Revista Catarina edicao 22

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Adriana Degreas | Água de Coco por Liana Thomaz | Alexandre Herchcovitch | Anunciação | Carlos Miele | Cavalera | Cecilia Prado | Cia Marítima | Constança Basto | Cris Barros | Doc Dog | Franziska Hübener | Giuliana Romano | Gloria Coelho | Huis Clos | Iodice | Isabela Capeto | Jefferson Kulig | Jo de Mer | Juliana Jabour | Lenny | Lino Villaventura | Mara Mac | Marcelo Quadros | Maria Bonita | Maria Bonita Extra | Martha Medeiros | Maurício Medeiros | Miele | Osklen | Patachou | Poko Pano | Reinaldo Lourenço | Ronaldo Fraga | Rosa Chá Rua | Salinas | Sergio K | Serpui Marie | Thais Gusmão | UMA por Raquel Davidowicz | Walter Rodrigues | Carina Duek | Cecilia Echenique | Clube Bossa | Erika Ikezili | Há Uma Santa | Jefferson de Assis | Lilly Sarti | Pelu | Renata do Valle | Simone Nunes | Triya | Zidi





www.reinaldolourenco.com.br

Foto:Bob Wolfenson/Design Grรกfico: Luana Augusta





SUMÁRIO EDIÇÃO 22 18 DESIGN NDEUR + MAPW 28 CASA DE CRIADORES Novos talentos 32 FASHION RIO verão 2010 38 CATWALK Casa de Criadores 42 FIGURINO Chanel

Editora-chefe: Patrícia Lima patirl@revistacatarina.com.br

Jornalistas: Camila Cover / Julye Poffo / Sidnei Tancredo

48 ENTREVISTA Mr. Weege

Diretora de Arte: Vivian Goldfeder Lobenwein Designers: Bernardo Presser Marocco

52 EDITORIAL Fabric

Fechamento de Arquivo: Edgard Iuskow

60 EDITORIAL Killer

Conselho de imagem: Fábio Cabral Produção: Bianca Chiaradia

68 EDITOTIAL Harajukos

Estagiários: Fabiano Borba , Thiago Francisco

78 REAL LIFE Lookbook.nu

Colaboradores: Danilo Apoena,Diogo Scandolara, Du Borsatto, Fernando Pinheiro, Glauco Sabino, Guilherme Costa, Louis Bester, Ludvine Ifergan, Luigi Torre, Mariana Maltoni, Max Weber, Paola Pádua, Raul Mello, Rodolfo Rubens, Krisna Carvalho

86 NETWORK Nineteen74 92 ENTREVISTA Renato Kherlakian 96 TALENTO Hyères Festival 2009 100 MÚSICA Lady Gaga 106 CINEMA Direção de arte

Revisão: Lu Coelho Tradução: Roney Golçalves Pereira Jornalista responsável: Graziella Itamaro - SC 01358 JP Publicidade: Maria Cristina Holthausen Périco comercial@revistacatarina.com.br Assinatura e edições anteriores: assinatura@revistacatarina.com.br Redação: contato@revistacatarina.com.br www.revistacatarina.com.br www.catarinapress.com

Photo: Du Borsatto Styling: Paola Pádua Beauty: Max Weber/Prime Talents Assistente de photo: Guilherme Costa Assistente de beauty: Krisna Carvalho. Viviane Orth (Way Model) veste Boina B. Luxo, vestido Rober Dognani,sapato Studio TMLS e luva Burberry Prorsum.

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Catarina é uma publicação bimestral distribuída internacionalmente através de mailling dirigido, venda avulsa e assinatura. A revista não se responsabiliza pelos conceitos emitidos nos artigos assinados. Este é um produto da Catarina Press. Rua Fritz Müller, 50 – sala 601 – Coqueiros Florianópolis – SC – CEP 88080-720 (48) 3024.3432 / (48) 3024.3437



EDITORIAL

O talento de Vivi Orth também não cabe em 140 caracteres do Twitter, principalmente quando ela veste um look incrível de Walério Araújo.

Photo Du Borsatto

The talent of Vivi Orth does not fit either in 140 printing types of Twitter, especially when she wears an amazing look by Walério Araújo.

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Paixão pelo que fazemos.

Passion for what we do.

Tempos atrás divaguei aqui sobre a dificuldade em editar a informação em um veículo impresso – no nosso caso, revista. Falei sobre a velocidade da informação e como encarar isso com a explosão dos blogs de moda no Brasil. Agora, pouco tempo depois, volto a falar sobre este tema porque há uma nova ferramenta de comunicação no jornalismo de moda, o twitter. Mas então você pode estar pensando: “Ah, Patrícia, twitter não é jornalismo de moda, não misture as coisas”. Desculpe discordar, mas ele faz parte do jornalismo de moda sim, desde que foi através dessa ferramenta que foram pulverizadas importantes notícias do mercado de moda, como a saída de Amir Slama da Rosa Chá e a saída de Tufi Duek da Forum, que agora pertence ao grupo Menegotti. Ok, essas notícias estiveram estampadas em jornais de grande circulação, mas atingiram os formadores de opinião do nosso segmento através do twitter, principalmente. Sabemos disso porque aqui na redação somos viciados em blogs e twitter – vale destacar que temos os nossos e seguimos tantos outros que amamos. (rs) Então voltamos ao início da discussão: como fazer uma revista impressa, com periodicidade bimestral, tendo a informação trabalhada na velocidade da luz? Paixão é a resposta. Paixão pelo papel, pela qualidade gráfica, pela possibilidade de guardar na sua coleção aquela revista que a gente tanto adora e, principalmente, pela informação trabalhada de maneira diferenciada. Esta edição, por exemplo, não foi planejada para ter tantas pautas de jovens talentos. Mas agora, quando fechamos a edição, ficou clara (para nós mesmos) nossa paixão por pessoas que criam o diferente, como é o caso do diretor de arte Mathieu Missiaen que trabalha design em papel; ou ainda paixão por jovens incríveis que comandam grandes empresas como Guilherme Weege, que aos 28 anos é presidente da Malwee e LMG Malhas; ou ainda a fotógrafa britânica Miss Aniela, que aos 22 anos está megafamosa devido aos seus autorretratos publicados no Flickr. Jovens talentos também estão em destaque na fotografia desta edição. Os três editoriais publicados são de fotógrafos que fazem sua estreia aqui na Catarina: Danilo Apoena e Fernando Pinheiro. Completamente autorais, esses editoriais não têm compromisso em propor looks para serem usados – são propostas criativas, propostas de conceituação de imagem. Fernando, por exemplo, começa a colaborar conosco lá da Europa mesmo, onde mora atualmente. Entre trocas de e-mails decidimos o que poderá ser mais interessante publicar. E nesse primeiro trabalho de Fernando na Catarina, publicamos fotos incríveis clicadas em Paris. Danilo, que aqui assina dois editoriais, mostra duas possibilidades de linguagem no seu trabalho com ideias completamente diferentes uma da outra. E nas coleções apresentadas para a temporada primavera/verão 2010 também estamos de olho nas novas promessas do mercado. Luigi Torre volta a colaborar conosco assinando duas matérias sobre a Casa de Criadores, e uma delas está com foco nos jovens talentos. Essas matérias que acabei de citar são apenas alguns exemplos de pessoas que o talento e criatividade não cabem em 140 caracteres do twitter ou em um post. Elas merecem estar aqui, impressas nas nossas páginas para você, nosso leitor, incluir na sua coleção.

Some time ago I wandered about the difficulty to edit information in printed media, in our case, a magazine. I talk about the speed of the information and how to face it with the bursting of fashion blogs in Brazil. Now, some time later, I take back the subject, because there is a new communication tool in fashion journalism, Twitter. Then, you can be thinking, “Hey Patricia, Twittering is not fashion journalism, do not mix things.” I am sorry if I disagree, but, yes, it is part of fashion journalism, since it was through this tool that was important news from the fashion market was spread, as the stepping out of Amir Slama from Rosa Chá, and Tufi Duek from Forum, that now belongs to the Menegotti group. Ok, this news had been printed in newspapers of great circulation, but it reached the opinion makers of our segment, mainly through Twitter. We know that, because here at the headquarters of Catarina, we are addicted to blogs and to Twitter. It is worth saying that we have our own, and we follow lots of others that we love. Then we go back to the beginning of the discussion, that is how to make a printed magazine, with a bimestral regularity, having the information worked out at the speed of the light. Passion is the answer. Passion for the paper, for the graphical quality, the possibility to keep in your collection of magazines the one that we love so much, and mainly, for the information worked in a different way. This issue, for example, was not planned to have as many guidelines about young talents. Now when we close the issue, it is clear (to ourselves) our passion for people who create different things, as it is the case of the art director Mathieu Missiaen that works at the design on paper, or the passion for incredible young people that manage great companies as Guilherme Weege, who, at his 28, is the president of Malwee and LMG Malhas, or even the British photographer Miss Aniela, that at her 22, is very famous through her self-portraits published at Flickr. Young talents are also in evidence in the photographs of this issue. The three editorials published are from photographers who make their debut here in Catarina: Danilo Apoena and Fernando Pinheiro. Completely authorial, these editorials do not have the commitment to propose looks to be worn, they are creative proposals, image conceptualization proposals. Fernando, for example, starts to contribute with us, straight from Europe, where he is presently living. Between exchanges of e-mails, we decided what could be more interesting to be published. In this first work of Fernando for Catarina, we publish incredible shootings in Paris. Danilo, that signs two editorials here, shows two possibilities of language of his work with completely different ideas when compared to each other. In the collections presented for the spring-summer season 2010, we are also looking at the new promises of the market, Luigi Torre comes back, giving his cooperation to us, signing two articles about the House of Creators (Casa de criadores), one of them focusing the young talents. These articles that I just mentioned are only some examples of people whose talent and creativity do not fit in 140 printing types at Twitter, or in a single post. They deserve to be here, printed in our pages for you, our reader, to increase your collection. Patricia Lima

Patrícia Lima Editora-chefe

Editor in chief


CAPA

VIVI ORTH Na cidade de Toledo, no Estado do Paraná, um scouter faz uma seleção de modelos em 2002 e descobre Viviane Orth. O mundo da moda agradece. Logo na sequência a paranaense foi para São Paulo e confirmada imediatamente por uma agência até chegar à Way Model em julho de 2007, e com seus 1,80 de altura, logo estaria nas passarelas do mundo. Calvin Klein, Louis Vuitton, Christian Dior, John Galliano, Alexander McQueen, Nina Ricci e Cacharel foram só algumas das marcas que já se encantaram com Orth em suas passarelas, fora editorias e campanhas fotografadas por grandes nomes como Craig McDean, David Sims, Jacques Dequeker, Gui Paganini, Bob Wolfenson, André Passos e Miro. Vivi é a queridinha de John Galliano. Por duas coleções foi solicitada para fazer Dior, prêt-à-porter, Haute Couture e label. Abriu o desfile prêt-à-porter da marca em sua primeira temporada em Paris e também Dior Resort 2008 em NY. Bom, não é só de Galliano que nossa top é queridinha. Catarina também é sua fã. Principalmente depois de termos Vivi estampando a capa desta 22ª edição.

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In the city of Toledo, state of the Paraná, a scouter does a selection of models in 2002 and discovers Viviane Orth. The world of fashion is thankful. Soon after the girl from Paraná went to São Paulo and was immediately confirmed for an agency until she arrived at Way Model in July 2007, and with her 1,80 meters high, was soon on the catwalks of the world. Calvin Klein, Louis Vuitton, Christian Dior, John Galliano, Alexander McQueen, Nina Ricci and Cacharel were only some of the label that had already gotten marvelled with Orth on the runways, besides the editorials and campaigns photographed by great names as Craig McDean, David Sims, Jacques Dequeker, Gui Paganini, Bob Wolfenson, André Passos and Miro. Vivi is the dearest of John Galliano, and for two collections was required to do Dior, pret-à-porter, Haute Couture and label. She also opened the Pret-à-porter parade for the label in its first season in Paris and also Dior Resort 2008 in NY. Well, our Top is not only Galliano’s dearest, Catarina is also her fan. Mainly, after we had her on the cover of this 22nd issue.


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Photo Du Borsatto


TALENTO

POR CAMILA COVER

UMA OUTRA FORMA DE VENDER MODA OTHER way of selling fashion As amigas Aline Zen e Andréia Gonçalves decidiram criar um projeto diferente e inovador no Estado de Santa Catarina. Assim surgiu o “Aquelas”, uma ideia para mostrar a identidade e criatividade na hora de fazer e vender moda. “O evento surgiu porque achamos que tínhamos que mostrar a necessidade que o mercado catarinense tinha de ser diferente”, diz Aline. O que começou pequeno em 2007, já mostra alguma força. Hoje elas ganharam mais uma sócia – Ana Selma Petermann – e apoio de amigos e empresários do meio. O talento delas aparece nas peças confeccionadas. O olhar individual de cada uma na hora de criar faz com que todas as roupas sejam exclusivas e tenham um diferencial. “Cada produto do Aquelas é único e tem uma história por trás. Esse é o verdadeiro valor da moda na atualidade”, afirma Aline. Com as criações prontas, a segunda parte do projeto acontece, na forma de um evento produzido, para mostrar o trabalho realizado. Mas para elas a festa é a proposta, onde a roupa é apenas uma consequência. Isso porque para cada noite é escolhido um tema e, baseado nele, todo o resto acontece. Desde decoração até a comida e a bebida oferecida. A compra das peças é apenas uma sequência do evento. No ponto de vista das fundadoras, as pessoas são convidadas para uma festa e elas só resolvem comprar as roupas porque realmente se encantam. Bem diferente de ir ao shopping ou a uma loja com a intenção de só comprar. Para mostrar a exclusividade de cada peça, a forma de comprar também é irreverente. “Cada roupa tem um cadeado e quem quiser comprar precisa pendurar ali a chave do cadeado com seu nome”, explica Aline. As sócias pretendem alcançar cada vez mais o mercado que leva a exclusividade na moda a sério. Para elas, o poder criativo e a iniciativa que criaram são o alvo para atrair cada vez mais um público que dê valor à identidade da moda catarinense.

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The friends Aline Zen and Andréia Gonçalves had decided to create a different and innovative project in the state of Santa Catarina. That is how “Aquelas” has shown, an idea to show the identity and creativity when it is time to make and sell fashion. “The event came because we found out that we had to show the necessity that Santa Catarina market had to be different”, Aline says. What started small in 2007, already shows some power. Today they had earned another partner, Ana Selma Petermann and the support of friends and businessmen from the fashion scene. The talent of them is shown in the pieces made. The individual look of each one at the time of creation, makes all the clothes to be exclusive and have a differentiation. “Each product of the Aquelas is unique, and has a story behind. This is the true value of fashion nowadays”, Aline says. With the creations made, the second part of the project happens, in the form of an event produced to show the work accomplished. However, to them the party is the proposal, where the clothes is just a consequence. This is because each night it is chosen a subject, and based on it everything else happens. From the decoration to the food and the drinks offered. The purchasing of the pieces is only a sequence of the event. From the point of view of the founders, the people are invited for a party, and they only decide to buy the clothes because they really enjoy them. It is very different from going to a shopping mall, or to a store with the single intention of buying. In order to show the exclusiveness of each piece, the way of buying is also irreverent. “Every cloth has a padlock, and the ones who want to buy, need to hang there the proper key with the name of the buyer” explains Aline. The partners intend to reach more and more the market that takes exclusiveness in fashion seriously. In their opinion, the creative power and the initiative, they had created is the target to attract a public who values the identity of fashion from Santa Catarina.



TALENTO

POR PATRÍCIA LIMA

NDEUR + MAPW

NDEUR + MAPW Os franceses, Mathieu Missiaen (da Ndeur) e Julien Morin (Make a World Paper) se conheceram em janeiro de 2009. Agora, estão trabalhando juntos em um novo estúdio criativo focando uma nova visão de comunicação, baseada na cultura do faça você mesmo, o trabalho de volume e a composição em 3d. O estúdio já trabalhou em diferentes projetos como um pacote demonstrativo para o parisiense DJ MAMZ’HELL, a realização de vários acessórios de moda para o estilista canadense Heidi Ackerman e para o fotógrafo de Nova Iorque Chad Muller. Também criaram a decoração interna e uma instalação para uma feira internacional em Paris (prêt a porter). Esta estrutura tem como objetivo construir uma cooperativa de talentos para criar uma reação entre a arte contemporânea e a comunicação. Também tem o objetivo de ser um vetor entre o mundo da arte e o mundo da comunicação. Catarina falou com Mathieu para saber melhor sobre este trabalho incrível:

The French, Mathieu Missiaen (from NDEUR) and Julien Morin (Make a Paper World) met in January 2009. Now, they are putting together a new creative studio focused around a new sight oncommunication, based on the “Do it yourself” culture, the work of volume, and composition in 3d. The studio already worked on different projects, like a demo pack for the Parisian DJ MAMZ’HELL, the realization of various fashion accessories for the stylist Heidi Ackerman, and the New York photographer Chad Muller, theyalso made some inside decoration, and an installation for an international trade show in Paris (prêt a porter). This structure has asa goal, to build a cooperative of talents to create a reactivity between the contemporary art and the communication . Furthermore, it has a goal to be the vector between the art world, and the communication world. Catarina talked to Mathieu to know better this incredible work:

catarina: Como você descreveria suas criações? N+M.: É bastante difícil descrever nosso trabalho, porque nós tentamos ser tão grandes quanto possível na criação. Como “fazer um mundo de papel”, nós tentamos mesmo centrar especialmente no volume, na criatividade, principalmente na moda destes últimos meses. Nós também temos muitas influências que tentamos misturar para ter um resultado realmente especial, sem pegar nenhuma inspiração na cultura pop e para tentar construir nosso próprio universo.

CATARINA: Describe your creations: N+M.: Pretty Hard to describe our work, because we try to be as large as possible in the creation .With “make a paper world”, we really try to focus on volume, on creativity, especially in fashion those last months . We also have tons of influence we try to mix to have a really special result without taking any inspiration of the pop culture and try to build our own universe.

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C.: What films, books, TV-programs, moments and stories inspired you to design, or create these things? N+M.: First, of course in books we love all kinds of stuff , mainly French authors like Marc Edouard Nabe or all kinds of sociology books , like one



C.: Que filmes, livros, programas de TV, momentos e histórias inspiraram você a projetar ou criar estas coisas? Primeiramente, óbvio que nos livros. Amamos todos os tipos de materiais, principalmente de autores franceses como Marc Edouard Nabe, ou de todos os tipos de livros de sociologia, como as controvérsias de Alain Soral. É uma pergunta difícil, porque há tantos livros surpreendentes. Nos filmes, naturalmente o trabalho de Michel Gondry, em especial nos filmes clip, ou todos os filmes animados de Rene Laloux, que é um mestre do estilo para mim. C.: Descreva o momento que você percebeu que queria ser um diretor de arte. N+M.: Eu acho que foi mais quando compreendemos que era possível ganhar a vida com minha criatividade, que eu descobri que queria inventar nosso próprio universo de imagens. Para mim, isto foi imediatamente após minha primeira exibição. C.: Qual era a ideia por trás de NDEUR E MAPW? N+M.: A ideia geral era construir um estúdio criativo. Nós chamamos a fábrica de exploração criativa, onde devemos criar em todos os sentidos. É definitivamente o centro de nossa produção. Não queremos fazer duas vezes a mesma coisa e sempre poder trabalhar com materiais e setores diferentes da expressão criativa (moda, design, embalagens). C.: Qual foi a melhor coisa no projeto? N+M.: A liberdade que nós tivemos para poder trabalhar em todos os sentidos. C.: Que designers e diretores de arte você respeita? Por quê? N+M.: Como artista contemporâneo nós podemos citar Pierre Vanni, que tem muitos trabalhos bons; também todo o grupo do 5:5, que é muito bom no design, e vários outros caras. Conheça o histórico desses dois franceses que criam produtos com design incrível em papel : NDEUR - Mathieu Missiaen começou a exibir suas pinturas, esculturas e instalações junto com o trabalho no design de interiores e no projeto de mobília para clientes particulares diferentes na França. Mudou-se para o Canadá em abril de 2007 onde fundou a NDEUR e se concentra agora no desenvolvimento da organização. Os calçados da NDEUR foram lançados em várias revistas internacionais de design no mundo inteiro. As vendas on-line de calçados da NDEUR junto com pontos varejistas mostraram uma demanda substancial e o crescimento internacional que varia entre E.U.A., Reino Unido, Espanha, França, Bélgica, Austrália, Brasil, Japão, Kuwait, entre muitos outros. Também é apresentado em muitos do principais meios de comunicação como WAD, XLR8R, ART ,Miss Behave ,NYLON , MTV , MUch music tv , Fashion Television, e muitos outros. Mathieu com a NDEUR colaborou recentemente com a Fiat, Vans, Microsoft , Coltessse.com e Dein-Design, bem como com o mais novo clube de Peter Gatien, Circa, em Toronto, Canada. FAÇA UM MUNDO DE PAPEL - Julien Morin começou a ser atraído pela cultura do faça você mesmo vindo do Japão. No final de 2007 começou a construir e espalhar pela Internet seu primeiro brinquedo de papel baseado na cultura do street wear e em seu forte conhecimento do movimento. Começou trabalhar com diferentes empresas (Homecore , Projet M , 667, Totum) focalizando sua comunicação com o papel como o meio principal para uma comunicação visual, de “arte tátil” e embalagens ecológicas.

NDEUR + MAPW

TALENTO

of the controversies of Alain Soral. It is a hard question, because there are so many amazing books. For movies, of course the work of Michel Gondry , especially his movie clip, or all the animated movies of Rene Laloux who is like a master of style for me . C.: Describe the moment you realized you wanted to be an art director? N+M.: I guess it was more when we understood it was possible to win our life with my creativity, that I realized that we wanted to invent our own picture universe , for myself, it was just after my first exhibition. C.: What was the idea behind NDEUR AND MAPW? N+M.: The general idea is to build a creative studio. We call that the creative sweatshop, is to be able to create in every direction , it is definitely the center of our production , we do not want to do two times the same stuff and always be able to work with different material and section of creative expression (fashion , design, packaging ... ) C.: What was the best thing about the project? N+M.: The liberty we had to be able to work in every direction. C.: What designers, art directors do you respect? Why? N+M.: For the contemporary artist, we might say Pierre Vanni, who has tons of good work, also all the 5:5 crew who is crazy good in design and tons of other dudes. Know something more about the story of these two French that create design in paper: NDEUR - Mathieu Missiaen began exhibiting his paintings, sculptures and installations along with working in interior design and furniture design for different private clients in France. He moved to Canada in April 2007, where he founded NDEUR, and now focuses on the development of the organization. The NDEUR shoes have been featured in several international design based magazines around world . NDEUR’s online shoe sales, along with the retail sale points, have shown substantial international demand and growth, ranging from the US, UK, Spain, France, Belgium, Austrailia , Brazil, Japan,Koweit , among many others. And is featured in many major media as WAD, XLR8R, Computer ART ,Miss Behave ,NYLON , MTV , MUch music TV , Fashion Television and many more . Mathieu under NDEUR has most recently collaborated with Fiat, Vans, Microsoft , Coltessse.com and Dein-Design as well as Peter Gatien’s newest club, Circa in Toronto, Canada. MAKE A PAPER WORLD - Julien Morin started to be attracted by the “Do it Yourself” culture coming from Japan. At the end of 2007 he started to build and spread trough the internet his first Paper Toy, based on the street wear culture, and his strong knowledge of the movement. He started to work with different companies (Homecore, Project M, 667, Totum) focusing his communication with paper as the main medium for visual communication, “Tactil Art”, and ecologic packaging.


CATARINAPRESS

Presente em todas as etapas da indústria da moda, nossas malhas são a matéria-prima para as melhores coleções. Na Dalila Têxtil trabalhamos para construir, junto com a sua empresa, os melhores produtos do mercado.

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TALENTO

A roupa verdadeiramente ecológica The truly ecological clothes Não é preciso ter atitudes verdes para ser socioambientalmente responsável. As empresas passam seus dias procurando maneiras de diminuir o impacto ambiental, buscando alternativas, enquanto o reaproveitamento de materiais poderia ser utilizado de maneiras mais eficientes. A reciclagem, muito usual às matérias-primas como plástico e latas, também pode ser aplicada às roupas. É isso que faz uma nova marca inglesa, a Goodone. Focada no luxo, a marca escolhe os tecidos localmente e com olhar apurado, para distinguir o melhor de cada peça. Após o processamento, a nova roupa, que ganha um novo design, é considerada uma peça praticamente exclusiva. A Goodone poderia ser considerada uma empresa do novo milênio, com um modelo de negócios de cunho sustentável, que tem rendido prêmios nas áreas de design ligadas à ecologia. Novas portas da moda também estão abrindo para a marca, que participou da Fashion Targets Breast Cancer para o projeto “Million Model Catwalk”, uma campanha semelhante à brasileira “Câncer de Mama no Alvo da Moda”. A ideia é executada a partir de Londres e tem o envolvimento direto da catarinense Aline Estevam, que trabalha na criação. “Já trabalhamos com Greenpeace e Amnesty no passado e estivemos lado a lado de marcas como Topshop e Marks & Spencer”, diz Aline. Para nós, brasileiros, que ainda utilizamos muitos recursos naturais, a ideia de ter um vestuário reciclado ainda é recente, mas há boas possibilidades de se expandir. Uma ideia inovadora que chega do outro lado do Atlântico, onde os países de Primeiro Mundo já se preocupam há muito com a sustentabilidade e principalmente com a responsabilidade para as futuras gerações.

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It is not necessary to have green attitudes to be a social environmental responsible person. The companies spend their days looking for ways to diminish the environmental impact, researching alternatives, while reusing materials could be practiced in more efficient ways. Recycling, very usual to raw materials such as plastic and cans, can also be applied to the clothes. That is what the new English label, Goodone, does. Focused in the luxury, the label locally chooses fabrics and with a refined look, distinguishing the best of each piece. After the processing, the new clothes, that get new design, are considered a practically exclusive piece. Goodone could be considered a company of the new millennium, with a sustainable business-oriented model, that has received prizes on areas of design directed to the ecology. New doors of the fashion are also opening for the label, that participated of the Fashion Targets Breast Cancer for the project “Million Model Catwalk”, a similar campaign as the Brazilian “Breast Cancer in the Target of Fashion”. The idea is executed from London and has the direct involvement of Aline Estevam, from Santa Catarina, that works in the creation. “We already worked with Greenpeace and Amnesty in the past, and were side by side labels like Topshop and Marks & Spencer”, Aline says. For us Brazilians, that still use lots of natural resources, the idea of having recycled clothes is still recent, but has good possibilities to be spread. An innovative idea that comes from the other side of the Atlantic, where the countries of the so called first world are already worried for some time with the sustainability and mainly with the responsibility for the future generations.



TALENTO

POR SIDNEI TANCREDO

Miss Aniela

além da fotografia “Eu só quero seguir o fluxo.” “I only want to follow the flow”

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Há alguns anos era preciso investigar, perguntar, tentar descobrir qualquer segredo que fosse sobre alguém que estávamos interessados. Sem Orkut e MSN, éramos obrigados a mandar bilhetes, perguntar para o amigo do amigo ou tentar a sorte e ir conversar com a pessoa. Depois dos comunicadores instantâneos e das redes de relacionamento, tudo ficou mais fácil e ao alcance de meros cliques. Em segundos sabemos gostos, atributos físicos, peculiaridades e até o tipo de humor que agrada ao outro. E junto com a câmera digital vieram os sites que nos mostram ao mundo. Fotos revelam a intimidade, viagens e, algumas vezes, mais do que queríamos mostrar naquela cena. É nesse contexto que escolhemos Natalie Dybisz – ou mais conhecida como Miss Aniela, uma figura popular no Flickr, um dos maiores sites de fotografias colaborativos do mundo. Esta britânica de 22 anos tem se tornado um fenômeno por manipular fotos digitais onde o personagem é ela mesma, em um trabalho minucioso e peculiar. Ganhando destaque desde 2007, ela tem sido pauta de matérias que tratam do chamado “ego foto”, onde pessoas capturam imagens de si e trabalham em cima desse tema. Narcisismo? Não, seria pequeno demais fazer uma afirmação dessas. Como a própria Aniela define em seu site pessoal, suas imagens se tornaram uma autobiografia. Para nós, admiradores de imagens, ela é narrada com toques de lirismo e perfeição surpreendente.

Years ago, it was necessary to research, to ask, to try to discover any secret about anyone, and we were interested. Without Orkut and MSN, we needed to send notes, to ask the friend of a friend, or try the luck and talk to the person. After the instantaneous communicators and the relationship networks, everything got easier, within the reach of your fingers. In seconds we know likes and dislikes, physical attributes, peculiarities and even the mood of other people. Along with the digital camera, web sites that show ourselves to the world had come. Photos expose the intimacy, trips and sometimes, more than what we wanted to show in a scene. It is within this context that we choose Natalie Dybisz, batter known as Miss Aniela, a popular figure at Flickr, one of the biggest collaborative photograph web sites in the world. This British woman in her 22, has become a phenomenon when manipulating digital photos where the character is herself, in a meticulous and peculiar work. Getting the attention since 2007, she has been the guideline of articles that talk about the so called “ego shooting”, where people capture images of themselves and work out the topic. Narcissism? No, it would be too little to make such inference. As Aniela defines herweb site, her images had become her autobiography. To us, image admirers, it is told with some lyricism touch, and surprisingly perfect.

CATARINA: Qual é a sua formação? Miss Aniela: Eu fiz uma licenciatura em Inglês e Mídia, mas não fotografia.

C.: When did you start to photograph and why? M.A.: I deeply got into photography in my free time, along with my graduation. I was curious about art, and I wanted to do something in my free time.

C.: Desde quando você começou a fotografar e por quê? M.A.: Mergulhei na fotografia em meu tempo livre, juntamente com minha formação. Eu estava curiosa sobre a arte e queria alguma coisa para fazer no meu tempo livre. C.: Você posta suas fotos no Flickr ou tentou outros sites? M.A: Apenas no Flickr. Gosto da apresentação e da comunidade que existe lá. C.: Antes do Flickr, você já tinha publicado suas fotos? M.A.: Não, o site foi o primeiro lugar onde eu comecei a dividir o trabalho e a experiência de compartilhamento de fotos. Essa ferramenta me manteve motivada a criar mais e mais. C.: Quais foram (ou são) os principais apoiadores? Alguém a estimula a fotografar? M.A.: Diversas pessoas. De certa forma todo mundo que navega pelo site e acaba me incentivando. C.: De que forma você acha que está relacionada com a moda? M.A.: Alguns já me disseram que muitas das minhas imagens parecem com imagem de moda, mas não é algo que faço conscientemente.

CATARINA: Which is your graduation? Miss Aniela: I have a degree in English and Media, but not in photography.

C.: Do you post your photos only at Flickr, or have you tried other web sites? M.A.: Only at Flickr. I like the presentation, and the community they have there. C.: Before Flickr, have you already published your photos? M.A.: No, the site was the first place where I started to share the work and the experience of photo sharing. This tool kept me motivated to create more and more. C.: Which were (or are) the main supporters? Does anyone stimulate you to photograph? M.A.: Several people. In some ways, everybody that navigates around the site and ends up encouraging me. C.: How do you think you are related to fashion? M.A.: Some had already said to me that many of my images seem to be fashion images, but it not something I do consciously. C.: What do you in your free time? M.A.: I photograph! However, I also direct and I watch films.


TALENTO

“eu nunca teria começado isto se não fosse dessa forma, da compartilhar fotos. Isso torna mais fácil compartilhar meus trabalhos com o mundo e obter as reações necessárias para que ele possa continuar”. Miss Aniela “I would never have started this if it was not this way, of sharing photos. It makes easier to share my work with the world and to get the necessary reactions, so that it can continue. Miss Aniela

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C.: E o que você faz no seu tempo livre? M.A.: Fotografo! Mas também dirijo e vejo filmes. C.: Você se tornou uma fotógrafa profissional? M.A.: Sim. Agora posso dizer que sou uma profissional, e sou capaz de fazer o que a minha imaginação permite o tempo inteiro. C.: Você acha que com a internet e a fotografia digital ficou mais fácil ser um fotógrafo? M.A.: Sim, eu nunca teria começado isto se não fosse dessa forma, de compartilhar fotos. Isso torna mais fácil compartilhar meus trabalhos com o mundo e obter as reações necessárias para que ele possa continuar. C.: Já ganhou algum prêmio ou menção honrosa? M.A.: Tive duas exposições individuais: primeiro em Brighton, em 2007, e depois em Madri, em 2008. No mesmo ano fui convidada para falar no evento Microsoft’s Pro Photo Summit e, em seguida, representada pelo Microsoft Photokina, em Colônia. Houve também uma produção espanhola que chegou a me filmar e fazer um documentário sobre o meu trabalho. C.: Você tem um estilo? Como você o define? M.A.: Eu não sei. Deixo outras pessoas darem as suas definições do meu trabalho. Alguns dizem que o meu trabalho tem tido o tema “fora do equilíbrio”, por exemplo. C.: O que é mais excitante: fazer uma foto estática ou em movimento? M.A.: Definitivamente em movimento. C.: Qual é o seu maior desafio neste momento? M.A.: Encontrar novas formas de ser interessante. Busco definir exatamente o que pode me tornar uma grande fotógrafa e tentar seguir essa fórmula para manter a criação de imagens estimulantes. C.: Há algum objeto ou pessoa que você quer fotografar? M.A.: Gostaria de manter os autorretratos. C.: Você acredita que o Flickr incentiva outras pessoas a compartilhar as suas imagens com o mundo? M.A.: Sim, mas eu não procuro feedback. Só quero saber se as pessoas estão olhando e apreciando. C.: E quais seus planos daqui para frente? M.A.: Tem sido uma experiência incrível até agora e eu jamais esperei essa explosão sobre o meu trabalho. Hoje eu só quero seguir o fluxo. Aniela tem desenvolvido trabalhos profissionais, além de vender seu livro de fotos pela web através do www.tinyurl.com/missaniela. Veja outros trabalhos da fotógrafa em seu site www.missaniela. com e acompanhe a incrível evolução das suas fotos no www.flickr.com/photos/ndybisz.

C.: Did you become a professional photographer? M.A.: Yes. Now I can say that I am a professional, and I am capable of doing what my imagination allows me the whole time. C.: Do you think that with the internet and the digital photography it has become easier to be a photographer? M.A.: Yes, I would never have started this if it was not this way, of sharing photos. It makes easier to share my work with the world and to get the necessary reactions, so that it can continue. C.: Have you already received any prize or honorary award? M.A.: I had two individual exhibitions. First in Brighton, in 2007 and later in Madrid, in 2008. In the same year, I was invited to speak at the event Microsoft’s Pro Photo Summit, and after that, represented Microsoft Photokina, in Cologne. There was also a Spanish production that started to shoot me to make a documentary about my work. C.: Do you have a style? How do you define it? M.A.: I do not know. I let other people to give their definition about my work. Some say that my work has had the subject, “out of balance”, for example. C.: What is more exciting, to make a static photo or a moving on? M.A.: Definitively a moving one. C.: Which is your greatest challenge at this moment? M.A.: To find new ways of being interesting. I try to accurately define what can make myself a great photographer, and try to follow that formula to keep the creation of stimulant images. C.: Is there any object or person you would like to shoot? M.A.: I would like it keep with the self-portraits. C.: Do you believe that Flickr encourages other people to share images M.A.: with the world? Yes, but I do not look for a feedback. I only want to know if the people are looking at them and enjoying. C.: What are plans from now on? M.A.: It has been an incredible experience, so far, and I never expected this burst over my work. Today, I only want to go with the flow. Aniela has developed professional works, besides selling her photo book on the web through www.tinyurl.com/missaniela. Take a look at works of the photographer at her www.missaniela.com and follow the incredible evolution of her photos in: www.flickr.com/photos/ndybisz.


TALENTO

POR LUIGI TORRE

NOVOS TALENTOS NEW TALENTS Por mais que o foco da Casa de Criadores tenha gradativamente se voltado para o produto em si, e nem tanto para a criatividade, seria um engano dizer que esta ficou de lado. Ou então afirmar que o evento abandonou aquela característica tão importante de revelar novos talentos. Para isso existe o Projeto Lab, braço da Casa de Criadores especialmente dedicado a marcas iniciantes de jovens estilistas. E nesta 25a edição do evento tivemos algumas boas revelações no projeto, que acabou por se mostrar uma das melhores edições desde seu lançamento. Quem teve maior destaque, contudo, foi o estilista Arnaldo Ventura, na sua segunda apresentação no Projeto Lab. Performance à parte, o estilista mostrou uma das coleções mais bem acabadas de todo o projeto. O destaque mesmo fica por conta das jaquetas de referências safári – bem Yves Saint Laurent –, com ombros estruturados e aplicações de correntes e medalhas douradas. Arnaldo insere bons elementos de alfaiataria em tecidos bem encorpados em tonalidades terrosas, sempre com detalhes militares. Estreando com a marca Twooin, as estilistas Juliana Altafim e Najla Dib que fizeram seu debut na temporada passada apresentaram um tema um tanto quanto complicado, mas com peças que mostravam boa visão e habilidade técnica. “Nesta coleção queríamos falar das boas coisas da vida que não conseguimos mais fazer hoje, que são consideradas luxo, como olhar o pôr-do-sol, andar de bicicleta, tomar o chá das cinco...”, contou Juliana Altafim. O tema se desdobrou em peças de formas bem confortáveis em tecidos leves, às vezes em construções mais complexas, ora bem resolvidas, ora um pouco complicadas demais. Outro estreante que também fez sucesso foi Danilo Costa, com uma coleção bem lúdica, cheia de elementos infantis como broches de coração, estampas de sorvete e ursos e uma cartela de cores bem suave. Inspirado no artista plástico Jeff Koons, a coleção traz boas ideias em tecidos bem leves, como o macacão rosa exatamente igual na frente e atrás, ou então o macacão marinho que fecha o desfile, mas com alguns deslizes na modelagem ou na execução.

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No matter how hard the focus of the House of Creators has gradually come to the product itself, and not to the creativity, it would be a mistake to say that it was neglected, or claiming that the event abandoned those characteristics that are so important while revealing new talents. That is the reason why, there is the Lab Project, branch of the House of Creators especially dedicated to the starting labels of young designers. At this 25th edition of the event, we had some good revelations in the project, that ended up being one of the best editions since its launching. The one who had greater eminence, however, was the designer Arnaldo Ventura, on his second presentation in the Lab Project. Performance apart, the designer showed one of the best finished collections of the project. The highlight was really on the jackets with safari references – just like Yves Saint Laurent -, with structured shoulders and applications of chains and golden medals. With military elements Arnaldo always inserts good elements of taylory in thick fabrics in terrain tones, always with military details. Debuting with the Twooin label, the designers Juliana Altafim and Najla Dib who had made their debut in the last season presenting a subject that was, in such a way, too much complicated, but with pieces that showed the good vision and technical ability of the designers. “In this collection we wanted to talk about the good things of life that we cannot do nowadays, that are considered luxury, as to look at sunset, ride a bicycle, taking the tea time break…”, Juliana Altafim said. The subject was unfolded in very comfortable pieces with light fabrics, some times in more complex constructions, some times well settled, or some times a little too complicated. Another debut that was also a great success was the one of Danilo Costa, with a very playful collection, full of childish elements as heart pins, ice cream and bears prints and a very soft palette of colors. Inspired on the artist Jeff Koons, the collection brings good ideas in very light fabrics, as the pink overalls accurately the same on the front and on the back, or then the marine overalls that closed the parade, but with some slips in the modeling or the execution. The official line-up of the event, new designers had also shown good signs of evolution. That is the case of the designer of party fashion, Rodrigo Rosner, who in the last seasons had already declared his taste for the segment. Now, besides reaffirming this passion for party clothes, he also shows that he understands well how to make a good dress without falling in cliches and losing the audacity.


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NO HAY BANDA

DANILO COSTA

Arnaldo Ventura

Photos Paulo Reis


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PURPURE

TWOOIN

RODRIGO ROSNER


TALENTO Já no line-up oficial do evento, novos estilistas também mostraram bons sinais de evolução. É o caso do estilista de moda festa Rodrigo Rosner, que em temporadas passadas já havia declarado seu gosto pelo segmento. Agora, além de reafirmar essa paixão por roupas de festas, mostra também que entende bem como fazer um bom vestido sem cair em clichês e sem perder a ousadia. Ao contrário da sua estreia no line-up oficial da CdC na edição passada, o estilista acerta ao apresentar looks com detalhes mais delicados como microflores aplicadas sobre os vestidos, minipregas e drapeados suaves e aplicações de pedraria. A silhueta é em sua maioria mais próxima ao corpo, quase sempre em tubinhos de tecidos mais encorpados como tafetá, com camadas mais soltinhas de seda ou organza. Mais importante ainda é que Rodrigo parece não deixar sua ousadia de lado. Por mais que as mangas supervolumosas, as caudas esvoaçantes e outros volumes e estruturas pareciam um pouco mal resolvidos, são essenciais para um jovem estilista, e no caso de Rosner já se mostraram como um bom medidor de aceitação crítica. A marca de beachwear de Weider Silveiro e Mark Greiner foi outra que surpreendeu ao refinar seu estilo e dosar as referências a grandes estilistas dos anos 1980 como Claude Montana e Thierry Mugler. Agora os anos 1980 e seus desdobramentos (o black-tie, o sportswear e o futurismo kitch) vêm cheios de sofisticação e livre de excessos. A dupla acerta ao diminuir a dose de experimentalismo, deixando-a restrita a alguns looks com maxiaplicações de cristais e ombreiras pontudas ou bem redondas. Eliminando as maxiombreiras nada práticas para a vida real (mas ótimas como imagem de moda), sobram maiôs cheios de glamour e sofisticação. Com recortes ou laços em couro sintético, com aplicações de maxifivelas com cristais ou então com golas de camisa e cheias de nervuras em materiais mais encorpados, as peças misturam na medida certa o melhor do sportswear, com o black-tie e o futurismo dos anos 1980. Uma roupa leve, com formas soltas e volumes bem localizados foram alguns dos destaques do verão 2010 da No Hay Banda. O ponto de partida das estilistas Claudia Mine, Bruna Santini e Juliana Roso foi a luz e as diferentes formas de como ela é absorvida, refletida e refratada. Daí dá para entender o porquê das cores super-suaves, a sobreposição de tecidos brilhosos com outros opacos e também a assimetria de alguns bordados. Mas por mais complicado que o tema possa parecer, o trio mostrou potencial e algumas boas peças, caso da saia azul de cintura alta com pregas horizontais, ou então do vestido branco bem leve que abre o desfile. Experimental na medida certa, a coleção mostrou exatamente o que se espera de uma marca jovem. Ousadia, exercícios de modelagem e estilismo, aliados a um acabamento considerável e foco na roupa como produto.

Opposing to his debut on the official line-up of the House of Creators, in the past edition, the designer gets it right when he presents looks with more delicate details as micro flowers applied on the dresses, mini folds and soft draped and stone applications . The silhouette is in its majority closer to the body, almost always in tube dresses on thick fabrics as taffeta, with some more loosen layers in silk or organza. More important yet, is that Rodrigo seems not to neglect his audacity. No matter how hard the very voluminous sleeves, the flying tails and other volumes and structures seemed a little badly solved, they are essential for a young designer, and in the case of Rosner, had already revealed as a good measurer of critical acceptance. The beachwear label of Weider Silveiro and Mark Greiner was another surprise when refining their style and dosing the references to the great designers of the 80’s as Claude Montana and Thierry Mugler. Now the 80’s and its unfolding (the Black Tie, sportswear and the kitch futurism) comes full of sophistication, free of excesses. The duo gets it right when diminishing doses of experimentalism, leaving it restricted to some looks with maxi applications of crystals, and pointing, or very round shoulder pieces. Eliminating maxi-shoulder pieces, not practical for real life (but great as fashion images), there are lots of bathing suits full of glamour and sophistication. With cuts, or laces in synthetic leather, with applications of maxi buckles with crystals, or then with shirt collars and full of ribbings in thicker materials, the pieces mix in the right extent the best of sportswear, with black tie and futurism of the 80’s. Light clothes, with loosen forms and well located volumes were some of the highlights of the summer 2010 of No Hay Banda. The starting point of the designers Claude Mines, Bruna Santini and Juliana Roso was the light and the different forms of how it is absorbed, reflected and refracted. It is possible then, to understand why the very soft colors, the brighten fabric overlapping with others that are opaque, and also the asymmetry of some embroidering. However, the more complicated the subject can be, the trio showed great potential, and some good pieces, that is the case of the blue skirt with high waist and horizontal folds, or the very light white dress that opened the parade. Experimental in the right extent, the collection showed exactly what was expected from a young label. Audacity, exercises of modeling and stylism, along with considerable finishing and the focus on clothes as product.


CATWALK

POR PATRÍCIA LIMA

FASHION RIO/SUMMER 2010 São Paulo Fashion Week e Fashion Rio, as duas maiores semanas de moda brasileira, sob um mesmo comando. Em abril o sistema Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro) e o SEBRAE-RJ anunciaram, em uma coletiva de imprensa, o seu novo parceiro, licenciado para tocar o Fashion Rio, a semana de moda carioca. Trata-se do grupo InBrands, que já controla o SPFW e as grifes Ellus, 2nd Floor, Alexandre Herchcovitch e Isabela Capeto. A produção do Fashion Rio passa então para as mãos de Paulo Borges, da Luminosidade, nos próximos dez anos. Especulações. Reações diversas por parte dos fashionista. Afinal, isso seria bom para a moda brasileira? Ou seria a formação de um grande monopólio, muito poder nas mãos de poucos? Em entrevista concedida a Duda Schneider, o diretor- superintendente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit), Fernando Pimentel comenta: “ Nunca fiz apologia do monopólio. Tem espaço para mais semanas de moda, o que já acontece com o Dragão Fashion e Brasilia Fashion Festival. O Brasil é muito rico no modo de interpretar a melhor maneira de vestir.” Mas esse tom de polemica passou, assim que aconteceu a edição do Fashion Rio que apresentou as tendências para a temporada primavera- verão 2010 e os formadores de opinião reconheceram a melhora na organização da semana de moda carioca. Poucas coisas foram alteradas nessa nova “administração” em virtude do tempo, mas uma delas foi a redução de desfile, uma estratégia para fortalecer o evento. A regra do menos é mais foi aplicada ao Fashion Rio e deu certo. Na passarela nada de muito novo, algumas marcas apostam na formula carioca. Uma moda fácil de usar, despojada e na maior parte das coleções muita cor, com grande poder de sedução. Pode ser desde a sedução lúdica como aconteceu na Maria Bonita Extra com suas transparências ingênuas, até a sedução “padrão” de corpos in-

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São Paulo Fashion Week and Fashion Rio, the two greatest weeks of Brazilian fashion, under a sibgle command. In April the Firjan system (Federation of Industries of the State of Rio De Janeiro) and SEBRAE-RJ had announced, in a press conference, its new partner, licensed to manage Fashion Rio, the week of Rio de Janeiro. It is the InBrands group, that already controls the SPFW and labels such as Ellus, 2nd Floor, Alexandre Herchcovitch and Isabela Capeto. The production of Fashion Rio passes then, to the hands of Paulo Borges, from Luminosidade, for next ten years. Speculations. Different reactions on the part of the fashion journalists. After all, will this be good for the Brazilian fashion? Would it be the arrangement for a great monopoly, lots of power on the hands of few? In an interview, to Duda Schneider, the managing superintendent of the Brazilian Association of Textile Industry (Abit), Fernando Pimentel comments: “I never made apology of the monopoly. There is room for more weeks of fashion, what already happens with Dragão Fashion and Brasilia Fashion Festival. Brazil is very rich on the way how to interpret the better way to dress up.” However, this polemic tone passed, as soon as the edition of Fashion Rio happened, presenting the trends for the spring-summer season 2010, and the opinion makers had recognized the improvement in the organization of the Rio de Janeiro week of fashion. Few things were modified in this new “administration” due to the time, but one of them was the parade reduction, a strategy to strengthen the event. The rule of the least is more, was applied to Fashion Rio, and it worked out fine. On the runway, nothing was really new, some labels bet on the Rio de Janeiro formula. An easy fashion to wear, despoiled and most part of the collections with lots of colors, with great power of seduction. It can be from the playful seduction as it happened with Maria Bonita Extra, with ingenuous transparencies, to the “standard” seduction of incredible bodies in very small bikinis. After all it is at Fashion Rio that we see on the runway one of the best labels of bikinis in the world being paraded by a team of tops that have

WALTER RODRIGUES


STA. EPHIGÊNIA críveis em biquinis minúsculos. Afinal é no Fashion Rio que vemos na passarela uma das melhores marcas de biquínis do mundo sendo desfilado por um time de tops que faz juz a beachwear brasileira. A marca Lenny foi um dos destaques da ultima edição do evento com uma coleção repleta de assimetrias, que poderiam ser perigosas se tratando de peças tão pequenas quanto um biquini, mas quem sabe o que faz, como é o caso de Lenny não corre esse risco. O estilo de ser carioca, sempre valorizando o conforto, aparece ainda nas marcas reconhecidas pelo seu berço, como é o caso da Cantão. Já outras marcas mudam o rumo da direção e ficam mais globalizadas, com propostas que encontramos em outras passarelas pelo mundo. Acredito que ao encontrarmos nos desfiles do Fashion

the right to the Brazilian beachwear. The label Lenny, was one of the highlights of last edition of the event with a collection full of asymmetries, that could be dangerous when dealing with so small pieces as a bikini is, but the ones who know what to do, as it is the case of Lenny, does not run the risk. The Carioca style of being, always valuing the comfort, still appears in the recognized label for their origin, as it is the case of the Cantão. Some other labels changed the direction and got more globalized, with proposals that we find in other runways around the world. I believe that when finding at the parades of Fashion Rio, contemporary collections as the ones of Walter Rodrigues and Sta. Ephigênia, we are sure of the matureness of Brazilian fashion. It is not necessary to be always abided by our cliches in the creation. For sure there are consumers that want to try minimalist look P&B, in the Brazilian Carioca summer. This willing to seeing a better

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CATWALK

CANTÃO

CARLOS TUFVESSON

Rio, coleções contemporâneas como de Walter Rodrigues e Sta, Ephigênia, temos certeza do amadurecimento da moda brasileira. Não é necessário ater-se sempre aos nossos clichês na criação. Com certeza há consumidoras que buscam um look minimalista P&B no verão carioca/ brasileiro. Essa vontade em ver uma melhor construção de moda na passarela brasileira supera o fato de sabermos de onde vem a evolução de uma marca, como aconteceu com a Sta. Ephigênia, que evoluiu, mas semelhante demais à Marni. Glória Kalil comentou em seu site :“Luciano Canale foi atrás de todos os elementos redondos que encontrou para fazer essa moda que lembra uma descontração à La Marni, uma elegância Sta. Ephigênia e uma leveza carioca.”, para Paula Reboredo e Gil França que cobriram pelo site Erika Palomino, escreveram:

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LENNY

construction of fashion on the Brazilian runways overcomes the fact that we know where the evolution of the label comes from, as it happened with Sta. Ephigênia, that developed, but too much similar to Marni. Glória Kalil commented at her web site: “Luciano Canale ran after all the round elements that he could find to make this fashion that remembers the causality like Marni, very elegant Sta. Ephigênia and a Carioca lightness.” To Paula Reboredo and Gil France that had covered the event for the web site of Erika Palomino, they had written: “The skirts under the knee and without openings had made it difficult for the models to walk. It is doing well for the label this new way “Marni” of being.” Luigi Torre (that in this issue signs the covering of the House of Creators) criticized at his blog: “Except for a little literal reference to Marni, the collection shows a good way that starts to be trod by Canale in this new stage of Sta. Ephigênia.” Even


photos Marcio Madeira

“As saias abaixo do joelho e sem fenda dificultaram o andar das modelos. Vai bem a marca neste novo caminho “Marni” de ser.” E Luigi Torre (que aqui nessa edição assina a cobertura da casa de Criadores) criticou em seu blog:“Tirando algumas referências um pouco literais de mais à Marni , a coleção mostra um bom a caminho que começa a ser trilhado por Canale nessa nova fase da Sta. Ephigenia.” Até mesmo na coleção da Lenny encontramos referencias internacionais como as tiras nos biquinis que lembram as bandage dress de Hervé Leger. Há quem reclame da falta de novidades nessa edição do Fashion Rio, mas estou otimista em relação à tentativa dos criadores. Se ser global é o caminho, não sabemos, mas sentimos que estão buscando um novo rumo para suas marcas. Isso sim, é um bom sinal.

in the collection of Lenny, we find international references as the straps in the bikinis that remind the bandage dress of Hervé Leger. There are the ones who complain about the lack of new features in this edition of Fashion Rio, but I am optimistic in regard to the attempt of the creators. If being global is the way, we do not know, but we feel that they are trying a new course for their labels. This is truly a good sign.

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CATWALK

POR LUIGI TORRE

GÊMEAS

25ª Casa de Criadores

A temporada de moda para o verão 2010 teve seu início com os desfiles da 25ª Casa de Criadores. O evento que nasceu como uma verdadeira incubadora de novos talentos, agora se mostra muito mais preocupado com o produto do que com criações experimentais. Depois de algumas estações em cima do muro, com coleções que não sabiam se queriam ser conceituais ou comerciais, parece que o verão 2010 vem como uma luz no fim do túnel. Com um comprometimento comercial maior, é evidente a vontade de mostrar peças com cara de produto. Roupas que podem realmente ir a varejo, mas que ao mesmo tempo não deixam de lado aquela essência

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The summer fashion season for 2010, had begun with the parades of the 25th Casa de Criadores. The event that was born as a true incubator of new talents, is now worried, more with the product than the experimental creations. After some seasons sitting on the fence, collections that were not sure if they were conceptual, or commercial, it seems that summer 2010 comes as the light in the end of the tunnel. With a greater commercial commitment, it is evident the will to show pieces with a product image. Clothes that can really be sold on the retail, but at the same time do not leave behind that so peculiar underground essence of the event. One of the greatest prominences of the event was João Pimenta. For


DER METROPOL

underground tão peculiar ao evento. Um dos maiores destaques do evento foi João Pimenta. Para o verão 2010 o estilista continua trabalhando aquela vontade de trazer referências e elementos femininos para o universo masculino. “A ideia é fazer um contraponto com a coleção passada”, explica o estilista. Agora, ao invés de se focar na silhueta, com roupas bem estruturadas, sua nova coleção vem com o foco no caimento e em peças de formas amplas e fluidas quase sempre cortadas em viés – técnica que ajudou a dar um ar mais delicado e feminino às roupas, deixandoas mais próximas do corpo, com caimento que acabava por revelar as formas e curvas do corpo masculino. preto sai de cena dando espaço para uma cartela de cores repleta de brancos, crus e marrons. De resto, é o estilista no seu melhor estilo. Sua alfaiataria repleta de elementos clássicos vem toda trabalhada em tecidos naturais, quase sempre com ombros marcados e caimento levemente evasê. Com comprimento mais curto e um pouco mais próxima ao corpo (dá-lhe viés), dão ainda mais ênfase as camisas e camisetas bem soltas em malhas de algodão bem fino que caem esvoaçantes sobre as calças de barra mais curta, cavalo baixo e modelagem mais ajustada ao corpo. O visual é bem jeca, mais super-sofisticado, com acabamento impecável, extremamente refinado e, mais importante do que tudo, bem mais próximo da vida real. Ainda na moda masculina, outro grande destaque, apesar do tema um pouco batido, foi a Der Metropol, de Mario Francisco. Pensando na necessidade de proteção dos dias de hoje, o estilista traz referências medievais e dos nossos próprios recursos de segurança da atualidade para construir sua coleção que mixa elementos punks dos anos 1980 com um pouco de 1990. Muito mais que o tema, o destaque da coleção está nas roupas em si. Mario é um estilista de mão cheia. Suas peças, por mais simples que sejam, apresentam construções impecáveis e detalhes que dão a informação de moda ideal para tirar a roupa do lugar-comum. Nessa coleção isso fica bem evidente nas camisetas de modelagem um pouco mais ampla, com pregas nas costas e ombro, ou nas mangas duplas, com uma camada de tecido extra. Pregas e babados aparecem de forma pontual em algumas peças como referência às aberturas das ar-

the summer 2010,the designer keeps working that will of bringing feminine references and elements, to the masculine universe. “The idea is to make a counterpoint with the past collection”, the designer explains. Now, instead of focusing on the silhouette, with well structured clothes, his new collection comes with a focus on the line and pieces with ample and flowed shapes, almost always in bias cut - technique that helped giving a more delicate and feminine aspect to the clothes, making them closer to the body, with A-line that ended up revealing the shapes and curves of the masculine body. The black color leaves the scene giving space to a replete palette of colors, whites, raw colors, and brown. Everything else, is the designer at his best style. His taylory, full of classic elements is worked out with natural fabrics, almost always with marked shoulders and lines lightly flared. With shorter length and a little closer to the body (here comes the bias cut), it is given even more emphasis to the loosen shirts and t-shirts in very thin cotton meshes and that fall flying over the pants with shorter bars, low waist, and modeling adjusted to the body. The appearance is simpleton, but really sophisticated, with perfect finishing, extremely refined and, the most important of all, a lot closer to the real life. Still on masculine fashion, another great prominence, despite the subject a little ordinary, was Der Metropol, from Mario Francisco. Thinking about the necessity of protection, the designer brings medieval references and our own security resources of the present times, to build up his collection that mixed punk elements of the 80´s, with a little of the 90´s. More than the subject, the highlights of the collection are the clothes themselves. Mario is a really good designer. His pieces, even as simpler they could be, present perfect constructions and details that give the information of an ideal fashion to take the clothes out of the common place. In this collection it is really evident on the t-shirts modeling, a little ampler, with folds on the back and shoulders, or double sleeves, with an extra fabric layer. Folds and lappets are shown in a punctual way in some pieces, as a reference to the openings of the medieval armors for a better movement. The taylory is shown on cuts, and very contemporary finishing, with asymmetric lines and cuts, as it is the black blazer with no sleeves and very discreet frontal cuts. As a clear reference to punk, and also to the concept of the collection itself, some pieces got marked shoulders by structures that give a light volume to that area, or then with “thorns” that even if they seem to be applied, they are part of the modeling of the piece.

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maduras medievais para melhor movimentação. A alfaiataria vem com corte e acabamentos supercontemporâneos, com linhas e recortes assimétricos, como no blazer preto sem mangas e com recortes frontais bem discretos. Em clara referência ao punk e também ao próprio conceito da coleção, algumas peças ganham ombros marcados por estruturas que dão um leve volume à região, ou então com “espinhos” que, embora pareçam aplicados, fazem parte da modelagem da peça. Já no feminino um dos destaques do evento foi Rober Dognani, numa coleção onde volumes, proporções e acabamento se mos-

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WALÉRIO ARAÚJO

ROBER DOGNANI

JOÃO PIMENTA

photos Paulo Reis

CATWALK

For the women, one of the highlights of the event was Rober Dognani, in a collection where volumes, proportions and finishing are revealed a lot more settled that the ones from last collections. Without a determined subject, the designer looked at the futurism of 80´s as an inspiration. From there comes good reflective fabrics in gray, the metallized ones, and fluor tones. As well as in the winter, the summer is for the short pieces, only with less exaggerated volumes and better finished pieces. In general silhouette closer to the body, Rober shows certain newness when investing in very subtle references to the taylory, as in the gray dress with the deconstructed lapel and asymmetric volumes. The marked shoulders are kept, the moulage, the


tram bem mais resolvidos que em coleções passadas. Sem tema definido o estilista olhou para o futurismo dos anos 1980 como inspiração. Daí vêm os bons tecidos refletivos em cinza, os metalizados e tonalidades fluo. Assim como no inverno, o verão é dos curtos, só que com volumes menos exagerados e peças mais bem acabadas. Numa silhueta em geral mais próxima ao corpo, Rober mostra uma certa novidade ao investir em referências bem sutis à alfaiataria, como no vestido cinza com lapela toda desconstruída e volumes assimétricos. Continuam os ombros marcados, a moulage, a assimetria e os volumes meio tridimensionais. A diferença é que agora tudo parece mais equilibrado, com uma preocupação maior em não deformar ou esconder o corpo da mulher. Carolina e Isadora Krieger, da marca Gêmeas, são mais duas responsáveis por chamar atenção nessa Casa de Criadores. Inspirada no México, a coleção vem quase toda baseada no preto, ficando por conta dos bordados típicos da cultura mexicana, a inserção de cor. Aí fica evidente o quão forte é a identidade da marca. Mesmo com um tema superclichê, trabalhado quase à exaustão, as estilistas conseguem imprimir um look com um certo frescor e perfeitamente adequado ao seu estilo. O ponto alto da coleção, contudo, fica por conta dos vestidos, principalmente aqueles numa silhueta levemente mais próxima ao corpo, com boa proporção e com apenas alguns elementos pontuais que remetem ao tema. Bordados bem localizados em golas ou aplicações de flores mostravam-se mais bem resolvidos do que quando aplicados sobre toda a peça. Destaque também para as peças voltadas à alfaiataria, como o bom blazer de proporções levemente aumentadas e as boas calças de modelagem um pouco mais largas. E claro, como não podia faltar, Walério Araújo, que nesta coleção quis traduzir paras roupas sua visão sobre arte. “Na verdade é uma homenagem às pessoas que trabalham comigo, as bordadeiras, as costureiras, DJ...”, contou Walério. “Daí quis também trabalhar o conceito de nudez, mas sem hipocrisia e de forma atual”, para explicar o porquê das transparências, dourados, prateados e tons de pele. “Para lembrar as estátuas e esculturas gregas.” Já faz algumas coleções que vemos essa tentativa de deixar a mulher de Walério mais sofisticada. Porém, nunca essa vontade esteve tão perfeitamente ligada à essência da marca como agora. No geral, podemos dividir a coleção em dois grupos. Um mais elaborado e sofisticado, dominado por brilhos e tonalidades de dourado e bronze. Aqui o trabalho manual é dos mais exuberantes. Como no vestido cheio de flores bordadas usado por Vivianne Orth; ou então no dourado feito com o bico “vaivém” da marca de azeite que patrocinou o desfile; ou ainda no body cheio de maxicristais. É aqui também que Walério dá mais espaço à sua fantasia e ousadia. Ao mesmo tempo que busca uma sofisticação quase que clássica, ele mostra seu lado mais abusado, como no macacão de lamê dourado superjusto, ou então nas transparências. O outro bloco dá conta das roupas mais “fáceis” de marca. Aqui Walério aproveita para brincar com as estampas de corpos nus de um jeito quase trompe l’oeil. Em vestidos mais simples e curtos aplica as fotos ora de jeito realista ora formando estampas meio caleidoscópicas. Destaque aqui também para o macacão cinza rendado, extremamente sofisticado e superfácil de chegar à vida real.

asymmetry and the quite three-dimensional volumes. The difference is that now everything seems better balanced, with a greater concern not to deform or to hide the body of the woman. Carolina and Isadora Krieger, from Gêmeas, are other responsible to call attention at this Casa de Criadores. Inspired in Mexico, the collection is almost all based in black, taking the typical embroidering of the Mexican culture, for the color insertion. It makes evidence then, how strong the identity of the label is. Even with a very cliche subject, worked almost to the exhaustion, the designers got to give a look with some freshness, perfectly adjusted to their style. The highlight of the collection, however, is on the dresses, mainly those in a silhouette lightly closer to the body, with good proportions and only some punctual elements that send to the subject. Embroidering placed on the collars or applications of flowers, revealed to be better settled than when applied on the whole piece. It is also eminent the pieces on taylory, as the blazer with lightly increased proportions and pants with a little wider modeling. Of course, it could not be missed, Walério Araújo, that in this collection wanted to translate to the clothes his view about art. “In fact it is a homage to the people who work with me, the embroideress, the dressmakers, the DJ…”, Walério said. “I also wanted to work the nudity concept, but without hypocrisy and in an updated way,” he keeps explaining the reasons for the transparencies, golden, silver and skin tones. “To remind the Greek statues and sculptures”. Since some collections ago, we see this attempt to make the woman of Walério more sophisticated. However, this desire was never so perfectly connected to the essence of the label as it is now done. In general, we can divide the collection into two groups. One more elaborated and sophisticated, dominated by the brightness, and golden and bronze tones. Here, the handy work is quite exuberant. As on the dress full of embroidered flowers worn by Vivianne Orth, or in the golden one made with the “swinging” peak from the oil brand that sponsored the parade, or in body full of maxi crystals. It is also here that Walério opens more space to his fantasy and audacity. The same time he tries some almost classic sophistication, he does not omit his more provoking side, as in the tight golden overalls, or with the transparencies. The other block takes account of “the easier” labels clothes. Here Walério takes the chance to play with the naked bodies prints, in an almost trompe l’oeil way. In simpler and short dresses he applies the photos sometimes in a realistic way, and others forming some kaleidoscopic prints. It is also a highlight here, the gray lacing overalls, extremely sophisticated and very easy to come to the real life.

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FIGURINO

English National Ballet Karl Lagerfeld, diretor criativo da CHANEL, desenhou um traje exclusivo para “A Morte do Cisne” como parte da temporada do English National Ballet, com o Ballets Russes, no teatro Sadler’s Wells, em junho de 2009. Este ano marca o centenário da primeira performance do balé de Serge Diaghilev’s no Théâtre du Châtelet, em Paris. Karl Lagerfeld sempre teve um interesse pessoal no balé e admira a capacidade criadora do English National Ballet. Ele comenta que “quando criança sempre ficava impressionado com as velhas imagens de Anna Pavlova dançando balé”. E acrescenta: “O Ballets Russes foi uma influência para mim”. O traje foi criado para a primeira bailarina do English National Ballet, Elena Glurdjidze, que vestirá o modelo em sua apresentação de “A Morte do Cisne”. “Sempre dizemos que o visual é 50% de como você irá dançar. Assim, é muito importante ter um traje bonito”, conta Elena.

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Karl Lagerfeld, Creative Director of CHANEL, has designed an exclusive costume for the ‘The Dying Swan’ as part of the English National Ballet’s season of Ballets Russes at Sadler’s Wells in June 2009. This year marks the centenary of the first performance by Serge Diaghilev’s ballet at the Théâtre du Châtelet in Paris. Karl Lagerfeld has always had a personal interest in ballet and admires the creativity of the English National Ballet. He comments that “...as a child I was already impressed by old images of Anna Pavlova dancing the ballet” adding that “the Ballet Russes were an influence for me”. The costume has been created for the English National Ballet’s Senior Principal dancer, Elena Glurdjidze, who will wear the design for her performance of ‘The Dying Swan’. She says “we always say that the look is 50% of how you are going to dance, so it is very important to have a beautiful costume”. CHANEL has a long association with the ballet: Coco Chanel herself


CHANEL tem uma associação longa com o balé: a própria Coco Chanel desenhou trajes para “O Trem Azul” em 1924 e “Apollon Musagete” em 1929. Certamente era Chanel mesma que, nas palavras de Lagerfeld, “ajudou Diaghilev a encenar outra vez seu bailado após a Primeira Guerra Mundial em 1919”. O tutu foi feito no ateliê de Lemarie, uma das oficinas parisienses especializadas, que CHANEL adquiriu em 1996. Com a aquisição de mais seis ateliês – Desrues, Massaro, Michel, Lesage, Goossens e Guillet –, CHANEL mostrou seu apego às empresas que partilham dos mesmos valores pela qualidade, exclusividade e inovação. O traje, feito em tule e 2.500 penas, levou três mulheres a trabalharem mais de 100 horas para criar. Fará seu debu em cena no Sadler’s Wells no dia 16 de junho. Será então visto em uma apresentação na St Paul’s Cathedral em 30 de junho, como parte do festival da cidade de Londres, antes de seguir para Barcelona para apresentações, em setembro, no Gran Teatro del Liceu.

designed costumes for both ‘Le Train Bleu’ in 1924 and ‘Apollon Musagete’ in 1929. Indeed it was Chanel herself who, in Lagerfeld’s words, “helped Diaghilev to stage his ballet again after World War I in 1919”. The tutu was made in the Lemarie Atelier, one of the specialized Parisian workshops which CHANEL acquired in 1996. With the acquisition of six further ateliers – Desrues, Massaro, Michel, Lesage, Goossens and Guillet - CHANEL has shown its attachment to companies which share the same core values of quality, exclusivity and innovation. The costume, made in tulle and over 2500 feathers took three women over 100 hours to create. It will have its debut on stage at Sadler’s Wells on 16 June 2009. It will then be seen at a performance in St Paul’s Cathedral on 30 June as part of the City of London Festival before going to Barcelona for performances in September at the Gran Teatro del Liceu.

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CATWALK

POR CAMILA COVER

Uma viagem pelos lugares preferidos de Gabrielle Coco Chanel A coleção Resort 2010 da Chanel foi apresentada na praia de Lido, em Veneza, na Itália. Isso porque Karl Lagerfeld pretende apresentar as coleções fora das semanas de moda nos lugares preferidos da Chanel e Veneza era sem dúvida um deles. Alguns dias depois, Karl foi apresentar a coleção “Paris Moscou” na Rússia. A coleção foi dedicada especialmente ao país, que sempre atraiu e fascinou Gabrielle Coco Chanel. A última vez que Moscou assistiu a um desfile da marca foi em 1967, com a própria Chanel no comando. Por isso o desfile ganhou um destaque especial para a cidade e para Karl. Essa foi a primeira vez que uma coleção criada por ele para a maison foi apresentada na Rússia e foi também sua primeira vez no país.

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CATWALK

A trip to the favorite places of Gabrielle Coco Chanel The collection, Resort 2010, by Chanel, was presented in the beach of Lido, in Venice, Italy. That is because Karl Lagerfeld intends to present the collections out of the weeks of fashion in the favorite places of Chanel, and Venice was, without any doubt, one of them. Some days later, Lagerfeld was presenting the collection “Paris - Moscow� in Russia. The collection was especially dedicated to the country, that always attracted and fascinated Gabrielle Coco Chanel. The last time that Moscow had seen a parade from the label was in 1967, with Chanel herself, in the command. That is why, the parade got a special importance to the city and Karl. That was the first time a collection created by him for the maison was presented in Russia, and was also his first time in the country.

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POR PATRICIA LIMA

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ENTREVISTA

MR. WEEGE Aos 28 anos, Guilherme Weege é um dos maiores empresários do setor têxtil brasileiro. Aqui, o presidente do grupo Malwee e da LMG Malhas passa um pouco da sua visão sobre o mercado de moda.

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CATARINA: Guilherme, o seu nome é apontado no mercado têxtil como um dos grandes empresários da nova geração. Uma geração que vem marcando por inovações na gestão de indústrias familiares. Como você se preparou para o momento que vive hoje? Quando decidiu assumir sua posição na empresa? Guilherme: Desde muito pequeno vivi dentro da fábrica, participava de reuniões das mais diversas, como reuniões de gerência, jurídica, reuniões de produção, participações em feiras nacionais e internacionais, além de fazer estágio em todas as áreas da empresa, antes mesmo de sair para fazer faculdade. Fui desde muito cedo me acostumando ao ritmo que uma empresa profissional imprime, ao nível de excelência que um profissional deve ter para assumir um negócio desta envergadura, bem como me acostumando com o alto grau de cobrança que a posição

traz, visto o histórico de sucesso do grupo. Aprendi muito com diversos profissionais da empresa antes mesmo de ingressar na faculdade, tendo como referência o meu pai. Em 1999 ingressei na faculdade (Fundação Armando Álvares Penteado – FAAP) em São Paulo. No primeiro ano trabalhei em alguns negócios que tínhamos em São Paulo, e depois adentrei no mercado financeiro (Banco Santander), onde fiquei por cerca de três anos em áreas como Asset Management e Equity Research. Voltei para a empresa em janeiro de 2004, e de lá para cá fiz especializações em algumas instituições internacionais como Harvard (Boston), Wharton (Pensilvânia) e Insead (França), e inúmeros cursos de gestão. Acredito que no mundo competitivo em que vivemos os profissionais ficam obsoletos rapidamente, sendo que a educação continuada é imprescindível para nos mantermos “afiados”.


C.: O mercado da moda brasileira tem sido marcado por grandes negociações, compra e venda de marcas, uma verdadeira dança de cadeiras. Aqui em Santa Catarina temos Marisol e Menegotti, que estiveram presentes na mídia com notícias como compra de marcas e troca de estilistas na direção criativa de marcas como Forum e Rosa Chá... A Malwee (que teria grande potencial para isso) pensa em entrar nesse mercado de moda mais seleto, voltado para um público diferenciado? Por quê? G.: O segmento high end da moda não é o que estamos procurando trabalhar hoje, quem sabe no futuro. Temos uma excelente cultura industrial, aliada a grandes marcas cuja projeção nacional é crescente. Temos hoje marcas e linhas de produtos para atender desde a classe B até a classe D e E. O mercado nacional é muito grande, e temos muito ainda a fazer neste segmento. C.: Que panorama você traçaria do atual cenário da moda brasileira? G.: A moda brasileira vive um período de ebulição. Tanto no cenário nacional quanto no mundo o Brasil tem despertado atenção e influenciado criadores. Em todos os segmentos da moda, independente da classe social a qual se destina uma determinada marca, a necessidade de diferenciação e busca de conceito e posicionamento próprios tem feito muitas marcas despontarem. Isso se deve ao acesso à informação facilitado e abundante que aproxima cada dia mais os consumidores da cultura de moda. O momento é especial para o Brasil e para as marcas que souberem aproveitar as oportunidades que se apresentam. C.: Qual é a grande dificuldade do mercado de moda brasileiro? G.: O mercado de moda brasileiro já é o sexto lugar do mundo, mas continua atravessando as dificuldades normais de outros setores da economia brasileira, como a asfixiante e crescente carga tributária. Mas mais do que isto, nosso segmento sofre com um grau muito alto de sonegação, e infelizmente não vemos nenhum movimento concreto para uma maior fiscalização, pois envolve toda a cadeia produtiva até o varejo. A reforma tributária que falamos há tanto tempo não nos traz segurança, tampouco esperança de mudanças no curto prazo. O brasileiro já se acostumou com

isto, não vai às ruas reivindicar seus direitos, nem mesmo tem o simples hábito de exigir a nota fiscal nas suas compras. Somado a isto, perdemos muita competitividade com os produtos importados, que não possuem as mesmas prerrogativas com relação à tributação, e com o respeito aos funcionários (ergonomia, ambiente de trabalho, salário, encargos, etc.). C.: Nosso mercado é regido por empresas familiares. Na sua opinião, quais são as vantagens e desvantagens de uma empresa “familiar”? G.: Há inúmeros estudos sobre empresas familiares. Se olharmos um estudo sobre o mercado acionário norte-americano, por exemplo, as empresas familiares tiveram resultado médio 15% superior nos últimos 30 anos. As empresas familiares (na média) têm maior atenção aos detalhes, mas principalmente agilidade nas decisões. Os executivos bem como os funcionários tendem a ter um maior comprometimento com os valores da empresa. As desvantagens? Bom, para uma empresa familiar com boa governança acredito que não existem, mas são inúmeros os problemas que uma sucessão mal planejada ou uma briga familiar pode trazer. C.: Você acompanha tendências de moda, consumo e comportamento? Ou foca mais em gestão? Caso acompanhe essas tendências, como pesquisa e se informa a respeito? G.: Participo das decisões estratégicas de produtos e coleções, a equipe de pesquisa e desenvolvimento tem liberdade para trabalhar. C.: A grande força da Malwee vem do consumo de massa. Como você estuda esses consumidores? Ou deixa essas questões para os departamentos de comunicação e produto? G.: Estudamos e pesquisamos muito – desde a renda per capita de cada região até as mudanças no hábito de consumo destes consumidores. É muito importante a compreensão dos indicadores para traçar estratégias eficientes num mercado com mudanças tão grandes. C.: Quais são as maiores virtudes de um empresário? G.: Sem dúvida a ética e a moral são virtudes

que considero muito e que trazem resultados excelentes a longo prazo, a persistência e dedicação logo em seguida, mas aliado a isto, temos que gostar do que fazemos. C.: Quem você usa como inspiração na sua vida? E por quê? G.: Não me inspiro em ninguém em especial, tenho sim grande admiração por alguns empresários. Cito meu pai Wandér Weege, pelo excepcional tino e feeling para os negócios, e a visão sociorresponsável como cidadão e empresário. Admiro também Jack Welch, pois foi um grande exemplo de visão estratégica e gestão de pessoas. C.: O que você costuma fazer nas horas vagas? Qual é o seu lazer? G.: Gosto muito de viajar. O dia a dia impede que o faça com uma frequência maior. C.: Qual foi o último livro que leu? G.: “Bargaining for advantage”, de G. Richard Shell. C.: O que há de novidades nas marcas dos dois grupos? G.: A Malwee tem mudanças importantes sendo levadas para o mercado. Baseados no bom momento do Brasil na moda, desenvolvemos um novo posicionamento para a marca Malwee e suas linhas de produtos. O Brasil passou a ser a inspiração para a criação dos produtos da marca, onde a equipe de estilo viaja para diversos estados buscando referências que façam paralelo com as tendências mundiais de moda. Na LMG Roupas, a marca Carinhoso, destinada ao público infantil, passou por um reposicionamento de conceito completo. A marca foi redesenhada, o slogan mudado e o produto adaptado para evidenciar a força maior da marca: o carinho. As coleções Primavera de Carinhoso e Carinhos Baby mostram a sofisticação e o romantismo e que caracterizam produtos muito especiais. Ainda na LMG, a marca Enfim com sua extensão de linha Enfim Teen, lançamos a nova linha Enfim Denim com jeans desenhados com o auxílio do designer italiano Davide Tosarelli. C.: Como você se vê daqui a cinco anos? G.: Me sentirei realizado se estiver com a mesma determinação e paixão pelo que faço. O resto é consequência.

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ENTREVISTA

MR. WEEGE At his 28, Guilherme Weege is one of the major businessmen in the Brazilian textile market. Here, the chairman of Malwee and LMG Malhas, let us know a bit about his view on the fashion market. CATARINA:Guilherme, your name is pointed out in the textile market as one of the great businessmen of the new generation. A generation that has been marking the innovations in the management of family industries. How did you prepare yourself for the moment that we are living today? When did you decide to assume your position in the company? G.: Since very young, I was always at the factory, took part of the most different meetings, as management meetings, legal meetings, production meetings, as well as taking part in national and international fairs, besides taking training courses in all the areas of the company, even before leaving it to take college. Since very early I was getting used to the pace that a professional company imposes, to the excellency level that a professional must have when assuming a business of this size, as well as getting used to the high degree of charging the position brings, as it is seen along the history of success of the group. I learned a lot with several different professionals of the company even before entering college, and had my father as reference. In 1999 I entered college (Fundação Armando Alvares Penteado - FAAP) in São Paulo. During the first year I worked in some business that we had in São Paulo, and later I entered the financial market (Banco Santander), where I stayed for about 3 years, in areas such as Asset Management and Equity Research. I came back to the company in January 2004, and since then I made specialization in some international institutions as Harvard (Boston), Wharton (Pennsylvania) and Insead (France), and innumerable courses of management. I believe that in the competitive

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world where we live, the professionals quickly get obsolete, and the continued education is indispensable to keep ourselves “sharp”. C.: The Brazilian market of fashion has been marked by great negotiations, purchasing and selling of labels, a true “merry-go-round”. Here in Santa Catarina we have Marisol and Menegotti, that had been lately in the media with the news of purchasing labels and change of designers in the creative direction of labels such as Forum and Rosa Chá… Does Malwee (that would have great potential for that) think about entering this more select fashion market, facing a distinguished public? Why? G.: The high end segment of fashion is not what we are looking for to work today. Who knows in the future. We have an excellent industrial culture, putting together great brands which is increasing nationally. We have today brands and lines of product serve the B class and also the D and E classes. The national market is broad, and we still have a lot to do in this segment. C.: Which panorama would you trace of the current scene of Brazilian fashion? G.: The Brazilian fashion is an ebullition stage. In the national scene, as well as in the world, Brazil has been arousing the attention and influencing creators. In all the segments of fashion, no matter the social class to which it is destined certain label, the need of differentiation, and the search for concept and self positioning has made many brands to become blunt. This is due to the facilitated and abundant access to information that everyday get closer the consumers of the fashion culture. The moment is special for Brazil and the brands that know how to take advantage of the chances that are presented. C.: Which is the greatest difficulty for the Brazilian market of fashion? G.: The Brazilian market of fashion is already in the sixth place in the world, but it keeps crossing the normal difficulties of other sectors of the Brazilian economy, as the suffocating and increasing interest rates. But more than that, our segment suffers a very high degree of tax evasion, and unfortunately we do not see any concrete movement for a greater control because it involves all the productive chain until the retail. The tributary reform that we talk about since long ago, does not bring the assurance, neither hope for changes in short term. The Brazilian people is already used to that, they do not go to the streets to demand

their rights, not even have the simple habit to demand sale invoice of the things they buy. In addition to that, we lose a lot of competitiveness for the imported products, that they do not have the same prerogatives regarding the taxation, and the respect to the employees (ergonomics, work environment, wage, charges, etc.) C.: Our market is governed by family companies. In your opinion, which are the advantages and disadvantages of “a familiar” company? G.: There are innumerable studies on family companies. If we take a look at a study on the north American shareholding market, for example, the family companies had an average result of 15% higher in the last 30 years. The family companies (in the average), pay greater attention to the details, but mainly are quicker in the decisions taking. The executives, as well as the employees, tend to have a greater commitment with the values of the company. The disadvantages? Well, for a family company with good management, I believe that they do not exist (Bom, para uma empresa familiar com boa governança acredito que não existem, EXISTEM O QUE? DESVANTAGENS?), but there are several problems that a badly planned succession, or dispute among relatives can bring. C.: Do you follow the fashion trends, consumption and behavior, or do you focus more in the management? If you follow these trends, how do you research and get to know about that? G.: I take part on the strategic decisions of products and collections. The research development team is free to work. C.: The great power of Malwee comes from the mass consumption. How do you study these consumers? Or do you take these issues to the departments of communication and product? G.: We study and research a lot, since the per capita income from each region to the changes in the consumption habits of these consumers. It is very important the understanding of the indicators to trace efficient strategies in a market with so great changes. C.: Which are the greatest virtues of a businessman? G.: Without any doubt the ethics and moral are virtues that I consider a lot and that bring excellent results at long term. The persistence and


dedication come immediately afterwards, but along with that, we have to enjoy what we do. C.: Who is your inspiration in life? Why? G.: I do not feel inspired in particular by anybody. However, I do have great admiration to some businessmen. I mention my father, WandÊr Weege, by the exceptional sense and feeling for business, and the partner-responsible view as a citizen and a businessman. I also admire Jack Welch, because he was a great example of strategic view and management of people. C.: What do you use to do at your free time? Which is your leisure activity? G.: I like to travel a lot‌ the daily life does not allow me to do it more frequently.

C.: Which was the last book that you read? G.: Bargaining for advantage, by G. Richard Shell C.: What is new in the two brands of the group? G.: Malwee has important changes to the market. Based on the good moment of Brazil in fashion, we developed a new positioning for the Malwee label, and its line of products. Brazil started to be the inspiration for the creation of the products of the label, where the style team travels to different states looking for references that make a parallel with the world trends in fashion. In the LMG Clothes, the Carinhoso label, dedicated to the children, went through a complete repositioning concept. The label was redesigned, the slogan changed

and the product adapted to evidence the greatest power of the label: the affection. The collections and Carinhoso Spring and Carinhoso Baby with products where the sophistication and romanticism characterize very special products. Yet, in LMG, the label Enfim, with its extension line Enfim Teen, we introduced the new line Enfim Denim with jeans designed with the help of the Italian designer Davide Tosarelli. C.: How do you see yourself from here to five years? G.: I will feel fulfilled if I have the same determination and passion by the things I do. The rest is just a consequnce.

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Malhas TĂŞxtil Farbe, sapatos Pierre Hardy.



Malhas TĂŞxtil Farbe, sapatos Louboutin.



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Malhas Têxtil Farbe, sapatos Louboutin. Hair stylist and make up artist: Louis Bester Stylist: Ludvine Ifergan Model: Celine Moniquet - Ford models Paris. Locação: Palais de Tokyo em Paris.



KILLER photo Danilo Apoena


Calça e viseira ambos Walério Araújo, cinto Acervo, acessórios e coturnos Jadson Raniere.


Camiseta Jadson Raniere.



Camiseta Jadson Raniere.


Calça e viseira ambos Walério Araújo, cinto Acervo, acessórios e coturnos Jadson Raniere.



Colete, calça e cartola Walério Araújo, acessórios e máscara Jadson Raniere. Styling: Rodolfo Rubens Beleza: Raul Melo (Girassol Atendimento) Modelo: Caetano Sabino


Harajukos photo Danilo Apoena


Casaco Cavalera sobre Top acervo, short Everlast sobre legging Mulher Elastica, meia tĂŞnis JoĂŁo Queyroz, braceletes e cintos acervo e sandalias Luiza Bonadiman.


Casaco Redley sobre casaco Divino, camiseta V.room.


Da esquerda pra direita: Colete e camisete João Queyroz, calça AMP, meias Kappa, tênis Gucci. Casaco Redley sobre casaco Divino, camiseta V.room, bermuda Redley sobre calça Ellus, meias Kappa e tênis Marcelo Ferraz. Vestido Walério Araújo, luvas acervo, meias Kappa e sapatos Ellus.


Ele veste Casaco Redley sobre casaco Divino, camiseta V.room, bermuda Redley sobre calça Ellus, meias Kappa e tênis Marcelo Ferraz. Ela usa vestido Walério Araújo, luvas acervo, meias Kappa e sapatos Ellus.


Vestido Walério Araújo.


Macação João Queyroz sobre camisa Ellus, chapeu, óculos e lenço acervo, calça Cavalera e tênis New Balance.



Camisa Ellus, calça Alexandre Herchcovitch, lenços João Queyroz, munhequeiras Adidas, bolsa Diva e tênis Redley.


Casaco acervo, vestido e touca Diva e meias Adidas. Styling: Rodolfo Ruben (Abรก MGT) Cabelo e Make: Raul Melo (Girassol Atendimento) Modelos Harajukos: Veronica (TEN), Marcus V e Marcelo.


real life


Fotos enviadas direto das redes de relacionamento virtuais para um editorial impresso. Mais uma vez, a Catarina abre espaço para pessoas de diferentes lugares do mundo, dos mais diversos estilos, para mostrar múltiplas maneiras de ver e pensar a moda. PICTURES, SENT STRAIGHT FROM VIRTUAL RELATIONSHIP NETWORKS, FOR A PRINTED EDITORIAL. ONCE MORE, CATARINA OPENS SPACE FOR PEOPLE FROM DIFFERENT PLACES OF THE WORLD, WITH THE MOST DIFFERENT STYLES, TO SHOW THE MULTIPLE WAYS TO SEE, AND THINK ABOUT FASHION.

John Boahene, 19 anos, Itália Tenho um sonho. Gostaria de fazer algo importante na minha vida, algo de muito importante no mundo da moda e queria que isso mudasse então a minha vida. O meu outro desejo é mais simples: eu quero uma máquina de costurar, porque adoro customizar minhas roupas e por isso preciso de uma ferramenta para trabalhar. Minha paixão pela moda cresceu comigo. Desde os 14 anos eu estudo em escolas de moda – minhas maiores influências fashion são Yves Saint Laurent e Coco Chanel. Sempre admirei o trabalho deles e a forma como eles descrevem que estilo é mais importante do que estar na moda, porque estilo não vence. Eu também acho que estilo é eterno e é isso o que diferencia os grandes estilistas. John Boahene, 19, Italy I have a dream. I would like to make something important in my life, something very important in the world of fashion and wanted that then, it could change my life. My other desire is simpler. I want a sewing machine, because I adore to customize my clothes and therefore, it is necessary a tool to work. My passion for fashion grew with me. Since 14 I study in fashion schools, my greatest influence in fashion is Yves Saint Laurent, and Coco Chanel. I always admired the work of them and the way they describe that style is more important than being in the fashion, because style does not succeed. I also think that style is eternal and that is what makes the difference among the great designers.


Evane Boulanger, 19 anos, França Moro numa província no norte da França e trabalho como jornalista em um jornal da minha cidade, embora eu ainda esteja terminando meu ensino médio. Ano que vem começo a cursar a faculdade de Moda em Paris. Eu amo Nova York e gostaria de poder morar em Londres, gosto do jeito e do modo como as pessoas de lá são. Se eu pudesse mudar alguma coisa no mundo nesse momento seria a crise econômica. Acho que isso será um grande problema que os mais velhos estão deixando para nós, os mais novos. Isso é triste e preocupante.

Evane Boulanger, 19, France I live in a province in the north of France and work as a journalist in a newspaper from my city, even if I am still finishing my high school. Next year, I am going to attend the fashion college in Paris. I love New York and I would like to be able to live in London. I like the way of the people from there. If I could change something in the world at this moment it would be the economic crisis. I think that this will be a great problem that older people are leaving to us youngsters. This is sad and worrying.


Tony Stone, 25 anos, França Sou uma pessoa compulsiva: quando gosto de alguma coisa me torno obsessivo. Como, por exemplo, quando vou comprar revistas de moda e saio carregado, imagino as pessoas me olhando e pensando “será que ele realmente lê tudo isso?”. Adoro matemática, acho que ela é mais do que uma aplicação – usamos a matemática na música, na moda e em tudo na nossa vida. Acho que é sorte minha ser europeu. Aqui temos cidades incríveis, como Londres, Barcelona, Berlim e Amsterdã. Moro em Paris e acho que a cidade não faz parte da França. Paris é um país dentro de um país. Tony Stone, 25, France I am a compulsive person: when I like something, I become me obsessive. As, for example, when I buy fashion magazines and I get home loaded. I imagine people looking at me and thinking “Does he really read all this?” I love mathematics, I think that it is more than an application - we use mathematics in music, in fashion and in everything in our life. I think that I am lucky being an European. Here we have incredible cities, as London, Barcelona, Berlin and Amsterdam. I live in Paris and I think that the city is not part of France. Paris is a country inside of a country.


Danara Battalova, 21 anos, Cazaquistão Mudei para a China em 2005 para fazer faculdade de fotografia de moda. Eu comecei estudando História, mas decidi transferir e acredito ter feito a coisa certa. Acho que gosto muito de moda, por causa da cultura do meu país. Sou muito patriota e amo muito o Cazaquistão. Acho um lugar ótimo, com gente maravilhosa e tem uma história muito rica. Além das roupas, dos chapéus feitos à mão e da quantidade de joias. Foi tudo isso que me influenciou a caminhar para a moda. Danara Battalova, 21, Kazakhstan I moved to China in 2005 to join the fashion photography college. I started studying history, but I decided to change, and I believe I have done the right thing. I think that I like fashion a lot, because of the culture of my country. I am very patriotic and I love Kazakhstan very much. I think it is a great place, with wonderful people, and it has a very rich history. Besides the clothes, the handmade hats, and the amount of jewelry... That was everything that influenced me to go towards fashion.


Antoine Henault, 16 anos, França Apesar de não ter nenhum autor favorito, eu amo o Pequeno Príncipe, de Antoine de Saint-Exupéry, porque eu aprendo com ele. É assim que eu defino bons livros. Acho que em cada página você precisa aprender alguma coisa importante e profunda para toda a vida. Para mim a moda é arte, uma forma de nos expressarmos, apesar do lado superficial que algumas vezes ela tem. É por isso que eu admiro a Coco Chanel. Ela revolucionou a moda com as suas criações e revolucionou a mulher, sempre com muita classe e elegância. Antoine Henault, 16, France Even though he is not my favorite author, I love The Little Prince, by Antoine de Saint-Exupéry, because I learned with it. That is how I define good books. I think that on each page you need to learn some important and deep thing for the rest of your life. For me, fashion is art, a form of expression, although the superficial side that sometimes it has. That is why I admire Coco Chanel. She revolutionized fashion with her creations and revolutionized the woman, always with lots of class and elegance.


Dann Couzijn, 15 anos, Holanda Se eu pudesse mudar alguma coisa no mundo seria o preconceito das pessoas. Mesmo sem ter ideia de como, eu faria com que todos vivessem sem se preocupar com dinheiro ou comida. Nas minhas horas vagas, eu estudo música, que era minha maior paixão até eu descobrir a moda, e o pior é que eu não sei como nem quando exatamente isso aconteceu. Eu sei que sempre tive uma queda, me vestia de forma diferente de todo mundo desde pequeno, complementava minhas produções com elementos que mostrassem a minha personalidade. Por isso espero poder viver da moda no futuro. Sonho em ser um estilista e pretendo cursar faculdade de moda em Amsterdã. Dann Couzijn, 15, Holland If I could change something in the world it would be the prejudice of people. Even without having no idea how to do it, I would make everybody live without worrying about money or food. In my free time, I study music, that was my greatest passion until I discovered fashion, and the worse it that I do not know exactly how, nor when this happened. I know that I was always inclined to that, I dressed myself differently from everyone else since I was younger, complemented my productions with elements that showed my personality. Therefore, I hope to be able to live from fashion in the future. I dream to be a designer, and I intend to attend a college course on fashion in Amsterdam.


Sophie Farquhar 22 anos, Grã-Bretanha Espero um dia inspirar as pessoas com a minha música. Eu toco em uma girl band chamada The Bangbangs e sonho que um dia a gente tenha muito sucesso, por isso vou continuar com meus dedos cruzados para que isso aconteça. Acho que sou um pouco nerd, vivo no computador, lendo blogs e vendo o que acontece no mundo. Mas gosto muito de ler – nesse momento estou lendo a Saga do Crepúsculo e estou amando. Mas minha autora favorita é Virginia Andrews. Espero da vida amor e criatividade, talvez até um pouco de drama, para que tenha graça viver. http://www.thebangbangs.com

Sophie Farquhar 22, Great-Britain I hope some day to inspire the people with my music. I play in a girl band called The Bangbangs and I dream that one day we are a great success, that is why I am going to keep my fingers crossed so that it happens. I think that I am a little nerd. I am always at the computer, reading blogs and watching what happens around the world. However, I also like to read a lot. At the moment, I am reading the Twilight saga, and I am loving it. However, my favorite author is Virginia Andrews. I hope from life, love and creativity, perhaps even a little drama, so that life has some fun. http://www.thebangbangs.com


NET WORK

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POR SIDNEI TANCREDO


Lançado em 2008, o portal surgiu com a proposta construir uma rede de relacionamentos profissionais em torno da indústria da moda. Conheça o Nineteen74. Launched in 2008, the web portal appeared with the proposal of building a net of professional relationships around the industry of fashion. Meet Nineteen74.

O Nineteen74 QUER VOCÊ Nineteen74 wants you

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NET WORK Imagens de moda chamam para uma proposta conceitual. Tirar uma foto reunindo pessoas de vários lugares do mundo. O projeto “London’s Calling”, encabeçado por Raoul Keil, fundador e diretor do Nineteen74, invadiu as caixas de e-mails de várias pessoas ao redor do globo. Acompanhe a entrevista com o criador do site, um alemão de 34 anos que consegue reunir em um portal que ferve com projetos e reúne desde designers até bookers, modelos, agências, marcas... Uma infinidade de fashionistas. CATARINA: Qual é a sua formação? Nineteen74.: Depois de estudar Fashion Marketing e Pós em Design na Alemanha, trabalhei como visual merchandiser para a H&M, na Alemanha. Pouco depois me mudei para Londres e fui consultor de moda e tendência para jovens talentos. C.: Como surgiu a proposta de criação do Nineteen74? N.: Tudo começou com uma viagem. Em 2007, quando eu retornava da São Paulo Fashion Week com duas novas marcas para lançar no mercado europeu, e conhecendo os perigos e armadilhas de iniciar um trabalho num mercado novo e estranho, me peguei pensando nos desafios. Como a maioria dos empresários, as sementes da minha ideia começaram a se formar em uma série de “E se...”. E se as pessoas pudessem se conectar com a indústria da moda através de um site? E se as grandes marcas tivessem um lugar para buscar novos talentos? E se você precisasse de um make-up em Barcelona, um fornecedor em São Paulo, um agente em Berlim ou booker em Bombaim? E se você pudesse incluir as pessoas de forma global e qualquer um pudesse estar envolvido? E se você abrisse também esta oportunidade para os anunciantes? Esta foi uma oportunidade única para criar uma rede social que estivesse ao alcance de todo o mundo fashion. O primeiro e único site desse tipo na internet. C.: Qual é o objetivo do site? N.: Conectar a próxima geração de designers criativos em todo o mundo, mostrar seus talentos e encontrar pessoas com afinidades para projetos futuros e relacionamentos profissionais. Esse é o principal objetivo. C.: Quais foram (ou são) os principais apoiadores? N.: Temos um trabalho de cooperação com as seguintes entidades: A Factory311, uma agência criativa; a Designer Against Aids, uma instituição de caridade; e a Lenewblack, uma agência de desfiles “on-line” da Rendez-Vous Paris, empresa especializada em fashion shows. C.: Há muitas empresas que participam no site? Como isso ajuda as participantes? N.: Nós estamos tentando mostrar às pessoas mais do que colabo-

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Images of fashion call for a conceptual proposal. Taking a photo getting together people of several places in the world. The project “London’s Calling”, headed by Raoul Keil, founder and director of Nineteen74, invaded the email boxes of some people around the globe. Follow the interview with the creator of the web site, a German in his 34, who could to get together at a web portal, that rises up with projects, and congregates from designers to bookers, models, agencies, labels… An infinity of fashionistas. CATARINA: What is your graduation? Nineteen74: After studying Fashion Marketing and post graduation in Design in Germany, I worked as a Visual Merchandiser to H&M, in Germany. Shortly afterwards I moved to London, and I was a fashion and trend counselor for young talents. C.: How did the proposal of creation of NINETEEN74 come? N.: Everything started with a trip. In 2007 it was coming from São Paulo Fashion Week with two new labels to launch in the European market. Knowing the dangers and traps to start a work in a new and strange market, I caught myself thinking about the challenges. As the majority of the businessmen, the seeds of my idea had started to be formed in a series of “what if…”. What if the people could connect themselves to the fashion industry through a web site? What if the great labels had a place to look for new talents? What if you needed some make-up in Barcelona, a supplier in São Paulo, an agent in Berlin or a Booker in Bombay? What if you could include the people in a global way, and anyone could be involved? What if you also opened this chance to the advertisers? That was an only chance to create a social net that could be at the reach of the whole fashion world. The first and only site of this type on the internet. C.:What is the aim of the site? N.: To connect the next generation of creative designers in the whole world, to show their talents and to find people with affinities for future projects, and professional relationships. This is the main goal. C.: What were (or are) the main suppliers? N.: We have a cooperation work with the following entities: The Factory311, a creative agency. Designer Against AIDS, a charity institution, and the Lenewblack, an “on-line” parade agency by Rendez-Vous Paris, a company that is specialized in fashion shows. C.: There are many companies that take part at the site? How do you help them? N.: We are trying to show to the people more than cooperation. We are going to introduce a new way that will give the local business, labels and any person related to fashion, a global exposure. This new resource is called “Sky Lounge”. C.: Are there many registered people around the world? Which are the countries that have more registers?


ração. Vamos introduzir uma nova maneira que dará aos negócios locais, marcas e qualquer pessoa relacionada à moda, uma exposição global. Esse novo recurso é chamado de “Sky Lounge”. C.: Existem muitas pessoas ao redor do mundo cadastradas? Quais são os países que têm mais registros? N.: Desde o lançamento, em junho de 2008, chegamos a mais de 12 mil membros em 142 países. O site é verdadeiramente global e temos como alvo os países emergentes no mundo da moda, além dos já estabelecidos. Isso é para mostrar ao mundo que a criatividade existe em cada canto da Terra. C.: Como as pessoas são incentivadas a participar do site e dos projetos? N.: Eu tento fazer o site tão interativo quanto possível e mostrar os novos talentos que me chamam atenção. Dou às pessoas um recurso exclusivo chamado Project. Em tempos de recessão, elas têm a oportunidade de participar através desses projetos. Por exemplo, se você é um modelo, maquiador, fotógrafo ou designer, tudo o que você precisa são imagens para o seu portfólio. Essas pessoas podem encontrar e produzir algo juntas e ter a oportunidade de mostrar os resultados a todos os membros. C.: Há membros que se destacam mais? N.: Cada membro tem um talento único. Acho que uns são mais ativos no site, por isso acabam se destacando mais. C.: O “London’s Calling” foi o primeiro grande projeto do site? Como foi? N.: O “London’s Calling” foi criado para introduzir os Projects. Ele foi uma ideia básica para reunir os potenciais criativos a participarem voluntariamente. Eles foram estimulados a produzir uma imagem impressionante. Quarenta pessoas e empresas tomaram parte na produção e cada indivíduo pôde se mostrar. C.: Quais são os outros projetos em curso do site? Existem alguns que merecem destaque? N.: Após o sucesso de Londres, tivemos pedidos para fazer centenas de projetos semelhantes em todo o mundo. Escolhemos 16 cidades em todo o mundo, onde geralmente um estilista ou fotógrafo é escolhido para gerir o projeto em sua cidade natal. O Nineteen74 apoiará a publicação dos trabalhos de cada um e a apresentação para a imprensa. Nós selecionamos principalmente as cidades que não são vistas como muito fashion no mundo apenas para romper a atitude da indústria. Chamamos isso de “a próxima geração”. Por exemplo, Viena, Santiago do Chile, Berlim, Bombaim, Dublin, Buenos Aires, mas também Paris e Los Angeles. E ainda há muito por vir.

N.: Since the launching, in June 2008, we came to more than 12 thousand members in 142 countries. The site is really global and has as a target the emergent countries in the world of fashion, besides the ones already established. This is to show the world that creativity exists in every single corner on Earth. C.: How are the people stimulated to participate of the site and the projects? N.: I try to make the site as much interactive as possible, and to show the new talents that call me the attention. I give the people an exclusive resource called “Project”. In contraction times, they have the chance to participate through these projects. For example, if you are a model, make-up artist, photographer or designer, everything that you need is an image for your portfolio. These people can meet and produce something together, and have the chance to show the results to all the members. C.: Are there members that stand out more? N.: Each member has an only talent. I think that they are more active in the site, that is why they end up standing out more. C.: Was the “London’s Calling” the first great project of the site? How was it? N.: The “London’s Calling” was created to introduce the “Projects”. It was a basic idea to get together the creative potentials to participate voluntarily. They were stimulated to produce an astonishing image. Forty people and companies had taken part in the production, and everyone could reveal themselves. C.: What are the other projects in course for the site? Is there any that deserves to be in evidence? N.: After the success of London, we had been asked to make hundreds of similar projects in the whole world. We choose 16 cities in the whole world, where a designer or photographer is generally chosen to manage the project in their hometowns. Nineteen74 will support the publication of the works of everyone and the presentation to the press. We mainly select the cities that are not seen as being very fashion in the world, only in order to break the attitude of the industry. We call this “the next generation”. For example, Vienna, Santiago do Chile, Berlin, Bombay, Dublin, Buenos Aires, but also Paris and Los Angeles. There is also much more to come. C.: How is the experience to join different people in different areas for an only goal? N.: The success speaks for itself. We reached the goal of becoming in six months Top 100 thousand of the 108 million sites that have more visitors in the entire world, with more than 10 thousand daily visits. It is also our goal to combine design, sales, marketing and production for one single platform.

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NET WORK C.: Como é a experiência de unir pessoas diferentes em áreas diferentes por um único objetivo? N.: O sucesso fala por si. Alcançamos a meta de nos tornarmos em seis meses os Top 100 mil dos 108 milhões de sites mais acessados do mundo inteiro, com mais de 10 mil visitas diárias. Também é o nosso objetivo combinar design, vendas, marketing e produção para uma mesma plataforma. C.: E a Factory311 também tem o seu envolvimento? Qual é a sua proposta? N.: O Factory311 e o Nineteen74 trabalham em parceria nos projetos. Fac311 é uma agência criativa que identifica os novos talentos dentro do Nineteen74, contratando-os para a agência. C.: Como você vê o trabalho na área da moda hoje? N.: Creio que a moda está mudando tão rápido e está ficando mais difícil superar o amontoado de ideias que estão guardadas. Infelizmente, só quando você opera um negócio é que você sabe por que isso acontece. Por isso o Nineteen74 tenta levar às pessoas esse conhecimento e mostrar a indústria criativa de forma global. C.: Na sua opinião, de que forma a crise afeta a moda? N.: Acho que o mercado intermediário está afetado, principal-

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C.: What about Factory311? Does it also have your involvement? What is its proposal? N.: The Factory311 and Nineteen74 work in a partnership in the projects. Fac311 is a creative agency that identifies the new talents of Nineteen74, hiring them for the agency. C.: How do you see the work in the fashion area nowadays? N.: I believe fashion is moving very fast, and it is getting more difficult to overcome the amount of ideas that are kept. Unfortunately, only when you operate a business is that you know the reason for that to happen. Therefore, Nineteen74 tries to take to the people this knowledge, and show the creative industry in a global way. C.: In your opinion, how does the crisis affect the fashion? N.: I mainly think that the intermediate market is affected, specially for the young designers who need financial support. However, as after each fall, one knows that an overcoming is on


mente os jovens designers que precisam de apoio financeiro. Mas como depois de cada queda sabe-se que vem uma superação. Cada crise é uma oportunidade de encontrar novas formas de promoção. Eu acredito que o N74 será uma grande plataforma para se fazer isso. C.: E quais seus planos para o futuro? Você sabe? N.: Claro que sei! Sou um alemão bem organizado. Para mim o futuro é no Brasil. Quero viver lá e ver o país emergir. Eu nunca vi tanta criatividade no meio quanto no Brasil. E tiro o chapéu a todos com um sorriso.

the way. Every crisis is a chance to find new ways of promotion. I believe that N74 will be a great platform to do that. C.: What are your plans for the future? Do you know? N.: Of course I do! I am a well organized German. For me the future is in Brazil. I want to live there, and see the country emerge. I never saw so much creativity the way I did in Brazil. I bow to everyone with a smile. Projects like this, joining technology, innovation of content and fashion, attract the most interesting people on the internet. What about connecting yourself, and expand your professional net? Do not miss www.nineteen74. com, and register.

Projetos como esse que une tecnologia, inovação de conteúdo e moda atraem as pessoas mais interessantes da internet. Que tal se conectar também e expandir sua rede profissional? Não deixe de acessar www.nineteen74.com e se cadastre.

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Renato Kherlakian dá a volta por cima quer dar a volta por cima

Ex-dono da Zoomp recomeça do zero, volta ao mercado com uma grife de jeans premium e conta o que aprendeu com as “experiências catastróficas” do passado O mercado pop, que andava em baixa devido a enxurrada de negatividade em cima das atuais popstars, precisava desta irreverência, figurinos e atitude.

Como se fosse uma novela que mistura tragédia e pastelão, a vida de Renato Kherlakian, 59, deu uma reviravolta nos últimos anos. Criador da Zoomp e pioneiro do jeanswear no Brasil, o estilista assiste sua grife, criada em 1974, ruir nas mãos do grupo I’M (Identidade Moda). Pertencente à holding HLDC, dos empresários Enzo Monzani e Conrado Will, a I’M pretendia ser o maior grupo de moda nacional e já no final de 2007 reunia sob seu guarda-chuva as marcas Alexandre Herchcovitch e Fause Haten. Não demorou muito para que o ambicioso plano se revelasse um dos grandes engodos da curta história da moda brasileira. Em março de 2008, Herchcovitch e Fause Haten deixaram o grupo. Já em fevereiro deste ano, o mais recente capítulo deste folhetim: a Zoomp teve sua falência decretada para alguns dias depois ter a ordem suspensa via liminar judicial. Com o fim do seu contrato de prestação de serviços e de não-concorrência com a grife, Kherlakian agora quer dar a volta por cima. Enquanto acompanha atenciosamente a moribunda Zoomp se debatendo entre dívidas trabalhistas e processos judiciais, o estilista tenta se reerguer com a criação de uma grife de jeans premium feminino, a RK Denim. Catarina foi ao novo showroom do estilista, nos Jardins, para conferir as roupas e conversar com Kherlakian. Nesta entrevista, ele fala de seus novos planos, da fase em que se encontra o mercado de jeanswear nacional com a entrada de grifes estrangeiras e até de sua grande paixão: a gigante coleção de lápis.

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mariana maltoni

ENTREVISTA POR Glauco Sabino


Catarina: Depois de 39 anos de mercado e de tudo o que você passou com a Zoomp nos últimos tempos, você não cansa? O que te dá essa energia para lançar uma nova grife e recomeçar do zero? Renato Kherlakian: Eu construí um império com a marca Zoomp absolutamente do nada. Não digo de moda, mas de um jeanswear, de um casual. Provavelmente seja nato, esteja na minha corrente sanguínea, mas na verdade eu fiz muito nesses anos todos. Meu desejo era ter sido um diretor de cinema pra poder comandar, dirigir, criar cenários e tudo mais. Acabei me formando em direito. Mas, a minha atuação na moda e na confecção atendeu completamente o meu desejo. A própria direção criativa da Zoomp, tanto nas vitrines, como nos desfiles, nas coleções, nos show-rooms e no desenvolvimento de cada uma das peças absorveram esse meu sonho. E hoje, mais do que nunca, em prol dessa volta ao mercado, eu talvez tenha a vontade renovada. Porém, com uma visão muito clara e nova do cenário pra próxima década. C: Que lição você tira com toda a história de sucesso e declínio da Zoomp para esta nova marca? R.K: Como resultado, as experiências passadas são absolutamente catastróficas. Mas, eu tenho comigo uma expressão que eu não consigo alterar: “qualidade, qualidade, qualidade”. E essa qualidade não está somente no seu espaço, no tapete de seu show-room ou na iluminação dele. É a qualidade embutida em todos os setores que possam estar ligados ao desenvolvimento de um jeans. Tanto no requinte de desenho, no acabamento, na forração dos bolsos, nos aviamentos, como também na própria distribuição para a clientela e, principalmente, na vestibilidade das peças. Meu conceito extremo hoje é fazer com que todas as bundas fiquem absolutamente elevadas. C: Pensa em fazer uma linha masculina? Pra quando? R.K: Há um business plan para três anos. Ele envolve uma série de estudos, projetos e possibilidades. Ao voltar pro mercado, eu vou sondar mais e melhor o que será perfeitamente possível, e pra onde vai e pra onde não vai a RK. C: Como é essa primeira coleção? Quais as referências e inspirações? R.K: O jeans da RK é conseqüência de uma avaliação da mulher de hoje, quais são seus desejos e ambições. Independentemente das academias, drenagens e cirurgias plásticas, fui procurar saber o que exatamente ela tem em mente como valorização do seu corpo, de sua estética. Pra mim, a mulher brasileira tem uma nova proporção, uma nova silhueta. E ela também tem novos hábitos, novos costumes e, mais do que nunca, ela está muito alinhada com o que acontece no mundo. Ela já tem uma noção muito clara do que é bacana, do que é descolado. Por isso, a RK é criada com uma série enorme de informações, um jeans muito mais chique, muito mais elegante... Fugindo do que hoje é o grande mercado nacional. Atualmente, há uma presença muito forte dos

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ENTREVISTA jeans gringos como conceito e os jeans nacionais indo pra uma massificação enorme. Isso vem ocorrendo com marcas que eram concorrentes minhas, além da própia Zoomp, que seguem pra um segmento mais popular, mais barato, despido de qualidade. Você tem que ver meu jeans do avesso pra depois concebê-lo no direito. São peças feitas numa linha de produção absolutamente de alfaiataria. Sem me preocupar efetivamente com detalhes que possam baratear custos. C: Parece que os estilistas descobriram só agora, com esse boom dos jeans premium, que uma calça pode ter muito exercício de modelagem. Como rola essa história com você? Como é o trabalho de desenvolvimento de uma calça jeans da RK? R.K: Eu tenho uma grande vantagem porque faço as provas de roupa em casa. Toda anatomia, a base da minha prova é minha esposa. E essa análise constante faz com que haja uma adaptação muito fácil da modelagem que eu estou desenvolvendo. Além disso, hoje em dia, a própria evolução da tecnologia está a serviço da criação. Equipamentos permitem que eu tenha facilmente o modelo em 3D, podendo, assim, aplicar novas medidas e proporções no corpo dessa mulher. É uma ciência enorme! Você coloca um japonês louco do seu lado e ele faz o que você estiver a fim. Mas isso também só é possível graças à Cosmak, que está fazendo toda a produção do meu jeans, colocando à minha disposição todo equipamento que eu tiver necessidade. C: Quais lavagens você trabalha nessa primeira coleção? Alguma novidade? R.K: Aí eu tô no tempo antigo (risos). Todo meu trabalho com beneficiamento do jeans é tomado como base o início dos anos 70, quando o índigo bruto ganhava banhos de imersão de pelo menos 30 horas para fazer uma quebra da fibra e manter a coloração dele. Ou seja, todos o jeans da RK têm como principio a imersão e depois a realização dos acabamentos necessários. E os desgastes são feitos manualmente e não com toda a ciência atual de produção de larga escala. C: Vi que todas as calças estão um pouco afastadas do corpo... Qual é a silhueta que você está trabalhando? Está fazendo skinny, por exemplo? R.K: Essa daqui é uma skinny. Tenho também as pernas retas, a skinny cigarret, as bocas de sino, pantalonas... Na verdade são quatro linhas: jeanswear, jeanswear alfaiataria - linha de produção de alfaiataria com matéria-prima denim - , a alfaiataria demi couture - é quase que uma alta costura, mas com tecidos menos nobres - e as pantalonas. C: Qual é o objetivo da “moeda-tag”, seu novo símbolo? R.K: A ideia é dar um novo peso, um novo valor ao denim nacional, visto que as (marcas) gringas estão invadindo o mercado. E isso coincide muito com essa depressão que está se vivendo na economia mundial. A moeda só não presta para o cofrinho das mulheres, muito pelo contrário, já que a vestibilidade não permite (risos).

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C: Aliás, você está indo na contramão dessa crise, lançando uma marca nova... R.K: É preciso ter paciência em relação à crise. A partir do momento que eu tenho a oportunidade de apresentar meu trabalho, a convicção do comprador na marca é de pronto manifestada. Apesar de estar na contramão do mercado, existe um vazio nele. E essa brecha será ocupada pela RK. C: Você trabalhou com publicidade, turismo e se formou em direito. Como a moda entra nessa história? A loja de casimira dos seus pais te influenciou? R.K: Provavelmente sim. No passado, em 1870 mais ou menos, minha família tinha um entreposto de casimira em Manchester. Na década de 50, meu pai teve essa loja e eu fui praticamente criado dentro dela. Convivi com muitos tecidos e com esse ambiente de alfaiataria. Desde pequeno minhas roupas eram basicamente todas feitas pelos alfaiates... Meu primeiro terninho de calça comprida foi o máximo! E eu me conheci como adolescente sempre fazendo roupa sob medida. C: Mas você tem alguma formação em moda? Onde aprendeu a trabalhar o jeans? R.K: Foi tudo por intuição. O melhor curso que eu fiz foi ter me cercado de grandes profissionais de moda, que trocavam informações. Era a minha experiência, vontade e desejo com as experiências profissionais dessas equipes... Tanto na área de criação, quanto no marketing, na área de desenvolvimento, ou na parte de técnica têxtil. E isso me credenciou como um homem de moda. Hoje, mais do que nunca, minha idéia é estar literalmente focado na criação. C: Soube que você é aficionado por lápis. Ainda tem a coleção? R.K: Tenho e gosto muito! Aliás, se você tiver um sobrando, pode me fornecer (risos). Devo ter hoje uns 6,3 a 6,7 mil lápis inteiros, fora os toquinhos, que devem chegar perto de 900 itens. Minha coleção de fato são toquinhos. Essa é a maior herança que eu vou deixar pros meus filhos. C: Qual é o lápis mais querido? R.K: Ah, tem vários... Todos os usados têm muita história, escreveram vários relatos, desenharam várias coisas, pensaram várias coisas e serviram muito de talismã... Ou de apoio. É que tem pessoas que se apóiam, né? Eu, por xemplo, não vivo sem lápis. Aliás, minha terapia é apontá-los. C: Quando você viaja, você compra lápis? R.K: Só faço isso!

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Etienne Tordoir

TALENTO

Os vencedores Marite Mastina e Rolands Peter Kops.

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HYÈRES FESTIVAL 2009 Não adianta mais ter uma boa percepção de foco ou mesmo a criatividade a mil se o mercado de moda não lhe dá atenção. Isso todos já sabem. Por isso nossa atenção se volta aos projetos de novos talentos. Dentro do circuito internacional, a certeza de participar do Festival Internacional Hyères é projeção ao mercado. Focado em descobrir novos designers de moda e fotógrafos, a cada ano dez novos talentos são selecionados e apresentam coleções nas categorias Masculino, Feminino e Mix de coleções. Destacando os jovens designers não só nas passarelas ou nas exposições, debates, workshops e palestras de alguns dos artistas do Hyères fazem parte da programação. A edição de 2009 aconteceu entre os dias 24 e 27 de abril na Villa Noailles, em Paris. A Catarina já acompanha Hyères há um tempo, e sobre a edição do ano passado a revista de número 17 já destacava o Festival. O vencedor da 24ª Hyères foi Marite Mastina e Rolands Peterkops. Além da glória de ter vencido esta edição, leva 15 mil euros e participa do time de uma das marcas apoiadoras – a the 1.2.3. Produz ainda uma minicoleção que será vendida na França e na Bélgica. Na fotografia, a revelação destaque foi para o suíço Linus Bill. Alguns dos vencedores de edições passadas hoje são destaques e referência dos novos e grandes talentos. Sandra Backlund, Henrik Vibskov e Romain Kremer já levaram o primeiro lugar. Viktor&Rolf, Xavier Delcour, Gaspard Yurkievich e Alexandre Matthieu são alguns dos que já participaram do Hyères e hoje despontam nas passarelas. Os grandes estilistas que são referência de muitos desses novos talentos são os jurados das edições. Nos festivais passados, Alaia, Margiela e Lagerfeld avaliaram os novos talentos. Nesta edição, Kris Van Assche (Dior) e Dazed co-fundador Jefferson Hack avaliaram os trabalhos do Hyères 2009. Todos os estágios da criação são acompanhados pelas marcas envolvidas no Festival. Do design à produção passando pela distribuição. Sem esquecer que o estilista vencedor ganha projeção internacional através da mídia. Depois do Festival, a coleção vencedora fica exposta na Galeria Lafayette, em Paris. O trabalho fica eternizado, já que meses depois é lançado o Le Book. Um guia internacional de criações de cada edição que acaba sendo referência de fotografia, ilustração, produção, direção de arte, música e moda, expostas em Londres, Paris e Nova York.

There is no reason to have a good focus perception, or even great creativity if the fashion market does not pay attention. Everybody has already known that. That is why our attention turns to the projects of new talents. Within the international circuit, the certainty to participate on the Hyères International Festival is a projection to the market. Focused on the discovery of new fashion designers and photographers, every year, ten new talents are selected, presenting their collections in the Masculine, Feminine and Mix of collections categories. Highlighting young designers not only in the runways, or the exhibitions, debates, workshops and lectures of some of the artists of Hyères is part of the program. The 2009 edition happened from 24 to 27 of April in Villa Noailles in Paris. Catarina already follows Hyères for some time, and the last year edition, the magazine issue, number 17, had already pointed out the Festival. The winner of the 24th Hyères was Marite Mastina and Rolands Peterkops. Besides the glory of winning this edition, the winner takes € 15,000 (fifteen thousand Euro) and takes part of the team of one of the supporting labels, the 1.2.3. He or she, still produces a mini-collection that will be sold in France and Belgium. In photography, the revelation highlight was the Swiss Linus Bill. Some of the past edition winners, today are eminent and reference of the new and great talents. Sandra Backlund, Henrik Vibskov and Romain Kremer had already taken the first place. Viktor & Rolf, Xavier Delcour, Gaspard Yurkievich and Alexander Matthieu are some that had already taken part of Hyères and today are a blunt on the runways. The great designers that are reference for many of these new talents are the juries of the editions. In the past festivals, Alaia, Margiela and Lagerfeld had evaluated the new talents. In this edition Kris Van Assche (Dior) and the co-founder of Dazed, Jefferson Hack, had evaluated the works of Hyères 2009. All the stages of creation are followed by the labels involved in the Festival, from the design and production to setting-up in stores. It is worth remembering, obviously, the promotion of the collection of the winner through Media and Public. After the Festival, the winning collection is displayed at the Lafayette Gallery in Paris. The work stays eternalized, since months later it is published, Le Book. An international guide of creations of every edition that is over, that ends up being a reference of photography, illustration, production, art direction, music and fashion where it is displayed in London, Paris and New York.

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TALENTO

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1. Imagem selecionada por stylistes: Melody Deldjou Fard, “BodyMerging”, foto por Amira Fritz; 2. Alejandra Laviada, “Photo Sculptures”, 2007; 3. Ahndraya Parlato, “Inscape”, 2003; 4. Peter Knapp; 5. Daniel Traub, “Inner City”, USA, 2008; 6. Imagem selecionada por stylistes: Anemone Skjolda-

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ger, “The Collection”, foto por Amira Fritz; 7. Imagem selecionada por stylistes: Alice Knackfuss, “Heimwärts”, foto por Amira Fritz; 8. Melanie Bonajo & Emmeline de Mooij, “Bush Compulsion A Primitive Breakthrough in the Modern Mind”, 2008-2009; 9. Yelle in “Ce Jeu”, foto por Antoine Asseraf, 2008; 10. David Casini, por Olivier Amsellem; 11. Linus Bill, vencedor de fotografia.

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MÚSICA

POR THIAGO FRANCISCO

LADY GAGA: quem é essa mulher? Who is this woman? Sexy e provocativa é como se apresenta esta artista cujo nome verdadeiro é Stefani Joanne Angelina Germanotta, que aos 23 anos de idade já está em primeiro lugar nas paradas em toda parte do globo. Nascida numa típica família italiana de Nova York, ela é impulsiva e elétrica, capaz de explorar muito bem sua imagem em vídeos e shows. Cada aparição da artista é consagrada com um figurino conceitual e com sua atitude marcante. Gaga, que tirou seu nome artístico da canção Radio Gaga, da banda britânica Queen, não veio de nenhum casting de modelo ou de algum reality show. Sua história com a música começa anos antes, cantando nas baladas de Nova York. A cada aparição uma performance marcante e novos admiradores. Ela mesma compõe e produz suas músicas, bem como toda montagem de seus shows e looks. Como compositora pela Interscope, onde assinou seu contrato aos 20 anos, compôs para Pussycat Dolls e outros artistas do selo, antes mesmo de lançar seu CD The Fame. Atualmente Lady Gaga está no topo e todos concordam com isso. Até Madonna e Cindy Lauper já foram assisti-la. A junção

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Sexy and provocative, that is how the artist presents herself whose true name is Stefani Joanne Angelina Germanotta, that at her 23, is already in the first place in the musical hit parades all over of the world. Born in a typical Italian family from New York, she is impulsive and electric, capable of exploring really well her image in videos and shows. Each appearance of the artist comes with a conceptual figurine and her outstanding attitude. Lady Gaga, who took her artistic name from the song “Radio gaga”, from the British band Queen, did not come from any model casting or some reality show. Her music story starts years ago, singing at the parties of New York. Each appearance is an outstanding performance and new admirers. She composes and produces her songs, as well as the whole preparations for her concerts and looks. As a composer for Interscope, where she signed her contract for 20 years, she wrote for Pussycat Dolls, and other artists of the record label, even before launching her own CD, The Fame. Currently, Lady Gaga is at the top and everyone agrees to that. Even Madonna and Cindy Lauper had already gone to her shows. The union of singer, dancer, artistic performance, and a great look, was the great insight. Each word in every interview is everywher in the main sites,


cantora, dançarina, desempenho artístico, mais um supervisual, foi a grande sacada. Cada palavra em cada entrevista está em toda parte nos principais sites, revistas e jornais. Esta artista com certeza não está no mundo da música a passeio, e até Kanye West já disse: “Lady Gaga é a nova Madonna”. O visual é um ponto forte e marcante da artista. Não há um fashionista que não tenha sua opinião a respeito do assunto. “Acho que para ela é tão importante causar impacto visual que se permite experimentar o ‘inexperimentável’. Ela encara o look como complemento da proposta louca da música e arrasa – pessoalmente eu amo, cada doideira me faz mais fã. De normal já chega a gente, não é? No fim ela se diverte mais que todo mundo”, diz Fernanda Resende, do Blog Oficina de Estilo. Gaga transita entre as diferentes facetas da moda e desperta a curiosidade e opinião de profissionais de diferentes segmentos. Para Ana Cândida, pós-graduada em Marketing pela FGV (Faculdade Getulio Vargas), ela é apenas mais um fenômeno de massa. “Eu acho que é momentâneo, passageiro, porque é um ritmo meio batido já, mas ela oferece uma mistura de ‘moda’ e atitude que as pessoas estão valorizando hoje”, afirma. Glauco de Sousa Backes, especialista em Marketing pela UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), complementa: “Lady Gaga é bem interessante. Seu estilo retrô e excêntrico de se vestir atrai as pessoas para o diferente. Apesar de serem roupas que fizeram sucesso nos anos 1980, ela faz uma releitura só dela”. Uma das missões do marketing é descobrir com o que as pessoas sonham e o que elas esperam. Reproduzir este sonho e assim vendê-lo de maneira surpreendente, sabendo o momento apropriado para tal. Lady Gaga chama atenção gerando sua autopromoção. Ela é poderosa, glamurosa, uma mulher que vive o momento. Seus depoimentos são cheios de polêmica (como afirmou recentemente não usar playbacks em seus shows) e tudo acaba se transformando a seu favor. Gaga vende o sonho do: “Quero ser como você”. O mercado pop, que andava em baixa devido à enxurrada de negatividade em cima das atuais popstars, precisava desta irreverência, figurinos e atitude. Esta percepção trabalhada na intenção de suprir a carência que existia facilmente impulsionou a artista ao topo. Madonna, por exemplo, é uma das poucas artistas que sabe reconhecer bem o timming do mercado musical. A bem da verdade, em seus vários anos de carreira, ela poucas vezes errou. No geral ela se mantém à frente do mercado, seja por já ter virado uma referência, seja pela qualidade dos seus trabalhos. Gaga segue por esse caminho desde que surgiu para o mundo. Ela tem percebido e o que está estourando e segue no caminho. Quando menos se espera, lá está ela na Oprah Winfrey, ou em algum programa mundialmente comentado. Ela autopromove e aparece em todos os lugares, pois tem o incrível dom de perceber com o que seu público sonha e acaba com isso conquistando sempre novos adeptos. Se Lady Gaga continuar surpreendendo tanto, com certeza será uma forte candidata a se tornar um ícone dos nossos tempos.

O mercado pop, que andava em baixa devido a enxurrada de negatividade em cima das atuais popstars, precisava desta irreverência, figurinos e atitude. O mercado pop, que andava em baixa devido a enxurrada de negatividade em cima das atuais popstars, precisava desta irreverência, figurinos e atitude.

magazines and newspapers. This artist for sure is not just passing through the world of music, and eve Kanye West already said: “Lady Gaga is the new Madonna”. The look is a strong point of the artist and the eighties’ reference is outstanding. There is no fashionista that does not have an opinion regarding the subject. She flows between different sides of fashion and arises from the curiosity and opinion of professionals from different segments. For Ana Cândida, postgraduate in marketing by the FGV - Getúlio Vargas College - she is only another mass phenomenon. “I think that it is momentary, temporary, because it is a too common rhythm already, but she offers a mixture of “fashions” and attitude that people are valuing nowadays”, she says. Glauco de Sousa Backes, specialist in Marketing by UFSC - Federal University of Santa Catarina, complements: “Lady Gaga is quite interesting. Her backward and eccentric style dressing up, attracts the people for the different thing. Although they are clothing that were a success in the 80’s, she does her own rereading of it”. One of the missions of marketing is to discover what people dream about, and what they expect. Reproducing this dream, and selling it in a surprising way, knowing the appropriate moment for that. Lady Gaga calls the attention, generating her own promotion. She is powerful, glamorous, a woman who lives for the moment. Her thoughts are full of polemic (as when she said recently that she does not use playbacks in her concerts), and everything turns out to be in her favor. Lady Gaga sells the dream of: “I want to be just like you.” The pop Market, that was some decadence due to negativity over the current pop stars, needed this irreverence, figurine and attitude. This perception, worked in order to supply the lack that existed, easily impelled the artist to the top. Madonna, for example, is one of the artists who knows how to recognize very well, the time for the musical market. In fact, in her many years of career, few times she made mistakes. In general she remains ahead of the market, either for having already become a reference, either for the quality of her works. Lady Gaga follows this path, since she appeared to the world. She has perceived that, and what is bursting up, and she follows the way. When you do not expect, there she is at Oprah Winfrey, or some commented world-wide program. She promotes herself, and appears everywhere, so she has the incredible gift to perceive what her public dream about and ends up getting new followers. If Lady Gaga continues in such a way, surprising so much, for sure she will be a strong candidate to become an icon of our times.

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CATARINAPRESS

o luxo ao seu alcance


BALNEÁRIO CAMBORIÚ

BLUMENAU BRUSQUE www.iriaonline.com.br


WEB

POR SIDNEI TANCREDO E CAMILA COVER

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caracteres de moda 140 letters of fashion

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O Twitter já está aí na rede há um certo tempo e a cada dia mais pessoas aderem ao novo serviço. Considerado a febre do ano, o site foi criado para ser um miniblog e desperta o voyerismo característico da modernidade. Ele permite que 140 caracteres sejam postados por vez. E o que será escrito? Qualquer coisa, afinal cada Twitter tem seus seguidores e as pessoas adicionam umas às outras em busca de saber o que elas estão fazendo. Você pode postar que está voltando do cinema ou simplesmente escrever uma frase engraçada. Pode expressar sua indignação por causa do trânsito ou enviar uma foto ou link que gostou. O próprio site estimula isso ao perguntar “O que você está fazendo?” na área onde se colocam as mensagens. Após a onda do Orkut, em 2004, os brasileiros se voltam ao novo site como uma maneira de autopromoção e de cada um mostrar fragmentos das suas personalidades ao resto do mundo. No Brasil, o 140br (http://twitter.com/censobr) tem realizado pesquisas periódicas para analisar quem são e como são os brasileiros que estão no Twitter, já que a administração do site não revela esses dados. As pesquisas mostram que cerca de 12 mil brasileiros já estão comentando por lá. Destes, 55% são homens e a faixa etária com maior acesso (43%) é dos 19 aos 24 anos. As empresas presentes no Twitter ainda engatinham. De acordo com o censo, mal passam dos 2% dos usuários totais. De todo esse montante, temos a fatia de pessoas ligadas à moda de alguma maneira. Programas de TV, sites, blogues e revistas vão encontrando seus seguidores no Twitter e postando conteúdo aos seus leitores. Até marcas começam a pipocar na rede, disseminando comentários. É possível encontrar a Nylon Magazine (http://twitter.com/ NylonMag), a Interview (http://twitter.com/intwitview), a Dazed and Confused (http://twitter.com/DazedMagazine), a i-D (http://twitter.com/iD_magazine), W Magazine (http://twitter. com/wmag). Entre blogs de moda estão o Facehunter (http://twitter.com/facehunter) e o Sartorialist (http://twitter.com/Sartorialist) e até o jornal NY Times (http://twitter.com/nytimesstyle). Modelos também figuram entre os twitteiros, como Adriana Lima (http:// twitter.com/misslima), Alessandra Ambrósio (http://twitter.com/ aleambrosio) e a top Chanel Iman (http://twitter.com/itsmechaneliman). Até o portal global de tendências WGSN (http://twitter. com/wgsn) e a loja francesa Colette (http://twitter.com/coletteparis) borbulham entre seus seguidores. Atualmente quem também está bombando por lá é o estilista Karl Lagerfeld (http://twitter.com/Karl_Lagerfeld), que através de comentários irônicos diverte os internautas. “Eu tento não ser sentimental e obsessivo sobre possessões. Adoro colecionar, mas eu odeio ser o proprietário”, comentou em seu Twitter. A quantidade de seguidores dessas personalidades cresce exponencialmente. Alguns seguem por diversão, outros em busca de informação. A Catarina já está lá (http://twitter.com/catarinapress). E você? Quem está seguindo?

Twitter is already at the world wide web for some time, and every day more and more people get connected to the new service. Considered to be as the fever of the year, the web site was created to be a mini blog and arouse the voyeurism, characteristic of modern times. It allows that 140 printing types are posted each time. What is going to be written? Anything, after all, every Twitterer has his or her own followers, and the people add each other trying to know what they are doing. You can post that you are coming from the movies, or simply write something funny. You can express your indignation to the traffic, or send a picture or a link that you liked. The web site itself stimulates that when it asks, “What are you doing?” at the area where the messages are written. After the Orkut wave, in 2004, Brazilians add to the new site as a way of self promotion and showing fragments of their personalities to the rest of the world. In Brazil, 140br (http://twitter.com/censobr) has been searching periodically to analyze who and how are the Brazilians using Twitter, since the administration of the web site does not reveal such data. Researches show that around 12 thousand Brazilians are already connected to it. 55% of this number are men and the age range with higher access (43%), are 19 to 24 years old. The companies that are at Twitter still give baby steps. According to t the research, they hardly come to 2% of total users. From the whole amount, there is the share of people who is somehow connected to fashion. TV shows, web sites, blogs, and magazines are meeting their consumers at Twitter and posting content to their readers. Even labels start to burst at the web, spreading comments. It is possible to find Nylon Magazine (http://twitter.com/NylonMag), Interview (http://twitter.com/intwitview), Dazed and Confused (http:// twitter.com/DazedMagazine), I-D (http://twitter.com/iD_magazine), W Magazine (http://twitter.com/wmag). Among the fashion blogs are, Facehunter (http://twitter.com/facehunter) and Sartorialist (http://twitter.com/Sartorialist) and even newspaper NY Times (http://twitter.com/ nytimesstyle). Models are also among the twitterers, such as Adriana Lima (http://twitter.com/misslima), Alessandra Ambrósio (http://twitter.com/ aleambrosio) and the top Chanel Iman (http://twitter.com/itsmechaneliman). Even trends global web site WGSN (http://twitter.com/wgsn) and the French store Colette (http://twitter.com/coletteparis) sparkles among the followers. Lately, someone who is also a hit there, is the designer Karl Lagerfeld (http://twitter.com/Karl_Lagerfeld), that through ironic comments amuse the web surfers. “I try not to be sentimental and obsessive with possessions. I love to collect, but I hate to be the owner”, says him at his Twitter. The amount of followers of these personalities grow exponentially. Some follow for fun, others looking for information. Catarina is already there (http://twitter.com/catarinapress). What about you? Who are you following?

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CINEMA POR BIANCA CHIARADIA

DIRETOR DE ARTE: O arquiteto do cinema. Uma breve leitura sobre a responsabilidade cinematográfica do ver e entender.

Lembro que há alguns anos, enquanto assistia pela TV à cobertura do Oscar, a Academia anunciou o prêmio de melhor Direção de Arte. A apresentadora, ao vivo, perguntou ao crítico de cinema que estava ao seu lado: “O que é essa tal Direção de Arte?” Não recordo a explicação, recordo a minha frustração ao perceber que a minúcia à qual o cinema é criado não é reconhecida pela maioria das pessoas, inclusive os que dizem entender de cinema, ao ponto de participar de uma cobertura ao vivo. O cinema segue uma hierarquia de produção, com setores para cada área que conversam entre si para formar a unidade do filme. E a unidade bem-feita é notada quando todas as áreas convergem visualmente para um só objetivo: a linguagem escolhida pelo diretor. Na divisão de setores, temos a área de produção, direção,

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fotografia, som e arte. O centro criador do filme é o diretor, que define uma linguagem e qual deve ser o resultado final do produto, mas todos os setores são responsáveis pelo resultado na tela. Isso reflete na logística do produtor, que entre tantas coisas auxilia na organização do cronograma de filmagem junto ao assistente de direção; no microfonista ao capturar o som ambiente de uma cena. No diretor de atores, que ao lado do diretor, trabalha em ensaios exaustivos meses antes da filmagem; e do diretor de fotografia, que cria a concepção da luz do filme. Mas o maior responsável pela estética visual do filme é, sem duvida, o Diretor de Arte. Quando a pergunta é feita para mim, explico da maneira mais simples: a Direção de Arte é a arquitetura do cinema. É ele que, numa visão macro, junto ao diretor e ao diretor de fotografia, define qual o caminho a seguir para contextualizar a estética. Qual “a cor” do filme, como devem ser os figurinos, a cenografia e os objetos. Sempre dentro de uma estética que envolve uma cartela de cores e dá vida e clima ao ambiente, ajudando a contar a história. Um cineasta vanguardista que todos conhecem é Stanley Kubrick. Nos seus filmes Laranja Mecânica (A Clockwork Orange,1971) e Barry Lyndon (Barry Lyndon, 1975) vemos a distinção clara na concepção da Arte. Em Barry Lyndon, um ambiente medieval foi construído e iluminado todo por velas (imprimir uma boa iluminação natural na película é tarefa para poucos), e em Laranja Mecânica, um ambiente moderno, datado na década de 1970 e com uma narrativa atemporal, é impresso na tela. Um muito diferente do outro, mas que incorporam a identidade que caracteriza o cineasta e sua linguagem. O que quero deixar claro aqui é que tudo o que vemos e sentimos quando assistimos a um filme (seja emoção, raiva, medo ou desprezo) é minuciosamente detalhado com meses de antecedência por uma equipe. Cada plano do filme é pensado para se unir na montagem. Cada enquadramento é concebido pelo diretor como um quadro de Monet. Quando o pintor colocava sua tela no jardim, ele enquadrava seu olhar, e lançava pinceladas que vistas de perto perdem o sentido, mas olhadas com distância, cada flor toma sua forma. Essa é a essência da composição da arte em cada pedaço de um filme. E cada Diretor de Arte é um artista nato, que visualiza dentro de um roteiro o potencial cenográfico, semiótico e colorido. Por isso entrevistamos dois especialistas brasileiros da área para, depois disso, você nunca mais assistir a uma obra cinematográfica com o mesmo olhar.


CINEMA

Macé Di Bernardi CATARINA: Por que você faz direção de arte? Macé: Inegável meu interesse desde criança pela arte. Uma pequenina máquina de projeção de animação iluminou as sombras em minha infância, aos sete anos – La Violetera, com Sarita Montiel, no antigo Cine São José. Pequena ainda, produzia convites, programa, cenário, e os dois irmãos faziam parte do espetáculo de canto, teatro, declamações para as apresentações em família. Visitas constantes à pequena fábrica de móveis de meu pai – madeira, estantes de ferramentas, caixas de pregos, botões, cartelas de tapeçaria, restos de tecidos envelhecidos me fascinavam. Incentivada por minha mãe, a leitura povoava meu universo, e em seu ateliê de costura algumas clientes pediam meus desenhos de figurino. E o cinema era minha outra companhia. A qualquer dinheirinho um novo filme. Na TV, nas sessões da tarde, os anos dourados de Hollywood, Carmem Miranda, depois Bonanza e Guerra nas Estrelas seguiam sob olhares e comentários familiares e um veredicto materno: tinha 15 anos quando minha mãe disse que eu devia fazer cinema. Uma loucura na época. E é também uma homenagem ao meu filho Ruan, falecido em 2001 aos 20 anos, cinéfilo assumido que se orgulhava da minha dedicação. C.: Quais seus principais trabalhos? M.: Roda dos Expostos, de Maria Emília de Azevedo. A condição do abandono de crianças remeteu-me à Idade Média. Uso de materiais recentes degradados, ferro retorcido, motores expõem a permanência da condição. Prêmio de Melhor Fotografia no Festival de Gramado – 2001; Tiro na Asa, de Maria Emília, relata o drama familiar de torturados e desaparecidos nos regimes totalitários, em tantos países. Mormente rodado em estúdio, num apartamento onde habitaram duas gerações. Rachaduras, diversas texturas, em mais de 300 metros quadrados de tapadeiras, confundiam-se com os labirintos dos porões e das artérias da cidade; Se Eu Morresse Amanhã, de Ricardo Weschenfelder, onde o colecionador de necrológios me levou a explorar a psique soturna, embate entre Eros e Tanatos. A casa cheia de gavetas reproduz os cemitérios. O leito sugere um esquife. O espelho bisotado em forma de ataúde revela suas identidades facetadas. C.: Quais são suas principais referências? M.: Estilo preferido, difícil dizer, se há tempos me encantei com o “mago” Méliès. Amo cinema. A vida seria menor sem Tarkovski, De Sica, Pasolini, Derek Jarman, Peter Greenaway, Kakoyanis, Angelopoulos, Kiarostami, Makhmalbaf, Almodóvar. E os latinos Alea, Solanas, Nelson Pereira dos Santos, Joaquim Pedro de Andrade. E aquele “tiquinho” de Peixoto.

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C.: Qual seu desafio na Direção de Arte? M.: Meu desafio hoje é agregar uma equipe coesa, partícipe, que trabalhe com paixão e cumplicidade. E assumir que para nós nada, ou quase nada, é impossível (risos). Me desafio buscando reutilizar materiais, reciclar, e mesmo dar utilidade e função a coisas descartadas. É surpreendente o resultado. C.: E como a Direção de Arte está no seu dia a dia? M.: Não posso negar a leitura e pesquisa constante sobre arte, design, moda, comportamento, como uma espécie de alimentação. Mas também me utilizo de diversas brincadeiras em meu dia a dia. Uma delas é olhar as ruas, prédios, pessoas, objetos, e abstrair focando só seus contornos. Outra é olhar algumas pessoas na multidão e promover releituras vestindo uma com a roupa da outra, ou trocando ou acrescentando acessórios, desenhando cabelos novos, olhares, etc. Me divirto observando e criando um mundo infinito e sem convenções.

“Meu desafio hoje é agregar uma equipe coesa, partícipe, que trabalhe com paixão e cumplicidade.” Macé di Bernardi

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CINEMA

Cristiano Amaral CATARINA: Por que você faz Direção de Arte? Como chegou até aqui? Cristiano Amaral: Um amigo meu que estudava Cinema na ECA/ USP me chamou para fazer a direção de arte de um curta-metragem (Diversões Solitárias). Foi meu primeiro trabalho em cinema. Em seguida ele, Wilson Barros, realizou um longa, Anjos da Noite, e me chamou novamente. O filme ganhou muitos prêmios no Festival de Gramado, inclusive o de Direção de Arte. Hugo Carvana, que naquele ano foi o presidente do júri do festival, gostou muito do meu trabalho e me convidou para fazer a arte do seu novo filme, que era o Vai Trabalhar Vagabundo II. Lá fui eu para o Rio de Janeiro e acabei ganhando outro Kikito com o filme. Daí pra frente não parei mais. C.: Como você definiria a Direção de Arte? C.A.: A Direção de Arte define a identidade visual do produto, seja no cinema, publicidade, editoração, teatro, etc. É um departamento que coordena cenografia, figurino, maquiagem e cabelos, efeitos especiais, produção gráfica, comidas, veículos de cena, enfim todo o aspecto visual que o produto exige. É óbvio que é necessária uma relação bem íntima com a luz, enquadramentos e movimentos de câmera. A inter-relação com a direção, fotografia, arte e produção é essencial para a definição da linguagem. C.: Quais seus principais trabalhos? C.A.: Vou citar os filmes que, para mim, foram os mais interessantes de realizar e que me deram mais chance de aprendizado: Anjos da Noite (Wilson Barros – 1986), Vai Trabalhar Vagabundo II (Hugo Carvana – 1989), A Viagem (Fernando Solanas – 1990), Novembrada (Eduardo Paredes – 1998), Sonhos Tropicais (André Sturm – 2001). C.: Quais são suas principais referências? Qual seu estilo preferido? C.A.: Não tenho um estilo preferido. Sei do que não gosto como, por exemplo, as direções de arte do cinema americano, tecnicamente primorosas em acabamento, mas excessivas e ostensivas. Prefiro um objeto que contenha bastante significado do que um monte de coisas só pra encher espaço. Gosto muito dos trabalhos de Danilo Donati e Dante Ferretti, que trabalhavam com Fellini e Santo Loquasto, nos filmes de Woody Allen. No Brasil, cito Clóvis Bueno (A Hora da Estrela, Brincando nos Campos do Senhor), Moa Batslow (Dias de Nietsche em Turim, Filme de Amor) e Adão Pinheiro (Baile Perfumado). C.: Como é seu processo criativo? C.A.: Leio e releio o roteiro quantas vezes forem necessárias para entender seus personagens, sua psicologia, seus espaços de vivên-

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cia, os momentos de luz e sombra. Converso com o diretor para saber suas intenções, a linguagem que ele quer imprimir, se o que interessa é o naturalismo, o onírico, enfim... Procuro e visito as locações que mais se adaptam ao que o roteiro e o diretor solicitam. Deixo, então, a imaginação correr solta, tentando visualizar o filme como um todo e a partir daí vou detalhando cada espaço com tudo o que lhe é necessário e distribuindo as listas específicas para cada segmento da direção artística. Encontro no caminho limitações ou necessidades que têm de ser incorporadas à Direção de Arte e esse é o grande desafio: tornar tudo real, colocar tudo de pé, dando possibilidade à direção e à fotografia de se movimentarem com liberdade de enquadramentos, profundidade de campo, etc, criando um conjunto harmônico e repleto de significados para o espectador. C.: Você acha que o cinema latino-americano, principalmente o brasileiro, possui uma linguagem estética única? C.A.: Não acho que o cinema desses países tenha uma linguagem estética única. São culturas diferentes, expressas conforme o estilo de cada diretor. O que me preocupa, realmente, é uma tentativa de massificação, mercadológica, que tem como modelo o cinema americano, com aquela velha desculpa de que esse é o estilo que atrai o público, tolhendo toda a liberdade de criação do próprio diretor e sua equipe. Matéria escrita ao som de Wander Wildner.

“esse é o grande desafio: tornar tudo real, colocar tudo de pé, (...) criando um conjunto harmônico e repleto de significados para o espectador.” Cristiano Amaral


ARTIGO POR DIOGO SCANDOLARA

DISCORDO

DO INCONSCIENTE COLETIVO. I disagree with the collective unconscious. Quando uma tendência de moda é criada na Europa e a mesma ideia surge do outro lado do planeta, muitos acreditam estar frente a um processo coletivo e inconsciente, mesmo sem saber o que este termo significa. Sua origem é quase como uma força oculta, que paira no ar respirado por alguns grandes nomes e lhes fornece a substância necessária para a criação; ou seja, acessível somente para aqueles que possuem a divina capacidade de interpretação deste processo inconsciente, para então ser disseminado pelos mercados mundo afora. Na verdade, o termo inconsciente coletivo tem uma interpretação muitas vezes distorcida pelo senso comum, contrária à sua origem na psicologia analítica criada pelo famoso psiquiatra suíço Carl Gustav Jung, que justamente por ter ideias mais voltadas para a religião e o misticismo fora expulso do movimento psicanalítico criado por Freud. Segundo ele, inconsciente coletivo é como uma profunda camada do psiquismo, formada pelos materiais que foram herdados da humanidade, algo como um depósito de recordações de nosso passado ancestral; o que obviamente é demasiado complexo para ser explicado em algumas linhas (sugiro o filme “Jornada da Alma” para conhecer um pouco mais sobre Jung). Porém, preocupante é o fato deste conceito erroneamente ser adotado para justificar certos movimentos que demarcam o universo

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When a fashion trend is created in Europe and the same idea appears on the other side of the planet, many people believe to be facing a collective and unconscious process, even without knowing what this term means. Its origin is almost as a hidden force, that floats in the air breathed by some great names, and it supplies the necessary substance for them to create; that is, accessible only for the ones who have the divine capacity of interpretation of this unconscious process, to be then, spread around the markets in the whole world. In fact, the term, collective unconscious, has an interpretation that many times is distorted by the common sense, contrary to its origin in the analytical psychology, created by the famous Swiss psychiatrist Carl Gustav Jung; that exactly by having ideas more directed to the religion and the mysticism, was outcast from the psycho analytical movement created by Freud. According to him, the collective unconscious is as a deep layer of the psychism, formed by the materials that were inherited from humanity, something as a deposit of memory of our ancestral past; something that is obviously too much complex to be explained in some lines (I suggest the film The Soul Keeper, to know a little more about Jung). However, worrying is the fact of this mistaken concept to be adopted to justify some movements that determine the fashion universe. These trends, taken as collective and unconscious, when they are contextualized in a sped up market as this is, are explained by some, through examples that come


da moda. Estas tendências tomadas como coletivas e inconscientes, ao serem contextualizadas em um mercado acelerado como este, são explicadas por alguns através de exemplos vindos de diversos mercados espalhados pelo planeta. Entretanto, esta lógica desconsidera que vivemos em novo mundo sem fronteiras surgido com o advento das novas tecnologias, onde a comunicação ganhou uma amplitude jamais vista na história, como pode ser comprovado nas áreas da moda, arte, cinema, literatura, música, etc. Este fato claramente aproximou profissionais e ideias, e é um processo um tanto quanto consciente que leva em consideração os inúmeros investimentos no mercado, pesquisas, dados concretos de realidade e uma incrível capacidade criativa dos profissionais. Dizer que existe um inconsciente coletivo na moda é descartar as experiências individuais que vamos construindo no decorrer de nossa vida pessoal e profissional, e a influência destas em nosso trabalho. É acreditar que por não se ter certas predisposições para isto ou aquilo, é necessário adequar-se a modelos que servem de padrões para todos. Aceitar que os conceitos tidos como corretos são estabelecidos por alguns poucos, que são adotados cegamente por muitos, e que a única opção segura é seguir esta ou aquela tendência, é ignorar toda a potencialidade criativa que pode ser desenvolvida através de muita determinação, trabalho e curiosidade. É desconsiderar a incrível capacidade que temos de adaptação, de aprendizado e de busca incessante pelo novo. É não querer questionar; é aceitar o lugar-comum. Portanto, caro leitor, diante da imposição de ideias, movimentese; o novo se faz presente assim que lhe é permitido.

from different markets spread around the planet. However, this logic does not take into account that we live in a new world without borders, that came up with the advent of new technologies, where the communication got an amplitude never seen in history, as it can be verified in the areas of fashion, art, cinema, literature, music, etc. This fact clearly put closer professionals and ideas, and it is as much as a conscious process, in such a way that considers the innumerable investments in the market, research, concrete data of reality and an incredible creative capacity of the professionals. Saying that there is a collective unconscious in fashion, is to discard the individual experiences that we build up throughout our personal and professional life, and the influence of those in our work. It is to believe that by not having certain predisposition for this or that, it is necessary to be adapted to models that serve as standards for everyone. Accepting that the concepts considered correct, are established by a few people, and that are blindly adopted by many, and that the only safe solution is to follow this or that trend, is to ignore all the creative potentiality that can be developed through lots of determination, work and curiosity. It is to disrespect the incredible capacity that we have for adaptation, learning and incessantly searching for the new. It is not to wish to question; it is to accept the common place. Therefore, dear reader, facing the imposition of ideas, take your move; the new becomes a present as soon as it is allowed to it.

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APOSTE POR SIDNEI TANCREDO

Eu AMO uma marca I LOVE A BRAND

As comunidades virtuais também têm criado outras necessidades, ou canais de comunicação que se desenvolvem a partir delas. No Sul do Brasil, em Joinville (SC), se originou a Drimio (www.drimio. com), que estreou no mercado web com uma proposta diferente. Enquanto no Nineteen74 temos uma rede de contatos profissionais de moda, a Drimio surge para suprir a necessidade de contato das pessoas em torno das marcas. Um site colaborativo para unir pessoas diferentes que se identificam com brands específicas, trocar informações e notícias. Um ponto de encontro num mar de consumidores ávidos por comentar, ver, discutir seus pontos preferidos. A Drimio oferece esse espaço para dialogar, postar vídeos, abrir fóruns e indicar links. E a partir desse princípio a informação circula entre os interessados e interage com público, fabricantes, associados e uma infinidade de possíveis correspondências. Mas para condensar os dados e cadenciá-los com lógica foi preciso desenvolver uma plataforma que desse suporte. E, mais ainda, dar espaço para as marcas também se manifestarem. “Cada marca é mais um participante, mas o objetivo é que elas participem da mesma maneira, como um usuário, mas de forma oficial”, indica Salomão Casas, um dos idealizadores da rede. Além do ineditismo do projeto, outra grata surpresa é a origem catarinense do site. Joinville é um polo industrial efervescente e culturalmente rico, indicando que boas ideias e grandes movimentos também podem se originar no Estado. A Drimio abre precedente para que não só os admiradores de uma marca participem do site, mas que torne a presença das empresas mais forte na internet. “Aos poucos estamos adicionando mais funções para as marcas, trazendo essa interação com os outros participantes”, afirma Salomão. Se as marcas ou seus representantes responderão a dúvidas e reclamações dos usuários, ainda é cedo para falar. Muitas indústrias buscam seu lugar ao sol da internet, mas continuam à margem da navegação web, meio perdidas no que diz respeito ao contato com o suposto público-alvo. Algumas não entendem o que se deseja, outras não se importam muito com a opinião e traçam estratégias errôneas de comunicação. Pode ser arriscado se envolver com o consumidor e é preciso coragem para encarar as críticas com positividade. Quem aposta nesse caminho e consegue a interação e o feedback necessário para mudar os parâmetros de uma empresa pode continuar evoluindo e se destacando no mercado.

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The virtual communities have also created other necessities, or communication channels that are developed from them. In the south of Brazil, in Joinville (SC) it was created (www.drimio.com), that debuted at the web market with a different proposal. While at Nineteen74 we have a net of professional contacts in fashion, Drimio appears to supply the necessity of contact of people around the labels. A cooperative site to join different people who identify themselves with specific brands, to change information and news. A meeting point of in an ocean of eager consumers to comment, to see, to argue about their favorite topics. Drimio offers this space to dialog, to post videos, to open forums and to indicate links. From this principle, the information circulates among the interested people and interacts with the public, manufacturers, associates and an infinity of possible correspondences. However, to condense the data and harmonize them logically, it was necessary to develop a platform that could keep it, and even more, also giving space for the labels to express themselves. “Every label is another participant, but the aim is that they take part the same way, as any other user, but in an official way”, indicates Salomão Casas, one of the idealizers of the net. Besides the ineditism of the project, another great surprise is the origin of the site that is Santa Catarina. Joinville is an effervescent industrial region, and culturally rich area, indicating that good ideas and great movements can also arise in the state. Drimio creates a precedent, so that, not only the admirers of a specific label take part on the site, but also making stronger the presence of the companies on the internet. “Little by little we are adding other features to the labels, bringing this interaction to other participants”, Salomão says. If the labels or their representatives will answer the inquiries and claims of the users, is still early saying. Many industries look for their place under the sun on the internet, but they are still on the edge of the web surfing, quite lost regarding the contact with the supposedly target public. Some do not understand what is desired, others do not care very much to the opinion and trace mistaken strategies of communication. It can be a risky to become involved with the consumer, and it is necessary to have courage to face the critiques positively. The ones who bet on this way, getting the interaction and the necessary feedback to change the parameters of a company, can keep developing and standing out in the market.



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