades

ca, ao vivo, todos os sábados, na Rádio Nacional. As músicas, muito comunicativas, provocam o público, que responde as provocações do Zé. Nesse show, que é só alegria, todo mundo vira folião. De repente uma música faz aparecer frutas gigantes de uma salada de frutas musical; outra pode trazer a imensa bola planeta da vida voando pelo salão ou pelo teatro; e um frevo de Zé Zuca pode trazer uma chuva de serpentinas. A Banda de Brinquedo é formada por um time competente de músicos e artistas: Mariano, cantor, compositor e parceiro do Zé Zuca há 30 anos, toca violão, cavaquinho e surdo; o jovem Daluz Gonçalves toca violão, violino e guitarra; Michel Nascimento toca um set compacto de bateria e percussão; Maurício Durão, músico, arranjador e dirigente de corais, toca teclado e escalet; Magno Souza toca contrabaixo; e Josué Soares, mímico e ator, toca surdo e, com Zé Zuca, anima a plateia. Vale conhecer e se divertir com esse carnaval. JAN_FEV_MAR 2014

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Veja a seguir o conceito de boas práticas para a Organização das Nações Unidas As boas práticas são, segundo a ONU e a comunidade internacional de direitos humanos, iniciativas bem-sucedidas que: a) apresentam impacto tangível na melhoria da qualidade de vida; b) são resultado de parceria efetiva entre setor público, privado e as organizações da sociedade civil; c) têm sustentabilidade social, cultural, econômica e ambiental. As boas práticas assim pretendem aproximar as relações entre o Estado e a sociedade civil, distanciados pela burocracia. A ideia é melhorar a qualidade dos serviços prestados pelo Estado e estimular a participação qualificada da população na administração das coisas públicas. O modelo burocrático permitiu que o poder público fosse capturado por interesses econômicos e que voltasse parte importante de seus esforços para atender demandas de clientes poderosos, aumentando a destinação de recursos para projetos sem sustentabilidade e sem impacto social significativo. As boas práticas procuram caminhar no sentido diferente. Pretendem ser estratégias de governança mais artesanais, mais responsáveis ambientalmente e com as necessidades das comunidades locais. São formas locais de governo e podem ter impacto na mudança do quadro da gestão das coisas públicas, desde que sejam estimuladas, estudadas e disseminadas. Em outros termos, boas práticas são instrumentos para: • incentivar políticas públicas, com base em experiências que realmente funcionem; 50

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• conscientizar os tomadores de decisão, os gestores e a população em geral quanto à formulação de políticas públicas e à busca por soluções para os problemas; • compartilhar e transferir tecnologia, expertise e experiência através de redes de intercâmbio, aprendizado, informação e formação. No âmbito da segurança pública, as boas práticas podem ser caracterizadas da seguinte forma: 1) Respeito aos Direitos Humanos; 2) Respeito aos princípios e garantias constitucionais; 3) Profissionalização, responsabilização e transparência; 4) Políticas locais de prevenção; 5) Participação popular e demandas sociais por segurança; 6) Práticas de educação e de cidadania; 7) Parcerias entre público e privado; 8) Policiamento comunitário; 9) Justiça em tempo real e penas alternativas à prisão; 10) Política específica para grupos vulneráveis, sobretudo, jovens; 11) Segurança e qualidade de vida; 12) Política de combate ao crime organizado e ao crime econômico; 13) Política sobre uso da força em ações policiais. Manual de Boas Práticas do Sistema Penitenciário Nacional, Ministério da Justiça e PNUD, 2009. Pode baixar: http:// www.observatoriodeseguranca.org/files/ manual_boas_praticas.pdf


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condomínio

Certificação digital, seu condomínio já tem? Os condomínios que ainda não têm o certificado precisam se apressar para evitar penalidades por Lia Rangel

Em abril de 2011 a Caixa Econômica Federal publicou no Diário Oficial duas circulares, números 547 e 548, que informavam a obrigatoriedade de certificação digital para quem precisasse acessar o Conectividade Social, canal de transmissão de arquivos referentes ao INSS e FGTS, que também emite as chaves necessárias para rescisões e homologações. A partir de agora, o acesso ao canal passa a ser exclusivamente via web e conta com inúmeras facilidades em relação à versão que utilizava o certificado em disquete, que já foi extinto. Mas você sabe o que é um certificado digital? O certificado digital é um documento eletrônico, com valor jurídico, que permite que o usuário realize transações na internet de maneira segura. Somente com o certificado digital os responsáveis pelos condomínios poderão utilizar o Conectividade Social, canal da Caixa Econômica, no qual trafegam informações sobre as movimentações de funcionários, autônomos,

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FGTS e INSS, entre outros. Informações sobre o Imposto de Renda também serão enviadas por esse canal. A tecnologia trouxe inúmeras vantagens, e o uso da internet facilitou uma série de procedimentos, inclusive para os síndicos, que podem economizar tempo e custos operacionais ao fazer notificações e outras ações através dessa poderosa ferramenta. Uma das intenções é desburocratizar e agilizar a interação entre a Caixa e o síndico, representante legal do condomínio, para facilitar o envio de informações trabalhistas e o acompanhamento dessas ações gerenciadas pela CEF. Segundo o gerente do Setor de Qualidade da CIPA, Fernando Yung, cerca de 20% dos condomínios administrados pela CIPA ainda precisam providenciar a certificação digital. “Apenas com o certificado digital é possível acessar o canal Conectvidade Social, da Caixa Econômica Federal, fundamental para a transmissão de infor-

Fernando Yung, gerente do setor de Qualidade da CIPA, alerta para a necessidade de todos os condomínios possuírem certificado digital.

mações importantes sobre funcionários, síndicos e autônomos, além de outros procedimentos. Agora é tudo digital, e, para evitar prejuízos maiores, é preciso se adaptar o mais rápido possível”, afirma. Ainda que o condomínio não possua funcionários, faz-se necessária a certificação digital, pois quem faz o pagamento de


autônomos, através de RPAs, também terá que usar o canal Conectividade Social para fazer a transmissão de dados. O prazo inicial para que todos os condomínios estivessem certificado era dezembro de 2012, mas foi prorrogado para junho de 2013. Mesmo encerrado o prazo, muitos condomínios ainda não possuem o certificado digital, o que pode ocasionar uma série de problemas. Sem o certificado digital, o síndico fica impossibilitado de acessar o canal Conectividade Social, deixando, assim, de enviar dados importantes à Caixa Econômica Federal. Com isso, o síndico e o condomínio ficam passíveis de processos trabalhistas e multas da Justiça do Trabalho. “O condomínio pode ser auditado pela Receita Federal e pagar multas altas, principalmente se não coseguir recolher os impostos, deixando os funcionários descobertos. No caso da demissão de um funcionário, por exemplo, o síndico também não conseguirá notificar a CEF”, garante Fernando Yung.

É preciso correr A CIPA conta com uma estrutura especial para atender e esclarecer as dúvidas dos síndicos, inclusive colocou à disposição três telefones exclusivos para isso: (21) 2196-5191, 2196-5009 e 2196-5166. Segundo Fernando Yung, o procedimento é rápido e o que pode atrasar a emissão do certificado digital é a discrepância en-

tre os documentos. Muitas vezes, houve mudança de síndico recentemente e os dados não foram atualizados na base de dados da Receita Federal. Outro problema constante é o nome do síndico, que nem sempre está grafado nos documentos do condomínio conforme está em seus documentos pessoais. Há ainda problemas quanto ao preenchimento correto da ata de eleição da assembleia condominial que escolheu o síndico e da convenção do condomínio. “Caso a documentação esteja em dia, em uma semana, o condomínio estará certificado. Caso haja divergências nos documentos, é preciso providenciar as correções necessárias, e esse prazo varia de acordo com o que precisa ser corrigido”, diz Fernando Yung. Os documentos necessários para obter a certificação digital e estar em dia com a legislação são: • ato constitutivo devidamente registrado no cartório de registro de imóveis; • convenção do condomínio registrada anteriormente à vigência do Novo Código Civil; • ata da assembleia condominial que escolheu o síndico; • documentos do síndico: CPF, RG, comprovante de residência e duas fotos 3X4; • termo de titularidade e responsabilidade (emitido pelo solicitante); • cartão de CNPJ do condomínio;

• comprovante de pagamento do certificado. Para condomínios não constituídos nos termos da legislação, são necessários: • CNPJ (impresso no site da Receita Federal); • certidão do instrumento de individualização do condomínio, emitida pelo cartório de registro de imóveis; • ata da assembleia condominial que escolheu o síndico, acompanhada da lista dos participantes da eleição, sendo obrigatória a participação de, ao menos, um proprietário de imóvel localizado no condomínio, com a aprovação de sua propriedade e firma reconhecida na referida ata; • convenção do condomínio; • documentos do síndico: CPF, RG, comprovante de residência e duas fotos 3X4. Os custos para a emissão do certificado digital variam entre R$ 240 e R$ 470, de acordo com o período de validade, e podem vir no formato de cartão inteligente, acompanhado de leitora, ou Token USB (que tem o formato de um pen-drive). Os certificados podem ter um, dois ou três anos de validade. Serviço

www.cipa.com.br/certificacao_digital/

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MANUTENÇÃO

Portões automáticos – a grande dor de cabeça dos síndicos Saiba como prevenir problemas e escolher o modelo certo, de acordo com suas necessidades Os portões automáticos, criados para facilitar a vida de porteiros, garagistas e moradores em geral, são utilizados em praticamente todos os condomínios, tanto na entrada de carros quanto na entrada de pedestres. E por serem acionados muitas vezes, durante todo o dia, costumam ocasionar problemas constantemente. Mas alguns cuidados básicos, na hora da escolha do tipo de portão a ser instalado e na manutenção, podem evitar transtornos maiores. Há no mercado três tipos de portão automático: os basculantes, os deslizantes e os pivotantes. Os portões basculantes são aqueles que abrem para cima e ficam suspensos por cabos de aço. São muito comuns em condomínios que não têm muito espaço, mas requerem atenção especial. O equipamento precisa estar balanceado, ou seja, os pesos do motor e do portão precisam estar equilibrados, além de as peças estarem bem lubrificadas e os cabos, firmes, para garantir o bom funcionamento do equipamento. Os portões deslizantes são aqueles que se abrem lateralmente sobre trilhos, também muito vistos em condomínios que contam com mais espaço. Já os pivotantes, menos utilizados em condomínios, são os que abrem para dentro ou para fora. Como o próprio nome diz, são sustentados por pivôs e podem possuir um ou dois motores. Eles são menos utilizados em condomínios por necessitarem de cuidados ainda mais específicos do que os outros, como a utilização de graxas especiais. Os portões podem ser fabricados de diversos materiais. Os mais utilizados são ferro, alumínio e madeira. Há também os que misturam esses materiais, na busca pelo portão perfeito, que garanta as características beleza, leveza e resistência. No caso dos portões fabricados em ferro, deve-se ter em mente os prós e contras antes de realizar a instalação. O ferro é um 54

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O síndico José Mário decidiu investir em capital humano para ajudar na conservação dos portões

material muito forte e resistente e sua estrutura extremamente rígida proporciona mais segurança aos moradores, mas, por ser um material mais pesado, ele exige mais força e potência do motor, encarecendo os custos para a instalação e manutenção do portão. Para José Ferreira Gomes, síndico do Edifício Imperatriz, em Ramos, desde o início de 2013, vale a pena investir em um bom motor. “É preciso comprar um motor de boa qualidade, senão os problemas são constantes. Também é importante saber se o motor é indicado para aquele tipo de portão. A potência do motor deve ser proporcional ao peso do portão, para que ele não queime ou danifique com frequência”, garante.

Mas os portões de ferro têm um grande vilão, a ferrugem. As corrosões costumam acontecer, principalmente, por causa do acúmulo de água e outras substâncias ácidas onde as hastes se cruzam. Isso ocorre quando chove, quando o portão é lavado ou por causa do xixi dos cachorros, substância extremamente ácida que os bichos gostam de deixar portões afora e que seus donos, por sua vez, acabam não os impedindo. Por ficarem expostos à ação do tempo e de outros agentes, os portões precisam de proteção extra. Uma possibilidade é a galvanização, um processo químico que consiste no acréscimo de zinco ao aço, o que faz com que as ações externas atinjam


essa camada primeiramente, aumentando a vida útil do portão em até dez anos. Mas e quando o xixi do cão atinge o motor do portão? Se isso chegar a acontecer, provavelmente algumas placas terão que ser substituídas e, em alguns casos, até o motor todo. O síndico José Ferreira Gomes diz que não conta apenas com a proteção da capa que envolve o motor. Lá eles fizeram uma obra para os totós não atingirem o motor do portão do condomínio. “Aqui nós fizemos uma pequena obra para o motor ficar acima do chão e evitar que eles façam xixi diretamente nele. Fizemos uma base de cimento que suspende o motor uns 15 centímetros do chão. Os cachorros continuam fazendo xixi ali, mas agora eles só atingem a base”, conta o sr. José, que conseguiu driblar os animais com bastante criatividade. Há também no mercado alguns repelentes de cachorro que prometem mantê-los afastados de onde você quiser, nesse caso, dos portões. Basta aplicar a solução perto do portão e eles deixam de urinar ali como num passe de mágica. Acontece que os cães têm o faro muito aguçado, o que faz com que cheiros fortes que para nós, humanos, pareçam até agradáveis, como os cítricos, por exemplo, sejam extremamente perturbadores para eles. Estes custam em torno de R$ 50, duram cerca de um mês e podem ser encontrados em lojas especializadas em produtos para animais. Mas existem soluções caseiras, mais baratas e tão eficientes quanto os produtos industrializados. Suco de limão, vinagre e amônia diluído em água pode causar o mesmo desconforto para os animais, mantendo-os afastados dos portões e evitando futuros prejuízos.

A importância dos porteiros Os porteiros são quem controlam o acesso de todas as pessoas a prédios e condomínios. Existem inúmeros casos de amor e ódio entre porteiros e moradores. Muitos são tratados como da família, sobem pra tomar um cafezinho, ganham presentes em datas especiais e conseguem agradar a grande maioria dos moradores. Esses são os profissionais mais requisitados para essa função, os que conseguem ser atenciosos, simpáticos e estão sempre dispostos a ajudar os condôminos, mas nem

As roldanas são peças que precisam ser trocadas constantemente, por causa do desgaste que sofrem

sempre é assim que acontece. Muitas vezes esses trabalhadores já estão no mesmo emprego há muitos anos e não conseguem se sentir valorizados. Com isso acontecem sucessivos erros e falhas que poderiam ser evitadas com proatividade. José Mário é síndico do Condomínio Condado de Belmonte, na Tijuca, há três meses e está passando por uma situação assim, faltam ânimo e boa vontade em um dos porteiros. Seu condomínio tem 40 unidades e quatro portões de garagem. Todos os moradores têm controle remoto, o que permite abrir o portão que corresponde à garagem do andar em que fica seu apartamento, mas algumas vezes os controles dão pane, param de funcionar e os porteiros se negam a abrir o portão, o que causa irritação em muitos moradores. “Eles alegam que não abrem porque não reconhecem o carro ou pensam que pode haver algum problema, como um sequestrador dentro do carro, por exemplo. Para resolver esse problema vamos criar uma norma e eles terão que abrir o portão nesses casos, sem reclamações. Aqui nós temos casos muito delicados, pois os funcionários estão nos cargos há muitos anos. O que está a menos tempo tem 18 anos de condomínio. Como mandar um funcionário desse embora?”, argumenta José Mário. O questionamento de José Mário não leva em consideração apenas o valor que o funcionário receberia em caso de demissão, mas a condição social do porteiro, que, nesse caso, já é um senhor de idade, provedor

da família, que não teria muitas condições de conseguir outro emprego a essa altura da vida. O síndico aposta, agora, em estabelecer uma política de confiança com os funcionários, investindo nas relações interpessoais, valorizando confiança, credibilidade e transparência. “Muitas vezes, os porteiros visualizam um problema, mas não têm interesse em resolver, porque eles perderam a vontade de ajudar. Muitas dificuldades poderiam ser evitadas se as relações tivessem sido bem construídas. Por isso estamos investindo no material humano. Crédito mútuo é fundamental para que esse relacionamento dê certo”, diz José Mário. Proatividade é uma qualidade reconhecida em todas as profissões. Adiantar-se aos acontecimentos pode, além de garantir o emprego, render elogios, promoções e até bonificações. Os porteiros do condomínio podem adotar essa postura e colaborar para o bom funcionamento dos portões, inserindo pequenas atitudes em seu dia a dia, como varrer o trilho inferior do portão diariamente, utilizar graxa no trilho superior, verificar parafusos, porcas, pivôs e pistons. Muitas vezes, esses profissionais veem nos portões um parafuso frouxo, um cabo mais desgastado, as roldanas gastas, mas não se antecipam em falar, pois a relação com a administração não é boa, então deixam as coisas acontecerem por pura falta de vontade, por isso, investir na relação com eles é fundamental para garantir o bom funcionamento de tudo, inclusive dos portões. JAN_FEV_MAR 2014

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Manutenção preventiva, o segredo do bom funcionamento Manutenção preventiva é sempre o ideal para evitar e/ou minimizar grandes problemas, mas, como no caso dos portões automáticos, não existe nenhuma lei que obrigue os condomínios a realizarem esse serviço, por isso muitos síndicos deixam para chamar a empresa quando o problema acontece. Para Leandro Gaspar, sócio-gerente da Guerra e Gaspar, empresa especializada em instalação e manutenção predial, é aí que está o grande erro: “Não pode deixar para chamar a empresa só quando o portão quebra. A manutenção preventiva é muito importante para detectar possíveis problemas e evitá-los.” A maioria dos condomínios mantém contrato com empresas especializadas em manutenção, que ficam responsáveis por visitas mensais, nas quais são feitos pequenos reparos, como limpeza e lubrificação das peças que compõem o portão. Segundo Leandro Gaspar, que tem contrato com mais de 600 condomínios no Rio de Janeiro, todas as visitas realizadas por seus funcionários geram um relatório em que constam as informações

com os procedimentos realizados. “Normalmente, em condomínios, fazemos uma visita mensal e preenchemos uma ordem de serviço com o estado do portão e os serviços que foram feitos. Os serviços mais comuns nessas visitas mensais são lubrificação dos componentes e troca de peças pequenas. Quando há necessidade, o condomínio pode abrir um chamado de emergência”, diz. Segundo o síndico José Mário, a empresa que realiza a manutenção dos portões em seu condomínio oferece algumas vantagens. “Além de fazermos a manutenção preventiva, quando o serviço que precisa ser realizado no portão não está incluído nos procedimentos de manutenção mensal, a empresa nos oferece desconto e o conserto do portão acaba saindo mais barato do que se chamássemos a empresa apenas quando o portão quebra”, afirma. O síndico José Ferreira Gomes também aposta no investimento em empresas especializadas. “Aqui no condomínio temos um contrato anual. A empresa vem uma

O síndico José Mário também acredita na eficiência da manutenção preventiva

vez por mês fazer a manutenção e quando abrimos um chamado de emergência, caso o portão pare de repente ou alguma placa queime; eles nos atendem o mais rápido possível quando isso acontece, porque conhecem nossas necessidades”, afirma. Para Leandro Gaspar, a manutenção preventiva vai além do conforto. “É uma questão de segurança, e a segurança vale muito mais do que qualquer outra coisa. As visitas mensais possibilitam um acompanhamento do portão e do equipamento, e assim podemos identificar o que precisa ser feito imediatamente e o que precisa ser feito a longo prazo”, diz. Serviço Guerra e Gaspar – Tel.: (21) 3976-4266

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Comportamento

Em pauta: festas de adolescentes Jovens mostram que dá para fazer eventos sem maiores sustos Quando abrimos o jornal ou fazemos uma busca pela internet sobre encontros ou festas de adolescentes em condomínios, nos deparamos com notícias muitas vezes assustadoras. Mas a realidade é só essa? A revista Condomínio etc. foi atrás de respostas para essa pergunta e verificou que há, sim, casos ruins, mas que a maioria dos jovens é “gente boa”.

Espaço teen

Glenda Mello, uma adolescente comprometida com a diversão saudável E Vivien Bezerra de Mello, mãe de Glenda, apoia festas conscientes dos jovens

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Os novos condomínios estão apostando alto em espaços destinados aos adolescentes, como uma forma, inclusive, de manter o jovem mais perto dos pais, dos amigos e de sua comunidade residencial. Lan house, salão de games, garage band, pistas de skate e de patins são algumas das atrações para manter esse público “dentro de casa”. No entanto, os condomínios mais antigos não dispõem dessa estrutura e os síndicos precisam ter jogo de cintura para agradar a todos do prédio. Com o espaço mais restrito, o jovem, que ainda está em fase de amadurecimento, às vezes é pego dando uma escorregada para o lado infantil e pode ser visto usando o balanço e a gangorra do parquinho das crianças. Em outras ocasiões, quer burlar as regras e dar uma relaxada na sauna dos adultos. Ao ser contrariado, se revolta. Esse é o caso de um adolescente morador de um condomínio do Rio que, ao reunir os amigos, deixa todos do prédio enlouquecidos. O grupo faz muitas “artes”, desde xingar os moradores até jogar bomba nas dependências do edifício. Pais chamados, registro no livro de


Algumas regras do Condomínio Rainbow Park: • Na sauna, por exemplo, menores de 12 anos não entram de jeito nenhum e até os 18 anos somente acompanhados dos pais. • Churrasqueira só com a companhia do responsável. Elizabeth, a síndica “gente boa”

ocorrência e várias reclamações. Porém, os responsáveis, em certas ocasiões, não colaboram e até acham que os filhos são perseguidos. Diante do impasse, a saída foi acabar com “a farra” do grupo e reunião só com a presença dos pais.

• O adolescente que for pego quebrando alguma coisa, o pai é chamado e paga o dano causado pelo filho. • Pode levar amigo na piscina, mas só um. Se quiser levar mais dois visitantes tem que pagar R$ 10 por cada um.

Síndica “gente boa” Se no prédio citado anteriormente há conflito, não se pode falar o mesmo do condomínio Rainbow Park, localizado em Jacarepaguá e administrado pela CIPA. Elisabeth Dias Fernandes de Almeida Souza é uma daquelas síndicas “gente boa”, termo muito usado pelos jovens. Mas ledo engano pensar em fazer bobagens na área interna do condomínio. Os cerca de 80 jovens que moram no local “podem fazer tudo, usar os espaços, se divertir bastante, desde que respeitem as regras e não danifiquem

o patrimônio, que é deles também”, explica Elisabeth. “Os porteiros são instruídos a conversar com os jovens e, se extrapolar, a reclamação vai para o livro de ocorrência e os pais levam advertência por e-mail e/ou por carta”, informa a síndica. Com as regras sendo respeitadas, não há problema, nem muita reclamação, e a convivência se torna excelente. Atualmente, o som alto e as conversas animadas, com os gritos naturais da idade, são a “dor de cabeça” de Elisabeth.

Festa: uma tradição no clã dos Bezerra de Mello Desde que nasceram, as filhas de Vivien Bezerra de Mello participam das festas promovidas pela família. Vivien, que é jornalista e editora da revista Condomínio etc. e que participou especialmente desta matéria contando sua

experiência como mãe de uma adolescente, aprova totalmente e incentiva as reuniões dos jovens. Sua filha mais velha, Glenda, ao entrar na adolescência, como qualquer jovem de sua idade, começou a não JAN_FEV_MAR 2014

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querer ficar mais restrita às reuniões em casa. Vivien percebeu que era a hora de trocar as festinhas no apartamento pelos encontros no play do condomínio. “Com a insegurança da rua e também para conhecer melhor os amigos, resolvemos trazer os jovens para perto, uma maneira de se resguardar um pouco da violência e saber o que está acontecendo com eles”, explicou a editora. No início dessas confraternizações, há uns três anos, Vivien ajudava na organização comprando comida e bebida não alcoólica, decorando o espaço e orientando para não deixar o play sujo. Atualmente, já foi devidamente dispensada pela filha e amigos, que preparam os encontros sozinhos. Porém, sozinhos só na preparação. A editora da revista está sempre atenta e não deixa a festa correr solta. Pode dançar, colocar música alta respeitando o horário permitido pelo condomínio, ser feliz, mas não pode de jeito nenhum consumir bebida alcoólica, usar qualquer tipo de droga e quebrar o patrimônio do condomínio. Quem frequenta as festas da Glenda sabe que pode encontrar a qualquer momento a Vivien, já que as incertas são constantes. Mas não há reclamação, querem mesmo é estar juntos e se divertir.

Se por um lado não existe reclamação dos adolescentes, nem dos receptivos funcionários do prédio, há algumas de vizinhos. “Geralmente as queixas são de pessoas mais idosas em relação ao barulho no play e normalmente improcedentes”, informa a jornalista. Além das festas-surpresa pelos aniversários dos amigos e da própria Glenda, a filha reúne também os jovens para um churrasco com piscina. Tudo na mais perfeita ordem, com adultos na churrasqueira e adolescentes aproveitando a piscina no verão. E, além disso, a arrumação do espaço no final, com cadeiras e mesas no lugar e lixo no cesto. “As confraternizações que minha filha promove não são comerciais, ficam restritas somente ao grupo de amigos e são alegres e divertidas, qual o motivo de não fazer? Eles, na faixa dos 15 anos, aproveitam ao máximo e eu fico tranquila porque sei que estão comigo. Gosto de estar por perto e, mais ainda, de saber que a relação de confiança entre mim e minha filha cresce. Essa postura faz com que minha filha e seus amigos adolescentes saibam que podem contar comigo sempre e também que estão num ambiente que se sentem seguros”, ressaltou Vivien Bezerra de Mello.

CIPA alerta: Regulamentos Internos devem ser respeitados

Marineide, da CIPA, dá dicas para evitar conflito na vizinhança e danos ao prédio

A assessora da CIPA Marineide Mesquita dá orientação para pais e condomínios sobre eventos de adolescentes. “Em primeiro lugar, é importante que os pais sempre estejam presentes nas festas, pois, perante o condomínio, são eles que res62

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pondem por eventuais transtornos.” Os regulamentos dos condomínios devem ser respeitados, assim como os horários, incluindo a Lei do Silêncio. Para uma boa convivência, a assessora da CIPA explica que o evento deve ser bem organizado no sentido de se ter uma lista de convidados na portaria para que não entrem pessoas estranhas. Além disso, não se deve divulgar o evento como festa paga em redes sociais, pois isso é proibido pelas normas internas do condomínio, uma vez que o prédio não é um clube. A utilização de bebidas alcoólicas é outro fator preocupante e deve ser evitado no caso de festa para menores, e é imprescindível contar sempre com a presença do pai ou responsável pelo adolescente.


Com a palavra Glenda Caso o adolescente não cumpra as normas do prédio, o condomínio que possuir um regulamento interno, que normatiza o funcionamento das áreas comuns, deverá analisar a cláusula de descumprimento. Na ausência deste e sendo um problema recorrente, a sugestão é a convocação de uma assembleia para tratar do assunto. Conforme Marineide, o morador incomodado deve fazer a reclamação no livro de ocorrências do condomínio para o síndico tomar as medidas necessárias. A maioria das reclamações que a CIPA recebe trata sobre abusos praticados nas festas em relação a som alto, festas pagas e utilização de outras áreas comuns durante os eventos pelos convidados. Se houver algum dano ao condomínio, cabe ao síndico notificar o condômino responsável, podendo até aplicar a multa prevista no regulamento e cobrar o ressarcimento dos danos. Caso o morador se recuse a pagar a multa e “após emitida a cobrança da multa e dentro do prazo previsto em convenção para a tomada de medidas judiciais, o síndico pode autorizar a cobrança judicial do débito. Esses casos são mais difíceis de acontecer porque os pais e responsáveis, na grande maioria, querem solucionar o problema de forma amigável”, explicou a assessora. Havendo a previsão do ressarcimento em convenção ou regulamento interno, esgotadas as tentativas amigáveis de recebimento, o condomínio pode emitir a cobrança e, se não for paga, poderá cobrar judicialmente.

Glenda Mello é uma jovem de personalidade, consciente de seus direitos e deveres e que adora receber os amigos em casa. Com 15 anos, ela organiza regularmente reuniões em seu play. Em média 60 adolescentes se encontram para as festas-surpresa de aniversários de amigos ou para o churrasco ou mesmo para uma “social”. “Meus pais, no máximo, contratam o churrasqueiro, o resto é com a gente”, revela Glenda. Quando é aniversário, os pais ajudam a comprar o bolo. Os salgadinhos, o cachorro-quente, o hambúrguer e as bebidas – mate e refrigerante – são encomendados e comprados pelos jovens, normalmente cinco adolescentes na organização do evento, que cotizam tudo. Quem não pagou antes, paga na hora ou então dá o dinheiro depois. Segundo a jovem, sempre pagam e ela cobra. Se tiver penetra é a mesma coisa, caso contrário é “expulso” do local. A divisão impera ainda nas tarefas de arrumação do espaço alugado. Todos juntos, aniversariante, convidados e a adolescente, colocam cada coisa em seu lugar. Se os jovens são proibidos de fazer certas atividades, eles também têm suas regras. “Criança não entra na festa. Bebida alcoólica e drogas de qualquer espécie, incluindo cigarro, também não. E aquele que a gente sabe que ingere bebida alcoólica nem é convidado”, enfatiza Glenda. Quem desobedecer sai da festa. “Tem que chamar pessoas que você sabe que não vão avacalhar a fes-

ta, chegando “alterado”, jogando lixo no chão e estragando comida e bebida, por exemplo, porque é dinheiro gasto e que não nasce no chão”, ressalta. Os jovens organizadores pensam em tudo, nas lixeiras e até na lista de convidados que fica na portaria. Os funcionários do prédio não reclamam, já estão acostumados. A maioria dos vizinhos idem. Entretanto, os mais idosos, sim, conforme a Glenda, “se queixam até do cheiro do churrasco. Eu os deixo reclamar. Não me afeta, não fazemos nada de errado. Conversamos, ouvimos música e até dançamos”, fala a adolescente. A presença dos pais de Glenda pode até incomodar alguns adolescentes, mas para Glenda não faz diferença. “Eu não ligo muito, mas alguns amigos se importam, ficam tímidos”, revela. “Gosto muito de festa, tento fazer tudo direito para que seja um sucesso e, depois, deixo as pessoas se divertirem”, finaliza Glenda, uma adolescente comprometida com a diversão saudável e que tem um comportamento consciente – sonho de muitos pais.

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segurança

Carnaval

Como curtir a folia com sossego e segurança por Paulo Ferreira

É carnaval. Nos prédios, o entra e sai aumenta consideravelmente: serviços de entrega de comida, por exemplo, abastecem aqueles que ficam em casa para assistir aos desfiles das escolas de samba. Como aqui no Rio o carnaval é festa oficial, muitos moradores recebem parentes de fora e amigos. Outros alugam seus apartamentos para temporada. Todo cuidado é pouco com o entra e sai. Quem nunca esbarrou com foliões que não são moradores querendo entrar no prédio? Afinal, bloco na rua é o que não falta... Nessas horas, diversão e segurança devem andar de mãos dadas para se aproveitar melhor a festa. Empresas de segurança recomendam cuidado redobrado em épocas de festa: “Nesse período, a atenção deve ser redobrada. Recomenda-se uma primeira identificação e somente liberar o acesso com a autorização da administração ou do próprio morador”, chama atenção Valdo André, gerente comercial da Diamante Segurança e Vigilância Patrimonial. Esse é o expediente utilizado pela síndica Maria Teresa Teófilo Monteiro, do Condomínio Presidente Rodrigues Alves, em Copacabana. Independentemente do período de festas, ela se preocupa em conscientizar funcionários e moradores sobre os cuidados com a segurança. “Eu me preocupo sobretudo com a conduta dos funcionários, que devem triplicar o cuidado para permitir o acesso de pessoas estranhas aos apartamentos; para tanto é importante sempre interfonar para o morador e anunciar o visitante. Até porque moramos em Copacabana”, explica Maria Teresa, referindo-se ao agito do bairro, que conta com frequência alta de visitantes o ano inteiro, independentemente de ser época de carnaval, com os inúmeros blocos na região, ou ano-novo. Copacabana também é o bairro do síndico José Antônio Anunciação dos Anjos, do Edifício Maria José. Ele sente na pele as ocasiões em que grandes festas mudam a rotina do prédio, loca64

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Acostumado ao agito de Copacabana, o síndico José Antônio dos Anjos reforça o efetivo de segurança durante os períodos de festas que elegem o bairro como cenário

A síndica Maria Teresa Monteiro mantém olhar vigilante no condomínio o ano inteiro

lizado na Avenida Atlântica. As sucessivas festas de réveillon lhe deram prática mais que suficiente para creditar parte do sucesso das comemorações que ocorrem no prédio ao quesito segurança. “Redobramos a equipe de segurança com contratação extra. E, nesses períodos, seja em passagem de ano ou no carnaval, temos regras bem claras para os moradores: aqueles que alugam seus apartamentos para temporada e festas, por exemplo, devem cadastrar os visitantes à administração do prédio e dizer o período em que eles ficarão no apartamento, além de indicar um responsável pela unidade nesse período”, explica José Antônio.


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cipa seguros

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A síndica Ana Lúcia Luz: moradores respeitam as regras de segurança todo o ano, principalmente em época de grandes eventos, como o Rock in Rio

A síndica Ana Lúcia Oswald Luz, do Condomínio Joia de Ouro, em Jacarepaguá, mora praticamente ao lado da Cidade do Rock, onde acontece o Rock in Rio. Dentro do condomínio, nesses períodos, há aumento de efetivo de empresa da segurança, que já é contratada. “No período do carnaval, muitos alugam seus apartamentos para temporada. Nesse caso, o morador avisa formalmente à administração do condomínio para torná-la ciente. Carros só podem ter acesso ao condomínio se passar pela guarita de vidro abaixado, caso este seja escuro, para identificar o interior do veículo. É muito importante respeitar todas as medidas de segurança, e somos muito zelosos nesse item”, diz Ana Lúcia. A advogada Alessandra Saad, da Saad Advogados, lembra que os cuidados com a segurança em condomínio são de inteira responsabilidade da administração, em que cada grupo define suas regras: “Não há uma legislação sobre o assunto, mas, obviamente, nessas épocas, os condomínios podem e devem reforçar a segurança interna, com câmeras, deixando somente pessoas autorizadas entrarem, fazendo fichas para visitantes etc. Cuidados extras, mas que são essenciais para garantir a paz de todos”, explica. Mas Valdo André, da Diamante, acrescenta: “Para os prédios que têm circuito interno, é preciso checar se ele está 100% operacional; caso contrário, deverá passar por uma manutenção, pois é uma ferramenta fundamental para contribuir com a segurança física. Caso o condomínio já possua segurança patrimonial, recomenda-se um estudo para identificar o aumento do percen-

tual de pessoas nesse período e então fazer uma programação de segurança extra, para reforço. Se o condomínio só tem serviço de porteiros, é indicada a contração de segurança patrimonial nesse período, pois empresas especializadas possuem todo preparo para lidar com situações adversas.” Em caso de pessoas que exageram na folia, uma empresa de segurança tem profissionais preparados para evitar quaisquer perturbações com habilidade. “Os profissionais da empresa têm desde treinamento psicológico, emocional e de prática de tiro até defesa pessoal, abordagem e primeiros socorros. No caso específico de excesso de bebida alcoólica, por exemplo, esses profissionais são essenciais, pois fazem uma abordagem pacífica, com diálogo amistoso com essas pessoas. Em um primeiro momento, pode até haver resistência, mas normalmente quem está se excedendo acaba entendendo que o segurança está apenas fazendo seu trabalho e acaba recuando”, explica Valdo André. O gerente comercial da empresa recomenda que, no caso de condomínios que trabalham com empresas terceirizadas de segurança, cabe ao prestador do serviço sugerir o que seria o ideal em termos de aparato para épocas de festa, em acordo com a aprovação da administração e do conselho do condomínio. “O que intensificamos para nossos contratantes é uma supervisão de rota com viatura ostensiva, que já está contemplada em contrato”, diz Valdo André. Serviço

Diamante Segurança e Vigilância Especial www.diamanteseg.com.br JAN_FEV_MAR 2014

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Orientação e boa vontade podem render economia nas férias Criatividade também pode gerar ganhos para o condomínio por Vicente Magno

Orientação a respeito de pequenas ações e boa vontade dos condôminos são as maiores aliadas dos síndicos no período de férias. A chegada do verão traz uma conjunção de elementos que pode alterar o cotidiano, como o aumento da temperatura e a presença das crianças em casa durante todo o dia. Mas, mesmo assim, com planejamento e organização, nada

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disso pode ser suficiente para interferir na administração de um condomínio. Luiz Henrique Reis Tavares, síndico no Condomínio San José pela quarta vez, afirma que os gastos não sobem durante o período de férias. “Na verdade, podemos até ter um gasto maior em cada residência, mas, se compararmos os custos do uso comum, não há muita diferença”, considera.

Outro síndico, Ilés Santiago, responsável pelo Condomínio Sônia, em Santa Teresa, também não chega a sentir alterações durante os meses de verão, que coincidem com as férias escolares. “O edifício do condomínio não foi feito com área de lazer, temos apenas uma entrada”, explica Ilés. O San José, localizado na Tijuca e que foi administrado por ele pela primeira vez


em 1999, tem 22 apartamentos, é considerado pequeno pelo síndico. O condomínio conta com uma área comum no térreo, utilizada para algumas atividades, mas não tem playground. No verão, a preocupação do síndico em um condomínio não se resume à economia de água e de energia elétrica ou mesmo às férias da criançada. O tempo livre e as temperaturas mais altas permitem ausências mais longas, e muitos condôminos têm o hábito de viajar. Em alguns condomínios, os moradores são orientados a informar aos porteiros que vão se ausentar e o tempo que ficarão fora. “Falo aos porteiros mais antigos para conversarem com os moradores que vão viajar. Pedimos também aos condôminos que não deixem nenhum aparelho eletrônico ligado na tomada no apartamento, se a ausência for longa”, explica Luiz Henrique. Outro cuidado é para que o condômino que vai se ausentar deixe um telefone de contato, caso haja uma emergência. “Solicitamos um telefone caso algum problema venha a acontecer e o morador esteja longe”, explica Luiz Henrique. Um elemento favorável à dinâmica adotada no Condomínio San José é a comunicação entre moradores e porteiros, facilitada porque os condôminos não são numerosos e tanto moradores quanto trabalhadores são antigos, o que estimula a criação de laços de confiança. Luiz Henrique pontuou um episódio recente para exemplificar a colaboração dos moradores com o condomínio. Há pouco tempo, houve um problema com o fornecimento de água da Cedae que afetou as contas do condomínio. “Solicitei que todos

os moradores verificassem possíveis vazamentos e deixei um bombeiro hidráulico à disposição. Houve um morador que não estava em casa quando o profissional fez a checagem. Esse morador me procurou, desculpou-se pelo acontecimento e prontamente se colocou à disposição para resolver a questão”, explicou o síndico, que comemora o fato de não existirem problemas de relacionamento entre condôminos e síndico e a predisposição que os moradores têm de ajudar.

Diversão para as crianças Quanto às crianças, Ilés Santiago aponta uma saudável solução. Como seu condomínio não tem playground, ele as mantém ocupadas fora de casa. Os moradores costumam levar as crianças a uma praça próximo ao edifício, em Santa Teresa. “Temos mais ou menos 12 crianças no condomínio”, disse o síndico. O síndico tem dois netos, de 8 e 9 anos, que, às vezes, viajam com ele para a casa que mantém na Região dos Lagos.

Economia no cotidiano A estratégia de economia é a mesma durante todo o ano. O condomínio de Luiz Henrique é dotado de minuteiras nos corredores. Algumas luzes em áreas comuns ficam ligadas todo o tempo, mas em áreas não tão acessadas é preciso apertar o interruptor para ter iluminação no recinto. O Condomínio Sônia, de Ilés, conta com o mesmo equipamento. “Temos luzes fixas que

Ilés Santiago, responsável pelo Condomínio Sônia

clareiam o corredor. Quando o morador sai do apartamento e aperta o interruptor, a luz fica acesa o tempo suficiente para percorrer o espaço. Nas áreas comuns temos lâmpadas frias fosforescentes; estas ficam ligadas todo o tempo e gastam pouco”, explicou. Outra maneira de chamar a atenção dos moradores para evitar desperdício é a comunicação direta. Ilés Santiago, por exemplo, solicitou à CIPA que enviasse um informe alertando os condôminos quanto ao gasto excessivo de água ou energia elétrica. “Pedi justamente para que seja enviada uma carta para que os condôminos, em caso de viagem, não deixem aparelhos elétricos/eletrônicos ligados. E também para que não deixem o registro de água aberto quando saírem”, contou. Embora o pedido relativo ao uso de água seja feito com frequência, Ilés lamenta a pouca eficácia da ação. “Infelizmente, 99% dos moradores não atendem”, disse o síndico.

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Stock.XCHNG

Até mesmo o síndico sai de férias

Criatividade também pode gerar economia O edifício do Condomínio Sônia tem uma realidade particular se comparada com a grande maioria dos prédios do Rio de Janeiro. Ele tem oito andares, sendo três no subsolo e cinco a partir do nível da rua, como é usual em boa parte das habitações de Santa Teresa. Diante desse quadro e da dificuldade de encher a caixa-d’água, Ilés desenvolveu um sistema interessante. A solução encontrada, em sua gestão, foi deixar a água entrar pelo nível da rua, descer os três pisos pelo encanamento até o nível mais baixo do prédio. A própria força gerada pelo deslocamento na descida a empurra até o destino final, no quinto piso. “Isso gerou uma grande economia porque não temos mais que usar bombas”, explicou o síndico. João Martani, responsável técnico da empresa A. J. Martani, aponta a individualização da medição de água como uma solução capaz de diminuir custos na vida de um condomínio. A empresa realizou esse serviço em cerca de 800 condomínios, sendo 300 no Rio de Janeiro. “Temos observado que 30% dos condôminos consomem mais de 60% da água utilizada no edifício enquanto os outros 70% dos moradores financiam a água para esses ‘gastadores’. Podemos afirmar, para essa maioria, que as contas individuais serão menores que as pagas atualmente, com a conta de água sendo rateada por fração ideal”, explica Martani. Segundo ele, a redução é de 20% a 40%, podendo chegar a 75% para alguns moradores.

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O sistema de medição individualizada de água consiste na instalação de hidrômetros que permitem a leitura do consumo de água de cada unidade habitacional do edifício. “O objetivo da medição individualizada de água, além de valorizar o patrimônio e diminuir a inadimplência, é promover justiça na cobrança das contas de água/esgoto, para que cada condômino pague somente pelo próprio consumo”, afirma o responsável técnico. Existem diferenças relativas à natureza dos condomínios para adequá-los à medição individual. Naqueles já preparados para a instalação dos hidrômetros, o custo seria de R$ 380 por medidor, já incluindo o sistema de telemetria para as medições diárias. Mas existem aqueles que demandam maior esforço. “Em condomínios antigos, que não são preparados para a instalação de medidores individuais, os custos da implantação dos medidores individuais em apartamentos que têm caixa de descarga nas bacias sanitárias variam de R$ 1.400 para apartamento com um banheiro até R$ 2.500 para apartamentos com três banheiros. Nos condomínios em que os apartamentos possuem válvulas de descarga, o custo pode variar de R$ 1.700 para apartamento com um banheiro até R$ 3.900 para apartamentos com três banheiros. O importante é solicitar orçamento sem compromisso para que possamos avaliar caso a caso”, considera Martani.

Os síndicos também têm o direito de sair de férias. Para isso, basta manter a administração do condomínio organizada, com o subsíndico e os membros do conselho, por exemplo, informados sobre os passos tomados até então. “Eu passo as informações para o subsíndico, que é bem participativo. Mas normalmente não fico muito tempo fora. Talvez uma semana ou dez dias”, conta Luís Henrique, que, se for necessário se ausentar por mais tempo, conta também com pessoas do conselho. “Já foram síndicos e também colaboram.”

Check-in pra evitar dor de cabeça Para os condôminos saírem de férias: • que o condomínio seja avisado da ausência mais longa dos moradores; • que deixem um telefone de contato para o caso de alguma emergência; • que fechem os registros de água do apartamento; • que se certifiquem de que os aparelhos eletrônicos estejam desligados da tomada. Para o síndico sair de férias: • nomear um substituto e garantir que possa representar o condomínio; • listar pagamentos a serem feitos; • deixar telefones dos fornecedores com o substituto. Serviço A. J. Martani – Tel.: (21) 3183-9106


Segurança

Câmeras eletrônicas:

segurança versus privacidade Na capital do Rio, 80% dos prédios já possuem equipamento de vigilância O mercado nacional de sistemas eletrônicos de segurança não para de crescer. Dados da Associação Brasileira das Empresas de Sistemas Eletrônicos de Segurança (Abese) mostram que, em 2012, o segmento cresceu 9% e, para 2013, a expectativa é de 11%. A demanda em expansão, por produtos e serviços, reflete no faturamento do setor, que ultrapassou R$ 4,2 bilhões no ano passado. E a previsão para os próximos anos é otimista. Pesquisa divulgada pela Security Industry Association (SIA) revelou que o mercado brasileiro de segurança movimentará R$ 3,7 bilhões até 2017, em função, inclusive, dos investimentos da Copa do Mun-

do de 2014 e dos Jogos Olímpicos em 2016. De acordo com informações do mercado, a região Sudeste é a responsável pelo aquecimento de 40% do segmento de segurança eletrônica. Os setores industrial e comercial representam 85% do consumo de equipamentos de vigilância. A maior procura é pelo videomonitoramento, com 44%. Na sequência, os sistemas de alarme e controle de acesso, com 23%. Apesar dos números promissores e do aquecimento do segmento com geração de emprego e renda, o tema câmeras de segurança gera polêmica, principalmente, quando se trata do local a ser instalado.

Existem dois aspectos que dividem a opinião de moradores de condomínios: o direito à privacidade e o direito à segurança, fundamentais para qualquer cidadão. De um lado, há os que não se incomodam em ser vigiados e até gostam por questões de segurança. Do outro, os que se sentem invadidos ao serem observados pelos equipamentos. Se efetivamente as câmeras podem prevenir determinados tipos de crime, como contra o patrimônio, furtos etc., e elucidar casos de violência, podem também ser um instrumento para examinar a intimidade da pessoa e até usar sua imagem em situações abusivas e não autorizadas.

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“Sorria, você está sendo filmado” A célebre e popular frase “Sorria, você está sendo filmado” nem sempre agrada. Imagina você sair de biquíni ou de sunga da sauna de seu condomínio e verificar que existe um “olho eletrônico” observando-o? Imagina dar um belo mergulho na piscina e sua roupa sair um pouco do lugar, deixando à mostra o que você não gostaria, e saber que todos, funcionários do prédio e moradores, viram o que não deveriam? No mínimo, desagradável. O consultor em segurança predial do Sindicato da Habitação do Rio de Janeiro (Secovi Rio) Raimundo Castro explica que o melhor é evitar a instalação de câmeras de segurança em pontos indiscretos, como saída de sauna, de banheiro e do chuveirão da piscina. “Nos projetos que já realizei foi necessária a colocação somente uma vez, tendo em vista que existiam alguns moradores que utilizavam a piscina de forma errada. Tão logo o problema foi solucionado, a câmera foi retirada”, informou o consultor. Segundo Raimundo Castro, o Circuito Fechado de Televisão (CFTV), por exemplo, é uma ferramenta apropriada para inibir ações indesejáveis e pode ser colocado em qualquer área comum do edifício, no entanto, é recomendável só utilizar onde de fato necessite monitorar. “Mas existem locais onde as câmeras são imprescindíveis, como a portaria, a garagem e os elevadores. Em outros são proibidas, como dentro do banheiro ou do vestiário, porque ex-

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põem a intimidade das pessoas”, enfatizou o consultor do Secovi. Para instalar câmeras eletrônicas, o consultor do sindicato orienta o condomínio a contratar um projeto bem definido para verificar os locais onde os equipamentos devem ficar, fazer uma pesquisa de mercado para saber o funcionamento dos aparelhos e submeter à apreciação da assembleia. Aprovado, efetuar a instalação e promover uma ampla divulgação para os condôminos. Raimundo Castro ressalta que na portaria do prédio deverá ter um monitor, mas o gerenciador de imagens deve estar localizado em um ponto de difícil acesso. “Na maioria dos condomínios o monitoramento é feito pelo próprio porteiro por causa do custo, o que não favorece o sistema de segurança, já que nenhum ser humano é capaz de verificar tantas imagens ao mesmo tempo. Esse tipo de observação requer técnica”, alertou o consultor. A gravação das imagens das câmeras, conforme Raimundo Castro informa, é uma ferramenta que serve como elemento investigativo. Logo, quando se fizer necessário, o condomínio deverá conferir as imagens, lembrando que cabe à administração do prédio analisar o conteúdo. É direito do morador ver a gravação quando for para comprovação de algo que tenha lhe causado prejuízo, sem, contudo, ter acesso a todas as imagens.

Raimundo Castro: câmeras são imprescindíveis, mas nunca em pontos indiscretos

Olho mágico A sensação de alguns moradores diante das câmeras, em seus momentos de lazer na área comum do prédio, é que estão sendo vigiados através de um olho mágico. Existem casos de pessoas mal-intencionadas que reproduzem imagens, gravadas pelo equipamento eletrônico de segurança, na internet ou fazem coisa pior. De acordo com Raimundo Castro, “as leis estão aí para punir quem usar de forma errada”. Mas e a privacidade? Se o local da instalação das câmeras for considerado indiscreto pelo morador, ele pode pedir sua retirada, levando sua solicitação à assembleia do condomínio. Aprovada, compete ao síndico retirar o aparelho.


Novas tecnologias para câmeras de segurança

Novas tecnologias Comprovadamente, o número de residências com câmeras de segurança instaladas aumentou principalmente por parte de condomínios e estabelecimentos comerciais. Na capital do estado do Rio de Janeiro, 80% dos prédios já dispõem desse dispositivo de segurança. André Andrade, gerente comercial da Eletroseg Rio Comércio e Sistemas, informa que existem as câmeras analógicas e de Internet Protocol (IP) instaladas em locais de circulação, como entrada e saída de prédios ou em áreas de risco. Os equipamentos analógicos funcionam por meio de transmissão de sinal, assim como um cabo de antena de televisão; já de IP têm um sistema de transmissão de dados, a exemplo de uma rede de computadores. Os sistemas mais usados atualmente são Circuito Fechado de Televisão (CFTV) e o CFTV IP. O CFTV é uma das melhores opções para locais que precisam de monitoramento em tempo real e de imagens gravadas. A opção é muito procurada por condomínios. O CFTV IP, de acordo com a Eletroseg, é o que há de mais avançado em sistemas de monitoramento por imagens. A comunicação é 100% digital e as imagens têm excelente qualidade. Além disso, a tecnologia do equipamento apresenta resoluções padrão ou HDTV, que é de alta definição, e seus modelos variam conforme a preferência do cliente, fixas ou móveis, coloridas e Day Night.

Para se ter uma ideia do avanço tecnológico nesse segmento de segurança eletrônica, existem algumas câmeras que superam até a resolução Full HD (Full High Definition, que significa Máxima Alta Definição, termo usado para designar características de televisão) de um disco Blu-Ray (um tipo de DVD com grande capacidade para armazenamento de áudios e vídeos de alta definição). Há ainda outras câmeras que possuem captação de imagens térmica para monitoramento em condições totalmente críticas. Os principais benefícios dos equipamentos IP é a transmissão sem perda de qualidade, imagens de alta definição e de fácil implementação e manuseio. O gerente comercial da Eletroseg recomenda que, para ter uma boa câmera, deve-se adquirir um equipamento de qualidade e efetuar manutenção preventiva e corretiva. Em média, os valores dos equipamentos variam entre R$ 100 e R$ 1 mil, dependendo da qualidade da câmera. André Andrade lembra ainda que é preciso elaborar um projeto antes da instalação das câmeras, e a garantia de sucesso dele se baseia em planejar bem, fazer uma boa comunicação, dimensionar o ambiente levando em conta futuras expansões e integrar sistemas, se for o caso. Serviço Eletroseg Rio www.eletrosegrio.com.br

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PAISAGISMO

Pragas em jardins são mais comuns do que se pensa. A boa notícia é que eliminá-las também é muito simples

Xô, coisas ruins! por Claudia Silveira

A primavera passou e você resolveu conferir como seu jardim está para a estação mais quente do ano. Porém, bastou uma rápida volta entre as plantas e já detectou os primeiros sinais: umas pintinhas pretas nas folhas, outras meio amareladas, algumas com “buraquinhos” como se tivessem sido arrancados seus pedaços ou ainda murchas. Sim, você pode estar diante das pragas mais comuns nas folhagens: fungos, pulgões e cochonilhas brancas, além das insistentes lagartas. Isso sem falar na comum “cortadeira”, espécie de formiga que causa estrago por onde passa. “Lagartas comem as folhas, flores e partes do caule; pulgão suga a seiva e pode transmitir viroses; e a cochonilha suga a seiva e, associada à fumagina, impede a fotossíntese”, alerta Márcio Monteiro, sócio-diretor da M.A. Podas Paisagísticas Ltda. A boa notícia é que não é preciso ser um gênio da tecnologia e empregar modernos equipamentos para ter lindas plantas e flores onde se mora. Lá se vai o tempo em que as pragas nos 74

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jardins eram capazes de eliminar toda e qualquer planta sem que venenos precisassem ser utilizados. Hoje se sabe que defensivos agrícolas apresentam risco para a saúde humana, de animais e para os próprios vegetais. “Os pesticidas são tóxicos e sua toxicidade varia de acordo com o produto, indicado pela tarja, só podendo ser adquirido mediante receituário agronômico”, alerta o especialista. Inseticidas naturais que podem ser feitos sem risco ao meio ambiente são apontados como solução para os exemplos citados. “Um bom método natural para espantar as formigas é espalhar semente de gergelim em torno dos canteiros. Em ataques maciços, recomendamos o uso de iscas formicidas”, explica Franklin Rangel Costa, diretor administrativo da Acom Serviços e Soluções Ltda. Ele ressalta outro tipo encontrado em jardins de umidade excessiva: o tatuzinho, conhecido como tatu-bolinha, que vive escondido e se alimenta de folhas, caules e brotos. “Para evitá-lo, deve-se eliminar a umidade excessiva dos vasos e canteiros. Esse tipo de praga deve ser retirado manualmente, um a


um.” Lesmas e caracóis também engrossam a lista, segundo Franklin Rangel: “Agem à noite, devorando folhas, caules e botões das flores, e podem atingir a raiz subterrânea. Os besouros e os passarinhos são seus predadores naturais.” Na lista dos métodos de combate naturais, um “inseticida” à base de cerveja. “Corte uma garrafa pet e coloque-a ao nível do solo com um pouco de cerveja misturada com sal. As lesmas e os caracóis caem na garrafa atraídos pela cerveja e morrem desidratados.” Plantas que funcionam como “repelentes” também colaboram para mantê-los afastados. “Alguns exemplos são cravo-de-defunto, hortelã, calêndula e arruda.” No entanto, não se assuste ao encontrar joaninhas, aranhas, formigas-leão e pequenas vespas parasíticas. Essas criaturas alimentam-se de pragas. Uma vez eliminadas, procure um profissional capacitado para a manutenção periódica. Conselho de quem entende do assunto.

Como é belo esse lugar! O cheirinho (bom) de “verde” é o cartão de visita. Antes mesmo de avistar o colorido que toma conta de todo o condomínio Queen Christina, no Alfa Barra II, Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, fui recepcionada pelo discreto perfume. São azaleias, buganvílias, ibiscos e uma variedade de outras flores e plantas que minha ignorância não consegue nomeá-las. Mas o fato é que tudo é bonito de se ver. Alguns passos e... mais plantas, mais flores. Uma senhorinha apreciando a beleza, pais tomando conta de crianças para

A síndica Andréa Lúcia tem orgulho de ter o jardim mais bonito do Alfa Barra II

que não pisem nos jardins. Essa foi a primeira visão do lugar, um oásis – se é que posso defini-lo assim – no meio do concreto. Como diria Clarice Lispector, “gosto das cores, das flores, das estrelas, do verde das árvores, gosto de observar. A beleza da vida se esconde por ali, e por mais uma infinidade de lugares; basta saber, e principalmente, basta querer enxergar”. A responsável pelo cenário é a síndica Andréa Lúcia Marcelo Barizon, há cerca de um ano e meio na função e a primeira mulher a ocupá-la pelo menos nos últimos 14 anos, período em que mora no condomínio. É ela quem se derrete ao afirmar: “Nosso jardim é lindo!” E é mesmo. “Era meu grande sonho”, afirma. A responsabilidade foi compartilhada com uma paisagista chamada especialmente para mudar o visual do condomínio, com 176 unidades. “No ano passado ela fez todo o meu jardim e agora eu o mantenho

com mais flores. Meu condomínio é muito colorido”, conta a síndica. A execução do projeto paisagístico teve como prioridade os cuidados para manter o jardim, além de belo, “saudável”. “Por ser beira de praia e ter muito vento e maresia, nosso jardim está muito propenso a pragas; para combatê-las, ensinaram-me a usar fumo de rolo.” Na empreitada, conta com a ajuda de um funcionário, o Anderson Mariano dos Anjos, que, treinado, verifica se há algum sinal de pragas nos canteiros. Diariamente, das 8h às 17h, todos os que passarem por lá poderão conferir de perto a dedicação àquele jardim. É ver para crer o quão lindo é! Serviço

M. A. Podas Paisagísticas Ltda. www.podaspaisagisticas.com.br Acom Serviços e Soluções www.acomservicosesolucoes.com

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Condomínio

Alguns vizinhos incomodam muita gente POR Renata Fernandes

Viver em condomínio pode ser uma aventura. Ao alugar ou comprar um apartamento você quase nunca sabe quem serão seus vizinhos, e as regras de convivência não são tão simples e claras assim. Quer dizer que é preciso respeitar as áreas comuns, mas, dentro de seu apartamento, é possível fazer o que quiser? Não é bem assim. Quem nunca teve um vizinho que fazia festas todo fim de semana? Quem já teve uma vizinha que insistia em caminhar pela casa de salto alto em plena madrugada? E o que falar daquele que gosta de uma roupa secada pelo sol e resolve pendurar suas peças na janela? No meio de toda essa confusão, a primeira pessoa que costuma ser chamada para resolver o assunto é o síndico. Nesses casos, o síndico precisa tomar partido e resolver a situação? Valéria Lopes, do Condomínio Praia do Pero, na Barra da Tijuca, acredita que, muitas vezes, o síndico precisa lembrar ao morador que este vive em uma comunidade e, como todos do edifício, tem deveres e direitos. “Ele, por exemplo, tem direito a ouvir música, mas existem limites toleráveis. E se você abre uma exceção, algumas pessoas perdem o respeito. Música alta, por exemplo, tem horário. Ficamos em

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Valéria Lopes, do Praia do Pero: a convenção é a melhor aliadA

Eliana Pereira, do Condomínio Denise, em Botafogo: a conversa em primeiro lugar

uma situação muito difícil. Tem gente que acha que pode tudo”, desabafa. Atualmente, Valéria está com problemas em outro condomínio que administra, na Tijuca. Um dos moradores cismou que quer usar o terraço do edifício, onde ficam dispostas as caixas-d´água, e, por não ter segurança, permanece sempre fechado. “É uma área comum, mas precisa ser fechada por segurança. A pessoa insiste que quer

usar, quebra o cadeado. Temos imagens da câmera que mostra a pessoa entrando. Não há mais o que fazer, já tentamos conversar com educação, mas, nesse caso, é preciso aplicar multa”, lamenta. “Todos podem entrar lá, desde que acompanhados de um funcionário do prédio.” Mas no Praia do Pero, ela garante que a situação é bem mais simples. “É muito mais fácil de lidar, porque tenho a conven-


Alexandre Corrêa, vice-presidente de assuntos condominiais do Secovi Rio, defende que nem sempre o síndico deve se intrometer nas reclamações dos moradores

ção e a lei do meu lado para a maioria dos assuntos. As pessoas acham que o síndico quer ser o dono do pedaço, mas ele é apenas um administrador”, afirma. A síndica Eliana Pereira, do Condomínio Denise, em Botafogo, nunca teve que se preocupar com roupas penduradas na janela, apesar de ver muitos outros edifícios da vizinhança sofrendo com o problema, mas já teve que atender a reclamações dos moradores de seu condomínio em relação ao barulho que um condômino realizava de madrugada. Em um dos apartamentos do prédio, dois rapazes passaram dos limites. “São dois homens que dividem um apartamento e trazem pessoas para cá, falam muito alto. Na parte dos fundos do prédio, se você fala alguma coisa, todo mundo escuta. Não dá para berrar”, lembra.

Eliana optou pela conversa. “Um dia tomei coragem e bati na casa deles. É um assunto delicado, mas expliquei a situação e funcionou. O problema do barulho diminuiu”, conta. Mas o problema ainda não estava totalmente resolvido. Dias depois, eles convidaram uma amiga, que desceu para a portaria inúmeras vezes durante a noite, deixando a porta do prédio aberta e comprometendo a segurança dos outros moradores. No meio da madrugada, ela ainda resolveu correr pela garagem. Nesse caso, a síndica pediu para que o porteiro relatasse o acontecido, que foi escrito no livro de reclamações do prédio. Eliana tirou xerox da página e enviou para um assessor da CIPA, que entrou em contato com os moradores. “Eles deram uma satisfação depois e pediram desculpas. Ter conversado com eles melhorou muito. Não temos tido mais confusão. A conversa é sempre a melhor escolha. Chamar a polícia é algo muito pesado. Se não funcionar, aí sim, você recorre a outros caminhos”, opina a síndica. O advogado Alexandre Corrêa, vice-presidente de assuntos condominiais do Secovi Rio, concorda que o primeiro passo é partir para a conversa. Mas Corrêa ressalta que nem sempre o síndico deve se envolver na questão. Se o problema incomodar somente um morador, eles devem resolver o assunto entre eles. Em sua opinião, o síndico só deve entrar em cena quando o morador começa a incomodar os condôminos de uma forma geral. “Tudo o que ocorre no condomínio as pessoas acham que o síndico tem que resolver. Ninguém quer fazer uma reclamação formal e ficar mal com o vizinho e acabam passando a história para o síndico. Uma moradora, por

exemplo, que anda de salto alto às 2 horas da manhã, afeta apenas o vizinho de baixo e é esse proprietário que deve tomar uma medida, mandar uma carta, tentar telefonar e, na pior das hipóteses, recorrer ao Judiciário”, opina Corrêa. Mas e se alguém resolve fazer uma festa e o som passa a incomodar todos os moradores, o síndico precisa tomar uma atitude? Corrêa defende que, quando o problema afeta o coletivo, o síndico deve interceder, mas sempre tentando, primeiramente, esgotar a via amigável. “Chamar o proprietário e conversar é o primeiro passo. Depois dessa etapa, qualquer atitude deve estar prevista na convenção do condomínio, que pode multar o infrator ou algo nesse sentido. Aí, se não surtir efeito, se o proprietário pagar e continuar fazendo, já que algumas pessoas acham o valor da multa irrisório e não se importam, resta entrar com uma ação no Judiciário”, conta. Corrêa aconselha que a ação na Justiça deve ser sempre a última opção. Tentar resolver o assunto de forma amigável é mais rápido e mais barato para o condomínio. “O processo demora e o prazo é incerto. É uma solução tardia. Além de todo o desgaste que tem. Os processos são muito lentos, o morador já pode até ter se mudado quando a questão for resolvida”, afirma. Mas se não houver solução, o síndico precisa se resguardar e fazer com que a decisão seja coletiva. “Uma ação judicial envolve despesa e é algo não previsto. Então, antes de tomar a atitude, é importante chamar uma assembleia, para que os moradores ou uma comissão decidam, tirando do síndico a responsabilidade”, aconselha.

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ARTE

Pablo Motta, assessor da CIPA, também defende que o primeiro passo é conversar com o morador que está causando transtornos e observar se o problema está previsto na convenção do prédio. “O síndico deve primeiro observar o que diz a convenção interna do condomínio. Se alguns desses excessos estiverem aí determinados, ele pode notificar e fazer cumprir a lei interna”, afirma. A opinião de Pablo também é a de que o síndico deve se resguardar nas leis. Assim, a questão não adquire a aparência de uma briga pessoal. “Passou do limite da lei do silêncio, ultrapassou o limite de decibéis aceitáveis? O primeiro passo é pegar o registro feito pelos moradores, consultar a convenção e o regulamento interno e aplicar as leis. Essas são ferramentas importantes a favor do condomínio”, explica. E os prédios que ainda não possuem convenção? “Nesse caso,

Pablo Motta, assessor da CIPA, argumenta que o síndico deve sempre seguir a convenção do condomínio

o próprio Código Civil pode servir como guia para o síndico”, revela. Ninguém escolhe seus vizinhos. Eles podem se transformar em grandes amigos ou em pessoas inconvenientes. O melhor é usar o bom senso, seguindo as etapas que vão de uma conversa com o morador que importuna à aplicação das leis que regem o código do condomínio.

Dicas de como lidar com moradores inconvenientes Ao atender a reclamação de um morador sobre um vizinho, o síndico precisa saber se o incômodo é geral ou de apenas um condômino. O síndico deve interferir apenas nos problemas coletivos. A conversa é sempre o melhor caminho. Decidir o problema de forma amigável é mais barato e rápido. Se o bate-papo informal não resolver, o síndico pode aplicar uma multa, caso isso esteja previsto na convenção do condomínio.

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A última atitude é recorrer ao Judiciário. Mas, antes, como a ação envolve gastos, é preciso convocar uma assembleia para que a decisão seja feita em conjunto. Quando a questão envolve o Judiciário, é bom ter em mente que os processos demoram e envolvem gastos. Quando a decisão sair, pode ser que o morador inconveniente nem esteja mais morando no edifício, algo muito possível, principalmente, se o apartamento for alugado.


Condomínio

A nostalgia dos parquinhos de areia por Renata Fernandes

De uns anos para cá os parquinhos infantis mudaram de cara. Quem tem mais de 30 anos, por exemplo, quase não encontra mais espaços como os nos quais costumava brincar na infância. Os brinquedos de madeira, pouco a pouco, foram sendo substituídos por modelos coloridos de plástico. O tradicional tanque de areia cedeu lugar a uma grama sintética cada vez mais difundida. Há, porém, exceções, é claro: condomínios e clubes tradicionais que optaram por manter uma área de lazer como as de antigamente. A opção para quem pretende manter o parquinho clássico é fazer limpezas periódicas, troca de areia regular e observar se há risco de contaminação do local por fezes de animais. Mas, mesmo com todos os cuidados tomados, os síndicos sentem a pressão dos moradores por renovação. Foi o que aconteceu no Condomínio Praia de São Conrado, em São Conrado. Há seis meses o síndico Milton Horovitz resolveu atender ao apelo das muitas crianças que vivem no prédio e criar

uma área de lazer para os pequenos. O que existia antes eram apenas alguns brinquedos já gastos, dispostos em um piso de pedras portuguesas que deixava qualquer mãe receosa com a possibilidade de algum tombo. Horovitz comprou brinquedos grandes de plástico, gangorra, carrossel, casinha, pula-pula, e instalou um piso de grama sintética. “Ainda tirei um jardim para aumentar o espaço. Nem pensei em fazer um tanque de areia. Dá muita doença. É sujo. E assim fica muito mais prático. Não existe manutenção para ser feita. É só varrer e limpar”, defende o síndico. Os moradores comemoraram e aprovaram a inauguração. “Tem muita criança no prédio. Estava faltando um espaço para elas. Os pequenos adoram. Ficou muito completo e virou uma das áreas mais usadas do condomínio”, afirma o síndico, satisfeito com o resultado do investimento. Segundo Sérgio Passos, diretor-geral da empresa Vale Home, especializada na venda de brinquedos para parquiJAN_FEV_MAR 2014

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João Augusto Monteiro, da Associação Quintas do Rio, organizará uma assembleia para decidir o futuro do parquinho

nhos, os espaços precisam de manutenção, mas isso depende do material de que são feitos os brinquedos. O ideal é que os parquinhos de madeira tenham uma manutenção anual. Já os brinquedos de plástico duram, no mínimo, de quatro a cinco anos, mas devem ser lavados com água e sabão neutro pelo menos de 15 em 15 dias. O tempo de durabilidade depende também da forma como as peças são conservadas.

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“Limitar a faixa etária das crianças que vão usar o espaço ajuda muito na conservação. É isso o que ocasiona 70% das causas de quebra de brinquedos. O síndico deve estipular a idade. Lugar de marmanjo é no campo de futebol”, defende. O que os funcionários do condomínio devem observar é se há parafusos soltos ou enferrujados, farpas soltando e rachaduras ou, no caso dos feitos com material

de plástico, se há ressecamento das peças. Esses são os principais sinais de que o parquinho precisa de manutenção e trocas. Na Associação de Moradores Quintas do Rio, que administra um condomínio de casas na Barra da Tijuca, o presidente, João Augusto Monteiro, está vivendo esse impasse: trocar ou não uma tradicional área de lazer com tanque de areia por uma de mais fácil limpeza? O condomínio tem um parquinho de areia para os pequenos com 600 metros quadrados de areia e equipado com brinquedos de plástico. Tudo localizado dentro do clube. A administração do Quintas do Rio se prepara para uma limpeza da área e a renovação da areia, mas, antes, pretende convocar uma assembleia para que seja decidido o futuro do parquinho. “Existe uma corrente muito forte que defende a troca da areia, para que as crianças fiquem em um ambiente mais saudável. Vamos discutir essa questão no início do ano. Precisa ser uma decisão coletiva, porque não é algo que você substitui e nunca mais pensa na questão. Há toda uma manutenção periódica que precisa ser feita e envolve gastos”, afirma Monteiro.


Enquanto isso, a associação de moradores estuda outras possibilidades. Os funcionários pesquisam a melhor forma de limpar e manter a areia. “Vamos fazer um diagnóstico também, para saber se nossa areia está contaminada ou não. Precisamos saber se a areia causa danos à saúde das crianças. Se realmente o ambiente estiver contaminado, faremos a troca pela grama sintética. Estamos há dez anos lidando com essa questão e chegou o momento de tomar uma decisão madura”, defende. Mas será que os antigos parquinhos são mesmo tão condenáveis assim? Um ambiente todo de material sintético é realmente mais saudável para as crianças? Segundo a pediatra Flávia Arana existem pontos positivos e negativos em relação ao tradicional tanque de areia para as brincadeiras dos pequenos. A areia proporciona o desenvolvimento de atividades lúdicas, trabalha a psicomotricidade e, além disso, caminhar no piso ajuda a criança a desenvolver o equilíbrio e a coordenação motora, principalmente para os que estão começando a dar os primeiros passos. O problema são realmente os bichos que rondam o lugar. “Tem muitas coisas boas. Mas higiênico mesmo o parquinho de areia não é. Gatos costumam usar o lugar de banheiro, sem falar em possíveis pombos, dependendo do lugar. E, nesse caso, não adianta limpar a areia a cada 15 dias com uma substância à base de água sanitária, como os condomínios

Pontos positivos: • A areia possibilita que as crianças desenvolvam atividades lúdicas. Quem nunca brincou de fazer castelos, bichinhos ou desenhos na areia? • Para os pequenos que estão aprendendo a caminhar, a areia ajuda no desenvolvimento do equilíbrio. • O ambiente também ajuda no desenvolvimento da psicomotricidade.

Pontos negativos: • Você se lembra das caixas de areia que as pessoas que têm gatos mantêm dentro de casa? Os animais se acostumam a fazer suas necessidades fisiológicas no espaço e escondê-las entre os

mais organizados costumam fazer ou trocar de quando em quando. Quinze dias é muito tempo e não evita uma possível contaminação. Não é um lugar ideal para, por exemplo, você levar um bebê”, explica a pediatra, lembrando que os bebês ainda possuem poucas defesas no organismo. Para Flávia, se os espaços pudessem ser fechados, de forma a evitar a entrada de bichos, os parquinhos de areia seriam indicados. E ela lembra que não dá para comparar as áreas de lazer com a praia. “A renovação da areia da praia, com o vento e o mar, é muito maior. É bem mais saudável”, opina a médica, reforçando que, perto do mar, é possível desenvolver as mesmas atividades lúdicas que ajudam no desenvolvimento da coordenação motora. Outra opção seria escolher uma areia batida, menos fofa que a dos tradicionais tanques e de mais fácil limpeza. Ou caso a caixa de areia seja pequena, cobri-la nos horários em que o parquinho não estiver sendo usado. Há também areias atóxicas, já disponíveis no mercado, para quem optar por manter o material, mas com um tratamento específico. E existem substâncias capazes de acabar com possíveis contaminações, que podem ser aplicadas frequentemente, diminuindo alguns riscos. Mas independentemente da escolha do condomínio, o mais importante é que os pequenos tenham ao seu dispor um espaço para brincadeiras e a convivência com as demais crianças da vizinhança.

grãos. Um parquinho de areia pode se transformar em um banheiro para os gatos da vizinhança. • Dependendo da região da cidade, pombos também podem contaminar a areia do local. • É preciso estabelecer regras para o uso do espaço. Crianças, por exemplo, não devem comer no local. Restos de comida podem atrair bichos ou apodrecer no meio da areia. A melhor maneira, portanto, é fixar no local as normas de utilização. Serviço Vale Home – Tel.: (21) 2493-2063 JAN_FEV_MAR 2014

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ENTREVISTA

Tunai hoje por Stella Maris Mendonça

divulgação / josé luiz pederneiras

smarismendonca@gmail.com

Quem nunca se arrepiou ouvindo “As aparências enganam / há os que odeiam e há os que amam / porque o amor e o ódio se irmanam na fogueira das paixões...” O autor é Tunai, em parceria com Sérgio Natureza. José Antônio de Freitas Mucci, cantor, compositor, filho de Daniel Mucci e Maria Auxiliadora de Freitas Mucci e neto de árabes. Com a mãe, dona Lilá, criadora e participante de um grupo de seresta onde toca violino e mantém um coral de 40 vozes, juntamente com a filha Auxiliadora, Tunai aprendeu as primeiras noções de música.

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Aos 11 anos, Tunai chamou atenção em um festival da Escola Nossa Senhora das Dores, cantando bossa nova. Antes de ir para Ouro Preto, MG (1968) para estudar metalurgia na Escola Técnica Federal e depois engenharia na Escola de Minas, participou de mais dois festivais, um em Ouro Preto e outro em Ponte Nova, quando ganhou o primeiro lugar com uma toada em parceria com Tim, seu conterrâneo poeta, e as participações de Margareth, sua irmã caçula no vocal, e de João Bosco e seu quarteto de Ouro Preto (Paulinho, Zé Andrade e Nilberto, assim como o João, todos estudantes de engenharia).

Em 1977, seu irmão, o cantor e compositor João Bosco, o apresentou ao letrista Sérgio Natureza, com quem, mais tarde, produziria boa parte de sua obra e seus maiores sucessos. Estreou em 1978 quando Fafá de Belém interpretou Se eu disser, composição sua com Sérgio Natureza. No ano seguinte, Elis Regina registrou, de sua autoria e Sérgio Natureza, As aparências enganam no LP “Elis – essa mulher”. Ainda em 1980, Elis Regina incluiria no disco “Saudades do Brasil” outra música sua: Agora tá (também com Sérgio Natureza). Em 1981, Tunai lançou, em compacto simples, a música Adeus


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Entre 1985 e 1994, fez vários shows em teatros de todo o Brasil e lançou diversos discos. Entre seus muitos parceiros está Milton Nascimento, que obteve sucesso com a gravação das músicas Rádio experiência e Certas canções. Na década de 1990, Ney Matogrosso gravou As aparências enganam, montando um show homônimo que percorreu, com sucesso, todo o país. A canção voltou a ser gravada por Beth Calligaris no CD “Estrada”, lançado pelo selo Geleia Geral. Em 1999, Ivete Sangalo lançou um disco no qual interpretou Frisson. No ano de 2000, em comemoração a seus 20 anos de carreira fonográfica, lançou pela gravadora Jam Music o CD “Certas canções – acústico”. Nesse disco, gravado ao vivo no Teatro Municipal de Ouro Preto (MG), incluiu sucessos de sua carreira como As aparências enganam, Olhos do coração, Eternamente, Certas canções, Rádio experiência, Sintonia, Sobrou pra mim, Meu amor e Frisson. O disco contou com as participações especiais de Milton Nascimento, na faixa As sem-razões do amor (música sobre o poema de Carlos

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à dor, com o mesmo parceiro, e gravou seu primeiro LP, “Todos os tons”, pela PolyGram. Nesse mesmo ano, César Camargo Mariano ganhou o prêmio de melhor arranjo no Festival da Rede Globo com a música Adeus à dor (Tunai e Sérgio Natureza). Em1982, Jane Duboc obteve o terceiro lugar no Festival MPB Shell da Rede Globo com a música Doce mistério, outra parceria de Tunai com Sérgio Natureza. Em 1984, a música Depois das dez (com Sérgio Natureza) foi incluída no disco “Delírios e delícias”, da cantora Simone. Nesse mesmo ano, Gal Costa gravou duas composições suas: Olhos do coração (com Sérgio Natureza) e Eternamente (com Liliane e Sérgio Natureza), essa última tema de novela da Rede Globo, de caso especial e ainda da peça De braços abertos, com Irene Ravache e Juca de Oliveira. Ainda nesse ano lançou, pela gravadora Barclay-Ariola, o disco “Em cartaz”, com destaque para a música Frisson (com Sérgio Natureza), que ficou conhecida como “A melô do anjo que caiu do céu”, tema da novela “Suave veneno”, da Rede Globo.

Drummond de Andrade), e de João Bosco, na música Lobos do mar, em parceria com Márcio Borges. Durante o 2000, apresentou-se em vários teatros do país com o show “Certas canções – acústico”. Nesse espetáculo, além do repertório do disco homônimo,

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incluiu canções inéditas, como Um dia de verão (com Cláudio Rabelo), Falando em ti – meu Rio (com Sérgio Natureza) e uma homenagem à bossa nova, em que interpretou Wave (Tom Jobim), Desafinado (Tom Jobim e Newton Mendonça), Retrato em branco e preto (Tom Jobim e Chico Buarque), Eu sei que vou te amar e Chega de saudade, ambas em parceria com Vinícius de Moraes. Condomínio etc. – De todas as canções, qual é “a” canção? Tunai – Frisson. Cetc. – Em 1975, você conheceu Sérgio Natureza por meio de seu irmão, João Bosco. Fale um pouco dessa e de outras grandes parcerias, momentos inesquecíveis, produções marcantes... T – O João Bosco nos apresentou aqui no Rio, em 1975, quando eu ainda morava em Belo Horizonte (me mudei para o Rio em dezembro de 1978). Quando eu não vinha ao Rio, ele ia a BH. Nossa parceria rendeu muitos frutos. Fomos gravados por nove entre dez estrelas da MPB, entre elas As aparências enganam, Elis “Rainha” (que nos lançou); Eternamente e Olhos do coração, Gal Costa; Depois das 10, Simone; Tentação (doce mistério), que ficou em terceiro lugar no Festival MPB Shell (TV Globo), no Maracanãzinho, em 1982, em que participei ao lado de Jane Duboc; e na minha voz, Frisson e Sintonia, além de sucessos com outros parceiros (Milton “The Voice” Nascimento, Fernando Brant,

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Márcio Borges, Murilo Antunes, Ronaldo Bastos, Abel Silva, Cláudio Rabello e Paulinho Pedra Azul, entre outros) nas vozes de outras estrelas da nossa MPB. Cetc. – Como anda a produção hoje? T – A produção está ótima, graças a Deus! Continuo compondo com alguns de meus parceiros e sozinho. Cetc. – E agora conta pra gente que shows mais gostou de fazer, “causos” dos bastidores, risadas e lágrimas. T – Os shows são sempre bem-vindos e, na maioria das vezes, são momentos mágicos entre palco e plateia. Um show especial aconteceu no Festival de Inverno de Ponte Nova (minha terra natal, que fica a 60 quilômetros de Ouro Preto, na Zona da Mata mineira), no dia 31 de julho de 2011. Eu e minha Banda T (formada por Bruno Felga, na bateria; Francisco Falcon, no contrabaixo; Thiago Amorim, no piano; Edinho Souza, na percussão; e José Doné, no saxofone), Milton “The Voice” Nascimento e Wagner Tiso num imenso palco montado em frente à Igreja Matriz de São Sebastião, no Centro Histórico, para um público estimado em 8 mil pessoas. Não dá pra esquecer, jamais! Cetc. – Você gravou versões em português de My love, de Paul McCartney; de The boxer, de Paul Simon, com versão de João Célio. Que outras versões? Qual o lugar dos Beatles em sua formação? Você era Beatles ou Rolling Stones? Ou ambos?

T – Tenho uma versão para Jealous guy, de Lennon, constante nos roteiros de meus shows, mas que ainda não gravei. Os Beatles têm uma obra maravilhosa, riquíssima, com dezenas de hits que influenciaram muita gente. Os Rolling Stones também são bons, com alguns hits memoráveis, mas fico, com certeza, com os Beatles de Paulo McCartney, João Lennon, Jorge Harrisson e Ricardo Starkey, meus amigos de infância. Cetc. – No início da carreira, o instrumento era o baixo. Que outros? T – Meu primeiro instrumento foi o violão, bem cedo – eu tinha uns 10 anos. Às vezes, violão de 12 cordas também. O baixo foi bem depois, em 1966, 1967. Comecei a tocar baixo no conjunto Mafra Filho, nas domingueiras do Pontenovense Futebol Clube, porque o baixista, que trabalhava no Banco do Brasil, foi transferido para outra cidade. O conjunto Mafra Filho tinha ótimos músicos e uma formação clássica: baixo, bateria, piano, guitarra, sopros e percussão, sem falar no grande crooner. O repertório era de altíssimo nível. Incluía boleros, clássicos da MPB (Tom Jobim, Ary Barroso, Noel Rosa e Dorival Caymmi, entre outros), bossa nova e os mais jovens, Gilberto Gil, Chico Buarque, Caetano Veloso. Além da música universal e, principalmente, a norte-americana, com seus eternos standards (Cole Porter, George Gershwin e Burt Bacharach, entre outros). Com a ala mais jovem (bateria, percussão e guitarra) formei o JB5 (Jovem Brasa 5), cujo repertório ia de Beatles a Rolling Sto-


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vulgo jabá, existe desde o final dos anos 1960 e sempre existirá, mesmo que a gente não queira. Faz parte do mercado.

nes e os sucessos pop da época. Fazíamos shows nas cidades vizinhas e na sede campestre do Pontenovense Futebol Clube. Era muito bom! Cetc. – O que acha da bandeira defendida e exercida por Villa-Lobos, de levar a educação musical para as escolas? Por que os músicos não defendem essa ideia hoje?

T – Concordo plenamente com o genial Villa-Lobos, aliás, em vários países o estudo da música é obrigatório no currículo escolar. Que eu saiba, muitos músicos aprovam, com certeza, mas depende muito mais dos políticos, que dão as cartas. Cetc. – Ainda existe o jabá nas rádios? O que pensa a respeito? T – O pagamento para executar uma obra,

Cetc. – Quais as suas influências musicais? Teve incentivo na infância? Sabemos que tem mãe (dona Lilá), uma irmã (Margareth) e um irmão (João Bosco) músicos. A raiz árabe dos avós se mostra em sua carreira? T – Eu e João Bosco somos autodidatas, mas, em casa, quem começou tudo foi minha mãe, dona Lilá, com violino e piano. Meus tios, irmãos dela, se formaram em curso superior, mas todos tocavam um instrumento. Meu pai gostava de cantar Noel Rosa, Francisco Alves, Dorival Caymmi e Ary Barroso, entre outros. Minhas sete irmãs estudaram piano com dona Maria Juncal, professora muito conceituada na cidade, com destaque para Auxiliadora, minha irmã “menos jovem” que, além de tocar muito bem piano, cantava como Ângela Maria. Uma maravilha! Tive influência de muitos artistas da MPB, como João Bosco, Milton Nascimento, com quem tenho três parcerias, sendo Certas canções a de maior sucesso, e também Gilberto Gil, Tom Jobim, Chico Buarque, Caetano Veloso, Baden Powell, Edu Lobo e Jorge Ben Jor, além da música universal, de Ray Charles, Stevie Wonder, Jose Feliciano, James Taylor, Steve Winwood e Leon Russel, entre outros, fundamentais para minha formação musical. Cetc. – Como é trabalhar com Milton Nascimento? E como foi com Elis?

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Cetc. – Fala um pouco dos intérpretes de suas canções. Como foi o caminho para que tantos grandes nomes escolhessem seu repertório? T – Depois que Elis nos lançou com As aparências enganam, em 1979, vieram sucessivas gravações do primeiro time da MPB: Gal Costa, Simone, Nana Caymmi, Zizi Possi, Elba Ramalho, Jane Duboc, Leila Pinheiro, Sandra de Sá, Ivete Sangalo, Sérgio Mendes, Emílio Santiago, Beto Guedes e tantos outros. Cetc. – E sobre o dueto com Patrícia Mellodi, nossa amiga e presente sempre na revista Condomínio etc. T – Gravamos Frisson juntos e fiquei muito

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feliz, pois Patrícia Mellodi tem um timbre de voz delicado e canta muito bem. Nesse CD mais recente, “Eternamente...” (MZA Music, 2011), comemorei 30 anos de carreira como intérprete e tive vários convidados: Zélia Duncan e Chico Amaral na faixa título; Milton “The Voice” Nascimento em Certas canções; As aparências enganam, com Simone; e Rádio experiência com Jorge Vercillo e Fernando Mansur; Jane Duboc em Olhos do coração; Wagner Tiso em dez faixas; e ótimos músicos, como Robertinho Silva, Luiz Alves, Victor Biglione, Jurim Moreira, João Baptista, Carlos Malta e Márcio Mallard, André Neiva, entre outras feras. Cetc. – Nossa revista tem como público-alvo moradores e trabalhadores de condomínios. Em sua opinião, o que é, como é viver em condomínio? Como pensa a vida em coletividade? Fácil, difícil, trabalhosa, exercício de cidadania... T – Bem, eu moro em casa desde 1990 e lá se vão 23 anos, mas penso que o exercício da cidadania, da coletividade e da administração é fundamental para que se viva bem e em harmonia nos condomínios. Beijos “procês” e espero ter respondido à altura as perguntas que a Stella Maris me fez. Como diria o grande e imortal poetinha, Vinícius de Moraes: “Saravá!”

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T – Fazer canções e ter a amizade de meu parceiro-compadre é muito bom, maravilhoso! Fomos apresentados por Elis “Rainha” em 1979, no estúdio da Transamérica, onde ela gravava, para gente nunca mais esquecer, a emblemática As aparências enganam. Você pode ler a história de As aparências enganam contadas por mim e pelo meu parceiro mais constante, Sérgio Natureza, numa entrevista que está no livro Então, foi assim? – Volume 3, do querido jornalista e radialista Ruy Godinho. Os volume 1 e 2 já estão na praça e o volume 3 será lançado neste mês de dezembro.


“As Aparências Enganam” De Tunai e Sérgio Natureza

As aparências enganam, aos que odeiam e aos que amam Porque o amor e o ódio se irmanam na fogueira das paixões Os corações pegam fogo e depois não há nada que os apague se a combustão os persegue, as labaredas e as brasas são O alimento, o veneno e o pão, o vinho seco, a recordação Dos tempos idos de comunhão, sonhos vividos de conviver As aparências enganam, aos que odeiam e aos que amam Porque o amor e o ódio se irmanam na geleira das paixões Os corações viram gelo e, depois, não há nada que os degele Se a neve, cobrindo a pele, vai esfriando por dentro o ser Não há mais forma de se aquecer, não há mais tempo de se esquentar Não há mais nada pra se fazer, senão chorar sob o cobertor As aparências enganam, aos que gelam e aos que inflamam Porque o fogo e o gelo se irmanam no outono das paixões Os corações cortam lenha e, depois, se preparam pra outro inverno Mas o verão que os unira, ainda, vive e transpira ali Nos corpos juntos na lareira, na reticente primavera No insistente perfume de alguma coisa chamada amor.

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saúde

Dengue:

vista com indiferença, pode ser fatal Por Mariana Tavares

Qualquer pessoa pode ser vítima dela. A dengue, doença transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, atinge mais pessoas no verão, porém, deve ser encarada com seriedade e combatida por toda a população o ano inteiro. O verão se aproxima junto com as chuvas e, com ele, uma das doenças mais silenciosas e perigosas, se não for precavida, volta a se tornar grande ameaça à saúde da população. Não é novidade que, anualmente, muitas pessoas morrem em decorrência da dengue. A chegada das férias é, ainda, um fator que

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pode agravar a proliferação da doença, já que muitas famílias deixam suas residências fechadas e, muitas vezes, sem cuidado. Com a falta de atenção, a doença pode ganhar força e fazer novas vítimas. Como muitos condôminos não sabem ou não foram instruídos a se precaver, a ajuda dos síndicos se faz essencial para combater o mosquito Aedes aegypti. Sendo assim, medidas preventivas de combate e instruções sobre como evitar a proliferação do causador da dengue devem ser reforçadas aos moradores dos condomínios, sobretudo, nessa época do ano.

As ações de prevenção são simples e são a maneira mais eficaz de afastar a doença. Uma das principais medidas que devem ser adotadas nos condomínios é a fiscalização constante dos vasos de plantas ou quaisquer objetos que acumulem água nas áreas comuns dos condomínios. As altas temperaturas e a falta de cuidado por parte, principalmente, da população são a combinação perfeita para a proliferação do mosquito transmissor da dengue. Em condomínios com piscinas em uso constante, o tratamento adequado deve ser feito com cloro. As bordas devem ser


Para o médico sanitarista Eraldo Bulhões, a desinsetização por meio do fumacê é prejudicial à população: “A Secretaria Municipal de Saúde utiliza substâncias químicas para atingir o Aedes aegypti. Ocorre que, paradoxalmente, atingem a população

lavadas para que não haja acúmulo de água e novos focos de procriação do mosquito não se formem. Quando as piscinas não são utilizadas frequentemente, deve-se reduzir o volume de água e aplicar, semanalmente, cloro na dosagem adequada à quantidade restante. O cloro e o sal de cozinha também devem ser acrescentados aos ralos de garagens e locais escuros para que a prevenção nesses espaços seja completa. Já em ralos externos e canais de drenagens para água da chuva deve-se usar tela de náilon para proteger ou colocar sal semanalmente. Para Thiago Rocha, biólogo da Inset Fone, a dengue deve ser uma doença combatida durante todo o ano, e não apenas no verão, quando as temperaturas estão mais altas. “A doença só existe porque os brasileiros – em sua maioria – acreditam que tudo é responsabilidade governamental. Quando, na verdade, esse processo é comportamental”, explicou. O biólogo afirma que não é difícil prevenir a doença. A desinsetização contra os mosquitos, de modo geral, é realizada por meio da aspersão do produto inseticida domissanitário (que pode ser utilizado em meio urbano/doméstico) diretamente no ar. Há dois tipos de aplicação que são bastante utilizadas. A realizada pelo atomiza-

Thiago Rocha da Inset Fone: “noto que procuram muito por pneus, vasos de plantas etc. como responsáveis pelo problema, quando, na verdade, uma tampinha de refrigerante e cerveja já acumula água. Ou seja, todo o cuidado é essencial e prioridade para prevenir a doença”

dor produz partículas menores capazes de permanecer suspensas no ar por um período maior. Já a prevenção realizada via fumacê é a mais conhecida e adotada pelos condomínios. O equipamento a combustão pode ser adaptado a veículos e proporciona maior mobilidade e abrangência durante a dedetização. O produto inseticida é misturado a um óleo mineral que funciona como veículo e que não interage para melhorar ou piorar o princípio ativo do produto. O médico sanitarista Eraldo Bulhões, autor de muitos artigos e pesquisador da doença há quase 30 anos, atenta para o fato de que, ao contrário do que as pessoas pensam, o mosquito Aedes aegypti não coloca seus ovos na água parada. “Na verdade, ele precisa da água para eclodir, mas é colocado em superfícies secas. A população não tem consciência de que habitações inacabadas

como lajes podem ser um prato cheio para os mosquitos”, explicou. Para o médico, a desinsetização por meio do fumacê é prejudicial à população, e faltam instrução e fiscalização da prefeitura a respeito. “A Secretaria Municipal de Saúde utiliza substâncias químicas para atingir o Aedes aegypti. Ocorre que, paradoxalmente, atingem a população. Os ovos do Aedes aegypti ficam um ano nos locais secos e são impermeáveis a essas substâncias, que só matam os mosquitos adultos, que vivem apenas 30 dias”, ressaltou. Além do serviço realizado por profissionais, o biólogo Thiago Rocha ressalta a importância de os moradores dos condomínios se prevenirem contra a doença. Ações como trocar a água parada dos vasos de plantas por areia já ajuda a conter a proliferação do mosquito da dengue.

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O biólogo Thiago Rocha ressalta a importância de ações simples como não deixar água acumulada. Só isso já ajuda a evitar a proliferação do mosquito da dengue

“O simples fato de verificarem o local e não deixar água acumulada já ajuda o tratamento. Porém, noto que procuram muito por pneus, vasos de plantas etc. como responsáveis pelo problema, quando, na verdade, uma tampinha de refrigerante e cerveja já acumula água. Ou seja, todo o cuidado é essencial e prioridade para prevenir a doença”, enfatizou o biólogo. Thiago Rocha explicou, ainda, que a Inset Fone possui um contrato anual com alguns clientes. A periodicidade das aplicações varia de local para local, mas o ideal é que os condomínios dedetizem, no mínimo, uma vez e, no máximo, três vezes por semana suas instalações. “Normalmente o aumento no número de chamadas e contratações se dá entre dezembro e janeiro, época em que a temperatura está mais elevada”, explicou. A alta da temperatura também aquece o mercado. O biólogo lembrou, ainda, que os insetos tendem a se manifestar mais durante épocas mais quentes, porém estão no ambiente durante todo o ano. 90

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Muitos não têm conhecimento, mas fosso de elevador também acumula água e serve para manter vivos os ovos do Aedes aegypti, que podem sobreviver por mais de 400 dias. Com a movimentação dos elevadores, os mosquitos conseguem acessar todos os andares do prédio, uma vez que a capacidade de voo desse mosquito gira em torno de apenas dois metros. Dessa forma, o mosquito procria, pica e transmite a doença. Deve-se verificar semanalmente se existe acúmulo de água e realizar o escoamento por bombeamento. Quem deve participar ativamente na divulgação e prevenção da doença nos condomínios são os síndicos. O assunto deve ser abordado constantemente em reuniões e avisos devem ser espalhados por todo o prédio para disseminar a conscientização dos perigos da dengue. O síndico Robinson dos Santos Machado da Silva, do Condomínio Francisco Vaz de Carvalho, localizado no Flamengo, disse que o famoso “boca a boca” é o que mais ajuda a conter a proliferação de novos casos.


Lá há avisos constantes e conversas entre os moradores sobre o mosquito da dengue. “Todos colaboram e fiscalizam. Esse tipo de prevenção tem que ser adotada por todos. É um trabalho constante e que deve ser realizado em equipe”, explicou. O presidente da Associação de Moradores do Condomínio Margarida Valadão, conjunto de 38 casas na Barra da Tijuca, Sérgio Breyer Filho, afirma que a divulgação da dedetização é realizada intensamente. Todos os moradores são contatados individualmente para tomarem conhecimento do fumacê, duas vezes por semana. E a proatividade faz parte da rotina do condomínio. “Há poucas semanas, identificamos que uma das casas, cujo morador estava viajando, estava com sua piscina em estado crítico. Nossa equipe de portaria se mobilizou para entrar na casa e, assim, providenciar não só a adequação da piscina, mas a aplicação do fumacê”, enfatizou. Como presidente da associação, Sérgio iniciará uma campanha de limpeza de ralos e calhas, além do tradicional fumacê e revisão de vasos de plantas, como forma de mitigar a existência do

mosquito. “Sabemos que essa região é propensa à proliferação de mosquitos, por isso necessitamos de atenção a qualquer risco potencial”, concluiu. Contudo, mesmo com todas as estratégias de divulgação, a doença consegue fazer vítimas. A estudante universitária Danielle Mannarino, moradora do Condomínio Rosa Viva, na Barra da Tijuca, foi vítima da doença e ficou alguns dias internada e de repouso. Ela afirmou que nunca tinha se preocupado com isso até descobrir que estava doente. “Agora, fiscalizo tudo lá em casa, e quando passo pelas áreas comuns de meu prédio, reparo se há algo errado. Converso informalmente com alguns moradores e conto meu caso. Acho que ajudo as pessoas a ficarem alertas”, explicou. Vale lembrar que a maioria dos casos de dengue no país ocorre em um período específico: de janeiro a maio. Porém, a doença é uma ameaça durante todo o ano. Manter a vigilância e seguir simples rotinas são atitudes importantes que podem salvar muitas vidas. Faça sua parte e ajude a combater a dengue!

Colocar areia nos pratinhos de plantas é um bom começo para evitar que a Dengue se alastre por sua comunidade

Serviço Inset Fone – Tel.: (21) 2273-7373

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jurisprudências

Veja o que acontece em nossos tribunais 0006301-06.2006.8.19.0209 – APELAÇÃO 1ª Ementa. DES. NANCI MAHFUZ – Julgamento: 16/10/2012 – DÉCIMA SEGUNDA CÂMARA CÍVEL Apelação cível. Dano moral. Direito de vizinhança. Alegação da parte autora de ser proprietária de apartamento no condomínio réu em que ocorriam festas com volumes bem altos, em apartamento no mesmo andar, após as 22 horas, fazendo reclamações sem resultado. Narra uma série de fatos ligados à violação de seu sossego, bem como descreve danos morais causados. Sentença de improcedência. Divergência entre vizinhos com inúmeras ocorrências, inclusive chamada da polícia. No decorrer do feito, o condomínio aplicou multas à causadora do barulho. Apelantes que promoveram, também, ação judicial em face dos vizinhos. Há a necessidade de uma prova cabal produzida pela parte autora da conduta ilícita, o que não ocorreu no caso em tela. Em se tratando de um condomínio, não basta a comprovação da violação do silêncio e sossego, mas a comprovação da inércia, desde que efetivamente provados os transtornos. A parte apelante juntou uma série de documentos unilaterais e não submetidos ao contraditório que não comprovam os fatos, se efetivamente ocorreram, bem como não comprova a parte recorrente a inércia do condomínio em questão. Ilícito não comprovado. Sentença que merece integral confirmação. Recurso não provido.

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0265585-32.2008.8.19.0001 – APELAÇÃO – 2ª Ementa. DES. CÉLIA MELIGA PESSOA – Julgamento: 15/5/2012 – DÉCIMA OITAVA CÂMARA CÍVEL Agravo inominado. Apelação cível. Decisão da relatora que negou seguimento aos recursos do autor e dos réus pautada em jurisprudência dominante do TJRJ e STJ. Inconformismo dos réus. Sem razão os recorrentes em sua insatisfação, uma vez que a decisão monocrática está pautada em jurisprudência dominante do TJRJ e do STJ, no sentido de que, não havendo prova do dano e da conduta lesiva, inexiste o dever de indenizar. No caso, os agravantes não lograram comprovar a conduta lesiva do agravado quanto ao alegado barulho e incômodos violadores do direito de vizinhança que interferissem no seu direito de propriedade e fossem prejudiciais ao sossego, a tornar inaplicável o disposto no art. 1.277 do Código Civil. A ressaltar que os depoimentos testemunhais (fls. 392/398) evidenciam que a desavença envolve somente as partes, que o agravado não lhes causa nenhum incômodo e só vieram a tomar conhecimento dos fatos pelo livro do condomínio, sendo que ambas as partes têm boa conduta com os demais vizinhos, a demonstrar que a implicância é mútua e restrita a eles. Norma do artigo 557, caput, do CPC, que autoriza o relator a negar seguimento a recurso em confronto com a jurispru-

dência dominante do TJRJ e STJ. Decisão monocrática da relatora que merece ser mantida. Desprovimento do recurso. 1042637-55.2011.8.19.0002 – APELAÇÃO 1ª Ementa. DES. REGINA LÚCIA PASSOS – Julgamento: 20/5/2013 – NONA CÂMARA CÍVEL Decisão apelação cível. Ação de obrigação de não fazer. Condomínio edilício. Direito de vizinhança. Condômina que não pretende se submeter ao que restou deliberado em assembleia, quanto à instalação de mecanismos para cessar gotejamento proveniente de aparelhos de ar-condicionado. Formulação de pedido contraposto para que seja imposta tal obrigação à autora. Sentença de procedência. Manutenção que se impõe. Autora que, ao adquirir a unidade do condomínio edilício, vinculou-se à convenção condominial. Assembleia geral que exprime a vontade dominante dos condôminos, a fim de promover a convivência pacífica deles. Deliberação que os condôminos promovam instalação de mangueiras para cessar o gotejamento que se apresenta razoável. Interpretação do caso concreto que deve ser realizada à luz da função social da propriedade, ponderando-se os direitos de vizinhança e de propriedade. Dispositivo da sentença que possui correlação ao pedido contraposto, não sendo extra petita. Desprovimento do recurso.


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