Revista Condomínio. Edição 62

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Todo síndico lê!

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GRANDES CONDOMÍNIOS, PEQUENAS CIDADES Segurança: rede, pra que te quero?




O Brasil está parado até as eleições A Copa do Mundo acabou mas agora temos a proximidade das eleições. O Brasil está numa expectativa altamente negativa, em que os brasileiros, mais desiludidos, aguardam os acontecimentos. Por falar em Copa, o período foi conturbado e os feriados frequentes atrapalharam bastante o nosso dia a dia. E não foi desta vez a conquista da taça de hexacampeão... E o tal “padrão FIFA” deixou muito a desejar – a abertura do evento foi medíocre (poderíamos ter feito muito melhor); houve filas para entrar nos estádios; ingressos em duplicata; alimentação cara e insuficiente; segurança ineficiente, com invasão de torcedores, e outras coisas mais, que não se justificam após tantas exigências por parte da instituição. Isto sem mencionar o escândalo dos ingressos negociados clandestinamente por pessoas ligadas à FIFA, esquema descoberto por nossa Polícia Federal. Aliás, o Brasil e a África do Sul estão preparando relatórios que alertam os países que sediarão as próximas copas para que façam negociações mais equilibradas. Quanto ao nosso desempenho, de um modo geral, não está tão mal. O carinho e a acolhida dispensados aos que aqui vieram, oferecidos sem qualquer distinção de raça, nacionalidade ou posição política, conquistam o coração de todos os “gringos”. Eles ficam deslumbrados com os brasileiros, que, sem dúvida alguma, podemos classificar como um povo maravilhoso. Creio que, independentemente do resultado do Brasil na Copa, a insatisfação geral continuará a existir, exigindo mudanças radicais no país. Como se pode admitir que a Câmara e o Senado, que só vão trabalhar quatro dias no mês de julho, recebam seus salários integralmente? Revoltante! O governo da presidenta Dilma perde cada vez mais credibilidade, conforme

estão demonstrando claramente as pesquisas. Isso faz com que os partidos que a apoiam comecem a debandar, pois esses “partidos de base” só querem o poder para tirar vantagem e ficam em cima do muro para pular para o lado que indique mais chances de vitória. O povo já demonstrou sua revolta por tudo que vem acontecendo em junho do ano passado. Ao que tudo indica, teremos segundo turno nas eleições, com muita chance de termos um novo presidente. O Brasil está mal, com baixo crescimento e inflação alta. Os empresários estão sem motivação, pois o governo não tem uma política econômica consistente e segura que aponte para um futuro promissor. Não acreditam mais nas promessas, que nunca são cumpridas. As reformas básica, tributária, política, trabalhista e do Judiciário, incluindo a reformulação de códigos desatualizados, só serão possíveis com uma nova estrutura política. Esse governo, depois de 12 anos no poder, não tem mais condições de realizar o que o Brasil precisa, embora continue prometendo. Teremos que ter paciência e aguardar as próximas eleições para elegermos um novo presidente ou reelegermos a atual, se assim for nosso desejo, pois, antes de mais nada, estamos numa democracia, que podemos afirmar ser, sem dúvida alguma, o melhor regime político. Continuo com esperança, pois o Brasil é um grande país, com muitas riquezas naturais, onde as oportunidades são enormes, e já ocupa o primeiro lugar em diversos setores produtivos. Seguiremos sempre crescendo, apesar de tudo de errado que vemos acontecer. Talvez precisemos de algumas gerações para ser aquela nação próspera e com equilíbrio social que todos almejamos. NEWTON MENDONÇA

Presidente da CIPA

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[capa] GRANDES CONDOMÍNIOS PEQUENAS CIDADES O conceito é excelente e, basicamente, busca aliar moradia e muitas opções de lazer e comércio. Mas isso é só um detalhe... Esses empreendimentos necessitam de administração profissional pela complexidade de suas estruturas. Entenda mais sobre estas megaestruturas lendo esta matéria.

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[condomínio] Todo cuidado é pouco!

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Dúvidas sobre como tratar o piso do condomínio são mais frequentes do que se pensa. Funcionários e síndicos costumam não saber a melhor forma de cuidar de determinados materiais, o que pode colocar em risco o aspecto ou mesmo a durabilidade do piso. Leia a matéria e fique pós-graduado no assunto!

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[Atualidade] Ciclovias ganham a cidade

Não, as redes não alteram a fachada. Elas são consideradas essenciais para a proteção de incapazes (leiam-se aí crianças, animais, pessoas especiais ou com transtornos mentais). Se você tem alguma dúvida sobre o tema, essa é a hora de saná-la.

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[manutenção] Cisternas em dia

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Cisternas malcuidadas podem ficar comprometidas por vazamentos, o que afeta diretamente o bolso de todos, sem falar que a contaminação da água pode acarretar enfermidades como diarreia, hepatite e leptospirose. Saiba como cuidar da sua lendo esta matéria.

DIRETORIA Presidente NEWTON MENDONÇA Vice-presidente MÁRIO MENDONÇA Diretora da Unidade de Negócio e Condomínio DEBORAH O’DENA MENDONÇA Diretora de Locação, Seguros e Novos Negócios MARIA TERESA MENDONÇA DIAS Redação e Edição VIVIEN BEZERRA DE MELLO (MTb: 18731) redacao@cipa.com.br

[comportamento] Subsíndico: braço direito Todo mundo merece poder contar com alguém como “braço direito”. No caso dos síndicos, os subsíndicos muitas vezes ocupam esse lugar e batem um bolão. Veja alguns cases que descobrimos nesta matéria.

Do Leme ao Pontal não há nada igual, já dizia Tim Maia. E pode ficar melhor ainda, afinal, o Rio de Janeiro investe para ser mundialmente conhecido como a Capital da Bicicleta. Quer saber mais? Dá uma olhadinha nesta reportagem!

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[segurança] Rede, pra que te quero?

[Reforma] Prevenção e manutenção contra incêndio Esse tema é sempre atual. É muito importante que os síndicos saibam como evitar que o pior aconteça em seu condomínio. Especialistas explicam, nessa matéria, como manter o condomínio protegido, reservando o fogo apenas aos bocais do fogão.

Revisão ANDREA BIVAR

Conceitos e opiniões em artigos assinados são de inteira responsabilidade dos autores. A reprodução parcial ou total de qualquer parte desta publicação é permitida desde que seja citada a fonte e previamente autorizada, por escrito, pela editora. A empresa reserva-se ao direito de não aceitar publicidade sem fundamentar motivação de recusa.

Fotografia Ariel Subirá Marketing e Publicidade SAMY GRUBMAN marketing@cipa.com.br Colaboraram neste número ClÁudia Silveira Fernanda Cubiaco Lia Rangel paulo ferreira renata Fernandes STELLA MARIS C. MENDONÇA WANJA LEITE

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A Revista Condomínio etc. esclarece que: - Não se responsabiliza por qualquer dano, direto ou indireto, sofrido por usuários ou terceiros, advindos da exibição e/ ou conteúdo dos anúncios publicados pelos anunciantes, incluindo a divulgação de dados, preços e imagens. - Não atesta, verifica ou inspeciona os serviços e produtos dos anunciantes, nem é responsável por qualquer dano, direto ou indireto, que o contratante possa sofrer ao realizar uma negociação com os anunciantes. Esta publicação está em conformidade com o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, aprovado pelo Decreto Legislativo nº 54, de 18 de abril de 1995, e em vigor desde 1º de janeiro de 2009.

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informe

Feira chega à quinta edição

A Associação Brasileira das Administradoras de Imóveis (Abadi) realizará, no dia 29 de agosto, das 8h30 às 17h, o evento As Cinco Dimensões do Mercado Imobiliário, que acontecerá no Centro de Convenções Bolsa do Rio (Praça XV, 20, Centro). O evento reunirá grandes nomes, como o desembargador Sylvio Capanema de Souza; Rubens Carmo Elias Filho, presidente da Aabic; e Marcelo Borges, diretor jurídico da Abadi, entre outros, para discutir diversos temas da dimensão jurídica, entre os quais destacamos: Código Civil 12 Anos – O Impacto no Mercado Imobiliário; O Inadimplemento das Relações Jurídicas Imobiliárias; Aspectos Jurídicos da Administração de Imóveis. O evento é gratuito e as vagas são limitadas. Serão concedidas horas de estágio pela OAB/RJ. Mais informações e inscrições no site da Abadi: www.abadi.com.br Serviço

Data: 29 de agosto de 2014. Horário: das 8h30 às 17h. Local: Centro de Convenções Bolsa do Rio (Praça XV, 20).

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A Feira Secovi Rio – Condomínio Ideal chega à quinta edição se consolidando como a maior vitrine do segmento de comércio e serviços imobiliários no território fluminense. A expectativa da organização é atrair um público de mais de mil pessoas, composto por síndicos, conselheiros, administradores e demais interessados em assuntos da vida condominial. A programação da Feira Secovi Rio de Condomínios privilegia a apresentação de soluções inovadoras para síndicos, conselheiros e administradores, um suporte que ainda não existe em outros setores da sociedade. O evento estimula a troca de experiências entre os participantes e colabora para tornar as atividades condominiais ainda mais profissionais. O síndico tem papel fundamental nesse processo, pois cabe a ele escolher os fornecedores que oferecem o melhor custo-benefício. Os expositores da feira mostram o que há de novo para fazer dos edifícios e das casas espaços de convivência cada vez mais harmoniosos e eficientes, levando em conta a melhor relação entre custo e benefício – uma das principais preocupações de síndicos e moradores de condomínios. Serviço

Data: 23 e 24 de setembro de 2014. Horário: no dia 23/9, das 12h às 19h; no dia 24/9, das 10h às 19h. Local: Centro de Convenções SulAmérica (Av. Paulo de Frontin com Presidente Vargas – Cidade Nova – Centro – Metrô Estácio).

Inflação do aluguel cai 0,74% em junho, maior queda desde março de 2009

O Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) aprofundou a deflação de 0,13%, em maio, para declínio de 0,74%, em junho, divulgou nessa sexta-feira, 27 de junho, a Fundação Getulio Vargas (FGV). O IGP-M de junho caiu mais que o esperado pelos analistas do mercado financeiro consultados pela Agência Estado. As previsões eram de declínio de 0,50% a 0,67%. A queda desse mês também é a mais forte desde março de 2009, quando o indicador apresentou a mesma variação. A variação acumulada do IGP-M no ano é de 2,45% e, em 12 meses, até junho, de 6,24%. O resultado acumulado do IGP-M é usado no cálculo do reajuste nos preços dos aluguéis. Entre os três indicadores que compõem o IGP-M, o IPA-M saiu de retração de 0,65%, em maio, para declínio de 1,44%, em junho. Na mesma base de comparação, o IPC-M saiu da alta de 0,68% para variação positiva de 0,34%. Já o INCC-M desacelerou de 1,37% para 1,25%. Fonte: O Estado de São Paulo.


Cedae assina empréstimo de R$ 3,4 bilhões para a construção de Guandu 2 O governador Luiz Fernando Pezão e o presidente da Cedae, Wagner Victer, fecharam com a presidente Dilma Rousseff, no início de julho, um contrato de financiamento para um empréstimo de R$ 3,4 bilhões da Caixa Econômica Federal para implantar um novo sistema de tratamento de água no Rio Guandu. O objetivo é atender exclusivamente a Baixada Fluminense. Estão previstas a construção e a reforma de reservatórios, além da instalação de novas adutoras. A previsão do presidente da Cedae é que parte do sistema já seja entregue em 2015, quando devem ser concluídas as reformas de nove reservatórios que se encontram inoperantes. Com o novo projeto, a Baixada passará a receber um volume 70% maior de água tratada por segundo do que atual-

mente. Em vez de 17 mil litros por segundo serão 29 mil, de acordo com a Cedae. “Já temos projetos prontos. Os editais de licitação sairão ainda este ano. A expectativa é que todas as obras sejam concluídas em três anos. Demos como garantia para o empréstimo a carteira de recebíveis (créditos pelo fornecimento de água e tratamento de esgoto) da empresa”, disse Victer. A nova estação terá condições de tratar 12 mil litros por segundo e reservatório com capacidade para 57 milhões de litros. O projeto prevê ainda a construção de 16 elevatórias, a implantação de 95 quilômetros de adutoras e mais 760 quilômetros de troncos e rede distribuidora. O dinheiro será usado ainda para levar água a cerca de 100 mil imóveis

Reajuste para empregados de condomínios no Rio ainda sem definição Ao longo dos últimos dois meses, o Secovi Rio tem negociado incessantemente com o Sindicato dos Empregados em Edifícios no Município do Rio de Janeiro (SEEMRJ), a fim de definir o reajuste salarial e as demais condições de trabalho para o período de 1º de maio de 2014 a 31 de março de 2015. Contudo, até o fechamento desta edição, não havia sido possível chegar a um acordo. A ausência de consenso se dá, principalmente, porque o SEEMRJ reivindica um percentual de 12%, o que é incompatível com a realidade econômica do país e em especial dos condomínios. O Secovi Rio acredita que o bom senso vai prevalecer na busca do entendimento que atenda a ambas as categorias, mas efetivamente

não é possível estimar um prazo para o término da negociação salarial. Por essa razão, a orientação é que os condomínios provisionem uma verba para o pagamento das eventuais diferenças que serão devidas aos empregados, seja em razão da celebração da convenção coletiva de trabalho, seja em razão da aplicação do piso regional, já que, em qualquer das hipóteses, eventuais diferenças salariais retroagirão ao mês de abril. O Departamento Jurídico do Secovi Rio está à disposição para prestar os esclarecimentos necessários. Qualquer dúvida entre em contato pelo telefone 2272-8000 ou pelo e-mail juridico@ secovirio.com.br

Com a força do sol Líder absoluta em energia solar, a Alemanha bateu um novo recorde, com a produção de 23,1 gigawatts de eletricidade a partir dessa fonte. O montante é suficiente para atender metade da demanda do país. Uma contribuição expressiva para esse resultado foi dada pelas placas fotovoltaicas instaladas nos tetos das residências. A popularização dessa fonte energética se deve aos incentivos fiscais concedidos pelo governo. JUL_AGO_SET 2014

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capa por Lia Rangel

GRANDES CONDOMÍNIOS, PEQUENAS CIDADES Esses empreendimentos necessitam de administração profissional pela complexidade de suas estruturas Recentemente, o Rio de Janeiro, assim como outras grandes cidades do Brasil, começou a receber muitos empreendimentos repletos de opções de lazer, os famosos condomínios-clube. Eles reúnem conforto, comodidade, praticidade e segurança. Em uma cidade como o Rio, a segurança é primordial, e isso esses empreendimentos garantem, já que investem boa parcela da receita em equipamento e mão de obra especializada, porque viram nessa deficiência do estado uma forma de atrair mais pessoas que valorizam esse quesito, acima de todos os outros. O conceito é excelente e, basicamente, busca aliar moradia e muitas opções de lazer e comércio. A ideia é fazer com que o morador tenha, no mesmo espaço, muitas facilidades e não precise se deslocar de carro, pelo trânsito cada vez mais congestionado das grandes cidades, para realizar pequenas compras e/ou serviços. 8

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Para Deborah Mendonça, diretora da Unidade de Condomínio da CIPA e presidente da Associação Brasileira das Administradoras de Imóveis (Abadi), atualmente há maior preocupação com o bem-estar e, por isso, os condomínios resolveram investir em novos atrativos para as áreas comuns, mas existem outros motivos para isso. “O tempo cada vez mais curto, a necessidade por mais segurança e a comodidade também explicam o crescimento da procura por condomínios que ofereçam muito além da piscina, quadra e churrasqueira. O objetivo é atender todas as expectativas, principalmente para quem tem filhos. Isso explica o motivo pelo qual os novos empreendimentos têm apostado em áreas comuns cada vez mais atrativas e completas. A tendência de aumento dessas áreas comuns pode estar associada também a fatores como incremento da violência, maior participação da mulher no mercado de traba-


Rudi Van Loon é um dos subsíndicos do condomínio Bora Bora: Para ele, viver em um condomínioclube tem muitas vantagens. “Podemos destacar a praticidade em não ter que sair do condomínio para realizar algumas coisas, lazer e segurança para crianças e adolescentes, além da formação de vários grupos com os mesmos interesses, o que proporciona interação e cria amizades”

lho e melhor custo-benefício quando se refere a cotas condominiais, já que o morador tem muitas opções por um custo já embutido na taxa. Além disso, os espaços de lazer estão em alta e podem ser decisivos na hora da compra do imóvel”, avalia.

Moradia, lazer e comércio no mesmo lugar No Rio de Janeiro, a maioria dos condomínios-clube está concentrada na Barra da Tijuca, Zona Oeste da cidade. São construídos em áreas muito grandes, geralmente superiores a 8 mil metros quadrados, e funcionam como pequenas cidades. Muitas vezes a movimentação financeira desses empreendimentos é superior à de médias empresas, o que faz com que necessitem de uma gestão profissional que atenda às necessidades específicas do condomínio. O condomínio Bora Bora Barra Resort é composto por quatro blocos e um total de 622 unidades, com uma média de 2.200 moradores. Rudi Van Loon é um dos subsíndicos do condomínio, que ainda conta com outros três, um por bloco. Para ele, viver em um condomínio-clube é excelente e tem muitas vantagens. “Podemos destacar a praticidade em não ter que sair do condomínio para realizar algumas coisas, lazer e segurança para crianças e adolescentes, além da formação de vários grupos com os mesmos interesses, o que proporcio-

na interação e cria amizades." O subsíndico descreve os serviços e as opções de lazer que o empreendimento oferece. “Temos restaurante, bar, padaria, creche, lavanderia, piscinas, saunas, lan house e serviço de limpeza de casa. Além disso, oferecemos todo tipo de atividades esportivas, como tênis, futebol, basquetebol, vôlei de areia, natação, hidroginástica, lutas, musculação e mais uma série de atividades extras ligadas à academia, como spinning e dança de salão.” Para Pedro Cantisano, síndico do Condomínio Le Parc Residential Resort há dois anos, segurança e conforto são os principais motivos de quem opta pela compra de uma unidade em um condomínio-clube. “Nós temos 13 blocos, o que perfaz um total de 766 apartamentos e uma média de 2 mil moradores. Entre os serviços oferecidos estão lavanderia, bar, brinquedoteca, piscinas, saunas, spa completo, academia com aulas diversas como natação, balé e judô, limpeza de veículos, manutenção predial (pequenos serviços) e mensageria.” O presidente do Conselho dos Síndicos do Condomínio Verano Residence Park, Andreson Batista, destaca a comodidade de ter vários serviços no mesmo lugar. “As facilidades são muitas. Dentro de um condomínio-clube pode-se aproveitar o tempo que se gastaria em deslocamentos para comprar pão, ir à pet ou cortar cabelo, entre outras rotinas do dia a dia, para curtir as variadas opções de lazer oferecidas. Nosso residencial possui cyber café, coffee shop, JUL_AGO_SET 2014

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Para Pedro Cantisano, síndico do Condomínio Le Parc Residential Resort há dois anos, segurança e conforto são os principais motivos de quem opta pela compra de uma unidade em um condomínio-clube

pet care, espaço mulher, garage band, lan house, sala de musculação, sala de lutas, sala de ginástica e dança, sala de spinning, ateliê, cinema, biblioteca, home office, salas para reunião, salões de festa, churrasqueiras cobertas, brinquedoteca, parquinhos, saunas e piscinas”, afirma. Já Márcio Santezo conta que no Condomínio Reserva Jardim, composto por

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oito blocos, com um total de 1.292 unidades, “as unidades variam de 77 m² (dois quartos) a 150 m² (quatro quartos com dependências completas). Por ser um empreendimento novo, concluído há pouco mais de dois anos, ainda há algumas unidades vazias, mas estimamos ter entre 4 e 5 mil moradores fixos”, diz o presidente do conselho, que acredita que a principal van-

tagem de um condomínio-clube é o equilíbrio entre liberdade e segurança. “No nosso caso específico, moradores do Reserva Jardim, além de vivermos em uma área nobre e em contato com a natureza, podemos desfrutar de inúmeras opções de lazer com nossos familiares e amigos, como quadra de vôlei de areia, quiosques com churrasqueira e forno de pizza, salas de musculação, ginástica, dança, lutas, spinning e pilates, complexo aquático composto por piscinas, sendo algumas aquecidas, sauna seca e úmida, quadra poliesportiva, áreas para festa com copa e lavabos, salas de banho romano com hidromassagem, salão de beleza, salas de massagem para tratamentos faciais e corporais, playgrounds lúdicos, mini-horta, street skate, minigolfe, praças de xadrez, biblioteca, salão de festas, espaço gourmet, galeria de artes, home office com sala de reunião e estações de trabalho, sala de estudos, pistas de boliche, brinquedoteca, lan house, autorama, ateliê de artes, cinemas, sendo um infantil, garage band, sala de hobby,


Presidente do Conselho dos Síndicos do Condomínio Verano Residence Park, Andreson Batista: “Dentro de um condomínio-clube pode-se aproveitar o tempo que se gastaria em deslocamentos para comprar pão, ir à pet ou cortar cabelo, entre outras rotinas do dia a dia, para curtir as variadas opções de lazer oferecidas”

bar e padaria”, conta. Além disso, o condomínio oferece concierge nos blocos, central de atendimento, help desk, portal de serviços do condomínio, inclusive para comunicação e aluguel de espaços, central de limpeza, central de manutenção, controle de acesso 24 horas, segurança e monitoramento 24 horas, manutenção de paisagismo, conservação patrimonial e academia. Deborah Mendonça acredita que a oferta de tantas opções nas áreas comuns deve-se à comodidade que certos serviços trazem ao morador. “Se antes o condômino tinha que lavar e passar a roupa ou contratar uma pessoa para executar esse serviço, hoje ele pode contar com uma lavanderia dentro do condomínio. Ou mesmo não se preocupar com o almoço das crianças, já que o condomínio possui restaurantes e lanchonetes”, garante a diretora da Unidade de Condomínio da CIPA.

Preços justos Muitas pessoas acreditam que os condomínios-clube possuem taxas condominiais exorbitantes, mas não é isso o que acontece. Esses empreendimentos geralmente possuem um alto número de unidades, por isso, mesmo com infraestrutura grandiosa, as taxas condominiais não são muito altas, pois os custos são diluídos entre todos os moradores.

O síndico do Condomínio Le Parc, Pedro Cantisano, conta que cada serviço disponibiliza uma tabela de preços própria e o condomínio não interfere nesses valores, que são cobrados diretamente aos moradores. “No caso da academia, o valor já está incluído na cota condominial. O serviço de manutenção predial (pequenos serviços como troca de lâmpada e desentupimento de ralo) não é cobrado, e para os que são cobrados pelas empresas prestadoras de serviços (sistema pay per use), o valor é equivalente ao do mercado local”, garante Pedro Cantisano. Segundo Andreson Batista, no Verano Residence Park, a cota para a manutenção dos serviços disponibilizados pelo condomínio, atualmente, está próxima de R$ 500, e, exceto os serviços de pet, coffee e espaço mulher, que possuem preços bem atrativos, todos os outros são gratuitos. No Bora Bora Barra Resort, o valor é semelhante e, hoje, está entre R$ 450 e R$ 500. “Quase todas as atividades são gratuitas, menos a academia e o boliche, mas ainda assim eles têm um custo muito melhor que o do mercado”, garante o subsíndico Rudi Van Loon. Já no Condomínio Reserva Jardim, o valor do condomínio é calculado pela área de cada apartamento e, atualmente, custa, em média, R$ 8 por metro quadrado. “Nenhuma atividade é paga, somente os serviços do salão de beleza e

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à frente deles, que dê o suporte necessário e ofereça serviços sob medida para cada necessidade. “Normalmente, os condomínios-clube têm necessidade de uma gestão integrada. O síndico precisa contar com o apoio de uma administradora e de funcionários na própria administração do condomínio, mais pessoas especializadas”, garante.

Marcas conhecidas são mais um diferencial dos condomínios-clube Márcio Santezo, do Condomínio Reserva: “Sempre há a possibilidade de mudanças caso os prestadores de serviço não estejam dentro do padrão de excelência esperado, e, caso isso aconteça, buscaremos marcas conhecidas e respeitadas”

o consumo no bar e na padaria. A academia disponibiliza o contrato opcional de personal trainer, mas o condômino pode contratar qualquer profissional de sua confiança, mesmo de fora da academia. No caso do salão, está previsto em contrato que os valores cobrados obrigatoriamente têm que ser menores que os de mercado, uma vez que ele se destina apenas a moradores do condomínio, seus familiares e amigos”, afirma Márcio Santezo. Nesses empreendimentos tudo é grandioso, desde os espaços e itens de lazer até os serviços e funcionários, que fazem com que tudo funcione perfeitamente, afinal, a excelência é um dos itens oferecidos por esses condomínios. Os números impressionam. O Condomínio Reserva Jardim conta com 30 funcionários próprios e cerca de 200 de empresas contratadas, além dos que trabalham nas firmas de exploração comercial, que somam entre 20 e 30 traba-

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lhadores. O Bora Bora também tem cerca de 30 funcionários na parte administrativa e funcional, além de uma média de mais 100 que prestam serviços e cerca de 40 no comércio do condomínio. Já o Le Parc conta com 47 funcionários diretos, 127 indiretos e 29 no comércio. No Verano são 80 funcionários próprios, 90 contratados por empresas prestadoras de serviços e 25 trabalhadores no comércio. O espaço é grande, o número de trabalhadores é enorme e o trabalho do síndico, maior ainda. São mais obras para supervisionar, mais funcionários para controlar e mais conflitos para gerenciar. Para administrar toda essa estrutura, é fundamental que o síndico conte com uma equipe competente, além de uma assessoria administrativa eficiente. Para Deborah Mendonça, esses empreendimentos gigantes correm o risco de ter má administração, por isso, é importante que haja uma grande administradora

Apostar em grandes marcas conhecidas do público é mais uma jogada – certeira – dos condomínios-clube, que costumam receber “grifes” ligadas a beleza, gastronomia e esportes. Oferecer serviços renomados é um bom negócio para as duas partes: o comerciante tem a segurança de estar em um condomínio fechado, com a possibilidade de fidelizar os clientes e trazê-los ainda para mais perto; já o condomínio vê a possibilidade de valorizar as unidades, já que ter bons serviços por um preço justo, sem sair do próprio condomínio, pode ser considerado uma grande vantagem. É o caso do Condomínio Reserva Jardim, que já tem os renomados Bar do Adão, salão Werner e a academia Rio Sport Center. Mas o presidente do conselho avisa que, além do nome, é preciso manter a qualidade nos produtos e serviços oferecidos. “Sempre há a possibilidade de mudanças caso os prestadores de serviço não estejam dentro do padrão de excelência esperado, e, caso isso aconteça, buscaremos marcas conhecidas e respeitadas”, garante Márcio Santezo.


O Le Parc investiu na parceria com a Cia Athletica, uma marca forte no gerenciamento de academias. O Verano está estudando algumas propostas, mas ainda não tem nenhuma marca em suas dependências. O Bora Bora não firmou parceria com marcas famosas, mas busca oferecer bons serviços para seus condôminos. “Estamos revendo todos os contratos de serviço e manutenção, já que a administração anterior foi péssima em todos os sentidos. Por enquanto, estamos centrados em ter serviços dentro do orçamento, com preços compatíveis e de qualidade. Num segundo momento podemos pensar nisso”, diz Rudi Van Loon.

Bem-estar, dedicação e eficiência são as palavras de ordem Serviços de resort, novas tecnologias, orçamento, plano de ação, administração, enfim, cada vez mais proprietários de imóveis em grandes empreendimentos e condomínios-clube percebem que a gestão está longe ser uma simples tarefa de síndico, subsíndico e conselho. O fato é que os condomínios-clube, com serviços e facilidades, já fazem parte do cotidiano e atendem às necessidades da vida moderna. Mas, além de complexos, esses empreendimentos apresentam situações e características bem distintas. Possuem necessidades específicas em finanças, estrutura, funcionamento, regras, conservação e, sobretudo, na gestão dessas atividades. Complexa, a gestão de condomínio é uma das atividades em que mais ocorrem transformações evolutivas atualmente, tornando-se cada dia mais profissional. E isso ocorre, principalmente, porque queremos ter bem-estar onde moramos,

com segurança, e poder dedicar nosso precioso tempo ao que mais gostamos. Segundo Samy Grubman, gerente comercial da CIPA, “cresce o número de proprietários conscientes da importância da profissionalização das áreas de administração, gestão operacional do empreendimento e do próprio exercício da atividade de síndico e que procuram conforto, melhores resultados em serviços e valorização do patrimônio de todos”. E é na gestão que encontramos os maiores desafios. Por exemplo, uma gestão deficiente pode levar a perda de receita, descontinuidade de serviços, ações judiciais e declínio no valor de mercado do empreendimento como um todo, afetando, inclusive, o patrimônio conquistado de cada condômino. Ciente dessa demanda, por profissionalização da gestão condominial, a Diretoria da CIPA disponibilizou todos os esforços para atender seus clientes e o mercado. “Por termos 60 anos de mercado, estamos preparados para prestar um atendimento completo em qualquer uma dessas novas necessidades, de forma técnica e presencial. É o serviço Gestão Integrada CIPA, que tem sempre uma alternativa adequada à realidade e ao porte de cada condomínio”, afirma Deborah O’Dena Mendoça, diretora da Unidade de Condomínio da CIPA Administradora. À medida que a profissionalização na gestão dos condomínios se desenvolve a passos largos, traz consigo benefícios para o condomínio como um todo. Isso se reflete, com certeza, na hora da cotação de um imóvel, em que todos os detalhes, como conservação, serviços, comodidade e cota condominial justa, contam para aumentar seu valor, trazendo o retorno que todos os proprietários esperam. JUL_AGO_SET 2014

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Condomínio por Cláudia Silveira

Todo cuidado é pouco! Saiba como tratar bem o piso do seu condomínio e evitar o desgaste Dúvidas sobre como tratar o piso do condomínio, normalmente diversificado conforme o ambiente, são mais frequentes do que se pensa. Funcionários e síndicos costumam não saber a melhor forma de cuidar de determinados materiais, o que pode colocar em risco o aspecto ou mesmo a durabilidade do piso. Afinal, há uma (quase) infinidade de produtos oferecidos no mercado para limpeza e polimento, mas nem sempre são compatíveis com o que se precisa. Nesses casos, vale mesmo a orientação de um especialista. Entre os pisos mais comuns em edifícios, sobretudo na área de circulação, estão o granito, o mármore e a granitina. A necessidade de restauração é facilmente percebida quando começam a perder o brilho. Para a contratação de uma empresa para esse serviço, o indicado é que ela tenha conhecimento no mercado e apresente uma proposta bem clara, que explique detalhadamente cada passo. “A empresa escolhida deve ter maquinário adequado, funcionários com conhecimento do assunto e, o mais importante, deve fazer uma demonstração 14

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do que é capaz para que todos possam avaliar o serviço”, recomenda Jean Santa Rosa, diretor da Astral Polimentos. Para evitar o desgaste, é recomendada a utilização de ceras próprias para cada tipo de revestimento, bem como o uso de tapetes ou passadeiras com, no mínimo, cinco metros – “para que a pessoa deixe todo o resíduo naquele tapete”. O uso de produtos químicos deve ser evitado. “Vejo muito capacho na entrada de prédio que mede 1 metro x 1 metro, ninguém para e limpa o pé”, afirma o especialista. As manchas nos pisos estão entre os principais vilões. “Um dos danos comuns em pisos de condomínio são manchas brancas (eflorescências) extraídas, de cal usado indevidamente no preparo da argamassa ou de cimento de qualidade inferior. Dificilmente consegue-se retirar essas manchas brancas impregnadas, principalmente em revestimentos escuros”, avisa Jean Santa Rosa. No caso de piso frio, é fundamental avaliar o PEI (Porcelain Enamel Institute), índice usado para classificar a resistência do esmalte do piso ou revestimento, se é vitrificado ou rústico. “Para


A síndica Marina Menezes Lazigne optou pela troca, porque o piso está desgastado

a manutenção, vale fazer uma aplicação de cera líquida três vezes por ano para manter a resistência do brilho no piso, lembrando que, de tempo em tempo, deve-se fazer uma remoção da cera velha e aplicar uma nova, não utilizando produtos alvejantes que possam danificar o piso.” O porcelanato apresenta maior resistência, “mas não quer dizer que não arranhe”, defende Jean Santa Rosa. “Hoje há produtos, técnicas e maquinários para a restauração do porcelanato. Porém, é importante ressaltar que também existe porcelanato de péssima qualidade que vem da China. O tratamento é o mesmo que o do piso frio.” “O melhor piso é o de granitina, muito usado em escadas de condomínios, segundo o especialista. “Uma vez polido, fica muito bonito; é comum em shopping centers. Depois desse, é o granito, por ser

duro e requerer pouca manutenção, ou seja, é ideal para portarias. Em seguida, os mármores, por serem mais fáceis de polir e restaurar – o mesmo processo de limpeza do granito serve também para o mármore. O porcelanato de piso claro tem o melhor resultado no polimento. Por fim, estão as cerâmicas, que não têm recuperação, ou seja, não há como polir”, explica. Mármore, granito e granitina sempre poderão ser restaurados. Só não é possível fazer o polimento se o piso estiver “blocado”, ou seja, quando a umidade do solo atinge o piso e, com os anos, o danifica. Jean Santa Rosa também fala sobre o piso adequado para cada espaço: “Portaria, granito; playground, cerâmica; piscina, pedra de são tomé; corredores, granitina; quadra de esporte, pintura, massa epóxi com pintura epóxi ou concreto.”

Jean Santa Rosa: “É importante que a empresa faça uma demonstração para que todos possam avaliar o serviço”

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Não tem jeito, só trocando! Quando não dá mais para polir, não há mais como fazer “emendas”, nada mais “segura” o piso. É chegada a hora de trocá-lo. Nesse caso, também é importante a busca por empresas referenciadas, idôneas, para que o serviço corresponda às expectativas. No Edifício Lucinha, no Riachuelo, Zona Norte carioca, a síndica Marina Menezes Lazigne, há quatro anos na administração, vive essa experiência. Depois de recuperar a pintura externa, buscou serviço especializado para a troca do piso da portaria e dos extensos corredores, que têm aproximadamente 100 metros cada um. O condomínio, de 108 apartamentos espalhados em nove andares de um único prédio, há quase 30 anos, segundo ela, não passava por uma reforma. Por conta do desgaste ao longo das décadas, pedaços de piso estavam soltos, pondo em risco a segurança dos moradores. Sem outra opção, deu início à substituição. “O piso está desgastado, manchado, quebrado, se soltando. O atual é pequeno, antigo, e ficaria caro comprar peças em um cemitério de azulejos. Até sugeri adquirir peças maiores que as atuais para cortar, mas ficaria uma tonalidade diferente porque há o desgaste natural do piso. A ideia é uniformizar e valorizar o ambiente com a troca, que será porcelanato ou cerâmica. O piso do salão de festas já foi trocado, é de porcelanato”, afirma.

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A retirada de manchas de pisos requer a consultoria de empresa especializada

Síndico, fique atento! Essa atenção à segurança dos moradores está prevista em lei. É que, em caso de acidente por causa de um piso irregular, deteriorado, o condomínio pode ser acionado judicialmente. Para tal, de acordo com o diretor jurídico da Associação Brasileira das Administradoras de Imóveis (Abadi), Marcelo Borges, seria necessária uma “apuração objetiva quanto às causas de um eventual acidente”. “Sendo comprovada a negligência da administração na manutenção das áreas comuns, o condomínio poderá ser responsabilizado, ficando o síndico passível de uma ação regressiva”, alerta. O advogado ressalta que o síndico poderá trocar a parte do piso que colocar em risco a segurança dos moradores, e não o piso todo, conforme dispõe o artigo 1341, § 1º, do Código Civil: “As obras ou reparações necessárias podem ser realizadas, independentemente de autorização, pelo

síndico ou, em caso de omissão ou impedimento deste, por qualquer condômino.” No entanto, Marcelo Borges alerta que, para a substituição de todo o piso, recomenda-se a convocação de uma assembleia. Em contrapartida, os moradores que se sentirem em situação de risco não devem restaurar ou trocar o piso por conta própria: “Recomendamos uma notificação ao síndico exigindo providências. Cabe ao síndico zelar pelas partes comuns do prédio e deve informar os condôminos sobre as regras a serem cumpridas. Caso seja omisso, poderá ser responsabilizado por negligência”, conclui.

Serviço Astral Polimentos Telefones: (21) 3970-6684 e 3905-1111 www.astralpolimentos.com.br


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atualidade por Fernanda Cubiaco

Ciclovias ganham a cidade Rio de Janeiro investe para ser mundialmente conhecido como Capital da Bicicleta Do Leme ao Pontal não há nada igual, já dizia Tim Maia. De ponta a ponta, serra, baixada, maciços litorâneos, bacias e ilhas compõem a geografia que fez do Rio de Janeiro a cidade mundialmente conhecida como maravilhosa e Patrimônio Cultural da Humanidade. Agora, o plano da Prefeitura do Rio de Janeiro é tornar a cidade conhecida como a Capital da Bicicleta. Mas será que dá pedal? Com investimento estimado em R$ 67.500, o plano da Prefeitura de fazer do Rio a Capital da Bicicleta, iniciado em 2009, vai além de contabilizar por toda a cidade 450 quilômetros de ciclovias até

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2016. Ele contempla o apoio à ampliação do projeto Rio Bike, de bicicletas públicas – que conta com o sistema Serttel/Samba e patrocínio do Itaú –, o aumento do número de estacionamentos para bicicletas pelas ruas, para incentivar a implantação desse mobiliário por empresas particulares, e campanhas de conscientização e educação para promover também a segurança da população. É lógico que os ciclistas não só apreciam essas metas da Secretaria do Meio Ambiente (SMAC), à frente desse projeto, como estão loucos pelo título para a cidade. Concordam com a expansão da ma-

lha, que hoje é de 371 quilômetros, que vai conferir ao Rio de Janeiro o segundo lugar em extensão de ciclovias na América Latina. Apoiam o projeto Rio Bike, que viabilizou para muita gente a chance de se locomover de laranjinha por aí, dando um novo colorido às ruas da cidade. Mas a percepção da meta que contempla as campanhas de educação e conscientização deixa a desejar. Basta circular pelas ciclovias e ver o que está acontecendo. Dia desses, uma ciclista deparou-se com uma jovem corredora que corria como se a pista fosse sua. A ciclista, ao pedir gentilmente que ela fosse para a direita, a fim de que


o espaço fosse usado de forma compartilhada entre as duas atividades, só faltou apanhar. Os xingamentos foram o auge da falta de educação; há falta de segurança não só com relação a roubos, mas porque as pessoas usam a pista como se estivessem no autódromo. Paulo Piniel, empresário com duas lojas para venda, revisão e aluguel de bicicletas, ambas localizadas na Zona Sul do Rio de Janeiro, diz que para a cidade se tornar a capital da bicicleta, há muito que melhorar. “Constantemente ouço de meus clientes os problemas que enfrentam nas ruas e nas ciclovias: desordem quanto ao uso da via; invasão de tudo que não é bicicleta; corredores e ‘andadores’ que ligam seus headfones e não querem saber de mais nada além do próprio metro quadrado; entregadores de mercadoria; táxis que invadem as ciclofaixas para pegar ou deixar passageiros e carros que nunca dão a preferência ao ciclista, entre outros problemas.” Além da questão da educação, o empresário chama atenção para a ausência de infraestrutura: “Faltam bicicletários nas principais avenidas, nas estações de metrô, em shoppings, bancos, cinemas; falta espaço para as bikes em ônibus, metrô, trens e barcas; falta policiamento nas vias, como no Aterro do Flamengo, onde acontecem constantemente assaltos.” Paulo já tentou assegurar suas bicicletas de locação, mas constatou que não há interesse por parte das companhias em comercializar esse serviço por muitos motivos, entre eles o

alto risco e a pouca falta de controle por não serem emplacadas. “Muitos turistas que circulam com nossas bicicletas de aluguel já foram assaltados. Na esperança de que as estatísticas ajudem a melhorar o policiamento para a região, preocupo-me sempre em fazer a ocorrência policial.” Mas, conclui Paulo, “nada muda”.

Medidas de segurança Coibir roubos é uma tarefa difícil, entretanto, raramente uma medida controversa como a relatada a seguir será adotada por aqui: Arariboia Tavares, delegado do 3º Distrito Policial de Campos Elíseos, em São Paulo, para inibir roubos e furtos de bicicletas na região central da cidade

de São Paulo, passou a apreender bicicletas de quem tivesse “cara de presidiário”, “tatuagem de cadeia”, “dentição podre” ou fosse “desocupado”. Em pouco mais de um mês, 20 bicicletas foram apreendidas. E a medida, polemizada. O critério ignora a chamada presunção da inocência (termo jurídico que significa que a pessoa é inocente até que provem o contrário, no caso de não haver flagrante). Dificilmente também você conseguirá assegurar sua bicicleta. Das três seguradoras que consultamos – Liberty, Porto Seguro e Kalassa – apenas a terceira assegura bicicletas que não sejam elétricas: sua bike precisará custar entre R$ 3 mil e R$ 15 mil para ser assegurada com cobertura em território nacional contra:

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No Condomínio Morristown, os 28 lugares do bicicletário estão utilizados. O síndico Rodney, atento à demanda dos moradores, já tem locais definidos para o novo estacionamento de bikes

• roubo/furto qualificado enquanto pedala; • roubo/furto qualificado dentro da residência; • roubo/furto qualificado enquanto transporta; • danos no transporte, desde que devidamente alocada em racks, tule etc., com vestígios de danos ao veículo transportador.

Condomínios, bicicletas e bicicletários Guardando as devidas proporções, as transformações urbanas estendem-se aos condomínios. Mais moradores compram mais bicicletas. Em busca da saúde e qualidade de vida, cumprem com suas bicicletas trajetos que antes fariam de ônibus. E com mais bicicletas nos condomínios, criou-se uma demanda: a de bicicletários. Como contam os síndicos dos prédios administrados pela CIPA, além de contribuir com os moradores, o bicicletário ajuda o ordenamento interno, mas, para funcionar, regras precisam ser criadas, assim como mecanismos de segurança. A síndica Elaine Schimtz Guardado, moradora do Condomínio Nobre de Laranjeiras e usuária de bicicleta há longa data, em abril de 2013, tão logo foi empossada, tomou como providência a instalação de uma filmadora na área do guardador de bicicletas do condomínio, que já havia tido registro de roubo de

bicicleta. “De forma geral, as câmeras servem para diminuir comportamento inadequado de condôminos e visitantes, evitando a depredação do patrimônio, e ações criminosas, ajudando também na identificação de invasores.” Com um investimento de R$ 1 mil, ela aumentou a sensação de segurança dos moradores do prédio com 36 apartamentos distribuídos em nove andares. Além da câmera, a síndica, que sai de Laranjeiras três vezes por semana para ir, de bicicleta, à Fundação Getulio Vargas, no Flamengo, diz que regras são primordiais. “Nas ruas da Zona Sul, não bastam ciclovias; deve haver placas de sinalização, entre elas as que indicam a presença de ciclistas.” No condomínio, as regras visam educar os moradores e apoiar os funcionários no gerenciamento do bicicletário do prédio, com lugar para 30 bicicletas. As regras são: • somente moradores do condomínio poderão se utilizar do bicicletário; • não há vaga reservada para a guarda de bicicletas; • mantenha a bicicleta sempre presa com corrente e cadeado; • tenha cuidado com outras bicicletas ao tirar e guardar a sua; • é proibido deixar as bicicletas sem serem dependuradas no gancho, bem como em qualquer área comum do condomínio, mesmo que temporariamente. O engenheiro Rodney Soares da Silveira, síndico há seis meses do CondoJUL_AGO_SET 2014

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Paulo Piniel, empresário que trabalha com venda e aluguel de bicicletas, diz que a questão da segurança é muito abrangente. São muitas reclamações e necessidades. Porém, para mudar para melhor, basta um olhar de cidadão e usuário de bicicleta para começar a fazer direito o que já poderia ter sido feito há muito tempo

mínio Morristown, em Laranjeiras, aprecia muito a ideia de o Rio se tornar a capital da bicicleta. Para ele, que há mais de dois anos doou duas bicicletas por não querer guardá-las em sua varanda, agora, pensa em comprar novas, pois lugar para guardar não faltará mais. O condomínio, de nove andares e 36 apartamentos, tem um mobiliário de 28 lugares e o síndico já tem programa para a área onde o próximo bicicletário será instalado. Outra ideia legal de Rodney, ao saber que os entregadores que usam bicicleta chegam a fazer 11 mil entregas por dia no bairro de Copacabana, segundo dados da ONG Transporte Ativo, foi instituir uma gentileza: ele autoriza, mediante identificação,

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que os entregadores que usam a bicicleta como meio de locomoção deixem a magrela na garagem enquanto fazem calmamente a entrega na casa dos moradores. Dessa forma, eles têm a certeza de encontrar seu veículo de transporte e as mercadorias nele contidas quando voltarem.

Quanto custa? Bicicletário Segundo o Departamento de Comunicação da Soluwan Comércio de Equipamentos Ltda., nos últimos três anos, houve, aproximadamente, 20% de aumento nas vendas desse quesito a cada ano. Não só pela demanda crescente de bicicletas nos

condomínios, mas também por uma questão de ordem. Por exemplo, os bicicletários de parede são procurados para o melhor aproveitamento de espaço nos condomínios. Feitos de aço galvanizado e pintura eletrostática, eles têm boa conservação. O preço de um mobiliário com oito lugares, com 2 metros de comprimento e 2 metros de largura, é R$ 295. Custo-benefício bem interessante. Bicicleta O empresário do ramo de bicicletas Paulo Piniel tem à venda em suas lojas bicicletas de uso urbano: “Temos bikes confortáveis, dobráveis, elétricas, vintage e clássicas. Nacionais e importadas. O alu-


mínio e o aço inox, materiais que resistem mais ao clima do Rio de Janeiro, são itens que agregam a composição de quase todos os modelos à venda na loja, que atendem ao estilo e comportamento do carioca.” Veja quanto custam: bicicleta dobrável: de R$ 739,00 a R$ 1.699,00; bicicleta elétrica não dobrável: de R$ 2.999 a R$ 3.699; bicicleta elétrica dobrável: R$ 3.899; bicicleta clássica: R$ 1.199.

Aluguel de bicicleta pública O Bike Rio, inspirado no projeto frânces Vélib, tem hoje 60 estações distribuídas nos bairros de Copacabana, Ipanema, Leblon, Lagoa, Jardim Botânico, Gávea, Botafogo, Urca, Flamengo, Centro e Parque Madureira. Com o aumento na extensão das ciclo-

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No Condomínio Nobre de Laranjeiras a síndica Elaine investiu R$ 1 mil para colocar câmeras que ajudam a coibir comportamento inadequado de condôminos e visitantes, ações criminosas, depredação do patrimônio e identificar invasores, promovendo maior sensação de segurança aos moradores

vias e ciclofaixas, a meta é chegar a 200 estações, com a oferta de 2.600 bicicletas. Sobre o sistema francês Vélib – uma junção das palavras bicicleta e liberdade (“vélo” + “liberte”) –, ele começou em julho de 2007. Foi concebido pela Prefeitura de Paris com concessão de operação à iniciativa privada por dez anos. Lançado para a população com 11 mil bicicletas distribuídas em 750 estações, hoje o sistema conta com 23 mil bikes para locação.

Veja quanto custa e como alugar Passe mensal R$ 10 (válido por 30 dias). Passe diário (uso eventual/sem cadastro) R$ 5 (válido por 24 horas). Como fazer: acesse o site www.movesamba.com.br/bikerio e clique na opção “Cadastre-se”; no menu, clique em “Comprar passe”, leia as instruções de uso, confirme seu passe mensal e informe os dados do seu cartão de crédito. Veja no mapa do site a localização das estações de aluguel e dirija-se a qualquer uma delas para retirar a bicicleta. Ligue do seu celular para o número 4003-6054, ouça as informações sobre regras e tarifas e digite os dados do seu cartão de crédito. O telefone usado para a compra do passe diário deverá ser o mesmo utilizado para a liberação da bicicleta.

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Como estar seguro? Para estar seguro temos que agir como na condução de um veículo automotor e pedalar nossas bicicletas de forma preventiva, a fim de não atropelar aquela senhorinha de 80 anos quando entrar a toda na calçada. Também não dá para usar a ciclovia como pista de corrida entre 7 horas e 10 horas manhã. Quem quiser treinar, precisa madrugar. Mais uns toques que valem a pena para sua proteção: • use capacete e cotoveleira; • cheque freios e pneus antes de começar a pedalar; • cheque equipamentos obrigatórios, como farolete e buzina; • conheça as leis de trânsito e ande no sentido dos carros; • respeite os sinais de trânsito; • redobre a atenção nos cruzamentos; • proteja sua pele do sol; • utilize refletores para o uso da bicicleta à noite.

Links úteis www.mobilize.org.br www.ta.org.br www.rio.rj.gov.br www.mobilicidade.com.br Serviço Soluwan (21) 3860-7030 - www.soluwan.com.br Velô e-Bike Store (21) 2523-4315 / 3442-4315 / 99476-9444


condomínio

Cisternas em dia Manutenção adequada dos reservatórios inferiores garante economia e qualidade de vida aos moradores A manutenção dos reservatórios inferiores de água é de extrema importância para o bem-estar e para a saúde dos moradores. Isso porque cisternas malcuidadas podem ficar comprometidas por vazamentos, o que afeta diretamente o bolso de todos, sem falar que a contaminação da água pode acarretar enfermidades como diarreia, hepatite, leptospirose e diversas verminoses. O engenheiro civil Orlando Sodré, consultor do Secovi Rio, explica que, na maioria das vezes, problemas com a qualidade da água que chega aos moradores estão associados à falta de cuidado e manutenção com os reservatórios, tanto dos inferiores (cisternas) quanto dos superiores, nos quais a água é armazenada antes de descer para as unidades. “É importante atentar para a falta de manutenção dessas áreas, especialmente se forem feitas de concreto ou cimento-amianto. Comumente, encontramos algumas caixas-d’água que não são limpas há três, quatro ou até mesmo cinco anos. Às vezes elas estão sem tampa, ocasionando a decomposição de matéria orgânica por causa da mistura da água da chuva e folhas com a do reservatório”, alerta Sodré, especializado em estruturas. Por isso é preciso que os síndicos fiquem bem atentos. Márcio Mendonça, do condomínio Ker Mar, com cinco pavimentos e nove unidades, em Ipanema, acompanha de perto a situação dos reservatórios inferiores, que têm capacidade para cerca de 40 mil litros. “No ano passado contratamos o serviço de impermeabilização e fizemos a limpeza regularmente de acordo com as normas”, reforça o gestor.

A inspeção periódica de cisternas, reservatórios superiores, bombas de recalque e barriletes também é prioridade para Mendonça, que gasta mensalmente de R$ 5 mil a R$ 10 mil com manutenção. O síndico, que é engenheiro civil e exerce a função há três anos, garante nunca ter tido problemas graves de vazamento ou trincamento nos sistemas de armazenamento. “É prioridade cuidar da manutenção do edifício, que já tem mais de 50 anos e precisa de cuidados”, arremata, afirmando que a próxima medida será substituir a tampa de concreto do reservatório inferior por um modelo mais leve, de alumínio ou aço.

Culpa de quem? Segundo informações da Companhia Estadual de Água e Esgoto (Cedae), diariamente são monitorados, através JUL_AGO_SET 2014

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do trabalho da Gerência de Controle de Qualidade de Água, milhões de litros em sua rede de tubulações subterrâneas até chegar à rede interna dos prédios, principalmente à cisterna, obedecendo a parâmetros como cor, turbidez, colimetria (quantidade de elementos patológicos), níveis de cloro e flúor. Mas por que nem sempre os resultados das análises nos condomínios são positivos? Orlando Sodré alerta que em diversos prédios as tampas dos reservatórios não atendem aos requisitos mínimos determinados na NBR 5.626, da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), segundo a qual os reservatórios devem ser estanques, com tampa ou porta de acesso firmemente presa, com vedação que impeça a entrada de líquidos, poeiras, insetos e outros animais. “Assim sendo, não é possível instalar tampas que não permitam a isolação do reservatório no tocante à entrada de águas pluviais”, completa. Vale ressaltar que, de acordo com o artigo primeiro da Lei Estadual nº 1.893/1991, todos os estabelecimentos do estado do

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Rio, públicos ou privados, que mantenham reservatórios de água destinados ao consumo humano, são obrigados à execução semestral de limpeza e higienização desses reservatórios da água, bem como à realização de análise bacteriológica da água imediatamente após a limpeza.

Atenção a cisternas malconservadas Como as cisternas são reservatórios de água que ficam apoiados sobre o solo ou enterrados, é fundamental observar vazamentos ou problemas de deficiência no sistema de impermeabilização. “São problemas graves, uma vez que podem gerar a contaminação de água por causa da presença de lençol freático ou vazamentos em tubulações de esgoto que passem nas proximidades”, alerta Sodré. É importante também o síndico proibir a passagem de tubulações de esgoto ou mesmo de águas pluviais dentro dos reservatórios. Quanto à manutenção para assegurar a boa qualidade da água, é ne-

cessário fazer a limpeza e a desinfecção. “A limpeza deve observar os procedimentos preestabelecidos na NBR 5.626. Então, recomenda-se que não sejam empregadas máquinas de alta pressão para a lavagem das paredes internas, o que pode gerar risco de ruptura ou perda de aderência nos sistemas de impermeabilização.” É recomendável que a desinfecção e a limpeza sejam feitas, pelo menos, uma vez ao ano. Após a realização de cada procedimento, devem-se atualizar o registro e a informação. É também indicado que ensaios físico-químicos das águas armazenadas sejam feitos.


A impermeabilização É uma técnica que consiste na aplicação de produtos específicos em determinadas áreas da edificação (lajes, paredes ou reservatórios), com o objetivo de protegê-las da ação da água. O engenheiro civil e diretor da Impergold – empresa que atua no ramo há 25 anos –, Mário D’Acri, ratifica que a impermeabilização tem um papel superimportante: além de manter as cisternas em ordem, ajuda a proteger as ferragens do concreto armado, garantindo a estabilidade da estrutura da edificação. Ele esclarece que existem vários tipos de impermeabilização, mas a mais recomendada é aquela feita com manta asfáltica, mais resistente a trincas ou fissuras. “É indicada para caixas-d’água e reservatórios inferiores”, completa. Nas construções novas a intervenção com manta asfáltica varia de R$ 80 a R$ 100 o metro quadrado. Nas reformas de cisternas já construídas, o preço pode alcançar R$ 200 o metro quadrado. “A du-

rabilidade de uma impermeabilização com manta asfáltica pode chegar a 20 anos”, recomenda o engenheiro. Uma alternativa mais em conta seria a utilização da argamassa polimérica, cujo metro quadrado pode custar metade do preço. “Em compensação, o tempo de vida útil é de apenas cinco anos”, alerta Mário.

Problema invisível Muitas vezes o síndico não se dá conta de que, apesar de todo o esforço para economizar água, o condomínio acaba sofrendo com o desperdício por conta dos vazamentos invisíveis nos reservatórios inferiores. Quando as cisternas perdem água por causa do desgaste da impermeabilização das lavagens periódicas, as consequências são infiltração no solo e aumento da conta de água. As bombas de recalque também podem ser afetadas e corroídas por causa dos vazamentos. Daí a importância da impermeabilização, que, quando bem-feita, pode durar

até dez anos. Importante ressaltar que os produtos impermeabilizantes do mercado não alteram a potabilidade da água. Veja, a seguir, as causas mais comuns de infiltração: • falta de previsão para a manutenção da impermeabilização; • o sistema de impermeabilização escolhido não atender às necessidades; • os trabalhos de impermeabilização terem sido executados sem segurança e em canteiro de obras não adequado; • por questões de custo, a montagem das ferragens e a concretagem terem sido executadas antes que a cura da argamassa de proteção tivesse a resistência necessária.

Serviço Impergold – 3286-4656 www.impergold.com

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informe

Estatísticas de Imóveis Ofertados Por Tipo Imóvel Aluguel

Por Tipo Imóvel Venda

8% 8% 18%

28%

37%

22%

19% 9% 11% 11%

29% 1.103

Apartamento (3 quartos)

1.464

Apartamento (2 quartos)

864

Apartamento (2 quartos)

1.229

Apartamento (3 quartos)

522

casa

703

casa

242

Apartamento (4 quartos)

688

242

cobertura

sala

Apartamento (1 quarto) OUTROS

1.146

585 1.804

outros

total 6.435

TOTAL 4.119

Por Bairro Imóvel Aluguel

Por Bairro Imóvel Venda

Por Finalidade 1% 0%

43%

4%

33%

1.345

barra da tijuca

416

centro recreio dos bandeirantes IPANEMA outros

51% 10% 5%

5%

copacabana

20%

214 210 151 1.778

total 4.114

11% 7%

39% 60%

6% 5% 1.283

barra da tijuca copacabana

687

venda

6.435

recreio dos bandeirantes

456

aluguel

4.119

IPANEMA

369

temporada

leblon

349

LANÇAMENTO

outros

3.288

138 35 total 10.727

total 6.432

fonte: abadi

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Legislação

ITBI aumenta valor de taxas cobradas por cartórios no Rio Quem pretende comprar imóvel sabe bem que é preciso reservar parte do dinheiro para pagar as certidões, a escritura e o registro de imóveis. O problema tem sido calcular o quanto reservar para essas taxas cobradas por cartórios. É que, desde o ano passado, essas cobranças não têm mais valor fixo e são calculadas com base no valor do imóvel arbitrado pela Prefeitura para o cálculo de outro imposto, o Imposto de Transmissão de Bens Imóveis (ITBI). E como esse valor é, muitas vezes, mais alto do que o efetivamente pago pelo imóvel, o pagamento das taxas não só vem pesando no bolso, como dando alguns sustos nos novos proprietários. A escritura e o registro de um imóvel com valor arbitrado em um R$ 1 milhão, por exemplo, custariam mais de R$ 5 mil. Não à toa tem aumentado a procura por esclarecimentos a respeito do assunto nos escritórios de advocacia especializados em direito imobiliário. Em alguns casos, o crescimento chega a 40%, como conta o advogado Arnon Velmovitsky. “Os clientes não entendem o porquê dessa diferença absurda de valores cobrados pelos cartórios e reclamam muito. O valor não é insignificante e não guarda qualquer sintonia com o serviço prestado. A escritura de um imóvel que custou R$ 50 mil e outra de um imóvel que custou R$ 2 milhões significa rigorosamente o dispêndio do mesmo trabalho.” A jornalista Andréa d’Egmont se revoltou com as taxas que precisou pagar ao

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comprar seu imóvel. “A gente é obrigada a pagar muito mais por coisas que a vida moderna já não comporta. Ter que tirar todas as certidões a que somos obrigados na compra de um imóvel é totalmente absurdo em tempos de internet. Isso poderia e deveria ser disponibilizado em sites. Além disso, a escritura e o registro são atos cartoriais. Que diferença faz quanto eu paguei pelo imóvel para o cálculo dessas taxas?”, indaga ela, que teve o imóvel avaliado pela Prefeitura por um valor 30% mais alto ao efetivamente pago.

Em 55% das vendas, valor arbitrado é maior Casos assim, aliás, são maioria no Rio. Segundo a Secretaria Municipal de Fazenda, no ano passado, em 55% das 64.283 guias de ITBI pagas, os valores arbitrados pela Prefeitura estavam acima do valor declarado pelos compradores. Ou seja, tem muita gente gastando mais do que deveria com impostos e taxas pagos na compra de um imóvel. Até porque, embora seja possível pedir a revisão desses valores, apenas 2% dos compradores costumam fazer isso. Nos últimos seis anos, foram cerca de 1.200 pedidos por ano, apenas. A explicação é simples. Boa parte das pessoas compra imóveis financiados e o crédito só é liberado pelos bancos após o registro da propriedade ser efetuado. Como, para isso, é preciso comprovar o pagamento

do ITBI, muita gente amarga o prejuízo para não correr o risco de perder o negócio. O uso do valor arbitrado pela Prefeitura para o cálculo das taxas cobradas em cartório foi estabelecido pela Corregedoria Geral de Justiça do Estado (CGJ) e passou a valer em março do ano passado. Com isso, uma escritura que custava, independentemente do valor do imóvel, entre R$ 1.200 e R$ 1.400, passou a valer, no mínimo, R$ 2 mil. E isso para os imóveis de até R$ 400 mil. A partir desse valor, a cada R$ 100 mil a mais no preço de compra, a taxa sofre um acréscimo de R$ 105,77, a título de emolumentos. A mudança foi uma forma de igualar o Rio a outros estados onde as taxas já eram definidas dessa forma. Os registros nos cartórios de registro geral de imóveis, que têm preços similares aos das escrituras, também obedecem à mesma lógica. Outra alteração importante feita pela CGJ é que a base de cálculo dos emolumentos não é mais o valor declarado na escritura. Vale o que for mais alto: o valor da escritura ou o arbitrado pela Prefeitura para a cobrança de IPTU ou ITBI. “São Paulo seguia esse critério há muitos anos e vinha gente de lá para fazer escritura no Rio”, conta o advogado Hamilton Quirino, acrescentando que parte das custas cartorárias é distribuída para inúmeros órgãos, entre os quais a mútua dos magistrados. Fonte: O Globo.


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notas

Economia: aquecedores a gás para centrais de ar-condicionado

e piscinas

Os sistemas de ar-condicionado movidos a gás permitem redução de até 55% nos custos de energia. Podem ser usados em shoppings, lojas, estabelecimentos comerciais em geral, hospitais, escolas, hotéis etc. A climatização a gás pode ser utilizada em áreas a partir de 75 metros quadrados. Muitas piscinas no Rio já são aquecidas com gás canalizado. A instalação é simples, segura, sem quebrar pisos e paredes, e o aquecimento pode ser utilizado em piscinas novas ou já existentes. Essa aplicação do gás canalizado é muito solicitada por clubes, academias de ginástica e condomínios.

Inverno é tempo de reformar a piscina Quem pretende construir ou reformar a piscina deve aproveitar o inverno. Nessa época, as chuvas diminuem e a conclusão da obra e os riscos de problemas reduzem consideravelmente. Entre os meses de julho e outubro, quando a temperatura cai e há a estiagem, é hora de preparar o terreno para o verão, que certamente virá com altas temperaturas. Síndico, esta é a hora de levantar as mangas e fazer orçamentos!

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Paisagismo por Paulo Ferreira

Cuidados com o jardim no inverno (e de inverno) Deixando o prédio mais florido em épocas mais frias Jardins, flores e plantas combinam bem com dias ensolarados e amenos, típicos da primavera. Com a chegada do inverno, eles não costumam ser as estrelas e receber tanta atenção. No entanto, cuidar da flora – e valorizá-la nesse período – costuma dar excelentes resultados e encher os condomínios de beleza. Sejam jardins ao ar livre ou de inverno (internos), sejam grandes ou tímidos, esses pedaços da natureza podem impressionar em uma estação na qual estão longe de ser os protagonistas. Os especialistas dizem: vale a pena dar atenção às plantas e flores nesse período. Além de haver espécies de plantas que gostam do frio, como azaleia, gardênia, camélia e quaresmeira – ou seja, a estação

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é a época ideal para plantá-las –, a manutenção é menos trabalhosa. “Com a chegada do inverno, muitas plantas entram em processo de hibernação

e adormecem. Nessa época, as flores e as árvores se alimentam menos e diminuem a velocidade de seu crescimento vegetativo. Por esse motivo, durante todo o período de inverno, as plantas vão precisar de rega somente quando a terra estiver ficando seca. É bom lembrar que o frio faz com que a evaporação da água fique mais lenta e que, nesse período, não será preciso regar as plantas todos os dias. Frio e água em excesso são a combinação ideal para o surgimento de pragas ou fungos que apodrecem as raízes”, indica Nanci Santos, da Raphia Jardins. O paisagista Maurício D´Cotta, da Rio Jardins, reforça o alerta de Nanci e diz que, no inverno, as plantas estão adormecidas e


mais suscetíveis a pragas e doenças. Para ele, a rega tem que ser diminuída, mas em parte, pois se a vegetação estiver exposta ao sol e receber bastante vento, a rega deve ser feita normalmente. “Com relação ao defensivo, deve ser sempre orgânico e o adubo, natural, como o feito à base de algas marinhas.” A síndica Mabel Pantoja, do Condomínio Solar dos Guimarães, em Vila Isabel, leva muito a sério essas recomendações. Os jardins que mantém no play e na fachada da frente do prédio têm os cuidados do jardineiro contratado mensalmente para fazer a manutenção de flores e plantas. “Seguimos tudo à risca. E para os jardins continuarem belíssimos, seja em que estação for, contamos com a ajuda de um profissional”, conta. A atitude de Mabel tem o apoio dos especialistas: na hora de projetar e cuidar de uma área verde, é sempre recomendável a orientação de um profissional.

“Ter um jardim é um desejo de muitas pessoas. Por isso, antes de sair escolhendo as plantas, é importante pensar nas características do ambiente, e um especialista é essencial para essa e outras providências”, recomenda Nanci. Em boa parte dos condomínios, o verde é sempre utilizado para trazer delicadeza e leveza à aridez e à dureza do concreto. E se

os grandes condomínios têm no tamanho a vantagem para explorar amplas áreas com vegetação e flores, qualquer edifício pode tirar proveito de áreas variadas, não importa o tamanho. Alguns recorrem a áreas mínimas, como o síndico Gabriel Habib, do Condomínio Alto Sorocaba, em Botafogo, que elegeu as áreas próximas à piscina para a instalação de um pequeno jardim.

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O síndico Gabriel Habib utilizou espaço reduzido perto da piscina para criar um jardim

“Reformamos esse jardim há um mês com plantas resistentes tanto ao frio como ao calor. Áreas verdes sempre são bem-vindas”, diz Gabriel. Em outros casos, pode-se recorrer também aos chamados jardins de inverno ou de interior. Para tanto, qualquer área do prédio pode ser utilizada, como vãos e portarias. Só que, para esses jardins, os especialistas dizem que alguns cuidados devem ser tomados. Um jardim de inverno pode dar um toque bem especial. Mas para que tudo dê certo é preciso ficar atento à luminosidade do local e à ventilação. Há que se ter um pouco de criatividade, saber aproveitar o espaço e escolher plantas e objetos certos para a decoração. Quanto aos cuidados, é preciso estar atento aos intervalos das regas. Em jardins de inverno, a água costuma evaporar lentamente, so-

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bretudo, na estação mais fria. Nesses casos é preciso ficar atento porque água demais apodrece as raízes. Também é bom cuidar da limpeza das folhas das plantas com esponja umedecida em solução de água fria com algumas gotas de detergente biodegradável. Isso ajuda a manter o viço e o frescor da planta”, recomenda Nanci. “O que é conhecido como jardim de inverno na verdade é jardim de interior, pois o inverno não é tão rigoroso no Brasil”, explica Maurício. “A tendência atual, nesse caso, são os jardins verticais, que utilizam espécies para dar volume, cor e geometria, como peperone, renda portuguesa, iresine, bromeliácea, chifre-de-veado e, claro, orquídea, que dá ao jardim classe, elegância e bom gosto.” Os especialistas apontam que, para se criar um jardim, basta ter um cantinho livre no play, na entrada social, no corredor, na

portaria ou até mesmo em paredes. Mas é bom lembrar que cada cantinho ou grande espaço vai necessitar de um tipo de planta específico. Em locais onde haja luminosidade ou pouco sol, vale usar plantas que necessitam de pouca água: espada-de-são jorge, palmeira-ráfis, pleomeles e pacova. Painéis com orquídeas ou bromélias também podem ser uma ótima ideia para decorar locais pouco ensolarados. Já em locais ensolarados, camarão-amarelo, petúnia, ixora, cacto, agave, pingo de ouro e girassol são indicados. “As plantas encontram seu esplendor em áreas abertas, o que dispensa a adubação constante, já que a própria natureza se incumbe de protegê-la”, explica Maurício. “Ainda assim, todas as áreas são indicadas para criar um jardim, mas é bom evitar, por exemplo, coberturas de garagem, que sempre estão propensas a infiltrações.”


Em se plantando tudo dá Antes de plantar um jardim em seu condomínio, fique de olho nas dicas dos paisagistas Maurício Cotta e Nanci Santos: • hoje a previsão de durabilidade de um jardim, nas tendências do paisagismo, é de três a cinco anos. Após esse período, vale manter as espécies mais nobres e dar uma repaginada no layout e nas forrações, que podem ser, por exemplo, cascas de pínus e pequenas pedras; • ainda sobre as forrações, uma alternativa são as vegetais – entre elas grama pelo-de-urso, liríope e clorofito –, mas são mais difíceis de usar, pois dependem do jardim, se ele está sob o sol ou a sombra. Para delimitar o jardim, pode-se usar o limitador, borracha verde para dividir o espaço;

• tanto em áreas abertas como em jardins internos deve-se respeitar a quantidade de água necessária para cada planta. Para que não se tenha que ficar regando planta por planta em um jardim, é recomendada a escolha de plantas com necessidades de água semelhantes, para que todas sejam regadas ao mesmo tempo, o que facilita o processo. Por exemplo, seria uma mistura muito ruim um cacto com um bambu, um deles tende a sofrer com excesso ou falta de água; • as espécies mais nobres, e consequentemente mais caras, são também as de maior longevidade e as que com o passar do tempo vão ficando mais bonitas e encorpadas. Entre elas estão algumas palmeiras, como a areca-bambu, muito comum nos projetos de Burle Marx.

Maurício Cotta: paisagista indica plantas com mais longevidade para resistir às estações

Serviço Raphia Jardins www.raphiajardins.com.br Rio Jardins www.riojardins.com.br

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Cidade

Obras no Joá prometem Intervenções têm que ficar prontas até as Olimpíadas de 2016 Mais uma obra promete agitar o trânsito da cidade: o Elevado do Joá vai entrar em obras, que deverão estar prontas até as Olimpíadas de 2016. A Companhia de Engenharia do Tráfego (CET-Rio) já está concluindo os estudos para amenizar o impacto das obras e tentar reduzir congestionamentos. Tarefa quase impossível, mas não custa tentar... Até porque, haverá detonações com dinamite nas rochas para a construção de um novo tabuleiro superior. Então, o elevado terá que ser interditado pelo menos uma vez por dia, por 15 minutos. Com canteiros de obras já instalados, os motoristas já perceberam que a obra está vindo com tudo: as detonações serão para a abertura de dois novos túneis – um com 250 e outro com 400 metros de extensão. Elas devem começar no fim de agosto ou nos primeiros dias de setembro. O presidente da Geo-Rio, Márcio Machado, explicou que será adotada uma série de medidas preventivas antes do início das explosões. “Vamos convocar os moradores de cerca de 300 casas da Joatinga para uma reunião e apresentar os detalhes da obra. Explicaremos que todos os imóveis passarão por inspeção cautelar, para se documentar em que estado se encontram antes das detonações. Isso permitirá detectar qualquer anormalidade causada por elas.”

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As residências do Joá serão monitoradas preventivamente pela Prefeitura, a exemplo do que está sendo feito em Ipanema e no entorno das obras do Porto Maravilha. Em relação ao horário das detonações, Machado afirma que ainda será combinado com a CET-Rio. No entanto, a tendência é que ocorram no início da tarde, quando o volume de carros em circulação é menor.

Machado acrescenta que, na maior parte do tempo, as obras não vão interferir no trânsito, porque operários vão trabalhar fora dos limites das pistas existentes, por onde também circularão os caminhões. Além disso, boa parte dos resíduos das escavações e detonações será reaproveitada na própria obra, reduzindo a movimentação de veículos de carga.


Olimpíadas, que acontecerão em agosto. Em março, porém, a Prefeitura havia previsto que todos os serviços estariam concluídos até dezembro de 2015. O presidente da Geo-Rio conclui: “Durante boa parte das obras, os trabalhos serão imperceptíveis para os usuários da Niemeyer, porque as escavações em rocha serão feitas diretamente no costão.”

Custo e projeto A ampliação do Joá está orçada em R$ 457,9 milhões e será realizada com financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O anúncio do empréstimo foi feito pela presidente Dilma Rousseff no dia 1º deste mês, quando ela esteve no Rio para inaugurar as obras do BRT Transcarioca. Com a ampliação, o Joá ganhará duas pistas paralelas às existentes, com cinco quilômetros de extensão (somados viadutos e túneis) cada uma, no tabuleiro superior (sentido São Conrado–Barra). Se houver necessidade, essas pistas poderão ser operadas como reversível. Durante as Olimpíadas, porém, elas deverão ser usadas exclusivamente para a circulação da chamada “família olímpica” – atletas, técnicos, árbitros e dirigentes esportivos – entre a Barra da Tijuca e a Zona Sul. As obras serão realizadas nas imediações da Igreja de São Conrado, na altura da Rua Embaixador Gabriel Landa, até a Avenida Ministro Ivan Lins, na altura da Ponte Velha. Canteiros de antigas intervenções

Ciclistas também serão comtemplados

serão reaproveitados. Três imóveis na Praia do Pepê já estão sendo desapropriados pela Prefeitura para a realização das obras. Os trabalhos vão durar dois anos e a previsão é que sejam concluídos às vésperas das

Seguindo a onda sustentável e para ampliar ainda mais as ciclovias existentes na cidade, o projeto prevê também uma ciclovia contígua às faixas de rolamento do elevado, do lado do mar. Ela será interligada à outra via para bicicletas, ao longo da Avenida Niemeyer – os preparativos para essa obra começaram em junho. Com as duas ciclovias concluídas, será possível ir de bicicleta do Centro ao Recreio dos Bandeirantes, atravessando toda a orla da Zona Sul. No caso dessa obra, não haverá necessidade de interdição no trânsito.

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segurança por Wanja leite

Rede, pra que te quero?

Não, as redes não alteram a fachada. Elas são consideradas essenciais para a proteção de incapazes (leiam-se aí crianças, animais, pessoas especiais ou com transtornos mentais). A única coisa que se pede é que o morador obedeça ao padrão indicado pelo prédio, senão vira carnaval, e a ideia não é essa, pelo menos não na maioria dos condomínios. Bem, mas essa já é outra história. Esta matéria tem a finalidade de alertar àqueles que pensam que gatos realmente têm sete vidas ou que o anjo da guarda das crianças está sempre atento. É lenda, gente... Nós é que somos responsáveis por sua segurança, inclusive legalmente. Não que a providência divina não atue – longe de mim cometer uma gafe dessa aqui em

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público –, mas a gente tem que dar uma mãozinha aos anjos da guarda. Thiago Castro, sócio-proprietário da empresa especializada em redes de proteção desde 1995, a Telas Guaratiba, informa que cada vez mais as pessoas têm investido nas telas por conta da invasão de animais em residências: “Quando a pessoa contrata o serviço, já sabemos a finalidade e instalamos a rede indicada para o caso. Se for para evitar a entrada de morcegos e pombos, por exemplo, a indicada é uma que tem a malha reduzida”, informa. Outra dica de Thiago é que os moradores não permitam que outros fornecedores, como empresa de toldos, retirem e recoloquem as redes para fazer seu serviço: “Eles não saberão reinstalá-las; assim,

Heloísa Morgado, em Botafogo. A família está completa: o casal e três filhos: Pedro, 17, João Gabriel, 11, e o caçula da família, Tobby, um lindo cãozinho

a segurança estará em jogo e a garantia, quebrada”, afirma. O especialista informa ainda que a garantia das redes é de três anos, podendo durar mais, mas se alguém a retirar por algum motivo, certamente não vai ficar igual. Que a rede dura mais de três anos, a gente sabe, mas o tirante, aquela cordinha que passa por toda a lateral da rede, pode precisar de manutenção. Não custa nada chamar a empresa, aliás, custa sim, pode custar a vida de algum ente querido. Foi mais ou menos isso que aconteceu na casa de Heloísa Morgado, em Botafogo. A família está completa: o casal e três filhos: Pedro, 17, João Gabriel, 11, e o caçula da família, Tobby, um lindo cãozinho muito acostumado com os mimos de todos. Volta e meia no colo, foi colocado pelo marido, José Manuel, no parapeito da janela. Tudo bem, claro, havia rede de proteção. Só que não. A rede estava frouxa (bem no tirante sobre o qual o especialista da Telas Guaratiba informou) e pluft! Tobby despencou do 10º andar. Enquanto os homens da família ficavam atônitos com a cena, Heloísa descia rapidamente os 10 andares, pela escada, rumo à portaria para recolher o bichinho, sem saber o que iria encontrar. E não é que o anjo da guarda do Tobby estava de plantão?! Ele caiu em uma palmeira frondosa e foi, de galho em galho, tendo sua queda amortecida e, finalmente, caiu num arbusto perto do chão. Foi dali mesmo para a veterinária e, depois de muitos exames e uma noite de observação, foi atestado: o cãozinho highlander nada sofreu! E Heloísa mandou trocar as redes no ato. Lição aprendida pela dor.


Marineide Mesquita, assessora de condomínios da CIPA, também está mais alerta à necessidade de manutenção das redes. Infelizmente por uma causa triste. Ela nos mandou seu depoimento.

Rede que salva

Luiz Cláudio Terra, sócio-proprietário da Acqua Redes, também especializada na instalação e manutenção de redes de proteção, afirma que muitas pessoas também instalam redes para que os vasos de planta não caiam do parapeito. “Eu diria que 60% da procura é para proteger crianças, 30%, animais e 10%, por outros motivos.” Ele conta que tem muitos clientes que instalam telas para se protegerem da invasão de micos e até mesmo de macacos-prego, muito comuns em bairros onde há vasta vegetação, como Jardim Botânico, Gávea e Copacabana. Na hora da manutenção, Luiz Cláudio alerta: se os ganchos que prendem a rede forem galvanizados, a troca é obrigatória. Mas se forem de aço inox, é preciso fazer uma avaliação, pois, se estiverem em boas condições, não é necessária a troca. Quando perguntam a ele se é proibida ou não a instalação, Luiz Cláudio é enfático: não é proibido, inclusive há uma lei estadual (Lei 6.406/13) que dispõe sobre a obrigatoriedade, no estado do Rio de Janeiro, de informações da tensão máxima que telas, redes de proteção e guarda-corpos suportam e dá outras providências. “O que é recomendado é seguir o padrão adotado pelo prédio”, afirma. Segundo Luiz Cláudio, a NBR 16.046 define os requisitos de fabricação e instalação e da corda utilizada para a fixação que as redes comercializadas têm que seguir. Sua empresa, a Telas Guaratiba, confia em dois fabricantes que ele sabe que atendem às normas. “Tenho que oferecer segurança a meus clientes”, ressalta. A garantia é de três anos, mas a durabilidade, segundo ele, fica entre cinco e oito anos. Entretanto, a manutenção é sempre recomendada.

“No dia 20 de maio de 2013, depois de sair da CIPA, meu celular tocou. Alguém me disse: ‘O João Vítor caiu da varanda.’ Naquele momento, acho que fiquei surda ou não queria entender. Atrás de mim vinha um colega de trabalho, o Denilson. Peguei o celular e disse pra ele: ‘Atende pra mim, pois estão dizendo que meu filho caiu da varanda.’ Infelizmente, era verdade. Meu anjo azul de 11 anos (digo isso pois ele é autista) tinha despencado da varanda de nosso apartamento, que fica no quinto andar. Os momentos que se seguiram foram de muita angústia e dúvidas, pois ninguém diz para uma mãe por telefone que seu filho morreu. Pois João Vítor subiu numa cadeira, balançou a rede de proteção da varanda, que se soltou do gancho, e caiu. Despencou 18 metros e caiu numa outra rede, a da quadra. Cheguei ao hospital e subi para vê-lo. Ele estava entrando no centro cirúrgico. Deitado na maca, olhei para ele, que estava apenas com um pequeno arranhão no joelho, mas não se mexia. Os enfermeiros fizeram a contagem para passá-lo para outra maca, ‘1, 2, 3...’ e ele disse: ‘Já!’. Meu Deus! Percebi, naquele momento, que ele estava vivo. Foi operado naquela noite, pois teve um hemotórax. No dia seguinte, fez outra cirurgia, pois quebrou a clavícula, mas foi só isso. Despencou 18 metros e nenhuma fratura na cabeça, na coluna, que bênção! Ficou 12 dias internado e depois fez fisioterapia. Hoje está aqui bem forte e bonito. A rede? Sim, acho que estava desgastada pelo tempo, apesar de não mostrar nenhum rasgo, e foi substituída por uma grade de ferro. A outra rede, a da quadra, a que salvou meu filho, tenho certeza de que estava ali disfarçada, pois, na verdade, eram os braços de Deus abertos para segurar meu anjo!” Pois é, Deus está bem ali, mas não custa nada a gente dar uma mãozinha para ele! Heloísa e Marineide que o digam! JUL_AGO_SET 2014

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Segurança por Lia Rangel

CFTV e cercas elétricas auxiliam na segurança dos condomínios Embora não possamos considerar normal, a onda de violência nas grandes cidades é uma realidade, e no Rio de Janeiro não é diferente. Roubos e assaltos continuam apavorando as pessoas em qualquer lugar, inclusive nos condomínios, que precisam se munir de ferramentas que intimidem e até impeçam a ação dos bandidos. O Circuito Fechado de Televisão (CFTV) e as cercas elétricas são dois aliados importantes para garantir a segurança do condomínio. Atualmente é muito comum avistarmos aquela conhecida placa onde se lê: “Sorria, você está sendo filmado.” O que

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antes era visto com mais frequência em estabelecimentos comerciais, popularizou-se e também pode ser visto em casas e condomínios residenciais. Informar que o ambiente está sendo monitorado, além de fazer com que os moradores sintam mais segurança, inibe a ação de bandidos, que sabem que suas imagens ficarão armazenadas e podem ser usadas pela polícia, caso eles tentem ou consigam, de fato, concluir o assalto. Mas, afinal de contas, o que é o CFTV? O CFTV, ou videomonitoramento, é um sistema de televisão que distribui as ima-

gens capturadas para um ou mais pontos de visualização. Essas imagens são provenientes das câmeras instaladas nos locais que precisam ser vigiados, em geral, as áreas comuns do condomínio, como hall, entrada, portaria, escadas e elevadores. Há seis anos Eliane Dornelles é síndica do Condomínio do Edifício Angatuba, localizado em Copacabana, e, em abril deste ano, decidiu pela instalação das câmeras. “Instalei por motivo de segurança. Pouco antes da instalação, dois indivíduos estranhos entraram no prédio e arrombaram duas portas. Pedimos emprestadas as ima-


A síndica Eliane instalou as câmeras depois de ter seu condomínio invadido e violado por dois indivíduos

gens gravadas pelo prédio vizinho, mas não deu para visualizar bem, então decidimos colocar as câmeras para focar principalmente os portões de entrada, os elevadores e a área dos fundos do prédio, muito próxima da comunidade Pavão-Pavãozinho. Os locais para a fixação das câmeras foram decididos em assembleia geral extraordinária, de finalidade específica segurança”, conta. Já o Condomínio Sargento Roncalli – Papa João XXIII, localizado no Rocha, tem CFTV desde 2009. Manuel Campos, síndico do condomínio há dois anos, conta que a decisão pelas câmeras foi tomada na gestão anterior, mas que o motivo também foi segurança. “Estamos muito próximos de algumas comunidades e esse foi um dos motivos que levou o síndico anterior a instalar o CFTV. Atualmente são 30 câmeras localizadas em áreas comuns, como estacionamento, hall, entradas de garagem e pedestre, corredores e escadas. Os moradores têm acesso às 16 principais câmeras do prédio”, diz. Aline Sartório da Silva, diretora comercial da ABC Telecom, acredita nos benefícios da instalação do CFTV. “As principais vantagens da instalação do CFTV são inibir ações de vândalos e bandidos, gravar as imagens das ocorrências para servir de prova, evitar que aconteçam delitos dentro do condomínio e monitorar os locais filmados, mesmo estando em outro lugar.” O síndico Manuel Campos conta que as câmeras do CFTV já auxiliaram no esclarecimento

de alguns problemas. “Certa noite, havia uma festa na rua e várias crianças subiram no carro de um morador do condomínio, que estava estacionado na calçada do outro lado da rua. Vimos o carro e puxamos as imagens. Quando mostramos ao morador, ele não ligou, disse que crianças são assim mesmo e que o carro já era velho demais pra ele ligar para o que estava acontecendo. Em outro caso, o morador foi categórico ao informar que havia deixado o boleto de pagamento com cheque na portaria; ao ver as imagens, observamos que ele havia colocado o boleto e o cheque na caixa de correio de outro morador”, diz. Para Marcelo Costa, diretor da Master Sistema de Segurança, o CFTV tem caráter preventivo contra delitos. “Sua utilização oferece dificuldade ao infrator e ainda serve para auditar o ocorrido, identificar os criminosos e compreender a dinâmica do que aconteceu, entre outras coisas. Outra vantagem é o monitoramento ostensivo de toda a área do condomínio sem o custo de outro colaborador. Nós trabalhamos com uma indústria alimentícia, que possuía várias perdas de produtos na hora da carga dos caminhões. Elaboramos um projeto de monitoramento por CFTV nas docas de abastecimento, que reduziu drasticamente as perdas, além de identificar os infratores”, explica. Ao mesmo tempo em que aumentam a segurança do ambiente, as câmeras podem expor intimidades, por isso, devem ser liberadas, aos condôminos, JUL_AGO_SET 2014

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imagens de apenas alguns pontos, como a portaria e a garagem, para liberar a entrada de um visitante. As outras imagens são de responsabilidade do condomínio e, consequentemente, do síndico que, em caso de alguma ocorrência, não deve copiar as imagens e entregar ao morador. Isso só deve ser feito mediante ordem judicial, pois se as pessoas que estiverem no vídeo se sentirem constrangidas e/ou ofendidas, elas podem ingressar na Justiça contra o autor do vídeo, no caso, o condomínio.

Crescimento no setor Segundo a Associação Brasileira das Empresas de Segurança Eletrônica (Abese), o sistema de CFTV foi a tecnologia de segurança eletrônica que mais cresceu nos últimos anos. Dados da associação mostram que, em 2012, o país registrou um aumento de 9% no setor e a estimativa é que, ainda este ano, esse número tenha duplicado. Para Marcelo Costa, esse incremento tem relação com a instalação das UPPs nas comunidades cariocas. “Após o início das UPPs, o número de assaltos a residência e condomínio aumentou drasticamente por causa da diminuição da venda de entorpecentes. Seja após um incidente ou apenas por prevenção, é cada vez maior o número de prédios, residências e empresas que buscam os serviços de segurança eletrônica especializada na capital”, comenta. Apenas na empresa em que trabalha, Aline Sartório da Silva percebeu um grande crescimento nos pedidos de instalação do CFTV. “Do ano passado para este, registramos um crescimento de, pelo menos, 60% nesse tipo de instalação. Tudo isso por causa dos altos índices de delito em condomí-

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O síndico Manuel Campos tem imagens de 30 câmeras à sua disposição.

nios, mas também podemos atribuir às informações da mídia, que alerta em relação à necessidade de segurança”, diz.

Cercas elétricas Outro equipamento que garante um pouco mais de segurança aos condomínios é a cerca elétrica, que funciona como mais um obstáculo na tentativa de impedir a invasão de bandidos pelos muros das propriedades. Para a diretora comercial da ABC Telecom, a cerca elétrica tem uma vantagem sobre os demais equipamentos utilizados na segurança do condomínio. “A cerca elétrica ainda é bastante usada, pois é um sistema de segurança eletrônico que tem efeito inibidor muito forte e custo consideravelmente menor, se comparado com os demais sistemas de segurança eletrônica, como CFTV e barreiras perimetrais”, afirma Aline Sartório da Silva. Já Marcelo Costa acredita que, além das barreiras físicas, é preciso investir na

capacitação profissional de quem responde pela portaria, e indica onde esse tipo de equipamento é mais utilizado. “Culturalmente, nosso estado não tem uma adesão muito grande a esse tipo de sistema. Algumas pessoas pensam logo naquela cena clássica de um bandido com touca preta entrando pela janela, com uma máscara. Mas aquilo nunca existiu, apenas na literatura, no cinema. O crime é praticado por pessoas bem aparentadas, bem vestidas, que entram no condomínio à luz do dia, eventualmente se passando por um prestador de serviço. E o que impede essa ação efetivamente é o porteiro atento, aquele que segue regras – esse é o maior impeditivo para ações como essa, e não a barreira física. Cercas elétricas, por exemplo, ajudam apenas em casos de intrusão, que são raríssimos na Zona Sul do Rio de Janeiro, e um pouco mais comuns na Zona Oeste, na Região Oceânica ou na Região dos Lagos. Aí, sim, uma cerca pode fazer parte de um conjunto de segurança complementado


pelo treinamento do porteiro”, garante. Ao contrário do que muitas pessoas acreditam, as cercas eletrificadas, quando instaladas corretamente por empresa idônea que segue as orientações do fabricante, não são nocivas ao ser humano, pois o choque disparado é pulsativo, ou seja, não queima, não deixa marcas e não faz com que, ao contato, pessoas e animais fiquem grudados. A intenção é apenas inibir o invasor e o choque disparado é conhecido como choque moral, pois possui alta voltagem, baixa amperagem e provoca uma sensação extremamente desagradável. Segundo Aline Sartório da Silva, antes de fazer a instalação de uma cerca elétrica, a empresa precisa tomar alguns cuidados. “O local da instalação das hastes que serão eletrificadas deverá ser avaliado; itens como altura, distância entre o sistema e as pessoas que circulam por perto, o local onde será instalada a central eletrificadora e o local para aterramento, entre outros, deverão também ser levados em consideração”, diz. Atualmente, no Brasil, ainda não existe uma legislação nacional que regulamente a instalação de cercas elétricas em perímetro urbano, mas alguns municípios aderiram às normas técnicas internacionais, como a instalação à altura mínima de 2,20 metros do chão, a utilização de placas de advertência a cada 10 metros e o uso obrigatório de uma central de choque eletrificadora compatível e homologada, além da contratação de uma empresa especializada nesse tipo de serviço. O diretor da Master Sistema de Segurança, Marcelo Costa, afirma que é importante estar atento ao tipo de material que será utilizado, pois isso faz muita diferença e pode evitar problemas. “Quanto aos equipamentos, os nacionais podem ter alterações na saída da corrente elétrica e, em caso de incidente, causar dano mais sério ao intruso. Há ainda um problema com disparos falsos, seja causados por contato de galhos de árvores e plantas, seja pelo rompimento do fio de aço. Outro ponto é que as cercas elétricas nacionais, por trabalharem apenas com pulso positivo, são fáceis de ser burladas, mesmo quando ligadas. Aqui na Master traba-

lhamos com uma cerca importada, regulamentada pelo Inmetro, no Brasil, e com certificações internacionais, como IEC e OMS. Ela é feita de arame de aço de 2,1 milímetros com galvanização e não pode ser burlada por trabalhar com pulso positivo e negativo, bem como a contagem e o diagnóstico da extensão total da cerca”, garante.

Integração Há disponíveis no mercado inúmeros equipamentos que podem auxiliar na segurança do condomínio e a tendência é que esses sistemas se integrem para garantir maior eficácia do conjunto, entretanto, todo aparato tecnológico não é autossuficiente, por isso é preciso valorizar e treinar profissionais, pois eles são parte fundamental desse processo. Também é importante que os moradores tenham consciência de seu papel na estratégia de segurança do condomínio, e isso pode ser feito por meio de palestras e cartilhas que expliquem que a adoção de hábitos simples pode ajudar muito, como prestar atenção ao que acontece no entorno do condomínio ao entrar e sair, ter cuidado com as correspondências, além de não comentar detalhes da vida pessoal com funcionários das unidades e do condomínio, entre outras ações. Na hora de escolher a empresa que vai atender seu condomínio, é importante avaliar sua idoneidade e procurar referências de trabalhos já feitos por ela. Nem sempre o que serve para um condomínio pode servir para outro e, pensando nisso, algumas empresas oferecem serviço mais personalizado, em que o projeto de segurança é feito baseado nas necessidades do condomínio, levando em consideração as características de cada lugar para, a partir daí, traçar um planejamento e indicar os equipamentos que podem melhor atender o condomínio avaliado. Serviço Master Sistema de Segurança: www.grupomasters.com.br ABC Telecom: www.abctelecomrio.com.br

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saúde por Lia Rangel

Condomínios investem em atividades para a terceira idade Aumentar a qualidade de vida das pessoas com mais de 60 anos é mais um desafio que os condomínios vão enfrentar nos próximos anos A busca pela qualidade de vida tem sido cada vez mais constante entre os brasileiros. A conscientização de que algumas práticas simples podem tornar a vida mais leve tem estimulado muitas pessoas a substituir hábitos antigos, fazendo com que busquem uma alimentação mais saudável e pratiquem atividades que combatam o sedentarismo. E com os idosos não é diferente, eles estão cada vez mais interessados em chegar à melhor idade cheios de energia e livres de doenças como hipertensão, diabetes e colesterol alto. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam que o Brasil tem aproximadamente 20,6 milhões de idosos, ou seja, pessoas que têm 60 anos ou mais. Atualmente esse número representa 10,8% da população do país e a expectativa é que, em 2060, eles sejam 26,7% da população, ou seja, serão 58,4 milhões de pessoas idosas no Brasil. A expectativa de vida também aumentará de 75 para 81 anos, em 2060, com as 50

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mulheres vivendo, em média, 84,4 anos, e os homens, 78,03 anos. O aumento desses números está diretamente relacionado às melhorias na qualidade de vida dos idosos, que acabam ampliando essa expectativa de vida. Além disso, ao longo dos anos, o governo federal estabeleceu políticas que beneficiam a população da terceira idade, através do Estatuto do Idoso, de 2003, e do Pacto pela Vida, de 2006. Por conta de todos esses avanços, o Global AgeWatch Index 2013, da organização não governamental Help Age International, que luta pelos direitos dos idosos, colocou o Brasil na 31ª posição no ranking dos países que oferecem melhor qualidade de vida e bem-estar a pessoas com mais de 60 anos. O estudo, feito em 91 países, utiliza 13 indicadores em quatro grandes áreas para classificar como as economias do globo lidam com o envelhecimento de sua população. São considerados fatores como renda, saúde, emprego, educação e ambiente social.


A síndica Leimar Oliveira de Azevedo acredita que é preciso investir no bem-estar dos idosos de seu condomínio

Acessibilidade é a palavra de ordem O mercado imobiliário já está se voltando para esse novo nicho, e alguns apartamentos já são criados visando às necessidades desses moradores mais experientes. As principais mudanças desses novos projetos estão relacionadas com segurança e têm como objetivo facilitar a locomoção e as atividades na unidade, através de pisos

antiderrapantes, barras de apoio, interruptores instalados ao alcance dos braços, assentos sanitários mais elevados e portas e passagens mais largas, para facilitar a movimentação de andadores e cadeiras de rodas, caso haja necessidade. A qualidade de vida, principalmente na terceira idade, está ligada a alguns fatores, como nível de independência, vigor físico, bem-estar psicológico e boas relações com família, amigos e vizinhos, entre outros. Em

resumo, os idosos que conseguem harmonizar a maioria desses fatores estão satisfeitos com a vida que levam e ainda fazem planos positivos para o futuro, pois conseguiram envelhecer com qualidade de vida. Mas como os condomínios podem ajudar seus moradores idosos? Qualquer iniciativa que os condomínios adotem para melhorar a qualidade de vida dos idosos é bem-vinda. Atividades que promovam a saúde, o bem-estar e a

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divulgação

As fonoaudiólogas Andréa Mafra e Adriana Sampayo desenvolvem atividades para a terceira idade há cerca de 12 anos: “O objetivo de nossa oficina é promover a saúde mental por meio de exercícios que estimulam e desenvolvem as funções cerebrais. A estimulação cognitiva é fundamental para o desempenho da memória. Manter o cérebro ativo é uma forma de envelhecer com sabedoria”, ressalta Andréa

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melhoria da autoestima dos beneficiados precisam fazer parte da rotina dos condomínios. É o caso do Condomínio do Edifício Orizzonte di Barra, na Barra da Tijuca, onde a síndica, Leimar Oliveira de Azevedo, começou a investir no bem-estar das pessoas com mais de 60 anos. “Nós começamos a investir no ano passado, com a instalação de quatro equipamentos de ginástica voltados especificamente para essa faixa etária. Pretendemos oferecer, com a reativação de nossa academia de ginástica, outras atividades físicas também. Estamos contratando dois professores para incentivar uma série de outras atividades físicas para todos, com ênfase nessa categoria, incluindo hidroginástica e dança de salão, muito apreciadas por ‘pessoas com mais experiência’ de vida. Pretendemos que essas atividades sejam praticadas umas três vezes por semana, pelo menos”, conta. Para a síndica Leimar, ter os equipamentos à disposição dentro do condomínio é uma grande vantagem. “Além da praticidade, temos grande satisfação de ter esses aparelhos no condomínio, pois sabemos dos benefícios que a prática de exercícios proporciona à saúde. Muitas vezes encontramos as pessoas que usam os aparelhos e elas nos agradecem e parabenizam pela iniciativa, principalmente porque esses aparelhos têm impacto na medida certa para a musculatura e as articulações dessa faixa etária e eles ficam felizes, pois sentem que nossa administração olha também com muito carinho para eles, mais ainda, por fazermos parte dessa faixa de idade também”, brinca a síndica, que

ainda espera ter histórias de resultados positivos com as atividades implementadas no condomínio. “Ainda não temos muitos fatos curiosos a narrar a respeito, pelo pouco tempo de sua implantação, mas, no ano passado, tivemos um morador que se recuperava de uma cirurgia muito séria e utilizava os equipamentos diariamente. Foi bom perceber o revigorar de sua saúde a cada encontro. Quem sabe daqui a alguns meses não teremos muitos outros casos a contar?”, diz Leimar.

Mente e corpo sãos As fonoaudiólogas Andréa Mafra e Adriana Sampayo desenvolvem atividades para a terceira idade há cerca de 12 anos, e Andréa, moradora do Condomínio Morada do Sol, em Botafogo, percebeu a necessidade de levar seu trabalho literalmente para casa, sobretudo por conta do número de idosos de seu condomínio. “A oficina começou em nosso consultório, em Copacabana, e tivemos a ideia de trazê-la para o condomínio por causa da demanda de idosos. No centro cultural do condomínio, acontecem várias atividades, e conseguimos, com a responsável pelo local, um horário para fazermos esse trabalho. O objetivo de nossa oficina é promover a saúde mental por meio de exercícios que estimulam e desenvolvem as funções cerebrais. A estimulação cognitiva é fundamental para o desempenho da memória. Manter o cérebro ativo é uma forma de envelhecer com sabedoria, o que requer atividades para as funções cerebrais pela es-


timulação cognitiva e, com isso, ativar memória, atenção, raciocínio e outras funções”, explica Andréa. As fonoaudiólogas explicam ainda que a oficina acontece uma vez por semana e tem duração de uma hora. Segundo elas, os idosos demonstram muita satisfação em participar das atividades propostas e até as indicam para seus amigos, pois já têm consciência da importância de manter o cérebro em atividade. “Assim como os exercícios físicos desenvolvem os músculos e protegem a saúde cardiovascular, os cerebrais estimulam as habilidades cognitivas e resguardam o cérebro da demência e da senilidade. Simplificadamente, os exercícios cerebrais estimulam a produção de neurotrofinas, espécie de nutrientes do cérebro que aumentam a quantidade e a qualidade das sinapses, incrementando a capacidade de processamento do cérebro”, diz Andréa. Segundo o síndico do Morada do Sol, Augusto César Coimbra, o condomínio possui sete torres com 100 apartamentos, ou seja, são 700 unidades e uma média de 3.500 moradores. “Infelizmente, não podemos desenvolver mais atividades por falta de espaço, já que o condomínio foi construído em planos diferenciados. As atividades para idosos, em caráter permanente, são feitas em nossa piscina para adultos, pois é aquecida, o que permite seu uso durante o ano todo. Quanto aos aparelhos, comprá-los seria fácil, mas não há um lugar no condomínio para colocá-los. Qualquer atividade para esse público é importante, mas ainda é preciso conscientizá-lo disso”, conta Augusto.

A síndica Leimar comprou aparelhos que atendem às necessidades das pessoas com mais de 60 anos

A melhor idade Para que nossos idosos passem dos 60 anos e consigam acreditar que esta é, sim, a melhor idade, é preciso garantir que tenham segurança financeira, física e emocional, o que preserva a autoestima e reflete diretamente na qualidade de vida, que está associada à prática de atividades físicas e mentais. E os condomínios podem investir nisso, por meio da criação de atividades que podem ter custo elevado, como a aquisição de aparelhos de ginástica, ou custo reduzido e de simples implementação, como a utilização de um espaço para

reunir os idosos e fazer uma tarde de lazer, com jogo de damas, xadrez, bingo, exibição de filmes, oficinas de tricô e até aulas de artesanato e culinária. Os condomínios não só podem como devem investir cada vez mais em atividades para esses moradores, que merecem toda a atenção, carinho e respeito de todos a sua volta.

Serviço

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"Namorados". óleo sobre tela - 58,5 x 58,5 cm - Circa 1927 / commons.wikimedia.org

ARTE

"Estou pensando nos que possuem a paz de não pensar, Na tranquilidade dos que esqueceram a memória E nos que fortaleceram o espírito com um motivo de odiar. Estou pensando nos que vivem a vida Na previsão do impossível E nos que esperam o céu Quando suas almas habitam exiladas o vale intransponível [...]”

Adalgisa Nery

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A Semana de Arte Moderna, em 1922, foi um divisor de águas na arte brasileira. Profundamente influenciada pelo classicismo e sob o império das Academias, tão em voga no período, a pintura no Brasil vivia um momento engessado. Quando no resto do mundo já eram consagrados nomes como Monet, Renoir e mesmo Picasso e Matisse, nossa arte não possuía nenhum talento que se destacasse pelo inovador, pelo inusitado. Nosso primeiro modernista sequer era brasileiro. Em 1913, expunha em São Paulo o lituano Lasar Segall, que ainda guardava resquícios impressionistas e não chamou tanto a atenção do público. Não foi senão com Anita Malfatti, em 1917, que uma obra realmente moderna causaria o escândalo e a irritação da rígida sociedade brasileira. Mas o grande rompimento surgiu de fato com os três dias de eventos culturais no Teatro Municipal de São Paulo, além da exposição de arte da qual participaram Di Cavalcanti, Vicente do Rego Monteiro, John Graz e Mario de Andrade, entre outros, e que fez tremer nas bases o comportado edifício estético brasileiro. A partir de então a arte no Brasil estava definitivamente mudada. Enquanto tudo isso acontecia na capital econômica do país, no Rio de Janeiro já se notava discretamente a presença modernista na figura de Ismael Nery. Esse paraense que muito jovem se mudou para

"Autorretrato". Óleo sobre tela, 1930. MAM-RJ Safra catalogue / commons.wikimedia.org

Ismael Nery

o Rio e aos 15 anos já era aluno da Escola de Belas Artes sequer se considerava um pintor. Desde a infância mostrava imenso talento e cultivava, ao mesmo tempo, a pintura, o desenho, a poesia e a filosofia, dando às duas últimas muito maior importância que às demais. Em 1921 viaja para a Europa detendo-se especialmente na Itália e na França. Em Paris, frequentou a Academia Julian, berço de grandes nomes de um estilo artístico então marginalizado, como Matisse e Duchamp. Em sua segunda viagem, interessa-se pelas obras de Picasso, Miró e Chagall, a quem devotou amizade verdadeira. Conviveu ainda com André Breton e

Marcel Noll, tidos como mestres da nova tendência, o Surrealismo. Ao retornar ao Brasil no ano da Semana de Arte Moderna, casa-se com a poetisa Adalgisa Nery, de quem sua personalidade não pode ser dissociada. Em Nery se encontra um caso único na arte brasileira: um grande pintor que considerava a própria arte secundária, dedicando à poesia e à filosofia seu maior esforço. Murilo Mendes, provavelmente seu anjo da guarda, chamou seu sistema filosófico de “Essencialismo”, em cuja concepção de mundo e de arte o homem devia se colocar na vida como se fosse o centro dela para ter sempre a relação das ideias e dos fatos. Não espanta, portanto, que em muitos de seus quadros a figura representada seja a do próprio Ismael Nery. É difícil traçar em poucas linhas um perfil deste que foi um dos mais importantes pintores brasileiros, mas basta dizer que foi um de nossos principais modernistas e a maior referência da arte surrealista e cubista no Brasil. Morreu de pneumonia aos 33 anos, envergando o hábito franciscano com o qual foi enterrado. Morte tão precoce deixa no ar a inegável pergunta: aonde mais teria chegado? Temos o privilégio de ter exposto, no Instituto Mário Mendonça, uma tela desse mestre, que causa admiração a todos os que a veem. Na página anterior reproduzimos, em sua homenagem, um poema de sua musa.

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notas

Projeto de extensão do BRT Transoeste até o Jardim Oceânico sofre alterações Uma obra que ganhará velocidade nos próximos meses, no Rio, é a expansão do BRT Transoeste até o Jardim Oceânico. O canteiro já foi instalado, mas o projeto para implantar sete estações a partir do Terminal Alvorada sofreu alterações de última hora, a pedido da Câmara Comunitária da Barra. O canteiro central da Avenida das Américas não será mais reduzido para a construção das pistas exclusivas. No acordo com a Prefeitura, ficou acertado que uma das três faixas das pistas centrais já existentes em cada sentido

será adaptada para receber os ônibus articulados do corredor expresso. A perda será compensada com a construção de novas faixas, eliminando-se parte dos canteiros laterais. O Transoeste liga hoje os bairros de Santa Cruz e Campo Grande ao Terminal Alvorada, na Barra. Segundo o presidente da Câmara Comunitária da Barra, Delair Dumbrosck, “a mudança fará diferença para a população. Esses canteiros (centrais), além de ser uma referência à história do bairro, são largos e contam com um grande número de árvores, que será preservado”.

Nova localização para o terminal O prefeito Eduardo Paes negocia com o governo do estado outra mudança no projeto, sugerida pelos moradores. O terminal do BRT no Jardim Oceânico, atualmente previsto para ser nas imediações do shopping Città América, pode ser deslocado para um ponto em cima da estação do metrô local. Pelo plano original, os

passageiros do BRT no Jardim Oceânico teriam que percorrer uma longa passagem subterrânea até chegar à estação. Com a mudança, o terminal ficaria a poucos metros da entrada do metrô. O Consórcio Rio Barra, responsável pelas obras da Linha 4 do metrô, confirmou apenas que estuda a mudança.

Cooperativa incentiva descarte correto de óleo de cozinha no Rio Um litro de óleo pode contaminar um milhão de litros de água. Foi pensando no tamanho desse prejuízo que a cooperativa de reciclagem Flexcoop nasceu, para oferecer aos moradores do Rio de Janeiro uma alternativa simples, prática e funcional para o descarte correto de óleo de cozinha nos condomínios da cidade. Criada por um grupo de catadores que atua na área de coleta seletiva de lixo em geral, a Flexcoop vem se destacando pelo trabalho com a coleta de

óleo em residências, restaurantes e estabelecimentos comerciais do Rio. De acordo com Waldyr Jr., diretor comercial da cooperativa, o objetivo vai além da preservação do meio ambiente: “É muito importante não contaminarmos o meio ambiente por meio de descarte correto de óleo de cozinha, mas nosso projeto vai além. Assumimos um compromisso com os cidadãos e, sempre que somos chamados para coletar, estamos gerando emprego, renda e inclusão social aos catadores da cooperativa.”

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condomúinio por Renata Fernandes

Pinga “nimim”

Goteiras que viram grandes problemas Às vezes, ela vai começando aos poucos: uma pequena mancha na parede, algumas bolhas leves na pintura. Em outras, chega como uma enxurrada de água, alagando todo o ambiente. Infiltrações e vazamentos são sempre uma dor de cabeça. Nas áreas comuns dos apartamentos, elas afetam dezenas de moradores. Quando ocorrem dentro de unidades e acabam atingindo apartamentos vizinhos, o síndico tem que interferir, já que é comum que o responsável pelo imóvel não queira arcar com as despesas do outro morador. Em todo caso, aconselham os especialistas, as providências precisam ser tomadas imediatamente. Quanto mais tempo o conserto tardar, maior o dano e, consequentemente, o preço do reparo. A síndica Eliana Pereira, do Edifício Denise, em Botafogo, sabe bem o que é isso. O prédio onde vive tem uma agência do banco Itaú no térreo, que faz parte do condomínio e paga as taxas devidas todos os meses. Desde novembro de 2013, o banco vem sofrendo com um vazamento que começou no apartamento 203. O imóvel está alugado, o inquilino não deixa nenhum funcionário do prédio entrar para fazer o reparo e a administradora da unidade sim-

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plesmente não se pronuncia ou toma alguma atitude para acabar com o problema. Seis meses se passaram e a agência funciona com baldes espalhados pelo ambiente, que dão conta das goteiras que não param de cair do teto. Eliana foi procurada pelo gerente da agência e já notificou a imobiliária mais de uma vez. Nada. A situação continua inalterada. “Já consultei um advogado para saber como agir, que me aconselhou a esperar que o banco tome providências.

Agora, me parece que vão ter que arrumar um mandato pra entrar no apartamento, quebrar a parede e consertar o vazamento. Acho que deveria haver uma lei que obrigasse o proprietário a pagar uma multa depois de um mês de ter recebido as notificações”, lamenta. Segundo o advogado Anderson Sampaio, da Saad Advogados Associados, o síndico deve notificar o proprietário que não providenciar o conserto da infiltração, requerendo um prazo de dez dias para a resposta. Se esta for ignorada, ele pode aplicar multa. Se novamente o morador for omisso, as multas poderão atingir até cinco vezes o valor da cota condominial. Ultrapassadas as tentativas anteriores, o síndico poderá tomar duas medidas judiciais: realizar a obra por esforço próprio para depois cobrar do condômino responsável ou propor ação judicial em que requer a realização das obras pelo condômino omisso, comprovando, através de laudos periciais devidamente embasados, a responsabilidade dele. Eliana já tem experiência no assunto e sabe que vazamentos e infiltrações pedem paciência. Há tempos atrás teve um vazamento na garagem, ocasionado por um


A síndica Eliana Pereira sofre com um morador que não quer resolver um vazamento em seu apartamento

problema no prédio vizinho. Mas o síndico do outro edifício não admitiu e disse que a infiltração era culpa do banco que funciona no condomínio. Eliana mandou quebrar, provou a origem do problema e, só assim, os vizinhos arcaram com a despesa. “Já estava há cinco meses com aquele vazamento na garagem. Era feio, pegava o cano de esgoto do prédio”, lembra. E mesmo quando o problema ocorre em uma unidade do prédio, ela acaba envolvida. “Tivemos um vazamento na cobertura e o inquilino vai entrar na Justiça. A água jorrou na estante de tal maneira que ele perdeu muita coisa, e o dono do imóvel não quis arcar com nenhum prejuízo”, comenta. No Residencial Maison Paradis, no Recreio, a síndica Liliani Araújo se viu às voltas com duas infiltrações nos últimos meses. A primeira acabou afetando todos os moradores do edifício. Uma infiltração ocasionada pelo lençol freático inundou o poço do elevador. Foram três meses para acertar no conserto. Liliani chamou ime-

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diatamente uma empresa, que tirou toda a água e acabou com a fissura. Mas a água voltou a surgir. Só na terceira vez, depois de um caprichado tratamento de impermeabilização, a situação ficou resolvida. Sorte dos condôminos que havia outro elevador disponível para uso. Há cinco meses, foi a vez do teto da garagem começar a pingar. “Começou a infiltrar do jardim, porque a manta teve um pedaço estragado. Então, toda vez que chovia, caía água em uma vaga. No começo eram só alguns pingos, mas, depois, jorrava água”, conta. A situação se agravou e, durante uma chuva forte, a garagem ficou completamente alagada. Foi o momento de chamar um profissional às pressas. “É um conserto caro. Dessa vez, chamamos só um pedreiro, mas, mesmo assim, é uma mão de obra escassa e, por isso mesmo, os preços são elevados”, afirma. E mesmo depois dos consertos, a síndica já avista novos problemas. “Estamos com outra infiltração no prédio. Uma das coberturas está com um vazamento que afeta o apartamento debaixo. Eles não resolvem e tivemos que notificar o proprietário. Quando fizemos a vistoria exigida pela Prefeitura, o engenheiro responsável avisou que, se a infiltração não fosse tratada, acabaria afetando também a área comum do condomínio”, afirma a síndica, que já se prepara para fazer a segunda notificação, em busca de uma solução para o problema. Segundo Alexandre Raposo, engenhei-

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Liliani Araújo passou por dois consertos de infiltração nos últimos meses: no poço do elevador e na garagem

ro civil da empresa Enenge, o síndico deve agir o mais rápido possível. As infiltrações pioram muito com o tempo. O conserto é inevitável e, quanto maior o problema, maior o valor da obra. O primeiro passo é investigar a origem do vazamento. “A providência precisa ser imediata, porque a tendência é atacar estrutura, alvenaria, aço, concreto. Tanto a avaliação e a identificação da doença como a correção precisam ser rápidas. Os prédios no Rio costu-

mam postergar o serviço, o que só faz com que o dano seja ainda maior”, explica. O primeiro passo do profissional é fazer uma análise do local para descobrir a origem da infiltração e detectar qual tipo de serviço será necessário. “Verificamos o sistema de impermeabilização e o sistema hidráulico do prédio e fazemos uma análise da estruturara em si para ver se não há fissuras e trincas. Esses são os três procedimentos básicos”, explica.


“A providência precisa ser imediata, porque a tendência é atacar estrutura, alvenaria, aço, concreto. Tanto a avaliação e a identificação da doença como a correção precisam ser rápidas." Alexandre Raposo, engenheiro civil da empresa Enenge

Raposo lembra que piscina, caixas-d’água, cisterna e terraço são fontes constantes de preocupação. A vedação precisa ser muito bem-feita para evitar infiltrações futuras. Uma opção é apostar em avaliações periódicas da estrutura do prédio. “É norma da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) a necessidade de realizar anualmente uma avaliação do sistema hidráulico, da tubulação de incêndio e vedação.” Cumprir as recomendações pode evitar muita dor de cabeça. O arquiteto Renato Giro, da Primer Engenharia, especializada em sistemas impermeabilizantes, lembra que a infiltração é a consequência de uma falha. Então, só arquitetos ou engenheiros estão habilitados para detectar a origem do problema. Renato lamenta que a maioria das pessoas chame um profissional sem qualificação para tratar do assunto, para diminuir os custos da obra. “É preciso um profissional que avalie e veja todas as possibilidades. Você não contrata qualquer um para tratar da saúde. Ele pode ter até experiência de hospital, mas não tem formação, visão, capacidade técnica para exercer uma atividade que não é a dele. Todo mundo acha que sabe fazer arquitetura e engenharia. Mas não conhece a resistência dos mate-

riais, os tipos de dilatação etc. Aí, quem contrata começa a gastar dinheiro e ficar desorientado.” Giro é presidente também da Associação das Empresas de Impermeabilização do Rio de Janeiro. Uma das funções do grupo é justamente indicar os profissionais mais aconselháveis para cada serviço. “Lá é fonte de consulta para qualquer síndico. São 24 associados. Há empresas, consultores, engenheiros, arquitetos, fornecedores. As pessoas ligam e encaminhamos o profissional mais gabaritado”, indica. Ninguém está livre de sofrer com infiltrações. Mas há providências que podem diminuir as dores de cabeça. Tomar uma atitude o quanto antes é o melhor caminho para reduzir os danos e diminuir os custos do conserto, que são inevitáveis. Contratar um profissional habilitado também evita que o conserto precise ser refeito. O síndico não deve ignorar os vazamentos que afetam os apartamentos. No futuro, uma pequena infiltração não tratada pode acabar atingindo uma área comum do edifício. Postergar a solução é correr o risco de ver um problema simples acabar afetando a estrutura do prédio. Os especialistas na área são unânimes: nesse caso, agir e ser rápido é o melhor remédio.

Conselhos de quem entende • Por mais que pareça uma simples goteira, não ignore o início de uma infiltração. • Quanto mais cedo o síndico agir, menores os danos e os custos do conserto. • O melhor é contratar um profissional ou uma empresa habilitados. Economizar nesse quesito pode significar ter que refazer o serviço inúmeras vezes

Serviço Enenge Construções www.enengeconstrucoes.com.br Primer Engenharia www.primerengenharia.com Associação das Empresas de Impermeabilização do Rio de Janeiro (AEI) www.aei.org.br

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seguros

Museu de Arte do Rio conquista o selo Leed O Museu de Arte do Rio conquistou a primeira certificação internacional Leed na América Latina para museus. O espaço cultural recebeu, no primeiro semestre, o selo da categoria "Silver", o qual é concedido pela Green Building Council, organização mundial que reconhece práticas sustentáveis. O empreendimento é composto por dois edifícios, sendo um a Escola do Olhar, num estilo mais modernista, e o outro o palacete Dom João VI, construído na primeira metade do século XX. Ambos são ligados por um teto em formato de onda, uma das marcas da arquitetura nacional atual. Entre as técnicas para deixar o prédio sustentável, há uma cisterna que armazena a água da chuva que depois é usada nos vasos sanitários dos dois prédios e foram instalados vidros especiais com uma película que reduz a incidência de luz e calor, dando conforto térmico no interior, mas sem dispensar a iluminação natural.

Também foram usados tijolos reciclados, madeira certificada e outros materiais reaproveitados, além de as sobras, como o aço, terem sido enviadas para pontos de reciclagem na cidade. A coordenadora de projetos e obras da Fundação Roberto Marinho, Claudia Coutinho, explica que o conceito de sustentabilidade foi empregado no projeto desde a sua concepção e que o principal desafio foi o retrofit realizado no palacete. – A Fundação já tem esse conceito sustentável, e a decisão foi de agregar a sustentabilidade aos museus. No caso do MAR, começamos as obras pelo restauro do palacete, que é mais antigo, que é um pouco mais difícil, já que as mudanças esbarram em algumas questões técnicas mesmo, pois não há como mexer na estrutura em si. Mas usamos, por exemplo, materiais menos agressivos ao meio ambiente – afirma Claudia, que completa:

"O teto é um elemento muito marcante na arquitetura que liga os dois prédios. Ele contribui também para a redução da incidência solar, pois cobre os dois. Tem outros elementos que contribuem para isso. Para a coordenadora, a maior dificuldade para se conseguir o resultado sustentável é que, segundo ela, durante as obras, que ocorreram em 2010, o assunto ainda não era amplamente conhecido. A maior dificuldade na obra foi que na época não havia essa cultura, de onde encontrar ou depositar materiais reciclados, tanto por parte dos fornecedores como de quem estava envolvido na obra. Hoje as pessoas já sabem o que é um prédio verde, inclusive valorizam o que é sustentável." Outras duas iniciativas concebidas pela Fundação Roberto Marinho – o Museu do Amanhã e o Museu da Imagem e do Som – também investem na obtenção do selo. Fonte: O GLOBO.

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Condomínio por Cláudia Silveira

Se é para fazer, tem que ser bem-feito! Paulo Braga faz parte do “time” de síndicos que não toleram “maquiar” problemas e partem para a solução! Não tem jeito: chega um momento em que não há mais como fazer reparos, consertos de qualquer espécie, emendas grandes ou pequenas. A deterioração de equipamentos e da própria estrutura do condomínio, com as instalações desgastadas pelo uso e pelo tempo, demanda atitudes nem sempre populares – como a implantação de cotas extras para suprir gastos com melhorias –, porém urgentes. Quem vai esperar um elevador despencar com um morador em seu interior para trocá-lo? Ou ser alvo de uma descarga elétrica – que provoca danos em eletroeletrônicos e até a

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morte – porque “esqueceu” ou adiou arcar com os custos de um para-raios? Esses são apenas exemplos do quanto é melhor mesmo prevenir que remediar. Afinal, não é recomendável “maquiar” um condomínio com o famoso “jeitinho brasileiro”, dando menos importância a problemas urgentes. Síndicos comprometidos com a boa administração fazem a diferença nesses momentos, e não é necessário ser especialista, basta ter bom senso. É o caso de Paulo Braga, há apenas oito meses na gestão do Condomínio 380 Sernambetiba, um flat com 130 unidades residenciais e dez lojas

comerciais, sendo três viradas para a rua e as demais alugadas internamente para estabelecimentos de pequeno porte. A falta de manutenção regular e, sob alguns aspectos, o extremo abandono, conforme Paulo Braga, exigiram a tomada de decisões urgentes para um síndico que estava apenas começando, mas trouxera na bagagem de novato uma lista de urgências e a disposição para pôr a mão na massa. A primeira delas foi a troca dos elevadores. “A primeira obra foi a do elevador, de R$ 154 mil, com cota extra para custeá-la. Quando falo em elevador estou falando


O síndico Paulo Braga em um dos elevadores inteligentes já instalados no condomínio

da máquina, não da cabine, não é ‘maquiagem’. Estamos instalando um elevador inteligente, agradável de andar. Tem comando eletrônico, velocidade mais adequada, sem ser brusca. Temos dois elevadores sociais e um de serviço, e dois vão até a garagem do subsolo. Os moradores sabem qual deles vai se aproximar. Dependendo da posição no andar, o elevador acionado vai saber se a pessoa quer subir ou descer. Um está em funcionamento, o segundo está sem andamento. É uma obra de substituição que demora de três a quatro meses cada elevador. Em algum momento antes da troca houve elevador indo parar no poço por falta de controle, de freio, de comando, com morador dentro”, afirma o síndico. Ainda no quesito segurança, Lei da Autovistoria e para-raios em dia. “Peguei o condomínio quando a Lei da Autovisto-

ria prévia entrou em vigor e já a concluí no primeiro prazo, em dezembro do ano passado. É que boa parte do laudo eu já vinha executando porque já havia detectado uma série de falhas, como nas casas de máquinas de elevadores, de bomba, quadro elétrico e para-raio.” A lista de prioridades apresentada quando propôs a candidatura também tinha como foco o lazer. O playground, que apresentava problemas de conservação, em especial na piscina, cuja infiltração atingia o andar abaixo, era um desses alvos também pelo gasto que representava com quadro de pessoal ocioso: “Antes tínhamos um empregado do condomínio para cuidar da piscina; agora o serviço na piscina está terceirizado. Entrou o inverno, quase ninguém vai à piscina. Agora um profissional terceirizado cuida da área aos sábados, domingos e feriados. Com empregado, com ou sem uso de piscina, ele estava aqui, tendo que receber o salário.” A reavaliação do custo-benefício em relação aos serviços oferecidos pelo flat atingiu outras áreas, como a arrumação de quarto, e novos cortes são acenados em reajuste às reais necessidades de todos os moradores. “A expectativa é o condomínio se manter equilibrado e com alguma redução de custos, porque a mão de obra ainda será reduzida. Ainda há três ou quatro pessoas que podem ser retiradas do grupo. Não é ação de terrorismo, mas 25 empregados para 130 moradores é demais! Por exemplo, temos camareira diariamente. Normalmente, o serviço é feito duas vezes por semana e a terceira vez é cobrada à parte. Minha visão é enxugar esse serviço, porque é um conforto que tem custo, e será que todos estão a fim de pagar esse custo?

Diria que de 35% a 40% usam camareira. Então, onero 130 moradores por causa do capricho de alguns”, afirma. Outro grande “ganho” foi a revitalização da academia de ginástica, até então desativada por conta de equipamentos obsoletos e em desuso. “Compramos novos equipamentos, vendemos os velhos e contratamos uma empresa terceirizada que nos fornece personal trainer. Partimos do zero, de aparelhos velhos e academia fechada para um sistema de funcionamento das 7h às 10h e das 19h às 22h, de segunda a sexta-feira. Tenho hoje 50% do prédio participando ativamente da academia. O prédio tem uns 350 moradores mais ou menos”, conta. Se por um lado estabeleceu-se cota extra para garantir o andamento dos reparos necessários ao condomínio, por outro evitou-se dinheiro que ia pelo ralo com ações simples de administração em contraponto ao mais básico dos desperdícios: o de água. “Colocamos bloqueador de ar na tubulação para economizar água e relógios internos nas lojas, porque há restaurante e padaria grandes embaixo do prédio. Antes era um registro só da Cedae, era um rateio à bangu: acho que aquele gasta isso e aquele gasta x + y. Coloquei hidrômetros internos para uma cobrança eficaz. A Cedae até me procurou para me dizer que meu consumo caiu muito! Ou seja, por conta do bloqueador de ar, de uma ação de vistoria interna, de conserto espontâneo feito pelo próprio condomínio nas unidades que apresentavam vazamento, conseguimos uma economia da ordem de 20%!”, comemora. Planos? Além da terceirização de mão de obra – que passaria dos atuais 25 para 15 ou 16 trabalhadores –, a ideia é man-

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ter o fundo de reserva em caixa: “No meu prédio deixou de ser fundo de reserva, serve para pagar o ‘arroz e feijão’ do mês inteiro, quando o correto seria estar depositado em uma poupança. Aliás, é mal crônico de quase todos os condomínios. Para isso, preciso que entendam que os 10% de fundo de reserva não pode entrar para pagar água, despesas. Significa dizer que o condomínio tem que aumentar 10%. Aí, perguntam se vai aumentar de novo”, explica. Para os novos síndicos, lembra que “o condomínio, para ser saudável em longo prazo, precisa ter um bolso do tamanho da necessidade básica”, o que, segundo Paulo Braga, ainda não ocorre no 380 Sernambetiba. “A grande percepção do morador é passar na portaria e achar que está bonitinho, mas ele não olha o ‘coração’ do prédio. Não é mesmo para olhar, ele tem mais é que usufruir do serviço, mas o administrador tem de olhar o ‘coração’ e, às vezes, obra que fica embaixo da terra não dá voto. A que dá voto é a que aparece. O condomínio, infelizmente, estava muito abandonado. Acho que até março a gente chega a 95% do ideal”, aposta confiante.

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Idade é documento, sim! Dizem as más línguas que idade não é documento. Pois depende. Elevadores em imóveis antigos tendem a acompanhar a idade desses condomínios. Não é raro ver por aí muitos com 30 anos, como no caso do 380 Sernambetiba, 50 e até mais. No entanto, é importante haver a atualização tecnológica a cada 20 anos, tempo considerado “razoável” pelo diretor comercial da TB Rio Elevadores, Marco Antônio Nogueira Nascif, para que um comando fique obsoleto. “A atualização tecnológica ou modernização técnica é a troca do quadro de comando eletromecânico por outro microprocessado com variador de frequência, juntamente com nova fiação, limites, cabos de manobra e botoeiras de chamada e sinalização. Normalmente aproveitamos o maquinário antigo que, na maioria dos casos, é robusto e de melhor qualidade do que os atuais. Percebemos claramente o momento certo de efetuar a modernização técnica, pois os gastos com as peças de reposição aumentam consideravelmente com suas

A nova academia de ginástica, em pleno funcionamento, oferece equipamentos novos

paralisações e com o aumento dos gastos com energia elétrica”, explica o especialista. Segundo ele, o elevador não precisará de reformas radicais em intervalos inferiores a 20 anos, desde que uma manutenção preventiva correta seja feita mensalmente, corrigindo-se os defeitos e substituindo, quando necessário, as peças danificadas ou gastas de forma preventiva. Marco Antônio também alerta que outra forma de se prevenirem problemas em elevadores seria com a ajuda do próprio condo-


mínio, ou seja, adotar algumas regras de utilização que são fundamentais e devem ser seguidas para preservar a segurança, como: manter-se afastado da porta quando estiver na cabine; não permitir que crianças trafeguem desacompanhadas nos elevadores; não pular, balançar ou brincar dentro do elevador; não forçar a abertura da porta ou acionar os botões desnecessariamente. Para Fábio Aranha, da Infolev, com o passar dos anos, é preciso investir um pouco mais do que só em estética: “É fundamental cuidar da ‘saúde’ do elevador. Como esse equipamento tem vida útil longa, a grande vantagem é que podemos modernizá-lo tecnicamente, para que se atualize. Substituindo o ‘cérebro’ do elevador (quadro de comando) por sistemas eletrônicos mais modernos, teremos um funcionamento melhor, mais seguro e mais eficiente com grande redução do consumo de energia elétrica.” Falando em segurança, Fábio ressalta que quadros de comando de elevadores modernizados oferecem viagens mais seguras e nivelamento mais preciso, o que evita a formação de degraus que, inclusive, são a causa de vários acidentes. O especialista da Infolev conclui: “É importante priorizar o cuidado com o elevador, pois, quando você entra e aperta um botão, nada mais pode ser feito, a não ser contar com bom funcionamento e boa manutenção.” Por essas e outras é que o síndico deve estar atento à contratação de uma empresa extremamente responsável pelo que faz.

Segurança que vem do alto É importante que os síndicos saibam que todos os edifícios residenciais com mais de 20 metros de altura, contados a partir da soleira, devem possuir para-raios. O sistema minimiza os estragos causados pela queda de descargas elétricas, pois as encaminha para o solo, evitando que a estrutura da edificação absorva toda a energia contida no raio, o que poderia causar danos materiais e pessoais incalculáveis. O alerta é de Fabrício Santiago, diretor-presidente da Astra Fire Engenharia, empresa especializada no ramo. Segundo ele, os para-raios devem seguir a NBR 5419, que normatiza o sistema, por

exemplo, regulando a altura do mastro, o número de descidas conforme o grau de risco da edificação e a resistência ôhmica mínima (10 ohmns) para o aterramento. Essa NBR é como um guia que define como deve ser instalada e feita a manutenção do sistema, normatizando padrões de execução e material empregado, entre outros itens. Fabrício Santiago também faz um alerta aos síndicos: “A manutenção deve ser anual e feita por empresa com registro no Conselho Regional e Engenharia e Arquitetura (Crea). O síndico também deve saber que ele é solidário civil e penalmente, caso haja um sinistro com raios e o sistema não esteja em dia com a manutenção, isto é, os condôminos poderão demandar na Justiça diretamente contra ele pela omissão ou inexistência do para-raios. Portanto, é sempre bom deixar o sistema em boas condições de manutenção, sendo cuidado por empresas registradas no Crea, e jamais permitir que ‘autônomos’ prestem serviços nesse sistema.” Se você pensou que um raio não cai no mesmo lugar duas vezes, como supõe a crendice popular, enganou-se. É muito mais provável que um raio caia duas vezes no mesmo lugar do que em lugares diferentes. “O raio procura sempre o lugar de mais baixa resistência em seu caminho para o solo; se um dia um raio bateu num lugar, significa que ao redor esse era o lugar de mais baixa resistência. Sendo assim, é provável que as mesmas condições propiciem a queda continuadas vezes.” Também não confie no sistema de para-raios próximo: “Há outra ‘lenda’ que diz que se um prédio vizinho possui para-raios, esse sistema protegerá outros prédios. Costumo dizer que para-raios ou Sistema de Proteção contra Descargas Atmosféricas (SPDA) é como capacete para quem viaja de motocicleta, só protege quem está usando.” Serviço

TB Rio Elevadores www.tbrioelevadores.com.br Astra Fire Engenharia www.astrafireengenharia.com.br JUL_AGO_SET 2014

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BEM DITA! – a coluna de boas notícias por Stella Maris Mendonça (smarismendonca@gmail.com)

Pablo Kaschner, escritor e radialista, abre a coluna com ótima notícia: “Participei de um projeto de narração dos jogos da Copa para deficientes visuais. Uma baita oportunidade de (tentar) passar a emoção de um jogo de futebol pra quem é cego ou enxerga pouco e, de quebra (não nego), ter estado na Copa de corpo, alma e olhos.” O depoimento do Marcos explica bem a diferença, para um cego, entre acompanhar um jogo no rádio e pela narração audiodescritiva. Disse ele: “Pude usufruir do treinamento dos voluntários que fariam a audiodescrição nos jogos da Copa do Mundo. A experiência que vivi nesse dia também foi uma estreia. Minha única experiência com um serviço assim tinha sido na Alemanha – e, portanto, em alemão –, em ocasião que para mim ficou muito mais marcada por ter descoberto que existe essa preocupação com o torcedor com deficiência visual. Mas minha limitação linguística em relação ao idioma de Goethe não me permitiu desfrutar da narração em si. Nesse domingo eu pude. No primeiro tempo, optei pelo rádio, com os locutores tão meus velhos conhecidos, companheiros de tantas jornadas, vozes de gols que tenho gravadas na mente, coração e HD. E eles transmitem com emoção! Enquanto lutava contra

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gabriel Mayr

A boa da Copa: narração audiodescritiva para cegos e deficientes visuais

as interferências que insistiam em atingir meu radinho de pilha, pensava, ‘bem que eles podiam conversar um pouco menos!’. A todo momento, virava para meu amigo Nicholas e perguntava: ‘Com que time está a bola?’, uma indagação bem básica no futebol, principalmente para quem está no

estádio. No segundo tempo, migrei para a audiodescrição com certo friozinho na barriga. Confesso que tinha medo de não gostar, tão acostumado que estou com o jeito de narrar do rádio. Será que eles vão transmitir emoção na medida certa sem prejudicar o conteúdo apresentado? Será que eles vão se


concentrar no jogo e fazer com que eu tenha uma visão mais geral de tudo o que envolve o espetáculo? Será que não vou me deparar com narradores amadores que vão me fazer sentir saudades do rádio em 5 minutos? Será que não vou escutá-los apenas porque faço parte do projeto e então é preciso prestigiar? E será que, ao fim de tudo, terei de dizer que ‘não, vocês não conseguiram?’! Porque, na teoria, tudo é lindo, uma narração voltada para as necessidades das pessoas com deficiência visual, mas, e na prática? Afinal de contas, eu nunca tinha ouvido uma audiodescrição. Como diz o outro, treino é treino e jogo é jogo, e vice-versa. Com o que me deparei foi com uma dupla de narradores tão entrosada que, às vezes, nem me dava conta de que tinha passado do Eduardo para o Pablo. Descrições precisas das jogadas, complementos com informações pontuais e interessantes (muito bom saber que o Emerson chamou o bandeirinha de cego ou que havia uma torcedora quase se batendo com a camisa alvinegra), sem falar que, em ambos os gols, eles, em cima do lance, não apenas descreveram a jogada de forma concisa e perfeita, como também – pasmei! – acertaram o cara que marcou o gol. E, não, isso não é simples, sempre cito o exemplo de um locutor de mais de 30 anos de rádio que, no afã de narrar rápido, protagoniza lances como ‘Cruzou na área, tocou Loco Abreu e gol!’, apenas para ser interrompido pelo repórter de campo, no meio do grito de gol, ‘Seedorf’, corrigindo o que havia sido dito. Isso não uma, nem duas vezes, isso acontece sempre. Daí ver os meninos, em seu primeiro dia, sem ajuda de qualquer recurso eletrônico (eles só tinham a

visão do campo), ultrapassando tão significativa barreira, foi algo que me encheu os olhos. De lágrimas quase! E não perguntei uma vez sequer ao meu amigo Nicholas o que estava acontecendo em campo. Antes contei a ele que nosso atacante xingou o bandeirinha de cego! Justo de cego! E como numa aprovação dos deuses do futebol, o Botafogo empatou a partida (com Pableduardo me contando com emoção!). Sinto que estamos mais perto de criar nosso próprio caminho, uma narração audiodescritiva que é eficiente na sua missão de dar informação, mas que, graças muito ao jeito extrovertido de Pablo e Eduardo, não deixa de lado a vertente brincalhona e informal do brasileiro. Não é jornalismo, é audiodescrição! Aprimorando algo que já existe na Europa e dando nosso carimbo, a marca do País do Futebol, nós temos tudo para ir longe! Foi a primeira vez deles na narração audiodescritiva e minha primeira vez escutando um jogo audiodescrito. E é mesmo verdade, a primeira vez a gente nunca esquece! Para bem além das considerações esportivas, a audiodescrição me fez sentir único, me fez viver um dia de cliente. Nós, cegos, em geral, utilizamos muitas coisas pelo que eu chamo de ‘porta dos fundos’, como se tivéssemos sempre que fazer uma gambiarra para ter acesso; mas domingo, não; nesse 27 de abril de 2014, tive um serviço feito para mim. Ali, pendurado no celular, eu sorria porque sabia que numa salinha do Maracanã havia um grupo de pessoas trabalhando para atender a uma necessidade nossa. Não, não arrombamos a porta da cozinha, entramos com todo o glamour pela porta da frente da acessibilidade, como quase nunca acontece na vida. Parabéns!”

As pessoas com deficiência representam, pelo menos, 12% da população mundial. São mais de 840 milhões de pessoas, das quais 285 milhões são cegas ou têm visão subnormal. Até o momento, pouquíssimos locais no Brasil oferecem serviços para pessoas cegas ou com baixa visão que compareçam a eventos ao vivo. Como parte da Estratégia de Sustentabilidade da Copa do Mundo da FIFA 2014TM, a FIFA e o Comitê Organizador Local (COL) apostaram num novo serviço de narração audiodescritiva em português nos estádios de Belo Horizonte (Estádio Mineirão), Brasília (Estádio Nacional de Brasília), Rio de Janeiro (Estádio do Maracanã) e São Paulo (Arena de São Paulo). O narrador especialmente treinado fornece uma descrição adicional de todas as informações visuais significativas, como linguagem corporal, expressão facial, entorno, lances, uniformes, cores e qualquer outro aspecto importante para transmitir a aparência e o ambiente do estádio, além do que está acontecendo durante o jogo. A narração, transmitida por radiofrequência e captada em fones de ouvido individuais, permite que mais torcedores com deficiência desfrutem do torneio, além de criar um legado de impacto duradouro. Esse projeto é um trabalho em conjunto com duas ONGs: o Centro de Acesso ao Futebol na Europa (CAFE) e a Urece Esporte e Cultura, organização brasileira que trabalha com pessoas com diversos tipos de deficiência visual. O equipamento de narração instalado em cada estádio foi doado após a competição às entidades locais dispostas a fazer parte do legado do projeto.

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Os engenheiros e irmãos André e Antônio Rebouças, que revolucionaram a construção civil e lutaram contra a escravatura, dão nome ao túnel e, no dia 13 de maio, quando se comemoraram 126 anos da abolição da escravatura no país, receberam justa homenagem da Prefeitura, a pedido do Clube de Engenharia do Rio – foram inaugurados dois bustos de bronze na Praça José Mariano Filho, perto da entrada do Túnel Rebouças, do lado da Lagoa Rodrigo de Freitas. As peças foram confeccionadas pelo escultor Edgar Duvivier e cada uma pesa cerca de 30 quilos. O artista é autor de outros monumentos da cidade, como a escultura de bronze da Princesa Isabel, inaugurada há 11 anos em Copacabana.

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Netos de um alfaiate português e de uma escrava alforriada, engenheiros formados pela Escola Militar, os irmãos Rebouças eram negros e participaram ativamente das campanhas abolicionistas. A notoriedade dos engenheiros é reconhecida não somente no Rio. Em São Paulo, existe a Avenida Rebouças; Porto Alegre e Curitiba, além de Rebouças (Paraná), são outras cidades que decidiram reconhecer a trajetória de André e Antônio no século XIX. Os irmãos Rebouças foram os responsáveis pela construção de estradas de ferro e cais de porto, além de terem introduzido a técnica do uso do concreto armado no Brasil. Atribui-se a eles a execução da primeira ponte com essa tecnologia, em 1875, em Piracicaba (São Paulo).

arquivo teto

Irmãos André e Antônio Rebouças homenageados com bustos de bronze

Enquanto o país ainda concentra renda e as políticas públicas de habitação ainda são precárias, as organizações não governamentais atuam. TETO é uma ONG que trabalha em assentamentos precários, que busca conhecer os moradores de áreas carentes, suas vidas e problemas. Com ações conjuntas de voluntários e moradores, o TETO busca o desenvolvimento comunitário, a conquista de direitos e a superação da extrema pobreza. Por meio da construção de casas emergenciais, a ONG visa diminuir riscos imediatos às famílias e mobilizar os moradores, a fim de instaurar reuniões e debates sobre as reais necessidades da comunidade e, assim, planejar ações definitivas em conjunto com os moradores e o poder público, como obras de saneamento, áreas de lazer, escolas, postos de saúde etc. Você pode ajudar essa causa nobre. Seja um amigo do TETO! Saiba mais em www.teto.org.br


Jurisprudências 0015099-11.2010.8.19.0210 - APELAÇÃO DES. CELSO PERES - Julgamento: 22/5/2014 - 10ª CÂMARA CÍVEL Apelação cível. Controvérsia entre proprietária de unidade autônoma e condomínio edilício. Infiltrações advindas do telhado, conforme laudo técnico não impugnado, esclarecedor neste sentido. Obrigação de promover os reparos corretamente imposta. Condenação subsidiária de reparar os danos que bem seguiu os parâmetros do estudo técnico, bem como as condições de mercado. Dano moral ocorrido in re ipsa. Parte ré que se furtou de um de seus deveres inerentes à vizinhança, agravando a situação de habitabilidade do imóvel pertencente à autora. Valor arbitrado em R$ 2.500,00 (dois mil e quinhentos reais) que não foi alvo de irresignação recursal. Apelo improvido. 0011731-18.2010.8.19.0202 - APELAÇÃO DES. GILBERTO GUARINO - Julgamento: 30/1/2014 - 18ª CÂMARA CÍVEL Apelação cível. Ação de procedimento comum ordinário. Pedido de responsabilidade civil (danos morais e materiais). Ação ajuizada em face de condomínio em razão de suposta má prestação de serviço de manutenção de antena coletiva e circuito interno. Sentença de improcedência. Irresignação da autora. Celebração do contrato que foi chancelada pela assembleia dos condôminos. Devolução das parcelas pagas. A serviço vinha sendo prestado regularmente. Vedação ao enriquecimento sem causa. Inexistência de dano moral. Recurso a que se nega provimento. Art. 557, caput, do código de processo civil. 0031299-33.2009.8.19.0209 - APELAÇÃO DES. ALEXANDRE CÂMARA - Julgamento: 16/5/2011 - 2ª CÂMARA CÍVEL Direito civil. Responsabilidade civil. Furto de bicicleta em área comum de condomínio. Sentença de improcedência. Recurso do autor. Julgamento imediato do mérito que era cabível na hipótese dos autos. Ausência de nulidade. Existência de cláusula no Regimento Interno afastando a responsabilidade do réu relativamente aos bens guardados no bicicletário. Inexistência de serviço de vigia ou segurança. Portaria que apenas controla o fluxo de entrada e saída de pessoas, sendo descabida a conclusão de que, por conta disso, teria o demandado assumido a responsabilidade pelos bens guardados em área comum. Honorários devidamente fixados. Recurso desprovido liminarmente. 0190941-84.2009.8.19.0001 - APELAÇÃO DES. CLÁUDIO BRANDÃO - Julgamento: 7/6/2013 - 7ª CÂMARA CÍVEL Apelação cível. Direito civil e processual civil. Ação de obrigação de fazer c/c danos morais. Realização de obra em área interna de condomínio de apartamentos. Troca de piso de mármore dos corredores por granito. Alegação autoral de danos em soleira existente na entrada de seu imóvel e má execução da obra. Sentença de procedência parcial dos pedidos. Determinação para a troca da soleira danificada por peça no padrão adotada pelo condomínio e correção da imperfeição apontada na execução do serviço. Apelação da autora. Requerimento para substituição da soleira danificada por outra de mármore. Ratificação do pedido de verba indenizatória por danos morais. Assembleia geral de condôminos que deliberou sobre a execução da obra e material a ser utilizado. Impossibilidade de se impor execução do serviço ou uso de outro material de forma diversa ao aprovado pela maioria. Dano moral não configurado. Recurso a que se nega seguimento. Manutenção da sentença. 0015442-49.2010.8.19.0002 - APELAÇÃO DES. GILDA CARRAPATOSO - Julgamento: 12/12/2012 - 13ª CÂMARA CÍVEL Shopping center. Incêndio de imóvel locado. Danos causados à propriedade vizinha. Inobservância do dever de cuidado objetivo. Responsabilidade solidária. Dano moral. Embargos de declaração. Responsabilidade civil. Dever de indenizar decorrente dos danos provocados aos autores embargados que tiveram sua residência atingida por incêndio ocorrido em uma das lojas da embargante. Alegação de violação ao inciso II, do art. 188, do novo Código Civil. Acórdão embargado que não aprecia a matéria embargada, vez que não ventilada pela embargante quando da apresentação dos primeiros aclaratórios. Inexistência de contradição e obscuridade. Pretensão de rediscussão da matéria decidida. Impossibilidade, uma vez que não há vícios na decisão embargada. Embargos de declaração aos quais se nega provimento. JUL_AGO_SET 2014

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Comportamento

Subsíndico: braço direito Quando o “vice” do síndico bate um bolão “Se eu tivesse uma empresa, colocaria o Eduardo para administrar”, brinca Oswaldo Alves de Souza, síndico do Condomínio Porto Fino, em Niterói, referindo-se ao subsíndico Eduardo Rodrigues dos Santos, que ocupou o cargo junto com ele em 2012. Para Souza, uma das grandes qualidades do assessor é cuidar do orçamento do condomínio, com 24 andares e 126 apartamentos, como se fosse seu. “Eduardo é economista e já trabalhou muito tempo em banco, então sabe muito bem como economizar e engordar nosso fundo de reservas”, elogia o gestor, que conta com o auxílio da CIPA na administração. A experiência do subsíndico com as questões do condomínio, entretanto, vem de longa data. Morador desde 1996, ele ocupou a cadeira do síndico pela primeira vez em 2001 e lá permaneceu por 11 anos. “Eu quis parar para dar a chance de outra pessoa administrar o condomínio, mas o Oswaldo disse que só assumiria se eu fosse o subsíndico”, conta Eduardo, que revela um dos segredos para ter as contas em ordem: “Reunimos mensalmente o conselho consultivo para analisar os balancetes enviados pela CIPA. Na assembleia anu74

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al de aprovação de contas fica muito mais fácil explicar o movimento financeiro aos condôminos.” Uma das principais diretrizes do subsíndico é monitorar o índice de inadimplência, cuidando para que os atrasos não se estendam por muito tempo. “A taxa de inadimplência não chega a 10%, o que consideramos um bom índice. Mas estamos sempre negociando e fazendo acordos”, diz Eduardo. Para a dobradinha dar certo, ele recomenda sinergia e, claro, um bom relacionamento pessoal entre síndico e subsíndico. “Eu sou economista e o Oswaldo é engenheiro. Para um condomínio, somos a dupla perfeita”, diverte-se. Como em qualquer relação de trabalho, o convívio entre os gestores deve ser amistoso. “Somos parceiros, temos um ótimo relacionamento e respeitamos a opinião um do outro”, reforça o síndico. Sem o controle financeiro, o Condomínio Porto Fino poderia estar passando por uma situação complicada. Graças ao fundo de reserva administrado com pulso firme pela dupla, está sendo feita a modernização do sistema hidráulico, com custo que deve chegar a R$ 300 mil. Além disso, será conclu-


ída, até o final de 2014, a atualização dos quatro elevadores, com investimento de R$ 180 mil. Você pensa que eles vão parar por aí? Não, para 2015 já está planejada a reforma da portaria.

O que a legislação diz? Muito se fala sobre a função do síndico, porém quase nunca se aborda o trabalho do subsíndico, que, em muitos casos, acaba sendo o braço direito do comandante. Mas o que dizem as leis a respeito desse cargo? Quais devem ser suas atribuições? A advogada do Departamento Jurídico da Associação Brasileira das Administradoras de Imóveis (Abadi), Waleska Fraga Coelho, esclarece que normalmente as funções do subsíndico estão descritas na convenção condominial. “A legislação civil não menciona a figura do subsíndico, sendo o cargo obrigatório apenas por exigência da convenção. A função do subsíndico é auxiliar o síndico na administração diária do condomínio e assumir as funções nos seus impedimentos. É importante observar que, por ser um assessoramento ao síndico, o subsíndico

O subsíndico Eduardo Rodrigues acredita na parceria com o síndico: “Somos parceiros, temos um ótimo relacionamento e respeitamos a opinião um do outro”

não deverá adotar deliberações contrárias à gestão dele”, recomenda a especialista. Quando o síndico se ausenta de suas responsabilidades ou se omite diante de algo importante, o subsíndico deve ser o primeiro a agir. Mas a advogada alerta que a pessoa nessa função não possui legitimi-

dade para tomar decisões e providências em nome do síndico. “Ele deve se limitar a exigir do síndico o cumprimento de deveres jurídicos, sob pena de dar ciência aos demais condôminos”, orienta Waleska, acrescentando que o subsíndico pode assumir o lugar do síndico em caso de re-

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O síndico Oswaldo Alves de Souza, de Niterói, ressalta a confiança no subsíndico: “Se eu tivesse uma empresa, colocaria o Eduardo para administrar”

núncia, destituição ou falecimento dele ou por causa de outra determinação imposta na convenção condominial. E quando o subsíndico não é participativo? O síndico pode destituí-lo da função escolhendo outro para ocupar a vaga? Segundo informa a advogada da Abadi, assim como acontece com o síndico, o subsíndico também pode ser destituído a qualquer tempo, sempre que a assembleia extraordinária convocada especialmente para esse fim decidir. “A decisão exige a maioria absoluta dos membros da assembleia ou o quórum determinado na convenção.”

Mais que colegas de trabalho No Condomínio Residencial Don Garcia, no Cachambi, a relação entre o subsíndico, Newton Marques, e o síndico, Christopher da Silveira, não fica apenas no ambiente de trabalho. “Christopher é cunhado de minha esposa, então somos próximos. Nos almoços em família acabamos sempre falando dos assuntos do condomínio”, revela o subsíndico, que está no segundo ano de mandato, mas já foi membro do conselho fiscal e consultivo em gestões passadas. Preocupado com o caixa do condomínio, Newton ajudou o síndico na campanha contra a 76

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inadimplência, baixando esse índice em patamar aceitável, que não compromete tanto o orçamento. O Don Garcia requer mesmo uma gestão eficiente. Com 11 andares e 132 apartamentos, o condomínio conta ainda com garagem, playground, salão de festa, salões de jogos adulto e infantil, academia, piscina, churrasqueira e campo de futebol. Com tanto espaço para a interação entre os moradores, foi necessário investir na comunicação a fim de evitar conflitos. Afixamos placas com informações objetivas, sempre trabalhando com regulamento interno, para que todos pudessem aproveitar os espaços disponíveis sem problemas. No salão de festas, quando o condômino faz a reserva, ele assina um termo de responsabilidade em que constam informações do regulamento interno sobre o uso do espaço. “Tivemos também a preocupação de afixar a mesma informação no próprio salão de festa”, conta Newton. “Não multamos ninguém, apenas levamos informação”, comenta o subsíndico, que também se mostra atuante quando o assunto é dinheiro. “Conseguimos dobrar o valor do fundo de reserva em apenas um ano”, revela Newton, que conquistou a proeza com o controle das despesas e o ajuste do orçamento.


“Através de campanhas conseguimos que os moradores prestassem mais atenção nos vazamentos das caixas acopladas das descargas, trocando gratuitamente as peças com defeito. Reduzimos a conta de água em aproximadamente 10%.” Quando perguntado sobre o sucesso da parceria, Newton aponta ainda o fortalecimento da comunicação

como peça-chave. “Criamos um e-mail para o síndico, outro para o subsíndico e um para a administração geral. Todas as deliberações são compartilhadas pelos dois. Nós acompanhamos juntos os orçamentos, os balancetes e o fluxo de caixa, entre outras informações enviadas pela CIPA, e, no caso de ausência do síndico, estou sempre à disposição.”

Como encontrar um bom subsíndico Um síndico tem inúmeras responsabilidades, mas o peso da função pode ser atenuado com o auxílio de uma boa administradora e, claro, de um bom subsíndico. Mas como saber se um morador está apto a exercer a função? Veja a seguir as dicas da advogada Waleska Fraga Coelho, da Abadi: • qualidades desejáveis - um subsíndico deve ser uma pessoa atuante, participativa, calma e que tenha bom relacionamento com moradores e funcionários do condomínio; • como o subsíndico pode ser solicitado a assumir as funções do síndico a qualquer momento, ele precisa se manter informado sobre os assuntos que afetam o condomínio: legislação, adminis-

tração, finanças, departamento pessoal etc.; • o subsíndico deve atuar dentro dos limites de suas funções, estabelecidos na convenção condominial, nos impedimentos do síndico, e não pode contrariar a legislação; • a convenção condominial é que vai determinar se o candidato a subsíndico tem que ser proprietário ou se pode ser um inquilino ou um estranho ao condomínio; • no caso dos prédios comerciais, a responsabilidade do subsíndico é a mesma dos prédios residenciais, ou seja, ele deverá ser diligente no cumprimento de suas funções, assessorando o síndico em seus impedimentos ou quando solicitado.

Subsíndico de um condomínio no Cachambi, Newton (camisa verde) ajudou o síndico Christopher no fortalecimento da comunicação, criando um e-mail para cada um e outro para a administração geral

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história por Milton Teixeira

O estilo art déco e a arquitetura de Copacabana O estilo art déco surgiu na França, em Paris, logo após a Primeira Guerra Mundial, e perdurou em alguns países da Europa Oriental até depois da segunda conflagração, quando foi, afinal, substituído pela arte moderna. Apesar de ter abrangido quase todas as manifestações artísticas, foi na arquitetura que mais se destacou. Em 1925 foi realizada, na Cidade Luz, no Campo de Marte, a grande Exposition des Arts Decoratifs, com muitos pavilhões erguidos nesse novo estilo, cujo título contrafeito resultou em art déco. O novo estilo sofreu influência das grandes descobertas arqueológicas da época, ou seja, o encontro, por Hiran Binghan, das ruínas de Machu Picchu, no Peru; a escavação e restauração das pirâmides Maias, em Chichen Itzá, no México; e, principalmente, a grande descoberta do século, o encontro do túmulo praticamente intacto do Faraó Tutankamon, em 1922, por Howard Carter. O art déco também buscou inspiração na atualidade, nos primeiros estudos do arquiteto e designer suíço Le Corbusier, um dos maiores arautos da arquitetura moderna, principalmente quanto ao racionalismo na construção, ao uso moderno do concreto e à economia de meios. Outra fonte de inspiração foi o Cubismo, de Picasso, Braque e Léger, artistas que, desde 1906, dominavam o panorama das artes modernas. Na arquitetura, o art déco pregava as linhas retas, os ângulos retos, as superfícies planas, os volumes prismáticos e o uso do concreto armado e do ferro. 78

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A decoração na fachada era mantida, mas estilizada para retas e/ou semicírculos e, no geral, superficial e localizada. Os elementos decorativos mais importantes eram destinados a exaltar a entrada do edifício, com halls monumentais e uso de material nobre, como mármore e cerâmica colorida. Nos prédios altos, os andares superiores eram reduzidos, dando-lhes uma terminação piramidal, lembrando as construções pré-colombianas. Por vezes, o arquiteto fazia alguma concessão às curvas, principalmente nas varandas e sacadas, algumas de grande balanço, aproveitando as qualidades do concreto. Em prédios muito altos, as linhas verticais eram exaltadas para expressar monumentalidade. O revestimento das fachadas era de pó de pedra, que dava uma aparência cinzenta à construção. Como o art déco era masculino, massudo, grandioso e pesado, foi o estilo predileto das economias em ascensão, como também dos edifícios oficiais dos regimes totalitários. Nova York pode ser citada como uma cidade art déco, sendo seu símbolo maior o Empire States Building, terminado em 1930. Por sua vez, em Roma, o ditador Benito Mussolini, um admirador do estilo, mandou construir um bairro inteiro em art déco: o EUR. Na Alemanha nazista, foi a arquitetura oficial do partido até 1945. Na União Soviética, Stalin o consagrou como o estilo do Comunismo até 1954. Afinado com a modernidade, o art déco incorporou toda a tecnologia moderna do século XX, como banheiro, água encanada, calefação, luz elétrica,


gás. As plantas dos apartamentos ou salas são modernas, amplas e confortáveis. As paredes grossas isolam o interior das temperaturas extremas e os elevadores modernos eliminam o problema dos andares elevados. As janelas são generosas, se bem que menores que as prescritas pela arquitetura moderna de Le Corbusier, pois o pano cego da parede é muito importante para o art déco. Os prédios desse estilo são resistentes e feitos para durar. Seus nomes exaltam exatamente vigor, poder, segurança e desejo de elevação social: Rex, Excelsior, Maximus, Imperator; ou nomes indígenas que denotam orgulho nacional nativista: Jarau, Marajó, Micatu etc.; nomes que lembram os Estados Unidos não são raros: Mississipi, Missouri, Dakota etc. O art déco é muito cenográfico, sendo usado na arquitetura de teatros e cinemas americanos e europeus dos anos 1920 aos 1940, como Broadway, Metro e Ufa.

O estilo se adapta muito bem ao mobiliário, geralmente de linhas retas ou semicírculo, com madeira escura. O design dos mais diferentes objetos, de copos a automóveis, foi muito aprimorado, em especial na Alemanha, nos estudos da Escola Bauhaus, de Dessau. Até no vestuário, o art déco se manifestou, em especial nas criações da estilista francesa Coco Chanel. Na pintura, o maior artista do período foi Pablo Picasso, cuja pintura, na década de 1920, assumiu contornos mais tradicionalistas, pesados. No Brasil, pode-se afirmar que a primeira construção em estilo art déco foi o monumento ao Cristo Redentor, inaugurado em 1931 depois de seis anos de obras. Seu criador, o arquiteto Heitor da Silva Costa, foi a Paris e ficou impressionado com a exposição de 1925, razão pela qual alterou o desenho da estátua, até então um tanto acadêmico. O primeiro grande arranha-céu habitado foi, por sua vez, o edifício A Noite, JUL_AGO_SET 2014

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na Praça Mauá, projetado pelo francês Joseph Gire, mas com cálculo estrutural do alemão Emílio Baumgart. Cada andar erguido era anunciado na imprensa como uma vitória da raça brasileira. Os primeiros arranha-céus residenciais de Copacabana – os edifícios Jarau, Roxy, Mississipi, Missouri, Arapehy, Pitaguary, José Mariano e outros – foram erguidos depois de 1930 por Firmino Saldanha, um arquiteto que oscilou entre o art déco e o modernismo. Entre os exemplares de prédios mais bonitos de Copacabana, um bairro art déco por excelência, podemos ressaltar os seguintes edifícios: Itahy, na Avenida Nossa Senhora de Copacabana, de Arnaldo Gladosh; Itaoca, vizinho ao anterior, esquina com a Rua Duvivier, de Robert Prentice; Guahy e Ophir, ambos na Rua Ronald de Carvalho; Caxias, na Rua Viveiros de Castro; Ok, no Lido; Olinda, na Avenida Atlântica; e muitos outros. No Flamengo, o Biarritz, do francês Henry Sajous, talvez o mais belo de todos. No Centro, há muitos prédios art déco no Castelo e na Avenida Rio Branco, entre eles: Novo Mundo, na Avenida Presidente Wilson; Shell, idem; Darke, na Avenida Treze de Maio; Brasília, na Avenida Rio Branco; Guinle, na mesma avenida, esquina com Rua Sete de Setembro; o edifício da Central do Brasil, de Arnaldo Gladosh e Roberto Magno de Carvalho; seu vizinho, o Palácio Duque de Caxias, sede do Comando Militar do Leste; esses dois últimos, no Campo de Santana. O art déco mal desenhado também resulta em feios monstros, como os edifícios do Instituto Militar de Engenharia, da Es-

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cola de Comando e Estado-Maior do Exército, e o prédio residencial General Dutra, todos os três na Praia Vermelha e todos muito pesados, escuros, em desacordo com as delicadas e alegres linhas da paisagem. No entanto, o bairro da Urca possui alguns dos melhores exemplos de casas e pequenos edifícios em estilo art déco, sinal que nem sempre o arquiteto precisa brigar com a bonita paisagem. Quanto à arquitetura do espetáculo, alguns dos mais belos cinemas e teatros adotaram o cenográfico art déco, se

bem que poucos sobreviveram, já que a maioria foi tragada pelo progresso ou virou igreja evangélica. Os cinemas Olinda, na Praça Saens Peña; São Luiz, no Largo do Machado; Imperator, no Méier; Metro, em Copacabana e no Centro; e Roxy, em Copacabana, eram bons exemplos, se bem que somente o último sobrevive e, mesmo assim, muito modificado. Quanto aos teatros: Carlos Gomes e João Caetano, ambos na Praça Tiradentes, e Paulo Gracindo, em Petrópolis, são alguns dos mais notáveis exemplares em art déco.


São Paulo adotou o art déco como estilo oficial dos arranha-céus da moderna cidade que desejava ser a metrópole maior da América do Sul. Os prédios do Banco do Brasil e do Banespa são apenas alguns dos milhares de exemplos de bons prédios nesse estilo que pululam pela cidade, o segundo literalmente uma miniatura do Empire States. O arquiteto russo Gregori Warchavchik, radicado em São Paulo desde 1924, produziu algumas das mais interessantes casas do período (residências nas ruas Itápolis, Santa Cruz e Bahia), inspiradas nos primeiros trabalhos de Le Corbusier, mas com um toque pessoal inconfundível. Warchavchik é considerado por muitos críticos o pioneiro dos modernistas no Brasil, se bem que, estilisticamente, sua obra arquitetônica ainda tenha forte vinculação com

a estética do art déco. Em 1931, Warchavchik formou escritório com Lúcio Costa, do Rio de Janeiro, resultando daí o surgimento da arquitetura moderna nativista no Brasil. No centro histórico de Salvador, aparece em destaque a massa do Elevador Lacerda, construído em 1930 por Robert Prentice. O estilo art déco perdeu a força no início da década de 1940, mas sua contribuição foi importantíssima, pois incorporou a modernidade na vida do brasileiro, trazendo-nos o conforto do século XX e as construções em grandes alturas para a paisagem brasileira. Foi nossa primeira abertura para a arte moderna, e não é à toa que muitos arquitetos e designers do art déco seguiram a tendência modernista, que foi o passo seguinte da evolução artística mundial.

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segurança por Paulo Ferreira

Prevenção e manutenção contra incêndio

A síndica Rosa Schechter: preocupação permanente com segurança

Um dos principais itens de segurança em um condomínio é a prevenção de incêndio. Afinal, todo cuidado é pouco para esse perigo sempre em potencial. Por isso, as medidas para evitar que uma tragédia aconteça e resulte em perdas de vida e patrimônio devem ser não só tomadas, como revistas. Especialistas explicam como manter o condomínio protegido, reservando o fogo apenas aos bocais do fogão. “A regra número 1 que deve ser seguida

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pelos responsáveis por edificações, sejam elas comerciais ou condomínios residenciais, para mitigar os riscos de um incêndio, é a adoção da prevenção como estratégia. A maioria dos casos de incêndio decorre da falta de manutenção e das más condições da rede elétrica e de gás, por eventuais atos inseguros cometidos por habitantes ou visitantes das edificações, bem como da inexistência ou condição inoperante dos equipamentos e das instalações da

rede preventiva de incêndio”, explica Carlos Henrique dos Santos, especialista em prevenção de riscos da Sprink Segurança contra Incêndio Ltda. “O Corpo de Bombeiros recomenda que a população evite ações que possam dar início a focos de incêndio, como conectar vários equipamentos elétricos e eletrônicos em uma mesma tomada, dormir com velas acesas, esquecer panelas no fogo, acender fogueiras, queimar lixo no quintal, soltar balões, jogar cigarros ainda acesos em lixeiras ou em vegetação”, reforça a capitã BM Joyce Kelly de Souza Pereira, do Quartel do Comando-Geral do Estado do Rio de Janeiro. É senso comum entre os especialistas que a prevenção é a atitude ideal para evitar qualquer surpresa desagradável. Pequenos focos de fogo ocasionados por ações como as citadas anteriormente podem rapidamente se tornar incêndio de grandes proporções. E pior: incontrolável. Um passo importante na prevenção é a manutenção regular de todos os equipamentos de combate ao fogo, como extintores e mangueiras. “De acordo com o Decreto-lei 897/76, que regulamenta o código de segurança contra incêndio e pânico do Rio de Janeiro, extintores e mangueiras deverão ser inspecionados anualmente somente por empre-


sas credenciadas pelo Corpo de Bombeiros, que poderão ser verificadas pelo síndico no site da corporação”, explica Moises Cukier, sócio-gerente da JJM Extintores. Já Carlos Henrique, da Sprink, diz que, antes de qualquer coisa, para garantir que a prevenção seja assegurada de largada, a primeira providência a ser tomada pelo responsável pela edificação deve ser a elaboração e aprovação de um projeto preventivo de incêndio perante o Corpo de Bombeiros da região onde se localiza o condomínio. “Uma vez instalados os equipamentos especificados no projeto, o condomínio deve garantir que o sistema instalado sofra periódica e constante manutenção. Para tanto, é recomendada a contratação de uma equipe de técnicos de manutenção de empresa especializada e credenciada no Corpo de Bombeiros Militar, que será responsável por avaliar as características e o grau de risco de cada edificação e identificar a frequência ideal de visitas técnicas de manutenção em toda a rede de incêndio. No caso da revisão e aplicação de testes e ensaios nos equipamentos, a empresa adotará os prazos legais e as recomendações da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT)”, explica. Outro item importante na prevenção são as brigadas de incêndio. Empresas credenciadas pelo Corpo de Bombeiros adotam em seus treinamentos brigadas voluntárias de incêndio, que, para o Rio de Janeiro, seguem a Resolução 31, da Secretaria de Defesa Civil do Rio de Janeiro, que, entre outras providências, dispõe sobre empresas credenciadas para realizar curso de formação, atualização e habilitação de bombeiros civis e curso de formação e atualização de

brigadistas voluntários. Para os demais estados brasileiros, são adotadas as recomendações da ABNT NBR 14.276. Os cursos de reciclagem das brigadas voluntárias, para o Rio de Janeiro, possuem carga horária de 16 horas, com validade anual, e para os demais estados brasileiros, a carga horária dependerá da classificação do nível da turma a ser treinada e pode variar de 8 horas até 63 horas, também com validade anual. “O curso de formação de bombeiros profissionais civis da Sprink, por exemplo, segue o disposto na Resolução 31, da Secretaria de Defesa Civil, com carga horária de 80 horas e cursos de atualização de 32 horas a cada dois anos. Para os demais estados, é adotada a ABNT NBR 14.608, com carga horária de 80 horas a 100 horas para reciclagem e 210 horas para a formação, com validade anual”, explica Carlos Henrique. “A atualização do brigadista voluntário de incêndio (BVI) e do bombeiro civil (BC) deverá ser realizada em um prazo máximo de dois anos, a contar da formação ou da última atualização”, chama atenção a capitão Joyce Kelly. Outras providências a serem tomadas incluem a recarga dos extintores. A portaria nº 005, de 5 de janeiro de 2011, do Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro), estabelece requisitos técnicos para os serviços de inspeção e manutenção de primeiro, segundo e terceiro níveis de extintores de incêndio, fabricados ou importados, visando propiciar maior segurança ao usuário, bem como desempenho adequado do produto no momento de sua utilização. Conforme a ABNT NBR 12.962, sobre inspeção, manutenção e recarga em extintores de incêndio, os extintores de CO2 possuem

O síndico Mário Belisário: o edifício antigo passou por melhorias para a prevenção de incêndio

um prazo de cinco anos para recarga e os demais tipos de agente extintor devem ser recarregados anualmente. Além de extintores e mangueiras, outros equipamentos são bem-vindos para evitar incêndio. De forma geral, um sistema preventivo e de combate a incêndio para um prédio deve possuir uma reserva técnica de água destinada exclusivamente à utilização pela rede de incêndio, sistemas de hidrantes e de sprinklers completos e devidamente pressurizados, mangueiras de incêndio em perfeito estado de utilização, extintores de incêndio portáteis específicos para cada classe de incêndio, detectores de fumaça ou calor, lâmpadas de emergência, portas corta-fogo e sinalização de emergência. “Também é importante um plano de desocupação de emergência, bem como seu exercício simulado, fundamental para salvar vidas em

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caso de incêndio em que as pessoas precisem deixar a edificação”, recomenda Carlos Henrique, da Sprink. Além de todas as precauções, o Corpo de Bombeiros realiza auto de vistoria, para verificar o cumprimento de exigências específicas em projetos previamente aprovados, por programação de vistorias ou para atendimento a uma denúncia de irregularidade. Para realizá-lo, o síndico deve se dirigir à corporação e solicitar a realização de uma vistoria, caso a edificação seja isenta de dispositivo preventivo fixo. A corporação, então, fará a vistoria e emitirá o laudo de exigências. Cumpridas as exigências, o responsável deverá retornar à unidade militar e solicitar uma nova vistoria na edificação. “Sendo observado o cumprimento das exigências anteriormente realizadas, a corporação emitirá o certificado de aprovação. Caso a edificação possua dispositivo fixo, o responsável deverá apresentar projeto arquitetônico. Após a aprovação do projeto, será emitido o laudo de exigências. Vale lembrar que é possível, ainda, que o cidadão faça denúncias sobre irregularidades por ele observadas”, explica a capitã Joyce Kelly. Além da legislação de incêndio estabelecida por cada Corpo de Bombeiros no território nacional, existem leis locais que colaboram para o perfeito funcionamento da rede de incêndio, como a Lei Municipal Complementar nº 126, de março de 2013 (Lei da Autovistoria), que obriga a realização de vistorias técnicas periódicas, com intervalo máximo de cinco anos, nas edificações existentes no município do Rio de Janeiro, para verificar as condições de conservação, estabilidade e segurança e garantir, quando necessário, a execução das medidas reparadoras. Assim, é possível adaptar o prédio às novas exigências de prevenção. É o caso do Condomínio Virgínia, em Ipanema. O síndico Antônio José Sampaio Santos, além da manutenção periódica de todos os equipamentos de combate a incêndio, está adaptando o prédio às normas da autovistoria. “Fizemos a autovistoria no ano passado e estamos dando prosseguimento à adaptação de nosso sistema”, conta. Edificações antigas devem ter cuida84

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do redobrado. Toda edificação construída antes de 1976 deverá fazer um projeto de adequação de incêndio. Após a apresentação do projeto ao Corpo de Bombeiros, a corporação emitirá um laudo de exigências, em que constará tudo aquilo que o prédio deve ter, como sistema de pressurização de incêndio, mangueiras e sprinklers, extintores de incêndio com localização definida e tipo correto, luminária de emergência em corredores e escadas, entre outras providências. “Esse conjunto de equipamento ajuda a combater um princípio de incêndio, evitando um mal maior até a chegada dos bombeiros”, alerta Moisés Cukier, da JJM Extintores. O Condomínio Berna, no Flamengo, é bem antigo: tem mais de 50 anos. Por isso mesmo, o sindico Mário Belisário fez recentemente adequações no prédio. “Instalamos, por exemplo, corrimão nas escadas e mangueiras em cada andar”, conta. Outro prédio antigo é o Edifício Liberator, em Copacabana. Foi construído há 70 anos, quando se iniciaram as construções de prédios na Praia de Copacabana. A síndica Rosa Schechter sempre investiu em segurança. Além das tarefas rotineiras de manutenção – revisão e teste de extintores e mangueiras de incêndio; manutenção de para-raios realizada anualmente; limpeza e desinfecção de cisternas e caixas-d'água, com teste bacteriológico, realizadas semestralmente; e manutenção de elevadores, bombas d'água e sistemas eletrônicos feita mensalmente, por empresas credenciadas – ela realiza também pequenas obras ao longo de cada período, para manter a edificação em bom estado de funcionamento e incorporar novas tecnologias que podem representar um ganho em termos de segurança e higiene.


“Eu e um funcionário participamos, no ano passado, de um ciclo de palestras oferecido anualmente pelo Corpo de Bombeiros. Desde então, providenciamos a ampliação dos sistemas contra incêndio existentes, com o aumento do número de extintores e mangueiras e a aquisição de chaves storz e esguichos reguláveis. Foi também ampliado e melhorado o sistema de iluminação de emergência. Por fim, foi instalado um sistema de pressurização da rede de incêndio que não existe em prédios antigos como o nosso”, conta Rosa, que comemora o laudo técnico que diz que o prédio se encaixa nas condições de conservação, estabilidade e segurança.

Legislação Segundo o advogado Anderson Lima Sampaio, da Saad Advogados, no Rio de Janeiro, aplica-se o Código de Segurança contra Incêndio e Pânico (Coscip), Decreto nº 897, de 21 de setembro de 1976, que tem o propósito de estabelecer os requisitos de segurança indispensáveis para as edificações construídas no território do Estado do Rio de Janeiro, bem como suas legislações complementares mais utilizadas.

Todo cuidado é pouco Para evitar incêndio, atenção total aos pequenos atos rotineiros. Veja, a seguir, algumas dicas: • não esqueça panelas em fogões ligados; • não utilize material combustível, como álcool, de forma incorreta; • não esqueça cigarros acesos perto de material inflamável; • evite o uso de velas, toalhas e tecidos próximo do fogo ou de fonte de calor; • mantenha as instalações elétricas em ótimas condições de uso e evite o emprego indiscriminado de benjamins; • não armazene nenhum tipo de material inflamável em qualquer tipo de compartimento do condomínio, principalmente se este for fechado; • verifique se existe algum tipo de vazamento de óleo dos carros que ficam estacionados nas garagens; • na falta de luz, não acenda velas em corredores, portaria ou escadas; • não utilize botijão de gás, nem no salão de festas.

Informações

Dúvidas? Consulte os sites indicados: Normas ABNT: www.abnt.org.br Inmetro: www.inmetro.gov.br Diretoria-geral de Serviços Técnicos do Corpo de Bombeiros do Estado do Rio de Janeiro: www.dgst.cbmerj.rj.gov.br

Serviço Sprink Segurança contra Incêndio http://www.sprink.com.br/ JJM Extintores E-mail: jjm.incendio@ig.com.br

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entrevista por Stella Maris Mendonça (smarismendonca@gmail.com)

Luiz Edmundo Horta Barbosa da Costa Leite é engenheiro mecânico e professor do Departamento de Recursos Hídricos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Com mestrado em engenharia ambiental pela West Virginia University e aperfeiçoamento em engenharia sanitária pela Universidade do Texas, em Austin, Luiz Edmundo possui vasta experiência na área de engenharia sanitária, com ênfase em saneamento ambiental, atuando principalmente nos seguintes temas: aterro sanitário, créditos de carbono, tratamento de resíduos, mudança climática e gestão de serviços de abastecimento de água. Desenvolveu estudos e projetos para a Organização Pan-Americana de Saúde, para a Organização Mundial de Saúde e para a Agência Internacional de Cooperação Técnica do Japão, em cidades como Manágua, México, Havana, Assunção, La Paz, Kingston (Jamaica), Manila (Filipinas) e Dar-es Salaam (Tanzânia). Em 1994, junto com outros especialistas, elaborou o documento intitulado “Methodological Guidelines for Sectoral Studies on Solid Waste Management in the Latin America and Caribbean region” (“Guias metodológicos para estudos setoriais de manejo de resíduos sólidos na região da América Latina e do Caribe”). Através do Banco Mundial, atuou em mis-

FOTOS DE Luiza Leite

O cotidiano e as políticas públicas para o meio ambiente – fala Luiz Edmundo Costa Leite

sões nas Filipinas, em Angola e na Argentina; para o BID, na Bolívia e em Honduras. Na vida pública, o professor já foi subsecretário de Estado de Planejamento e Recursos Hídricos do Rio; superintendente da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico e Turismo; secretário de Obras do Município do Rio; presidente da Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb), da concessionária de água e esgoto Prolagos e da Companhia de Água e Esgoto de Petró-

polis; e secretário de Ciência e Tecnologia do Estado do Rio de Janeiro. Hoje é secretário de Planejamento, Habitação e Urbanismo da Prefeitura de Duque de Caxias. Condomínio etc. – Professor Luiz Edmundo, que questões são mais frequentes em suas aulas na UFRJ? Luiz Edmundo – A disciplina Planejamento ambiental, como qualquer outra do currículo de engenharia, é importante para os

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alunos terem uma base técnica que os capacite para bem desempenhar sua profissão, porém, diferentemente das demais, é fundamental também para esses jovens terem um conhecimento mais preciso do que acontece no mundo de hoje com relação aos graves problemas ambientais que afligem a humanidade. É, portanto, uma disciplina que também contribui para a formação da cidadania e, nesse sentido, muitos desses jovens alunos fazem o curso não só para ser aprovados como também para contribuir para a construção de um mundo melhor, por meio, por exemplo, de práticas ambientais de reciclagem do lixo, economia de água, redução de desperdícios e resíduos nas construções etc. Cetc. – O que devemos priorizar para termos um planeta melhor? Como resolver o problema do lixo, ainda tão mal administrado? LE – O maior desafio hoje, para mim, quanto à definição de prioridades no que diz respeito à questão ambiental, não se refere a nenhuma ação específica na área ecológica, mas ao melhor e maior conhecimento das interações que existem entre as agressões ao ambiente natural e suas consequências. Mais populações devem ser informadas sobre os problemas ambientais que nos cercam e os cientistas devem aprofundar o conhecimento sobre os modelos de resposta da natureza a respeito de fenômenos como aquecimento global. Sobre nosso prosaico lixo de cada dia, este é um grave problema entre as populações mais pobres, que devem ser informadas sobre as consequências do lançamento do lixo em encostas, rios, terrenos baldios, que volta, em um efeito bumerangue, e provoca deslizamentos, inundações e incêndios, martirizando essas mesmas populações mais pobres. É importante também lembrar que os serviços públicos de coleta de lixo e limpeza de rua devem ser estendidos às regiões onde vivem essas populações com a mesma pontualidade e frequência que ocorre nas ruas das zonas mais ricas das cidades, o que raramente acontece hoje. Cetc. – Os condomínios devem ter também a função de educar os moradores quanto à economia da água? 88

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Que conselhos o senhor daria aos síndicos para facilitar a realização dessa tarefa, já que grande parte dos condomínios não possui hidrômetro para cada unidade? LE – Infelizmente, o que mais sensibiliza as pessoas ainda é o bolso e, como aqueles que desperdiçam água não são identificados e punidos por seu comportamento perdulário, o único conselho que daria é destacar nas contas do condomínio o gasto mensal com a água, além de dar publicidade, em áreas comuns do prédio, como a portaria e os elevadores, ao gasto mensal atualizado com a água e o esgoto, cujo custo é uma consequência do consumo de água. Cetc. – Como a universidade poderia participar dessa questão cotidiana? LE – Aqui, no Brasil, diferentemente de outros países, como os Estados Unidos, a universidade se faz muito pouco presente na vida cotidiana. No caso dos condomínios residenciais, sua melhor contribuição seria ajudar a educar a população, participando, por exemplo, das reuniões de condomínio para onde se poderia levar conhecimento técnico abalizado para dirimir dúvidas e dar sugestão a toda a comunidade – condôminos, síndicos e funcionários do prédio. No departamento onde trabalho, na UFRJ, há um fato muito positivo: a atividade de nosso laboratório de meio ambiente, além de servir para ensinar, faz análises bacteriológicas e físico-químicas da água nas cisternas e nos depósitos de água na cobertura, além de instruir síndicos e porteiros sobre cuidados com a limpeza das caixas-d’água para evitar a contaminação. Cetc. – Por que as contas de água e esgoto são tão altas nos condomínios? Como avalia a gestão da Cedae? LE – O preço da água é muito baixo: um litro de água que sai da torneira, dentro dos padrões de potabilidade, custa cerca de R$ 0,0023, ou seja, mil litros custam R$ 2,32. A lógica do sistema tarifário da Cedae é que o preço unitário da água aumenta com o consumo, a fim de inibir o consumo perdulário – o valor que se paga por metro cúbico (mil litros) aumenta com o que se gasta mensalmente e aquele valor de R$ 2,32 por mil litros só vale para os primeiros 15 mil litros por mês. A partir


daí o preço unitário vai aumentando. Para que se tenha uma ideia de como aumenta o preço unitário com o consumo, quando se passa de 60 mil litros por mês, o metro cúbico vai para R$ 18,57, ou seja, cerca de oito vezes mais. Esse sistema tarifário castiga quem gasta muito, e é por isso que os condomínios, onde o uso é mais perdulário, acabam achando que a água é cara. A Cedae é uma grande empresa, com muita tradição e conhecimento de sua atividade, mas hoje enfrenta o desafio de refazer suas redes já velhas, tanto de água, que sofrem rupturas constantemente, quanto de esgoto, geralmente insuficientes, e de ampliar seus serviços para as regiões mais pobres, como a Baixada Fluminense, onde ainda não há abastecimento regular. Cetc. – Qual sua avaliação sobre o esgotamento sanitário do Rio de Janeiro? LE – Faltam recursos e uma política de tarifas mais adequada para uma população com enorme disparidade de renda. Na maioria dos países, inclusive nos mais ricos, tarifas de esgoto são sempre subsidiadas pelo governo, até porque os benefícios, advindos da implantação de redes e estações de tratamento de esgotos, são compartilhados por toda a sociedade, diferentemente da água, que beneficia diretamente e exclusivamente quem a recebe. Cetc. – Há políticas públicas para esse setor? LE – Só em 2007 foi promulgada a Lei 11.445, do saneamento básico, e, quanto ao lixo, só em 2010 foi promulgada a Lei 12.305, dos resíduos sólidos. Essas leis definem políticas nacionais que vêm sendo paulatinamente implantadas por meio de

planos setoriais elaborados com base em decisões de conferências municipais, estaduais e federais sobre o tema. Cetc. – De que maneira a população ribeirinha pode proteger seus rios e, consequentemente, mares? Vemos que as escolas estão distantes dessa função prática, enquanto a ecologia faz parte do currículo... LE – Essas questões só vão se resolver com a educação ambiental e a disponibilidade de serviços prestados pelo poder público a toda a população, de acordo com as metas da chamada universalização da prestação de serviços de abastecimento de água, coleta e tratamento de esgoto e coleta e tratamento de lixo. Cetc. – Por meio do Banco Mundial, o senhor atuou em missões nas Filipinas, em Angola e na Argentina; para o BID, na Bolívia e em Honduras. Comente essa experiência internacional.

LE – Para as populações urbanas dos países mais pobres, os problemas ambientais, que são mais ou menos os mesmos, não têm muita importância, tendo em vista que as carências com o dia a dia mobilizam as pessoas na luta pela sobrevivência. O diagnóstico dessa situação mostra também que é generalizada a razão para esse comportamento, porque falta conhecimento das consequências das agressões ao meio ambiente aliado à insuficiência dos serviços prestados pelos governos. O único país do chamado Terceiro Mundo que conheci e que foge a esse padrão é Cuba, onde a educação do povo e a consciência dos problemas ambientais são muito melhores do que nos outros países, mas, mesmo assim, a carência de recursos para atender adequadamente aos problemas é claramente insuficiente. Cetc. – Qual o real nível de gravidade do aquecimento global hoje? LE – O problema mais sério que a sociedade humana enfrenta é o aquecimento global, causado pelos gases que geram o efeito estufa. Neste momento, a maior parte dos líderes políticos do mundo ainda não se deu conta da gravidade e extensão do problema e, portanto, ainda são tímidas as medidas que estamos tomando para reduzir as emissões. Talvez somente depois de muitas catástrofes naturais, que estão cada vez mais frequentes e de maior magnitude, como os furacões no Caribe e no Oceano Índico, as inundações no mundo todo e o degelo crescente no Ártico, é que venhamos a tomar providências. Mas aí já será tarde para evitar os danos, pois será impossível reverter o processo, uma vez que os gases que provocam o efeito estufa não se dispersam nem se degradam em curto ou médio prazo.

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Ecodicas

Balsas ecológicas

despontam como opção de transporte e de lazer na Barra Com uma pegada sustentável, as ecobalsas são uma alternativa em mobilidade urbana Ninguém aguenta mais ficar horas retido no trânsito, sentir cheiro de fumaça e só ver carros à frente. Além das bicicletas elétricas, uma alternativa interessante para fugir do caos do trânsito, agora temos também as ecobalsas. Essas balsas atendem ao público que mora no entorno da Lagoa de Marapendi, na Barra da Tijuca, e são do bem porque não agridem a natureza por serem elétricas. E fazem um bem danado, pois, além de servirem como meio de transporte, ainda brindam os passageiros com um exuberante passeio. Quem vive na Barra sabe que sempre há a lagoa no meio do caminho... E as balsas servem também para transportar os moradores para pontos de lazer e serviços, como clubes, shoppings e centros empresariais e comerciais. Segundo Georges Bittencourt, diretor da Ecobalsas, “a empresa busca aproximar a praia dos moradores da Barra, por meio de uma prazerosa experiência de navegação pela Lagoa de Marapendi. Investimos e acreditamos nas possibilidades de traslado e de lazer na lagoa, que é tão pouco explorada e conhecida. 90

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Os projetos que realizamos visam promovê-la e torná-la útil e respeitada”. A empresa, com dez anos de mercado, possui uma frota de 13 embarcações – de 20 a 140 passageiros –, opera em oito rotas e tem capacidade para transportar cerca de 80 mil pessoas por mês. Mas para quem usa sistemas de balsa, é muito importante saber se as embarcações utilizadas têm aprovação da Marinha. Segundo o diretor da Ecobalsas, a preocupação não é só essa: “Todas as embarcações da Ecobalsas têm aprovação de engenheiros especializados e atendem aos requisitos técnicos exigidos pela Marinha. Nós somos pioneiros na adoção de motores elétricos para navegação em lagoas e contamos com profissionais com grande expertise em logística e prestação de serviços, desenvolvendo balsas rápidas, seguras e confortáveis, rotas inteligentes e tecnologia que prioriza a preservação do meio ambiente. Nós também trouxemos para a Barra a primeira balsa movida a energia solar fotovoltaica do Brasil, que deixa de consumir mil litros de combustível por mês.”


Diante do tumultuado dia a dia de todos nós, com incontáveis compromissos, muitos, mesmo tendo optado em morar em locais mais próximos à natureza, acabam nem aproveitando essa proximidade. Até isso tem remédio: a Ecobalsas oferece diversos serviços de lazer e atividades esportivas em meio à natureza. A empresa também organiza passeios ecológicos, como o projeto Expedição Barra. Para quem deseja conhecer um pouco mais sobre a fauna e a flora da região, a empresa marca tours e excursões escolares, com roteiros elaborados em parceria com biólogos e educadores. Os passeios podem ser adaptados, para atender às necessidades

e aos interesses de diferentes grupos. Já ocorreram expedições fotográficas e com contadores de histórias e passeios para contemplação do pôr do sol e da lua cheia, entre outras ações exclusivas. Georges Bittencourt conclui: “Os projetos que realizamos visam promover a Lagoa de Marapendi e torná-la útil e respeitada. Além disso, esperamos contribuir para a redução de veículos nas ruas, oferecendo uma alternativa em mobilidade urbana para os cariocas.” Pois é, quem estava querendo fugir da Barra agora vai ter motivos para ficar! E quem mora longe tem outra razão para fazer um passeio no fim de semana – que não a praia! Natureza aliada à sustentabilidade e praticidade, quem não quer?!

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Encontro com a natureza

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O serviço básico – transportar quem vai para a praia – é feito por meio de contrato com os condomínios e as associações locais, mas há outras opções para garantir momentos de lazer para toda a família: a Ecobalsas oferece um clube localizado em frente à praia da Barra, entre o mar e a lagoa, em um terreno de cerca de 5 mil metros quadrados. O Espaço Ecolounge possui infraestrutura completa, incluindo pedalinho, escola e clube de vela, guarderia de pranchas de surfe e pequenas embarcações, clube de SUP, vestiário, quadras de esportes, espaço para massagem, ioga, slackline etc. A empresa coloca à disposição, ainda, um espaço exclusivo para a realização de eventos sociais e corporativos e uma balsa especial para eventos, com bar, banheiro, barco de apoio e equipamentos para navegação noturna.

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A Lagoa de Marapendi, tradicional reserva localizada na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, sofre há tempos com a poluição, apesar de ainda ser berço de espécies nativas como peixes, crustáceos, garças e até jacarés. O despejo irregular de esgoto, no entanto, já se torna uma ameaça à fauna da região. Como já foi amplamente divulgado, as margens do complexo lagunar abrigarão importantes instalações das Olimpíadas do Rio, com a recuperação ambiental do sistema incluída na lista de compromissos da cidade para os Jogos de 2016. O governo do estado lançou, dia 5 de junho último, as obras de recuperação ambiental do Sistema Lagunar da Barra e de Jacarepaguá, Zona Oeste do Rio. Com duração de 24 meses, o Projeto de Recuperação Ambiental do Sistema Lagunar da Barra e de Jacarepaguá tem como destaque uma iniciativa inédita no país: uma

ilha-parque formada por 3 milhões de metros cúbicos de sedimentos que serão dragados do fundo das próprias lagoas da região e dispostos em geobags, cápsulas têxteis que formarão a base da ilha. “As obras começam pela limpeza de um perímetro de 15 quilômetros de manguezais, que têm uma importância fundamental para a recuperação do sistema lagunar. A estimativa é que em cinco meses as máquinas de dragagem já estejam prontas para a operação. No início de 2015, a população do Rio – e da Barra em especial – poderá evidenciar o início das benfeitorias, com a melhor oxigenação das lagoas”, declarou o secretário do Ambiente, Carlos Portinho. As intervenções incluem ainda a ampliação da extensão do quebra-mar da Barra em 180 metros, para a maior troca hídrica entre mar e lagoa, o que elevará o nível de oxigênio das lagoas, favorecendo

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SOS Complexo Lagunar

a pesca, e beneficiará a balneabilidade da Praia da Barra, altura do Pepê. “A Barra vai ganhar um novo espaço de lazer absolutamente integrado com sua vida urbana e com vocação ambiental, ou seja, uma ilha que terá um espaço de consciência para as práticas ambientais, proporcionando um ativo maior para a Barra da Tijuca”, disse o secretário Portinho. O projeto é dividido em quatro pilares: parar a emissão de poluentes; remover a poluição do fundo das lagoas; aumentar a renovação das águas e recuperar toda a vegetação do entorno das lagoas. As intervenções visam à dragagem e recuperação ambiental das lagoas de Marapendi, da Tijuca, de Camorim e de Jacarepaguá, além dos canais da Joatinga e de Marapendi. Uma demanda antiga de moradores e empresários da região, assim como de ambientalistas, o projeto é a concretização de anos de luta pela recuperação do degradado ecossistema lagunar da Barra. O investimento para as intervenções são de R$ 673 milhões, recursos oriundos de empréstimo do Banco do Brasil e do Fundo Estadual de Conservação Ambiental (Fecam).

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